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ISSN 0101-2835 ,~MinistériO da Agricultura e do Abastecimento Documentos Dezembro,1998 Número, 138 SOLOS DA ILHA DE SANTANA, MUNiCíPIO DE SANTANA, ESTADO DO AMAPÁ E~

SOLOS DA ILHA DE SANTANA, MUNiCíPIO DE SANTANA, …€¦ · SANTANA, MUNICÍPIO DE SANTANA, ESTADO DO AMAPÁ1 Moacir Azevedo Valente2 Raimundo Cosme de Oliveira Junior2 Tarcísio

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  • ISSN 0101-2835

    ,~MinistériOda Agricultura

    e do AbastecimentoDocumentosDezembro,1998

    Número, 138

    SOLOS DA ILHA DE SANTANA, MUNiCíPIO

    DE SANTANA, ESTADO DO AMAPÁ

    E~

  • ISSN 0101-2835

    Documentos No 138 Dezembro, 1998

    SOLOS DA ILHA DE SANTANA, MUNICÍPIO

    DE SANTANA, ESTADO DO AMAPÁ

    Moacir Azevedo ValenteRaimundo Cosme de Oliveira JúniorTarcísio Ewerton RodriguesPaulo Lacerda dos SantosJoão Marcos Lima da SilvaEmanuel Queiroz Cardoso Júnior

  • Embrapa – CPATU. Documentos, 138Exemplares desta publicação podem ser solicitados à:Embrapa-CPATUTrav. Dr. Enéas Pinheiro, s/nTelefones: (091) 246-6653, 246-6333Telex: (91) 1210Fax: (091) 226-9845e-mail: [email protected] Postal, 4866095-100 – Belém, PA

    Tiragem: 200 exemplares

    Comitê de PublicaçõesLeopoldo Brito Teixeira – Presidente Eduardo Jorge Maklouf CarvalhoAntonio de Brito Silva Maria do Socorro Padilha de OliveiraExpedito Ubirajara Peixoto Galvão Célia Maria Lopes PereiraJoaquim Ivanir Gomes Maria de N. M. dos Santos – Secretária ExecutivaOriel Filgueira de Lemos

    Revisores TécnicosBenedito Nelson Rodrigues da Silva – Embrapa-CPATUItalo Cláudio Falesi – Embrapa-CPATUJosé Raimundo Natividade Gama – Embrapa-CPATUPaulo César T. C. Santos – FCAP

    ExpedienteCoordenação Editorial: Leopoldo Brito TeixeiraNormalização: Célia Maria Lopes PereiraRevisão Gramatical: Maria de Nazaré Magalhães dos Santos

    Moacyr Bernardino Dias Filho (texto em inglês)Composição: Euclides Pereira dos Santos Filho

    Embrapa – 1998

    VALENTE, M.A.; OLIVEIRA JÚNIOR, R.C. de; RODRIGUES, T.E.; SANTOS,P.L. dos; SILVA, J.M.L. da; CARDOSO JÚNIOR, E.Q. Solos da ilha deSantana, município da Santana, Estado do Amapá. Belém: Embrapa-CPATU, 1998. 34p. (Embrapa-CPATU. Documentos, 138).

    1. Reconhecimento do solo – Brasil – Amapá – Santana. 2. Usoda terra – Brasil – Amapá – Santana. 3. Solo – Aptidão agrícola – Brasil– Amapá – Santana. I. Oliveira Júnior, R.C. de, colab. II. Rodrigues, T.E.,colab. III. Santos, P.L. dos, colab. IV. Silva, J.M.J. da, colab. V. CardosoJúnior, E.Q., colab. VI. Embrapa. Centro de Pequisa Agroflorestal daAmazônia Oriental (Belém, PA). VII. Título. VIII. Série.

    CDD: 631.478116

  • S U M Á R I O

    INTRODUÇÃO.................................................................... 7

    DESCRIÇÃO GERAL DA ÁREA ............................................. 8

    Localização geográfica ........................................................ 8

    Geologia e geomorfologia .................................................... 9

    Clima ................................................................................ 9

    Vegetação ....................................................................... 10

    PROSPECÇÃO DOS SOLOS E MAPEAMENTO...................... 12

    CARACTERIZAÇÃO DOS SOLOS ....................................... 13

    Latossolo Amarelo............................................................ 13

    Argissolo Amarelo ............................................................ 19

    Gleissolo Haplico .............................................................. 22

    Neossolo Flúvico .............................................................. 24

    LEGENDA DE IDENTIFICAÇÃO DO MAPA DE SOLOS ........... 26

    USO ATUAL DA TERRA .................................................... 26

    Agricultura ...................................................................... 28

    Pecuária .......................................................................... 29

    Extrativismo .................................................................... 29

    CONSIDERAÇÕES GERAIS ................................................ 30

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................ 32

    ANEXO ........................................................................... 34

  • SOLOS DA ILHA DESANTANA, MUNICÍPIO DE SANTANA,

    ESTADO DO AMAPÁ1

    Moacir Azevedo Valente2

    Raimundo Cosme de Oliveira Junior2

    Tarcísio Ewerton Rodrigues3

    Paulo Lacerda dos Santos2

    João Marcos Lima da Silva2

    Emanuel Queiroz Cardoso Júnior4

    RESUMO: O trabalho foi realizado na ilha Santana, municípiode Santana, Estado do Amapá, como subsídio à avaliação daaptidão agrícola das terras e o planejamento de uso da área.Foi executado pela Embrapa Amazônia Oriental, em parceriacom o Instituto de Terras do Amapá - TERRAP e o Centro dePesquisa Agroflorestal do Amapá-CPAF, AP. A área estudada,com extensão de 2.005, 13 hectares, está situada na RegiãoNorte do Brasil, às margens do Canal do Norte e em frente àcidade de Santana, Estado do Amapá. Essa área apresentaduas grandes paisagens: a terra firme, com uma área de1.088,13 ha (54,27% da área total mapeada), que é formadapor aluviões antigos do Pleistoceno formando terraços consti-tuídos de argilas, silte e areias de granulação muito fina egrosseira; e, a planície de inundação, constituída por sedi-mentos recentes do Holoceno com predominância de argila esilte e com uma área de 917,0 ha (45,73% da área total ma-peada). Dos solos que foram caracterizados e mapeados, oLatossolo Amarelo é o que ocorre em maior extensão, ocu-pando uma área de 810,38 ha, representando 40,41% daárea total. Seguindo a ordem de dominância estão: o Gleis-solo Haplico, com 662,50 ha (33,04% da área total), oArgissolo Amarelo, com 277,75 ha (13, 86% da área total),e o Neossolo Flúvico, com 242,88 ha (12,11% da área total).Ocorre, também, os solos Hidromórficos Indiscriminados, noslagos, ocupando 11,62 ha, correspondendo a apenas 0,58%

    1Trabalho executado pela Embrapa Amazônia Oriental, em parceria com o Institutode Terras do Amapá e o Centro de Pesquisa Agroflorestal do Amapá, CPAF-AP.2Eng.- Agr., M.Sc., Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Caixa Postal 48,CEP 66017-970. Belém, PA.3Eng.- Agr., Ph.D., Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental.4Bolsista CNPq/Embrapa Amazônia Oriental.

  • 6

    da área total mapeada. Os solos que ocorrem na terra firmesão quimicamente muito pobres, apresentando acidez eleva-da, baixos valores para soma (S) e saturação de bases (V),teor alto de alumínio trocável (Al +3 ), baixíssimos teores defósforo e valores muito altos de saturação com alumínio, oque caracteriza os solos álicos, potencialmente distróficos.Dentre estes, o Latossolo Amarelo Distrófico típico A mode-rado textura muito argilosa, identificado pelo símbolo LAd1,ocupando uma área de 265,25 ha (13, 23% da área total), éo que apresenta melhores condições de uso. Os solos queocorrem na área inundável, apesar de quimicamente férteis,apresentam propriedades físicas impróprias para o desenvol-vimento da maioria das culturas, sendo mais indicados paraculturas de ciclo curto adaptadas a essas condições.

    Termos para indexação: solos, aptidão agrícola, planejamen-to, Ilha de Santana, Estado do Amapá.

    SOILS OF SANTANA ISLAND, MUNICIPALITYOF SANTANA, AMAPÁ STATE

    ABSTRACT: This work was accomplished in the Santana

    Islands, municipality of Santana, state of Amapá, as a

    subside to evaluate land agricultural aptitude and use

    planning of the area. It was executed by the Center of

    Agroforestry Research of Amazonia Oriental in partnership

    with the Institute of Lands of Amapá – TERRAS and the

    Center of Agroforestry Research of Amapá – CPAF-AP. The

    studied area, with extension of 2.005,13 ha, is located in the

    north of Brazil, on the margins of the North Channel and in

    front of Santana city, state of Amapá. It presents two main

    landscapes: the highlands with an area of 1.088,13 ha

    (54,27% of the total area mapped) that is formed by old

    pleistocenic alluviuns, forming terraces constituted of clay,

    silt and sand of very fine and rude granulation; and the

    floodplain, constituted by recent holocenic sediments with

    predominance of clay and silt, with an area of 917,0 ha

    (45% of the total area mapped). Among the soils

    characterized and mapped, the yellow latosol is the one

  • 7

    occupying most of the area with 810,38 ha or 40,41% of

    the total area. Following the dominance order are: the little

    gley humic with 662,50 ha (33,04% of the total area); the

    yellow podzolic with 277,75 ha (13,86% of the total area)

    and the alluvial soil with 242,88 ha (12,11% of the total

    area). Also occurs the indiscriminate hydromorphic soils on

    the lakes, occupying 11,62 ha (0,58% of the total area). The

    highlands soils are chemically very poor, presenting high

    acidity, low sum (s) and saturation (v) of bases, high

    exchangeable aluminum (Al+3), very low level of phosphorus

    and very high aluminum saturation, what characterizes this

    alic soils, potentially distrophics. Among these, the yellow

    latosol distrophic typical A moderated very clayey texture

    indentified by the symbol LAd1, occupying na area of 265,25

    ha (13,23% of the total area) is the one which presents

    better use conditions. The floodplain soils, despite chemically

    fertile, present improper physical proprierties for the

    development of most of the cultures, being more indicated

    for short cycle cultures adapted to these conditions.

    Index Terms: soils, agricultural aptitupe, planning, Island ofSantana, Amapá State.

    INTRODUÇÃO

    A avaliação da potencialidade dos recursos natu-rais é de fundamental importância ao planejamento e à im-plantação de atividades econômicas, principalmente em regi-ões onde há escassez de estudos desta natureza, em nívelmunicipal, como é o caso da Amazônia. No caso particular dorecurso solo, o conhecimento de suas propriedades físicas equímicas permite a indicação de técnicas de manejo e con-servação mais adequadas, com vistas ao melhoramento dascondições do solo e ao aumento da produtividade dasculturas.

  • 8

    Antecedendo à implantação de projetos que ne-cessitam do solo como base de sustentação, devem ser exe-cutados estudos para seleção de áreas com melhores opçõesde uso, delimitação de áreas que, pela fragilidade dos ecos-sistemas, devem ser destinadas à preservação ambiental ouconservação, assim como, para indicar as atividades quepossam melhor se coadunar com as características do meiofísico, visando a ocupação ordenada da terra ao longo dotempo, minimizando-se os efeitos das alterações ambientais.

    Com base nesta linha de gerenciamento, o Institu-to de Terras do Amapá – TERRAP, orgão responsável pelacolonização, vem promovendo estudos em diversas áreas doEstado, a fim de viabilizar a exploração sustentada das terras,de modo a possibilitar o equilíbrio sócio-econômico e ambien-tal.

    Este trabalho, realizado na ilha Santana, municípiode Santana, Estado do Amapá, teve como objetivo a caracte-rização e o mapeamento dos solos que servirá como base dereferência para avaliação da aptidão agrícola das terras e oplanejamento de uso dessa área. Foi executado pela EmbrapaAmazônia Oriental, vinculada ao Ministério da Agricultura edo Abastecimento, em parceria com o Instituto de Terras doAmapá - TERRAP e o Centro de Pesquisa Agroflorestal doAmapá, CPAF-AP.

    DESCRIÇÃO GERAL DA ÁREA

    Localização geográfica

    A área estudada, com extensão de 2.005,13 ha,está situada na Região Norte do Brasil, às margens do Canaldo Norte e em frente à cidade de Santana, município de San-tana, Estado do Amapá, entre as coordenadas geográficas de00º04’00’’ e 00º06’00’’ de latitudes sul e 51º08’00’’ e51º12’30’’ de longitude oeste de Greenwich.

  • 9

    Geologia e geomorfologia

    A principal unidade geológica encontrada na áreapertence ao período Quaternário, dividido em Holoceno ePleistoceno.

    Os depósitos fluviais referentes ao Holoceno, queacompanham os cursos d’água da rede de drenagem, sãoconstituídos predominantemente de argilas e siltes. Essas fai-xas aluviais constituem a planície de acumulação, que estásujeita a inundações sazonais e é coberta por vegetação típi-ca adaptada ao excesso de água (Brasil, 1974).

    Os aluviões antigos, referidos ao Pleistoceno, for-mam terraços constituídos de argilas, siltes e areias de gra-nulação muito fina e grosseira, com diminuição granulométri-ca para o topo. Existem intercalações e interdigitações dematerial síltico e argiloso, com níveis de concentração ferru-ginosa e lâminas limoníticas, pelotas de argilas dispersas elentes de conglomerado (Brasil, 1974).

    A ilha de Santana está inserida na unidade geo-morfológica identificada como Planície de Estuários e Deltasdo Amapá, uma subdivisão da Planície Litorânea, a qual éconstituída de uma extensa faixa de sedimentos arenosos,argilosos e siltosos, de origem flúvio-marinha. Essa unidaderecebe influência fluvial do rio Amazonas e apresenta partessujeitas a inundações periódicas pelas águas das chuvas epelas enchentes do rio. A inundação possibilita a sedimenta-ção constante em uma grande área, contribuindo, também,para fixação da vegetação rasteira (Brasil, 1974).

    Clima

    O clima predominante na área é do tipo Amw’, daclassificação de Köppen, que caracteriza – se por apresentarchuvas do tipo monção, sendo a altura da chuva do mês maisseco, tanto para o Am como para o Aw, inferior a 60mm. A

  • 10

    distinção entre ambos os tipos foi feita pelo valor limite w’,correspondendo às maiores quedas pluviométricas processa-das nos meses de março a maio (Brasil, 1974). Este tipo cli-mático apresenta – se como tropical chuvoso com nítida es-tação seca, onde a temperatura média nunca é inferior a 18ºe a oscilação anual, de modo geral, é sempre inferior a 5ºC.A precipitação pluviométrica anual varia de 1.300 a1.900 mm, com distinção de um período chuvoso, de de-zembro a março, e outro seco, de agosto a novembro.

    Vegetação

    Na área da ilha de Santana, foram distinguidoscinco tipos de cobertura vegetal: Floresta Equatorial Subpe-renifólia, Floresta Equatorial Higrófila de Várzea, Manguezal,Campo Cerrado e o Junco.

    Floresta Equatorial Subperenifólia - Ocorre na ter-ra firme, em uma extensão de 1.017, 50 ha, apresentando,no aspecto geral, uma paisagem uniforme, mas que depois deanálises de amostragens de locais diferentes, evidencia-segrande variação das espécies componentes, mesmo em pe-quenas distâncias. É constituída por uma vegetação exube-rante que, a primeira vista, poderia evidenciar a existência desolos férteis, mas, no entanto, repousa sobre solos de baixafertilidade natural. A manutenção dessa vegetação dá-se pormeio do ciclo biológico solo-planta-solo, devido à acumula-ção, deposição e incorporação ao mesmo de detritos orgâni-cos, fornecendo os elementos nutritivos necessários às plan-tas, assim como regula a conservação dos mesmos, nãopermitindo a sua lavagem. Após a derrubada e queima dessavegetação para utilização do solo na exploração agrícola, háperda dos nutrientes que são lixiviados, devido à quebra doequilíbrio no ecossistema (Brasil, 1974). As espécies flores-tais de maior ocorrência são: angelim-pedra (Dinizia excelsa),matá-matá (Eschweilera sp.), louro vermelho (Ocotea rubra

  • 11

    Mez), itaúba (Sílva duckei A Sampaio), aquariquara(Minquartia guianensis Aubl), maçaranduba (Manikara huberiDucke) e cupiúba (Goupia glabra Aubl.).

    Floresta Equatorial Higrófila de Várzea - Situa-seàs margens dos cursos d’água, nas áreas que sofrem influên-cia da flutuação do nível das águas dos rios, no período dacheia e vazante. As terras alagadas ou umedecidas pelas en-chentes ocupam 868,38 ha e caracterizam-se pela presençade espécies florestais adaptadas às condições de excesso deágua, como o açaí. As espécies que compõem a vegetaçãode floresta de várzea são bastante diferentes das encontradasna terra firme. As mais encontradas na ilha são: patauá(Oenocarpus patauá), buriti (Maurítia flexuosa), murumuru(Astrocaryum murumuru), marajá (Bactris sp.) e o açaí(Euterpe olerácea).

    Manguezal - Formação com grande poder deregeneração, na ilha de Santana, AP, ocupando uma área de37,0 ha. A espécie que ocorre nesse manguezal é a siriba ousiriúba (Aviceuuia sp.), que se desenvolve, normalmente, emambientes que sofrem influência de marés, mesmo com baixoteor de salinidade (Brasil, 1974).

    Campo Cerrado Equatorial - Ocorre em uma áreade 70,63 ha e é composto por indivíduos de porte mediano,entre quatro e sete metros de altura, de elementos arbustivosesclerófitas, dispersos sobre um tapete graminoso contínuo,onde aparece com muita frequência o capim barba-de-bode(Aristida sp.).

    Junco - Além dos tipos florísticos dominantes jácitados, identificou-se, também, a vegetação denominada dejunco, que ocorre dentro dos lagos, sendo, também, identifi-cada como Campo Alagado, a exemplo do que ocorre noLago Dourado.

  • 12

    PROSPECÇÃO DOS SOLOS E MAPEAMENTO

    Inicialmente foi realizada uma pesquisa bibliográfi-ca com o objetivo de obter informações a respeito da área,assim como, selecionar dados que serviram de subsídios paracorrelacão com os resultados obtidos durante a execução dotrabalho.

    No campo, efetuou-se o reconhecimento geral daárea, com o intuito de verificar os acessos existentes paradefinir os locais das picadas, onde foram feitas prospecçõescom trado holandês e abertura de trincheiras para caracteri-zação dos solos e coleta de amostras.

    A descrição morfológica e coleta de amostras dosperfis obedeceram aos procedimentos adotados pela EmbrapaSolos e constantes no Soil Survey Manual (Estados Unidos,1951), Súmula da Reunião Técnica (Embrapa, 1979a),e Definição e Notação de Horizontes e Camadas do Solo(Embrapa, 1988a). As cores de amostras de solos dos hori-zontes dos perfis foram determinadas por meio de compara-ção com a Munsell Soil Color Charts (Munsell... 1954). Ossolos foram classificados conforme as normas em uso pelaEmbrapa Solos (Embrapa, 1988b, 1998).

    As análises das amostras de solos foram realiza-das no Laboratório de Solos da Embrapa Amapá, de acordocom a metodologia contida no Manual de Métodos de Análisede Solos (Embrapa, 1979b).

    O mapa de solos foi confeccionado na escala1:10.000, utilizando-se como base cartográfica o mapa to-pográfico na escala 1:10.000, elaborado pelo TERRAP, sendoa legenda de identificação dos solos composta por unidadesde mapeamento simples, de acordo com as normas e critériospara levantamentos pedológicos em uso pela Embrapa Solos(Embrapa, 1995). A quantificação das áreas das unidades demapeamento para o dimensionamento total da ilha foi

  • 13

    feita através do método da pesagem, em balança de preci-são, correlacionando-se o peso do papel utilizado para con-fecção do mapa e a sua escala, esta reduzida para 1:20.000(Anexo).

    CARACTERIZAÇÃO DOS SOLOS

    Latossolo Amarelo

    Esta unidade compreende solos minerais, com ho-rizonte B latossólico, profundos, bem drenados, porosos,pouco estruturados, friáveis, ácidos, com classes texturaismuito argilosa e argilosa, seqüência de horizontes do tipo A,Bw e BC, originados de sedimentos antigos referentes aoPleistoceno, apresentando perfil com cores amareladas nosmatizes, dominantemente, 10YR e 7,5YR e pouca diferencia-ção entre os horizontes.

    De modo geral, são solos fortemente ácidos, combaixa disponibilidade de nutrientes às plantas, baixa capaci-dade de troca de cátions, teores elevados de alumínio trocá-vel e baixo conteúdo de matéria orgânica.

    Ocorrem em relevo plano, e suave ondulado, sobcobertura vegetal, dominantemente, de floresta equatorialsubperenifólia (floresta densa) e campo cerrado, em menorproporção.

    De acordo com a situação topográfica, coberturavegetal e outras características importantes intrínsecas aopróprio solo, como textura, cor e espessura do horizonte A eocorrência de concreções ferruginosas (linhas de pedra noperfil do solo), foram distinguidos, além da classe modal,mais seis variações:

  • 14

    a) Latossolo Amarelo Distrófico típico A moderado texturamuito argilosa fase floresta equatorial subperenifólia relevoplano

    Apresenta como característica marcante, o conte-údo de argila acima de 600 g/kg de solo no horizonteBw (Tabela 1), o que, segundo Embrapa (1988b), define ossolos de textura muito argilosa. Vale ressaltar, todavia, quena parte superficial do perfil, o conteúdo de argila varia de360 g/kg de solo, a 8cm de profundidade (horizonte A), a580 g/kg de solo na profundidade de 44cm (horizonte BA),valores estes que enquadram esta camada de solo na classetextural argilosa.

    A textura desta classe de solo é, portanto, a ca-racterística diferencial mais importante das demais classes deLatossolos Amarelos identificados na ilha de Santana. Umaspecto que merece atenção, quando da utilização dessessolos, é que as técnicas agrícolas de manejo e conservaçãodevem ser diferentes das que são empregadas nas outrasclasses, em função da textura ser mais argilosa.

    As características morfológicas deste perfil são tí-picas de Latossolo Amarelo, com cores variando de 10YR 4/4até 25cm de profundidade a 10YR 6/8 até 142cm de profun-didade, respectivamente. Pequenas variações foram observa-das no horizonte BC até 180cm de profundidade, onde a coré 7,5YR 5/6, mais avermelhada do que as anteriores, em de-corrência de vestígios de material de origem do solo.

    De acordo com os resultados das análises de labo-ratório, observa-se que esta classe é de baixa fertilidade quí-mica, com pouca disponibilidade de nutrientes importantes ao(valor S 0,13 a 1,04) desenvolvimento e produtividade dasplantas cultivadas (Tabela 1).

  • TABELA 1. Resultados analíticos dos Latossolos Amarelos identificados na ilha de Santana, Estadodo Amapá.

    Horizontep

    Prof.em

    g/kg de solopHH.O AI T

    %

    v m mg/kg

    AlA2ABBABwlBw2eBw3e

    ....•01 Ap

    A2ABBABwlBw2Bw3eBw4e

    emole/kg de solo

    61827659337168

    11

  • 16

    Os valores de pH, variando de 4.3 a 4.8, na ca-mada de até 44cm de profundidade, indicando acidez forte eos teores altos de alumínio trocável, com valores variando de2,10 cmolc/kg de solo, a 1,50 cmolc/kg de solo na mesmaprofundidade, são indicativos da necessidade, ainda maior, decorretivos e fertilizantes para permitir bons rendimentos dasculturas (Tabela 1).

    b) Latossolo Amarelo Dsitrófico A proeminente textura muitoargilosa cascalhenta fase campo cerrado equatorial relevoplano

    Como expressa a classificação taxonômica, estaclasse apresenta como características diferenciais, o teor decarbono orgânico relativamente alto, identificado pela cor eespessura do horizonte A (A proeminente) e ocorrência deconcreções ferruginosas do tipo cascalho a partir de 77cm deprofundidade nos horizontes Bw2c e Bw3c.

    De acordo com a descrição morfológica do perfil,esta classe se apresenta com cores variando de bruno-escurono horizonte A, a bruno-forte nos horizontes Bw2c e Bw3c.

    Os teores de argila variam de 220 g/kg de solo nohorizonte A, a 610 g/kg de solo no horizonte B, com predo-minância de valores entre 510 e 580 g/kg de solo caracteri-zando a classe textural argilosa (Tabela 1).

    Os valores de pH em água variam de 5,0 no hori-zonte A, a 5,6 no horizonte B, enquadrando-se na categoriade solos fortemente a moderadamente ácidos (Tabela 1).

    Apresenta baixíssimos teores de cálcio, magnésio,potássio e sódio, com variação de soma de bases (Valor S)de 1,01 cmolc/kg de solo no horizonte A, a 0,24 cmolc/kg desolo no horizonte Bw3c, indicando que o solo possui baixafertilidade química (Tabela 1).

  • 17

    Os teores de alumínio trocável variam de1,60 cmolc/kg de solo no horizonte A, a 0,50 cmolc/kg desolo no horizonte Bw3c, valores estes considerados altos,com riscos de toxidez à maioria das plantas cultivadas(Tabela 1).

    Os valores muito baixos para capacidade de trocade cátions (Valor T) (2,72 a 7,28 cmolc/kg de solo) e satura-ção de bases (Valor V) (6% a 19%) e altos para saturaçãocom alumínio (Valor m) (59% a 82%), demonstram que es-ses solos são potencialmente distróficos, ou seja, quimica-mente muito pobres, necessitando, portanto, de corretivos efertilizantes organo-minerais para produzirem satisfatoriamen-te.

    Dos elementos indispensáveis ao bom desenvol-vimento e produtividade das culturas, o fósforo, como já eraesperado, é o que se encontra em menor concentração nosolo, estando praticamente em sua totalidade na forma inso-lúvel, indisponível, por isso, para ser absorvido pelo sistemaradicular das plantas.

    c) Latossolo Amarelo Distrófico A moderado textura muitoargilosa cascalhenta fase floresta equatorial subperenifóliarelevo plano

    De acordo com a descrição morfológica do perfil,esta classe de solo apresenta-se com cores variando de bru-no-escuro no horizonte A, a amarelo-avermelhado no horizon-te Bwc.

    A denominação de horizonte Ap é decorrente dealterações da camada superficial do solo proveniente de usoem atividades agropastoris.

    A partir de 110cm de profundidade, há ocorrênciade concreções ferruginosas do tipo cascalho, caracterizandoos horizontes Bw3c e Bw4c.

  • 18

    Os teores de argila variam de 290 g/kg de solo nohorizonte A a 610 g/kg de solo no horizonte Bw, com predo-minância de valores entre 510 e 520 g/kg de solo no horizon-te B, caracterizando a classe textural argilosa (Tabela 1). Osvalores de pH em água variam de 4,8 no horizonte A a 5,6no horizonte B, enquadrando-se na categoria de solos forte-mente a moderadamente ácidos (Tabela 1).

    Apresenta baixos teores de cálcio, magnésio, po-tássio e sódio, com variação de soma de bases (Valor S) de1,97 cmol/kg de solo no horizonte A a 0,33 cmolc/kg de solono horizonte Bw4, indicando baixa fertilidade química(Tabela 1).

    Os teores de alumínio trocável são relativamentealtos, principalmente, na camada superficial do solo até aprofundidade aproximada de 50 cm, o que sugere risco detoxidez às plantas cultivadas. Com a elevação dos valores depH na camada subsuperficial do solo em questão, os teoresde alumínio trocável diminuem consideravelmente, chegandoa 0,40 cmolc/kg de solo e 0,50 cmolc/kg de solo a 140 e170cm de profundidade, respectivamente (Tabela 1).

    Os valores muito baixos para capacidade de trocade cátions (Valor T) (2,74 a 8,08 cmolc/kg de solo) e satura-ção de bases (Valor V) (8% a 24%) e altos para saturaçãocom alumínio (Valor m) (46 a 76%), demonstram que essessolos são potencialmente muito pobres, necessitando, por-tanto, de corretivos e fertilizantes organo-minerais para queas plantas neles cultivadas apresentem produtividade satisfa-tórias.

    Os teores de fósforo assimilável são extremamen-te baixos, indicando a necessidade de adubação fosfatada,da mesma forma como ocorre com a classe de solo descritaanteriormente.

  • 19

    d) Latossolo Amarelo Distrófico endoconcrecionário A mode-rado textura muito argilosa fase floresta equatorialsubperenifólia relevo plano

    Essencialmente, difere das classes anteriores, emvirtude de apresentar calhaus e matações (pedras) na massado solo, a partir da profundidade de 40 cm, o que dificulta oseu aproveitamento agrícola, porém tendo importância na fi-siografia da ilha, devido ao papel de barreira que exerce aforça das águas, impedindo que haja desbarrancamentosmais acentuados na orla da ilha de Santana.

    e) Latossolo Amarelo Distrófico concrecionário A moderadotextura muito argilosa fase floresta equatorial subperenifó-lia relevo plano

    f) Latossolo Amarelo Distrófico concrecionário A moderadotextura argilosa fase floresta equatorial subperenifólia rele-vo suave ondulado

    g) Latossolo Amarelo Distrófico concrecionário A moderadotextura argilosa fase campo cerrado equatorial relevo sua-ve ondulado

    Estas três últimas classes de Latossolo Amarelosão formadas por uma mistura de partículas mineralógicas fi-nas e concreções de arenito ferruginoso de vários diâmetrosque preenchem completamente todo o perfil. São solos medi-amente profundos, com perfil do tipo Ac, Bc e C. Apresen-tam fortes limitações ao uso, principalmente, devido às suascaracterísticas físicas.

  • 20

    Argissolo Amarelo

    São solos de classificação taxonômica mais recen-te, tendo como principal característica, a alta relação textu-ral, decorrente da marcante diferença no conteúdo de argilanos horizontes A e Bt (B textural). Não há evidência nítida demovimentação de argila ao longo do perfil, o que se verificapela ausência de cerosidade. Apresentam grande semelhançacom os Latossolos Amarelos, devido às características co-muns ao horizonte diagnóstico B latossólico.

    São solos minerais, não hidromórficos, profundos,bem a excessivamente drenados. Apresentam seqüência dehorizontes do tipo A, Bt, C e raramente A, E, Bt e C, com co-res variando de bruno-escuro (10YR 3/3, úmido) no horizonteA a bruno-forte (7,5YR 5/8, úmido) no horizonte B. Ocorremem relevo plano, sob vegetação de floresta equatorial subpe-renifólia (floresta densa) e são desenvolvidos de sedimentosantigos referentes ao Pleistoceno.

    De um modo geral, os solos desta classe que fo-ram identificados na ilha de Santana enquadram-se na cate-goria de solos fortemente ácidos na camada superior do solo,até aproximadamente 50cm, e moderadamente ácidossubsuperficialmente (Tabela 2).

    Possuem pouca disponibilidade de nutrientes àsplantas cultivadas, o que é demonstrado pelos valores muitobaixos de soma de bases (Valor S) (0,22 a 2,37 cmolc/kg desolo) e saturação de bases (Valor V) (8 a 24%) e com apenastraços de fósforo solúvel. Os valores altos para o alumíniotrocável (Al+++) (0,6 a 2,0 cmolc/kg de solo) e saturaçãocom alumínio (Valor m) (16 a 82%) indicam que esses solossão potencialmente distróficos, necessitando, portanto, decorretivos e fertilizantes organo-minerais (Tabela 2).

  • TABELA 2. Resultados analíticos dos Argissolos Amarelos identificados na ilha de Santana, Estadodo Amapá.

    Prof. g/kg de solo pH cmolc/kg de solo % PHorizonte

    cm Areia Silte Argila H20 Ca + Mg K Na S AI T V m mg/kg

    Argissolo Amarelo Distrófico A moderado textura argilosa/muito argilosa cascalhenta fase floresta Equatorial Subperenifólia relevo plano

    Al 0- 8 420 360 220 4.8 1.40 0.10 0.10 1.60 0.30 11.83 14 16 3A2 20 330 360 340 4.8 0.50 0.05 0.05 0.60 1.60 7.37 8 73 1AB 35 290 230 480 5,0 0.40 0,02 0.02 0,44 2,00 4,90 9 82

  • 22

    As características mais importantes para diferen-ciação das classes de Argissolos Amarelos são a textura e aocorrência de concreções ferruginosas ao longo do perfil, oque é decorrente da pequena variação de topografia na área.Assim, foram identificadas duas classes de Argissolo Amare-lo, a saber:

    a) Argissolo Amarelo Distrófico A moderado textu-ra argilosa/muito argilosa cascalhenta fase floresta equatorialsubperenifólia relevo plano.

    b) Argissolo Amarelo Distrófico típico A moderadotextura média/muito argilosa fase floresta equatorial subpere-nifólia relevo plano.

    Gleissolo Haplico

    De um modo geral, são solos minerais, hidromórfi-cos, pouco desenvolvidos, de profundidade variável, poucoporosos, mal drenados, de baixa permeabilidade, apresentan-do cores acinzentadas com mosqueamentos decorrentes dosprocessos de redução e oxidação dos compostos de ferro queocorrem em meio anaeróbico, uma vez que esses solos sedesenvolvem sob forte influência do lençol freático próximo àsuperfície, na maior parte do ano, devido ao regime de marésa que estão sujeitos.

    Ocorrem em áreas de relevo plano sob vegetaçãode floresta equatorial de várzea e são originados de sedimen-tos, predominantemente do quaternário, apresentando perfildo tipo A, Bg (B gleizado) e Cg.

    Ao contrário dos solos de terra firme, os Gleisso-los identificados na ilha de Santana são quimicamente férteis(eutróficos), com níveis altos de nutrientes solúveis disponí-veis às plantas (Tabela 3).

  • TABELA 3. Resultados analíticos dos Gleissolos identificados na ilha de Santana, Estadodo Amapá.

    Prot. g/kg de solo pH Crnolelkg de solo % PHorizonte ---------- ----- -em Areia Silte Argila H20 Ca + Mg K Na 5 AI T V m mglkg

    Gleissolo Haplico Ta Eutr6tico tfpico A moderado textura siltosa fase floresta equat. higr6fila de várzea relevo plano

    A 0- 20 70 840 90 5.8 8.10 0.10 0.10 8.30 0.21 11.61 71 2 458g1 40 80 750 170 6.2 9.30 0.08 0.10 9.48 0.10 11.13 85 1 348g2 70 60 760 180 5.4 7.60 0.09 0.11 7.80 1.30 12.09 64 14 13CQ 100 150 700 130 5.2 6.80 0.08 0.09 6.97 0.60 11.92 58 8 25

    '" Gleissolo Haplico Ta Eutr6fico tfpico A moderado textura siltosa fase floresta equat. higr6fila de várzea relevo planoúJA 0- 20 80 760 160 5.8 10.30 0.16 0.16 10.62 0.10 14.91 71 1 138g1 40 60 730 210 5.9 9.30 0.08 0.11 9.49 1.10 12.79 74 10 28g2 70 90 720 190 6.1 10.80 0.06 0.13 10.99 1.00 13.80 80 8 18g3 100 70 710 220 6.3 13.30 0.06 0.20 13.56 0.40 16.04 84 3 1

    Gleissolo Haplico Ta Eutr6fico tfpico A moderado textura siltosa fase floresta equat. higr6fila de várzea relevo plano

    A 0- 20 100 730 170 6.0 11.70 0.16 0.14 12.00 0.10 14.97 80 1 178g1 40 90 680 230 6.3 12.80 0.11 0.13 13.04 0.10 17.00 77 1 38g2 70 80 690 230 6.4 15.30 0.07 0.13 15.50 0.10 18.80 72 1

  • 24

    Possuem valores altos para o pH, enquadrando-se,na maioria dos casos, na categoria dos solos moderadamenteácidos. Os valores altos para soma de bases (S) (6,97 a15,51 cmolc/kg de solo), saturação de bases (V%) (58 a89%) e capacidade de troca catiônica (T) (11,61 a18,80 cmolc/kg de solo) são indicadores da boa fertilidadedesses solos. Os valores baixos para o alumínio extraível (0,1a 1,30 cmolc/kg de solo) e saturação com alumínio (m) (01 a14 %) indicam, também, não haver problemas de toxidez nossolos de várzea (Tabela 3).

    Vale ressaltar, todavia, que apesar da alta fertili-dade química, os solos de várzea nessa área apresentam res-trições de utilização, pelo fato de que as constantes inunda-ções limitam o desenvolvimento de um grande número deculturas, principalmente, as de ciclo longo que não seadaptam às condições de má drenagem interna dos solos.

    Foram delimitadas duas unidades de mapeamentodiferindo, principalmente, quanto à drenagem, onde o GXve1é imperfeitamente drenado e o GXve2 é mal a muito mal dre-nado.

    Neossolo Flúvico

    São solos minerais, hidromórficos, pouco desen-volvidos, que apresentam apenas um horizonte A diferencia-do, sobrejacente a camadas estratificadas, as quais, normal-mente, não guardam relações pedogenéticas entre si. Ocor-rem em áreas de relevo plano e sob vegetação de florestaequatorial higrófila de várzea. Possuem cores variando debruno-acinzentado-muito-escuro a cinza-muito-escuro, mati-zes variando de 2,5 a 10YR, valores variando de 6 a 3 ecromas variando de 2 a 1. São originados de sedimentos alu-viais recentes, depositados periodicamente durante as inun-dações nas margens dor rios e lagos, constituídos por suces-são de camadas estratificadas gleizadas, com variação de cor

  • 25

    e/ou textura. Apresentam seqüência de horizontes do tipo A,C ou A, 2C e 3C, com horizonte superficial freqüentementedo tipo A moderado, sobrejacente a camadas com caracterís-ticas físicas e químicas diversas em função da heterogenei-dade dos sedimentos depositados. As características físicas equímicas desses solos são muito dependentes da textura ecomposição dos sedimentos. Os Neossolos apresentam clas-ses texturais bastante distintas, com variação acentuada emprofundidade e horizontalmente, podendo ser encontradossolos de textura arenosa, média, argilosa e siltosa. São nor-malmente eutróficos e distróficos, mas, raramente, álicos epodem ser de argila de atividade alta ou baixa.

    Na ilha de Santana, os Neossolos são jovens,pouco profundos, muito mal drenados, formados por cama-das de sedimentos recentes do Quaternário que não apresen-tam relação pedogenética entre si.

    Foram delimitadas duas unidades de mapeamentode Neossolo Flúvico:

    a) Neossolo Flúvico Ta Distrófico epieutrófico tex-tura siltosa fase floresta perenifólia de várzea relevo plano.

    b) Neossolo Flúvico Ta Distrófico epieutrófico tex-tura siltosa fase manguezal (siriúba) relevo plano.

    A vegetação de siriúba ocorre na costa leste dailha de Santana, o que induz a interpretação que esta zonasofre influência, em alguma época do ano, de águas com pe-quenos teores de salinização. Do ponto de vista agrícola, osNeossolos Flúvicos que ocorrem nessa área são inaptos parauso, porém, no que se refere aos aspectos ecológicos, osmesmos devem merecer atenção como “área de preservaçãoambiental”, uma vez que a cobertura vegetal de siriúba foidetectada somente nessa parte da ilha.

  • 26

    LEGENDA DE IDENTIFICAÇÃO DO MAPA DE SOLOS

    A legenda de identificação dos solos é compostade 13 unidades de mapeamento simples, com apenas umaunidade taxonômica, e mais a quantificação das áreas dos la-gos (11,62ha) totalizando a área da ilha de Santana, em2.005,13 ha (Tabela 4).

    USO ATUAL DA TERRA

    A caracterização do uso atual da terra é um dadoimportante para se avaliar a vocação natural dos ecossiste-mas. De um modo geral, a qualidade do solo, as condiçõesclimáticas, o relevo e a própria tradição dos habitantes sãofatores que condicionam o tipo de utilização dos recursos na-turais.

    Vale ressaltar, no entanto, que existem outros fa-tores que são importantes, uma vez que servem como indi-cadores para promover uma melhoria das atividades, deacordo com as necessidades de consumo da população. Alocalização das áreas de produção em relação aos centrosconsumidores, a facilidade de comercialização de produtos,resultados de pesquisa disponíveis e assistência técnica, efomento à produção, são alguns dos fatores que devem serconsiderados, a fim de nortear linhas de ações que devam serimplementadas para se auferir melhores resultados das ativi-dades produtivas.

    Foram identificadas três atividades básicas deutilização dos recursos naturais:

  • TABELA 4. Legenda de identificação dos solos da ilha de Santana, Estado do Amapá.

    51mbolodasunidades demapeamento--

    LAd,

    LAd.

    LAd3

    LAd.

    LAdc,

    '" LAdc2-..JLAdc3

    PAd,

    PAd.

    GXve,

    GXve.

    RUvd,

    RUvd.---LAGOS---TOTAL

    Clanificaçlo taxonômica dos solosQuantifioaçlo

    Area lha I %--

    265,25 13,23

    68,38 3,41

    123,38 6,15

    173,62 8,66

    24,75 1,23

    152,75 7,62

    2,25 0,11

    127,50 6,36

    150,25 7,50

    235,00 11,72

    427,50 21,32

    205,88 10,2737,00 1,84

    " ,62 0,58

    2.005,13 100

    LATOSSOLO AMARELO Distr6fico tfpico A moderado textura muito argilosa fase floresta equatorialsubperenifólia relevo plano.LATOSSOLOAMARELO Distr6fico A proeminente textura muito argilosa cascalhenta fase campo cerradoequatorial relevo plano.LATOSSOLOAMARELO Distr6fico A moderado textura muito argilosa cascalhenta fase floresta equatorialsubperenifólia relevo plano.LATOSSOLO AMARELO Distr6fico endoconcrecionário A moderado textura muito argilosa fase florestaequatorial subperenif61iarelevo plano.LATOSSOLO AMARELO Distr6fico concrecionário A moderado textura muito argilosa fase floresta equato-rial subperenif61iarelevo plano.LATOSSOLOAMARELO Distrófico concrecionário A moderado textura argilosa fase floresta equatorial sub-perenif6lia relevo suave ondulado.LATOSSOLOAMARELO Distr6fico concrecionário A moderado textura argilosa fase campo cerrado equato-rial relevo suave ondulado.ARGISSOLO AMARELO Distrófico A moderado textura argilosa/muito argilosa cascalhenta fase florestaequatorial subperenifólia relevo plano.ARGISSOLOAMARELO Distr6fico tfpico A moderado textura média/argilosa fase floresta equatorial subpe-renif61iarelevo plano.GLEISSOLOHAPLlCO Ta Eutrófico típico A moderado textura siltosa fase floresta equatorial higrófila devárzea relevo plano.GLEISSOLOHAPLICO Ta Eutrófico tfpico A moderado textura siltosa fase floresta equatorial higrófila devárzea relevo plano.NEOSSOLOFLÚVICO Ta Distrófico epieutrófico textura siltosa fase floresta perenif6lia de várzea relevoplano.NEOSSOLOFLÚVICOTa Distr6fico epieutrófico textura siltosa fase manguezal (siriubal relevo plano.

  • 28

    Agricultura

    A atividade agrícola, apesar de pouco desenvolvi-da, é a atividade que se destaca na área da ilha de Santana,merecendo, por conseguinte, alguma atenção especial porparte dos órgãos competentes, com o objetivo de melhorar oseu desenvolvimento, no que se refere ao aumento da diver-sificação e produção de alimentos.

    Os solos de terra firme que são utilizados na agri-cultura, classificados taxonomicamente como Latossolo Ama-relo e Argissolo Amarelo, são ácidos, quimicamente pobres, oque restringe, de certa forma, melhor produtividade das cul-turas. Atualmente, as lavouras de milho, arroz e mandiocasão instaladas em pequenas áreas recém-desmatadas, desen-volvendo-se às custas dos nutrientes incorporados ao solopor ocasião das queimadas. Essas áreas são, posteriormente,abandonadas, para que ocorra o que se chama de “descansoda terra” ou pousio, caracterizando uma agricultura de baixonível tecnológico, com utilização da terra de forma itinerante.

    As propriedades físicas do solo, no entanto, comoa boa profundidade, textura, porosidade, drenagem interna eaeração, favorecem um bom desenvolvimento das plantas,que apresentam aspecto vegetativo satisfatório.

    Há que se ressaltar, todavia, que existem na ilhapequenas áreas “modelo” onde são utilizadas técnicas de cul-tivo relativamente simples, tais como cobertura morta, con-sórcio, rotação de culturas e sistemas de irrigação que, de-pendendo de uma análise de custo/benefício, poderão servircomo referência para a elaboração de sistemas de produçãode hortaliças. Esse tipo de cultivo é uma alternativa viável eimportante, uma vez que ocupam áreas pequenas permanen-temente, as quais, anteriormente, ficavam improdutivas.

  • 29

    Outro aspecto de relevância e que, também, deveser analisado para elaboração de sistemas de produção comculturas de ciclo longo, é a iniciativa de alguns produtores emintroduzir cultivos de fruteiras, de forma sistematizada, comoocorre com o mamão e a acerola. Outras culturas que seadaptam bem às condições edafo-climáticas da ilha e que po-derão ser testadas para incorporação aos sistemas de produ-ção diversificados em forma de consórcio, são a banana, ocupuaçu, o maracujá e o citrus.

    Pecuária

    A pecuária é uma atividade que ocupa pequenasáreas da ilha de Santana, notadamente na parte oeste, ondeexiste algum resquício de pastagem, estando atualmente comelevado nível de infestação de ervas invasoras. Deve ser aler-tado que a área central da ilha (área de campo cerrado) estásendo preparada para utilização com bovinos de corte, vistoque a mesma necessita de cuidados especiais de manejo desolo e de pastagem, com o intuito minimizar os efeitos des-trutivos da atividade sobre este ecossistema único na ilha.

    O fato dos solos apresentarem baixa fertilidadequímica, ocasiona o desenvolvimento de pastagem com baixaqualidade nutricional, tendo como conseqüência, baixa capa-cidade de suporte por unidade de área. Dessa forma, paraexpansão desta atividade, há necessidade de ocupação degrandes extensões de terra, o que coloca em risco outrasatividades, como a agricultura familiar, de naturezasócio-econômica de maior importância na ilha de Santana.

    Extrativismo

    Esta atividade, atualmente, está concentrada naexploração de dois produtos importantes da palmeira do açaí(Euterpe oleracea Mart): o fruto e o palmito.

  • 30

    O fruto do açaizeiro destina-se ao fabrico do vinhode açaí, alimento básico indispensável à população local e dacidade de Santana. Constitui-se em fonte de renda, tantopara os extrativistas como para os fabricantes do vinho.

    O palmito é outro produto do açaizeiro, destinan-do-se às indústrias de beneficiamento do palmito, sendo, porisso, importante como fonte de renda à população e ao muni-cípio. O palmito industrializado é exportado a outros centrosde consumo no Estado.

    CONSIDERAÇÕES GERAIS

    Após a confecção do mapa, elaboração da legen-da de identificação dos solos e quantificação das áreas dasunidades de mapeamento, é possível concluir o seguinte:

    - A área total da Ilha de Santana é de 2.005,13 hectares.

    - A área de terra firme, onde ocorrem o LatossoloAmarelo e o Argissolo Amarelo, é de 1.088,13 hectares, oque corresponde a 54,27% da área total mapeada.

    - A área sujeita a inundações, incluindo-se os la-gos, onde ocorrem o Gleissolo Haplico e o Neossolo Flúvico,é de 917,0 hectares, o que corresponde a 45,73% da áreatotal mapeada.

    - Dos solos que foram caracterizados e mapeadosna ilha, o Latossolo Amarelo, ocupando uma área de810,38 hectares é o solo que ocorre em maior extensão, re-presentando 40,41% da área total. Em ordem de dominânciaestão o Gleissolo Haplico, com 662,50 hectares (33,04% daárea mapeada), o Argissolo Amarelo, com 277,75 hectares(13,86% da área mapeada) e o Neossolo Flúvico, com242, 88 hectares (12,11% da área mapeada). Os lagos, onde

  • 31

    ocorrem os Solos Hidromórficos Indiscriminados, ocupamuma área de 11,62 hectares, o que corresponde a apenas0,58% da área total mapeada.

    - Os solos que ocorrem na área de terra firme(LAd1, LAd2, LAd3, LAd4, LAdc1, LAdc2, Ladc3, PAd1 ePAd2) são quimicamente muito pobres, apresentando acidezelevada, baixos valores para soma (S) e saturação de bases(V%), teor alto de alumínio trocável (Al+++), baixíssimos teo-res de fósforo e valores muito altos de saturação com alumí-nio (%m), o que caracteriza os solos álicos, potencialmentedistróficos. Dentre estes, o Latossolo Amarelo Distrófico típi-co A moderado, textura muito argilosa, identificado no mapade solos e na Tabela 4 (Legenda de identificação dos solos dailha de Santana) com o símbolo LAd1, ocupando uma área de265,25 ha (13, 23% da área total), é o que apresenta melho-res condições de uso.

    - Os solos que ocorrem na área inundável (GXve1,GXve2, RUvd1 e RUvd2) são quimicamente férteis, apresen-tando baixa acidez com valores altos de pH, altos valorespara soma (S) e saturação de bases (V%), sendo por isso eu-tróficos. Vale ressaltar, todavia, que pelo fato de apresenta-rem propriedades físicas impróprias para o desenvolvimentoda maioria das culturas, estes solos são de uso restrito ape-nas para culturas especiais adaptadas ao hidromorfismo.

  • 32

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    Brasil. Ministério das Minas e Energia. Departamento Nacionalda Produção Mineral. Projeto RADAMBrasil. FolhaSA.22 - Belém: geologia, geomorfologia, solos,vegetação, uso potencial da terra. Rio de Janeiro,1974. (Projeto RADAMBrasil. Levantamento derecursos Naturais, 5).

    EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. (Rio deJaneiro, RJ). Sistema brasileiro de classificação de solos(5ª Aproximação). Rio de Janeiro, 1998.

    EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. (Rio deJaneiro, RJ). Procedimentos normativos delevantamentos pedológicos. Brasília: Embrpa-SPI, 1995.101p.

    EMBRAPA. Serviço Nacional de Levantamento e Conservaçãode Solos. Rio de Janeiro, RJ. Súmula da x ReuniãoTécnica de Levantamento de Solos. Rio de Janeiro,1979a. 83p. (Embrapa-SNLCS. Miscelânia, 1).

    EMBRAPA. Serviço Nacional de Levantamento e Conservaçãode Solos. (Rio de Janeiro, RJ). Manual de métodos deanálise de solo. Rio de Janeiro, 1979b. 1v.

    EMBRAPA. Serviço Nacional de Levantamento e Conservaçãode Solos. (Rio de Janeiro, RJ). Definição e notação dehorizontes e camadas do solo. Rio de Janeiro, 1988a.54p. (Embrapa-SNLCS. Documentos, 3).

    EMBRAPA. Serviço Nacional de Levantamento e Conservaçãode Solos. (Rio de Janeiro, RJ). Critérios para distinçãode classes de solos e de fases de unidades demapeamento. Rio de Janeiro, 1988b. 67p. (Embrapa-SNLCS. Documentos, 11).

  • 33

    ESTADOS UNIDOS. Departament of Agriculture.Soil SurveyStaff. Soil survey manual. Washington, D.C.: USDA,1951. 503p. (USDA. Agriculture Handbook, 18).

    MUNSELL COLOR COMPANY. Munsell soil color charts.Baltimore, 1954.

  • ANEXO

  • Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaMinistério da Agricultura e do Abastecimento

    Centro de Pesquisa Agroflorestal da Amazônia OrientalTrav. Dr. Enéas Pinheiro sln, Caixa Postal 48,

    Fax (091) 276-9845 CEP 66017-970e-mail: [email protected]

    ~Brasil