Solos do município de Rio Branco

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  • 8/3/2019 Solos do municpio de Rio Branco

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    R I O B R A N C O / A C R E

    Boletim Tcnico

    DIAGNSTICO DOS TIPOS

    Dezembro de 2008-n. 001

    DE SOLOS DO MUNICPIODE RIO BRANCO-AC.

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    Prefeitura Municipal de Rio Branco-AcrePrefeito Raimundo Angelim Vasconcelos

    Vice-Prefeito Eduardo Farias

    Secretaria Executiva do Programa deZoneamento Econmico, Ambiental, Social e

    Cultural de Rio Branco-AC - ZEAS

    Secretrio Municipal de Governo - SEGOV

    Jos Fernandes do Rgo

    Secretrio Municipal de Meio Ambiente- SEMEIA

    Arthur Czar Pinheiro Leite

    Secretrio Municipal de Agricultura e Floresta-SAFRA

    Mrio Jorge da Silva Fadell

    Diretor da Fundao Garibaldi Brasil - FGB

    Marcos Vincius Simplcio das NevesSecretria Municipal de Planejamento -

    SEPLANAntnia Francisca de Oliveira

    Secretrio de Estado de Meio Ambiente- SEMA

    Eufran Ferreira do Amaral

    Chefe Geral do Centro de Pesquisa Agroflo-restal do Acre - Embrapa Acre

    Judson Ferreira Valentim

    Grupo de Trabalho GT

    Coordenadora Geral do Programa ZEASNdia W. Valentim PereiraBiloga M.Sc. Manejo Ambiental

    Eixo Recursos NaturaisLcio Flvio Zancanela do CarmoGegrafo M.Sc. Solos

    Marconde Maia FerreiraBilogo M.Sc. Ecologia

    Raimundo Nonato de Souza MoraesEngenheiro Agrnomo M.Sc. Fitotecnia

    Sonaira Souza da SilvaEngenheira Agrnoma

    Neide Daiana Soares de BritoBiloga

    Eixo Cultural-polticoWladimyr Sena de Arajo

    Antroplogo M.Sc. Antropologia Social

    Eixo Scio-econmicoRaimundo Cludio Gomes MacielEconomista Dr. Economia Aplicada

    Tcnica AdministrativaNeuza Teresinha BoufleuerBiloga M.Sc. Ecologia

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    Editores

    Lcio Flvio Zancanela do Carmo

    Raimundo Nonato de Souza Moraes

    DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.

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    Dados Internacionais de Catalogao-na-Publicao (CIP)

    Bibliotecria responsvel: Vivyanne Ribeiro das Mercs CRB-11/600

    Exemplares desta publicao podem ser obtidos no:Programa ZEAS

    Rua Coronel Alexandrino, 301 Bosque

    Rio Branco AC CEP: 69909-730Telefones: +55 (68) [email protected]

    Tiragem: 350 exemplares

    Revisores tcnicos:Marcelo de Oliveira Latuf-SEMA

    Judson Ferreira Valentim-EMBRAPA ACREJoo Luiz Lani-UFV-MG

    Raimundo Nonato de Souza Moraes-ZEAS-PMRB

    Neuza Teresinha Boufleuer-ZEAS-PMRBCorreo ortogrfica e gramatical:

    Ana Maria Alves de Oliveira

    Designer e diagramao:Thiago Nicheli e Gilberto Lobo

    Fotos:GT/ZEAS e Dhrcules Pinheiro

    Gerao de mapas:Sonaira Souza da Silva-GT Programa ZEAS

    1 edio1 impresso, 2008.

    Todos os direitos reservados.A reproduo no autorizada desta publicao, no todo ou em

    parte, constitui violao dos direitos autorais (Lei n 9.610)

    Instituies colaboradorasGovernamentaisSecretaria de Estado de Meio Ambiente do Acre SEMACentro de Pesquisa Agroflorestal do Acre - EMBRAPA ACRE

    Apoio Financeiro

    Banco da AmazniaPrefeitura Municipal de Rio Branco-PMRB

    ExecuoPrefeitura Municipal de Rio Branco-PMRB

    Programa de Zoneamento Econmico, Ambiental, Sociale Cultural de Rio Branco-AC (ZEAS).

    Boletim Tcnico, n. 001

    Carmo, Lcio Flvio Zancanela doDiagnstico dos Tipos de Solos do Municpio de Rio Branco - AC. Lcio Flvio Zancanela

    do Carmo, Raimundo Nonato de Souza Moraes (Editores)_ Rio Branco: PMRB, 2008. (BoletimTcnico, 001).

    62p.: il.

    Programa de Zoneamento Econmico, Ambiental, Social e Cultural de Rio Branco-AC, ZEAS.

    1. Solo Uso Rio Branco (AC). 2. Mapeamento do solo Rio Branco (AC). I. Ttulo. II. Srie.

    III. Moraes, Raimundo Nonato de Souza.CDD.21ed. 333.7311098112

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    EDITORES

    Lcio Flvio Zancanela do CarmoGegrafo, M.Sc. em Solos e Nutrio de PlantasTcnico do Programa ZEAS-PMRB

    [email protected]

    Raimundo Nonato de Souza MoraesEngenheiro Agrnomo, M.Sc. em Fitotecnia

    Tcnico do Programa [email protected]

    AUTORES

    Joo Luiz LaniEngenheiro Agrnomo, D.Sc. em Solos e Nutrio de Plantas

    Coordenador do Nucleo de Estudos de Planejamento eUso Da Terra-UFV

    Consultor Tcnico da PMRB-AC

    [email protected]

    Eufran Ferreira do AmaralEngenheiro Agrnomo, D.Sc. em Solos e Nutrio de Plantas

    Secretrio de Estado de Meio Ambiente (SEMA)Pesquisador da Embrapa Acre.

    [email protected]

    Nilson Gomes BardalesEngenheiro Agrnomo, M.Sc. em Solos e Nutrio de Plantas

    [email protected]

    Edson Alves de ArajoEngenheiro Agrnomo, D.Sc. em Solos e Nutrio de Plantas

    Pesquisador da Secretaria de Estado de Agropecuria,cedido SEMA

    [email protected]

    Emanuel Ferreira do AmaralEngenheiro Agrnomo, Esp. em Gesto AmbientalConsultor do Programa [email protected]

    Lcio Flvio Zancanela do CarmoGegrafo, M.Sc. em Solos e Nutrio de PlantasTcnico do Programa [email protected]

    Raimundo Nonato de Souza MoraesEngenheiro Agrnomo, M.Sc. em FitotecniaTcnico do Programa [email protected]

    Antnio Willian Flores de MeloEngenheiro Agrnomo, M.Sc. em Ecologia deAgroecossistemasCoordenador do Departamento de Mudanas Globais-SEMAConsultor do Programa [email protected]

    COLABORADORES

    Mrio Jorge da Silva Fadell-SAFRA/PMRBJorge de Souza Rebouas-SAFRA/PMRBMarina Jardim-SAFRA/PMRB

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    Perfil de soloFoto: Acervo ZEAS (2008).

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    SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS

    LISTA DE TABELAS

    RESUMO

    ABSTRACTINTRODUO..............................................................................................................

    MATERIAL E MTODOS.................................................................................................

    1 CARACTERIZAO DA REA DE ESTUDO........................................................................

    2 PROSPECO DE DADOS E CARTOGRAFIA DOS SOLOS...................................................

    3 MTODOS DE ANLISES DE SOLOS.............................................................................

    4 CLASSIFICAO DE SOLOS.........................................................................................RESULTADOS E DISCUSSO...........................................................................................

    1 CARACTERSTICAS DOS SOLOS...................................................................................

    1.1 Legenda de Identificao dos Solos..........................................................................

    1.2 Classes de Solos: restries e potenciais...................................................................

    1.2 1 Latossolos....................................................................................................

    1.2.2 Argissolos.....................................................................................................1.2.3 Luvissolos.....................................................................................................

    1.2.4 Plintossolos...................................................................................................

    1.2.5 Gleissolos.....................................................................................................

    1.2.6 Neossolos.....................................................................................................

    CONCLUSES E RECOMENDAES.................................................................................

    REFERNCIAS..............................................................................................................

    16

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    18

    20

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    26

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    Figura 1

    Figura 2

    Figura 3

    Figura 4

    Figura 5

    Figura 6

    Figura 7

    Figura 8

    Localizao do municpio de Rio Branco-AC.....

    Rede viria e hidrogrca permanente do munic-

    pio de Rio Branco-AC, na escala 1:100.000....

    Distribuio das ordens de solos (1 nvel cate-

    grico) do municpio de Rio Branco-AC, na es-

    cala 1:100.000...................................................

    Distribuio das subordens de solos (2 nvel

    categrico) do municpio de Rio Branco-AC, na

    escala 1:100.000...............................................

    Perl de Latossolo Vermelho descrito no muni-cpio de Rio Branco-AC.....................................

    Perl de Argissolo Vermelho-Amarelo descrito

    no municpio de Rio Branco-AC........................

    Ambiente de descrio de perl de LuvissoloHplico rtico, com cobertura vegetal de ores-

    ta aberta, descrito no municpio de Rio Branco-

    AC.....................................................................

    Perl de Plintossolo Hplico descrito no munic-

    pio de Rio Branco-AC........................................

    LISTA DE FIGURAS

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    Figura 9

    Figura 10

    Tabela 1

    Tabela 2

    Tabela 3

    Tabela 4

    Perl de Gleissolo Hplico descrito nas mar-

    gens do igarap Espalha no municpio de Rio

    Branco-AC.........................................................

    Perl de Neossolo Flvico descrito nas margens

    do rio Acre no municpio de Rio Branco-AC......

    Unidades de mapeamento de solos (UM) do

    municpio de Rio Branco-AC, na escala de 1:10

    0.000.................................................................

    Prticas de carter edco................................

    Prticas de carter vegetativo...........................

    Prticas de carter mecnico............................

    51

    53

    LISTA DE TABELAS

    Descrio do perfil de solo.Foto: Acervo ZEAS (2008).

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    DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DERIO BRANCO-AC.

    Lcio Flvio Zancanela do Carmo

    Raimundo Nonato de Souza Moraes

    RESUMO: Em uma regio onde predomina a agricultura dederruba e queima, com baixo nvel tecnolgico e com usopredominante da terra com pastagens extensivas, importantea denio de estratgias ecientes de planejamento local deuso da terra, a partir do conhecimento da base pedolgica.

    O levantamento e mapeamento dos solos de Rio Brancotiveram como objetivo oferecer informaes tcnicas parao reordenamento das atividades produtivas, principalmenteagropecurias, as de uso sustentvel dos recursos naturaise a conservao e preservao ambiental, desenvolvidasno municpio. Para tanto, as reas heterogneas foramsubdivididas em parcelas mais homogneas, que representama menor variabilidade possvel, em virtude dos parmetros de

    classicao e das caractersticas utilizadas para distino dossolos. Assim, foi possvel qualicar, quanticar e espacializaras variaes dos solos e de suas propriedades, bem como ospotenciais e fragilidades de usos nas diferentes classes de solos.No municpio de Rio Branco foram mapeados, em termos deprimeiro nvel categrico pertencente ao primeiro componentedas unidades de mapeamento, seis grandes classes de solos,

    em ordem decrescente de expresso territorial, na seguintedistribuio: Argissolos (78,67%), Plintossolos (11,83%),Luvissolos (8,18%), Latossolos (0,76%), Neossolos (0,54%) eGleissolos (0,02%). Nos mais elevados nveis categricos, foramestraticadas 87 unidades de mapeamentos de solos dentro doslimites municipais. Com base nestes resultados foram propostasrecomendaes tcnicas para uso e conservao dos diferentes

    tipos de solos de Rio Branco.

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    Abertura de trincheira.Foto: Dhrcules Pinheiro (2008).

    Termos para indexao:mapeamento dos solos, caracterizaodos solos, manejo do solo, uso da terra, agricultura familiar,conservao do solo.

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    DIAGNOSIS OF TIPE SOILS OF RIO BRANCO-AC.

    ABSTRACT: In a region were slash-and-burn agriculture with lowtechnology level and land use with extensive cultivated pasturespredominates, it is important to dene efcient strategies for localplanning of land use based on edaphic knowledge. Survey andmapping of the soils of Rio Branco had the objective of providingtechnical information for the reorientation of the productiveactivities, particularly agriculture, sustainable use, conservationand preservation of the natural resources developed in the

    County. In order to achieve this goal the heterogeneous areaswere subdivided in more homogeneous plots, which representedthe lowest variability possible based on the parameters ofclassication and the characteristics used to distinguish thesoils. As a result it was possible to to qualify, to quantify andmap the variations and properties of the soils, as well as thepotentials and fragilities for use of the different soil classes. In

    the county of Rio Branco it was mapped, in terms of the rstcategory level within the rst component of the mapping units,six great soil classes in decreasing order of territorial expressionin the following distribution: Ultisols (78,67%), Plinthosols(11,83%), Alsols (8,18%), Oxisols (0,76%), Fluvents (0,54%) eEntisols (0,02%). In the higher category levels 87 soil mappingunits were stratied within the County limits. Based on these

    results technical recommendations are proposed for land useand conservation of the different soil types of Rio Branco.

    Index terms:land use, small-farm agriculture, soil characterization,soil conservation, soil management, soil mapping

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    Amostra de solo para anlise.Foto: Dhrcules Pinheiro (2008).

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    Perfil de solo.Foto: Acervo ZEAS (2008).

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    NTRODUO

    O solo um recurso natural importante, pois exerce

    funes como reservatrio, reteno e suprimento de guapara as plantas (KARLEN e STOTT, 1994). Toda forma de vida,

    animal, vegetal, terrestre ou aqutica, direta ou indiretamente,

    relaciona-se com ele. Como suas propriedades variam no tempo

    e no espao, torna-se necessrio estratic-lo (MOTA, 1981;

    SANTANA, 1983; RESENDE e REZENDE, 1983; RESENDE

    et al., 2002) por meio de caractersticas que levem melhorhomogeneidade do ambiente. Entretanto, importante notar

    que a estraticao transcende os limites das propriedades

    agrcolas ou fronteiras polticas.

    Os domnios pedolgicos, quando analisados em

    associaes com as categorias superiores, constituem elementos

    capazes de fornecer, em maiores nveis de detalhes, informaesimprescindveis sobre o ambiente. Isto foi bem expresso por

    BUOL et al. (1997), ao armarem que cada nicho ecolgico da

    superfcie terrestre apresenta um solo caracterstico. O ambiente

    para as razes e o teor de nutrientes nos solos no pode ser

    previsto com segurana por nenhum outro levantamento como

    o geolgico, geomorfolgico ou vegetao (KER, 1995).BOUMA (1999) citou que os planejadores municipais

    consideram como alternativas de uso da terra, cenrios que

    combinem produo agrcola com conservao da natureza e

    uso mltiplo da terra. Desta forma,a chave elementar para a

    avaliao de terras avaliar o potencial do solo, tendo em vista

    a sua aptido agrcola (RAMALHO FILHO e BEEK, 1995).O agricultor, especialmente o pequeno, h muito separa o

    conjunto de sua propriedade em subconjuntos mais homogneos

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    ZEAS 17

    (SANTANA, 1983; RESENDE e REZENDE, 1983; RESENDE

    et al., 2002). Dentro do contexto da agricultura familiar, zonear

    manchas de solo um avano para a utilizao adequada e

    planejamento de sistemas com diferentes cultivos, dentro de

    uma estratgia de conservao de energia e otimizao do

    trabalho e recursos (VIVAN, 1998). Conforme ROCHA (2000), o

    inventrio dos recursos o primeiro passo para o planejamento

    de uma propriedade.

    Os estudos pedolgicos envolvendo municpios do

    Acre so escassos e poucos so publicados, o que diculta o

    planejamento municipal em escala compatvel com a extenso

    territorial dos municpios.

    Em uma regio onde predomina a agricultura de derruba

    e queima, com baixo nvel tecnolgico nos cultivos e com

    uso predominante de pastagens extensivas, fundamental a

    denio de uma estratgia eciente de planejamento local deuso da terra, a partir do conhecimento da base pedolgica. Isto

    possibilitar no s diminuio do desmatamento, mas tambm,

    produtividades mais elevadas e menor rotatividade, no momento

    em que as reas com maior potencial forem destinadas aos

    cultivos a que esto aptas. Isso tambm permitir a melhoria

    na qualidade de vida das comunidades possibilitando maiorsustentabilidade na agropecuria desta regio da Amaznia

    Ocidental.

    O levantamento e mapeamento dos solos do municpio

    de Rio Branco tiveram como objetivo geral oferecer subsdios

    ao reordenamento das atividades produtivas, principalmente

    agropecurias, as de uso sustentvel, conservao epreservao ambiental, e das atividades sociais e culturais

    desenvolvidas em Rio Branco.

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    18 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.

    Para isto, as reas heterogneas foram subdivididas

    em parcelas mais homogneas, que representam a menor

    variabilidade possvel, em virtude dos parmetros de classicao

    e das caractersticas utilizadas para distino dos solos. Assim,

    foi possvel qualicar, quanticar e espacializar as variaes

    dos solos e de suas propriedades, bem como os potenciais e

    fragilidades de usos nas diferentes classes de solos.

    MATERIAL E MTODOS

    1 CARACTERIZAO DA REA DE ESTUDO

    O municpio de Rio Branco, capital do estado do Acre,

    possui uma rea de 865.800 ha. Segundo o IBGE (2006), o

    municpio possui 314.127 habitantes, sendo que 88% desta

    populao encontram-se na rea urbana e periurbana e osoutros 12% na zona rural ou orestal. Localiza-se no sudeste

    do estado do Acre, sudoeste da Amaznia Ocidental, entre as

    coordenadas 6725` e 6925` de longitude oeste e 930` e 1030`

    de latitude sul, inserido na Regional do Alto Acre. Corresponde a

    5,4% do territrio acreano e limita-se com os municpios de Sena

    Madureira, Bujari, Porto Acre, Senador Guiomard, Capixaba,Xapuri e Brasilia (Figura 1).

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    ZEAS 19

    Figura 1. Localizao do municpio de Rio Branco-Acre.

    O municpio de Rio Branco apresenta considervel

    inuncia da Cordilheira Andina, condicionando certas

    caractersticas naturais distintas em relao ao restante da

    Amaznia brasileira. Geologicamente, situa-se sobre sedimentos

    sub-andinos, do Grupo Solimes, datados do nal do Tercirio

    (Plioceno-Pleistoceno) (CARMO, 2006).

    O relevo deste Municpio um pouco diferente dos

    demais municpios amaznicos, que em sua maioria assentada em Terras Firmes e Planaltos Baixos. Este se situa

    sobre uma topograa constituda de terraos e colinas em

    nveis diferenciados. A paisagem ondulada est relacionada

    principalmente ao rebaixamento do rio Acre e de seus principais

    auentes dentro do Municpio, como o Riozinho do Rola, com

    seus leitos apresentando considervel grau de encaixamento.Apresenta variao altimtrica de aproximadamente 200 m,

    indo de 120 m na rea urbana onde se encontra o leito maior do

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    20 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.

    rio Acre a 330 m de altitude nas cabeceiras do Riozinho do Rola

    no extremo sudoeste do Municpio (CARMO, 2006).

    A constituio pedogentica do municpio de Rio Branco

    de origem sedimentar, apresentando variaes de solos,

    desde os bem desenvolvidos, como os Latossolos, at solos

    jovens, como Neossolos Flvicos (RIO BRANCO, 2006). Estes

    solos abrigam uma vegetao natural composta basicamente

    de orestas, divididas em dois tipos: Tropical Densa e Tropical

    Aberta (ACRE, 2006).

    O Municpio tem clima do tipo Am, segundo o sistema de

    classicao de Kppen, ou seja, quente e mido, possuindo

    uma curta estao seca e altos ndices pluviomtricos (GUERRA,

    1955; ACRE, 2000; CARMO, 2006). Encontra-se inserido na

    bacia do rio Acre, auente da margem direita do Purus. Por

    sua vez, possui vrios auentes importantes dentro dos limites

    municipais, como o Igarap So Francisco, o maior auente dorio Acre na rea urbana, e o Riozinho do Rola, que apresenta a

    maior rea de drenagem dentro de Rio Branco.

    Inicialmente, fez-se uma reviso bibliogrca com o

    objetivo de obter informaes a respeito da rea de estudo e

    levantar pers de solos descritos para a estruturao do banco

    de dados. Posteriormente, realizou-se a interpretao das

    imagens do sensor SRTM (Shuttle Radar Topography Mission)

    de 2002, com pixel de 90 m, do acervo do Ncleo de Estudode Planejamento de Uso da Terra da Universidade Federal de

    Viosa-MG (NEPUT), que cobre toda a rea de estudo. Nesta

    2 PROSPECO DE DADOS E CARTOGRAFIA DOS

    SOLOS

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    ZEAS 21

    interpretao foram delineados os padres pedosiogrcos,

    em escala de 1:100.000, considerando-se a uniformidade do

    relevo, a geologia, a vegetao e a drenagem.

    O trabalho de campo constou do levantamento emapeamento dos solos, atravs de progresso em toda a rea

    rural do Municpio, por ramais, caminhos e picadas, e por meio

    de navegao por rios e igaraps. Os levantamentos foram

    realizados em barrancos, por meio de trincheiras e de sondagem

    com trado holands. As viagens de campo tiveram como roteiro

    a AC 090 (Transacreana), BR 317, BR 364 e principais ramaisque cortam o Municpio (Figura 2). Alm disso, foram utilizadas

    duas vias uviais: o rio Acre e o Riozinho do Rola.

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    22 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.22

    Figura 2. Rede viria e hidrogrca permanente do municpio de RioBranco-AC, na escala 1:100.000.

    Em razo da distribuio dos rios e igaraps navegveis e

    da rede viria (Figura 2), os trabalhos de campo foram executados

    em vrias etapas de forma complementar. Alm disso, estudos

    foram realizados em reas piloto, Plos Agroorestais e no

    Seringal So Francisco do Espalha, em maior detalhe, de modo

    a compreender a formao pedolgica da rea.

    Aps as vericaes de campo, foi feita a fotointerpretao

    denitiva para ajustes dos limites observados durante os

    trabalhos de campo, considerando-se sempre os aspectos

    siogrcos e a escala nal do mapa de solos, permitindo,

    desse modo, maior segurana e preciso no delineamento dasunidades de mapeamento.

    Durante as observaes no campo, foram registradas as

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    ZEAS 23ZEAS 23

    caractersticas morfolgicas dos pers examinados e coletadas

    amostras de solos para anlise em laboratrio, necessrias

    para a sua classicao, assim como a descrio relativa ao

    meio ambiente. A descrio e coleta de amostras dos pers

    representativos das classes de solos foram realizadas em

    trincheiras abertas em locais previamente selecionados, cortes

    de estrada, barrancos de rios e igaraps.

    A descrio detalhada das caractersticas morfolgicas, a

    nomenclatura de horizontes e a coleta de amostras de solos foram

    baseadas nas normas e denies adotadas pela EMBRAPA(1995) e SANTOS et al. (2005). As cores das amostras de solos

    foram determinadas por meio de comparao com a Munsell Soil

    Color Charts (MUNSELL COLOR COMPANY, 2000). Os solos

    foram classicados segundo os critrios e denies contidos

    no Sistema Brasileiro de Classicao de Solos (EMBRAPA,

    1989; 1999; 2006).

    Aps a anlise dos resultados, realizaram-se alteraes e

    revises da legenda preliminar e elaborao da legenda nal de

    identicao dos solos, acertos nais no mapeamento, reviso

    das descries e interpretao dos resultados analticos dos

    pers, redao e organizao do relatrio nal, assim como a

    elaborao do mapa de solos na escala de 1:100.000.

    3 MTODOS DE ANLISES DE SOLOS

    A anlise consistiu em determinaes analticas deamostras de solos coletadas nos pers, em laboratrio de solos

    credenciados, segundo os mtodos adotados para levantamento

  • 8/3/2019 Solos do municpio de Rio Branco

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    24 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.

    pedolgico (EMBRAPA, 1997). As determinaes analticas

    das amostras deformadas foram realizadas na terra na seca

    ao ar (TFSA), proveniente do fracionamento subseqente

    preparao da amostra para anlise.

    As anlises fsicas referem-se determinao da

    composio granulomtrica da terra na em disperso com

    NaOH, nas fraes areia grossa, areia na, silte e argila.

    As anlises qumicas realizadas constaram das seguintes

    determinaes: pH em gua, por eletrodo de vidro, em suspenso

    na proporo solo-lquido 1:2,5; ctions trocveis, representadospelo clcio e magnsio extrados com KCl e determinados por

    absoro atmica; potssio e sdio extrados com HCl 0,05N na

    proporo 1:10 e determinados por fotometria de chama; acidez

    extravel, incluindo alumnio extrado com KCl N e titulado com

    NaOH 0,025N, indicador azul de bromotimol, hidrognio e

    alumnio extrado com Ca(OAc)2N a pH 7,0 e titulado com NaOH

    0,06N e indicador fenolftalena, sendo o hidrognio calculado por

    diferena; fsforo assimilvel extrado com HCl 0,05N + H2SO

    4

    0,025N e determinado por colorimetria; carbono orgnico por

    oxidao via mida com K2Cr

    2O

    70,4N e titulao pelo Fe(NH

    4)

    2,

    6H2

    O 0,1N e indicador difenilamina; nitrognio total por digesto

    com mistura cida, difuso e titulao do NH3

    com HCl 0,01N;

    xido de ferro, alumnio e silcio por ataque da terra na com

    H2SO

    4. Alm das determinaes fsicas e qumicas, foram

    calculadas as seguintes relaes: relao textural B/A; relao

    silte/argila; relaes moleculares Ki, Kr e Al2O

    3/FeO

    3; soma de

    bases trocveis (S); capacidade de troca de ctions (CTC e t);saturao por alumnio (m%) e saturao por bases trocveis

    (V%).

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    ZEAS 25

    4 CLASSIFICAO DE SOLOS

    Na caracterizao e classicao taxonmica dos solos

    foram empregadas caractersticas diferenciais para distinode classes de solos e de unidades de mapeamento adotadas

    pela EMBRAPA (2006). Essas caractersticas possibilitaram

    a diferenciao em vrios nveis de classes, para efeito

    de distribuio geogrca das unidades de mapeamento.

    Alm disso, so de grande importncia, porque evidenciam

    as caractersticas e propriedades dos solos essenciais interpretao e avaliao de suas potencialidades e limitaes

    para utilizao em atividades agrcolas e no agrcolas.

    Na rea, as classes de solos foram separadas tendo por

    base sua importncia como fonte de recursos para produo

    agrcola, sua gnese e caractersticas morfolgicas, fsicas e

    qumicas. Cada unidade foi caracterizada por um conjunto de

    propriedades mensurveis e observveis, que reetem os efeitos

    dos processos formadores dos solos e que so importantes para

    prever o comportamento desse recurso, quando submetido ao

    uso.

    Na classicao dos solos em nvel categrico mais baixo,foram consideradas as seguintes caractersticas: atividade

    de argila, lico, altico distrco, tipo de horizonte A, plntico,

    abrptico, alm de outras (EMBRAPA, 1989; 1999; 2006).

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    26 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.

    RESULTADOS E DISCUSSO

    1 CARACTERSTICAS DOS SOLOS

    1.1 Legenda de Identicao dos Solos

    Os principais solos do municpio de Rio Branco, em

    termos de primeiro nvel categrico (Figura 3) pertencentes ao

    primeiro componente das unidades de mapeamento, em ordem

    decrescente de expresso territorial, so: Argissolos (78,67%),Plintossolos (11,83%), Luvissolos (8,18%), Latossolos (0,76%),

    Neossolos (0,54%) e Gleissolos (0,02%).

    Figura 3. Distribuio das ordens de solos (1 nvel categrico) domunicpio de Rio Branco-AC, na escala 1:100.000.

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    ZEAS 27

    As unidades de mapeamento de solos delimitadas no

    municpio de Rio Branco, de acordo com os procedimentos e

    critrios utilizados, esto diferenciadas em 87 unidades (Tabela

    1), distribudas da seguinte forma: trs unidades tendo como

    componente principal o Latossolo Vermelho, abrangendo uma

    superfcie de 6.393 ha (0,8% da rea de estudo); cinco unidades

    tendo o Argissolo Vermelho como componente principal, com rea

    de 22.717 ha (2,7%); 53 unidades tendo o Argissolo Vermelho-

    Amarelo como componente principal, compreendendo uma

    superfcie de 624.212 ha (73,9%); uma unidade de Argissolo

    Amarelo, ocupando 17.546 ha (2,1%); quatro unidades tendo

    o Luvissolo Hplico como componente principal, com rea de

    69.069 ha (8,2%); oito unidades tendo o Plintossolo Hplico

    como componente principal, com rea de 75.487,9 ha (8,9%);

    11 unidades tendo o Plintossolo Argilvico como componente

    principal, com rea de 24.479,6 ha (2,9%); uma unidade tendoo Gleissolo Hplico como componente principal, com rea de

    185 ha (0,02%); e uma unidade tendo o Neossolo Flvico como

    componente principal, com rea de 4.594 ha (0,5% da rea de

    estudo).

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    28 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.

    Tabela 1.

    Unidades de mapeamento de solos (UM) do municpio deRio Branco-AC.

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    ZEAS 29

    Tabela 1. Continuao

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    30 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.

    Tabela 1. Continuao

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    ZEAS 31

    Tabela 1. Continuao

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    32 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.

    Tabela 1. Continuao

    *A rea foi calculada pelo Sistema de Informaes GeogrcasArcGIS 9.2e considera-se os limites naturais com Sena Madureira, o que no estcontemplado na rea ocial do municpio, citada anteriormente.

    Pode-se visualizar a distribuio dos solos no municpio de

    Rio Branco (Figura 4) ao se considerar a subordem do Sistema

    Brasileiro de Classicao de Solos (EMBRAPA, 2006), onde

    ocorre maior diversidade e menores altitudes na regio leste

    e maiores altitudes e menor diversidade pedolgica na regio

    oeste do Municpio.

    Figura 4.

    Distribuio das subordens de solos (2 nvel categrico) domunicpio de Rio Branco-AC, na escala 1:100.000.

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    ZEAS 33

    1.2 Classes de solos: restries e potenciais

    1.2.1 Latossolos

    No municpio de Rio Branco os Latossolos ocupam

    6.393 ha (0,76%). So solos constitudos por material mineral,

    apresentando horizonte B latosslico1 imediatamente abaixo de

    qualquer tipo de horizonte A, dentro de 200 cm da superfcie

    do solo ou dentro de 300 cm, se o horizonte A apresenta mais

    que 150 cm de espessura (EMBRAPA, 2006). Foram mapeadosLatossolos Vermelhos que apresentam matiz 2,5YR ou mais

    vermelho na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B

    (inclusive BA) como o perl exposto na Figura 5, e Latossolo

    Vermelho-Amarelo, que apresenta cores vermelho-amareladas e

    amarelo-avermelhadas.

    1 um horizonte mineral subsupercial, cujos constituintes evidenciamavanado estgio de intemperizao, explcita pela alterao quase completados minerais primrios menos resistentes ao intemperismo e/ou de minerais deargila 2:1, seguida de intensa dessilicicao, lixiviao de bases e concentra-

    o residual de sesquixidos, argila do tipo 1:1 e minerais primrios resistentesao intemperismo. Em geral, constitudo por quantidades variveis de xidosde ferro e de alumnio, minerais de argila 1:1, quartzo e outros minerais maisresistentes ao intemperismo, podendo haver a predominncia de quaisquerdesses materiais (EMBRAPA, 2006).

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    34 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.

    Figura 5.

    Estes solos esto localizados em reas de relevo plano a

    suave ondulado e so os mais velhos da paisagem; apresentam

    uniformidade de cor e textura (proporo de areia, silte e argila)

    em profundidade. So distrcos (pobres quimicamente),

    profundos e bem drenados, possuem acidez elevada e baixos

    teores de clcio, magnsio e potssio associados a baixos

    teores de fsforo.

    Perl de Latossolo Vermelho descrito no municpio de RioBranco-AC.

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    ZEAS 35

    Os Latossolos, por suas caractersticas fsicas, suportam

    mecanizao intensiva e so aptos para usos que requerem

    grandes reas homogneas, como o cultivo de gros ou outros

    sistemas de produo agrcolas. A restrio qumica, no que

    se refere acidez e aos baixos teores de nutrientes, pode ser

    corrigida pela calagem e adubao, respectivamente.

    Em 2005, j havia 3.674 ha desmatados nas reas de

    Latossolos, correspondendo a 57% da rea ocupada por esses

    solos no municpio (RIO BRANCO, 2006). No entanto, essas

    reas demandam estudos no sentido dos impactos decorrentesde sua utilizao, por apresentarem caractersticas peculiares

    em relao a outros Latossolos j descritos na Amaznia.

    ARAJO et al. (2001) indicaram a possibilidade de

    problemas relacionados com adensamento e compactao,

    caso esses solos venham a ser utilizados com mecanizao

    intensiva, devido aos baixos teores de ferro (em geral os solos

    acreanos so hipofrricos, ou seja, apresentam teores em sua

    maioria < 8% Fe2O

    3) e ausncia de gibbsita.

    De maneira geral, deve-se realizar a incorporao de

    matria orgnica, com prticas de manejo de solos como plantio

    de Leguminosas e Plantio Direto, em razo dos baixos teoresencontrados, e evitar que o solo que exposto diretamente s

    chuvas, o que condicionaria perdas expressivas por processos

    erosivos. Alm disso, o uso de adubos qumicos ou orgnicos

    recomendado para o fornecimento dos nutrientes em

    quantidades necessrias s plantas e nos solos com acidez

    elevada recomenda-se o uso de calagem. O calcrio podetambm suprir as necessidades de clcio e magnsio.

    Os Latossolos mapeados no municpio de Rio Branco

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    36 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.

    foram enquadrados nas seguintes classes: Latossolo Vermelho

    Distrco tpico, Latossolo Vermelho Distrco argisslico e

    Latossolo Vermelho-Amarelo Distrco.

    1.2.2 Argissolos

    Os Argissolos so constitudos por material mineral, que

    tm como caractersticas diferenciais a presena de horizonte

    B textural de argila de atividade baixa ou alta conjugada com

    saturao por bases baixa ou carter altico. O horizonte B

    textural (Bt) encontra-se imediatamente abaixo de qualquer

    tipo de horizonte supercial, exceto o hstico. Contudo, os

    Argissolos no apresentam os requisitos estabelecidos para

    serem enquadrados nas classes dos Luvissolos, Planossolos,

    Plintossolos ou Gleissolos (EMBRAPA, 2006).Estes solos foram estraticados em: Argissolo Vermelho

    - solos com matiz 2,5YR ou mais vermelho ou com matiz 5YR e

    valores e cromas iguais ou menores que 4, na maior parte dos

    primeiros 100 cm do horizonte B; Argissolo Vermelho-Amarelo

    (Figura 6) - solos de cores vermelho-amareladas e amarelo-

    avermelhadas e Argissolo Amarelo - solos com matiz 7,5YR oumais amarelos na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte

    B inclusive BA.

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    ZEAS 37

    Figura 6. Perl de Argissolo Vermelho-Amarelo descrito no municpiode Rio Branco-AC.

    Os Argissolos apresentam drenagem deciente e baixafertilidade natural, em razo do processo de formao e do

    material de origem com pequenos estoques de minerais.

    O carter alumnico2 (que ocorre como carter restritivo em

    85.603,85 ha, ou seja, 10,13% do territrio estudado) e o carter

    2 Refere-se condio em que o solo encontra-se em estado dessa-turado e caracterizado por teor de alumnio extravel 4 cmolc

    kg-1 de soloassociado atividade de argila < 20 cmol

    cc kg-1 de argila, alm de apresen-

    tar saturao por alumnio (100 Al+3/S + Al+3) 50% e/ou saturao por bases(V% = 100 S/T) < 50%.

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    38 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.

    altico3 (que ocorre como carter restritivo em 268.319,83 ha, ou

    seja, 31,77% do territrio) conferem restries qumicas severas em

    razo do excesso de alumnio no complexo de troca e correspondem

    a 41,9% da rea do municpio de Rio Branco.

    Os Argissolos com carter distrco4, que ocupam 8,6% da rea

    do Municpio, possuem menores restries que os licos e alticos,

    porm, ainda so baixos os teores de ctions bsicos, requerendo o

    uso de adubos e corretivos. Estas reas j possuem 44% do seu total

    desmatado, o que permite um redirecionamento de uso por meio de

    incentivos de crdito e de outras polticas pblicas.

    Em uma escala de possibilidades de uso estas classes

    estariam logo aps os Latossolos, sendo necessrio o uso de prticas

    conservacionistas em razo de suas caractersticas fsicas (gradiente

    textural, relevo, drenagem, dentre outras).

    Estas reas so mais indicadas para o cultivo de culturas

    perenes com insero de duas ou mais prticas conservacionistas,expostas nas Tabelas 2, 3 e 4.

    Tabela 2. Prticas de carter edco.

    3 Refere-se condio em que o solo encontra-se dessaturado eapresenta teor de alumnio extravel 4 cmolc

    kg-1 de solo, associado ati-vidade de argila 20 cmol

    ckg-1 de argila e saturao por alumnio (100 Al+3/S

    + Al+3) 50% e/ou saturao por bases (V% = 100 S/T) < 50%.

    4 Solos que apresentam baixa saturao de bases (V

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    ZEAS 39

    Tabela 3. Prticas de carter vegetativo.

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    40 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.

    Tabela 4. Prticas de carter mecnico.

    Os Argissolos distrcos que apresentam argila de atividade

    alta tm ainda como restrio as caractersticas fsicas que podem

    impedir ou ser fator de forte restrio para algumas culturas. Estes

    solos ocupam uma extenso de 214.881,3 ha, o que representa

    25,44% do territrio em questo, e so muito suscetveis eroso

    por estarem muitas vezes associados s condies de relevo mais

    movimentado. A presena de carter plntico em alguns Argissolostorna-se um importante indcio de impedimento de drenagem e de

    restrio para culturas no adaptadas.

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    ZEAS 41

    Em estudo na regio leste do Estado do Acre sobre as

    alteraes de solos ocorridas em Argissolo Vermelho-Amarelo

    Distrco sob diferentes usos, ARAJO et al. (2004) concluram

    que a maioria dos nutrientes (Ca2+, Mg2+, K+ e P) e o carbono

    orgnico apresentam baixos teores, estando concentrados nos

    primeiros centmetros do solo, tendendo a um incremento com o

    tempo de uso, ou seja, na sucesso mata-pastagem. Concluram

    ainda, que a matria orgnica do solo est concentrada nos

    primeiros centmetros e a densidade do solo foi mais elevada

    no ecossistema de pastagem.

    Os Argissolos mapeados no municpio de Rio Branco foram

    enquadrados nas seguintes classes:

    Argissolo Vermelho-Amarelo Alumnico e Argissolo

    Vermelho-Amarelo Alumnico tpico, como primeiros

    componentes de unidades de mapeamento, ocupam menos de

    3% do municpio de Rio Branco e tm como principal restrio

    os elevados teores de alumnio trocvel. Embora ocorram

    em relevo suave ondulado a ondulado, a principal restrio

    qumica que pode ser superada, principalmente, com manejo

    de adubao orgnica e o uso de calcrio como complemento.

    Os usos indicados vo desde pastagens at cultivos anuais em

    consrcio. Podem ser cultivados com espcies perenes com

    sistema radicular pivotante, desde que sejam corrigidas as suas

    limitaes qumicas.

    Argissolo Vermelho-Amarelo Alumnico plntico,

    como primeiro componente de unidade de mapeamento, ocupa

    menos de 1% do municpio de Rio Branco. Tem como restrio,alm dos teores de alumnio elevados, o carter plntico, que

    expressa a ocorrncia de plintita em baixas profundidades,

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    42 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.

    restringindo o desenvolvimento radicular, uma vez que reduz,

    signicativamente, a profundidade efetiva. Nesta unidade

    devem ser utilizadas espcies com sistema radicular supercial.

    Sistemas Agroorestais que utilizem palmeiras teriam maiores

    possibilidades de adaptao, assim como sistemas silvipastoris,

    com espcies arbreas, gramneas e leguminosas forrageiras

    adaptadas.

    Argissolo Vermelho-Amarelo Alumnico abrptico

    plntico, se distribui por cerca de 500 ha, correspondendo a

    0,06% do municpio de Rio Branco. Apresenta fortes restriesmorfolgicas, condicionadas pela presena de plintita em

    baixas profundidades e alto gradiente textural, o que contribui,

    signicativamente, para aumentar a propenso a processos

    erosivos. Esta unidade deve ser utilizada de forma que se possa

    manter uma boa cobertura vegetal e com o mnimo de presso

    de uso.

    Argissolo Vermelho-Amarelo Altico e Argissolo

    Vermelho-Amarelo Altico tpico, como primeiros

    componentes de unidades de mapeamento, ocupam cerca

    de 20% do Municpio. O teor de alumnio trocvel encontra-se

    com valores ainda mais altos que os alumnicos. Associada a

    esta caracterstica tem-se, tambm, maior atividade de argila,

    o que potencializa as restries fsicas para o desenvolvimento

    radicular e para o processo de mecanizao destas reas.

    Quando estas unidades estiverem presentes recomenda-se o

    uso de culturas tolerantes ao excesso de alumnio e/ou correo

    deste elemento utilizando-se calcrio dolomtico.Argissolo Vermelho-Amarelo Altico plntico, ocupa

    cerca de 1% do municpio de Rio Branco e possui, alm da

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    ZEAS 43

    restrio qumica, restrio na profundidade efetiva, em razo

    da ocorrncia de plintita em baixas profundidades.

    Argissolo Vermelho-Amarelo Altico abrptico,

    ocupa cerca de 8% da rea do Municpio e representa reasextremamente vulnerveis ao antrpica, uma vez que

    possuem predisposio a processos erosivos, em razo do

    expressivo gradiente textural entre o horizonte supercial e o

    horizonte subsupercial.

    Argissolos com carter alumnico ou altico que estiverem

    em reas de orestas devem ser indicados preferencialmentepara preservao, com nfase no manejo orestal madeireiro e

    no-madeireiro sustentveis. Aqueles que estiverem em reas

    desmatadas devem ser objetos de recuperao ambiental,

    enfatizando a silvicultura por meio de reorestamentos

    econmicos. Vale ressaltar que os dados do cruzamento de

    solos e desmatamento revelaram que menos de 20% da rea

    ocupada por estas classes esto desmatadas.

    Argissolo Vermelho-Amarelo Distrco e Argissolo

    Vermelho-Amarelo Distrco tpico, ocupam menos de 1%

    do municpio de Rio Branco e tm grande potencial de uso

    agroorestal, agropecurio e para silvicultura, uma vez que aprincipal restrio qumica, porm, no to acentuada como

    aqueles que possuem carter alumnico ou altico.

    Argissolo Vermelho-Amarelo Distrco plntico,

    ocupa cerca de 1% do territrio em questo e possui, alm da

    restrio qumica, restries fsica e morfolgica, uma vez que a

    ocorrncia de plintita restringe sobremaneira o desenvolvimento

    do sistema radicular.

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    44 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.

    Argissolo Vermelho-Amarelo Distrco alumnico,

    ocupa pouco mais de 1% da rea em questo e tem como

    restrio severa os teores elevados de alumnio que representam

    um fator de reduo da produtividade das culturas, requerendo

    prticas especcas de manejo do solo.

    Argissolo Vermelho-Amarelo Distrco alumnico

    plntico, ocupa pouco mais de 1% da rea e apresenta restries

    severas de fertilidade associadas ocorrncia de plintita.

    Argissolo Vermelho-Amarelo Distrco abrptico,

    ocorre em cerca de 2% do Municpio e apresenta como restrioprincipal o gradiente textural expressivo que condiciona maiores

    riscos de eroso. So solos que podem ser utilizados por

    vrios sistemas de explorao, desde sistemas agropecurios

    at silviculturais, se forem adotadas prticas adequadas de

    manejo.

    Argissolo Vermelho-Amarelo Ta, ocupa cerca de 30%

    do Municpio e, destes, cerca de 50% so ocupados por solos

    com carter plntico, o que lhes confere certo grau de restrio,

    uma vez que a argila de atividade alta potencializa a restrio

    da profundidade efetiva dada pelo carter plntico. Os outros

    50%, que tm somente argila de atividade alta, apresentamrestries fsicas considerveis em razo da capacidade de

    expanso e contrao que possuem. So solos que devem ser

    utilizados com critrios e demandam manejos especcos para

    garantir os estoques de nutrientes adequados e suporte para o

    desenvolvimento radicular.

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    ZEAS 45

    1.2.3 Luvissolos

    Os Luvissolos ocupam uma rea de 69.069 ha no

    municpio de Rio Branco que, em 2005, j se apresentava com51% de sua cobertura original alterada, representando 35.049

    ha.

    De acordo com EMBRAPA (2006), os Luvissolos so

    constitudos por material mineral, com argila de atividade alta, alta

    saturao por bases e horizonte B textural imediatamente abaixo

    de horizonte A, podendo ser fraco, moderado, proeminente ouhorizonte E, satisfazendo os seguintes requisitos:

    Horizontes plntico, glei e plnico, se presentes, no

    satisfazem os critrios para Plintossolos, Gleissolos e

    Planossolos, respectivamente; no so coincidentes com

    a parte supercial do horizonte B textural;Horizonte glei, se ocorrer, inicia-se aps 50 cm de

    profundidade, no coincidindo com a parte supercial do

    horizonte B textural.

    No municpio de Rio Branco foram mapeados Luvissolos

    Hplicos (Figura 7) que constituem solos pouco cromados na

    maior parte do horizonte B. Esto normalmente associados

    ao relevo mais movimentado e aos solos moderadamente

    profundos, conferindo-lhes relativo grau de susceptibilidade

    eroso, o que, aliado ao fato de apresentarem drenagem

    moderada, restringe seu uso agrcola, apesar da elevada

    fertilidade natural. No entanto, esta restrio caracterizadacomo moderada, uma vez que suas caractersticas qumicas

    conferem um grande potencial de uso agroorestal.

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    46 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.

    Figura 7.

    Os Luvissolos mapeados no municpio de Rio Branco

    foram enquadrados nas seguintes classes: Luvissolo HplicoPlico abrptico e Luvissolo Hplico rtico tpico.

    Ambiente de descrio de perl de Luvissolo Hplico rtico,com cobertura vegetal de oresta aberta, descrito no muni-cpio de Rio Branco-AC.

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    ZEAS 47

    1.2.4 Plintossolos

    Os Plintossolos ocupam 99.968 ha, que correspondem

    a 11,8% do municpio de Rio Branco, e 43,8% dessa rea

    apresentam alteraes da cobertura orestal original.

    So solos de expressiva plintizao, com ou sem

    formao de petroplintita. Nestes solos ocorre segregao de

    ferro, atuando como agente de cimentao, com capacidade de

    consolidao acentuada, com preponderncia e profundidade

    de manifestao de atributos evidenciadores da formao deplintita, associado com horizonte diagnstico subsupercial

    plntico, concrecionrio ou litoplntico (EMBRAPA, 2006). Os

    agricultores denominam o horizonte plntico de tabatinga.

    No municpio de Rio Branco foram mapeados Plintossolos

    Hplicos (Figura 8), que so solos com horizonte plntico que no

    possuem outro carter complementar, e Plintossolos Argilvicos

    que possuem horizonte plntico e horizonte textural.

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    48 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.

    Figura 8.

    Em razo do impedimento de drenagem relacionado a

    esses solos, devido ao baixo desenvolvimento e aos estratos

    argilosos horizontalizados, torna-se difcil sua utilizao com

    plantas suscetveis ao encharcamento. Nesse caso, as condies

    do meio devem ser adaptadas com o cultivo de plantas que

    Perl de Plintossolo Hplico descrito no municpio de RioBranco-AC.

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    ZEAS 49

    apresentam seu sistema radicular pouco profundo.

    Nesses ambientes, em ecossistemas de pastagens

    extensivas, foi relatada a morte de Brachiaria brizantha cv.

    Marandu (VALENTIM et al., 2000a). Para explicar tal fenmeno,VALENTIM et al. (2000b) propuseram o seguinte modelo: (i) o

    estabelecimento desta gramnea em solo com alto teor de argila

    e sujeito a problemas de drenagem e encharcamento durante o

    perodo chuvoso, submete as plantas a condies de estresse

    e favorece a proliferao de microorganismos que se tornam

    patgenos; (ii) a degradao da pastagem devido ao manejoinadequado causa compactao, eroso e perda de fertilidade

    do solo; e (iii) o deslocamento biolgico das espcies de

    cigarrinhas-das-pastagens dominantes, em razo de condies

    ambientais desfavorveis, promove o incremento populacional

    de novas espcies.

    Os Plintossolos mapeados no municpio de Rio Branco

    foram enquadrados nas seguintes classes: Plintossolo Hplico

    Distrco tpico, Plintossolo Argilvico Distrco tpico,

    Plintossolo Argilvico Altico abrptico, Plintossolo Argilvico

    Altico tpico e Plintossolo Hplico Eutrco tpico.

    1.2.5 Gleissolos

    Os Gleissolos ocupam uma rea de 185ha que

    corresponde a 0,02% do territrio municipal. So extremamente

    frgeis, porm, 40% dessa rea j esto alteradas, com retirada

    da vegetao natural e substituio por outros usos, comopastagem, por exemplo.

    um grupamento de solos com expressiva gleizao,

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    50 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.

    em que a hidromora resultante de processamento de intensa

    reduo de compostos de ferro, em presena de matria orgnica,

    com ou sem alternncia de oxidao, por efeito de utuao de

    nvel do lenol fretico, em condies de regime de excesso

    de umidade permanente ou peridico. Nestes solos h uma

    preponderncia e profundidade de manifestao de atributos

    evidenciadores de gleizao, conjugada caracterizao de

    horizonte glei (EMBRAPA, 2006).

    Apresentam argilas de alta atividade e teores

    considerveis de alumnio trocvel, sem grandes problemas defertilidade. Por serem solos hidromrcos apresentam drenagem

    muito deciente, com severa insucincia de oxignio. Portanto,

    possuem uso agrcola limitado, alm de ocorrerem em ambientes

    prximos s margens de rios e igaraps.

    Os Gleissolos mapeados no municpio de Rio Branco

    foram enquadrados na seguinte classe: Gleissolo Hplico Ta

    Distrco (Figura 9).

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    ZEAS 51

    Figura 9. Perl de Gleissolo Hplico descrito no municpio de RioBranco-AC.

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    1.2.6 Neossolos

    Os Neossolos Flvicos ocupam uma extenso territorial

    de 4.594ha que correspondem a 0,54% do municpio de RioBranco. Localizam-se s margens do rio Acre onde 54% de sua

    cobertura orestal j foram alteradas (Figura 10).

    Em Rio Branco, ao longo do rio Acre, foram identicados

    os Neossolos Flvicos que so predominantes nas reas onde

    se desenvolve a produo ribeirinha. So solos derivados de

    sedimentos aluviais com horizonte A sobre horizonte C constitudo

    de camadas estraticadas, sem relao pedogentica entre si,

    apresentando pelo menos um dos seguintes requisitos:

    Distribuio irregular do contedo de carbono orgnico em

    profundidade, dentro de 150cm da superfcie do solo; e

    Camadas estraticadas em 25% ou mais do volume do

    solo, dentro de 150cm da superfcie do solo.

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    ZEAS 53

    Figura 10. Perl de Neossolo Flvico descrito no municpio de RioBranco-AC.

    SILVA (1993) realizou um diagnstico nas reas

    ribeirinhas do rio Acre, no trecho entre Rio Branco e Porto Acre,

    cujos resultados demonstraram que estas reas apresentam

    bom potencial agrcola, uma vez que no possuem restriesdo ponto de vista fsico e apresentam boa disponibilidade de

    gua. A densidade encontrada demonstra a fragilidade do

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    54 DIAGNSTICO DOS TIPOS DE SOLOS DO MUNICPIO DE RIO BRANCO-AC.

    ecossistema perante sistemas de manejos inadequados,

    cando condicionada a altas taxas de eroso. Os teores de

    macronutrientes so bem superiores aos observados nos solos

    de terra rme, mesmo quando comparados com os solos de

    melhor fertilidade que ocorrem no Estado.

    Dentre as variveis estudadas, as que revelaram maior

    inuncia decorrente das inundaes peridicas pelas quais

    passam as reas ribeirinhas foram: fsforo, potssio e o pH,

    que tiveram valores mdios bem superiores aos encontrados

    nos solos de terra rme.Os Neossolos Flvicos mapeados s margens do rio Acre

    so eutrcos, ou seja, possuem alta fertilidade, o que enfatiza

    o seu potencial muitas vezes subutilizado.

    Esses solos mapeados no municpio de Rio Branco foram

    enquadrados na seguinte classe: Neossolo Flvico Ta Eutrcotpico.

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    Estudo de solo.Foto: Dhrcules Pinheiro (2008).

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    CONCLUSES E RECOMENDAES

    Com base nos resultados obtidos neste estudo foi possvel

    estabelecer as seguintes concluses e recomendaes:

    As concluses e recomendaes de usos agropecurios dos

    solos encontrados em Rio Branco so referentes s reas j

    desmatadas;

    Entre os solos mapeados no municpio de Rio Branco, 88%apresentam restries nas caractersticas qumicas em razo

    da baixa fertilidade natural. Em 43% da rea do municpio h

    problemas de toxidez de alumnio, muitas vezes associados

    baixa profundidade efetiva (2,9%) e drenagem deciente

    (11,8%);

    A agricultura intensiva pode ser realizada sobre os

    Latossolos Vermelhos que esto localizados no extremo

    leste, s margens da BR 364 e BR 317, em locais de boa

    infra-estrutura de escoamento da produo.

    Os cultivos anuais ribeirinhos j so realizados nas margens

    do rio Acre numa faixa sedimentar de Neossolo Flvico. Estasreas, alm de uma dinmica social peculiar, tm fertilidade

    natural alta e facilidade de acesso pelo rio, o que permite

    o uso sustentvel, desde que se considere a legislao

    ambiental em vigor;

    As culturas permanentes em consrcio ou de forma

    individualizada podem ser implantadas em Argissolo

    Vermelho, Argissolo Vermelho-Amarelo Distrco e Argissolo

    Amarelo. Em razo do relevo suave ondulado a ondulado

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    e das restries qumicas devem ser realizadas prticas

    de manejo e conservao de solos para evitar processos

    erosivos acelerados e para a reposio de nutrientes e

    correo da acidez do solo;

    Os Sistemas Agroorestais podem ser cultivados,

    preferencialmente, nos Luvissolos e Plintossolos Eutrcos

    com culturas adaptadas para as diferentes condies

    morfolgicas, uma vez que apresentam fertilidade natural

    alta.

    Os Argissolo Vermelho-Amarelo Alumnico, Argissolo

    Vermelho-Amarelo Altico e Argissolo Vermelho-Amarelo

    Ta Distrco devem ser destinados a culturas que sejam

    adaptadas baixa disponibilidade de nutrientes e teores altos

    de alumnio trocvel com nfase em prticas agroorestais,

    em sistemas silvipastoris e sistemas agroorestais

    multiestratos;

    Os Plintossolo Hplico Distrco, Plintossolo Argilvico

    Distrco, Plintossolo Argilvico Altico e o Gleissolo Hplico

    devem, prioritariamente, ser destinados preservao ou

    uso sustentvel (manejo orestal no-madeireiro) em razo

    das suas restries como a baixa permeabilidade e poucaprofundidade efetiva.

    Os Argissolos ocupam a maior rea entre a poro j

    desmatada do municpio de Rio Branco. Nestes solos as

    restries, pela ocorrncia de plintita e pelos nveis de

    alumnio trocvel elevados, so considerveis, porm, os

    distrcos tm maior potencial para o uso intensivo em razo

    do relevo suave ondulado a ondulado;

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    Apesar das fortes restries qumicas e morfolgicas

    possvel planejar a ocupao e produo nos solos

    mapeados, desde que se utilizem prticas conservacionistas

    de uso da terra, como os sistemas agroorestais, silvipastoris

    e silvicultura, principalmente nas reas mais vulnerveis.

    Com base na distribuio dos solos na escala adotada possvel

    ainda fazer as seguintes recomendaes:

    Realizar um cruzamento da cobertura do solo com o mapa

    pedolgico para denir o grau de adequao de uso no

    processo de ocupao do municpio de Rio Branco;

    Indicar a preservao e uso sustentvel para aqueles

    ambientes mais frgeis e prticas de recuperao/

    conservao, associadas aos sistemas produtivos, naquelas

    reas de maior potencial, permitindo um redirecionamento

    do processo de ocupao e consolidao dos usos/sistemas

    produtivos j existentes.

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