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ANÁLISE EMPÍRICA DA EFICÁCIA DA LEI Nº 12.009/2009 Regulamenta o exercício das atividades dos profissionais em transporte de passageiros, “moto- taxista”, em entrega de mercadorias e em serviço comunitário de rua, e “motoboy” com o uso de motocicleta. 1- Contexto sócio temporal do início do Projeto. Faremos aqui um breve relato da história da categoria dos motoboys, descobriremos que esta é uma profissão relativamente nova no Brasil. As primeiras empresas que contratavam office-boys motorizados começaram a operar no início da década de 1980, com pouco mais de meia dúzia de motoqueiros. Em menos de duas décadas, por conta da crescente demanda por este tipo de serviço, eles se tornaram uma das maiores categorias de serviço de rua do país. A pro ssão de motociclista – atividade remunerada que faz uso da motocicleta para execução de diversas tarefas, como entregas e retiradas, que prescindam de certa urgência, de documentos, cheques, malotes, medicamentos, alimentos e todo tipo de pequenos volumes e componentes, – surgiu na onda da globalização e do fortalecimento do setor de serviços. Este serviço, entrou de nitivamente na cadeia produtiva da economia a partir 1988, quando a nova Constituição legitimou a terceirização dessas atividades no setor de serviços.

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ANÁLISE EMPÍRICA DA EFICÁCIA DA LEI Nº 12.009/2009

Regulamenta o exercício das atividades dos

profissionais em transporte de passageiros, “moto-

taxista”, em entrega de mercadorias e em serviço

comunitário de rua, e “motoboy” com o uso de

motocicleta.

1- Contexto sócio temporal do início do Projeto.

Faremos aqui um breve relato da história da categoria dos motoboys,

descobriremos que esta é uma profissão relativamente nova no Brasil.

As primeiras empresas que contratavam office-boys motorizados começaram

a operar no início da década de 1980, com pouco mais de meia dúzia de

motoqueiros.

Em menos de duas décadas, por conta da crescente demanda por este tipo de

serviço, eles se tornaram uma das maiores categorias de serviço de rua do país.

A profissão de motociclista – atividade remunerada que faz uso da motocicleta

para execução de diversas tarefas, como entregas e retiradas, que prescindam de

certa urgência, de documentos, cheques, malotes, medicamentos, alimentos e

todo tipo de pequenos volumes e componentes, – surgiu na onda da globalização

e do fortalecimento do setor de serviços. Este serviço, entrou definitivamente na

cadeia produtiva da economia a partir 1988, quando a nova Constituição legitimou

a terceirização dessas atividades no setor de serviços.

No final daquela década já havia dezenas de empresas e mais de 5 mil

motoqueiros rodando por dia nas ruas da cidade de São Paulo. A partir de 1994,

com o Plano Real, a economia se estabiliza e a demanda por estes motociclistas

cresce exponencialmente, chegando a mais de 80 mil profissionais. Surgia uma

grande necessidade de regulamentação da categoria e após inúmeros projetos de

lei tramitarem no Congresso Nacional.

No dia 29 de julho de 2009 o Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva

assina a lei que regulamenta definitivamente a profissão de motoboy e moto-

taxista. Assim, estes profissionais passaram a ter regras claras para a atividade,

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que foram definidas pelo Conselho Nacional de Trânsito, passando às prefeituras

municipais a responsabilidade de regularizar os serviços de acordo com a

necessidade de cada região.

A sanção põe fim à polêmica em torno da legitimidade do serviço de motoboy

e moto-taxista, já que havia um grande preconceito em relação a estes serviços.

O senador Expedito Júnior, relator do projeto de lei do Senado 203/2001, que

propôs a regulamentação da profissão, comenta, em tom de comemoração,

durante o ato que criou a classe dos profissionais motociclistas: -“Esses

profissionais esperam por esse momento há mais de dez anos. É justo que

agora consigam ver sua atividade regulamentada. São mais de 2,5 milhões

de pais de família que agora podem bater no peito e dizer que têm uma

profissão.”.

Neste sentido, apesar da lei 12.009/2009 ter sido sancionada em 2009 só

entrou em vigor em 04/08/2012,  conforme resolução 356 do Contran (Conselho

Nacional de Trânsito) publicada no Diário Oficial da União, em 04/08/2011 que

torna obrigatória a realização de cursos especializados para os chamados

“motoboys”.

Deste modo, o veículo deverá ser registrado na categoria de aluguel, deverá

ter instalado protetor de motor “mata-cachorro”, aparador de linha antena “corta-

pipa” e a instalação de dispositivo para transporte de carga deve ser aquele

regulamentado pelo CONTRAN, submetendo o veículo a vistorias

semestrais. Sendo assim, estes são os requisitos mínimos de segurança para

moto-táxi e moto-frete.

O artigo 139-A do CTB (Código Brasileiro de Trânsito) fixa que as motocicletas

e motonetas destinadas ao transporte remunerado de mercadorias (moto-frete)

somente poderão circular com autorização emitida pelo órgão ou entidade

executiva de trânsito dos Estados e do Distrito Federal (DETRAN).

Além disso, proíbe o moto frete para transporte de combustíveis, produtos

inflamáveis ou tóxicos, com exceção de gás de cozinha e de galões de água

mineral, desde que com o auxilio de “sidecar” (dispositivo anexado a moto,

especial para este tipo de transporte), nos termos regulamentados pelo

CONTRAN.

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Desta forma, a regulamentação das profissões de moto-taxista, moto-fretista,

pela Lei 12.009/2009, para o exercício destas atividades, o cidadão deverá

realizar curso especializado de formação, aprovado pelo DETRAN e ter, no

mínimo 21 anos completos. Deverá também ser habilitado há pelo menos 2 anos

na carteira de habilitação tipo “A”, e, quando em serviço, estar vestido com colete

de segurança próprio aprovado pelo CONTRAN.

Com a entrada em vigor da RESOLUÇÃO CONTRAN n.º 356, todo o

profissional de moto-táxi e moto-frete deveriam se adequar às exigências ali

contidas, até 04 de agosto de 2012, sob pena de multa e apreensão do veículo.

2- Tem a norma efeito?

Verifica-se que a norma tem efeito, sendo este positivo, pois a lei com as

novas exigências só vem a melhorar a qualidade do processo de formação dos

motociclistas e a segurança, além de colaborar para que a própria profissão seja

melhor reconhecida pela população.

Verifica-se então, que muitos destes profissionais estão se adequando as

novas exigências impostas, através da realização de cursos e o uso dos

equipamentos de segurança necessários.

3- Tem a norma eficácia?

Observa-se que a norma tem eficácia, uma vez que todos devem se adequar

até o prazo limite estabelecido.

Porém, a fiscalização, não tem conseguido abranger toda a classe. De modo

que ainda existem, principalmente nos grandes centros, uma parcial destes

profissionais que ainda exercem suas atividades ilegalmente.

4- Tem a norma adequação interna?

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Após a entrada em vigor da lei que regulamenta o exercício de motoboy, todos

os que exercem esta atividade devem se adequar as exigências, no prazo

estabelecido, assim regulamentando a profissão.

Neste sentido, acredita-se que esta tem adequação interna, pois os

profissionais em grande maioria tem realizado as exigências previstas na norma.

Com isso os níveis de acidentes e a violência no trânsito, bem como os gastos

em saúde pública, ligados a estas categorias tem diminuído consideravelmente.

5- Porque a norma tem (ou não) efeitos, eficácia e adequação

interna? Quais são as razões sociais que levam a

concretização (ou não) de tais aspectos?

A norma possui todos estes aspectos referidos, uma vez que uma grande

parcela dos profissionais em questão, estão cumprindo com as exigências

impostas pela lei.

De modo que, mesmo com a ineficaz fiscalização, o poder de conscientização

destes profissionais, tem trazido resultados significativos.

Tendo em vista que a criação desta lei é uma tentativa de baixar os números

da violência e dos acidentes no trânsito.

6- Qual é a reação do legislador diante da constatação dos

efeitos, eficácia e adequação interna da norma?

A iniciativa em análise está em consonância com as normas constitucionais

vigentes. A regulamentação de profissões insere-se no campo do Direito do

Trabalho, onde a competência para análise e a iniciativa das normas relativas a

esse ramo do Direito estão previstas no inciso I do art. 22 e caput do art. 61 da

Constituição Federal, respectivamente.

Tendo em vista que foram respeitados esses pressupostos constitucionais,

regimentalmente, não houve impedimentos à tramitação da matéria.

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Sendo assim, há constitucionalidade, juridicidade e regimentalidade no Projeto

de Lei do Senado nº 203, de 2001, onde foram considerados procedentes os

argumentos do autor.

O transporte de passageiros, a entrega de mercadorias, a prestação de serviço

comunitário de rua e os “motoboys” representam faces de um fenômeno urbano

que não pode ser desconhecido pela legislação trabalhista. São formas criativas

de solucionar problemas de segurança e de transporte que vinham adquirindo

contornos de insolúvel.

Enfim, alternativas economicamente viáveis para atender às demandas da

sociedade, garantindo, também, um número incontável de empregos.

Por outro lado, a proposição institui algumas cautelas que nos parecem

plenamente defensável.

-A idade mínima de vinte e um anos;

-Habilitação por pelo menos dois anos (categoria A) e a;

-Realização de um curso de formação especial.

Estes requisitos são de suma importância para que o profissional trafegue

com segurança e ofereça confiabilidade aos usuários dos serviços.

No que se refere a prestação de serviço comunitário realizado por um

apenado, a identificação do profissional e de sua motocicleta, bem como a

comprovação de residência e as certidões negativas das varas criminais, servem

para dar tranquilidade aos moradores assistidos. Essas cautelas também vão

evitar que as pessoas se sintam constrangidas a remunerar os motociclistas em

serviço comunitário por simples temor de que, não contribuindo, poderiam sofrer

represálias.

Enfim, o projeto em análise pretende, mediante reconhecimento legal e

normatização da atividade, dar transparência e qualidade ao trabalho realizado

pelos motociclistas, inserindo uma grande quantidade de profissionais desse

campo de atuação na cidadania propiciada pelo trabalho formal.

Assim, face os argumentos expostos o projeto foi aprovado.

7- Quais as razões sociais de determinada reação do

legislador?

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Ao analisar o Projeto de Lei do Senado nº 203, de 2001, de autoria do

Senador Mauro Miranda, que disciplina o exercício das atividades dos

profissionais de transportes de passageiros (moto-taxistas), para entrega de

mercadorias e na prestação de serviço comunitário de rua, bem como a atividade

dos “motoboys”, verifica-se que a proposta do legislador, estabeleceu alguns

requisitos para o exercício dessas atividades, definiu áreas específicas de

atuação desses profissionais e ofereceu normas para o exercício do serviço

comunitário de rua.

Justificando a iniciativa, o autor afirma que “Já é uma realidade nos centros

urbanos a presença desses profissionais que, com o uso de motocicletas,

fazem entrega de mercadorias, transporte de passageiros e serviço

comunitário de ruas e quadras. Prestam, sem dúvida alguma, um serviço

imprescindível à sociedade, tendo em vista a rapidez, a presteza e o baixo

custo com que executam suas atividades”.

Também são apontados como motivos relevantes para a regulamentação

dessa atividade a contribuição dos trabalhadores motociclistas para o

equacionamento eficaz das questões ligadas ao transporte e segurança. As

estatísticas de acidentes, por outro lado, recomendam, na visão do autor, a

realização de cursos profissionalizantes e uma regulamentação mais rigorosa da

profissão.

8- Fatores instrumentais:

8.1 – Divulgação do conteúdo da norma entre a população pelos meios

adequados.

Esta norma foi divulgada amplamente através dos meios de comunicação,

entre eles: jornais impressos e televisionados, rádios, revistas e internet.

8.2 – Conhecimento efetivo da norma por parte dos destinatários.

Houve conhecimento por parte dos destinatários, embora muitos destes

tenham protestado por não concordarem com algumas cláusulas da norma e

principalmente com o investimento financeiro que esta traria para tal adequação.

8.3 – Perfeição Técnica

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A lei cumpriu com todos os elementos que devem ser seguidos ao ser

elaborada. Tendo sistematicidade, precisão no conteúdo, clareza na redação e

brevidade.

8.4 – Elaboração de Estatutos preparatórios.

Em certos estados brasileiros houve a realização de seminários para que

os motoqueiros conhecessem o conteúdo da norma.

8.5 – Preparação dos operadores do direito responsáveis pela aplicação da

norma.

Os operadores responsáveis pela aplicação da norma estão capacitados

para aplicar a norma, de modo que estes tiveram orientação através de

seminários e estudos referente ao assunto.

8.6 – Consequências jurídicas.

Como consequências jurídicas, os profissionais que não estiverem

adequados a norma, terão esta desobediência considerada infração grave e

consequentemente lhes serão aplicadas multas e como medida administrativa

apreensão do veículo para regularização.

8.7 – Expectativa de consequências negativas.

Espera-se com a eficácia desta norma, uma diminuição nos acidentes

causados na maioria das vezes por este tipo de profissional, tendo em vista um

alívio no bolso dos cofres públicos que tem que arcar com os tratamentos de

saúde destes.

Contudo estes profissionais precisam ser fiscalizados para que a lei tenha

eficiência. Caso contrário, o objetivo desta norma não terá êxito em seus efeitos,

tendo como consequência o desuso da mesma.

9 – Situação Social.9.1 – Participação dos cidadãos no processo de elaboração e aplicação.

Na elaboração desta Lei não existiu nenhuma participação da população.

9.2 – Coesão Social

Até o determinado momento não houve uma completa coesão social, tendo

em vista o grande número de protestos por parte da classe em questão, com o

intuito de obter mais tempo para a adequação desta norma.

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9.3 – Adequação da norma a situação política e as relações da forma

dominante.

A situação socioeconômica e as forças políticas do Brasil contribuem para

a eficácia desta Lei, visto que a mesma corresponde à realidade política e social

do país, podendo assim ser cumprida.

9.3 – Contemporaneidade da norma.

Esta norma é contemporânea, já que a profissão dos motoboys precisa ser

regularizada, tendo em vista que realizando essas atividades eles correm certos

riscos no trânsito que necessitam de proteção.