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Sugestões dos
empresários ao novo
prefeito de Salvador
ACM Neto Novembro de 2012
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Sugestões dos empresários ao novo prefeito de Salvador
Introdução
Os seis temas a seguir numerados foram escolhidos por uma comissão de empresários
quando do evento realizado no dia 17 de outubro pela Associação Comercial da Bahia-
ACB, em parceria com o jornal Tribuna da Bahia, promovendo o primeiro debate entre os
candidatos a prefeito de Salvador que foram ao segundo turno nas eleições municipais de
2012. As perguntas formuladas traduzem as principais preocupações dos empresários
com a Cidade de Salvador.
Embora temas igualmente importantes ficassem sem ser abordados, esses permitiram a
elaboração de documento mais conciso gerando recomendações sobre assuntos
considerados cruciantes para a administração municipal. Como o debate com o prefeito
eleito não se encerra aqui, outras exposições poderão ser apresentadas no futuro,
esperando-se manter o diálogo com o alcaide da cidade do Salvador.
1. Requalificação do comércio e centro histórico.
Entende-se que requalificação do Comércio e Centro Histórico só estará completa quando
o bairro se tornar autossustentável, atraindo empreendimentos comerciais e de serviços
e for dotado de infraestrutura moderna com ruas e edifícios bem conservados.
O novo prefeito deverá agir em perfeita sintonia com a Associação dos Empresários do
Comércio implantando soluções de curto, médio e longo prazo. No curto prazo deverá
encontrar solução para o comércio ambulante disciplinando a prática do microcomércio
nos logradouros públicos, desobstruindo as ruas, definindo local mais adequado para essa
atividade e instalando sanitários químicos em locais onde se usa abertamente e à luz do
dia a via pública e paredes para evacuação de dejetos. Também é de curto prazo a
eliminação total da prática de estacionar em locais proibidos aplicando imediatamente
choque de ordem. No médio prazo, melhorar a iluminação do bairro, adicionando esse
fator de segurança para continuar atraindo faculdades e outras atividades noturnas,
mantendo para isso o incentivo de redução do ISS e IPTU. Ainda no médio prazo, fazer
parceria com os empresários estabelecidos no bairro para recuperação dos passeios e
calçadas. No longo prazo, implantar sistemas de transporte tipo VLT, ônibus rápido,
ascensores públicos, suprindo as deficiências de estacionamento e ligando o Comércio à
Itapagipe, ao Subúrbio Ferroviário e ao Centro Histórico da Cidade Alta.
Uma aproximação maior da Prefeitura com o Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural
poderia acelerar, através da negociação e mútuo e cordial entendimento, análise de
projetos de hotéis, restaurantes e pontos turísticos, evitando atrasos semelhantes ao que
ocorreu com o Hotel Hilton e a desativação do restaurante o Forte São Marcelo. Também,
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entendimentos com os governos federal e estadual poderiam eliminar o abandono do
edifício dos Correios e a falta de pagamento do aluguel do prédio ocupado pela Polícia
Militar na Praça Conde dos Arcos.
Ainda no longo prazo, negociações com a Marinha do Brasil permitiriam a desocupação
do terreno da Base de Fuzileiros Navais, deslocando-a para as proximidades da Base Naval
de Aratu, aproveitando a área para construção de estacionamento público ou ampliação
das instalações portuárias.
2. Uso do solo e insegurança jurídica.
A legislação que se refere ao uso do solo no município de Salvador está revestida de
incertezas devido a diferentes interpretações e procedimentos adotados pelo Poder
Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário, o que tem acarretado grande insegurança
jurídica aos empresários, principalmente aos que se dedicam à construção civil.
Recentemente, o Ministério Público Estadual (MP-BA) questionou a Lei de Uso e
Ocupação do Solo de Salvador (LOUOS) sancionada pelo prefeito de Salvador porque o
texto aprovado pela Câmara de Vereadores continha emendas que alteravam o Plano
Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), o que não seria permitido por lei. Segundo o
MP-BA a mudança só poderia ser feita diretamente no texto do PDDU e mediante a
realização de audiências públicas e com aprovação no Conselho da Cidade, que embora
esteja previsto na lei, nunca foi posto em prática pela prefeitura.
A redução dos poderes e representatividade do Conselho da Cidade e do Conselho
Municipal do Meio Ambiente, a extinção do Parque Ecológico do Vale Encantado, a
reserva de mata atlântica, com um milhão de metros quadrados, localizada entre a
Avenida Paralela e a orla e a criação de nove perímetros destinados à construção de
hotéis – do Lobato, no subúrbio ferroviário, a Itapuã, além da ampliação do gabarito da
orla marítima, permitindo a construção de prédios de até 27 pavimentos (54 metros) e
permitindo que os edifícios exerçam sombreamento nas praias antes das 10 horas e a
partir das 14 horas, foram mudanças de grande alcance e perturbação que rechearam o
município de Salvador da chamada insegurança jurídica.
O bom convívio entre os três poderes e um comportamento de consultas nos casos de
maior relevância, como o da alteração da LOUOS e do PDDU evitariam o desagradável
embate e sequência de desentendimentos.
3. Salvador e seu porto.
O funcionamento do Porto de Salvador reúne em torno de si mais de uma centena de
empresas intervenientes do transporte marítimo que prestam serviços aos usuários do
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Porto em atividades que vão da intermediação financeira ao despacho aduaneiro,
serviços de transporte e armazenamento. O relacionamento do Porto com a Cidade passa
a ser mais estreito quando são considerados esses serviços, interferindo sobremaneira na
vida econômica e social da Cidade.
Todo serviço realizado pelas entidades responsáveis pela administração e operação do
Porto e pelas empresas intervenientes, geram para a Prefeitura Municipal de Salvador o
recolhimento do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS. Esse tributo, de
competência exclusiva do município, tem como fato gerador a prestação de serviço, de
acordo com a lista de atividades estabelecida pela Lei Complementar 116/2003. A
alíquota aplicada pela Prefeitura é de 5% sobre o valor da prestação de serviço, devendo
esse valor ser recolhido a partir da emissão da Nota Fiscal de Serviços Eletrônica. O ISS é a
maior fonte de recursos da Prefeitura de Salvador, chegando a representar cerca de 30%
de sua receita bruta. Daí a importância dos serviços portuários para a economia do
município. Aliás, quando do preenchimento da Nota Fiscal o prestador de serviços, ao
classificar o tipo de serviço tem apenas três opções: serviços portuários, construção civil e
outros, revelando a importância do serviço prestado aos usuários do Porto.
Se por um lado os serviços portuários contribuem para a economia do município, por
outro lado, geram uma serie de demandas relacionadas com a movimentação de cargas.
A construção da Via Expressa Baía de Todos os Santos, prestes a ser concluída, foi
projetada com o objetivo de desafogar o tráfego de caminhões que se dirigem ao Porto,
realidade considerada como um dos gargalos da mobilidade urbana de Salvador.
O fato de a Bahia ter sido responsável por 57% das exportações do Nordeste brasileiro em
2011 e o registro que mais de 90% do comércio internacional usa o modal marítimo, e
tendo em vista que o terminal de contêineres de Salvador terá nos próximos meses sua
capacidade de movimentação de carga mais que duplicada, quando hoje as cargas
conteneirizadas já representam 83% do movimento por tipo de carga, faz crescer a
importância do Porto de Salvador para a economia do Município.
A estrutura operacional do Porto de Salvador é formada por operadores portuários,
sindicatos de trabalhadores, práticos e rebocadores. Os agentes econômicos de maior
destaque são assim nominados:
Armadores
Agências Marítimas
NVOCC (Non-Vessel Operating Common Carrier)
Despachantes Aduaneiros
Comissárias de Despachos
Transitários de Carga (Freight Forwarder)
Cargo Broker
Terminais de Carga
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Armazéns
Terminais de Contêineres
EADIs – Estações Aduaneiras de Interior
Transporte rodoviário e aquaviário de mercadorias
Depot (depósitos).
Além desses, figuram como agentes econômicos indiretos aqueles que realizam os
serviços de intermediação financeira (contratação de câmbio e seguro e financiamentos
pré e pós-embarque), serviços de comunicação e de informática, empresas certificadoras,
aluguel de imóveis e outros serviços (treinamento, saúde, higiene, segurança, transporte,
alimentação etc.).
Recomenda-se, portanto, maior atenção da Prefeitura Municipal de Salvador para com
seu Porto pressionando a Codeba para que tome uma série de providências que
resultariam em melhores performances adminsitrativas e operacionais, tais como:
a) Realizar a licitação determinada pela Agência Nacional de Transporte Aquaviário –
Antaq há mais de dois anos (com prazo total de três anos) para construção de
novo terminal de contêineres (com 100% de recursos da inicitativa privada);
b) Atualização do Plano de Zoneamento e Desenvolvimento – PDZ; e
c) Ampliação do quebra-mar do Porto utilizando recursos consignados no Orçamento
da Secretaria dos Portos da Presidência da República – SEP (R$ 100 milhões para
extensão de 405m).
4. Turismo, serviços e geração de emprego e renda.
Segundo a ADVB a atividade Turismo Representa 3% do PIB Nacional e em Salvador ela
representa 14% do PIB Municipal.
O turismo sol e mar, com a conjugação de água, sol e calor no período primavera – verão
com os ensaios dos blocos, festas de largo num cenário inigualável; o turismo cultural
recheado de excelente culinária, vestes e costumes próprios, manifestações folclóricas,
ritmos musicais, religiosidade espontânea e singular hospitalidade está presente em
todos os cantos de Salvador; o turismo étnico-afro da cidade mais negra do mundo fora
da África, onde mais de 80% da população é afrodescendente, atrai visitantes que
apreciam as idas aos bairros e se encantam com os blocos carnavalescos, os terreiros de
candomblé e academias de capoeira; o turismo náutico nas visitas às ilhas, praias e
pontos pitorescos da Baía de Todos os Santos, com todos os encantos da maior baía
tropical do mundo, com suas águas calmas e ambientes paradisíacos; o turismo de
negócios e de eventos de caráter industrial, comercial e agropecuário nas diversas áreas
da atividade econômica, tem em Salvador fortes elementos atrativos; e finalmente, mas
sem esgotar o assunto, o turismo religioso com as inúmeras manifestações religiosas que
vão dos santos católicos, orixás e caboclos aos rituais e grupos folclóricos. As festas de
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largo que começam com a de São Nicodemos do Cachimbo (28 de novembro) passando
por Santa Bárbara (4 de dezembro), Conceição da Praia (8 de dezembro), Santa Luzia do
Pilar (13 de dezembro), Natal (25 de dezembro), Boa Viagem (31 de dezembro), Procissão
de Nossa Senhora dos Navegantes (1 de janeiro), Santos Reis da Lapinha (6 de janeiro),
Lavagem do Bonfim (segunda quinta-feira de janeiro), Ribeira (primeira segunda-feira
depois da Lavagem do Bonfim) e Iemanjá (2 de fevereiro) e por ai vai, retratam a
religiosidade da cidade da fé, da esperança e de suas 365 igrejas.
Investir no turismo é investir na geração de emprego e renda, nessa cidade talhada para
ser uma cidade de serviços, o setor da economia que mais emprega pessoas no mundo.
5. Mobilidade urbana e integração com a RMS.
As principais avenidas de Salvador não estão sendo suficientes para escoar o trafego de
veículos sem grandes engarrafamentos. Os novos conjuntos residenciais que passam a ser
habitados agravarão o problema aumentando os tempos de deslocamento em toda a
cidade.
O problema da mobilidade urbana deve ser solucionado considerando a melhoria da
qualidade de vida urbana, de agora e do futuro, através da realização de investimentos
em infraestrutura e sistema de transporte e formulação de políticas para o setor.
A Via Expressa Baía de Todos os Santos, que está em fase final de construção, as novas
Avenida 29 de Março, Avenida Atlântica, Avenida Linha Viva, Avenida Esperança e
Avenida da Paz, as linhas 1 e 2 do Metrô e a ligação Tancredo Neves - Magalhães Neto,
são exemplos de bons projetos, atestando a capacidade técnica dos urbanistas que
estudam Salvador e propõem soluções para seus problemas de mobilidade. Mas os bons
projetos por si só não são suficientes para resolver o problema como um todo, é
necessário que sejam mobilizados recursos financeiros, públicos e privados, para garantir
a realização desses projetos em tempo curto. Basta lembrar que o projeto das avenidas
de vale de Mário Leal Ferreira foi concebido em 1936 e só foi executado em 1966, 30
anos depois. A Salvador de hoje não pode esperar tanto tempo assim, sob pena de sofrer
um colapso.
6. Como aumentar receita sem aumentar tributos.
A atração de empresas comerciais importadoras e de call centers, bem como serviços de
construção e reparo naval, são exemplos de atividades intensivas em mão de obra e
geradoras de tributos.
Mais de 60% das importações brasileiras são feitas pelos estados de São Paulo, Rio de
Janeiro e Espírito Santo onde estão localizados os Portos de Santos, Rio de Janeiro e
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Vitória, respectivamente, os maiores do Brasil. Muitos dos bens importados pela Bahia
chegam ao estado através de importações realizadas por esses portos, principalmente
pelo Porto de Santos. O Porto de Salvador, localizado na Baía de Todos os Santos e na
estratégica posição de meio da costa brasileira e da América do Sul, poderia ser
transformado no gateway do Brasil, semelhantemente ao que o Porto de Roterdã se
transformou para a Europa. O caminho para se atingir este objetivo começaria pela
atração de companhias comerciais importadoras, com o objetivo de substituir as
importações hoje realizadas através dos portos da região Sudeste e de realizar
importações para estados do Norte e Nordeste do Brasil. O momento de fim da guerra
fiscal entre os estados com a unificação do ICMS é adequado para essa iniciativa. A
ampliação do terminal de contêineres do Porto de Salvador, defendido pelo Governo
Federal e travado pela administração da Codeba, trabalharia nessa direção.
As empresas de call centers, intensamente implantadas na Índia para atender ao mercado
norte-americano, localizado em região de mão de obra barata, é um exemplo bem
sucedido desse negócio. Intensivo em mão de obra e forte contribuinte de ISS atinge a
geração de milhares de empregos diretos, nível só alcançado por complexos industriais de
elevados investimentos. As empresas produtoras de serviços, tipo comerciais
importadoras, de call centers, de softwares, tecnologia da informação, etc. são geradoras
de emprego, renda e contribuem com o imposto municipal ISS, sem problemas
ambientais e seguindo tendência mundial de ocupação de mão de obra no setor de
serviços, predominantemente.
Outro exemplo é o da construção naval. No Governo de Paulo Souto foi assinado um
convênio entre o estado da Bahia, representado pela Sudic, a Marinha do Brasil,
representada pela Engepron e a iniciativa privada, representada pela UTC Engenharia,
com o objetivo de estudar a viabilidade de construção de estaleiro dotado de dique seco,
para construção de navios de grande porte e capaz de realizar reparos navais até de
plataformas de petróleo, no local onde está instalada a Base Naval de Aratu, no município
de Salvador. O estudo foi concluído e fracassou nas negociações com a Marinha, coisa
que poderia ser retomado qualquer tempo. Aliás, boa parte do almirantado é a favor da
transferência da Esquadra, com exceção do Arsenal, da Baía de Guanabara para a Base
Naval de Aratu. Além das dificuldades advindas do congestionamento da Baía de
Guanabara o posicionamento estratégico da Baía de Todos os Santos marcaria ponto a
favor. Tal feito aumentaria a oferta de empregos e atrairia para a região fornecedores de
bens e serviços da indústria náutica, todos contribuintes de ISS.
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Anexo 1
Sugestão ao novo prefeito
Publicada em 18/10/2012 00:10:00
De tal modo no Brasil não se valorizam opiniões e sugestões nascidas no seio do povo que
se tem a impressão de que, em matéria de gestão pública, só os que integram o governo
têm capacidade de pensar e criar.
Não é difícil imaginar, portanto, o enorme prejuízo decorrente desse malfadado viés que
persiste inabalável, não obstante o grande êxito alcançado por gestores públicos que
integram as exceções, de que Jaime Lerner, no Paraná, e Rudolph Giuliani, em Nova
Iorque, são exemplos conspícuos.
Imagine-se, portanto, quanto não teria a ganhar a Administração Pública, se se fizesse do
estímulo às sugestões oriundas dos cidadãos uma política de continuidade e valorização
regular, inteiramente divorciada da prática condescendente em voga, de escutar as
pessoas por mera cortesia, orientada pelo propósito manipulador de ganhar-lhes a
simpatia, fazendo-as sentirem-se valorizadas, ainda que permanentemente ignoradas.
Curiosamente, quanto mais inexperiente e inseguro o administrador, maior sua
resistência a proposições oriundas de quadros alheios à corriola oficial, na contramão da
conduta que está na base do sucesso alcançado pelos maiores gestores de todos os
tempos e origens. A incompetência arrogante é extremamente ciosa de seu monopólio da
ignorância.
Na esperança de que o futuro prefeito de Salvador inaugure um novo tempo, infenso a
essa tradição malsã, passo a sugerir uma medida capaz de elevar a eficiência da
administração municipal em até 100%, no curto espaço de quatro anos, sem qualquer
custo. É isto mesmo: uma elevação de até 100% da produtividade da máquina pública,
sem o acréscimo de um real no orçamento das despesas. Para isso, basta que a nova
administração introduza a política regular de submeter a totalidade dos seus 15 mil
funcionários ativos ao treinamento anual em sala de aula de um mínimo de 80 horas,
como é prática comum às empresas mais bem sucedidas. Sem qualquer perturbação da
normalidade operacional da máquina pública, 650 funcionários se renovariam
quinzenalmente, ao longo de todo o ano, ensejando, ao fim de cada exercício, que a
totalidade do corpo funcional se ponha ao corrente das inovações e aperfeiçoamentos
que mais interessem ao seu desempenho.
O magistério ficaria a cargo daqueles funcionários mais qualificados nas respectivas áreas,
conferindo-se aos treinandos a maior liberdade possível na escolha do tema, não
havendo, por conseguinte, a obrigatoriedade de submeter-se a curso pertinente à sua
área de trabalho. As razões dessa liberdade, de tão óbvias na esfera pedagógica,
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prescindem de maiores explicações. Basta saber que todas as áreas do conhecimento, por
mais díspares que possam parecer, são reciprocamente enriquecedoras.
Os mais despreparados, prontamente, levantam o argumento primário de que, uma vez
melhor qualificados, esses funcionários tendem a buscar alternativas mais vantajosas.
Que maravilha! Como se a preparação de novos quadros funcionais, capacitados a
corresponder às crescentes demandas do mercado, não fosse um dos principais objetivos
de uma administração municipal minimamente esclarecida e madura. Sem levar em conta
a oportunidade de livrar-se de quadros impostos pelo nosso indecoroso sistema
partidário que legitima a atassalhadura do mérito!
Nem ao setor privado esclarecido é legítimo pensar de modo tão pequeno, sob pena de
engrossar as estatísticas da mortalidade empresarial precoce. A prosperidade dos povos
depende cada vez mais do descortino dos seus empreendedores.
A teimosa persistência em ignorar percurso tão benéfico à sociedade lembra a cáustica
reflexão que Ruy Barbosa fez a respeito do relevante papel desempenhado pela burrice
na sociedade brasileira do seu tempo: “Há tantos burros mandando em homens
inteligentes, que chego a pensar que a burrice é uma ciência”.
Joaci Góes
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Anexo 2
Receita para bem governar
Publicada em 01/11/2012 00:10:00
Para alçar-se ao reconhecimento do presente e do futuro, o novo prefeito de Salvador
tem que definir, adotar e anunciar medidas de longo, médio e curto prazos, de um modo
que vincule as próximas gestões, evitando, também, o que tem acontecido: cada prefeito
agindo de acordo com seus caprichos, impedindo a saudável continuidade que é a forja
das grandes metrópoles.
Uma educação de qualidade é a medida de longo prazo, por excelência, porque só através
dela as populações carentes poderão ter acesso à renda e à verdadeira cidadania,
eliminando a miséria e derrotando os apelos da criminalidade.
Para isso, impõe-se a valorização do magistério, mediante seu treinamento permanente e
a introdução de critérios meritocráticos como fator de elevação salarial. Consoante a
prescrição de Anísio Teixeira, os alunos da rede pública teriam escola em regime de
tempo integral, com boa alimentação, atividades lúdicas e educação moral e cívica em
complemento aos estudos curriculares. O grande obstáculo a vencer é nosso atrasado
sistema sindical, a serviço do pior populismo.
As obras de infraestrutura, com o transporte de massa à frente, integram os objetivos de
médio prazo. Aqui, como na educação, a atual gestão cumprirá, apenas, uma parte do
planejado, naturalmente exigente do concurso de mais de uma administração, à exceção
de uma malha cicloviária, que pode ser integralmente implantada na administração de
ACM Neto.
Como cerca de um terço da população de Salvador se desloca a pé, a implantação de um
sistema viário para uso exclusivo de bicicletas daria grande conforto a essas pessoas, além
de permitir a incorporação de novos contingentes de usuários que adeririam, por
economia, uns, e por motivações de saúde, outros.
Uma das grandes vantagens desse projeto, a que todo o mundo desenvolvido vem
aderindo, é que cada metro linear, uma vez concluído, passa de logo a ser utilizado.
Comparativamente a todos os outros meios de transporte de massa, este é infinitamente
o mais barato e de mais simples implantação, sem mencionar seu enorme apelo
ecológico, pela redução do lançamento de gás carbono na atmosfera.
As medidas de curto prazo, a serem cumpridas no primeiro ano, são: limpar e melhorar a
iluminação da cidade, no primeiro mês; tapar os buracos, no primeiro mês; recompor o
asfalto em trechos críticos, nos dois primeiros meses; instalar a quantidade de câmeras
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necessárias a monitorar ações criminosas em pontos críticos, do primeiro ao 12° mês;
sincronizar os sinais luminosos, para melhorar o fluxo do tráfego, nos dois primeiros
meses; dar um banho de asfalto nas principais ruas e avenidas, ao longo do primeiro ano;
definir e executar a maneira de aparelhar a orla, para usufruto confortável pelos
moradores e turistas, ao longo do primeiro ano; melhorar, sensivelmente, a mobilidade
urbana nos primeiros seis meses, pela adoção da seguinte medida: no primeiro mês de
gestão, anunciar um programa crescente de restrição ao estacionamento de carros, em
vias públicas, das sete da manhã às sete da noite, avançando do centro para a periferia, à
proporção que entrem em operação mais dois tipos de transporte público: ônibus só para
passageiros sentados, mais caro que o atual; frescão, com ar refrigerado, como já tivemos
em passado relativamente recente.
O estacionamento nas áreas sob restrição seria pago, e sua exploração ficaria a cargo de
empresas particulares, vencedoras das licitações. Com as decentes alternativas de
transporte oferecidas, usará o transporte individual quem estiver disposto a arcar com os
custos de seu conforto pessoal. Os shoppings, bem como toda e qualquer organização
privada, seriam livres para cobrar o quanto quiserem pelo estacionamento. Quanto
menos carro em circulação, melhor para todos.
Como já defendemos em outra oportunidade, deve ser parte importante da
administração municipal um programa de treinamento de todo o quadro funcional, com a
observância de um mínimo de sessenta horas anuais em sala de aula ou em laboratórios,
como meio de aumentar a capacitação, a produtividade, a autoestima e o prazer mesmo
do agente público.
As reformas administrativas que o novo prefeito pensa realizar devem ser executadas no
primeiro dia, começando pela redução do excesso de secretarias criadas com o propósito
de satisfazer nosso obsceno sistema pluripartidário que enseja o aparelhamento do
estado (poder público), como meio de satisfazer os “partidos da base”. Quando o
legislativo se levantou para impedir as propostas inovadoras de Carlos Lacerda, no Rio, e
Jânio Quadros, em São Paulo, ambos se aliaram ao povo e derrotaram o clientelismo de
um legislativo malsão.
O bom da democracia é que nela os cidadãos são livres, até para dar conselhos a quem
não pede ou não precisa, quando está em jogo o interesse público.
Joaci Góes
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anexo 3
Um Porto para Salvador
23 de outubro de 2012
No “Encontro dos Candidatos a Prefeito de Salvador com Empresários” promovido pela
Associação Comercial da Bahia em parceria com a Tribuna da Bahia, na ultima quarta-feira
(17/10), entre os seis temas escolhidos pela classe empresarial (Requalificação do comércio e
centro histórico; Uso do solo e insegurança jurídica; Turismo, serviços e geração de emprego e
renda; Mobilidade urbana e integração com a RMS; Como aumentar receita sem aumentar
tributos e Salvador e seu Porto) a questão do Porto de Salvador foi um dos que mais levantou
polêmica, já que o candidato democrata, ACM Neto, defendeu a municipalização do Porto e o
candidato petista, Nelson Pelegrino, defendeu a manutenção do atual modelo de gestão a cargo
do governo federal.
O sistema portuário brasileiro é composto por 37 portos públicos, entre marítimos e fluviais. Dos
34 portos públicos marítimos sob gestão da Secretaria de Portos da Presidência da República
(SEP/PR), 16 encontram-se delegados, concedidos ou têm sua operação autorizada aos governos
estaduais e municipais. Os outros 18 marítimos são administrados diretamente pelas Companhias
Docas, sociedades de economia mista, que têm como acionista majoritário o Governo Federal e,
portanto, estão diretamente vinculados à Secretaria de Portos, a exemplo do Porto de Salvador,
administrado pela Companhia das Docas do Estado da Bahia – Codeba. Existem, ainda, 42
terminais de uso privativo e três complexos portuários que operam sob concessão à iniciativa
privada. Os portos fluviais e lacustres são de competência do Ministério dos Transportes.
Nós, soteropolitanos, devemos nos sentir honrados por termos um Porto, privilégio de poucas
cidades. Mas, grande parte da nossa comunidade pouco sabe sobre a importância do Porto e da
cadeia produtiva portuária para o fomento da economia do município, responsável por
aproximadamente 30% da arrecadação bruta do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza –
ISS (tributo municipal) e geração de muitos postos de trabalho, indutor de desenvolvimento em
suas áreas de influência.
Considerando que Salvador perdeu suas indústrias ao longo dos anos e que precisamos identificar
novas oportunidades de geração de riquezas, emprego e renda para o município, o segmento
portuário pelo seu potencial de crescimento e extensa cadeia logística de serviços, que engloba
um número expressivo de empresas prestadoras de serviço (desembaraço aduaneiro, carga e
descarga, armazenagem, etc.) é sem dúvidas um dos segmentos estratégicos para o
desenvolvimento de Salvador. Destacando que o Porto de Salvador, pela sua localização urbana e
posição estratégica, por se encontrar na Baía de Todos os Santos e a meio caminho da Rota do
MERCOSUL, pode se tornar um dos principais destinos dos contêineres e do turismo.
A tendência mundial é a carga conteinerizada, que é uma carga limpa e urbana. No entanto, o
Brasil ainda não entrou na era do contêiner. Os porta-contêineres de maior dimensão que
atracam em nossos portos, próximo dos 8 mil Teus (unidade equivalente a um contêiner de 20
pés), ainda são pequenos perto dos que fazem a rota Ásia-Europa, por exemplo, cuja oferta
nominal chega a 18 mil Teus, objetivando aproveitar a economia de escala, ou seja, mais carga,
menos atracações. Para se ter uma ideia, o terminal de contêineres de Paris possui uma taxa de
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crescimento de 15% a.a. desde 2006. No mesmo período, o de Salvador cresceu a taxa de 1,7%
a.a.
A gestão dos grandes portos mundiais é feita exclusivamente pelo Município ou pelo Município e
o Estado e, em outros casos, por meio de uma parceria Município, Estado e União; pouquíssimos
são exclusivamente federais, a exemplo dos 18 portos citados acima, inclusive o Porto de
Salvador.
Como exemplo de gestão estadual podemos citar o Porto de Suape que a partir da sua concepção
de porto-indústria conseguiu atrair mais de 100 empresas, já em operação, responsáveis por mais
de 25 mil empregos diretos, e outras 50 em implantação. Entre elas, indústrias de produtos
químicos, metal-mecânica, naval e logística e o Porto de Pecém, no Ceará. Merece destaque o
Complexo Portuário de Itajaí, gestão municipal, que figura na segunda posição do ranking
nacional, com a movimentação de contêineres, atrás apenas do Porto de Santos. À guisa de
exemplos internacionais, citamos a Autoridade Portuária de Nova York e Nova Jersey que é um
distrito portuário bi-estatal; No Porto de Roterdã, benchmarking mundial, a Autoridade Portuária
é uma companhia pública limitada (sigla N.V. na Holanda) com dois acionistas apenas: A
Municipalidade de Roterdã(com 70,83%) e o Estado Holandês(com 29,17%).
Quando o Porto é gerido pelo Município ou pelo Estado podemos enumerar algumas vantagens: o
processo decisório é mais ágil, além da proximidade e maior integração com os usuários e a
comunidade, melhor conhecimento da realidade local, maior independência para tomadas de
decisão sobre investimentos, sem interferência de interesses políticos ou de grupos empresariais
alheios aos interesses maiores do Estado. Por outro lado, quanto ao risco da municipalização ou
estadualização, podemos citar: a vulnerabilidade da máquina administrativa municipal ou
estadual, a rotatividade no quadro técnico, o uso para fins políticos do porto em detrimento da
atividade comercial.
Na atual conjuntura econômica global, o segmento portuário é de grande relevância, pois a via
marítima é a principal forma de transporte internacional de mercadorias. Pelos portos brasileiros
passam mais de 90% das cargas comercializadas com outros países. A Bahia precisa de um porto
competitivo, com uma gestão profissional e competente, que coordene e articule com os
inúmeros agentes de diversas naturezas, com atitude pró-ativa, comercial e tecnológica.
Palco da primeira experiência liberal do mundo, após a Revolução Industrial, com a assinatura do
Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas, Carta Régia promulgada pelo príncipe regente
Dom João de Portugal no dia 28 de Janeiro de 1808 (apenas quatro dias após sua chegada), em
Salvador, na Capitania da Baía de Todos os Santos, é natural que tenhamos papel relevante na
transformação do ambiente institucional, objetivando maior eficiência, segurança jurídica e
desenvolvimento sustentável dos portos brasileiros.
Rosemma Maluf
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Anexo 4
Salvador e seu porto
Publicado em outubro de 2012
O Porto de Salvador foi o porto mais movimentado do Atlântico Sul durante os primeiros
séculos do Brasil Colônia, quando Salvador era a capital administrativa das terras
portuguesas. Pelo Porto do Brasil, como era chamado, circulavam as mercadorias
comercializadas com a Metrópole e outras nações. Sua importância começou a diminuir
com o uso das máquinas a vapor na navegação marítima, com o início de operação do
Canal de Suez em 1869 e com a construção do Canal do Panamá, inaugurado em 1914.
O atual Porto de Salvador está situado numa área naturalmente protegida da Baía de
Todos os Santos e foi inaugurado em 13 de maio de 1913. Sua administração passou à
Companhia das Docas do Estado da Bahia - Codeba em 17 de fevereiro de 1977 quando
foi criada.
O funcionamento do Porto de Salvador reúne em torno de si mais de uma centena de
empresas intervenientes do transporte marítimo que prestam serviços aos usuários do
Porto em atividades que vão da intermediação financeira ao despacho aduaneiro,
serviços de transporte e armazenamento. O relacionamento do Porto com a Cidade passa
a ser mais estreito quando são considerados esses serviços, interferindo sobremaneira na
vida econômica e social da Cidade.
Todo serviço realizado na administração e operação do Porto e pelas empresas
intervenientes geram para a Prefeitura Municipal de Salvador o recolhimento do Imposto
Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS. Este tributo é a maior fonte de recursos da
Prefeitura de Salvador chegando a representar cerca de 30% de sua receita bruta, daí a
importância dos serviços portuários para a economia do município. Aliás, quando do
preenchimento da Nota Fiscal Eletrônica o prestador de serviços, ao classificar o tipo de
serviço, tem apenas três opções: serviços portuários, construção civil e outros, revelando
a importância desse serviço para o município.
O Porto de Salvador, após a dragagem realizada em 2010 e a ampliação do cais do
terminal de contêineres de 210m para 377m, próxima de ser concluída, terá sua
capacidade de movimentação de carga duplicada, podendo receber navios porta-
contêineres de mais de 300m de comprimento e capazes de transportar até 11 mil
contêineres de 20 pés. A sua contribuição tributária para o carente município de Salvador
será ampliada na mesma proporção dessa movimentação de cargas. Estudiosos afirmam
que urge a construção de novo terminal de contêineres existindo espaço de mais de
500m de cais na direção da Feira de São Joaquim.
Se por um lado a ampliação da capacidade operacional do porto fortalece as finanças da
prefeitura e contribui para reduzir o desemprego de seus habitantes, por outro lado, a
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construção da nova estação de passageiros, que está em fase adiantada, atrairá mais
navios de cruzeiro marítimo por todo o ano e não só no período de carnaval.
Com a demolição dos Armazéns 1 e 2 e a abertura da linda paisagem do mar calmo e azul
da Baía de Todos os Santos o Porto volta sua frente para a cidade que começou a erguer,
deixando de dar as costas para os soteropolitanos e para os turistas de todo o mundo que
a visitam e muito a admiram. Vale a pena lembrar ao futuro prefeito a importância da
relação porto-cidade, para que a inclua nos seus projetos de modernização passando a ter
com o Porto uma relação amistosa.
Adary Oliveira
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Anexo 5
Outras sugestões ao novo prefeito
I°- Escola em dois turnos, com três refeições;
2°- Introduzir adicional salarial de caráter meritocrático;
3°- Estimular e ensejar ao magistério, mediante convênios com universidades públicas e privadas,
a realização de cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado. Na Finlândia, o mestrado é o
mínimo exigido para um professor dar aula no ensino fundamental.
4° Lançar o programa: “Adote uma escola”, destinado a incorporar ao esforço educacional
pessoas físicas e jurídicas, que compreendem a educação como o maior de todos os nossos
problemas e nossa possível solução;
5°- Anunciar um programa gradual de restrição ao estacionamento entre as sete e as dezenove
horas, partindo do centro para a periferia, paralelamente à criação de mais dois sistemas de
transporte por ônibus: um, como o atual, com a proibição de passageiros em pé, e outro,
refrigerado, no estilo frescão;
6°-Implantar uma malha cicloviária, cujo projeto, preparasdo pela Conder, está com o Governo
estadual;
7°- Fazer da Secretaria do Trabalho e Assistência Social uma forja no treinamento de cincoenta a
cem mil pessoas/ano, mediante convênios com o setor público e privado. Este mutirão laboral
pode transformar Salvador na maior universidade popular do continente americano. O titular
desta pasta não pode ter compromissos de natureza conflitiva com a urgente necessidade de dar
preparo a jovens e adultos talentosos, à margem do emprego pelo despreparo crônico. Os quinze
mil funcionários da Prefeitura entram nesses números;
8°- Organizar a segurança pela iluminação das ruas e associando as patrulhas policiais a um
determinado grupo de monitores big-brother, inclusive o interior dos ônibus que, mediante um
simples apertar de botão pelo motorista, indicaria ao policiamento, via GPS, o local preciso da
ocorrência;
9°- Conceber a divisão imaginária de Salvador em cinco cidades, dotando-as, gradualmente, dos
elementos infraestruturais para operarem com autossuficiência em matéria de suas necessidades
básicas, reduzindo, assim, o tráfego de veículos e pessoas;
10°- Mediante convênios com fabricantes de tintas, pintar todas as casas de baixa renda, desde as
que se debruçam para o mar, até às que se situam nos vales> Salvador, com sua colorida
fisionomia de presépio, ganhará as manchetes do mundo. O então ministro Mário Negromonte,
entusiasta da ideia, não teve tempo para realiza-la;
11°- Definiir o desenho das calçadas dos bairros de alta renda, como o Corredor da Vitória, e
lançar um programa para execução pelos proprietários. Cada prédio ou casa realiza a parte de sua
testada. O custo por unidade residencial é extremamente baixo. Não podendo ser obrigatório,
deixaria os recalcitrantes na incômoda posição de sugismundos