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SugesfÕes para Professôras E sre seção não é apenas para os professôres; é dos lr- p,r"f.1ssôres. Só atingirá seu pleno obletivo guan- do fôr meio de comunicação entre os colegas para divulgação da experiência e das dificuldades de cada qual. Cada professor de ciências ê, no Brasil, um her<ii isolado. É preciso unirmos nossos esforços para que todos se beneficiem da experiência de cada um. Para isso existe esta seção. Aguardamos, pois, a colaboração dos colegas sôbre: a) como têm enfrentado alguns dos problemas metodológicos ou técnicos que surgem diàriamente (sem preoCupações de originalidade). b) indicação de assuntos a serem tratados nesta seção. c) consultas sôbre técni- cas ou métodos. Como dispomos de bibllografia e da boa vontade de vários especialistas, talvez nos seja possível resolver algu- mas dificuldades. d) críticas e comentários sôbre os tópicos publicados e sôbre a orientação desta seção; sugestões para melhorâ-la e tor- ná-la mais útil aos professôres. Nota metodológica - Reu- nimos hoje algumas sugestões para o estudo prático da célula no curso secundário. Êsse estudo se deve iniciar com a observação ao microscópio de alguns prepa- rados muito simples feitos pelos próprios alunos. De fato, é indispensável, de início, formar um nri- cleo de conhecimento objetivo em tôrno do qual se irão jrrstapondo novas noções. É freqüeqte começar-se o estudo da célula por: a) uma resenha histórica sôbre a teoria celular: b) uma descrição verbal, ilustrada na pedra, da célula e seus componentes; c) considerações sôbre a importância da cêlula como unidade histológica, fisiológica e biológica; , d') uma descrição do microscópio, regras para seu manuseio, técnicas de preparar lâminas. Fig. 1- cólulas de revestimento da mucosa parados. Êsse tipo de'aula mis- bucal (original) ia, prático-teóricá, é sem drivida OsvÀLDo Fnora Pessoe Do Ensino Técnico tda Prefeitura do Dstrito Federal Todos êsses métodos são inconvenientes princi- palmente porgue, por melhores que sejam as preleções, o aluno continua sem saber realmente a respeito de que coisa se fala. Ao contrário, se os alunos viram no mi- croscópio células típicas e distinguiram seus componen- tes fundamentais, poderão suportar inf<lrmações abs- tratas e teóricas numa dose tanto maior quanto mais extensa tenha sido sua prática pessoal. O trabalho didático pode ser desenvolvido da se^ guinte maneira: Um aluno, ajudado pelo mestre, f.az a preparaçáo e a focaliza, enquanto o professor irá dando explica- çóes à turma sôbre êsse trabalho. Um desenho do preparaclo com os nomes das formações será pôsto junto ao microscópio. e cada aluno fará desenhos do que viram, nos cadernos ou na pedra. Um dos alunos, depois de receber explicações indivi- duais do mestre, ficará auxilian- do os colegas nas suas observa- ções. Poderá assim o professor discutir com a turma a significa- ção e funçáo de cada estrutura vista e lembrar formações aná- logas. Várias aulas serão dedica- das, no curso colegial, a êste tra- balho, sendo possível examinar, em cada uma, dois ou três pre- difícil de conduzir; mas ainda é o que de melhor quando só se dispõe de um mi- croscópio para tôda a turma. Àbsurdo seria, sob qual- quer pretexto, eliminar demonstraçóes em favor de pre- leções. O contrário é que se deve fazer, se o tempo fôr curto, pois os livros poderão suprir deficiências de pre- leções, mas nunca de observações práticas individuais. Não se pode esperar gue, vend.o uma única vez um preparado, os alunos o analisem e fixem convenien- temente. Nos colégios que dispõem de vários microscó- pios devem-se organizar aulas práticas para que cada aluno desenhe o preparado no momento em que o ob- serva. O desenho é um ótimo meio de obrigar à anâ- rl' n DEZEMBRO, 1945 23 \ -/ \o a-

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SugesfÕes para Professôras

E sre seção não é apenas para os professôres; é dos

lr- p,r"f.1ssôres. Só atingirá seu pleno obletivo guan-do fôr meio de comunicação entre os colegas para

divulgação da experiência e das dificuldades de cadaqual. Cada professor de ciências ê, no Brasil, um her<iiisolado. É preciso unirmos nossos esforços para quetodos se beneficiem da experiência de cada um. Paraisso existe esta seção.

Aguardamos, pois, a colaboração dos colegassôbre:

a) como têm enfrentado alguns dos problemasmetodológicos ou técnicos que surgem diàriamente (sempreoCupações de originalidade).

b) indicação de assuntosa serem tratados nesta seção.

c) consultas sôbre técni-cas ou métodos. Como dispomosde bibllografia e da boa vontadede vários especialistas, talveznos seja possível resolver algu-mas dificuldades.

d) críticas e comentáriossôbre os tópicos já publicados esôbre a orientação desta seção;sugestões para melhorâ-la e tor-ná-la mais útil aos professôres.

Nota metodológica - Reu-nimos hoje algumas sugestõespara o estudo prático da célulano curso secundário. Êsse estudose deve iniciar com a observaçãoao microscópio de alguns prepa-rados muito simples feitos pelospróprios alunos.

De fato, é indispensável, de início, formar um nri-cleo de conhecimento objetivo em tôrno do qual se irãojrrstapondo novas noções.

É freqüeqte começar-se o estudo da célula por:a) uma resenha histórica sôbre a teoria celular:b) uma descrição verbal, ilustrada na pedra, da

célula e seus componentes;

c) considerações sôbre a importância da cêlulacomo unidade histológica, fisiológica e biológica;, d') uma descrição do microscópio, regras para seu

manuseio, técnicas de preparar lâminas.

Fig. 1- cólulas de revestimento da mucosa parados. Êsse tipo de'aula mis-bucal (original) ia, prático-teóricá, é sem drivida

OsvÀLDo Fnora PessoeDo Ensino Técnico

tda Prefeitura do Dstrito Federal

Todos êsses métodos são inconvenientes princi-palmente porgue, por melhores que sejam as preleções,o aluno continua sem saber realmente a respeito de quecoisa se fala. Ao contrário, se os alunos viram no mi-croscópio células típicas e distinguiram seus componen-tes fundamentais, já poderão suportar inf<lrmações abs-tratas e teóricas numa dose tanto maior quanto maisextensa tenha sido sua prática pessoal.

O trabalho didático pode ser desenvolvido da se^guinte maneira:

Um aluno, ajudado pelo mestre, f.az a preparaçáoe a focaliza, enquanto o professor irá dando explica-

çóes à turma sôbre êsse trabalho.Um desenho do preparaclo

com os nomes das formaçõesserá pôsto junto ao microscópio.e cada aluno fará desenhos doque viram, nos cadernos ou napedra. Um dos alunos, depoisde receber explicações indivi-duais do mestre, ficará auxilian-do os colegas nas suas observa-ções. Poderá assim o professordiscutir com a turma a significa-ção e funçáo de cada estruturavista e lembrar formações aná-logas.

Várias aulas serão dedica-das, no curso colegial, a êste tra-balho, sendo possível examinar,em cada uma, dois ou três pre-

difícil de conduzir; mas aindaé o que há de melhor quando só se dispõe de um mi-croscópio para tôda a turma. Àbsurdo seria, sob qual-quer pretexto, eliminar demonstraçóes em favor de pre-leções. O contrário é que se deve fazer, se o tempo fôrcurto, pois os livros poderão suprir deficiências de pre-leções, mas nunca de observações práticas individuais.

Não se pode esperar gue, vend.o uma única vezum preparado, os alunos o analisem e fixem convenien-temente. Nos colégios que dispõem de vários microscó-pios devem-se organizar aulas práticas para que cadaaluno desenhe o preparado no momento em que o ob-serva. O desenho é um ótimo meio de obrigar à anâ-

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DEZEMBRO, 1945 23

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lise e interpretação convenientes. Dispondo-se apenasde um microscópio, os alunos devem freqüentar indivi-dualmente o laboratório, fora das aulas, com a assistên-cia de um monitor.

Por fim, pode o professor dedicar uma aula pararesumir e organizar com a turma o assunto estudado c

Fig. 2 -

Como deslizar a Jamínula sôbre a lâmina,para distender uma gota de sangue.

juntar algumas considerações gerais. Seque-se umaprova, de preferência com testes mimeografados, sôbretôda a matéria, com o obletivo duplo de fixar e avaliara aprendizagem. Muito interessante é incluir nestaprova uma parte prática: descrição e interpretação deum dos preparados estudados, reexaminado individual-mente durante a prova.

No programa de biologia do colégio, na 2: séfiecientifica e na 3." clássica, há o seguinte sôbre célula:

"2. Oroanização dos sêres vivos. Protoplasma e

sua constituicão. A célula; suas partes constituintes;fisioloqia da célula".

Pelas razões metodolóoicas acima exoostas. é clarogue se cleve inverter a ordem dos parágrafos, deixandopara o fim a,s considerações gerais.

O proorama de ciências do qiná.io nâo Íaz reÍe-rência exolicita à célrrla. Dove-se, porém. iniciar o cursosôbre "o homem" (3.' série) com aDresentação ao mi-croscópio de células da mrrcosa bucal oara dar baseconcreta à noção de oue nôsso corDo é formaclo cle cá-lulas, e para apresentar os três componentes frrnCa-mentais desta, gue terão de ser inwocados mais tarde,no curso de alqumas exolicacões sôbre fisioloqia. AIéndisso as seguintes preoaracões devem ser mostradas noinício do estudo dos assuntos respectivos: glóbulossanguíneos (a fresco, coraclos e em circulação nos ca-pilares da cauda de peixinhos ou qirinos), fihra mus-cular estriacla (em preoarado provisório ou clefinitivo),tecido cartilaçlinoso e ósseo, em preparaqões definitivas.

Sugerimos adiante algumas preoarações muitc sim-ples, que se podem. fazer mesmo sem corantes ou aDa-relhaqem especial, para o estudo prático da célula. Paracompletá-lo ê necessário contar com alcrumas lâminasque o orofessor não pode preparar no laboratório pre-cário de que em qeral dispõe, e será nece-ssário obter emcasa de material didatico ou em instituição científica.Mostrarão elas os diversos tecidos animais, c um me-ristema terminal (raiz de cebola, por eremplo) para oestudo da cariocínese.

Preparações vegetais, além das que assinalamosaqui, são descritas nos seguintes livros nacionais:

F. RewrrscHE,n - "Elementos básicos dc botâ-lica geral". Ed. Melhoramentos de S. Paulo.

A. ScHulrz - "Estudo prático de botânica qe-

ral". Ed. Livraria do Globo. Pôrto Alegre.

Ar,rNcen-BÀRRos -

"Compêndio de botânica ge-ral e sistemática". Ed. Clássico-Científica. S. Paulo.

Cólula da mucosa bucal - Um aluno é convidadoa ceder algumas de suas próprias. células para serenrvistas ao microscópio. Êle próprio raspará, com a pontade uma colher de cafê (ou uma espátula)

.a face in-

terna da bochecha. A mucosidade assim obtida é dis-solvida numa gota dágua sôbre uma lâmina e cobertacom lamínula. Focalizar um gnlpo de células. (Fiç1. 1)Chamar a atençáo para: 1) os três componentes funda-mentais da célula (neste caso a membrana não é clistin-guivel do citoplasma); pode-se juntar uma gota detinta de esc,:ever, azul-de-metileno ou outro corante aopreparado para ressaltar melhor o núcleo; 2) para aforma achatada das células (perceptível gra(as â r1o-vimentos do micrométrico) e sua relação com a funçãoque drsempenha.

Glóbulos de sanoue - Uma gota de sangue é co-locacla sôbre uma lâmina e imediatamente uma dis-tensão é Íeila com o bordo de uma lamínula sue deslizasôbre a lâmina na posição da fiç1ura 2. Cohrir o prena-rado com a lamínula e examinar. Os glóbulos vermelhosapárecerão quase incolores e os brancos serão reconhe-cidos pelo tamanho e pelo tom leitoso. Para mostrar nu-merosos leucócitos e evidenciar seu papel defensivo.preparar distensão idêntica com pús (que se ohtém naprópria classe: de uma espinha, por exemplo), Umagôta de azuT de metileno diluido ccra os núcleos ligei-ramente, melhorando a visibilidade.

Fibra muscular estriada -

para mostrar célulasaltamente diferenciadas, o professor terá fixado em

ío mtnu Ior dePoi ,) la.va.

y'o rnlnuloso,4mn

Fig. 3 -

Rhabdias Íülleborni -

fases de 2, 3 e 4blastômeros e larva (original).

formalina a 6/r' pequenos pedaços de carne de vaca oude músculo de rã ou outro animal. Dissociar numa gôtadágua um fiapo tirado da carne, procurando separar omelhor possível as fibras musculares. Cobrir com lamí-'nula e observar ao microscópio com pouca iluminação(condensador baixo) de modo a realçar as estrias.

21 REVISTÀ DO MUSEU NÀCTONÀL

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Chamar atenção para: 1.) a estriação longitudinal, cor-responderite às fibrilas; 2) para a estriação transversal;3 ) para a relação entre a forma e a função da fibramuscular, para mostrar os núcleos deve-se usar umapreparação definitiva,' corada.

Protozoário§ - Para evidenciar o desenvolvimento

fisiológico a que podem atingir células isoladas (quedesempenham, sem divisão de trabalho, tôdas as [un-ções do sêr vivo) convém mostrar protozoários vivos,o que desperta enorme interêsse. Numa vasilha, onde se

tenha deixado durante dias fôlhas e outras partes vege-tais ao abrigo do sol, pululam protozoários ,e algas uni-celulares diatômeas, conjugadas e clorofíceas, gue se

observarão muito bem a fresco. Os protozoários maiscomuns são os rápidos ciliados que cruzam freqüente-rhente o campo do microscópio, os flagelados que se

movem com "passo" diferente, menos regular, e âs

curiosissimas Vorticella, que, fixas pelo pedírnculo, dãcde vez em quando um "bote", e Íazem rodopiar a águacom os cílios peribucais. Podem-se conseguir espéciesdiferentes juntando à água folhas podres, terra,lama, etc. .

Dinâmica da cadocínese -

A dinâmica da divisãocelular é, para nós, uma noção abstrata resultante dasíntese de imagens esteriotipadas da cariocínese. Eisporque causa uma espécie de deslumbramento obser-varmos in uiuo a divisão do ovo de Rhabdías, segundotécnica vulgarizada pelo professor A. Dnevrui, daFaculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Paulo.É como se mostrássemos uma cena cinematográfica a

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Pl^stqol i:

Fig. 4 -

Células de Elodea densa (original)

quem só a tenha até então imaginado pelo exame dasfotografias seriadas.

O nematóid e Rhabdiaí fulleborni é freqüentíssimocomo parasito clos pulmóes do nosso sapo comum (Bufomarinus) e das rãs. Basta retirar os pulmóes do an[í-bio e dilacerá-los em água fisiológica para que se sol-

tem os Rhabdias, às vêzes às dezenas. São fàcilmentevisíveis, mesmo quando ainda no pulmão: pretos,"ver-miformes, de meio a um centímetro de comprimento(flg. 3). Estão habitualmente cheios de ovos e bastacortar o nematóide em alguns pedaços e observar numagôta de água fisiológica, entre lâmina e la.mínula, para

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Fig. 5 -

Cistólito de Ficus relusa var. nitida; srua

dissolução pelo ácido clorídrico (original).

ver centenas de ovos libertados do útero. A maioriadêles contém embriões adiantados, «:u larvas já pron-tas para a eclosão, as quais se movem apertadas dentroda casca do ovo, formando em geral uma figura em 8.Procurar ovos nos primeiros estádios de divisão, com 8,4 ou 2 blastômeros, e também ainda indivisos. Em geraltais ovos se encontram juntos, na lâmina, pois eram vi-zinhos dentro do tubo uterino. É fácil, portanto, vigiarvários ao mesmo tempo. Observando um dêles por 10 a20 minutos, poderemos acompanhar tôdas as fases deuma divisão. Quando um blastômero se vai dividir, no-tam-se lentos movimentos que o Íazei:m mudar ligeira-mente de forma; aos poucos se vai evidenciando um iní-cio'de estrangulação e a membrana separatória acabapor se tornar nítida. Vê-se claramente em cada blastô-rnero unla mancha clara arredondada que é um gigan-tesco centríolo. Em algumas divisões consegue-se vis-lumbrar o fuso acromático. Os blastômeros inicia.is nãose dividem simultâneamente, de modo que há uma fasede 3 blastômeros bem nitida.

Para demonstração em classe, f.ocalizar um ovo emostrá-lo a tôda a turma duas vêzes consecutivas. Se oovo estiver vivo cada aluno observará duas fases bemdistintas da sua evolução.

Célula oegetal -

Uma fôlha nova de Elodea densa,planta aquática comuníssima nos aquários (fig. 4) ob-servada numa gôta dágua entre lâmina e lamínula éuma das mais belas e instrutivas demonstrações. Osalunos devem observar: 1 ) as células alongadas commembrana grossa; 2) o citoplasma contendo belos clo-roplastos, principalmente junto à membrana; 3) o nú-cleo, mais nítido nas células menores, do ápice da fOlha;4) o vacúolo, que ocupa todo o resto da célula.

Em falta de Elodea, algas de água dôce (Nitella,Spyrogira) servem. Na Spyrogira a clorofila se dispõeern cada célula num cromatóforo único, espiralado.lMagnífico material são os pêlos dos estames da tra-poeraba (Tradescantia e Commelina). Retirar com cui-dado alguns dêsses pêlos e observá-los numa gôta dá-gua entre lâmina e lamínula. Observar as pontes cito-plásmicas que atravessam o vacúolo. Núcleos com doisnucléolos, a fresco, se vêm muito bem na epiderme daface interna das escamas suculentas do bulbo da cebola

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(dos usados em culinária), grandes pedaços dessa epi-derme se destacam com a maior facilidade.

Nem sempre é fácil distinguir o vacúolo, mesmoem células que o tenham grande, por falta de contrasteentre êle e o resto do citoplasma ou porque êste o cubra.Quando o suco celular (líquido contido no -,zacúolo) é

Fig. 6 -

Ttadescantia zebtina: cólula de pêlo es-taminal (seg. Rawitscher) .

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cloroplastos, Êstes movimentos, ainda não claramenteexplicados, são interessantíssimos e instrutivos, poismostram aos alunos um aspecto dinâmico da célula.

Ótimo material para observar a ciclose são tam-bém os pêlos estaminais (fig. 6) de trapoeraba, a algade água doce Nitella (carófita) de longuissimas célu-las cinciciais, os pêlos do caule do tomateiro ou abo-boreira.

Plasmólise - Observar numa gôta dágua, entrelâmina e lamínula, a epiderme de escama suculenta decebola. Suspendendo a lamínula, colocar uma gota desolução saturada de açúcar. Recolocada a.lamínula, [o-caTizar novamente as células. Observar por alguns mi-nutos. Aos pouc.os o citoplasma se vai separando damembrana, exceto em alguns pontos: a célula entra emplasmólise, Chegada a plasmólise a um grau adiantado,retirar a lamínula, enxugar com papel de filtro a lâ-mina em tôrno do preparado, deixando-o quase a sêco;juntar uma gôta dágua pura e recobrir com uma novalamínula. Observar a deplasmólise: o citoplasma plas-molisado vai aos poucos se intumescendo até encostarnovamente na membrana em todo o contôrno.

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colorido pela antocianina, como na beterraba e na epi-derme inferior da fOlha de trapoeraba roxa (7. ze-brina), dá-se o contrário, isto é, parece-nos muitas vê-zes gue tudo é vacúolo no interior da célula.

Os cromoplastos podem-se v€r na cenoura, nacasca do tomate, nas pétalas amarelas.

Para mostrar lindos amiloplastos, Íazer corte finoem batatinh a (So,lanum tuberosum) e Íazer observarentre lâmina e lamínula. Colocar depois, por capilari-dade, gotas de tintura de iôdo diluida, ou lugol: osgráos de amiclo se coram de azul.

Cortes finos de gilete em fOihas de Ficus retusa var.nitida (tsado para cercas vivas) deixam ver cistólitos(fig. 5) logo abaixo da epiderme. Eazer vários cortestransversais com a gilete e a fôlha molhadas, no sen-tido das nervuras secundárias; examinar em água, entrelâmina e lamínula. Focalizado um cistólito, coiocar umagôta de ácido cloridrico diluído junto ao bordo da la-mínula de modo que penetre por capilaridacie. Ver-se-áo cistólito (que é de carbonato de cálcio) diminuir atédesaparecer; permanecem visíveis, às vêzes, os restosdo seu envoltório ligados à membrana.

Cristais de oxalato de cálcio em forma cle agulhas(ráfides) se encontram nas fôlhas de trapoeraba, e emdrusas no caule do caruru (Amaranthus sp.), pecíolosde begônia e em muitos outros caules.

Ciclose -- Na fôlha de Elodea ê fácil ver os movi-mentos do citoplasma, porque êle carrega consigo os

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Fig. 7 -

Plasmólise em célula de epiderme de es-cama d'e cebola (original) .

Também se obtém boa plasmólise em célula deElodea. Em vez de água com açúcar pode-se usar, águacom glicerina em partes iguais.

A observação da plasmólise e da deplasmóliseconstitui a chave para a compreensão dos importantesfenômenos osmóticos da fisiologia celular.

REVISTÀ DO MUSEU NÀCIONÀL

/tr/O-g(Iq- o,CWCdac A-a.)'