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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO COMARCA DE SÃO PAULO FORO CENTRAL CÍVEL 13ª VARA CÍVEL Praça João Mendes s/nº , andar - salas 811/813 - Centro CEP: 01501-900 - São Paulo - SP Telefone: 2171.6125 - E-mail: [email protected] 1022832-50. 2013. 8. 26. 0100 - lauda 1 T e rmo d e Con c lusão Em Data da Última Movimentação Lançada<< Campo excluído do banco de dados >> faço estes autos conclusos à(o) MM. Juiz(a) de Direito. Eu, , Escrevente, Subsc. SENTENÇA Processo nº: 1022832-50.2013.8.26.0100 Classe - Assunto Proce dime nto Ordinário - Planos d e Saúd e Requerente: SUELY LEIDER Requerido: Sul Amé ri c a Seguro Saúd e S. A . Justiça Gratuita Juiz(a) de Direito: Dr(a). Tonia Yuka Kôroku VISTOS. SUELY LEIDER moveu a presente ação contra SUL AMÉRICA SEGURO SAÚDE S/ A alegando, em suma, que sofreu aumento abusivo na mensalidade de seu plano de saúde, aumento este decorrente unicamente da mudança de faixa etária (no caso o incremento decorre do aniversário de 59 anos). Requer a concessão da tutela antecipada para que possa depositar em juízo o valor da mensalidade que entende correto, sem o aumento abusivo de mais de 100% e a emissão de boletos pela ré neste valor. Requereu, outrossim, que a ré se abstenha de cancelar ou restringir o acesso dela aos benefícios dos associados e que não negativasse o nome da autora. Concedida a tutela antecipada (fl. 42), a ré contestou (fls. 55/66) alegando a legalidade do aumento em função da mudança da faixa etária. Réplica às fls. 83/89. É o r e latório. DECIDO . A ação é procedente. Verso debate acerca da aplicabilidade do Estatuto do Idoso aos contratos de plano de saúde firmados antes de sua vigência, especialmente no que se Se impresso, para conferência acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/esaj, informe o processo 1022832-50.2013.8.26.0100 e o código 4C3782. Este documento foi assinado digitalmente por TONIA YUKA KOROKU. fls. 90

Suely sentença

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Cliente Perisson Andrade Advogados. Justiça considera ilegal reajuste de plano de saúde por faixa etária.

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T RIBUN A L D E JUST I Ç A D O EST A D O D E SÃ O PA U L OCOMARCA DE SÃO PAULOFORO CENTRAL CÍVEL13ª VARA CÍVELPraça João Mendes s/nº, 8º andar - salas nº 811/813 - CentroCEP: 01501-900 - São Paulo - SPTelefone: 2171.6125 - E-mail: [email protected]

1022832-50.2013.8.26.0100 - lauda 1

T ermo de ConclusãoEm Data da Última Movimentação Lançada<< Campo excluído do banco de dados >> faço estes

autos conclusos à(o) MM. Juiz(a) de Direito. Eu, , Escrevente, Subsc.

SE N T E N Ç A

Processo nº: 1022832-50.2013.8.26.0100Classe - Assunto Procedimento O rdinário - Planos de SaúdeRequerente: SU E L Y L E ID E RRequerido: Sul Amér ica Seguro Saúde S.A .

Justiça Gratuita

Juiz(a) de Direito: Dr(a). Tonia Yuka Kôroku

V IST OS.

SU E L Y L E ID E R moveu a presente ação contra SU L

A M É RI C A SE G UR O SA ÚD E S/A alegando, em suma, que sofreu aumento abusivo na

mensalidade de seu plano de saúde, aumento este decorrente unicamente da mudança de

faixa etária (no caso o incremento decorre do aniversário de 59 anos). Requer a concessão

da tutela antecipada para que possa depositar em juízo o valor da mensalidade que entende

correto, sem o aumento abusivo de mais de 100% e a emissão de boletos pela ré neste

valor. Requereu, outrossim, que a ré se abstenha de cancelar ou restringir o acesso dela aos

benefícios dos associados e que não negativasse o nome da autora.

Concedida a tutela antecipada (fl. 42), a ré contestou (fls.

55/66) alegando a legalidade do aumento em função da mudança da faixa etária.

Réplica às fls. 83/89.

É o relatório.

D E C ID O .

A ação é procedente.

Verso debate acerca da aplicabilidade do Estatuto do Idoso

aos contratos de plano de saúde firmados antes de sua vigência, especialmente no que se

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T RIBUN A L D E JUST I Ç A D O EST A D O D E SÃ O PA U L OCOMARCA DE SÃO PAULOFORO CENTRAL CÍVEL13ª VARA CÍVELPraça João Mendes s/nº, 8º andar - salas nº 811/813 - CentroCEP: 01501-900 - São Paulo - SPTelefone: 2171.6125 - E-mail: [email protected]

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refere à cláusula que autoriza a majoração do valor da mensalidade antes que o beneficiário

complete 60 anos

É certo que o Estatuto do Idoso (Lei n.º 10.741/2003) veda,

expressamente, no § 3º do art. 15, a discriminação do idoso nos planos de saúde pela

cobrança de valores diferenciados em razão da idade.

Ressalte-se que o art. 15 da Lei n.º 9.656/98 faculta a

variação das contraprestações pecuniárias estabelecidas nos contratos de planos de saúde

em razão da idade do consumidor, desde que estejam previstas no contrato inicial as faixas

etárias e os percentuais de reajuste incidentes em cada uma delas, conforme normas

expedidas pela ANS.

No entanto, o próprio parágrafo único do aludido dispositivo

legal veda tal variação para consumidores com idade superior a 60 anos.

E mesmo para os contratos celebrados anteriormente à

vigência da Lei n.º 9.656/98, qualquer variação na contraprestação pecuniária para

consumidores com mais de 60 anos de idade está sujeita à autorização prévia da ANS (art.

35-E da Lei n.º 9.656/98).

Sob tal encadeamento lógico, o consumidor que atingiu a

idade de 60 anos, quer seja antes da vigência do Estatuto do Idoso, quer seja a partir de sua

vigência (1º de janeiro de 2004), está sempre amparado contra a abusividade de reajustes

das mensalidades dos planos de saúde com base exclusivamente no alçar da idade de 60

anos, pela própria proteção oferecida pela Lei dos Planos de Saúde e, ainda, por efeito

reflexo da Constituição Federal que estabelece norma de defesa do idoso no art. 230.

Há de se considerar, em complementação ao raciocínio até

aqui delineado, que a abusividade na variação das contraprestações pecuniárias deverá ser

aferida em cada caso concreto.

Não se está aqui alçando o idoso à condição que o coloque à

margem do sistema privado de planos de assistência à saúde, porquanto estará ele sujeito a

todo o regramento emanado em lei e decorrente das estipulações em contratos que

entabular, ressalvada a constatação de abusividade que, como em qualquer contrato de

consumo que busca primordialmente o equilíbrio entre as partes, restará afastada por

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norma de ordem pública.

De toda forma, mesmo que existente cláusula expressa

prevendo o reajuste em questão, ou mesmo disposição legal permitindo sua incidência, por

certo que não poderiam resistir ao quanto previsto na Lei n° 8.078/90 e Estatuto do Idoso.

Cabe ressaltar ainda que o estatuto possui lastro

constitucional e deve prevalecer sobre os regulamentos da Agência Nacional de Saúde

quando incompatíveis ou, então sobre eventuais cláusulas contratuais.

Com efeito, incidindo o aumento não aos 60, mas aos 59

anos, é clara a intenção da seguradora em tentar escapar da vedação legal.

Além do mais é cristalina a abusividade no presente caso: um

reajuste superior a 100% de um ano para o outro certamente ultrapassa os limites da

razoabilidade e viola a boa fé.

Isto posto, JU L G O PR O C E D E N T E a presente ação,

tornando definitiva a tutela antecipada concedida para condenar a ré a se abster de fazer

aumentos nas mensalidades em função de mudança de faixa etária além daqueles

autorizados pela ANS.

Porque sucumbente, arcará o réu com o pagamento do valor

das custas, despesas processuais e dos honorários do Dr. Patrono do autor, ora arbitrados

em 10% (dez por cento) do valor atribuído à causa, a ser atualizado monetariamente pela

Tabela Prática do E. TJSP desde a data do ajuizamento para apuração de tal verba. Adoto

este percentual mínimo ante a relativa simplicidade das questões debatidas.

Publicada esta, não sobrevindo apelação recebida no efeito

suspensivo, terá o sucumbente 15 (quinze) dias para efetuar o pagamento do montante da

condenação [relativa a honorários advocatícios], sob pena de ser acrescida a este valor a

multa de 10%, prevista no artigo 475-J, do CPC.

P.R.I.

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São Paulo, 25 de julho de 2013.

D O C U M E N T O ASSIN A D O DI G I T A L M E N T E N OS T E R M OS D A L E I 11.419/2006, C O N F O R M E I MPR ESSÃ O À M A R G E M DIR E I T A

D A T A

Em _________________ recebi estes autos em cartório.

_____________________. Esc.

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