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Soja e Câncer Elizabeth Poças Rodrigues Rego Navarro Pereira Nutricionista do Ambulatório de Oncologia Clínica do HFB Especialista em Nutrição Clínica pela Faculdade São Camilo Especialista em Geriatria e Gerontologia pela UNATI-UERJ Especialista em Nutrição Oncológica pela SBNO Outubro-2018

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Soja e Câncer

Elizabeth Poças Rodrigues Rego Navarro Pereira Nutricionista do Ambulatório de Oncologia Clínica do HFB

Especialista em Nutrição Clínica pela Faculdade São Camilo

Especialista em Geriatria e Gerontologia pela UNATI-UERJ

Especialista em Nutrição Oncológica pela SBNO

Outubro-2018

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Leguminosa

Grãos contidos em vagens ricas em tecido fibroso

Soja (Glycine max):

Soja

Proteína 35 a 40 % 10 aminoácidos essenciais em

quantidade satisfatória com

exceção da metionina

Gorduras 18 a 22 % 10% –15% saturado, 19% –

41% monoinsaturados e 46% a

62% de ácidos graxos

poliinsaturados (PUFA)

Carboidratos 50%

Vitaminas Complexo B, C, Ácido fólico, A e E

Minerais Cálcio (menor quantidade do que o leite de vaca) e ferro (menor

biodisponibilidade do que a carne)

Ornellas, Técnica Dietética: seleção e preparo

dos alimentos, 8ª ed

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Baixa aceitação entre os ocidentais (enzima lipoxigenase – beany flavour);

Comercializada de várias maneiras: grão, farinhas, leite, tofu, proteína texturizada, molhos e presente em

vários produtos como margarina, óleos vegetais, massas e biscoitos;

Alimento funcional associado à prevenção e tratamento de doenças (osteoporose, doenças cardiovasculares e

câncer), devido à presença das isoflavonas, cujo teor desses compostos variam e dependem do tipo de grão,

solo, clima, local de cultivo e principalmente do tipo de processamento utilizado no preparo do alimento;

Deve-se ter atenção aos produtos químicos utilizados na lavoura devido aos efeitos adversos que podem

causar ao organismo (alterações hormonais, infertilidade, câncer de mama e próstata e desordens neurológicas

(COLBORN, DUMANOSKI e MYERS 2000).

Soja

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Alimento funcional

Aquele alimento ou ingrediente que, além das funções nutritivas básicas, quando consumido como parte

da dieta usual, produza efeitos metabólicos e/ou fisiológicos e/ou efeitos benéficos à saúde, devendo ser

seguro para consumo sem supervisão médica (RDC 18/99).

Ações:

Inibe o desenvolvimento da aterosclerose;

Controla crescimento e regulação celula;

Inibe angiogênese tumoral;

Efeito antioxidante;

Atenua perda de massa óssea;

Alternativa ao tratamento de reposição hormonal tradicional para alívio dos sintomas da

menopausa.

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ISOFLAVONAS = FITOESTRÓGENOS

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Conteúdo de isoflavonas total, daidzeína, genisteína e gliciteína em alguns alimentos

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Câncer de estômago:

Estudos de coorte indicam associação inversa com o consumo de soja (> consumo, < risco), o mesmo

aconteceu com 9 estudos de caso controle. Uma meta-analise com 7 estudos estabeleceu efeitos com 20

g/dia, alta heterogeneidade.

Mecanismo:

Genisteína atua diminuindo a proliferação celular e a angiogênese, e aumentando a apoptose

The evidence, mostly from case-control studies, is

inconsistent. There is limited evidence suggesting that

pulses (legumes), including soya and soya products,

protect against stomach cancer

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Câncer de Próstata:

1 estudo de coorte baseado no consumo de soja e produtos de soja relatou diminuição do risco com maior

ingestão quando comparado com a menor;

1 estudo relatou diminuição significativa do risco com aumento no consumo de leite de soja e diminuição

não significativa com alimentos vegetarianos a base de soja;

2 estudos observacionais não demonstraram clara relação do consumo de soja com a diminuição do risco

de câncer de próstata.

Mecanismo:

Efeito androgênico, inibindo o crescimento induzido pela testosterona na próstata

The evidence, mostly from case-control studies, is

inconsistent. There is limited evidence suggesting that

pulses (legumes), including soya and soya products,

protect against prostate cancer.

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EFSA (Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos) concluiu que as isoflavonas não afetam

negativamente as mamas, tireoide e útero das mulheres na pós-menopausa;

A Soja vem sendo investigada há mais de 25 anos devido ao seu potencial benéfico à saúde;

Resultados divergentes in vitro e in vivo e diferenças ao analisar um composto isolado e um constituinte

alimentar que pode ser afetado por outros.

Soja diferente de isoflavonas;

Os teste foram feitos em roedores e primatas não humanos que metabolizam as isoflavonas de maneira muito

diferente dos humanos;

Ingestão média de isoflavonas no Japão varia de 30 a 50 mg/dL. Enquanto nos EUA , Canadá e Europa é

inferior a 3 mg/dL;

A estrutura química das isoflavonas é semelhante a do estrogênio, permitindo que elas se liguem aos

receptores de estrogênio (Era e Erb). Elas apresentam maior afinidade pelos Erb o que pode causar efeitos

diferentes uma vez que esses receptores possuem distribuição tecidual diferentes;

O efeito seletivo pelo Erb faz com que as isoflavonas sejam chamadas de moduladores seletivos de receptores

de estrogênio (SERMs). Nos tecidos que possuem receptores os SERMs podem ter efeito em alguns casos e

em outros não apresentar efeito ou ter ação antiestrogênica. Exemplo de SERMs: tamoxifeno e raloxifeno.

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Baixa incidência de câncer de mama nos países consumidores de soja em comparação com os países

ocidentais. Essas taxas vem aumentando com a ocidentalização;

Estudos sugerem que para a soja reduzir o risco de câncer de mama o consumo deve se iniciar na

infância/adolescência (ingestão antecipada);

Estudo de Saúde das Mulheres de Xangai – investigar o impacto do tempo de consumo no risco de câncer

de mama – tempo de segmento 13 anos, mais de 70 mil mulheres inscritas com 1034 caso de câncer de mama.

Três grupos: baixa, média e alta ingestão de soja.

Resultados:

Alta ingestão de proteína de soja na adolescência e vida adulta - significativa redução no risco;

Alta ingestão durante adolescência e baixa ingestão na vida adulta – quase a mesma proteção;

Alta ingestão na vida adulta só gerou proteção se na adolescência tivesse havido pequena ingestão

de proteína de soja

Esses dados sugerem que o efeito protetor na pré-menopausa vem do consumo na adolescência.

EPIC (Investigação Prospectiva em Câncer e Nutrição – Oxford) – suporte da ingestão antecipada –

estudo com vegetarianos não encontrou associação entre a ingestão de isoflavonas e risco de câncer de mama.

Provavelmente porque o consumo maior de soja ocorreu após início da dieta vegetariana.

Câncer de mama:

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Meta-análise de 5 estudos prospectivos (2 americanos e 3 chineses) com mais de 11 mil mulheres com

câncer de mama. O consumo de soja, após diagnóstico, diminuiu o risco de recorrência, em ambos os países;

O posicionamento da American Cancer Society e da American Institute of Cancer é que a soja pode

ser consumida com segurança por mulheres com câncer de mama;

Journal of Family Practice confirma que o consumo de soja melhora o prognóstico de mulheres com câncer

de mama.

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Mecanismo de atuação das isoflavonas e o risco do câncer de mama:

Afinidade e competição pelos receptores de estrogênio (Ers);

Ação antiproliferativa, antiangiogênica, anti-inflamatória e antioxidante.

Foram realizadas meta-análises separadas para asiáticos e populações ocidentais, devido às

diferenças de tipo e quantidade de consumo além de características ligadas ao risco de

câncer de mama.

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Na Ásia, foi observada uma redução de 29% no risco de câncer de mama com aumento no consumo de

soja;

Ponto de corte para o consumo:

20 mg ou mais de isoflavona/dia – alto consumo

5 mg ou menos/dia - baixo consumo.

O consumo moderado foi de 10 mg/dia e demonstrou 12% na redução do risco de câncer de mama;

Em Xangai e em Los Angeles o consumo de soja na adolescência exibiu efeito protetor, na vida adulta;

Diferenças na microflora intestinal podem influenciar na absorção e metabolismo da soja. A quantidade

de equol (metabólito da daidzeína) produzido pode determinar o risco de desenvolver câncer de mama;

Estudos em populações ocidentais não mostram associação entre o consumo de soja (variação de 0,8 mg a

0,15 mg de isoflavonas) e o risco de câncer de mama;

Para minimizar a dificuldade em estabelecer a ingestão de soja por questionário de frequência alimentar,

um estudo colheu amostras de sangue pré-diagnóstico e dosou o nível de isoflavona na urina. Não foi

encontrada diferença de resultado na população asiática. Ou seja, não houve associação entre o consumo de

isoflavonas e o risco de câncer de mama, nem variação com o estado de menopausa (den Tonkelaar et al,

2001).

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Mais estudos são necessários para estabelecer os efeitos da soja antes e depois do câncer de mama e em

relação ao Tamoxifeno (agente antiestrogênico);

Especula-se que o efeito protetor da soja seja mediado por fator hormonal. O alto consumo interfiriria com o

nível de estrogênio e globulinas transportadoras de hormônio sexual circulante e com a densidade

mamográfica.

3 estudos de intervenção, com duração entre 1 e 2 anos, não acharam nenhum efeito do consumo de soja e

seus produtos e suplementos de isoflavonas sobre a densidade mamográfica.

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Diferença na microflora pode influenciar na absorção e no metabolismo da soja;

Os efeitos da soja (estogênico ou antiestrogênico parecem não alterar a densidade mamográfica);

Em mulheres asiáticas o consumo de soja dose dependente (10mg de isoflavonas) se associa a redução no

risco de câncer de mama em 16% - mecanismos em estudo;

Em populações ocidentais o consumo de soja (1 mg de isoflavona em média) não foi associado ao risco de

câncer de mama;

A idade de exposição ao consumo de soja parece ser determinante na diminuição do risco de câncer de

mama;

Não há efeito modificador do consumo de soja em relação ao estado menopausal ou ao peso corporal.

Resumindo:

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Estudo transversal em mulheres americanas, de origem asiática com câncer de mama em uso de tamoxifeno

para investigar a associação entre o consumo de soja e os níveis séricos de tamoxifeno e seus metábolitos

(N-DMT, 4-OHT, e endoxifen);

Tamoxifeno - modulador seletivo do receptor de estrogênio. Na mama, atua como um antagonista

(bloqueiam os receptores) do receptor;

O consumo de soja pela população ocidental foi estimulada a partir da associação do seu uso com a saúde

cardiovascular, em 1999 pela FDA (Food and Drug Administration);

Com a suspeita de que as isoflavonas interferiam com as células mamárias, a segurança da soja passou a ser

investigada;

Alguns estudos experimentais observaram que o efeito inibitório do tamoxifeno era diminuído pelo

consumo de soja. Apesar de outros estudos observarem benefícios sobre o seu efeito;

Em mulheres brancas os níveis de tamoxifeno são influenciados pela idade, composição corporal, estado

menopausal, e alguns medicamentos.

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380 mulheres com diagnóstico de câncer de mama, em uso de tamoxifeno (2 semanas antes da coleta- 20

mg/dia). Responderam a um questionário padronizado com perguntas sobre:

História de migração

História reprodutiva e menstrual

História do peso e altura, circunferência da cintura e quadril

Atividade física

Dieta habitual, incluindo ingestão de soja (questionário de frequência alimentar (QFA) validado com

14 itens contendo soja – estimou a quantidade de isoflavonas

Diagnóstico de HAS, DM, DLP, artrite

Utilização de medicamentos, incluindo aspirina, paracetamol, ibuprofeno, diuréticos e outros anti-

hipertensivos

Ingestão de soja no dia da coleta de sangue também foi avaliado, visto que os níveis máximos de

daidzeína e genisteína no plasma ocorrem de 6 a 8 horas após a ingestão

Na amostra de sangue coletada foram analizados os níveis de tamoxifeno e seus metabólitos (N-

DMT, 4-OHT, e endoxifen), genisteína, daidzeína e equol.

Ajustes feitos para a raça, estado menopausal, IMC E RCQ e uso de medicamentos

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Mulheres na pós-menopausa (65 ou mais anos) tinham níveis séricos (81 %) de tamoxifeno e seu

metabólitos maiores do que as na pré-menopausa (45 ou menos anos) – diminuição do metabolismo e da

excreção;

Níveis de tamoxifeno e metabólitos tendem a diminuir com o aumento do IMC e da RCQ (baixa

significancia estatística);

Não houve associação dos níveis séricos de tamoxifeno e metabólitos com o consumo usual de soja

(isoflavona mg/1000 kcal) auto-referida antes do diagnóstico e nem com a ingestão à época da coleta;

Não houve associação das concentrações de tamoxifeno e seus metabólitos com as concentrações de

isoflavonas totais ou de seus componentes;

Mulheres hipertensas possuem maiores concentrações séricas de tamoxifeno e N-DMT, do que as

normotensas – Muitos anti-hipertensivos tem efeitos sobre o citocromo P450 e o tamoxifeno é metabolizado

através de vias mediadas pelo citocromo P450 - mais estudos são necessários;

Os níveis circulantes de tamoxifeno e metabólitos não se relacionaram com o consumo de soja aferido

(consumo habitual antes do diagnóstico do câncer de mama, consumo 2-3 dias antes da coleta e medida de

isoflavonas séricas nas mesmas amostras de sangue coletado). Portanto é improvável que a exposição a

ingestão de soja afete os níveis de tamoxifeno e metabólitos. Como o estudo avaliou níveis séricos, não foi

possível excluir os efeitos antagônicos da soja sobre o tamoxifeno ao nível celular e sobre os receptores.

Resultados e discussão:

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A ingestão de soja não influencia os níveis de tamoxifeno e seus metabólitos;

Idade, menopausa, peso corporal e uso de anti-hipertensivos influenciam os níveis circulantes de

tamoxifeno;

Mais estudos sobre o citocromo P450 devem ser realizados.

Conclusão:

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Meta-analise incluindo 35 estudos que relataram associação da ingestão de isoflavonas e o risco de

câncer de mama em mulheres na pré e pós menopausa, considerando a área geografica (Ásia e Países

Ocidentais) e outras variáveis (idade, álcool, tabagismo, IMC e terapia de reposição hormonal).

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A ingestão de isoflavonas da soja foi inversamente associada com o risco de câncer de mama na pré-

menopausa. Essa associação é verdadeira para mulheres asiáticas, mas não encontrou-se evidência

estatística para mulheres ocidentais;

comparando-se a maior ingestão de isoflavonas de soja com a menor em mulheres na pós-

menopausa, verifica-se uma redução em 25%, no risco para o câncer de mama. Essa associação é

verdadeira para as mulheres asiáticas e estatisticamente fraca para as mulheres ocidentais;

Os estudos de coorte em mulheres na pré-menopausa não sugerem associação entre o consumo de

isoflavona de soja com o risco de câncer de mama. Por outro lado, os estudos caso-controle referem

associação inversa;

Em mulheres pós-menopausa, tanto os estudos de coorte quanto os caso-controle sugerem efeito

protetor entre o consumo de isoflavonas de soja e o câncer de mama;

Quando os estudos de coorte e caso-controle avaliaram o consumo de feijão/soja não houve qualquer

associação entre a ingestão e o risco de câncer de mama;

O estado menopausal pode desempenhar um papel modificador na associação do consumo de

isoflavonas e o câncer de mama;

A heterogeneidade de estudos, diversidade no tipo de alimento e na forma de quantificar podem

interferir com o resultado

Resultados:

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Grande variedade em termos de incidência e variedade no mundo. Sendo que, nos países consumidores

de soja as taxas são menores que nos países ocidentais;

Estudos populacionais asiáticos mostram que o consumo de soja reduz em até 50% o risco de câncer de

próstata;

Estudos de intervenção mostram que o consumo de isoflavonas retarda o aumento do PSA;

Ensaios de longa duração a exposição à isoflavonas não afetou a recorrência de câncer de próstata após

prostatectomia;

Esses resultados são questionáveis, pois, ou as doses foram baixas, ou houve associação de Vit. E e

Selênio que podem interferir com o câncer de próstata;

Foi sugerido que o efeito quimiopreventivo da ginesteína ocorra através do Erb expresso em células

epiteliais da próstata e tem efeito antiproliferativo, pró-diferenciação e pró-apoptótico.

Câncer de próstata:

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Meta-análise para avaliar o consumo diário de soja e o risco de câncer de pulmão relacionando com

subgrupos (sexo, tabagismo, desenho do estudo , tipo de ingestão de soja), e incluiu 231.494 participantes

com 6811 casos de câncer de pulmão.

Câncer de pulmão:

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Encontrada redução limítrofe para o risco de câncer de pulmão com a ingestão de proteína de soja em

gramas por dia. Essa associação inversa foi mais observada em não fumantes que em fumantes com câncer

de pulmão – os não fumantes teriam um estilo de vida mais consciente?

O mecanismo pelo qual as isoflavonas atuariam seria através da diminuição do dano oxidativo ao DNA,

que tem sido associado à carcinogênese.

A genisteína, em roedores, inibiu a formação de tumores pulmonares e metástases. Já a daidzeína não

demonstrou efeito sobre a metástase pulmonar induzida por células de melanoma;

Resultado: redução limítrofe no risco de câncer de pulmão com ingestão estimada de proteína de soja em

gramas e uma associação inversa significativa com os não fumantes.

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Meta-análise (11 estudos- 7 casos-controle e 3 estudos de coorte e mais o presente estudo) associando o

consumo alimentar de soja e o risco de câncer de pulmão. A ingestão de soja foi avaliada no início do

estudo e reavaliada ao longo do acompanhamento por entrevistas. Durante os 9 anos de acompanhamento

surgiram 370 casos de câncer de pulmão, sendo 340 em não fumantes. Outras informações sobre

características demográficas, estilo de vida, hábitos alimentares (QFA- 11 tipos de alimentos a base de

soja), histórico familiar de câncer, antropometria e exposição ao fumo.

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O câncer de pulmão é a principal causa de morte de mulheres em todo o mundo;

Várias linhas de evidência sugerem que o estrogênio pode estar associado com o desenvolvimento e

progressão do câncer de pulmão. Essa associação se deve ao fato do pulmão apresentar altos níveis de

receptor de estrogênio, principalmente de receptor de estrogênio B (Erb);

A proliferação celular induzida por estrogênio pode ser bloqueada pelo antogonista do receptor de

estrogênio ou por inibidores de aromatase;

Os ERb possuem fraca atividade estrogênica em alguns tecidos e atividade antiestrogênica em outros;

Como o tamoxifeno (moduladores seletivos de receptores de estrogênio), as isoflavonas se ligam aos

receptores de estrogênio preferencialmente aos Erb - O uso do tamoxifeno em mulheres com câncer de

mama, está ligado a redução das mortes por câncer de pulmão;

O risco de desenvolver câncer de pulmão agressivo, principalmente os “não pequenas-células” aumenta

após terapia com estrogênio mais progestina;

Atividade anti-inflamatória, antioxidante e imunomoduladora das isoflavonas pode inibir o crescimento

tumoral, angiogênese e induzir a apoptose;

Em estudos com animais, a isoflavona diminuiu o desenvolvimento de tumores e aumentou a sobrevida dos

animais portadores de tumor.

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O risco de câncer de pulmão diminui com o aumento da ingestão de soja, isoflavonas e proteína de soja;

A cada aumento de 5 g na ingestão de alimentos de soja, decresce o risco de câncer de pulmão em 7%.

Essa afirmativa é mais forte para os tumores mais agressivos, para as mulheres na pós-menopausa e para

aquelas que nunca fumaram;

Em 2 estudos foram encontradas associações positivas entre o consumo de soja e o câncer de pulmão em

fumantes, com baixa significância estatística;

Entre usuárias de terapia hormonal o consumo de soja merece mais estudos devido aos fitoestrógenos

agirem como antagonistas do estrogênio natural.

Além das isoflavonas, os alimentos a base de soja possuem outros nutrientes que podem exercer ação

preventiva da câncer (cálcio, ácido fólico, fibras), e ser fator de confundimento;

Estudos com consumo de soja em populações ocidentais se tornam pouco expressivos devido ao baixo

consumo usual.

Resultados:

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Conclusão para o câncer de mama

Breast Cancer Report, Revised 2018, WCRF

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Conclusão para o câncer de mama

Breast Cancer Report, Revised 2018, WCRF

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Conclusão para o câncer de próstata

Prostate Cancer Report, Revised 2018, WCRF

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Conclusão para o câncer de pulmão

Lung Cancer Report, Revised 2018, WCRF

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