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Sobre a possibilidade

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Sobre a possibilidade

Sobre a possibilidade

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E essas pequenas contradições para o ministério? Já imaginou uma escolha errada, dessas que leva a nossa vida num caminho, aparentemente, sem retorno? Um casamento malfadado, uma carreira mal escolhida. Conhecer alguém que talvez fosse melhor que não tivéssemos encontrado. A vida é extensa e complexa. É complicado viver. Não é difícil corromper os ideais de fé e de autoridade com que um dia nos comprometemos no início da carreira, aquele ajoelhar diante de Deus que foi o início de tudo.

Aquela pregação que nos fez sonhar em realizar grandes coisas, que nos motivou a seguir em frente, a tomar um rumo e continuar nele. E se tivermos rejeitado parte desses ideais e inconscientemente, sufocados pelas grandes tribulações da vida, pelas decepções imensas e dolorosas, substituímos o sonho, por uma anuência assim como a dádiva por uma sombra? Você sonhou com rios de fogo e só viu fósforos. Você confiou em profecias que jamais vieram a se cumprir. Você deixou de lado a possibilidade de algo excepcional em troca de um certo conforto espiritual. Eu gosto de brincar com o termo "possibilidade", assim, sozinho, sem adjetivos ou complementos que completem o raciocínio, simplesmente

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"possibilidade". Quando eu era pequeno me lembro de ter visto uma barata morta e me peguei olhando em direção a uma tomada da parede. Tal como num doutor Frankstein alucinado, meus olhos se acenderam. Tinha tido uma idéia. E se ela pudesse voltar a viver? Não foi preciso dizer que quase torrei a instalação elétrica lá de casa. Era ela. A possibilidade. Quando me falavam que era possível voltar no tempo, um colega meu de curso técnico falou que estava construindo um equipamento com emissões de ondas que poderia realizar o feito. Eu não sabia se ria ou se chorava. Mas, outra vez a bandida estava lá. Tanto que ela, a possibilidade, acenou para mim. E de novo meus olhos se acenderam. Foi assim quando a minha professora do ginásio, professora de francês sorriu para mim, por um motivo qualquer. Eu, franzino, de óculos e cheio de espinha, reinterpretando aquele sorriso a luz de remotas esperanças, vislumbrei de novo a bandida. A tal da possibilidade. Quando eu tirei zero na prova de máquinas elétricas, aquela matéria horripilante da dependência do curso de eletrotécnica, e soube que o professor daria uma última prova, anulando todas as outras; e quem tirasse acima de 6,0 estaria aprovado, eu que nunca tirei nota acima de 3,0 naquela disciplina senti de novo o toque suave da dita cuja. Essa meliante. Essa obstinada. Essa louca que aponta para lugares nunca vistos, para patamares jamais alcançados. Aqui neste lugar, novamente após tantos anos, me deparo com esta velha conhecida.

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A possibilidade disse quando eu ainda procurava um emprego, que um dia eu teria filhas.

A possibilidade disse para mim que eu ia passar naquela maldita prova de máquinas elétricas.

Porém, as vezes parece que ela brinca. Mente, engana, destrata. Ela fala de coisas absurdas. Coisas que parecem que nunca irão se realizar.

Mas, entendi que ela é imparcial. Ela é como uma lei, se algo pode ser imaginado pelo homem, ela virá ao encontro deste homem. Eu vejo a possibilidade diante de mim. De irmos além do véu e conhecermos o poder, a unção e a autoridade, do modo como homem algum jamais concebeu.

Eu vejo a possibilidade de toda uma congregação ter os olhos abertos e de uma feita perceber os anjos e os céus queimando sobre suas cabeças. Eu vejo uma Igreja, um reino, um povo que deixando de lado o medo se atira na aventura dos dons do Espírito Santo, e se deixa consumir pelo fogo que queima do altar.

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E vejo a possibilidade de transformar meus erros em acertos, meu medo em triunfo e meu desespero em nada mais que uma coceira incomoda no nariz. Eu vejo além do que me envolve e do que eu possuo. Ainda que eu possua muito pouco. Porque quem me acena para seguir em frente tinha uma cruz para ultrapassar e como se não fosse o suficiente contornar, atravessou a bandida e pulou de volta do túmulo ao qual por sinal, não tinha condições de possuir. Era muito caro aquele jazigo perpétuo. Então não há um final divisável apesar da tormenta, e os prognósticos dos especialistas não levam em conta o absurdo da fé manifesta. E a desgraça de hoje se curvará de joelhos diante das ordens daquele que sempre será o dono do amanhã.