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ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA FERNANDO STORTE UNIFICAÇÃO E PADRONIZAÇÃO DO SERVIÇO DE SAÚDE NAS FORÇAS ARMADAS: uma proposta Rio de Janeiro 2011

STORTE, Fernando. Unificação e padronização do serviço de

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Page 1: STORTE, Fernando. Unificação e padronização do serviço de

ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA

FERNANDO STORTE

UNIFICAÇÃO E PADRONIZAÇÃO DO SERVIÇO DE SAÚDE

NAS FORÇAS ARMADAS:

uma proposta

Rio de Janeiro

2011

Page 2: STORTE, Fernando. Unificação e padronização do serviço de

FERNANDO STORTE

UNIFICAÇÃO E PADRONIZAÇÃO DO SERVIÇO DE SAÚDE

NAS FORÇAS ARMADAS:

uma proposta

Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia

apresentada ao Departamento de Estudos da

Escola Superior de Guerra como requisito à

obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos

de Política e Estratégia.

Orientador: Cel AV R1 Roberto Lago Gonçalves

Leite.

Rio de Janeiro

2011

Page 3: STORTE, Fernando. Unificação e padronização do serviço de

Este trabalho, nos termos de legislação

que resguarda os direitos autorais, é

considerado propriedade da ESCOLA

SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É

permitido a transcrição parcial de textos

do trabalho, ou mencioná-los, para

comentários e citações, desde que sem

propósitos comerciais e que seja feita a

referência bibliográfica completa.

Os conceitos expressos neste trabalho

são de responsabilidade do autor e não

expressam qualquer orientação

institucional da ESG.

FERNANDO STORTE

Biblioteca General Cordeiro de Farias

Storte, Fernando

Unificação e Padronização do Serviço de Saúde nas Forças

Armadas: Uma Proposta / Fernando Storte. Rio de Janeiro: ESG,

2011.

41 f. il.

Orientador: Cel.AV R1 Roberto Lago Gonçalves Leite

Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentado ao

Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito

à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e

Estratégia (CAEPE), 2011.

1. Unificação. 2. Padronização do Serviço de Saúde nas Forças

Armadas. 3.Estratégia Nacional de Defesa .I.Título

Page 4: STORTE, Fernando. Unificação e padronização do serviço de

A minha esposa Deborah pela

compreensão, pelos momentos de

minhas ausências e omissões, em

dedicação às atividades da ESG e

apoio incondicional as minhas

atividades profissionais e

entendimento da minha necessidade

de querer saber. E ao meu filho

Guilherme que será um grande

médico.

Page 5: STORTE, Fernando. Unificação e padronização do serviço de

AGRADECIMENTOS

Aos meus professores por terem sido responsáveis por parte considerável da

minha formação e do meu aprendizado.

Aos estagiários da melhor Turma da ESG, “SEGURANÇA E

DESENVOLVIMENTO”, principalmente do GRUPO GOLF, pelo convívio harmonioso de

todas as horas e pelo apoio permanente sem o qual não teria logrado êxito nesta minha

empreitada.

Ao Corpo Permanente da ESG pelos Ensinamentos e orientações que me

fizeram refletir, cada vez mais, sobre a importância de se estudar o Brasil com a

responsabilidade implícita de ter que melhorar.

Page 6: STORTE, Fernando. Unificação e padronização do serviço de

“Quem usa o poder para dominar os

outros e não para libertá-los não é digno

dele. Quem usa seu conhecimento para

diminuir os outros, não é digno da

sabedoria.”

Augusto Cury

Page 7: STORTE, Fernando. Unificação e padronização do serviço de

RESUMO

Este trabalho pretende demonstrar de maneira bem clara, que a unificação e

padronização do Serviço de Saúde das forças Armadas são perfeitamente possíveis.

Existem na realidade poucas reais dificuldades e após a aprovação em 18 de

dezembro de 2008 da Estratégia Nacional de Defesa (END) e o Decreto n° 7.364, de

23 de novembro de 2010, isto se tornou uma meta a ser alcançada.

Foi empregada metodologia de estudo que consistiu de uma pesquisa inicial

bibliográfica (sites e publicações governamentais), onde a coleta de dados foi por

meio de documentação indireta.

A gestão até hoje realizada pelos serviços de Saúde é individualizada com poucos

avanços na direção da meta de unificação e padronização dos serviços.

Está claro que a gestão unificada pode melhorar em muito a qualidade do serviço

como também uma imediata melhora na logística e o aumento das opções de

atendimento ao militar e seus dependentes.

A realidade do orçamento destinado aos serviços de saúde não deverá ser muito

diferente do que foi até o ano de 2010 em que tivemos um reajuste bem abaixo do

custo do serviço, que não era reajustado desde 1999, ou seja, temos que administrar

da melhor maneira possível os poucos recursos disponíveis e também administrar os

contingenciamentos frequentes das nossas verbas.

Os fatos apresentados nesta Monografia apontam claramente a vantagem da

substituição do sistema atual para a gestão unificada com os recursos otimizados

tanto materiais, como humanos e com um ganho exponencial na quantidade e

qualidade dos serviços. E apresenta uma proposta inicial de organização para a

unificação e padronização do Serviço de saúde das Forças Armadas.

Palavras chave: Unificação, Padronização, Proposta inicial, Estratégia Nacional de

Defesa.

Page 8: STORTE, Fernando. Unificação e padronização do serviço de

ABSTRACT

This work intends to demonstrate in a clear manner, that the unification and

standardization of Health Services of the armed forces is perfectly possible. There

are actually few real obstacles and after the approval in December 18, 2008 of the

national defense strategy (END) and Decree n º 7,364, of 23 of November of 2010, it

became a directive to be fulfilled.

The methodology employed in the study which consisted of an initial research

bibliography (Government publications and websites), where the data was collected

through indirect documentation.

To date the management of health services is separate within each of the armed

forces with few advances towards the goal of unification and standardization of

services. Unified management can improve the quality of service and also provide an

immediate improvement in logistics and the increase of service options for service

members and their dependents.

The reality the budget allocated to health services should be very different from what

it was until the year 2010 when we had a readjustment well below the cost of the

services, which had not been readjusted since 1999.We must administer the scarce

resources available the best possible way and also in accordance with budget

restrictions.

The facts presented in this monograph clearly indicate the advantages of replacing

the current system with a unified management system with optimized resources, both

human and material, and with an exponential gain in quantity and quality of services.

And presents an initial proposal for the Organization for the unification and

standardization of Health Service of the armed forces.

Keywords: Unification, Standardization, Initial proposal, National Defense Strategy

Page 9: STORTE, Fernando. Unificação e padronização do serviço de

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 Ministério da Defesa (SEORI) 23

FIGURA 2 Ministério da Defesa ( SEPESD) 25

FIGURA 3 Organograma SEPESD 26

FIGURA 4 Mapa do Brasil com Unidades de Marinha 29

FIGURA 5 Mapa do Brasil com Unidades do Exército 30

FIGURA 6 Mapa do Brasil com Unidades da Aeronáutica 33

Page 10: STORTE, Fernando. Unificação e padronização do serviço de

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACISO Ação Cívico Social

AFA Academia da Força Aérea

AMH Assistência Médico-Hospitalar

AMHC Assistência Médico-Hospitalar Complementar

BAAF Base Aérea dos Afonsos

BAAN Base Aérea de Anápolis

BABE Base Aérea de Belém

BABR Base Aérea de Brasília

BABV Base Aérea de Boa Vista

BACG Base Aérea de Campo Grande

BACO Base Aérea de Canoas

BAFL Base Aérea de Florianópolis

BAFZ Base Aérea de Fortaleza

BAGL Base Aérea do Galeão

BANT Base Aérea de Natal

BAPV Base Aérea de Porto Velho

BARF Base Aérea de Recife

BASC Base Aérea de Santa Cruz

BASM Base Aérea de Santa Maria

BASP Base Aérea de São Paulo

BASV Base Aérea de Salvador

CID Classificação Internacional de Doenças

CINDACTA II Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo

CLA Centro de Lançamento de Alcântara

CLBI Centro de Lançamento da Barreira do Inferno

CMAM Centro Médico Assistencial da Marinha

CMOpM Centro de Medicina Operativa da Marinha

COMAR Comando Aéreo Regional

COMAR I Primeiro Comando Aéreo Regional

COMAR II Segundo Comando Aéreo Regional

COMAR III Terceiro Comando Aéreo Regional

COMAR IV Quarto Comando Aéreo Regional

COMAR V Quinto Comando Aéreo Regional

COMAR VI Sexto Comando Aéreo Regional

Page 11: STORTE, Fernando. Unificação e padronização do serviço de

COMAR VII Sétimo Comando Aéreo Regional

COMGEP Comando Geral de Pessoal Aeronáutica

CPMM Centro de Perícias Médicas da Marinha

CPSSMEA Comissão Permanente dos S. de Saú da Marinha, Exército e Aeronáutica-MD

CTA Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial

DARJ Depósito de Aeronáutica do Rio de Janeiro

DCI Depósito Central de Intendência

DESAS Departamento de Saúde e Assistência Social

DIRSA Diretoria de Saúde

DSau Diretoria de Saúde do Exército

DSM Diretoria de Saúde da Marinha

DST Doenças Sexualmente Transmissíveis

EB Exército Brasileiro

EEAR Escola de Especialistas da Aeronáutica

EMFA Estado Maior das Forças Armadas

END Estratégia Nacional de Defesa

EPCAR Escola Preparatória de Cadetes do Ar

FAB Força Aérea Brasileira

FUNSA Fundo de Saúde da Aeronáutica

FUSEX Fundo de Saúde do Exército

FUSMA Fundo de Saúde da Marinha

GAP-BR Grupamento de Apoio de Brasília

GAP-RJ Grupamento de Apoio do Rio de Janeiro

GI Gestão Integrada

HAAF Hospital de Aeronáutica dos Afonsos

HABE Hospital de Aeronáutica de Belém

HACO Hospital de Aeronáutica de Canoas

HAMN Hospital de Aeronáutica de Manaus

HAMN Hospital de Aeronáutica de Manaus

HARF Hospital de Aeronáutica de Recife

HASP Hospital de Aeronáutica de São Paulo

HCA Hospital Central da Aeronáutica

HCE Hospital Central do Exército

HCM Hospital Central da Marinha

Page 12: STORTE, Fernando. Unificação e padronização do serviço de

HFA Hospital das Forças Armadas

HFAB Hospital de Força Aérea de Brasília

HFAG Hospital de Força Aérea do Galeão

HGe Hospitais Gerais do Exército

HGu Hospitais de Guarnição do Exército

HNBe Hospital Naval de Belém

HNBra Hospital Naval de Brasília

HNLa Hospital Naval de Ladário

HNMD Hospital Naval Marcílio Dias

HNNa Hospital Naval de Natal

HNRe Hospital Naval de Recife

HNSa Hospital Naval de Salvador

ICA Instrução do Comando da Aeronáutica

INPC Índice Nacional de Preços ao Consumidor

LFM Laboratório Farmacêutico da Marinha

LOA Leis Orçamentárias Anuais

MB Marinha do Brasil

MD Ministério da Defesa

NUBAST Núcleo da Base Aérea de Santos

OABR Odontoclínica de Aeronáutica de Brasília

OARF Odontoclínica de Aeronáutica de Recife

OASD Odontoclínica de Aeronáutica Santos Dumont

OCC Outros - Custeio e Capital

OCM Odontoclínica Central da Marinha

OM Organização Militar

OMS Organização Mundial de Saúde

ONU Organização das Nações Unidas

OSA Organização de Saúde da Aeronáutica

OSE Organização de Saúde do Exército

OSM Organização de Saúde da Marinha

PAMA-AF Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos

PAMA-GL Parque de Material Aeronáutico do Galeão

PAMA-LS Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa

PAMA-RF Parque de Material Aeronáutico de Recife

Page 13: STORTE, Fernando. Unificação e padronização do serviço de

PAMA-SP Parque de Material Aeronáutico de São Paulo

PAMB Parque de Material Bélico de Aeronáutica do Rio de Janeiro

PAME Parque de Material de Eletrônica da Aeronáutica do Rio de Janeiro

PNMa Policlínica Naval de Manaus

PNNSG Policlínica Naval Nossa Senhora da Glória

PNSPA Policlínica Naval de São Pedro da Aldeia

PPA Plano Plurianual

SAR Esquadrões de Busca e Salvamento - FAB

SARAM Subdiretoria de Aplicação dos Recursos para a Assistência Médico-Hospitalar

SEORI Secretaria de Organização Institucional – MD

SEPESD Secretária de Pessoal, Ensino, Saúde e Desporto - MD

SIDA Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

SISAU Sistema de Saúde

SNNF Sanatório Naval de Nova Friburgo

SOF Secretaria de Orçamento Federal

SSM Sistema de Saúde da Marinha

UISM Unidade Integrada de Saúde Mental - Marinha

UNIFA Universidade da Força Aérea

Page 14: STORTE, Fernando. Unificação e padronização do serviço de

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 15

2 Análises das Legislações no Sistema de Saúde das Forças Armadas...... 17

2.1 O Decreto 92.512/1986 ............................................................................................17

2.2 Fator de Custo ...........................................................................................................18

2.3 Fundos de Saúde ......................................................................................................18

2.4 Indenização Médico-Hospitalar................................................................................18

2.5 Exclusividade de destinação da fonte de financiamento ......................................19

2.6 Dever de financiar e de reajustar valores ...............................................................19

2.7 Custeio dos Sistemas de Saúde das Forças Armadas .........................................20

2.7.1 Programa 0637 –Serviço de Saúde das Forças Armadas...............................20

2.8 Evolução da subordinação e alteração da CPSSMEA no Ministério da Defesa 23

2.9 Estratégia Nacional de Defesa e a Unificação e Padronização do Serviço de

Saúde nas Forças Armadas.....................................................................................26

2.10 Descrição dos Serviços de Saúde...........................................................................27

2.10.1 SERVIÇO DE SAÚDE DA MARINHA ....................................................................27

2.10.2 SERVIÇO DE SAÚDE DO EXÉRCITO...................................................................29

2.10. SERVIÇO DE SAÚDE DA AERONÁUTICA ..........................................................31

3 Dificuldades para a unificação e padronização do Serviço de Saúde das

FFAA. .............................................................................................................. 33

3.1 Uma Proposta...........................................................................................................37

4. Conclusão....................................................................................................... 38

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 40

Page 15: STORTE, Fernando. Unificação e padronização do serviço de

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1 - INTRODUÇÃO

Depois de passados 162 anos dos primórdios de criação do serviço de saúde

nas Forças Armadas, quando em 19 de abril de 1849 houve a criação do Plano de

Organização do Corpo de Saúde do Exército,foram estabelecidos pela primeira vez a

organização de toda a estrutura de saúde militar, tanto do Exército quanto da

Marinha, e o que seria um dos embriões das atuais Diretorias de saúde da Marinha,

Exército e Aeronáutica. Agora passados doze anos da criação do Ministério da

Defesa, os serviços de Saúde das Forças Armadas do Brasil mantêm o mesmo

modelo.

O objetivo deste estudo é analisar os óbices e as vantagens da padronização e

unificação dos serviços de saúde das diversas forças após a criação do Ministério da

Defesa em 1999 que impõe uma adaptação de diversos setores entre eles os

serviços de Saúde das Forças Armadas e também pelo definido no Decreto n° 7.364,

de 23 de novembro de 2010 e apresentar uma proposta factível.

A metodologia de estudo empregada consistiu de uma pesquisa bibliográfica,

seguida de pesquisa de campo exploratória do tipo “Estudos de Caso”, onde a coleta

de dados foi por meio de documentação indireta,

A padronização e unificação dos serviços de Saúde das Forças Armadas trarão

inúmeras vantagens para o atendimento assistencial, com melhor aproveitamento

das estruturas físicas em todo o país, como também do potencial técnico que cada

vez se torna mais difícil tanto na sua captação como na sua manutenção.

Certamente se terá a oportunidade de atender a qualquer militar, seja ele de

qualquer força em qualquer organização militar de saúde em todo o território

nacional e com a vantagem de termos todos os procedimentos tanto burocráticos

como técnicos padronizados o que será uma novidade em questão de atendimento

de saúde no Brasil e com certeza causa cobiça de todos os gestores de planos de

saúde não militares.

Não necessariamente, se irá com isto modificar as disposições funcionais de

OMS, ou cadeia de comando ou mesmo prioridades já estabelecidas por cada força.

Existirá sim uma coordenação centralizada no MD com a distribuição tanto do capital

financeiro quanto do capital técnico que melhor atenda às necessidades dos militares

e seus dependentes, evitando assim duplicidade de investimentos.

Page 16: STORTE, Fernando. Unificação e padronização do serviço de

16

Teremos como efeito secundário a padronização e unificação dos serviços de

saúde das forças o fato de se poder contratar de maneira também unificada os

serviços de saúde de entidades civis em complementação a prestação do serviço de

saúde militar, como já é feito hoje, mas de maneira mas racional e com maior poder

de barganha em virtude do maior numero de usuários a serem negociados em todo

o Brasil.

Este estudo também não irá analisar a forma de como é feito o custeio dos

sistemas, pois entendemos que com a padronização e unificação dos mesmos a

questão orçamentária estaria equilibrada automaticamente, pelo menos por um

período.

Assim, neste trabalho, será realizada a avaliação das possibilidades de ações

a serem implantadas nos Serviços de Saúde das Forças Armadas como propostas a

serem analisadas.

Para a melhor compreensão deste trabalho, ele foi dividido em três partes.

A primeira parte é mais técnica e pretende-se analisar as legislações vigentes,

com o intuito de ficar claro que não existem dificuldades legais a serem superadas e

analisar também a parte orçamentária com foco somente no necessário para a

padronização das arrecadações.

Na segunda se pretende definir as dificuldades para concretizar a unificação e

padronização do Serviço de Saúde das Forças Armadas e apresentar algumas

peculiaridades e analises dos principais pontos a serem observados nesta unificação

e padronização, com o intuito de esclarecer e também demonstrar de maneira clara

as possibilidades.

Na terceira e última parte é apresentada uma proposta concreta e factível do

novo Serviço de Saúde das Forças Armadas, que passaria a se chamar Serviço de

Saúde Militar (SSM), com a criação do Corpo de Saúde Militar (CSM).

Page 17: STORTE, Fernando. Unificação e padronização do serviço de

17

2 - Análises das Legislações no Sistema de Saúde das Forças Armadas

Inicialmente se analisará a legislação vigente com o intuito de se descobrir

algum impedimento legal para a Unificação e padronização do serviço de Saúde das

Forças Armadas. É necessário que, primeiramente, tenhamos conhecimento das

normas, condições de atendimento e indenizações da assistência médico-hospitalar

para os militares e seus dependentes, seus recursos de manutenção originais, a

alteração da dotação orçamentária e uma análise da situação atual. Começando por

fazer uma análise resumida do Decreto 92.512/1986.

2.1 - O Decreto 92.512/1986

O Decreto 92.512/1986 (em vigor) “Estabelece Normas, Condições de

Atendimento e Indenizações para a Assistência Médico-Hospitalar ao Militar e seus

Dependentes, e dá outras Providências”. Em seu Art.3º - preceitua que:

--------------------------------------------------------------------------------------------------

XIX - Fator de Custo de Atendimento Médico-Hospitalar é o valor estipulado por militar das Forças Armadas - da ativa ou da inatividade - e por dependente dos militares, fixado pelo Ministro Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, que servirá de base para o cálculo de dotação orçamentária destinada à assistência médico-hospitalar; XX - Fundo de Saúde: é o recurso extra orçamentário oriundo de contribuições obrigatórias dos militares, da ativa e na inatividade, e dos pensionistas dos militares, destinado a cobrir parte das despesas com a assistência médico-hospitalar dos beneficiários do Fundo, segundo regulamentação específica de cada Força Singular. Em seu Art.11 preceitua que: Os Ministérios Militares contarão, para a assistência médico-hospitalar aos militares e seus dependentes, com recursos financeiros oriundos de: I - Dotações Orçamentárias, consignadas no Orçamento da União através de propostas anuais dos Ministérios Militares, constituídas de: a) recursos financeiros previstos com base no produto do Fator de Custos de Atendimento Médico-Hospitalar pelo número de militares, da ativa e na inatividade, e de seus dependentes; b) recursos financeiros específicos para o custeio de convênios e contratos;

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18

c) outros recursos que visem à assistência médico-hospitalar. II - Receitas Extras Orçamentárias provenientes de: a) contribuições mensais para os Fundos de Saúde; b) indenizações de atos médicos, paramédicos e serviços afins; c) receitas provenientes da prestação de serviços médico-hospitalares através de convênios e/ou contratos; d) receitas provenientes de outras fontes. Parágrafo único. Os recursos financeiros, consignados anualmente no orçamento da União para cada Ministério Militar, destinados a atender às despesas correntes e de capital das organizações de saúde, independem das dotações orçamentárias especificadas neste artigo e não constituem objeto deste Decreto.

2.2 - Fator de Custo

Em seu Art.12 o Decreto 92.512/86 prevê que –

O montante dos recursos financeiros oriundos do produto do Fator de Custo de Atendimento Médico-Hospitalar pelo número de militares e de seus dependentes, de que trata a letra "a", do item I, do Art.11, será calculado: I - para os militares, em função do produto dos efetivos militares da ativa e na inatividade, computados em 31 de dezembro do ano anterior, pelo valor do Fator de Custo de Atendimento Médico-Hospitalar fixado para o militar; II - para o dependente dos militares, em função do produto do número de dependentes dos militares (da ativa, na inatividade e falecidos), computados em 31 de dezembro do ano anterior, pelo valor do Fator de Custos de Atendimento Médico-Hospitalar fixado para o dependente. Parágrafo único. Os valores correspondentes ao Fator de Custos de Atendimento Médico-Hospitalar do Militar, bem como do dependente dos militares, serão fixados, anualmente, pelo Ministro de Estado Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, ouvidos os Ministros Militares.

2.3 - Fundos de Saúde

Em seu Art.13 o Decreto 92.512/86 prevê que –

Os recursos financeiros para a constituição e manutenção dos Fundos de Saúde de cada Força Armada, de que trata a letra "a", do item II, do Art.11, advirão de contribuições mensais obrigatórias dos militares, da ativa e na inatividade, e dos pensionistas dos militares, e destina-se a complementar o custeio da assistência médico-hospitalar.

2.4 - Indenização Médico-Hospitalar

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Em seu Art.16 o Decreto 92.512/86 prevê que –

Os recursos financeiros oriundos das indenizações de que trata a letra "b", do item II, do Art.11, terão, como suporte, uma Tabela de Indenizações expressa em termos da Unidade de Serviço Médico - USM, aprovada e atualizada através de portaria do Estado-Maior das Forças Armadas, ouvidos os Ministérios Militares através da Comissão Permanente dos Serviços de Saúde da Marinha, Exército e Aeronáutica - CPSSMEA.

2.5 - Exclusividade de destinação da fonte de financiamento

Em seu Art.18 o Decreto 92.512/86 prevê que -

Os recursos financeiros de que trata o Art.11 deste Decreto, destinados exclusivamente à assistência médico-hospitalar, serão geridos pelo respectivo Ministério, de acordo com regulamentação própria. Parágrafo único. As receitas provenientes das indenizações e dos convênios e/ou contratos reverterão em favor da Organização de Saúde que prestar os serviços médico-hospitalares.

2.6 - Dever de financiar e de reajustar valores

A Lei Complementar Nº 101 de 04 de maio de 2000 (Lei da

Responsabilidade Fiscal) em seu Art. 17 considera obrigatória de caráter continuado

a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo

normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período

superior a dois exercícios. A mesma Lei em seu Art. 24 prevê que nenhum benefício

ou serviço relativo à seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem

a indicação da fonte de custeio total, nos termos do $5º do Art. 195 da Constituição

Federal, atendidas ainda as exigências do Art. 17; observando, contudo,no $1º que é

dispensada da compensação referida neste artigo o aumento de despesa decorrente

de: expansão quantitativa do atendimento e dos serviços prestados; e reajustamento

de valor do benefício ou serviço, a fim de preservar o seu valor real.

No $ 2º, do artigo 24 prevê que o disposto neste artigo aplica-se a

benefício ou serviço de saúde, previdência e assistência social, inclusive os

destinados aos servidores públicos e militares, ativos e inativos, e aos pensionistas.

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2.7 - Custeio dos Sistemas de Saúde das Forças Armadas

2.7.1 - Programa 0637 –Serviço de Saúde das Forças Armadas

O Orçamento Público é o instrumento de gestão de maior relevância e provavelmente o mais antigo da administração pública. É um instrumento que os governos usam para organizar os seus recursos financeiros. Partindo da intenção inicial de controle, o orçamento público tem evoluído e vem incorporando novas instrumentalidades. No Brasil, reveste-se de formalidades legais. É uma lei constitucionalmente prevista que estima a receita e fixa a despesa para um exercício. Por causa dessa rigidez, as despesas só poderão ser realizadas se forem previstas ou incorporadas ao orçamento. O Programa é o instrumento de organização da atuação governamental. Articula um conjunto de Ações que concorrem para um objetivo comum preestabelecido, mensurado por indicadores estabelecidos no Plano Plurianual (PPA), visando à solução de um problema ou o atendimento de uma necessidade ou demanda da sociedade. A Ação se configura num instrumento articulado de programação, que colabora para a viabilização das metas e objetivos de um determinado Programa. A Ação combate as causas do problema, cuja proposta de solução originou o Programa. O Programa 0637 - Serviço de Saúde das Forças Armadas tem por objetivo prestar assistência médico-hospitalar e odontológica ao pessoal militar das Forças Armadas, ativo e inativo, e a seus dependentes. Busca também o constante aprimoramento dessa assistência para um melhor atendimento à família militar e redução de custos. A assistência à saúde é uma atividade contínua e permanente, realizada de forma descentralizada pelas Organizações Militares de Saúde dos Comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. A busca de aprimoramento é um projeto maior, englobando vários subprojetos e é executado de forma centralizada, em um primeiro momento, pela Comissão Permanente dos Serviços de Saúde da Marinha, Exército e Aeronáutica (CPSSMEA), apoiada pelo Departamento de Saúde e Assistência Social (DESAS) do Ministério da Defesa. O Programa 0637 foi criado para que as Forças Armadas cumprissem sua destinação constitucional. (Conforme o Artigo 142 da Constituição Federal de 1988, as Forças Armadas “destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”.)

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É essencial, para a defesa da Pátria, que os militares estejam sempre preparados para garantir a Soberania Nacional. Neste contexto, manter a higidez do efetivo é de fundamental importância; Em situação de guerra ou outras agressões externas, a garantia de amparo aos dependentes dos militares é importante para a manutenção do equilíbrio psicológico das tropas; e a manutenção de uma infraestrutura hospitalar fixa e móvel é fundamental para atender aos militares e civis em situação de guerra ou calamidade pública, em teatro de operações interno ou externo. O Programa é responsável pela assistência à saúde de um milhão, duzentos e setenta e dois mil, quatrocentos e sessenta e nove (1.272.469) cidadãos brasileiros, sendo 301.741 mil da MB, 674.347 mil do EB e 296.381 mil da FAB (Dados do MD de 2010). O Programa 0637 subdivide-se em duas partes: • Atividades de manutenção dos Serviços de Saúde; e • Projetos de aprimoramento da assistência à saúde. Vale ressaltar que as Ações do Programa 0637 constituem-se em atividades, de caráter permanente e contínuo, que objetivam a manutenção dos serviços de saúde. Até o presente momento, não existe nenhuma Ação para financiar os projetos de aprimoramento. Estes são executados com recursos provenientes de Programas de outros Ministérios ou com recursos originados do Programa 0750 - Apoio Administrativo do Ministério da Defesa. O Programa 0637 possui duas Ações com recursos aplicados na assistência médico-hospitalar e odontológica do pessoal militar das Forças Armadas, ativo e inativo, e também dos seus dependentes: —Ação 2059 Atendimento Médico-Hospitalar/Fator de Custo Esta Ação tem por finalidade garantir o atendimento médico-hospitalar aos militares da ativa, inativos, bem como a seus dependentes e pensionistas, em níveis satisfatórios, prestados nas organizações integrantes do Serviço de Saúde das Forças Armadas, incluindo a obtenção de materiais, serviços e equipamentos necessários à adequada operação do serviço e, também, ao atendimento prestado em organizações civis de saúde, bem como por profissionais de saúde autônomos. O Decreto No 92.512, de 2 de abril de 1986, em seu Art. 12, prevê que o montante dos recursos financeiros oriundos do produto do Fator de Custo de Atendimento Médico-Hospitalar pelo número de militares e de seus dependentes, de que trata a Letra “a”, do Item I do Art. 11, será calculado: I - Para os militares, em função do produto dos efetivos militares da ativa e na inatividade, computados em 31 de dezembro do ano anterior, pelo valor do Fator de Custo de Atendimento Médico-Hospitalar fixado para o militar.

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II - Para dependentes dos militares, em função do produto do número de dependentes dos militares (da ativa, na inatividade e falecidos), computados em 31 de dezembro do ano anterior, pelo valor do Fator de Custo de Atendimento Médico-Hospitalar fixado para o dependente. Parágrafo Único. Os valores correspondentes ao Fator de Custo de Atendimento Médico-Hospitalar do Militar, bem como o do dependente dos militares, serão fixados, anualmente, pelo Ministro de Estado Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, ouvidos os Ministros Militares. Cabe à Secretária de Pessoal, Ensino, Saúde e Desporto (SEPESD), por meio do Departamento de Saúde e Assistência Social - SEPESD/DESAS do Ministério da Defesa, Decreto N° 7.364, de 23 de novembro de 2010, a gerência e a articulação do Programa entre as três Forças Singulares (Marinha, Exército e Aeronáutica) no desenvolvimento dos projetos de aprimoramento da assistência à saúde, realizadas através das seguintes organizações: – Comandos da Marinha, Exército e Aeronáutica/Diretorias de Saúde da Marinha, Exército e Aeronáutica - representadas pela “Comissão Permanente dos Serviços de Saúde da Marinha, do Exército e da Aeronáutica” (CPSSMEA) a quem caberá a supervisão técnica das Organizações Militares de Saúde, a definição de diretrizes e políticas de saúde e, a articulação, no âmbito de cada Força Singular, para o desenvolvimento de projetos, visando a melhoria do atendimento à saúde e redução dos custos, evitando sobreposição de serviços e pontos de estrangulamento. – Distritos e Comandos Navais, Regiões Militares e Comandos Aéreos Regionais - a quem caberá a supervisão e o guarnecimento das Organizações Militares de Saúde sob sua responsabilidade, no âmbito de cada Comando Militar; – Hospital das Forças Armadas - a quem caberá a execução das ações finalísticas na área de assistência à saúde, inclusive o guarnecimento para a realização de suas atividades e a supervisão das mesmas; e _ Organizações Militares de Saúde (OMS) da Marinha, Exército e Aeronáutica - a quem caberá a execução das ações finalísticas na área de assistência à saúde. — Ação 2887 Manutenção dos Serviços Médico-Hospitalares e Odontológicos (Fundos de Saúde). Os Fundos de Saúde das Forças Armadas, ao serem criados, eram recursos extra orçamentários, destinados a complementar, exclusivamente, a assistência médico-hospitalar aos militares e seus dependentes. A partir de 1988, com a promulgação da nova Constituição Federal, em função do disposto no Item III do Parágrafo 5º do Artigo 165 e as consequentes Leis Orçamentárias Anuais (LOA), estes Fundos de Saúde foram englobados no orçamento das Forças em um mesmo bloco, com os recursos destinados às diversas despesas de pessoal,

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23

compondo a parcela de Outros - Custeio e Capital (OCC). Assim, os recursos de saúde deixaram de ter destinação precisa e, de certa forma, competem com os recursos com os quais as Forças Singulares administram seu custeio e investimentos na área operativa, para cumprirem sua missão constitucional. (LOBO 2009 fl.32,33,34,35,36,38).

2.8 - Evolução da subordinação e alteração da CPSSMEA no Ministério da Defesa

A criação da CPSSMEA ocorreu em 1978 com o Decreto de nº 82.174 de 27 de

Agosto de 1978, mas já prevista no artigo15, item I, do Decreto nº 79.031, de 23 de

dezembro de 1976. O decreto de 1978 revogado em 2008 pelo Decreto de nº 6596

de 22 de outubro de 2008, com a edição das respectivas Portarias de nº 1.432/MD

de 22 de outubro de 2008, Portaria de nº 1.473/MD de 29 de outubro de 2008 e

Portaria de nº 1835 de 09 de dezembro de 2010. Nestas oportunidades a CPSSMEA

somente se ocupava de assuntos genéricos dos serviços de saúde das forças

singulares. Com a criação do Ministério da Defesa (MD) em 1999 houve a

manutenção da CPSSMEA, que passou a ser subordinada à Secretaria de

Organização Institucional (SEORI) mantendo as mesmas funções generalistas.

Figura 1.

FIGURA 1

Fonte Ministério da Defesa

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24

Com o Decreto n° 7.364, de 23 de novembro de 2010 esta subordinação passa a ser

da Secretária de Pessoal, Ensino, Saúde e Desporto (SEPESD) e seu Departamento

de saúde e assistência Social (DESAS) e apresenta a modificação mais importante

para o assunto desta monografia com o detalhamento maior da missão da SEPESD,

como observado no Art. 29 e Art. 31 e seus incisos abaixo destacados, com

desdobramento na CPSSMEA.

Art. 29. À Secretaria de Pessoal, Ensino, Saúde e Desporto compete:

I - assessorar o Ministro de Estado da Defesa nos assuntos de sua competência;

II - com exceção do que se refere à remuneração dos militares, formular e atualizar a política de pessoal civil, militar e pensionistas, bem como as políticas, estratégias e diretrizes setoriais de pessoal civil, militar e pensionistas, em seus aspectos comuns a mais de uma Força, e acompanhar a sua execução; (Inciso com redação dada

pelo Decreto nº 7.476, de 10/5/2011, em vigor a partir de 16/5/2011) VIII - realizar gestões para a captação de recursos

financeiros em benefício do Projeto Rondon; IX - propor a formulação e a atualização da política e da

estratégia de saúde e assistência social para as Forças Armadas, bem como formular e atualizar políticas, estratégias e diretrizes setoriais de saúde e assistência social, em seus aspectos comuns a mais de uma Força, e acompanhar a sua execução;

X - supervisionar a gestão do Hospital das Forças Armadas; XII - realizar outras atividades inerentes à sua área de

atuação. Art. 31. Ao Departamento de Saúde e Assistência Social

compete: I - assessorar o Secretário nos assuntos de sua competência; II - propor as bases para a formulação e a atualização das

políticas, estratégias e diretrizes setoriais de saúde e assistência social para as Forças Armadas, em seus aspectos comuns a mais de uma Força, e acompanhar a sua execução;

III - identificar, em conjunto com as Forças Armadas, áreas passíveis de aperfeiçoamento e integração com a implantação de programas e projetos de saúde e assistência social;

IV - coordenar a realização de estudos que contribuam para a melhoria da gestão e a racionalização de programas e projetos de saúde e de assistência social no âmbito das Forças Armadas;

V - propor, em conjunto com as Forças Armadas, diretrizes gerais para a gestão dos fundos de saúde das Forças Armadas;

VI - propor, em conjunto com as Forças Armadas, diretrizes gerais para a atividade de medicina operativa; e

VII - realizar outras atividades inerentes à sua área de atuação.

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Parágrafo único. O Diretor do Departamento de Saúde e Assistência Social é membro da Comissão dos Serviços de Saúde das Forças Armadas e da Comissão de Assistência Social das Forças Armadas.

A figura 2 mostra onde fica a CPSSMEA, dentro do SEPESD/DESAS no

organograma do MD após o Decreto n° 7.364, de 23 de novembro de 2010.

FIGURA 2

MINISTÉRIO DA DEFESA

Fonte Ministério da Defesa (alterado)

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26

A Figura 3 apresenta o organograma da SEPESD.atual.

Figura 3

2.9 - Estratégia Nacional de Defesa e a Unificação e Padronização do Serviço de

Saúde nas Forças Armadas

O Decreto No 6.703, de 18 de dezembro de 2008, aprovou a Estratégia

Nacional de Defesa (END) que determina aos órgãos e entidades da administração

pública federal a consideração de inclusão em seus planejamentos de ações que

concorram para o fortalecimento da Defesa Nacional. Este documento traz em sua

essência as diretrizes para o desenvolvimento e aplicação por parte de todos os

segmentos da Nação Brasileira de uma consciente “cultura de defesa e

desenvolvimento”. Claro está que a expressão do Poder Nacional mais diretamente

envolvida com assuntos de Defesa - a Expressão Militar, motivada pelo

desenvolvimento do país, deverá passar por um processo de adaptação de sua

estrutura de forma a atender esta nova diretriz.

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27

Na Estratégia Nacional de Defesa destacamos 11 diretrizes com implicações

diretas sobre a unificação e padronização dos serviços de Saúde nas Forças

Armadas a seguir numeradas mantendo sua ordem original:

“7 - Unificar as operações das três Forças, muito além dos limites impostos

pelos protocolos de exercícios conjuntos.”

“8 - Reposicionar os efetivos das três Forças.”

“9 - Adensar a presença de unidades do Exército, da Marinha e da Força

Aérea nas fronteiras.”

“10 - Priorizar a região amazônica.”

“11 - Desenvolver, para fortalecer a mobilidade, a capacidade logística,

sobretudo na região amazônica.”

“15 - Rever, a partir de uma política de otimização do emprego de recursos

humanos, a composição dos efetivos das três Forças, de modo a dimensioná-las

para atender adequadamente ao disposto na Estratégia Nacional de Defesa.”

“18 - Estimular a integração da América do Sul.”

“19 - Preparar as Forças Armadas para desempenharem responsabilidades

crescentes em operações de manutenção de paz.”

“20 - Ampliar a capacidade de atender aos compromissos internacionais de

busca e salvamento.”

“22 - Capacitar a indústria nacional de material de defesa para que conquiste

autonomia em tecnologias indispensáveis à defesa.”

“23 - Manter o Serviço Militar Obrigatório, com a intenção de instituir-se o

Serviço Civil.”

2.10 - Descrição dos Serviços de Saúde

2.10.1 - SERVIÇO DE SAÚDE DA MARINHA

A Diretoria de Saúde da Marinha (DSM) é subordinada à Diretoria-Geral do Pessoal

da Marinha e está localizada na cidade do Rio de Janeiro.

Conta com um Diretor, um Vice-Diretor e cinco Departamentos:

• Departamento de Planejamento;

• Departamento Técnico-Gerencial;

• Departamento de Administração;

• Departamento de Logística; e

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• Departamento de Tecnologia da Informação.

Como assessoria, o Diretor conta com o seu Gabinete, uma Assessoria Jurídica,

uma Assessoria do Plano Diretor e de Custos e um Conselho Econômico.

Além dos cinco Departamentos, a Secretaria de Comunicações também está

subordinada diretamente ao Vice-Diretor.

A DSM tem o propósito de contribuir para a eficácia do Sistema de Saúde da

Marinha. Cabe à DSM, como Órgão de Direção Especializada, planejar e

supervisionar as atividades técnicas e gerenciais do Sistema de Saúde da Marinha.

Abaixo as unidades de Saúde de Marinha.

• Hospital Naval Marcílio Dias (HNMD);

• Centro Médico Assistencial da Marinha (CMAM);

• Centro de Perícias Médicas da Marinha (CPMM);

• Policlínica Naval Nossa Senhora da Glória (PNNSG);

• Hospital Central da Marinha (HCM);

• Unidade Integrada de Saúde Mental (UISM);

• Odontoclínica Central da Marinha (OCM);

• Hospital Naval de Salvador (HNSa);

• Hospital Naval de Natal (HNNa);

• Hospital Naval de Recife (HNRe);

• Hospital Naval de Belém (HNBe);

• Hospital Naval de Ladário (HNLa);

• Hospital Naval de Brasília (HNBra);

• Policlínica Naval de São Pedro da Aldeia (PNSPA);

• Policlínica Naval de Manaus (PNMa);

• Sanatório Naval de Nova Friburgo (SNNF);

• Laboratório Farmacêutico da Marinha (LFM);

• Centro de Medicina Operativa da Marinha (CMOpM)

A seguir estão representadas as unidades de saúde da Marinha, citadas acima com

sua distribuição no mapa do Brasil.(Figura 4)

Page 29: STORTE, Fernando. Unificação e padronização do serviço de

29

FIGURA 4

2.10.2 - SERVIÇO DE SAÚDE DO EXÉRCITO

A Diretoria de Saúde (DSau) é o órgão técnico-normativo do Exército

Brasileiro para os assuntos pertinentes às atividades desenvolvidas na área de

saúde dentro da Força Terrestre, sendo parte integrante do Serviço de Saúde do

Exército.

O Sistema de Saúde do Exército, responsável por prover assistência médico-

hospitalar a militares e seus dependentes seja em tempo de paz ou de guerra,

também possui como encargos a seleção dos que vão compor o corpo de médicos,

odontólogos e farmacêuticos; a manutenção do material de saúde e a medicina

preventiva para seus beneficiários.

A estrutura é complementada pelo Fundo de Saúde do Exército (FUSEX),que

efetiva contratos e credenciamentos com organizações civis e profissionais

Page 30: STORTE, Fernando. Unificação e padronização do serviço de

30

autônomos da área de Saúde. Em 2010, o Sistema de Saúde do Exército promoveu

9.338.187 encaminhamentos.

Deve ser destacada a Escola de Saúde do Exército, encarregada da formação

de pessoal de Saúde; o Instituto de Biologia do Exército, responsável pelas

pesquisas biológicas; e o Laboratório Químico Farmacêutico do Exército, pela

produção de medicamentos e solutos.

O Sistema de Saúde do Exército é estruturado em 545 Seções de Saúde

instaladas em Organizações Militares da Força, além das principais unidades

descriminadas abaixo.

OMS Especiais 07

Hospitais Militares de Área 06

Hospitais Gerais 05

Hospitais de Guarnição 15

Policlínicas Militares 04

Postos Médicos de Guarnição 24

A seguir as unidades acima discriminadas serão visualizadas no mapa do

Brasil.(Figura 5).

FIGURA 5

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31

2.10.3 - SERVIÇO DE SAÚDE DA AERONÁUTICA

O Serviço de Saúde da Aeronáutica surgiu em 1941, após ter sido criado o

Ministério da Aeronáutica, quando a guerra se alastrava pela Europa e brotavam as

primeiras necessidades relativas à medicina de aviação.

A atividade de saúde no Ministério da Aeronáutica foi renomeada Sistema de

Saúde da Aeronáutica (SISAU), tendo como órgão central a Diretoria de Saúde

(DIRSA), subordinada ao Comando Geral de Pessoal (COMGEP). Dessa forma, o

SISAU, conjunto de organizações, órgãos ou elementos que têm por finalidade

realizar as atividades necessárias à consecução dos objetivos da Política de Pessoal

da Aeronáutica no campo da saúde, foi estruturado em duas vertentes principais: o

apoio médico específico ao militar combatente, real ou potencial, titulado como

Medicina Aeroespacial, eminentemente preventiva, razão maior de sua existência; e

o apoio médico ao doente, prestado ao próprio militar na atividade e inatividade, a

seus familiares, dependentes e pensionistas, consistindo-se na medicina assistencial

ou curativa.

Em regulamento, a DIRSA tem por atribuições:

• a direção, a coordenação, a fiscalização e o controle das atividades de

saúde no âmbito do Comando da Aeronáutica;

• a elaboração de normas, planos e programas relativos à sua esfera de

atribuições;

• a ligação com os Órgãos Centrais dos Sistemas do Comando da

Aeronáutica, nos assuntos de seu interesse;

• a padronização de procedimentos, equipamentos e material de saúde, bem

como das instalações médico-hospitalares da Aeronáutica, de acordo com as

normas e padrões estabelecidos pelo COMAER e Sistema Nacional de Saúde;

• o suprimento de material de saúde aos Órgãos de Saúde da Aeronáutica;

• a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico, na área de saúde, de interesse

do Comando da Aeronáutica;

• a ligação com as Organizações de Saúde não vinculadas ao Comando da

Aeronáutica nos assuntos de saúde.

A DIRSA tem a seguinte constituição:

• Direção;

• Subdiretoria de Logística (SDTLA);

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32

• Subdiretoria Técnica (SDTSA); e

• Subdiretoria de Aplicação dos Recursos para a Assistência Médico-

Hospitalar (SARAM).

A Subdiretoria de Logística tem por atribuições o planejamento, a

coordenação e o controle das atividades de suprimento de material de saúde, de

instalações e edificações, de informática, de engenharia biomédica, de pessoal nas

áreas médica e paramédica e da avaliação das atividades de saúde através de

dados estatísticos.

A Subdiretoria Técnica tem por atribuições o planejamento, a coordenação e o

controle das atividades técnicas da DIRSA, incluindo-se aquelas relativas à pesquisa

nas áreas de Medicina Aeroespacial, Medicina Operativa e sua Gestão Técnica.

A Subdiretoria de Aplicação dos Recursos para a Assistência Médico-

Hospitalar (SARAM) tem por atribuições a elaboração e a atualização de normas e

programas para aplicação dos recursos orçamentários e extra orçamentários,

destinados ao custeio das despesas com a assistência médica e paramédica do

pessoal da Aeronáutica e seus dependentes. A SARAM gerencia os recursos do

Fundo de Saúde da Aeronáutica (FUNSA), efetuando contratos e credenciamentos

com as organizações civis e profissionais autônomas da área de saúde. A execução

de forma integrada das ações no campo da saúde, estabelecidas pela Política de

Pessoal da Aeronáutica, é realizada por meio de Organizações Militares que

possuem características distintas, enquadradas na estrutura do SISAU.

O Serviço de Saúde da Aeronáutica é composto de 113 unidades, sendo 37

do 1º Escalão de Atendimento de Saúde (Médicos de Esquadrões) , 47 do 2º

Escalão (Esquadrilhas de Saúde) , seis do 3º Escalão (Hospitais de Área) , três

do 4º Escalão (Hospitais da Força Aérea) ,Odontoclínica , seis Organizações

Especiais de Saúde, sete Órgãos de Coordenação Regional e sete outras

Organizações, sendo que as principais estão representadas no mapa abaixo.

(Figura 6)

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33

FIGURA 6

3 - Dificuldades para a unificação e padronização do Serviço de Saúde das

FFAA.

Inicia-se neste momento uma avaliação das dificuldades para se concretizar a

unificação e padronização do Serviço de Saúde das Forças Armadas sendo elas de

ordem administrativas, técnicas, psicossociais e de pessoal.

Quando se analisa a questão administrativa percebemos que devem ser

superadas as diferenças de nomenclatura, fluxograma, informatização, logística,

encaminhamento internos e externos, dotação orçamentária, arrecadação extra

orçamentária, direitos e deveres e contratação de serviços médicos complementares

na rede civil.

Estas diferenças não serão de dificuldades insanáveis, pois as Forças

Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) tem condutas e padrões muito similares,

mas com culturas arraigadas de que o “nosso” será sempre o melhor, o que

necessariamente não é o caso. Com isto teremos sempre a questão adiada de uma

unificação e padronização com a desculpa, para que mudar se esta funcionando

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34

bem, portanto é neste ponto que temos o grande e invisível impedimento desta

mudança que deve ser feita e esta sendo retardada de maneira até inconsciente.

No caso da nomenclatura deve se atentar de uma maneira bastante

detalhista, pois teremos com certezas diversas e singulares diferenças que apesar

de não serem grandes e complexas poderão dificultar em muito e às vezes por

pequenos detalhes o entendimento e a clareza do processo. Isto pode levar a erros

ai sim de uma certa gravidade e dificultar o entendimento por parte do usuário e

também levar a grandes dificuldades no atendimento final do usuário.

A questão do fluxograma merece também uma atenção especial, pois existem

diferenças nas três forças expressivas e todas com sua lógica e bom funcionamento

e certamente deveremos ter que definir o modelo que será mais adequado para as

três Forças, podendo ser até uma mescla destes fluxogramas, mas de antemão se

acredita que deva ser tomado um único modelo de uma única Força.

Na informatização se terá que quebrar alguns paradigmas, pois cada força

tem seu sistema de informatização e existe investimento em cada uma delas para o

aperfeiçoamento destes sistemas. Certamente todos os sistemas são eficazes e

atendem às necessidades individuais, mas certamente não estão preparados para a

atuação unificada, por isto teremos que fazer uma avaliação do nível e grau de

complexidade, como também o preenchimento de alguns parâmetros básicos como

exemplo: atendimento de todos os militares e seus dependentes em todo o território

nacional, suporte a utilização de prontuário eletrônico e cartão de atendimento

magnético para todos e ai sim, fazer uma adequação de um dos modelos existentes

ou partirmos para um modelo novo, que atenda a todas as necessidades.

A logística terá que ser avaliada desde nível de Diretorias até os depósitos

regionais, pois em nível de Organizações de Saúde não haverá grandes diferenças.

Com isto teremos certamente a otimização com o ganho de tempo e economia de

dinheiro e mais agilidade na cadeia de suprimentos, pensando somente no uso da

frota de viaturas do Exército ou nas aeronaves da Aeronáutica e nos navios da

Marinha que passarão a trabalhar em conjunto nesta rede logística de alcance

nacional e sem custo direto para o serviço de saúde unificado.

O encaminhamento interno e externo não tem tantas diferenças na maioria

dos casos, mas teremos que ter muito cuidado na padronização e unificação,

também seguir a prática de um modelo único e certamente uma integração

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35

obrigatória nas emissões de guias e seu respectivos controles , que estarão

facilitados pelo serviço de informática unificado e centralizado.

A dotação orçamentária deve se manter inalterada nas três forças e seguir os

parâmetros atuais, somente com a ressalva que teremos mais peso na negociação

com o Ministério da Fazenda nos casos dos contingenciamentos e internamente uma

receita para uma distribuição mais equilibrada.

A arrecadação extra orçamentária será um grande problema, pois deverá

unificar os descontos nas três forças, como também os limites que são empregados

hoje em dia.

Os direitos e deveres por sua vez também serão unificados e nesta ocasião

não se poderá perder a grande oportunidade de se fazer uma ampla reforma,

principalmente na parte de que quem tem os direitos e quais são estes direitos.

Neste caso tem que se avaliar de maneira muito firme e determinada a possibilidade

de se deixar de ser paternalista e ser um pouco mais realista na relação entre o que

se arrecada de cada militar e seus direitos. Deveremos repensar de uma maneira

muito séria a questão de darmos as mesmas condições a quem não contribui de

maneira igual. É claro que obrigatoriamente se manterá um nível mínimo aceitável,

mas com a diferenciação de quem paga mais tem direito a um serviço mais

diferenciado, mas tecnicamente iguais. Somente este tópico deverá ser objeto de

uma nova monografia.

Na contratação de Serviços médicos complementares no meio civil acredito

que será um dos grandes ganhos da unificação e padronização do serviço médico

nas Forças Armadas, pois teremos um número de usuários (vidas) muito maiores

para as negociações com grande ganho em escala e enormes possibilidades no

atendimento em todo o território nacional, que sempre foi um dos maiores anseios

dos três serviços de saúde. Teremos um maior interesse dos prestadores de serviço

de saúde em virtude de existir uma distribuição das três forças em pontos isolados

do território nacional, que inicialmente dificultava as negociações, mas que agora

vista de uma forma unificada deixará de ser um dos grandes óbices na execução e

contratação dos serviços terceirizados. Também o fato que em locais com

concentração das três forças o processo será muito mais fácil e poderá ser usado

como fator moderador e compensatório nas negociações dos pontos isolados, que

continuarão a existir mesmo com a unificação dos atendimentos das três forças.

Para o público interno não haverá praticamente alteração alguma, pois o

Page 36: STORTE, Fernando. Unificação e padronização do serviço de

36

atendimento com guias emitidas pelos serviços continuará a ser feita da mesma

maneira somente com um modelo diferente, mas com a caracterização de cada força

em que sendo feito o atendimento e o procedimento dos usuários também serão

exatamente os mesmos.

A questão técnica não é diferente, pois o serviço de saúde das três forças

obrigatoriamente tem que respeitar as técnicas vigentes do Conselho Federal de

Medicina e mesmo escolhendo entre técnicas aceitas, mas diferentes, estas

diferenças não são incompatíveis e podem até ser mescladas com o melhor

aproveitamento em cada Força e se aproveitar as experiências de cada um no bem

comum. Por isto devemos dentre as três soluções em uso atualmente escolher a que

será o padrão.

As questões que são as relacionadas com o psicossocial e que engloba a

vontade, o envolvimento pessoal, o costume arraigado e o stress relacionado à

possível mudança, ou seja, a saída da zona de conforto deve ser vista com muita

clareza e profundidade, pois inicialmente podendo parecer problemas simples em

que a disciplina e hierarquia resolvam, mas não é bem assim. Neste ponto devera

ser feito um trabalho de valorização do ser humano e um extenso e constante

treinamento visando o mais perfeito entrosamento entre as equipes e com o objetivo

claro de demonstrar, que a equipe de saúde é e será sempre uma única equipe e

que antes somente éramos separados quase que didaticamente, mas sempre

visamos o atendimento do ser humano independente da farda que vestisse.

A questão de pessoal sempre delicada, mas ao mesmo tempo deverá ser a

que mais vai se beneficiar com a unificação, pois deverá haver uma nova visão da

necessidade dos profissionais de saúde e com consequente redistribuição e

preenchimento de vagas conforme a localização e demanda dos serviços de saúde

em todo o Brasil, consequentemente poderemos agilizar e melhorar o trabalho das

regiões militares, podendo o trabalho ser redistribuído em uma das Forças e

certamente o resultado rapidamente aparecerá. Neste caso em particular teremos a

oportunidade de resolver dois grandes problemas das três forças, ou seja, a

racionalização das necessidades de profissionais habilitados e melhor distribuição

destes mesmos profissionais em todo o território nacional.

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37

3.1 - Uma Proposta

Portanto com todo o processo descrito acima, terá que ter uma estrutura para

um controle centralizado, unificado. Esta estrutura já existe no Ministério da Defesa é

a Comissão Permanente dos Serviços de Saúde da Marinha, Exército e Aeronáutica

(CPSSMEA), que com o apoio da Secretaria de Pessoal, Ensino, Saúde e Desporto

(SEPESD) e do Departamento de Saúde e Assistência Social (DESAS) do Ministério

da Defesa deverá cumprir esta missão.

Tanto a SEPESD, o DESAS como a CPSSMEA, que já são atuantes e com as

devidas medidas de complementação de pessoal ou mesmo aumento de seus

quadros têm toda a estrutura jurídica e administrativa para coordenar os processos.

Inicialmente deveremos ter uma determinação do Ministro da Defesa para que

a SEPESD através do DESAS e da CPSSMEA desenvolvam propostas para a

efetiva unificação e padronização com prazos a serem cumpridos. Deverá ser uma

estrutura com os três diretores de saúde que terão a missão de conjuntamente

determinar os empregos dos orçamentos e pessoal, agora unificados, de uma forma

equilibrada em suas respectivas organizações. A cada dois anos um dos militares de

saúde de cada força será o chefe e isto se repetirá por três vezes, ou seja, seis anos,

quando no sétimo ano será nomeado um chefe do serviço de saúde do MD. Este

chefe do Corpo de Saúde Militar (CSM) que seria um general de exército de saúde,

deverá bianualmente e por um período de seis anos, ser nomeado dentro de um

rodízio entre as três forças, mas que posteriormente não deverá ser obrigatório. Os

diretores de cada força permanecerão e serão respectivamente subdiretores de

saúde. As estruturas existentes das atuais diretorias, nos respectivos serviços

deverão permanecer também pelo período de seis anos, sendo depois substituídas

por uma estrutura única localizada no Ministério da Defesa e que tratará o serviço de

saúde como único, ou seja, o Serviço de Saúde Militar (SSM).

O restante da estrutura operacional será mantido e deverá somente ser

modificado conforme as necessidades e planejamentos para o melhor e mais eficaz

atendimento da família militar.

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4. - Conclusão

. Na verdade desde a criação do Ministério da Defesa em 1999 e, mais

recentemente com a Estratégia Nacional de Defesa (END) de 2008 existe uma

determinação de integração, e como efeito secundário a padronização e unificação

dos processos tanto burocráticos como técnicos. Embora com pontos divergentes

na forma de gerir seus recursos humanos e financeiros, os Serviços de Saúde das

Forças Armadas tem muito em comum e também problemas semelhantes. As

divergências estão sempre ligadas às distorções viscerais e a fatores históricos,

culturais, econômicos e políticos presentes nas gestões não unificadas e não

padronizadas destes Serviços.

O estudo mostra que a gestão é feita pelas Diretorias de Saúde das Forças

Singulares de forma individualizada, mas que é perfeitamente possível a unificação,

com medidas que exigirão empenho e dedicação, mas perfeitamente factíveis. Este

modelo é insustentável diante das diretrizes do Decreto No 6.703, de 18 de dezembro

de 2008, que aprovou a Estratégia Nacional de Defesa e as necessidades de melhor

gerenciamento dos recursos e do Decreto n° 7.364, de 23 de novembro de 2010.

O Sistema de Saúde das Forças Armadas tem peculiaridades estabelecidas

em legislação específica, onde o militar é obrigado a contribuir mensalmente para um

Fundo, administrado por cada uma das Forças, além de custear parte das despesas

médico-hospitalares realizadas por ele ou seus dependentes. Apesar de haver fontes

alternativas à dotação orçamentária do Tesouro Nacional para o custeio desse

Sistema, esses recursos não são suficientes para as necessidades de um número

cada vez maior de usuários e a uma crescente evolução tecnológica dos recursos

médico-hospitalares.

O modelo não unificado e não padronizado de gestão dos Serviços de Saúde

demonstrou que não consegue sustentar-se com as dotações orçamentárias

previstas, causando distorções que interferem no cumprimento da missão destas

instituições. Aliados a isso, vários outros óbices contribuíram para um processo

continuado de degradação dos Sistemas de Saúde das Forças Armadas.

Fica demonstrado que não existe impedimento legal nenhum para a

unificação dos Serviços de Saúde das Forças Armadas, como também que o modelo

atual deve ser o mais breve possível substituído por uma gestão unificada e

padronizada, com o intuito de prover à família militar a melhor assistência médico-

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hospitalar possível com custos compatíveis a uma arrecadação aceitável para os

militares. Isto sem descaracterizar os Serviços de Saúde. Fica também colocada

uma proposta estrutural inicial, mas concreta de como se deve fazer esta unificação

e padronização.

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REFERÊNCIAS

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BEAUD, Michel. Arte da Tese: como preparar e redigir uma tese de mestrado, uma monografia ou qualquer outro trabalho universitário. 5. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.