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STATE16_A Liberdade Religiosa no Banco dos Réus

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Page 1: STATE16_A Liberdade Religiosa no Banco dos Réus

A H i s t ó r i A d A F A m í l i A i n t e r n A c i o n A l

A Família Internacional

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g a liberdade religiosa no banco dos réusuma análise dos resultados das investigações realizadas por

ordem Judicial com relação à Família internacional

Apesar de muitas nações ocidentais contarem em suas constituições com textos bem redi-

gidos prevendo a pluralidade da fé e a proteção da liberdade religiosa, os defensores dos direitos humanos e da liberdade religiosa têm expressado preocupação com a crescente onda de intolerância religiosa mundial. Os novos movimentos religiosos ou as religiões minoritárias normalmente ficam vulneráveis a tais hostilidades, tornando-se alvo de grupos anti-religião e de alguns setores dos meios de comunicação. A Família Internacional [A Família] não é uma exceção a essa regra e foi, em tribunais ao redor do mundo, caso piloto sobre a proteção do direito de liberdade individual de culto.

A Família (antigamente conhecida por “Os Meninos de Deus”) é uma organização compos-ta de comunidades cristãs independentes com atividades em mais de 100 países. Nossas crenças e modo de vida não-conformistas, no entanto fundamentados nas Escrituras, foram motivo de polêmica na primeira metade da década de 1990 e alvo de investigações pelo poder público e processos judiciais em vários países. Em todos os casos, sem exceção, nossos integrantes foram absolvidos pelos tribunais e seus direitos a praticar sua religião fo-ram preservados. Essas decisões judiciais têm sido consideradas importantes precedentes legais nas questões envolvendo liberdade religiosa.

Por sermos um movimento religioso jovem, a maneira segundo a qual educamos nossos fi-lhos tem suscitado bastante interesse e escrutínio. Nossa opção por um estilo de vida comunitário, por ensinarmos nossos filhos em casa e nossas convicções religiosas têm levantado a questão se um ambiente ímpar como o oferecido em nossos lares seria adequado para o pleno desenvolvimento das crianças. Os resultados das investigações rea-lizadas por decisões judiciais, nas quais quase 700 crianças residentes nas comunidades da Família

ST016–0401

foram observadas por meio de avaliações físicas, psicológicas e educacionais, deixaram os tribunais, em todos os casos, satisfeitos com o padrão de vida oferecido às crianças.

Os processos, as decisões dos magistrados e os pareceres dos órgãos de serviço social que participaram dessas investigações encontram-se aqui descritos em linhas gerais.

ArgentinaBuenos Aires: 27 de outubro de 1989 — 23

de maio de 1990Buenos Aires: 1º de setembro de 1993 — 27

de julho de 2004

AustráliaMelbourne: 1991 — 27 de abril de 1993Sidney: 15 de maio de 1992 — 31 de março

de 1999Melbourne: 15 de maio de 1992 — 22 de

abril de 1994

BrasilRio de Janeiro: 13 de abril de 1992 — 30 de

janeiro de 1995

InglaterraLondres: 1992 — novembro de 1995

FrançaEguilles e Lyon: 9 de junho de 1993 — 24

de fevereiro de 2000

ItáliaRoma: 16 de janeiro de 1979 — 15 de no-

vembro de 1991

PeruLima: 30 de julho de 1990

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gLima: setembro de 1993 — 14 de dezembro

de 1993

EspanhaBarcelona: julho de 1990 — 30 de outubro

de 1994

SuéciaValbo: 31 de janeiro de 1994 — 9 de maio

de 1994

Estados UnidosLos Angeles: julho de 1993

VenezuelaZulia: 26 de fevereiro de 1992 — 27 de maio

de 1992

argenTina

Desde 1987, a Família foi alvo de 11 investiga-ções na Argentina, das quais oito resultaram

em processos judiciais movidos contra membros da Família.

Em outubro de 1993, as autoridades argen-tinas avaliaram mais de 230 menores, filhos de integrantes da Família. Algumas das crianças foram submetidas a exames degradantes e fisicamente dolorosos por médicos indicados pelo tribunal na busca de alguma evidência de abuso. Entretanto, os exames atestaram que todas as crianças gozavam de perfeita saúde mental e física, e não apresen-taram nenhuma evidência de abuso físico, sexual ou psicológico.

buenos aires: 27 de outubro de 1989 — 23 maio de 1990

Uma das investigações mais rigorosas à qual a Família foi submetida na Argentina aconte-

ceu em 1989. Em 27 de outubro, foram realizadas diligências em duas comunidades da Família por um grande contingente de policiais fortemente armados. Muitos integrantes adultos da Família foram detidos e mantidos presos por duas semanas, durante os quais 18 crianças ficaram sob custódia do poder público. As denúncias subseqüentes à dili-gência fundamentaram três processos separados.

O primeiro dizia respeito a crime envolven-do narcóticos. A polícia alegou haver encontra-

1 Tribunal Federal de San Isidro, Processo No. 34.269, Buenos Aires, Argentina, 11 de janeiro de 1990. 2 Tribunal de Menores de San Isidro, Processo No.. 17.142, Buenos Aires, Argentina, 19 de dezembro de 1989.

Copyright © 2004 por A Família Internacional

do uma pequena quantidade de cocaína na casa onde funcionava uma de nossas comunidades. (Posteriormente foi evidenciado que a droga fora ali posta pela própria polícia durante as diligências.) O juiz Leónidas Moldes, da comarca de San Isidro em Buenos Aires, considerou improcedentes as acusações relacionadas às drogas em 11 de janeiro de 1990 e declarou:

Não disponho de nenhum ele-mento de nenhuma espécie que cor-robore a acusação de que a droga apreendida pertença aos 13 acusados. Quanto à acusação de favorecimento ao crime e o incentivo ao consumo de drogas pela simples leitura do ma-terial bibliográfico apreendido, não se pode deduzir que o grupo e seus membros estejam promovendo o uso de drogas, muito pelo contrário.1

O segundo caso tratou do bem-estar das crian-ças apreendidas pelos órgãos de assistência social. Em 19 de dezembro de 1989, as crianças foram devolvidas aos pais por determinação da juíza Eleonora Mercedes Fernandez de Zingoni da comarca de San Isidro. Em sua decisão, a juíza declarou:

Após a análise dos diferentes elementos referentes a cada caso individual, a saber, os relatórios só-cio-ambientais, as declarações feitas por familiares das crianças; consi-derando minhas impressões do con-tato pessoal que mantive com cada um dos menores, e considerando que os pais e/ou responsáveis pelos menores residentes no local onde foi realizada a diligência policial não foram processados, concluo e é minha sincera convicção que os menores vivem em um ambiente adequado ao seu desenvolvimento físico e moral, não caracterizan-do por isso as condições extremas necessárias para que este tribunal interviesse, conforme o disposto no artigo 10, parágrafo 2º da Lei Provincial número 10067.2

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A assistente social que participou das investiga-ções emitiu o seguinte parecer em 29 de novembro de 1989: “Na [residência da Família] percebia-se um ambiente de tranqüilidade, no qual as crian-ças têm todas as suas necessidades atendidas, são bem cuidadas, protegidas e parecem saudáveis, motivadas e normais. Não há indícios de que os membros adultos ali residentes tenham qualquer atitude negativa com respeito às crianças ou possam estar tentando aliciar ou corrompê-las.”

O terceiro caso envolveu acusações de abuso infantil. Em 23 de maio de 1990, o juiz Alejandro de Korvez da comarca de San Isidro rejeitou as acusações:

É meu entendimento que os au-tos deste processo não reúnem evi-dências da responsabilidade criminal dos acusados com base nas denún-cias que deram início a este proces-so. [Nos] relatórios sócio-ambientais, nos laudos dos exames médico-psi-cológicos e na análise da literatura e materiais audiovisuais apreendidos, não foi identificado nenhum elemen-to que ponha em dúvida os depoi-mentos prestados pelos acusados, os quais negam terminantemente ha-verem cometido os delitos dos quais são acusados.3

buenos aires: 1º de setembro de 1993 — 27 de julho de 2004

A maior ação contra as comunidades da Família até hoje aconteceu em 1º de setembro de

1993, quando a polícia realizou diligências em cinco residências da Família em Buenos Aires, prendendo e mantendo presos 21 adultos e apre-endendo 137 menores, filhos de integrantes da Família. Foi o maior número de crianças de um grupo religioso colocadas sob a guarda do governo em uma só ocasião na história recente da Argentina. As notícias das batidas policiais e as acusações sensacionalistas de seqüestro, tráfico de crianças, prostituição, escravidão e abuso infantil, ocuparam as manchetes em todo o mundo.

Durante três meses e meio os filhos dos mem-bros da Família foram mantidos sob custódia do

Estado e 21 adultos foram mantidos presos. Todas essas crianças foram submetidas contra sua vonta-de a avaliações psicológicas, assim como exames médicos/ginecológicos fisicamente dolorosos e degradantes. Nos laudos dos exames preliminares, os médicos indicados pela promotoria confirmaram sinais de conflitos psicológicos em 16 das 137 crianças avaliadas. Esses resultados foram poste-riormente desqualificados pelo tribunal por não terem sido realizados segundo os procedimentos científicos cabíveis e por terem sido obtidos por meios coercivos. Novas avaliações psicológicas re-velaram a inexistência de anormalidades. Nenhum exame realizado detectou qualquer evidência de abuso, quer sexual, quer de outra natureza.

Em demonstração de solidariedade com seus correligionários na Argentina, os membros da Família em todo o mundo realizaram manifesta-ções pacíficas diante das embaixadas, consulados, centros comerciais e escritórios de empresas aéreas da República Argentina. Enquanto isso, naquele país, a Família lançou uma vigorosa campanha nos meios de comunicação e fez valer seus direitos, impetrando mandados de segurança, exigindo a retirada de todas as acusações, a imediata libertação dos adultos e a devolução da guarda dos menores aos seus pais.

Em 13 de dezembro, o Tribunal de Recursos da Comarca de San Martin, Buenos Aires, deci-diu em favor da Família, declarando o juiz que determinou as diligências, Roberto Marquevich, legalmente incompetente para julgar o caso.4 O tribunal determinou a imediata soltura de todos os adultos mantidos presos por 104 dias. O tri-bunal também mandou que todas as crianças da Família deixassem as instituições e que voltassem à custódia dos respectivos pais. Na decisão por maioria cujo texto contém 200 páginas, os juízes federais Horacio Enrique Prack e Alberto Mansur rejeitaram e contestaram, uma por uma, todas as acusações feitas contra a Família:

Foi inicialmente declarado [pelo juiz Marquevich] que [as crianças] apresentavam sinais de supostos abu-sos de natureza sexual. Todavia, os exames médicos não ratificaram tal presunção, conforme evidenciaram as avaliações cujos resultados foram

3 Tribunal Provincial de San Isidro, Processo No.. 34.269, Buenos Aires, Argentina, 23 de maio de 1990.4 Tribunal de Recurso de San Martin, Processo 81/89 “Cavazza, Juan C. e outros, conforme. Art.125, 139, 140, 142, Par.l, 142, 210, 293 do

Código Processual e art.3 da Lei 23,592,” Tribunal Federal de San Isidro, 1 Sec.2 Seção II, Reg. 443. Juízes Federais: Horacio Enrique Prack, Alberto Mansur, Daniel Mario Rudi, Buenos Aires, Argentina, 13 de dezembro de 1993.

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gabsolutamente negativos. Não existe a mínima evidência de que qualquer ato delituoso dos acima descritos te-nha efetivamente ocorrido a qualquer um dos menores citados nos autos.5

As denúncias de abuso foram feitas por ex-membros da Família rancorosos. Evidências do-cumentadas mostraram mais tarde que os mesmos indivíduos participaram ativamente nos processos contra a Família em outros países. Após a análise dos depoimentos sob juramento dos ex-membros, o tribunal de recursos decidiu:

[Esses depoimentos] são incom-patíveis com os resultados nos laudos médicos. Suas declarações revelam avidez por exagerar vagas lembran-ças de eventos passados, a ponto de recorrerem a relatos os quais indu-bitavelmente foram provados falsos, enfraquecendo deste modo a credibi-lidade de suas afirmações.6

O Tribunal de Recursos também censurou com dureza a forma equivocada e preconceituosa segundo a qual o juiz Marquevich conduziu as investigações.

É evidente a ilegalidade dos pro-cedimentos usados na investigação, em violação às regras claras da ordem pública. Tais procedimentos represen-tam o uso arbitrário do poder penal, tirando o caso dos limites da raciona-lidade inerente ao direito fundamen-tal à defesa em juízo. Esse panorama deixa clara a presença de uma resistên-cia anacrônica do mais severo sistema inquisitivo, no qual as pessoas eram consideradas “bruxas” ou “hereges” e convocadas exclusivamente para que confessassem seus pecados.7

As ilegalidades cometidas durante a investiga-ção foram denunciadas. Dentre estas, inclui-se a prisão de cinco mulheres integrantes da Família mantidas em condições carcerárias desumanas pelos primeiros oito dias de detenção. Após essas

denúncias e antes da decisão do tribunal de recur-sos, juristas da Ordem dos Advogados de Buenos Aires — Colegio Público de Abogados — (de forma alguma representando e sem nenhum vínculo com a Família), pediram ao Congresso Nacional da Argentina a cassação do juiz Roberto Marquevich, uma ação naquele país contra um juiz federal com poucos precedentes.

Os tribunais também fizeram uma advertência dos perigos da utilização do argumento de “lavagem cerebral” utilizado no processo e o conseqüente estigma dos membros de novas religiões:

Afirmar que o proselitismo se tornou subversão ideológica; que a persuasão de alguém a adotar um estilo de vida alternativo, algo prote-gido pelo direito à liberdade religio-sa, tornou-se lavagem cerebral; que missionários passaram a ser agentes subversivos; que casas para retiro es-piritual ou clausura monástica se tor-naram cárceres; e, por fim, que a ade-são mística à devoção religiosa tenha se transformado em comportamento psicótico certamente nos devolverá ao tempo da sociedade autoritária repressora do pensamento livre que limitava e castrava a prerrogativa de cada indivíduo de escolher a própria maneira de viver.8

Os juízes chegaram a ponto de salientar que não cabe aos tribunais ou à população em geral julgar as crenças das minorias. “[A opinião] da maioria no que diz respeito ao que é ou não é moralmente correto não é necessariamente a certa, mas, muitas vezes, é o produto de preconceitos ou idéias obscuras. E vale acrescentar que, mes-mo quando não seja esse o caso, a maioria não tem direito algum a estabelecer como os demais devem viver.”

Em 23 de dezembro de 1993, as crianças da Família voltaram a viver com seus pais após 114 dias sob a custódia do Estado, período esse em que suas residências foram totalmente saqueadas pela polícia.

O promotor do Tribunal de Recursos da Comarca de San Martin, Pablo Hernan Quiroga,

5 Idem.6 Idem.7 Idem.8 Idem.

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imediatamente interpôs dois recursos no Supremo Tribunal Federal para obter a anulação das decisões do Tribunal de Recursos. Um dos recursos alega-va que o juiz Marquevich deveria ter autoridade jurisdicional nesse processo e o outro recorreu de todos os pontos da decisão do Tribunal de Recursos. Ambos os recursos foram indeferidos pelo Supremo Tribunal em 29 de junho de 1995 e o processo foi encerrado em 27 de julho de 2004, pouco depois de o juiz Marquevich ser cassado e afastado do cargo.

ausTrÁlia

Melbourne: 1991 — 27 de abril de 1993

Em meados de 1991, um ex-membro da Família (hoje reconciliado), na tentativa de obter a

custódia dos filhos, acusou a esposa — de quem estava separado — de práticas abusivas contra os filhos. Tanto a mulher quanto as crianças viviam em uma comunidade da Família em Melbourne, Victoria, Austrália. Em conseqüência dessas acu-sações, a polícia e os Serviços Comunitários de Victoria (CSV) procuraram colocar as crianças sob a custódia do Estado.

Isso deu início a um processo judicial que começou em novembro daquele ano. Um marco na história do Direito se observou quando uma das crianças, na época com 12 anos de idade, passou três dias no banco das testemunhas prestando depoimento (algo sem precedentes). Em 10 de agosto de 1992, Gregory Levine, desembargador do Superior Tribunal de Menores, rejeitou as acusações feitas pela polícia e pelo CSV, determi-nando que as crianças continuassem vivendo com a mãe na residência da Família.9 O CSV recorreu da decisão com base em um aspecto técnico. O Tribunal de Justiça de Victoria reenviou o caso para o juiz Levine em 27 de abril de 1993, quando as denúncias foram terminantemente rejeitadas, pondo fim a um processo de dois anos.

Em sua decisão, o magistrado faz advertência do uso da lei de proteção ao menor como pretexto para molestar pequenos grupos religiosos como a Família:

Não vejo como sendo o enten-dimento do Legislativo que todas as

crianças desses grupos, organizações ou seitas estejam em condições pas-síveis das medidas de proteção, como uma ação coletiva. É motivo de preo-cupação que essa forma de inquérito possa servir de precedente para que as medidas de proteção aos menores sejam aplicadas a outras seitas cujas práticas e crenças não aparentem es-tar em conformidade com o pensa-mento tipicamente aceito.10

sidney: 15 de maio de 1992 — 31 de março de 1999

Em 1991, a polícia do Estado de New South Wales realizou durante um ano, uma extensa

investigação da Família, uma ação que recebeu o codinome “Projeto A”. Essa investigação culmi-nou em 15 de maio de 1992, quando a polícia e funcionários do Departamento dos Serviços Comunitários (DOCS) realizaram diligências sincronizadas antes do amanhecer nas residências da Família em Sidney e colocaram 65 crianças sob a custódia do Estado. Segundo as autoridades, ex-membros insatisfeitos da Família e integrantes de organizações anti-“seitas” fizeram acusações de abusos de natureza sexual, física e psicológica. As diligências receberam ampla cobertura da mídia.

Apesar dos 12 meses de investigação, que custaram milhões de dólares aos contribuintes, a polícia não encontrou nenhuma evidência de ato criminoso. As crianças foram consideradas saudáveis e isentas de qualquer sinal de abuso. Em 21 de maio, o juiz do Tribunal de Menores de Sidney, Ian Forsyth, afirmou que as crianças eram “maravilhosas e comunicativas” e permitiu que ficassem temporariamente sob a guarda dos pais.11

Entrementes, o DOCS insistiu em levar o caso ao Tribunal de Justiça. Em 31 de outubro, o pro-cesso foi suspenso depois que as partes chegaram a um acordo, por um ato histórico de mediação conduzido pelo ex-presidente do Tribunal de Justiça de New South Wales, Sir Lawrence Street. Os pedidos de guarda das crianças da Família seriam retirados após um período de 12 meses de atividades de socialização (a saber: natação, equitação, atividades artísticas, etc.) das quais as crianças participariam. O custo das ações decor-

9 Desembargador Gregory Levine do Superior Tribunal de Menores, Victoria, Melbourne, Austrália, Decisão em 10 de agosto de 1992.10 Desembargador Gregory Levine do Superior Tribunal de Menores, Melbourne, Victoria, Austrália, Decisão em 27 de abril de 1993.11 Magistrado Ian Forsyth do Tribunal de Menores, Sydney, New South Wales, Austrália, Decisão em 21 de maio de 1992.

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grentes desse acordo seria de responsabilidade do DOCS. O DOCS também retirou as alegações de que as crianças estariam sendo submetidas a um comportamento sexual impróprio.

O acordo da mediação estabelece:

[O Departamento de Serviços Comunitários] nega toda e qualquer presunção declarada na denúncia que deu início ao processo ou em outra evidência apresentada à vara de me-nores de Cobham em que todas as crianças, obje’to do pedido de guar-da, estariam sujeitas a sevícias sexuais ou teriam praticado atos sexuais.12

Ao final do período de 12 meses, os advogados das partes — DOCS e A Família— solicitaram o encerramento do processo. O juiz da vara de meno-res, para surpresa de todos, anunciou sua intenção de dar continuidade ao processo. Os advogados de ambas as partes levaram o caso ao Tribunal Estadual de Justiça. Em 2 de novembro de 1993, o desembargador David Levine do Tribunal de Justiça de New South Wales determinou o encer-ramento do processo na vara de menores. Em sua decisão, o desembargador Levine declarou:

É meu entender que, do ponto de vista legal, o magistrado [o juiz da vara de menores] não apenas tem a jurisdição, mas também a obrigação de encerrar o processo. Determino que o [juiz] aceite a retirada da quei-xa e encerre o processo.13

As ações da polícia e dos Serviços Comunitários foram alvos de críticas e censuras no Parlamento de New South Wales em novembro de 1993, quando o ex-Secretário de Segurança apresentou documentos provando que as diligências foram conduzidas de forma ilegal e sem as devidas evidências.14 Em pro-testo à violação de seus direitos que tais diligências ilegais representaram, 62 das crianças que haviam sido tiradas de suas famílias pelas autoridades de New South Wales em 1992, moveram uma ação civil contra o DOCS. Em 31 de março de 1999,

o desembargador do Tribunal Superior de Justiça, John Dunford, afirmou que “ao entrar nas proprie-dades e buscar e apreender os vários querelantes, os defensores da lei [policiais e funcionários dos Serviços Comunitários] não agiram nos limites da autoridade conferida pelos mandatos, mas de forma injusta e contrária à lei.”15

A polícia e o DOCS solicitaram uma media-ção logo no início da parte principal da audiên-cia. Ainda que os termos do acordo tenham sido mantidos confidenciais, a imprensa australiana divulgou o pagamento de “vultosas compensa-ções indenizatórias” pelo sofrimento causado às crianças que foram tiradas dos pais. E assim teve fim um caso que o diário australiano, The Sydney Morning Herald, estimou haver custado aos cofres públicos 4,5 milhões de dólares australianos (mais de 9 milhões de reais).

Melbourne: 15 de maio de 1992 — 22 de abril de 1994

Em uma operação realizada simultaneamente e em sincronia com a de Sidney, foram feitas

diligências antes do amanhecer nas comunidades da Família localizadas em Melbourne em 15 de maio de 1992, quando 52 crianças foram levadas sob custódia do Estado. Essas diligências foram feitas por ordem dos Serviços Comunitários de Victoria (atualmente Departamento de Saúde e Serviços Comunitários [H&CS]), dando eco às alegações feitas por grupos anti-seitas e alguns ex-integrantes da Família, tal como aconteceu em Sidney: abuso físico, psicológico e sexual de menores.

Uma semana de exames médicos e psicológicos provou não haver evidência de abuso sexual ou psicológico. Em 21 de maio, no mesmo dia em que as crianças da Família foram devolvidas aos pais em Sidney, o desembargador Gray, do Tribunal de Justiça de Victoria, sediado em Melbourne, determinou que todas as crianças da Família em custódia do Estado fossem devolvidas aos respec-tivos pais, até que terminasse o processo de pedido de guarda feito pelo H&CS.

Apesar do acordo feito entre o Departamento de Serviços Comunitários e a Família em Sidney,

12 Citação do acordo mediado por Sir Lawrence Street, ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça, Sidney, New South Wales, Austrália.13 Decisão por David Levine do Tribunal de Justiça de New South Wales, Sidney, Austrália, 2 de novembro de 1993.14 Idem.15 Hartnett contra Estado de New South Wales [1999] NSWSC 265, Processo(s) número(s): 19380/93, 19373/93, 19402/93, Data do julga-

mento: 31 de março de 1999.

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o H&CS em Melbourne recusou os termos de me-diação propostos pela Família e abriu um processo para obter a guarda das crianças. As audiências preliminares se arrastaram por quase dois anos. O H&CS estava de tal forma empenhado em levar o caso a juízo que concordou em pagar as custas tanto da promotoria quanto da defesa, uma des-pesa cujo valor, estimado pelo jornal Melbourne Age (23 de maio de 1994, página 1) estaria entre $1.5 e $10 milhões de dólares australianos (de 3 a 20 milhões de reais).

Depois de 23 meses, incapaz de produzir evi-dência que justificasse seus esforços e gastos e sob a pressão do governo estadual para pôr fim ao que estava se tornando um constrangimento, o H&CS concordou com termos de mediação quase idên-ticos aos propostos pela Família 18 meses antes. No texto do acordo da mediação, a Família foi declarada inocente de todas as acusações feitas pelo H&CS:

Os [pais] não concordam que as crianças precisem da guarda e pro-teção [do Estado] previstas em lei. O acordo entre as partes, portanto, põe fim ao processo com o propó-sito de evitar os efeitos nocivos nas crianças de um prolongado processo judicial.

O acordo, ratificado em 22 de abril de 1994, pelo desembargador Beach, do Tribunal de Justiça de Victoria, similar ao assinado em Sidney em outubro de 1992, determinou um pe-ríodo de 15 meses de “atividades de socialização externas” com duração de três horas semanais (tais como esportes, aulas de música, etc.), pagas pelo H&CS.

A imprensa reconheceu a mediação como uma vitória para a Família e um constrangimento pessoal para o então chefe do H&CS, Dr. John Paterson (falecido em fevereiro de 2003). A co-bertura da imprensa focalizou principalmente o grande volume de dinheiro dos contribuintes gasto em um caso que não levou a nada e na contun-dente falta de evidência de qualquer delito, con-forme Alan Austin do departamento religioso da Empresa de Radiodifusão Australiana (Australian Broadcasting Corporation) em uma entrevista sobre “O Relatório da Religião” da Rádio 2RN em 29 de maio de 1994:

A importância deste caso resi-de no fato de que nos últimos dois anos, as autoridades responsáveis pelo bem-estar em vários países apreenderam literalmente centenas de crianças dos lares da Família, sem que em nenhuma situação tenha sido encontrada evidência alguma dos abusos emocionais, psicológicos ou sexuais alegados.

brasil

rio de Janeiro: 13 de abril de 1992 — 30 de janeiro de 1995

Em 13 de abril de 1992, a Vara da Infância e Juventude do Rio de Janeiro, reagindo a in-

formações infundadas fornecidas por repórteres de um programa de televisão sensacionalista, iniciou uma investigação da comunidade da Família. O inquérito, que durou três anos, incluiu visitas de investigadores, assistentes sociais e funcionários de diferentes órgãos. Não foi encontrado nenhum indício de delito.

Em 14 de novembro de 1994, o Desembargador Liborni Siqueira ordenou uma “inspeção rigorosa” da comunidade do Rio. A inspeção surpresa foi feita pessoalmente pelo Diretor do Departamento de Investigações daquela Vara, Dr. Wilherme Borges, que concluiu seu detalhado relatório com o seguinte:

Estamos muitos contentes em podermos ter visitado a instituição acima descrita (A Família), pois nun-ca visitamos um lar que tenha de-monstrado tamanha atenção e amor ao cuidar de seus filhos, embora estes estejam acompanhados de seus pais. Só lamentamos que outros lares de-dicados a cuidar de crianças não re-flitam a beleza, o amor e as condições de vida oferecidas pela Família.16

Apesar dos relatórios favoráveis de seus próprios investigadores, os promotores inexplicavelmente peticionaram ao tribunal que os pais das crianças da Família que viviam na comunidade matriculas-sem os filhos em idade escolar em escolas da rede regular de ensino. O juiz deferiu a petição. (Até

16 Vara da Infância e Juventude do Rio de Janeiro, Processo número 57,931/92, 14 de novembro de 1994.

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gentão, o ensino em casa não contava com nenhum reconhecimento das autoridades brasileiras.) Os pais membros da Família envolvidos recorreram imediatamente da decisão.

Em 30 de janeiro de 1995, em uma significativa decisão com 7 votos a favor e 1 contra, o Conselho de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro decla-rou que, como os documentos nos autos mostra-vam que as crianças estavam recebendo a educação apropriada, o juizado de primeira instância não tinha direito de interferir com a maneira segundo a qual os pais da Família escolheram administrar a educação a seus filhos. O juiz Adolphino Ribeiro, escrevendo pela maioria afirmou que:

Demonstrado pelas vias regulares que o ensino básico ministrado pelo método “estudo em casa” adotado em comunidade religiosa, é tanto ou mais eficaz que o ensino oficial, não há que se falar em omissão ou falta dos pais ou responsáveis capaz de im-por a medida excepcional de abrigo, mormente se a lei assegura aos pais o gênero de educação dispensado aos filhos. Provimento do recurso.17

inglaTerra

londres: 1992 — novembro 1995

Em 1992 a mãe de um membro adulto da Família abriu um processo na Inglaterra,

requerendo a guarda do neto, filho de sua filha solteira. O motivo apresentado foi a associação da filha com a Família. A avó nunca sugeriu que a filha fosse mãe inadequada ou que fosse negligente no cuidado do filho, um ponto cuidadosamente observado pelo juiz [Ward] que dirigiu o processo, em sua decisão.

Por longos meses têm-se tratado de questões entre a querelante, Sra. T., a avó da criança, e sua filha, N.T., am-bas imbuídas de amor instintivo por um filho, no caso da avó, o filho de sua filha, e nem uma nem a outra jamais recuou nem lhes ocorreu capitular nes-sa luta titânica para garantir o cuidado e controle da muito amada criança em

questão, S, o filho da ré. Em nenhum momento foi questionada a capacida-de da mãe em garantir as necessidades físicas do menino e o único dano do qual a avó procura protegê-lo é aquele que ela alega a criança sofrerá por per-manecer com a mãe como membros fiéis do grupo classificado popular-mente, mas não acertadamente, como uma seita, outrora denominado “Os Meninos de Deus”, agora conhecido como A Família do Amor, ou simples-mente A Família.

A mãe exige o direito inaliená-vel de amar seu Deus conforme ela escolher, amor esse sobre o qual ela não admite nenhuma interferência de um tribunal, por se tratar de um direito à liberdade fundamental de pensamento, consciência e religião. Como já frisado, não existe nem ja-mais houve nenhum ataque contra a capacidade de N.T. de garantir o cuidado físico adequado do filho. Se lhe for tirada a custódia do filho, será exclusivamente por seu vínculo com a Família.18

Ainda que o membro da Família envolvida na questão vivia na época fora do território in-glês, atendeu à solicitação do tribunal e retornou à Inglaterra e se colocou à disposição do juiz Ward. Apesar de ter sido um processo estritamente de custódia envolvendo um membro da Família e sua mãe, o juiz Ward dedicou vários anos ouvindo depoimentos de ex-membros e membros atuais da Família, assim como estudando literatura da Família e determinando que órgãos de Assistência Social avaliassem a condição das comunidades da Família naquele país antes de pronunciar sua decisão. As audiências tiveram uma duração sem precedentes (75 dias) durante os quais mais de 10 mil páginas de evidências foram apresentadas ao tribunal. O juiz Ward comentou a petição de membros das comunidades locais da Família de serem incluídos como parte do processo, a qual ele indeferiu.

Indeferi o pedido de vários membros do lar onde reside N.T. na qualidade de partes individuais,

17 Conselho da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, Recurso número 948/94, Rio de Janeiro, Brasil, 30 de janeiro de 1995.18 Desembargador Ward do Superior Tribunal de Justiça, Vara da Família, Processo W 42 1992, Londres, Inglaterra, 19 de outubro de 1995.

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pois entendiam que minha decisão poderia afetar seus filhos. A Família, enquanto entidade, não é uma parte neste processo.

Três anos mais tarde, em novembro de 1995, o juiz Ward emitiu uma longa decisão, na qual fez críticas severas ao passado da Família, mas também concluiu que a Família havia passado por numerosas mudanças positivas, declarando-se convencido que a Família oferecia um ambiente seguro para as crianças criadas dentro do grupo. O tribunal, conseqüentemente, concedeu à mãe o cuidado e a guarda do filho.

FranÇa

eguilles e lyon: 9 de junho de 1993 — 24 de fevereiro de 2000

Entre 1991 e1993, a polícia francesa conduziu uma investigação secreta e ao mesmo tempo

ampla da Família, uma operação que recebeu o codinome de “Operação Moisés”. Foram mal-informados sobre a Família por uma organização francesa anti-seitas, a Associação para a Defesa da Família e do Indivíduo (ADFI), assim como por alguns ex-membros da Família hostis.

Em 9 de junho de 1993 às 6 da manhã, 200 homens fortemente armados realizaram diligên-cias com características paramilitares em duas comunidades da Família, nas cidades de Eguilles e Lyon, ferindo e brutalizando alguns membros da Família, sem que nenhum tivesse resistido à voz de prisão. As autoridades prenderam 22 adultos e colocaram 80 crianças sob custódia do Estado. Os membros da Família foram acusados de abuso de menores, prostituição infantil e de negligência no cuidado médico e físico de seus filhos. Durante 10 horas, a polícia realizou buscas nas residências da Família sem encontrar evidência de qualquer um desses delitos. Médicos escolhidos pelo tribunal examinaram minuciosamente todas as crianças, mas não identificaram nenhum sinal de negligência ou abuso.

As autoridades liberaram todos os adultos após 48 horas por falta de evidência. Em 16 de junho, as 33 crianças apreendidas em Lyon foram devolvidas aos seus pais. O promotor público de Lyon recorreu da decisão, pedindo que as crian-ças fossem mantidas sob a custódia do Estado. O Tribunal de recursos indeferiu o recurso, mantendo

a decisão original em favor das crianças.19 No final de setembro de 1993, o processo foi encerrado para todas as famílias residentes em Lyon.

Em 29 de julho, após 51 dias de separação, as crianças residentes na comunidade de Eguilles foram também devolvidas aos pais. Em uma de-cisão provisória, o juiz de menores da comarca de Aix-en-Provence (que inclui Eguilles) reconheceu que as crianças da Família não haviam sofrido nenhum abuso, mas, mesmo assim, determinou que participassem de “atividades de socialização” sob a supervisão do Estado, por um período de 12 meses, pagas pelo Poder Público. Os pais man-tiveram a liberdade de continuar suas atividades missionárias e educar seus filhos em casa.

Afirmando que tais atividades de socialização estivessem acontecendo sem a necessidade de su-pervisão do Estado, os pais e as crianças recorreram da intrusão do Estado em suas vidas, interpondo um recurso que não foi julgado durante o período de 12 meses.

Em março de 1994, o juiz resolveu estender o programa por mais um ano, baseado na sua convicção pessoal que a vida em uma comunidade religiosa não oferecia uma educação adequada para as crianças, Em dezembro de 1994, o juiz Permingeat revogou essa decisão, a qual teria se estendido até março de 1995.

Paralelamente, um inquérito policial que du-rou vários anos para apurar a participação dos membros adultos das comunidades nos delitos dos quais eram acusados não produziu nenhu-ma evidência de delito e o caso foi oficialmente encerrado em janeiro de 1999. Após cinco anos de investigação, a promotoria concluiu não ha-ver “provas, fotos nem evidência médica” que substanciassem as acusações e recomendou que o inquérito fosse arquivado sem julgamento. O juiz Assonion do Tribunal de Grande Instance de Aix-en-Provence aceitou a recomendação e deu por encerrado todos os procedimentos em janeiro de 1999, oficialmente absolvendo os membros da Família de todas as acusações.

A ADFI imediatamente recorreu da decisão, recurso que foi rejeitado pelos tribunais em 24 de fevereiro de 2000, pondo um fim definitivo à in-vestigação. O desfecho do caso em favor da Família foi considerado um forte golpe para a ADFI, cujos relatórios para as autoridades foram comprovada-mente infundados. Massimo Introvigne, advogado europeu e estudioso de assuntos religiosos, fez a seguinte declaração à imprensa:

19 Tribunal de Recursos de Menores, Processo No. 114/93, Lyon, França, 23 de Julho de 1993

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gSeis anos após as diligências, a jus-

tiça da comarca de Aix-en-Provence inocentou a Família. Todos os réus foram considerados inocentes e absol-vidos. A decisão constitui um grande constrangimento para a ADFI e para a cultura francesa anti-seitas. O advo-gado da ADFI, Jean-Michel Pesenti, criticou o tribunal e a ADFI afirmou que a decisão foi “uma catástrofe”. Em síntese, a decisão constrange a ADFI e a Missão de Combate a Seitas do governo (cujos membros principais sempre tiveram por premissa que a Família era culpada).

Mas não foram registrados pedi-dos de desculpas pelos sofrimentos desnecessários causados aos adultos, aos adolescentes e às crianças vítimas das brutalidades das diligências de 1993.20

iTÁlia

roma: 16 de janeiro de 1979 —15 de novembro de 1991

Em 16 de janeiro de 1979, a polícia italiana re-alizou diligências nas comunidades da Família

em Roma, das quais resultaram acusações contra vários membros da Família. O fundador da Família, David Brandt Berg (1919—1994), também foi indiciado, ainda que na época não se encontrasse naquele país. As autoridades o consideraram sus-peito por causa da sua posição como fundador da Família. O julgamento correu à revelia.

No veredicto divulgado em 15 de novembro de 1991, os juízes Ricardo Morra, Claudio Cavallo e M. Teresa Mirra do Tribunal Criminal de Roma absolveram David Berg e os demais réus.

O Sr. David Berg foi acusado de delito previsto no artigo 416, pará-grafos 3 e último do Código Penal. Segundo a acusação, ele teria promovi-do, fundado e organizado com outros uma associação criminosa com atuação dentro e fora do país, com o objetivo

de favorecer e induzir à prostituição, à fraude e à produção, comercialização e distribuição de publicações obscenas, usando como fachada uma seita deno-minada “Os Meninos de Deus”.

O tribunal destacou que não foi apresentada nenhuma evidência de que os acusados fossem de fato mem-bros de uma organização criminosa com a finalidade de cometer os cri-mes especificados nos autos. Não há absolutamente nenhuma evidência que eles tenham ingressado na comu-nidade com a intenção de favorecer ou induzir à prostituição nem de dis-tribuir publicações obscenas, ou com a intenção de cometer fraude — um delito do qual ainda não foi encon-trado o mínimo indício.

Assim sendo, pelas razões supra e com base no artigo 479 do Código do Processo Criminal (1930), este tribunal aqui decide pela absolvição do Sr. David Berg [e dos demais acu-sados].21

Peru

lima: 30 de julho de 1990

Dez adultos da comunidade de Lima foram acusados de corromperem e ofenderem a

moral por meio de atos e publicações obscenos. No veredicto proferido em 30 de julho de 1990, o juiz presidindo o caso concluiu:

A análise das acusações, com base na inspeção pessoal realizada pelo tri-bunal, não provou de forma alguma nenhum ato ou atividades contrárias à moral e aos bons costumes, nem há nenhuma evidência de corrupção de menores ou de mulheres. O que encontramos foi que, com discrição, os acusados exercitam espiritualmen-te sua liberdade de religião de forma compatível com seus próprios costu-mes pessoais.22

20 Nota à imprensa da CESNUR, janeiro 1999: “A Família Inocentada pelo Tribunal Francês — ‘Catástrofe’ para o Movimento Anti-seitas e para a Missão do Governo de Combate às Seitas”

21 Tribunale Penale di Roma (Tribunal Criminal de Roma), Em “re: Berg e outros”, arquivos do Tribunal Criminal de Roma (RG 3841/84), 15 de novembro de 1991.

22 Processo judicial número 307–87, Lima, Peru, 30 de julho de 1990.

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lima: 1º de setembro de 1993 — 14 de dezembro de 1993

Depois das diligências altamente divulga-das realizadas nas comunidades da Família

em Buenos Aires, Argentina, em 1º de setembro de 1993, as comunidades da Família em toda a América do Sul se mobilizaram em uma campanha preventiva para evitar que tais ações ocorressem também em seus respectivos países. No Peru, as notícias negativas sobre a Família surgiram como uma ação de críticos com o objetivo de provocar a ação do governo contra o grupo. Antecipando-se, os representantes locais da Família procuraram a promotoria pública solicitando que fosse realizada uma investigação de suas comunidades.

A investigação conduzida pela promotoria pú-blica ocorreu num período de quase dois meses. Após um inquérito detalhado, a promotora ad hoc de Lima, Rebeca Fuentes Sanchez, submeteu à Promotoria Geral um relatório, no qual declarou:

Após conduzir as investigações necessárias, examinar os depoimentos prestados sob juramento dos membros do grupo; verificar [todos os aspectos] das propriedades nas quais os membros do grupo religioso supramencionado realizam suas atividades; reunir um vo-lume considerável de documentos so-bre o grupo; analisar suas publicações e declarações oficiais; realizar exames mé-dicos de integridade sexual, saúde geral, ginecológica, psicológica e psiquiátrico; realizar diligências nas propriedades; e coletar grande volume de informações de fontes governamentais e órgãos de segurança pública, tais como DIVISE [anti-seqüestro], DIRANDRO [narcó-ticos], INTERPOL, Divisão de Busca a Pessoas Desaparecidas, Departamento de Imigração, Ministério das Relações Exteriores, SUNAT [Secretaria da Receita Federal], assim como outros materiais escritos e de vídeo recolhi-dos de fontes da mídia, e informações adicionais obtidas por esta promotoria no curso das investigações, esta promo-toria não identificou nenhuma evidên-cia de irregularidade do ponto de vista jurídico com respeito a qualquer um dos menores na comunidade. Não existem sinais de negligência ou da não provisão das necessidades básicas, tais

como alimentação, habitação e roupas adequadas.

Ainda que o grupo sustente uma interpretação muito peculiar dos Evangelhos, esta de modo algum é legalmente questionável nem substan-cia acusações criminais. Segundo os resultados dos exames ginecológicos, psicológicos e psiquiátricos aos quais as crianças foram submetidas, não há evidência de dano moral ou físi-co nem sinal de psicopatia. Portanto, tais probabilidades permanecem sem substancialidade.

Após investigações extensas e detalhadas das atividades e do com-portamento dos membros das co-munidades em nosso país, não foi identificada a menor evidência que corroborasse os supostos crimes, ou atividades ilegais e imorais. Assim sendo, ao término de todas as inves-tigações cabíveis, em conformidade com a resolução N. 1143-93-MP-FN esta promotoria pública Ad-Hoc resolve: “Não há mérito para forma-lizar denúncia criminal neste caso, motivo pelo qual este inquérito deve ser arquivado.”

esPanHa

barcelona: julho de 1990 — 30 de outubro de 1994

Em julho de 1990 as autoridades regionais de Barcelona, Espanha, realizaram diligência

em uma comunidade da Família, durante a qual apreenderam à força 21 crianças, a mais nova com oito meses de idade, sob a acusação de que as crianças sofriam abuso e precisavam permanecer sob a guarda do Estado. Ao mesmo tempo, os pais das crianças foram acusados de associação ilícita, de manterem uma escola ilegal, de causarem danos psicológicos aos seus filhos e fraude. Ainda que não houvesse evidência nenhuma de abuso, as crianças permaneceram contra a sua vontade sob a custódia do Estado por quase 12 meses.

Durante os próximos dois anos, as agências do governo, auxiliadas por grupos anti-seitas, tais como Pro-Juventud e CROAS (Centro di Recuperacion, Orientacion, Y Asistencia Afectados por las Sectas) batalharam incansavelmente para desacreditar a Família. Foi gasta uma quantia

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genorme do dinheiro dos contribuintes na tenta-tiva de levar a Família a tribunal. Apesar disso, em maio de 1992, a corte provincial decidiu que não havia evidência de abuso e que a custódia das crianças cabia, em caráter definitivo, aos pais. Em sua decisão, os juízes Adolfo Fernandez Oubiña, Jesus I. Perez Burred e Jose Maria Bachs Estany questionaram enfaticamente a competência e os motivos dos órgãos do bem-estar social que haviam apreendido as crianças, e observaram:

Elas [as crianças] foram entre-gues nas mãos de um grupo de psi-cólogos que, em um idioma que as crianças não entendiam [catalão] fez, por duas vezes, a avaliação psicológi-ca das mesmas por um prolongado período de tempo e emitiram relató-rios utilizando um linguajar esotérico com o propósito de justificar a ope-ração em vez de descrever quaisquer anomalias intelectuais, as quais são completamente inexistentes.23

Os juízes classificaram a ação do governo como um resquício da “Inquisição Espanhola” e dos “campos de concentração dos antigos impérios que deixaram de existir quando a dignidade humana derrubou o Muro de Berlin”. E declararam em suas conclusões:

Portanto, à luz do fato de que nada fora do comum tenha sido encontra-do nas crianças além do desnorteio natural de alguém que, vivendo em um país estrangeiro, foi separado dos pais apesar de sua tenra idade e trata-do com rispidez verbal em um idioma por ele desconhecido, a presunção de negligência deve ser desde já anulada, ficando os pais perfeitamente livres para viver com seus filhos no país que acharem melhor e orientá-los como melhor entenderem, segundo as con-vicções morais, religiosas ou filosóficas que considerem apropriadas, não im-porta quais sejam elas.24

A Agência de Assistência Social Catalã (Direccion General de la Atencion a la Infancia de la Generalidad de Catalunia) recorreu da decisão ao Tribunal Constitucional afirmando que os direitos constitucionais das crianças haviam sido violados pelo fato de elas serem ensinadas em casa e doutrinadas segundo a religião e crenças dos pais. Em outubro de 1994, o Tribunal Constitucional decidiu que o artigo da Constituição garantindo a educação aos menores não continha nenhuma exigência inerente que proibisse tal educação de ser fornecida privadamente pelos pais fora das instituições estatais, em conformidade com as convicções religiosas e morais dos mesmos. Assim, sendo, o recurso foi negado.

Em um segundo processo, envolvendo as acusações criminais, os pais foram absolvidos de todas as acusações. No veredicto de 42 páginas proferido em 29 de junho de 1993, os juízes J. O. Conzalvez, G. C. Guilabert e A. I. Fernandez da Terceira Secção do Tribunal Provincial de Barcelona, declararam:

A comunidade [da Família] mantém um estilo de vida comuni-tário disciplinado, compartilhando as responsabilidades entre todos [os membros]. Não existe prova de qual-quer comportamento coercivo. De acordo com os padrões morais que os membros da comunidade seguem, eles educam seus filhos em idade es-colar em casa, de forma análoga à que se observa nos internatos religiosos. As aulas são complementadas com leituras de textos bíblicos e de outras fontes. Os adultos na comunidade demonstram grande amor e ternura [para com as crianças]. Os laudos psiquiátricos são unânimes e descar-tam inequivocamente a existência de qualquer doença mental, psicose ou psicopatia.25

Os juízes declararam também não haver “ne-nhuma prova de que fossem fraudulentos ou de-sonestos em sua apresentação [aos doadores de

23 Juízes: Adolfo Fernandez �ubi�a, Jesus I. Perez Burred, e Jose Maria Bachs Estany, Processo números: 157 to 163/1992, Barcelona,Juízes: Adolfo Fernandez �ubi�a, Jesus I. Perez Burred, e Jose Maria Bachs Estany, Processo números: 157 to 163/1992, Barcelona, Espanha, Decisão em 21 de maio de 1992.

24 Idem.25 Juízes: Miguel Rodriguez-Pi�ero Bravo-Ferrer, Fernando Garcia-Mon Gonzalez-Regueral, Carlos de la Vega Benayas, Vicente

Gimeno Sendra, Rafael de Mendizabal Allende, e Pedro Cruz Villalon, Recusos números: 1561 to 1567/1992, Verdicto de 3 de outubro de 1994.

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mercadorias]. Nenhum dos doadores sente ter sido enganado ou lesado e, portanto, nenhum deles apresentou queixa”.26

Dessa forma, a Família foi inocentada de to-das as acusações. Houve recurso da decisão e em 30 de outubro de 1994, o Supremo Tribunal da Espanha indeferiu o apelo e manteve a absolvição dos membros da Família. Em seu pronunciamento, o Supremo Tribunal declarou:

Encontramo-nos diante de uma comunidade formada por pessoas que adotaram um modo de vida diferente das normas geralmente aceitas. Não foi encontrado nenhum elemento que nos permita declarar a existência de intenção de prejudicar seus próprios filhos ou as demais crianças da co-munidade. Eles evitam enviar os fi-lhos a instituições oficiais de ensino, preferindo o método que em países de origem anglo-saxônica é conheci-do como “homeschooling” ou ensino em casa. Proclamar a superioridade de um sistema de educação ao outro inevitavelmente exigiria o julgamento de valores. Os juízes não podem pene-trar no santuário das crenças pessoais, exceto quando comportamentos ex-teriores originados de uma ideologia particular afetem negativamente os direitos protegidos por lei.27

suécia

Valbo: 31 de janeiro de 1994 — 9 de maio de 1994

Em resposta a uma queixa feita por um con-selheiro municipal manifestando a suspeita

de que menores estivessem “sendo tratados de forma a pôr em perigo sua saúde e desenvolvi-mento”, o Departamento de Serviços Sociais de Valbo, Suécia, abriu um inquérito envolvendo a comunidade da Família em Gvle.

As investigações tiveram início em 31 de ja-neiro de 1994 e duraram três meses. Os assisten-tes sociais visitaram a comunidade da Família e entrevistaram os pais e as crianças (a partir de seis anos de idade). Os assistentes sociais obtiveram

informações das autoridades educacionais locais, dos serviços de saúde, sociólogos e organizações de “monitoração” de religiões. Eles também es-tudaram a literatura da Família e os relatórios de sociólogos de renome internacional sobre o grupo.

Este caso foi encerrado em 9 de maio de 1994. A seguir, encontram-se trechos do relatório con-clusivo das assistentes sociais Monika Quadt e Per Sbrink, chefes do Departamento de Serviços Sociais de Valbo:

O modo de vida da Família apre-senta muitos aspectos positivos. As crianças estão sempre sob os cuidados de alguém. Contam com adultos ou crianças mais velhas a quem podem recorrer, o que lhes dá um senso de se-gurança. As crianças também têm um círculo fechado de amigos. O modo de vida da Família inclui aprender a cuidar uns dos outros, assumir res-ponsabilidades coletivas e dividir bens materiais. Eles também partilham dos mesmos valores que resultam em um bom alicerce, seguro e comum a to-dos. A Família é um grupo comuni-tário bem organizado.

Em nossa investigação, chegamos à conclusão que o modo de vida na Família é diferente daquele vivencia-do pelas outras crianças suecas. Essas circunstâncias diferentes aqui descritas não são consideradas um perigo para a saúde e desenvolvimento das crianças.

esTados unidos da aMérica

los angeles, califórnia: julho de 1993

Muitos ex-membros da Família maliciosa-mente alegaram às autoridades incumbidas

de manter as leis e os órgãos de serviço social que as crianças na residência da Família em Los Angeles eram vítimas de abusos. Isso deu início a muitos meses de investigações envolvendo várias agências governamentais locais. Depois de uma audiência com funcionários do governo local, a Família recebeu uma carta datada em 8 de julho

26 Idem.27 Juízes: Enrique Ruiz Vadillo, Jose Antonio Martin Pallin, e Justo Carrero Ramos, Recurso número: 3032/93, Veredicto número 1669/94,

30 de outubro de 1994.

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28 Quinto Superior Tribunal do Estado de Zulia, Processo números 133 e 192.

(A declaração “A Liberdade Religiosa no Banco dos Réus,” foi publicada pela primeira vez em novembro de 1993 e foi atualizada em agosto de 2004.)

de 1993, assinada por Deane Dana, Supervisora do 4º Distrito, do Município de Los Angeles, na qual declarou:

Sinto muito que sua comunida-de tenha sido vítima de avaliações tão desgastantes e contínuas. Parece haver um esforço excessivo em difa-mar seu grupo e sua existência e não posso explicar por que isso persiste. Estou, portanto, através desta, pe-dindo maiores informações sobre o propósito dessas investigações pelos órgãos do governo envolvidos.

Subseqüentemente, as autoridades policiais informaram à Família que todas as investigações foram encerradas. Mencionaram “intrusão desne-cessária devido a acusações infundadas da parte de ex-membros rancorosos”.

VeneZuela

Zulia: 26 de fevereiro de 1992 — 27 de maio de 1992

Quinze adultos da comunidade da Família na Venezuela foram acusados de tráfico de

crianças e abuso de menores, motivo pelo qual

tiveram decretada sua prisão domiciliar por dois meses. O caso foi oficialmente encerrado em 27 de maio de 1992, quando o juiz do Quinto Tribunal Superior do Estado de Zulia, declarou em seu veredicto:

Depois de um estudo detalha-do e profundo dos documentos que compõem este inquérito, este Tribunal Superior afirma que todos os procedimentos necessários foram utilizados em conformidade com a lei, como se existisse algum crime, quando, de fato, não foi encontra-da evidência de crime quando da visita à residência onde viviam [21 crianças, membros da Família]. Foi provado que os menores supracita-dos vivem com os respectivos pais em uma comunidade constituída por famílias que escolheram um estilo de vida particular segundo seus próprios padrões de educação, saúde, trabalho e ideologia espiri-tual, inspirados na maneira de vida encontrada no novo Testamento. [Este Tribunal] declara encerrada a presente investigação, pois não foi encontrada justificativa para a apresentação de denúncia.28

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4. Comunicar uma mensagem de preparação e esperança para os dias por vir, denominado na Bíblia de “A Grande Tribulação (Mateus 24:21), período que antecederá a segunda vinda de Jesus Cristo e o estabelecimento de Seu reino na Terra.

o que é a Família internacional?