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Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle
Secretaria Federal de Controle Interno
Programa de Fiscalização
em Entes Federativos – V02
Número do Relatório: 201601591
Sumário Executivo
Mato Grosso
Introdução
Este Relatório trata dos resultados dos exames realizados em decorrência do Programa de
Fiscalização em Entes Federativos (2º Ciclo) sobre as seguintes Ações de Governo executadas
pelo Governo do Estado de Mato Grosso:
– Bloco de Vigilância em Saúde - Combate ao Mosquito Aedes aegypti;
– Alimentação e Nutrição - Apoio à Alimentação Escolar na Educação Básica (Pnae);
– Turismo - Infraestrutura Turística.
A fiscalização teve como objetivo analisar a aplicação dos recursos federais no Estado,
relativos ao período fiscalizado indicado individualmente, tendo sido os trabalhos de campo
executados no período de 14 de março de 2016 a 30 de março de 2014.
Os exames foram realizados em estrita observância às normas de fiscalização aplicáveis ao
Serviço Público Federal, tendo sido utilizadas, dentre outras, técnicas de inspeção física e
registros fotográficos, análise documental, realização de entrevistas e aplicação de
questionários.
As situações evidenciadas nos trabalhos de campo foram segmentadas de acordo com a
competência de monitoramento a ser realizado pelo Ministério da Transparência, Fiscalização
e Controle.
A primeira parte, destinada aos órgãos e entidades da Administração Pública Federal -
gestores federais dos programas de execução descentralizada - apresentará situações
evidenciadas que, a princípio, demandarão a adoção de medidas preventivas e corretivas
2
desses gestores, visando à melhoria da execução dos Programas de Governo ou à instauração
da competente Tomada de Contas Especiais, as quais serão monitoradas por este Ministério.
Na segunda parte serão apresentadas as situações evidenciadas decorrentes de levantamentos
necessários à adequada contextualização das constatações relatadas na primeira parte. Dessa
forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de recursos
federais, bem como dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no âmbito de suas
competências, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das pastas
ministeriais. Este Ministério não realizará o monitoramento isolado das providências
saneadoras relacionadas a estas constatações.
Indicadores Socioeconômicos do Ente Fiscalizado
População: 3035122
PIB per Capita: 18.575,44
Eleitores: 1940270
Área: 909717 Fonte: Sítio do IBGE.
Informações sobre a Execução da Fiscalização
Ações de controle realizadas nos programas fiscalizados:
Ministério Programa Fiscalizado Qt. Montante Fiscalizado
por Programa
MINISTERIO DA
EDUCACAO
Educação Básica 1 65.159.180,00
TOTALIZAÇÃO MINISTERIO DA EDUCACAO 1 65.159.180,00
MINISTERIO DA
SAUDE
Aperfeiçoamento do Sistema
Único de Saúde (SUS)
1 25.478.129,96
TOTALIZAÇÃO MINISTERIO DA SAUDE 1 25.478.129,96
MINISTERIO DO
TURISMO
Turismo Social no Brasil: Uma
Viagem de Inclusão
1 2.167.000,00
TOTALIZAÇÃO MINISTERIO DO TURISMO 1 2.167.000,00
TOTALIZAÇÃO DA FISCALIZAÇÃO 3 92.804.309,96
Os executores dos recursos federais foram previamente informados sobre os fatos relatados,
não havendo manifestação da Secretaria de Estado de Educação e da Secretaria de Estado de
Saúde de Mato Grosso no prazo estabelecido para resposta, cabendo ao Ministério supervisor,
3
nos casos pertinentes, adotar as providências corretivas visando à consecução das políticas
públicas, bem como à apuração das responsabilidades.
Consolidação de Resultados
Durante os trabalhos de fiscalização realizados no Estado de Mato Grosso, no âmbito do
Programa de Fiscalização em Entes Federativos, constataram-se diversas falhas relativas à
aplicação dos recursos federais examinados, demonstradas por Ministério e Programa de
Governo. Dentre estas, destacam-se, a seguir, as de maior relevância quanto aos impactos
sobre a efetividade dos Programas/Ações executados na esfera local.
Na área da Saúde, a fiscalização identificou: intempestividade na aplicação dos recursos
federais; sobrepreço e desvio de finalidade na aplicação de recursos do bloco Vigilância em
Saúde; falhas na alimentação do Sistema SISPNCD; deficiências de conhecimento para
controle químico; falha na supervisão dos ACEs pela Secretaria de Estado de Saúde; veículos
adquiridos e não utilizados no combate ao Aedes aegypti; falta de manutenção em
equipamentos e veículos destinados ao combate ao mosquito; equipamentos de proteção
individual - EPIs adquiridos e não utilizados no combate ao Aedes aegypti; divergência a
menor das quantidades de inseticidas existentes; perda de insumos fornecidos pelo Ministério
da Saúde e locais inadequados para sua guarda e armazenamento.
Na área da Educação, a fiscalização identificou: descumprimento de percentual mínimo de
aquisições da agricultura familiar; descumprimento e alterações de cardápio sem avaliação de
nutricionista; equipamentos/estruturas inadequadas nas escolas; vedação indevida em editais
de licitação; realização injustificada de pregão na forma presencial; irregularidades no Pregão
Presencial nº 01/2015/CNAE/VG/MT e no Pregão Presencial nº 02/2014/CNAE/CBA/MT.
Na área do Desenvolvimento do Turismo, a fiscalização identificou: morosidade na execução
do Contrato de Repasse nº 291444-95/2009 decorrente de ações pouco efetivas para cumprir
as etapas do processo e concluir o objeto pactuado.
Apesar de esta análise estar segmentada por área ministerial, não se deve perder de vista
aqueles aspectos que, em razão de sua transversalidade, caracterizam mais fortemente as
deficiências da Gestão Estadual, sendo, pois, aqueles que, se corrigidos, tendem a
proporcionar melhorias relevantes.
4
Ordem de Serviço: 201600367
Município/UF: Cuiabá/MT
Órgão: MINISTERIO DA EDUCACAO
Instrumento de Transferência: Não se Aplica
Unidade Examinada: SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCACAO
Montante de Recursos Financeiros: R$ 65.159.180,00
1. Introdução
Os trabalhos de campo foram realizados no período de 14 a 30 de março de 2016 sobre a
aplicação dos recursos do Programa 2030 – Educação Básica, Ação 8744 – Apoio à
Alimentação Escolar na Educação Básica (PNAE) no âmbito do Estado de Mato Grosso, no
período de 01/01/2014 a 31/12/2015, totalizando um montante de R$ 65.159.180,00.
A ação fiscalizada destina-se a suplementar de recursos financeiros para oferta de alimentação
escolar aos estudantes matriculados em todas as etapas e modalidades da educação básica das
redes públicas e de entidades qualificadas como filantrópicas ou por elas mantidas, com o
objetivo de atender às necessidades nutricionais dos estudantes durante sua permanência em
sala de aula, contribuindo para o crescimento, o desenvolvimento biopsicossocial, a
aprendizagem e o rendimento escolar dos estudantes.
Importante destacar que, por meio do Ofício nº 10402/2016/GAB/CGU-Regional/MT, de 20
de abril de 2016, protocolizado na Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso –
Seduc/MT, na mesma data às 15:59h (Protocolo nº 196139/2016), foi encaminhado o
Relatório Preliminar da fiscalização dos recursos públicos federais aplicados pelo Estado, para
fins de manifestação do gestor em dez dias corridos, contados a partir da notificação.
O referido Relatório Preliminar também foi encaminhado ao Governador do Estado de Mato
Grosso, por meio do Ofício nº 10395/GAB/CGU-Regional/MT, de 20 de abril de 2016, para
conhecimento.
Objetivando dar transparência e facilitar a resposta do gestor, foi encaminhada em 25 de abril
de 2016, via e-mail, às 11:35h, a via digitalizada dos Ofícios que foram protocolados junto à
Secretaria e ao Gabinete do Governador, juntamente com o Relatório Preliminar.
Entretanto, não houve manifestação da unidade examinada no prazo estabelecido (data limite
para protocolo da manifestação em 02 de maio de 2016).
2. Resultados dos Exames
Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito de tomada de
providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela forma de
monitoramento a ser realizada por esta Controladoria.
5
2.1 Parte 1
Nesta parte serão apresentadas as situações evidenciadas que demandarão a adoção de
medidas preventivas e corretivas por parte dos gestores federais, visando à melhoria da
execução dos Programas de Governo ou à instauração da competente tomada de contas
especiais, as quais serão monitoradas pela Controladoria-Geral da União.
2.1.1. Instalações físicas/equipamentos inadequados para o preparo das refeições
Fato
A fim de verificar a atuação das escolas na execução da Ação Apoio a Alimentação Escolar
na Educação Básica – PNAE, em especial quanto à regularidade da execução dos recursos,
armazenagem dos alimentos, preparo da alimentação escolar e fornecimento da alimentação
escolar foi selecionada amostra de 12 escolas da região metropolitana de Cuiabá para
verificação “in loco”. São estas:
Quadro – Relação das Escolas da Amostra
Município Nome da Escola Cód Escola Endereço da Escola
Cuiabá EE Nova Chance 51162814 Rua Diogo Domingos Ferreira, 311,
Bairro Bandeirantes
Cuiabá EE Liceu Cuiabano Maria de
Arruda Muller 51039869
Praça General Mallet, 150, Bairro
Quilombo
Várzea
Grande EE Prof José Mendes Martins 51042843
Rua Joao Lopes Macedo, 4, Bairro Jardim
Maringá II
Várzea
Grande EE Prof Adalgisa de Barros 51042622
Av. Pedro Pedrossian, s/n, Bairro Jardim
Aeroporto
Cuiabá EE Andre Avelino Ribeiro 51036541 Av. Deputado Osvaldo Candido Pereira,
365, Bairro Morada da Serra Cpa I
Cuiabá EE Leônidas Antero de Matos 51036495 Rua 36 Q 43, s/n, Bairro Cpa III setor III
Cuiabá EE Professora Maria Hermínia
Alves 51038633 Rua 101 Q 89, 1, Bairro Cpa IV
Cuiabá EE Dione Augusta Silva Souza 51038757 Av. Tuiuiu, 45, 5ª etapa, Bairro Cpa IV
Cuiabá EE Presidente Médici 51036681 Av. Mato Grosso, 564, Bairro Araes
Várzea
Grande EE Nadir DE Oliveira 51043408
Rua 07 de Setembro, 237, Bairro Jardim
Gloria I
Cuiabá EE Dr Estevão Alves Correa 51039990 Rua 230 Q 66, ,51, Bairro Tijucal, Setor II
Várzea
Grande EE Maria Leite Marcoski 51043211
Rua 05 Q 20, s/n, Bairro Jardim Marajoara
I
Mediante visitas, constatou-se existência de estruturas e equipamentos inadequados ou
insuficientes ao preparo da alimentação escolar aos alunos. Estas falhas foram identificadas
em 09 das 12 escolas da amostra, representando 75% do total. Seguem relatos e registros
fotográficos:
EE LEONIDAS ANTERO DE MATOS
Parte do forro da cozinha está caindo e a janela de ventilação não tem tela, o que permite a
entrada de insetos no ambiente.
6
Foto 1 – Forro da cozinha caindo. EE Leônidas
Antero de Matos, Cuiabá (MT), 23 de março de
2016.
Foto 2 – Janelas da cozinha sem proteção contra
entrada de insetos. EE Leônidas Antero de Matos,
Cuiabá (MT), 23 de março de 2016.
EE DR. ESTEVÃO ALVES CORREA
A janela da cozinha não tem telas, o que permite a entrada de insetos no ambiente.
Foto 1 - Janela da cozinha sem proteção.. EE Dr.
Estevão Alves Correa, Cuiabá (MT), 24 de março
de 2016.
EE ANDRÉ AVELINO RIBEIRO
Mediante entrevista, as merendeiras da escola informaram que a quantidade de equipamentos
utensílios é insuficiente ao atendimento dos alunos, uma vez que faltam panelas, 150 pratos,
100 talheres, panela de pressão grande e um liquidificador para bater tempero e suco
separados. Ademais, um dos freezers de armazenamento não está funcionando.
Verificou-se, também, que o refeitório não é adequado ao atendimento dos alunos, uma vez
que possibilita 24 refeições simultâneas e a escola conta com 1.347 alunos distribuídos nos
três turnos, segundo informações prestadas ao Ministério da Educação.
7
Foto 1 - Freezer sem funcionamento. EE
André Avelino Ribeiro, Cuiabá (MT), 29 de
março de 2016.
EE JOSÉ MENDES MARTINS
Constatou-se existência de uma parede vazada na cozinha sem proteção contra entrada de
insetos.
Foto 1 - Parede vazada sem proteção contra
entrada de insetos. EE José Mendes Martins, Várzea
Grande (MT), 29 de março de 2016.
EE PROFESSORA MARIA HERMINIA ALVES
Constatou-se que não há telas nas janelas para evitar a entrada de insetos e a janela por onde
são servidas as refeições não pode ser fechada.
8
Fotos 1 e 2 – Janela de serviço não pode ser
fechada. EE Maria Herminia Alves, Cuiabá (MT),
30 de março de 2016.
Fotos 1 e 2 – Janelas sem proteção contra entrada
de insetos. EE Maria Herminia Alves, Cuiabá
(MT), 30 de março de 2016.
EE ADALGISA DE BARROS
Constatou-se que as janelas da cozinha não têm tela para proteção contra insetos.
Janelas da cozinha sem proteção contra entrada de insetos.
Fotos tiradas em 30/03/2016, período vespertino, na EE Adalgisa de Barros.
EE MARIA LEITE MARCOSKI
Constatou-se que a escola mantém estantes danificadas e com ferrugem para armazenamento
dos produtos.
Foto1 - Armazenamento de produtos em armários
danificados e com ferrugem. EE Adalgisa de
9
Barros, Várzea Grande (MT), 30 de março de
2016.
EE DIONE AUGUSTA SILVA SOUZA
Segundo informações prestadas pelas merendeiras, a escola possui duas geladeiras e três
freezers antigos que necessitam de manutenção, sendo uma das geladeiras fechada com a
ajuda de um arame e um dos freezers descongelado a cada dois dias. Informaram, ainda, que
a balança não está funcionando, o que prejudica a conferência dos produtos recebidos e que a
escola precisa de aproximadamente 300 copos e 150 talheres para poder atender
completamente os alunos.
Ademais, não há telas nas janelas da cozinha para evitar a entrada de insetos.
Fotos 1 e 2 - Janelas da cozinha sem proteção contra entrada de insetos. EE Dione Augusta Silva e
Souza, Cuiabá (MT), 01 de abril de 2016.
EE LICEU CUIABANO MARIA DE ARRUDA MULLER
Constatou-se que a janela de serviço não possui proteção que impeça entrada de insetos na
cozinha da escola.
Fotos 1 e 2 - Janela de serviço sem proteção contra entrada de
insetos. EE Dione Augusta Silva e Souza, Cuiabá (MT), 01 de
abril de 2016.
10
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Não houve manifestação da unidade examinada.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.
##/AnaliseControleInterno##
2.2 Parte 2
Nesta parte serão apresentadas as situações detectadas cuja competência primária para
adoção de medidas corretivas pertence ao executor do recurso federal.
Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de
recursos federais, bem como dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no âmbito de
suas competências, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das pastas
ministeriais. Esta Controladoria não realizará o monitoramento isolado das providências
saneadoras relacionadas a estas constatações.
2.2.1. Descumprimento de percentual mínimo de aquisições da agricultura familiar.
Fato
A Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009, determina que no mínimo 30% do valor repassado
a estados, municípios e Distrito Federal pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE) para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) deve ser
utilizado na compra de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do
empreendedor familiar rural ou de suas organizações, priorizando-se os assentamentos da
reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e as comunidades quilombolas.
A conexão entre a agricultura familiar e a alimentação escolar fundamenta-se nas diretrizes
estabelecidas pela Lei nº 11.947/2009, que dispõe sobre o atendimento da AE, em especial no
que tange:
- Ao emprego da alimentação saudável e adequada, compreendendo o uso de alimentos
variados, seguros, que respeitem a cultura, as tradições e os hábitos alimentares saudáveis e;
- Ao apoio ao desenvolvimento sustentável, com incentivos para a aquisição de gêneros
alimentícios diversificados, sazonais, produzidos em âmbito local e pela agricultura familiar.
A aquisição da agricultura familiar para a alimentação escolar está regulamentada
pela Resolução CD/ FNDE nº 26, de 17 de junho de 2013, que dispõe sobre o atendimento da
alimentação escolar aos alunos da educação básica no âmbito do PNAE.
11
A compra institucional da agricultura familiar é, assim, parte de um processo que reconhece
a necessidade de se pensar em uma forma de produção de alimentos que atenda às demandas
nutricionais da população e garanta a evolução social e econômica dos agricultores familiares,
a partir de formas alternativas de produção e comercialização de alimentos.
O apoio ao desenvolvimento sustentável local ocorre pela priorização da compra de produtos
diversificados, orgânicos ou agroecológicos, e que sejam produzidos no próprio município
onde está localizada a escola, ou na mesma região, com especial atenção aos assentamentos
rurais e comunidades indígenas e quilombolas. Nesse sentido, para o município, significa a
geração de emprego e renda, fortalecendo e diversificando a economia local, e valorizando as
especificidades e os hábitos alimentares locais.
Para identificar a diversidade e a quantidade dos gêneros alimentícios ofertados pela
agricultura familiar que poderão ser utilizados no cardápio da alimentação escolar, é de grande
importância que haja um diálogo e um trabalho conjunto entre as Secretarias de Educação e
de Agricultura (ou equivalente) da entidade executora, e destas com as representações da
agricultura familiar e de segmentos que possam trabalhar com a interlocução entre ambas,
como as entidades locais de assistência técnica e extensão rural (ATER). A partir dessa
articulação, será possível realizar o mapeamento dos produtos da agricultura familiar local.
O mapeamento deve conter, no mínimo, a discriminação dos produtos locais, quantidade de
produção e época de colheita (calendário agrícola). A participação do nutricionista é de
fundamental importância nesse processo, pois é este o profissional que irá compor o cardápio
escolar, levando em consideração o mapeamento dos produtos da agricultura familiar local. O
nutricionista poderá ainda contar com o apoio das entidades representativas da agricultura
familiar, para conhecer os agricultores locais e seus níveis de organização, capacidade
logística, de beneficiamento da produção, entre outros, de forma a identificar e estimular o
potencial para diversificar a sua produção e atender à demanda da alimentação escolar.
De posse do mapeamento dos produtos da agricultura familiar local, o nutricionista
responsável técnico elabora os cardápios da alimentação escolar, incluindo alimentos
regionais, com respeito às referências nutricionais e aos hábitos alimentares locais, e conforme
a safra. O nutricionista tem um papel fundamental em planejar um cardápio nutritivo, com
produtos de qualidade para a alimentação escolar, respeitando a cultura e a vocação agrícola
local, e considerando a sazonalidade e a quantidade produzida na região.
Entretanto, mediante análise da prestação de contas das 12 escolas da amostra selecionada,
constatou-se que o percentual mínimo de aquisição de produtos da agricultura familiar não foi
observado na execução do Programa de Alimentação Escolar.
Segue detalhamento da destinação dos recursos da alimentação escolar nas escolas da amostra
nos exercícios de 2014 e 2015:
Tabela 01 – Destinação de Recursos da Alimentação para as Escolas da Amostra (2014)
ESCOLA
2014/01 2014/02
Comércio Agricultura
Familiar % / Total Comércio
Agricultura
Familiar % / Total
EE Nova Chance R$
36.773,00
R$
12.180,00 24,88% R$ 91.316,85 R$ - 0,00%
EE Liceu
Cuiabano Maria
de Arruda Muller
R$
50.109,13
R$
10.604,92 17,47%
Prestação de
contas não
apresentada
Prestação de
contas não
apresentada
Prestação de
contas não
apresentada
12
EE Prof Jose
Mendes Martins
Prestação de
contas não
apresentada
Prestação de
contas não
apresentada
Prestação de
contas não
apresentada
Prestação de
contas não
apresentada
Prestação de
contas não
apresentada
Prestação de
contas não
apresentada
EE Prof Adalgisa
de Barros
R$
42.001,31 R$ 4.757,55 10,17% R$ 76.091,55 R$ 4.732,03 5,85%
EE Andre
Avelino Ribeiro
R$
30.341,55 R$ 6.146,40 16,85% R$ 26.845,00 R$ 7.888,35 22,71%
EE Leonidas
Antero de Matos
Prestação de
contas não
apresentada
Prestação de
contas não
apresentada
Prestação de
contas não
apresentada
Prestação de
contas não
apresentada
Prestação de
contas não
apresentada
Prestação de
contas não
apresentada
EE Professora
Maria Herminia
Alves
Prestação de
contas não
apresentada
Prestação de
contas não
apresentada
Prestação de
contas não
apresentada
Prestação de
contas não
apresentada
Prestação de
contas não
apresentada
Prestação de
contas não
apresentada
EE Dione
Augusta Silva
Souza
R$
31.857,87 R$ 6.247,06 16,39% R$ 60.133,66 R$ 6.885,26 10,27%
EE Presidente
Medici
R$
72.978,67
R$
16.540,79 18,48% R$ 39.607,18 R$ 9.036,36 10,27%
EE Nadir de
Oliveira
Prestação de
contas não
apresentada
Prestação de
contas não
apresentada
Prestação de
contas não
apresentada
R$ 39.607,18 R$ 9.036,36 18,58%
EE Dr Estevao
Alves Correa
R$
41.037,97 R$ 7.112,95 14,77% R$ 46.568,03 R$ 6.617,89 12,44%
EE Maria Leite
Marcoski
R$
45.139,29 R$ 8.750,00 16,24% R$ 56.002,00 R$ 2.116,00 3,64%
Fonte: Prestações de contas da escolas da amostra do exercício de 2014. Processos nº 425170/2015,
425134/2015, 145173/2015, 113805/2015, 39624/2015, 31546/2015, 65920/2015, 479346/2014,
112925/2015, 517846/2014, 76711/2015, 501441/2014, 483200/2014, 296831/2015 e 653114/2014
Tabela 02 – Destinação de Recursos da Alimentação para as Escolas da Amostra (2015)
ESCOLA 2015
Comércio Agricultura Familiar % / Total
EE Nova Chance Prestação de contas
não apresentada
Prestação de contas
não apresentada
Prestação de contas
não apresentada
EE Liceu Cuiabano Maria de Arruda
Muller
Prestação de contas
não apresentada
Prestação de contas
não apresentada
Prestação de contas
não apresentada
EE Prof Jose Mendes Martins Prestação de contas
não apresentada
Prestação de contas
não apresentada
Prestação de contas
não apresentada
EE Prof Adalgisa de Barros Prestação de contas
não apresentada
Prestação de contas
não apresentada
Prestação de contas
não apresentada
EE Andre Avelino Ribeiro R$ 76.852,57 R$ 19.544,52 20,28%
EE Leonidas Antero de Matos Prestação de contas
não apresentada
Prestação de contas
não apresentada
Prestação de contas
não apresentada
EE Professora Maria Herminia
Alves
Prestação de contas
não apresentada
Prestação de contas
não apresentada
Prestação de contas
não apresentada
EE Dione Augusta Silva Souza R$ 78.900,75 R$ 16.290,64 17,11%
EE Presidente Medici R$ 166.965,40 R$ 31.577,17 15,90%
EE Nadir de Oliveira R$ 82.385,31 R$ 22.314,66 21,31%
EE Dr Estevao Alves Correa R$ 110.136,65 R$ 21.627,96 16,41%
EE Maria Leite Marcoski R$ 68.177,13 R$ 17.230,70 20,17%
Fonte: Prestações de contas das escolas da amostra do exercício de 2015, registradas nos Processos nº
42687/2016, 156904/2016, 83028/2016, 97709/2016, 134309/2016 e 154083/2016.
13
Conforme se observa, nenhuma das escolas da amostra atingiu nos exercícios de 2014 e 2015
o percentual mínimo de aquisições da agricultura familiar, contrariando o que preceitua a Lei
nº 11.947, de 16 de junho de 2009.
Importante destacar, ainda, que houve prejuízo aos trabalhos de fiscalização ante a não
disponibilização de várias prestações de contas solicitadas para exame à Secretaria de
Educação mediante a Solicitação de Fiscalização nº 201600367/004, de 01 de abril de 2016,
com reiteração mediante a Solicitação de Fiscalização nº 201600367/005, de 12 de abril de
2016.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Não houve manifestação da unidade examinada.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.2. Irregularidades no Pregão Presencial nº 01/2015/CNAE/VG/MT.
Fato
Cuida esse procedimento do Pregão Presencial nº 01/2015/CNAE/VG/MT (Polo I, Protocolo
nº 449250/2015 de 31/08/2015, e Polo II, Protocolo nº 449198/2015 de 31/08/2015), realizado
pela Câmara de Negócios da Alimentação Escolar de Várzea Grande (MT).
Conforme Resolução/MEC nº 26, de 17 de junho de 2013, alterada pela Resolução/MEC nº
04, de 2 de abril de 2015, a aquisição de gêneros alimentícios para o PNAE deverá ser
realizada por meio de licitação pública, nos termos da Lei nº 8.666/1993 ou da Lei nº
10.520/2002, ou, ainda, por dispensa do procedimento licitatório, nos termos do art. 14, da
Lei nº 11.947/2009, utilizando, para esse caso, prévia chamada pública.
Considera-se chamada pública o procedimento administrativo voltado à seleção de proposta
específica para aquisição de gêneros alimentícios provenientes da Agricultura Familiar e/ou
Empreendedores Familiares Rurais ou suas organizações.
Participaram da licitação para o Polo I as empresas J. GONÇALO DA SILVA FORTE ME
(CNPJ 06.194.097/0001-05), COMERCIAL VILLAGE (ANDREA BORTOLOMEDI - EPP
– CNPJ 05.794.328/0001-40), ZR COMÉRCIO DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS LTDA
(CNPJ 07.153.811/0001-71), ODAIR P SILVA FORTES ME (CNPJ 08.917.662/0001-32),
MÁLAGA COMÉRCIO DE SERVIÇO LTDA – ME (CNPJ 03.942.611/0001-47),
GRAMADO DISTRIBUIDORA E COMÉRCIO EIRELLI – EPP (CNPJ 19.808.881/0001-
08), COMERCIAL PAMEX LTDA ME (CNPJ 16.903.044/0001-61), UGOLINI E CIA –
LTDA (CNPJ 01.354.498/0001-53) e SJS COMERCIO E SERVIÇOS LTDA (CNPJ
02.729.014/0001-76). Venceram para esse Polo as empresas Comercial Village, pelo valor de
R$ 1.117.233,20, ZR, pelo valor de R$ 661.361,05, e J. Gonçalo, pelo valor de R$ 831,367,33.
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Participaram da licitação para o referido Polo II as empresas J. GONÇALO DA SILVA
FORTE ME (CNPJ 06.194.097/0001-05), COMERCIAL PAMEX LTDA ME (CNPJ
16.903.044/0001-61), ODAIR P SILVA FORTES ME (CNPJ 08.917.662/0001-32), SJS
COMERCIO E SERVIÇOS LTDA (CNPJ 02.729.014/0001-76), PROVEL COM. DE ALIM.
LTDA (CNPJ 33.677.006/0001-57). Venceram para esse Polo as empresas SJS, pelo valor de
R$ 1.235.571,70, Pamex, pelo valor de R$ 392.303,15, e J. Gonçalo, pelo valor de R$
455.178,90. Paralelamente, foi aberto processo de Chamada Pública cujos objetos foram
adjudicados a três cooperativas totalizando R$ 795.807,66.
Da análise dos processos acima relacionados realizados pelo Estado de Mato Grosso, por meio
da Câmara de Negócios da Alimentação Escolar de Várzea Grande (MT), para a compra de
gêneros alimentícios para atender ao PNAE, verifica-se:
1) Utilização de pregão presencial.
Verificou-se que a Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso – Seduc/MT adquiriu
gêneros alimentícios com recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar – Pnae por
meio de pregão presencial sem a devida justificativa para não utilização do pregão eletrônico.
O instituto do Pregão, instituído pela Lei 10.520/2002, impôs importantes alterações na
sistemática da licitação. Apesar das grandes vantagens comparativas, em especial a celeridade
processual, a aplicação do pregão era, à época da sua criação, facultativa. Entretanto, a partir
de 1º de julho de 2005, quando entrou em vigência o Decreto 5.450/2005, essa modalidade
licitatória tornou-se obrigatória, preferencialmente na forma eletrônica, para todas as compras
e contratações de bens e serviços comuns do Governo Federal.
Com efeito, o Pregão nº 01/2015/CNAE/VG/MT foi realizado na forma presencial, em que
pese todos os seus itens se referirem à alimentação escolar, logo, pagos com recursos do
Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE. Portanto, por se tratar de aquisição de
bens comuns, deveria ter sido utilizado o pregão eletrônico.
O Tribunal de Contas da União (TCU) consolidou o entendimento de que nas licitações
realizadas no âmbito da União, para aquisição de bens e serviços comuns, é obrigatório o
emprego da modalidade pregão eletrônico, que só poderá ser preterida quando comprovada e
justificadamente for inviável.
No Acórdão nº 2368/2013 – TCU – Plenário, o Ministro Relator entendeu que os recursos do
PNAE são transferências que não possuem natureza obrigatória, pois a Lei 11.947/2009 (que
rege o Programa) fixa exigências mínimas para a realização dos repasses, os quais podem ser
suspensos em caso de não cumprimento. Assim sendo, a natureza dos recursos repassados
pela União por conta do PNAE permanece sendo federal, e não se torna receita própria do
ente beneficiário. Logo, a aplicação desses recursos devem seguir as regras gerais
estabelecidas pela União:
“(...) 24. A meu ver, o PNAE é um exemplo de que nem toda transferência prevista em
lei possui natureza obrigatória. Prova disso é que a Lei 11.947/2009 (que rege o
programa) fixa exigências mínimas típicas da essência de uma transferência
voluntária, sendo que a realização dos repasses pode ser suspensa se Estados, Distrito
Federal e Municípios não as cumprirem.
25. Assim sendo, creio que os aportes federais de recursos para educação, por meio do
PNAE, consistem em transferências voluntárias, uma vez que são recursos transferidos
a título de cooperação e mediante o atendimento de diversos requisitos impostos pelo
ente concedente. (...)
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29. Ultrapassada essa primeira questão, creio não haver dúvidas de que a natureza dos
recursos repassados pela União por conta do PNAE permanece sendo federal, e não se
torna receita própria do ente beneficiário.
30. Logo, entendo que a aplicação de recursos do PNAE deve seguir as regras gerais
estabelecidas pela União, cabendo aos Estados e Municípios apenas ditar normas
específicas.” (grifos nossos).
Assim, a utilização de outra modalidade licitatória que não o pregão eletrônico para a
aquisição de bens ou serviços comuns, sem a devida justificativa de sua inviabilidade, é
irregular, por confrontar as disposições legais vigentes e a jurisprudência do TCU.
2) Descumprimento de exigências formais no original do edital.
O original do edital não está datado, não está rubricado em todas as folhas e não há
identificação nominal do Pregoeiro, em descumprimento ao determinado no § 1º, art. 40, da
Lei 8.666/1993. No processo para o Polo I o edital tampouco está assinado:
Polo I - Protocolo nº 449250/2015 Polo II - Protocolo nº 449198/2015
3) Prazo para apresentação das propostas inferior ao mínimo estabelecido em lei.
Verificou-se que o edital do Pregão Presencial nº 01/2015/CNAE/VG/MT para aquisição de
gêneros alimentícios com recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar – Pnae não
observou o prazo mínimo de oito dias úteis entre a publicação do aviso e a apresentação das
propostas, contrariando as disposições do art. 4º, inciso V, da Lei nº 10.520/2002.
O aviso do edital foi publicado do Diário Oficial do Estado de 14 de julho de 2015 (página
49), que circulou no dia 15 de julho de 2015. No entanto, o recebimento das propostas e
documentos de habilitação ocorreu no dia 22 de julho de 2015, ou seja, seis dias úteis após a
publicação do aviso.
4) Presença de cláusula restritiva no edital.
Verificou-se que o edital do Pregão nº 01/2015/CNAE/VG/MT, para aquisição de gêneros
alimentícios com recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar – Pnae apresenta
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vedação indevida de apresentação de impugnações e recursos por meio fac-símile (fax) ou e-
mail ou qualquer outro meio eletrônico.
Tal vedação, além de prejudicar a celeridade do processo, cerceia o pleno gozo do direito de
petição garantido no art. 5º, inciso XXXIV, alínea a, da Constituição Federal.
A restrição da apresentação de recursos ou contrarrazões por meio de e-mail, fac-símile ou
qualquer outro meio eletrônico, sendo aceito apenas os realizados por meio físico, beneficia
empresas estabelecidas na mesma localidade ou municípios limítrofes por possuírem melhores
condições de fazer uso do direito de petição (art. 5º, inciso XXXIV, 'a', da Constituição da
República) do que aquelas estabelecidas em localidades mais distantes ou em outros
municípios.
Entretanto, no caso concreto, não haveria prejuízo para a Administração aceitar essas
contestações por meio de e-mail, via postal ou fax. Pelo contrário, a utilização dos referidos
meios de comunicação tornariam o processo mais célere. O legislador, atento a isso, já
positivou no art. 5º, inciso LXXVII, da Constituição Federal, o respeito ao princípio da
celeridade processual no âmbito dos processos judicial e administrativo.
Cabe destacar que o Tribunal de Contas da União tem considerado que a vedação à
apresentação de impugnações e recursos por meio de telegrama, via postal ou fac-símile (fax),
cerceia o pleno gozo do direito de petição garantido no art. 5º, inciso XXXIV, alínea a, da
Constituição Federal (Acórdão nº 2266/2011 – TCU Plenário).
5) Relacionamento entre as empresas que participaram do processo licitatório.
Em consulta aos sistemas corporativos, verificou-se que as empresas participantes do processo
tem ligação entre elas, conforme segue:
Polo I – Grupo 1
18
Polo II – Grupo 2
Com efeito, o Tribunal de Contas da União tem demonstrado que fraudes em processos
licitatórios dificilmente deixam provas cabais e expressas, devendo ser apurados, em geral,
mediante o somatório de indícios, uma vez que, quando situações desse tipo ocorrem, não se
faz, por óbvio, qualquer tipo de registro escrito (Acórdão TCU nº 888/2011 – Plenário). Nesse
sentido, vale relembrar que o Supremo Tribunal Federal já manifestou, no julgamento do RE
68.006-MG, que “indícios são provas, se vários, convergentes e concordantes”. Na
constatação em epígrafe, percebe-se que as informações apresentadas findaram por
demonstrar a presença de irregularidades nos procedimentos licitatórios levados a efeito para
contratar empresas previamente determinadas pela Administração.
##/Fato##
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Manifestação da Unidade Examinada
Não houve manifestação da unidade examinada.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.3. Irregularidades no Pregão Presencial nº 02/2014/CNAE/CBA/MT.
Fato
Cuida esse procedimento do Pregão Presencial nº 02/2014/CNAE/CBA/MT realizado pela
Câmara de Negócios da Alimentação Escolar de Cuiabá – MT para “Registro de preços para
aquisição de gêneros alimentícios destinados a alimentação escolar dos alunos matriculados
nas Unidades Escolares que ofertam a Educação Infantil (creche), Ensino Fundamental,
Médio, e os Centros de Educação de Jovens e Adultos – CEJAS, da Rede Pública Estadual
do Município de Cuiabá - MT”, considerando, Divisão por Regiões, 04 (quatro) regiões:
Norte, Oeste, Leste e Sul, conforme especificações apresentadas no Anexo II, na Modalidade
Pregão Presencial – Menor Preço (região oeste, Protocolo nº 552284/2014, região leste,
Protocolo nº 552282/2014, região norte, Protocolo nº 552285/2014, e região sul, Protocolo nº
552281/2014).
Conforme Resolução/MEC nº 26, de 17 de junho de 2013, alterada pela Resolução/MEC nº
04, de 2 de abril de 2015, a aquisição de gêneros alimentícios para o PNAE deverá ser
realizada por meio de licitação pública, nos termos da Lei nº 8.666/1993 ou da Lei nº
10.520/2002, ou, ainda, por dispensa do procedimento licitatório, nos termos do art. 14, da
Lei nº 11.947/2009, utilizando, para esse caso, prévia chamada pública.
Participaram da licitação para a região oeste as empresas Provel Comércio de Alimentos
LTDA EPP (CNPJ 33.677.006/0001-57), Panificadora Novo Sabor LTDA ME (CNPJ
03.162.125/0001-24), L. L. Panificadora LTDA ME (CNPJ 07.944.899/0001-40), Andrea
Bortolomedi (CNPJ 05.794.328/0001-40), Odair P. da Silva Fortes ME (CNPJ –
08.917.662/0001-32), SJS Distribuidora de Alimentos LTDA EPP (CNPJ 02.729.014/0001-
76), Maria Pasini ME (CNPJ 01.859.426/0001-68), ZR Comércio de Produtos Alimentícios
LTDA (CNPJ 07.153.811/0001-71), Comercial PAMEX LTDA ME (CNPJ 16.903.044/0001-
61), Ugolini e Cia LTDA (CNPJ 01.354.498/0001-53) e Gramado Distribuidora e Comércio
EIRELI – EPP (CNPJ 19.808.881/0001-08).
Sagraram-se vencedoras para essa região as empresas ZR Comércio, pelo valor de R$
252.118,27, SJS Comércio, pelo valor de R$ 507.155,05, Ugolini, pelo valor de R$
385.371,19, Provel, pelo valor de R$ 200,00, Comercial PAMEX, pelo valor de R$
171.845,49 e Panificadora Doce Dia, pelo valor de R$ 120.828,84.
Participaram da licitação para região leste as empresas Provel Comércio de Alimentos LTDA
EPP (CNPJ 33.677.006/0001-57), Panificadora Novo Sabor LTDA ME (CNPJ
03.162.125/0001-24), Andrea Bortolomedi (CNPJ 05.794.328/0001-40), Odair P. da Silva
20
Fortes ME (CNPJ – 08.917.662/0001-32), SJS Distribuidora de Alimentos LTDA EPP (CNPJ
02.729.014/0001-76), Maria Pasini ME (CNPJ 01.859.426/0001-68), Comercial PAMEX
LTDA ME (CNPJ 16.903.044/0001-61) e Ugolini e Cia LTDA (CNPJ 01.354.498/0001-53).
Sagraram-se vencedoras para a região leste as empresas Comercial Village, pelo valor de R$
721.260,85, Comercial Pamex, pelo valor de R$ 258.556,24, Ugolini, pelo valor de R$
167.248,34, Provel, pelo valor de R$ 71.176,14, Maria Pasini, pelo valor de R$ 52.799,67 e
Panificadora Doce Dia, pelo valor de R$ 251.809,14.
Participaram da licitação para a região norte as empresas Provel Comércio de Alimentos
LTDA EPP (CNPJ 33.677.006/0001-57), Panificadora Novo Sabor LTDA ME (CNPJ
03.162.125/0001-24), L. L. Panificadora LTDA ME (CNPJ 07.944.899/0001-40), Andrea
Bortolomedi (CNPJ 05.794.328/0001-40), Odair P. da Silva Fortes ME (CNPJ –
08.917.662/0001-32), SJS Distribuidora de Alimentos LTDA EPP (CNPJ 02.729.014/0001-
76), Maria Pasini ME (CNPJ 01.859.426/0001-68), ZR Comércio de Produtos Alimentícios
LTDA (CNPJ 07.153.811/0001-71), Comercial PAMEX LTDA ME (CNPJ 16.903.044/0001-
61), Ugolini e Cia LTDA (CNPJ 01.354.498/0001-53) e Gramado Distribuidora e Comércio
EIRELI – EPP (CNPJ 19.808.881/0001-08).
Sagraram-se vencedoras para essa região as empresas ZR Comércio, pelo valor de R$
889.328,11, Ugolini, pelo valor de R$ 529.334,46, Provel, pelo valor de R$ 386.112,42,
Comercial PAMEX, pelo valor de R$ 135.851,69 e Panificadora Novo Sabor, pelo valor de
R$ 264.157,37.
Participaram da licitação para a região sul as empresas Provel Comércio de Alimentos LTDA
EPP (CNPJ 33.677.006/0001-57), Panificadora Novo Sabor LTDA ME (CNPJ
03.162.125/0001-24), L. L. Panificadora LTDA ME (CNPJ 07.944.899/0001-40), Andrea
Bortolomedi (CNPJ 05.794.328/0001-40), Odair P. da Silva Fortes ME (CNPJ –
08.917.662/0001-32), SJS Distribuidora de Alimentos LTDA EPP (CNPJ 02.729.014/0001-
76), Maria Pasini ME (CNPJ 01.859.426/0001-68), ZR Comércio de Produtos Alimentícios
LTDA (CNPJ 07.153.811/0001-71), Comercial PAMEX LTDA ME (CNPJ 16.903.044/0001-
61) e Ugolini e Cia LTDA (CNPJ 01.354.498/0001-53).
Sagraram-se vencedoras para a região sul as empresas Comercial Village, pelo valor de R$
595.045,91, Comercial Pamex, pelo valor de R$ 182.151,61, Provel, pelo valor de R$
542.171,52, Maria Pasini, pelo valor de R$ 40.815,39 e Panificadora Doce Dia, pelo valor de
R$ 260.073,94.
Paralelamente, foram abertos processos de Chamada Pública cujos objetos foram adjudicados
pelos valores de R$ 715.870,01 para a região oeste, R$ 488.490,23 para a região leste, R$
924.789,11 para a região norte e R$ 514.879,07 na região sul.
Em análise aos processos acima relacionados realizados pelo Estado de Mato Grosso, por
meio da Câmara de Negócios da Alimentação Escolar de Cuiabá (MT), merecem destaque as
seguintes observações:
1) Utilização de pregão presencial e não pregão eletrônico.
Verificou-se que a Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso – Seduc/MT adquiriu
gêneros alimentícios com recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar – Pnae por
meio de pregão presencial sem a devida justificativa para não utilização do pregão eletrônico.
O instituto do Pregão, instituído pela Lei 10.520/2002, impôs importantes alterações na
sistemática da licitação. Apesar das grandes vantagens comparativas, em especial a celeridade
processual, a aplicação do pregão era, à época da sua criação, facultativa. Entretanto, a partir
21
de 1º de julho de 2005, quando entrou em vigência o Decreto 5.450/2005, essa modalidade
licitatória tornou-se obrigatória, preferencialmente na forma eletrônica, para todas as compras
e contratações de bens e serviços comuns do Governo Federal.
Com efeito, o Pregão nº 02/2014/CNAE/CBA/MT foi realizado na forma presencial, em que
pese todos os seus itens se referirem à alimentação escolar, logo, pagos com recursos do
Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE. Portanto, por se tratar de aquisição de
bens comuns, deveria ter sido utilizado o pregão eletrônico.
O Tribunal de Contas da União (TCU) consolidou o entendimento de que nas licitações
realizadas no âmbito da União, para aquisição de bens e serviços comuns, é obrigatório o
emprego da modalidade pregão eletrônico, que só poderá ser preterida quando comprovada e
justificadamente for inviável.
No Acórdão nº 2368/2013 – TCU – Plenário, o Ministro Relator entendeu que os recursos do
PNAE são transferências que não possuem natureza obrigatória, pois a Lei 11.947/2009 (que
rege o Programa) fixa exigências mínimas para a realização dos repasses, os quais podem ser
suspensos em caso de não cumprimento. Assim sendo, a natureza dos recursos repassados
pela União por conta do PNAE permanece sendo federal, e não se torna receita própria do
ente beneficiário. Logo, a aplicação desses recursos devem seguir as regras gerais
estabelecidas pela União:
“(...) 24. A meu ver, o PNAE é um exemplo de que nem toda transferência prevista em
lei possui natureza obrigatória. Prova disso é que a Lei 11.947/2009 (que rege o
programa) fixa exigências mínimas típicas da essência de uma transferência
voluntária, sendo que a realização dos repasses pode ser suspensa se Estados, Distrito
Federal e Municípios não as cumprirem.
25. Assim sendo, creio que os aportes federais de recursos para educação, por meio do
PNAE, consistem em transferências voluntárias, uma vez que são recursos transferidos
a título de cooperação e mediante o atendimento de diversos requisitos impostos pelo
ente concedente. (...)
29. Ultrapassada essa primeira questão, creio não haver dúvidas de que a natureza dos
recursos repassados pela União por conta do PNAE permanece sendo federal, e não se
torna receita própria do ente beneficiário.
30. Logo, entendo que a aplicação de recursos do PNAE deve seguir as regras gerais
estabelecidas pela União, cabendo aos Estados e Municípios apenas ditar normas
específicas.” (grifos nossos).
Assim, a utilização de outra modalidade licitatória que não o pregão eletrônico para a
aquisição de bens ou serviços comuns, sem a devida justificativa de sua inviabilidade, é
irregular, por confrontar as disposições legais vigentes e a jurisprudência do TCU.
2) Presença de cláusula restritiva no edital.
Verificou-se que o edital do Pregão nº 02/2014/CNAE/CBA/MT, para aquisição de gêneros
alimentícios com recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar – Pnae apresenta
vedação indevida de apresentação de impugnações e recursos por meio fac-símile (fax) ou e-
mail ou qualquer outro meio eletrônico.
Tal vedação, além de prejudicar a celeridade do processo, cerceia o pleno gozo do direito de
petição garantido no art. 5º, inciso XXXIV, alínea a, da Constituição Federal.
22
A restrição da apresentação de recursos ou contrarrazões por meio de e-mail, fac-símile ou
qualquer outro meio eletrônico, sendo aceito apenas os realizados por meio físico, beneficia
empresas estabelecidas na mesma localidade ou municípios limítrofes por possuírem melhores
condições de fazer uso do direito de petição (art. 5º, inciso XXXIV, 'a', da Constituição da
República) do que aquelas estabelecidas em localidades mais distantes ou em outros
municípios.
Entretanto, no caso concreto, não haveria prejuízo para a Administração aceitar essas
contestações por meio de e-mail, via postal ou fax. Pelo contrário, a utilização dos referidos
meios de comunicação tornaria o processo mais célere. O legislador, atento a isso, já positivou
no art. 5º, inciso LXXVII, da Constituição Federal, o respeito ao princípio da celeridade
processual no âmbito dos processos judicial e administrativo.
Cabe destacar que o Tribunal de Contas da União tem considerado que a vedação à
apresentação de impugnações e recursos por meio de telegrama, via postal ou fac-símile (fax),
cerceia o pleno gozo do direito de petição garantido no art. 5º, inciso XXXIV, alínea a, da
Constituição Federal (Acórdão nº 2266/2011 – TCU Plenário).
3) Comportamento atípico de licitantes concorrentes.
Mediante análise das planilhas de adjudicação do processo licitatório em destaque, observou-
se que 67% dos itens adjudicados têm preços idênticos nas quatro regiões, com absoluta
ausência de variação de preços, embora vencidos por diferentes empresas:
Quadro – Itens adjudicados idênticos nas Regiões – Pregão Presencial 02/2014 – Cuiabá/CBA
Produto Oeste Leste Sul Norte
Preço
Adjud.
(R$)
Açafrão ZR Com. Com. Village Com. Village Provel 38,00
Achocolatado em pó ZR Com. Com. Village Com. Village Provel 13,00
Açúcar cristal SJS Com. Com. Village Provel ZR Com. 1,81
Açúcar mascavo SJS Com. Com. Village Provel ZR Com. 6,60
Amido de milho SJS Com. Com. Village Provel ZR Com. 4,90
Arroz branco Pamex Pamex Provel ZR Com. 1,80
Aveia em flocos ZR Com. Com. Village Com. Village Provel 8,98
Azeite de oliva SJS Com. Com. Village Provel ZR Com. 28,00
Bolacha doce ZR Com. Com. Village Com. Village Provel 6,28
Bolacha sal ZR Com. Com. Village Com. Village Provel 6,21
Canela em casca SJS Com. Com. Village Provel ZR Com. 40,00
Canela em pó SJS Com. Com. Village - Provel 40,00
Canjiquinha (quirela) SJS Com. Com. Village Provel ZR Com. 3,50
Carne bovina - charque Ugolini Ugolini - Ugolini 18,00
Carne bovina de 1ª em
cubos, iscas e peça inteira:
alcatra
SJS Com. Com. Village Com. Village ZR Com. 18,50
Carne bovina de 1ª em
cubos, iscas e peça inteira:
contra-filé
SJS Com. Com. Village Provel ZR Com. 17,91
Carne bovina de 1ª em
cubos, iscas e peça inteira:
coxão duro
SJS Com. Com. Village Provel ZR Com. 16,00
Carne bovina de 1ª em
cubos, iscas e peça inteira:
coxão mole
SJS Com. Com. Village Provel ZR Com. 18,00
23
Carne bovina de 1ª moída:
coxão duro SJS Com. Com. Village Provel ZR Com. 15,50
Carne bovina de 1ª moída:
patinho SJS Com. Com. Village Provel ZR Com. 15,50
Carne bovina de 2ª em
cubos, iscas e peça inteira:
cabeça de lombo
SJS Com. Com. Village Provel ZR Com. 12,40
Carne bovina de 2ª em
cubos, iscas e peça inteira:
capa de contra-filé
SJS Com. Com. Village Provel ZR Com. 12,60
Carne bovina de 2ª em
cubos, iscas e peça inteira:
fraldinha
SJS Com. Com.Village Provel ZR Com. 13,00
Carne bovina de 2ª moída:
acém SJS Com. Com.Village Provel ZR Com. 12,40
Carne bovina de 2ª moída:
cabeça de lombo SJS Com. Com.Village Provel ZR Com. 12,40
Carne bovina de 2ª moída:
fraldinha SJS Com. Com.Village Provel ZR Com. 13,00
Carne bovina de 2ª moída:
maminha SJS Com. Com.Village Provel ZR Com. 13,00
Carne suína - paleta ZR Com. Com.Village Com. Village Provel 11,20
Chocolate em pó ZR Com. Com.Village Provel ZR Com. 10,50
Erva doce SJS Com. Com.Village Provel ZR Com. 44,00
Farinha de milho ZR Com. Com.Village Provel Provel 4,30
Farinha de trigo Ugolini Ugolini Com. Village Ugolini 2,70
Feijão preto ZR Com. Com.Village Com. Village Provel 4,00
Fermento químico SJS Com. Panif. Doce Dia Provel ZR Com. 16,80
Fígado bovino SJS Com. Com.Village Provel ZR Com. 7,90
Frango - coxa e sobrecoxa Ugolini Pamex Pamex Ugolini 7,60
Fubá mimoso Ugolini Ugolini Com. Village Ugolini 2,40
Leite de soja ZR Com. Ugolini Com. Village Provel 4,75
Leite em pó - Ugolini Com. Village Provel 23,00
Leite pausterizado tipo C Ugolini Maria Pasini Maria Pasini Ugolini 2,31
Lentilha SJS Com. Com.Village Provel ZR Com. 9,50
Louro ZR Com. Com.Village Provel Provel 107,00
Macarrão tipo espaguete,
parafuso, padre nosso, ave
maria, conchinha, aletria
etc.
ZR Com. Com. Village Com. Village Provel 4,05
Margarina Panif. Doce Dia Panif. Doce Dia LL Panif. Panif. Novo Sabor 7,75
Massa para lasanha ZR Com. Com.Village Provel Provel 9,40
Massa para pizza Panif. Doce Dia Panif. Doce Dia Provel Panif. Novo Sabor 7,60
Milho para canjica -
amarelo SJS Com. Com.Village Provel ZR Com. 3,50
Milho para canjica -
branco Ugolini Ugolini Com. Village Ugolini 4,30
Molho de tomate ZR Com. Com.Village Com. Village Provel 5,50
Noz moscada SJS Com. Com.Village Provel ZR Com. 140,00
Óleo vegetal - soja SJS Com. Com.Village Provel ZR Com. 3,00
Óleo vegetal
(milho/girassol) SJS Com. Provel Provel ZR Com. 6,98
Orégano ZR Com. Com.Village Com. Village Provel 22,90
Pão doce Panif. Doce Dia Panif. Doce Dia LL Panif. Panif. Novo Sabor 8,19
Pão francês Panif. Doce Dia Panif. Doce Dia LL Panif. Panif. Novo Sabor 7,80
Peixe - água doce ZR Com. Com. Village Com. Village Provel 16,70
24
Peixe - água salgada Ugolini Ugolini Com. Village Ugolini 17,90
Queijo ralado Ugolini Ugolini Com. Village Ugolini 39,80
Requeijão ZR Com. Provel Com. Village Provel 10,70
Retalho de frango sem
pele e sem osso ZR Com. Com.Village Com. Village Provel 8,60
Sal ZR Com. Com.Village Provel Provel 1,05
Salsicha de frango Ugolini Ugolini Com. Village Ugolini 5,59
Salsicha tipo hot dog ZR Com. Com.Village Com. Village Ugolini 5,00
Sardinha em óleo ZR Com. Com.Village Com. Village Provel 22,58
Suco concentrado para
bebida mista de fruta sem
açúcar
Ugolini Com. Village Provel ZR Com. 9,70
Trigo para quibe SJS Com. Provel Provel ZR Com. 5,40
Vinagre ZR Com. Provel Provel ZR Com. 1,19
Fonte: Atas de registro de preços do Pregão Presencial nº 02/2014/CNAE/CBA/MT das regiões norte, leste,
oeste e sul.
A peculiaridade da situação se deve ao fato de que empresas vencedoras em determinada
região participam dos processos das demais regiões sem, no entanto, vencerem nos mesmos
itens, adjudicados no mesmo valor.
Desse modo, uma mesma empresa, participando da sessão de duas ou mais regiões, sagra-se
vencedora em uma e perdedora em outra, ainda que o valor adjudicado na sessão em que
perdeu seja idêntico ao valor adjudicado na sessão em que venceu.
A análise dos relatórios de lances demonstra que, enquanto vençam um item em uma ou mais
das regiões, nas demais sessões, embora apresentem proposta inicial, as empresas não
participam de fato da negociação, o que possibilita adjudicação a outra empresa.
Segue exemplo do item nº 116, “suco concentrado para bebida mista de fruta sem açúcar”,
vencido por uma empresa em cada região pelo mesmo valor.
Relatório de lances da REGIÃO OESTE.
Empresa vencedora Ugolini e Cia Ltda.,
pelo valor de R$ 9,70.
A Andrea Bortolomedi deu lance de R$
12,60. Mas, na Região Leste ganhou com
os mesmos R$ 9,70.
Relatório de lances da REGIÃO LESTE.
Empresa vencedora Andrea Bortolomedi,
pelo valor de R$ 9,70.
A Ugolini deu lance de R$ 9,98. Mas, na
Região Oeste ganhou com os mesmos R$
9,70.
25
A ZR Comércio deu lance de R$ 11,50.
Mas, na Região Norte ganhou com os
mesmos R$ 9,70.
A Provel deu lance de R$ 12,50. Mas, na
Região Sul ganhou com os mesmos R$
9,70.
A Provel deu lance de R$ 12,50. Mas, na
Região Sul ganhou com R$ 9,70.
Relatório de lances da REGIÃO NORTE.
Empresa vencedora ZR Comércio, pelo
valor de R$ 9,70.
A Andrea Bortolomedi deu lance de R$
12,60. Mas, na Região Leste ganhou com
os mesmos R$ 9,70.
A Ugolini deu lance de R$ 11,00. Mas, na
Região Oeste ganhou com os mesmos R$
9,70.
A Provel deu lance de R$ 11,70. Mas, na
Região Sul ganhou com os mesmos R$
9,70.
Relatório de lances da REGIÃO SUL.
Empresa vencedora Provel, pelo valor de
R$ 9,70.
A Andrea Bortolomedi deu lance de R$
11,50. Mas, na Região Leste ganhou com
os mesmos R$ 9,70.
A Ugolini deu lance de R$ 11,00. Mas, na
Região Oeste ganhou com os mesmos R$
9,70.
26
Importante ressaltar que a dinâmica exemplificada neste item se repete em todos os outros
destacados neste registro.
Com efeito, o Tribunal de Contas da União tem demonstrado que fraudes em processos
licitatórios dificilmente deixam provas cabais e expressas, devendo ser apurados, em geral,
mediante o somatório de indícios, uma vez que, quando situações desse tipo ocorrem, não se
faz, por óbvio, qualquer tipo de registro escrito (Acórdão TCU nº 888/2011 – Plenário). Nesse
sentido, vale relembrar que o Supremo Tribunal Federal já manifestou, no julgamento do RE
68.006-MG, que “indícios são provas, se vários, convergentes e concordantes”. Na
constatação em epígrafe, percebe-se que as informações apresentadas findaram por
demonstrar a presença de irregularidades nos procedimentos licitatórios levados a efeito para
contratar empresas previamente determinadas pela Administração.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Não houve manifestação da unidade examinada.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.4. Fornecimento de alimentos em desacordo com o cardápio estipulado.
Fato
27
A legislação aplicada ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) estabelece que
o cardápio escolar deve ser elaborado por nutricionista, respeitando os hábitos alimentares
locais e culturais, atendendo as necessidades nutricionais específicas, conforme percentuais
mínimos estabelecidos no artigo 14 da Resolução nº 26/2013.
Entretanto, mediante análise dos processos de prestação de contas das escolas selecionadas na
amostra, constatou-se descumprimento sistemático dos cardápios elaborados no início do ano
letivo com acompanhamento nutricional e registrados no Sistema de Gestão de Planejamento
e Orçamento da Seduc/MT.
Esta situação encontra-se destacada nos Relatórios de Situação de Prestação de Contas
elaborados pela Coordenadoria de Convênios e Prestação de Contas, que solicita
esclarecimentos à escola quanto às falhas identificadas no processo de execução do programa.
De modo geral, a fim de ter suas prestações de contas aprovadas, as escolas apenas realizam
a alteração do cardápio registrado em sistema para que ele reflita a programação realizada de
fato no exercício letivo. Entretanto, este procedimento ocorre sem avaliação das alterações
por nutricionista, ou seja, sem garantia de adequação nutricional dos cardápios utilizados nas
instituições.
A situação apontada encontra-se destacada nos processos de prestação de contas conforme
consta a seguir:
Quadro – Descumprimento do Cardápio
PROCESSO ESCOLA COMPETÊNCIA PÁGINAS
653114/2014 EE Dione Augusta da Silva Souza 01/2014 69 e 70
483200/2014 EE Dr. Estevão Alves Correa 01/2014 97 a 99
501441/2014 EE Professora Maria Arruda Muller 01/2014 151 e 152
76711/2015 EE Presidente Médici 02/2014 195 a 197
517846/2014 EE André Avelino Ribeiro 01/2014 88 a 90
145173/2015 EE André Avelino Ribeiro 02/2014 141 a 143
113805/2015 EE Dione Augusta da Silva Souza 02/2014 110 e 111
39624/2015 EE Dr. Estevão Alves Correa 02/2014 131 a 134
65920/2015 EE Maria Leite Marcoski 01/2014 128 e 129
115324/2015 EE Maria Leite Marcoski 02/2014 87 a 89
Fonte: Processos de prestação de contas das escolas selecionadas na amostra e Sistema de Gestão de
Planejamento e Orçamento da Seduc/MT.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Não houve manifestação da unidade examinada. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.5. Refeitório para os alunos com estrutura física/equipamentos em condições
inadequadas.
28
Fato
A fim de verificar a atuação das escolas na execução da Ação Apoio a Alimentação Escolar
na Educação Básica – PNAE, em especial quanto à regularidade da execução dos recursos,
armazenagem dos alimentos, preparo da alimentação escolar e fornecimento da alimentação
escolar foi selecionada amostra de 12 escolas da região metropolitana de Cuiabá para
verificação “in loco”. São estas:
Quadro – Relação das Escolas da Amostra
Município Nome da Escola Cód Escola Endereço da Escola
Cuiabá EE Nova Chance 51162814 Rua Diogo Domingos Ferreira, 311,
Bairro Bandeirantes
Cuiabá EE Liceu Cuiabano Maria de
Arruda Muller 51039869
Praça General Mallet, 150, Bairro
Quilombo
Várzea
Grande EE Prof José Mendes Martins 51042843
Rua Joao Lopes Macedo, 4, Bairro Jardim
Maringá II
Várzea
Grande EE Prof Adalgisa de Barros 51042622
Av. Pedro Pedrossian, s/n, Bairro Jardim
Aeroporto
Cuiabá EE Andre Avelino Ribeiro 51036541 Av. Deputado Osvaldo Candido Pereira,
365, Bairro Morada da Serra Cpa I
Cuiabá EE Leônidas Antero de Matos 51036495 Rua 36 Q 43, s/n, Bairro Cpa III setor III
Cuiabá EE Professora Maria Hermínia
Alves 51038633 Rua 101 Q 89, 1, Bairro Cpa IV
Cuiabá EE Dione Augusta Silva Souza 51038757 Av. Tuiuiu, 45, 5ª etapa, Bairro Cpa IV
Cuiabá EE Presidente Médici 51036681 Av. Mato Grosso, 564, Bairro Araes
Várzea
Grande EE Nadir DE Oliveira 51043408
Rua 07 de Setembro, 237, Bairro Jardim
Gloria I
Cuiabá EE Dr Estevão Alves Correa 51039990 Rua 230 Q 66, ,51, Bairro Tijucal, Setor II
Várzea
Grande EE Maria Leite Marcoski 51043211
Rua 05 Q 20, s/n, Bairro Jardim Marajoara
I
Mediante visitas, constatou-se existência de estruturas e equipamentos inadequados ou
insuficientes ao fornecimento da alimentação escolar aos alunos. Estas falhas foram
identificadas em 09 das 12 escolas da amostra, representando 75% do total. Seguem relatos e
registros fotográficos:
EE LEONIDAS ANTERO DE MATOS
Não há refeitório estruturado na escola visitada. Os alunos se alimentam geralmente em pé no
pátio da escola ou em sala de aula, pois não há mesas com cadeiras para acomodá-los.
29
Fotos 1 e 2 – Espaço para refeitório sem estrutura. EE Leônidas Antero de Matos, Cuiabá (MT), 23 de
março de 2016.
EE DR. ESTEVÃO ALVES CORREA
Verificou-se que o quantitativo de mesas com bancos não é suficiente para atender todos os
alunos, tendo em vista que possibilitam 120 refeições simultâneas e a escola conta com 1.118
alunos distribuídos em três turnos.
Foto 1 - Mesas e bancos insuficientes. EE Dr. Estevão Alves
Correa, Cuiabá (MT), 24 de março de 2016.
EE ANDRÉ AVELINO RIBEIRO
Verificou-se que o refeitório não é adequado ao atendimento dos alunos, uma vez que
possibilita 24 refeições simultâneas e a escola conta com 1.347 alunos distribuídos nos três
turnos, segundo informações prestadas ao Ministério da Educação.
Foto 1 - Refeitório em tamanho inadequado. EE
André Avelino Ribeiro, Cuiabá (MT), 29 de março de
2016.
30
EE JOSÉ MENDES MARTINS
Verificou-se que não há refeitório estruturado na escola e os alunos têm que comer no pátio
ou em sala de aula.
Foto 1 – Não há refeitório estruturado. EE José
Mendes Martins, Várzea Grande (MT), 29 de março de
2016.
EE PROFESSORA MARIA HERMINIA ALVES
As mesas e bancos do refeitório são insuficientes ao atendimento dos alunos, uma vez que
permitem aproximadamente 32 (não são 64) refeições simultâneas e a escola conta com 1015
alunos distribuídos em dois turnos.
Fotos 1 e 2 – Mesas e bancos insuficientes. EE Maria Herminia Alves, Cuiabá (MT), 30
de março de 2016.
EE ADALGISA DE BARROS
Constatou-se que os bancos e mesas não comportam o número de alunos, uma vez que
possibilitam 36 refeições simultâneas e a escola conta com 1.374 alunos distribuídos em três
turnos.
31
Foto1 - Parte do forro do refeitório está caído.
EE Adalgisa de Barros, Várzea Grande (MT), 30
de março de 2016.
Foto 2 - Mesas e bancos insuficientes. EE
Adalgisa de Barros, Várzea Grande (MT), 30 de
março de 2016.
EE MARIA LEITE MARCOSKI
Verificou-se que as mesas e bancos da escola, além de precisarem de reforma, não são
suficientes para atender a todos os alunos, uma vez que possibilitam refeições simultâneas e
a escola conta com 554 alunos distribuídos em dois turnos.
Mesas e bancos insuficientes e inadequados. EE Maria
Leite Marcoski, Várzea Grande (MT), 31 de março de
2016.
EE NADIR DE OLIVEIRA
Constatou-se que as mesas e bancos da escola são inadequados ao atendimento dos alunos.
32
Fotos 1 e 2 - Mesas e bancos inadequados. EE Nadir de Oliveira, Várzea Grande (MT), 31 de março
de 2016.
EE DIONE AUGUSTA SILVA SOUZA
Verificou-se que não há mesas e bancos suficientes no refeitório para atender a todos os
alunos, pois este possibilita a realização de 113 refeições simultâneas e a escola conta com
1.292 alunos distribuídos em três turnos.
Fotos 1 e 2 - Mesas e bancos insuficientes e inadequados. EE Dione Augusta Silva e Souza, Cuiabá
(MT), 01 de abril de 2016.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Não houve manifestação da unidade examinada.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.
##/AnaliseControleInterno##
3. Conclusão
33
Com base nos exames realizados, conclui-se que a Secretaria de Estado de Educação de
Mato Grosso têm dificuldades em executar os recursos federais recebidos, uma vez que
foram identificadas falhas na aquisição dos insumos, no fomento e aproveitamento da
agricultura familiar, na programação e execução de cardápios e na estruturação de espaços
para preparo e fornecimento da alimentação escolar aos alunos da rede estadual.
34
Ordem de Serviço: 201600415
Município/UF: Cuiabá/MT
Órgão: MINISTERIO DA SAUDE
Instrumento de Transferência: Fundo a Fundo ou Concessão
Unidade Examinada: FUNDO ESTADUAL DE SAUDE
Montante de Recursos Financeiros: R$ 25.478.129,96
1. Introdução
Os trabalhos de campo foram realizados no período de 14 a 30 de março de 2016 sobre a
aplicação dos recursos do Programa 2015 - Aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde
(SUS), Ação 20AL – Incentivo Financeiro aos Estados, Distrito Federal e Municípios para a
Vigilância em Saúde no âmbito do Estado de Mato Grosso.
A ação fiscalizada destina-se a promover ações de notificação, investigação, vigilância
ambiental, controle de doenças, imunizações, sistemas de informação, supervisão, educação
em saúde, comunicação e mobilização social na área de vigilância em saúde, por intermédio
de repasse de recursos financeiros do Fundo Nacional de Saúde para os fundos de saúde
municipais, estaduais e do Distrito Federal.
2. Resultados dos Exames
Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito de tomada de
providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela forma de
monitoramento a ser realizada por esta Controladoria.
2.1 Parte 1
Nesta parte serão apresentadas as situações evidenciadas que demandarão a adoção de
medidas preventivas e corretivas por parte dos gestores federais, visando à melhoria da
execução dos Programas de Governo ou à instauração da competente tomada de contas
especiais, as quais serão monitoradas pela Controladoria-Geral da União.
2.1.1. Intempestividade na aplicação dos recursos públicos federais destinados ao Bloco
Vigilância em Saúde.
Fato
Cuida este procedimento de avaliar se a Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso
(SES/MT) aplicou os recursos financeiros transferidos pela União ao Estado de Mato Grosso
de forma tempestiva na execução das ações de vigilância epidemiológica, mais precisamente
no combate ao mosquito Aedes Aegypti.
35
Tal avaliação se faz necessária, notadamente, ante o aumento significativo de casos de doenças
transmissíveis pelo mosquito, conforme Boletim Epidemiológico nº 44/2015 da Secretaria de
Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde 1.
Preliminarmente, cabe registrar que as chamadas “doenças tropicais” 2, dentre elas aquelas
transmitidas pelo Aedes, estão bastante relacionadas a países com dificuldades de implantar
medidas efetivas de prevenção, controle e tratamento, por isso se tornam problema grave de
saúde pública.
Nesse caso, não é suficiente um programa para atender demandas isoladas, mas, é necessário
um conjunto de ações e atores que deveria funcionar de forma integrada, especialmente, para
prevenir o avanço dessas doenças.
A ação fundamental de prevenção passa, inevitavelmente, pelo saneamento básico, cujas
diretrizes estão estabelecidas pela Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, com abastecimento
regular de água potável, uma vez que a falta ou intermitência no abastecimento leva a
população a usar caixas d’água e barris, com coleta e tratamento de esgoto e com coleta regular
de resíduos sólidos, notadamente, porque sua coleta irregular resulta em acúmulo de garrafas
plásticas, embalagens, pneus e outros recipientes nos quais a água se acumula.
Passada a fase de prevenção, em que a União, os Estados e os Municípios têm demonstrado
enorme dificuldade em atuar, passa-se à fase de controle e tratamento.
A ação de combate ao mosquito pela Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso
(SES/MT), se fosse efetiva e tempestiva, poderia minimizar os danos causados pela
proliferação do agente patológico.
No Estado de Mato Grosso, verificou-se um grande aumento de casos prováveis de dengue
entre 2014 e 2015, conforme tabela a seguir:
Tabela 1 - Comparativo de casos prováveis de dengue entre 2014 e 2015
Unidade da Federação Ano 2014 Ano 2015 Aumento de
Mato Grosso 6.801 18.178 267,28% Fonte: Boletim Epidemiológico nº 44/2015, Volume 46, da Secretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde.
Em 2015, conforme tabela a seguir, houve maior registro de ocorrências nos meses de
Abril/Maio e um acentuado decréscimo em Dezembro:
Tabela 2 - Incidência mensal dos casos prováveis de dengue, por região e Unidade da Federação, 2015
Unidade
da
Federação
Incidência (/100 mil hab.) Incidência
acumulada
(/100 mil
hab.) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Mato
Grosso 22,2 33,2 57,5 108,7 102,6 60,4 40,3 30,6 29,9 27,3 42,9 8,0 563,8
Fonte: Boletim Epidemiológico nº 44/2015, Volume 46, da Secretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde.
Os casos graves em 2014 e 2015 têm as seguintes ocorrências registradas:
Tabela 3 – Casos graves, com sinais de alarme e óbitos por dengue confirmados
Casos confirmados Óbitos
1 Registre-se que esses dados emitidos por meio do Boletim pelo Ministério da Saúde podem estar subdimensionados, uma
vez que nem todos os casos das doenças transmissíveis pelo Aedes são registrados pelos municípios. 2 Instituto Oswaldo Cruz: http://www.fiocruz.br/ioc/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1585&sid=32
36
Unidade da
Federação
2014 2015
2014 2015 Dengue
grave
Dengue com
sinais de alarme
Dengue
grave
Dengue com
sinais de alarme
Mato Grosso 5 20 13 39 5 6 Fonte: Boletim Epidemiológico nº 44/2015, Volume 46, da Secretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde.
Preliminarmente, cabe destacar que tais problemas não são novos, tampouco desconhecidos
do gestor estadual. Por meio do Acórdão nº 1606/2011, o Plenário do Tribunal de Contas da
União – TCU julgou representação apresentada pela Secretaria de Controle Externo no Estado
de Mato Grosso – Secex/MT, em que reconhece falhas na execução do Programa Nacional de
Controle da Dengue – PNCD no Estado de Mato Grosso. O Tribunal de Contas do Estado de
Mato Grosso também emitiu recomendações, conforme Relatório Técnico nº 12122-3/2009,
de 31 de agosto de 2009, período em que houve aumento considerável nos casos de dengue
notificados em Cuiabá e Várzea Grande.
Em 2015 o quadro se agravou “onde se percebe que na semana epidemiológica 48 de 2015
ocorreu elevada notificação de zika e, mesmo em menor intensidade, também aconteceu um
discreto aumento de notificações de suspeita de Febre Chikungunya”, conforme Boletim
Epidemiológico nº 01- Ed 1 S.E – 02/2016, divulgado pela SES/MT.
Nesse diapasão, a SES/MT apresentou o “Plano Emergencial de Controle da Dengue –
Chikungunya – Zica e Assistência a Gestantes e Crianças com Microcefalia em Mato Grosso”,
datado de 22 de dezembro de 2015.
No presente trabalho, verificou-se que a SES/MT utilizou intempestiva e parcialmente os
recursos financeiros disponibilizados pelo Fundo Nacional de Saúde – FNS para as ações de
Vigilância em Saúde que deveriam ter sido executadas em exercícios anteriores.
O objetivo da Ação Governamental 20AL – Incentivo Financeiro aos Estados, Distrito Federal
e Municípios para a Vigilância em Saúde é promover ações de notificação, investigação,
vigilância ambiental, controle de doenças, imunizações, sistemas de informação, supervisão,
educação em saúde, comunicação e mobilização social na área de vigilância em saúde, por
intermédio de repasse de recursos financeiros do Fundo Nacional de Saúde para os fundos de
saúde municipais, estaduais e do Distrito Federal.
A partir de consulta ao site do Fundo Nacional de Saúde, no endereço eletrônico
(www.fns.saude.gov.br) foi possível identificar o valor repassado mês a mês para aplicação
dos recursos oriundos do Componente de Vigilância em Saúde, seja para o Piso Variável de
Vigilância em Saúde (PVVS) ou Piso Fixo de Vigilância em Saúde (PFVS), no período de 01
de janeiro de 2015 a 29 de fevereiro de 2016, conforme tabela a seguir:
Tabela 4 – Valores líquidos por mês de competência.
Ação/Serviço/Estratégia Competência Data da Ordem
Bancária
Nº da Ordem
Bancária
Valor Mensal
(R$)
PVVS – Incentivo jan/15 02/03/2015 810452 225.500,00
PVVS – Incentivo fev/15 03/03/2015 810622 225.500,00
PVVS – Incentivo mar/15 02/04/2015 814111 225.500,00
PVVS – Incentivo abr/15 21/05/2015 820613 225.500,00
PVVS – Incentivo mai/15 03/07/2015 827337 225.500,00
PVVS – Incentivo jun/15 31/07/2015 831003 225.500,00
PVVS – Incentivo jul/15 31/08/2015 835421 225.500,00
PVVS – Incentivo ago/15 30/10/2015 844220 225.500,00
PVVS – Incentivo set/15 30/10/2015 844648 225.500,00
PVVS – Incentivo out/15 04/11/2015 845931 225.500,00
37
PVVS – Incentivo nov/15 30/12/2015 854961 225.500,00
PVVS – Incentivo dez/15 30/12/2015 855016 225.500,00
PFVS jan/15 29/01/2015 806654 508.152,00
PFVS fev/15 02/03/2015 810379 508.152,00
PFVS mar/15 02/04/2015 813811 508.152,00
PFVS abr/15 21/05/2015 820600 508.152,00
PFVS mai/15 03/07/2015 827294 508.152,00
PFVS jun/15 31/08/2015 835620 508.152,00
PFVS jul/15 31/07/2015 831511 508.152,00
PFVS ago/15 30/10/2015 844350 508.152,00
PFVS set/15 30/10/2015 844839 508.152,00
PFVS out/15 30/12/2015 855034 508.152,00
PFVS nov/15 13/01/2016 801455 508.152,00
PFVS dez/15 12/01/2016 800402 508.152,00
IPVS (*) dez/14 14/01/2015 802208 731.738,88
PVVS (**) ago/15 30/10/2015 844547 304.891,20
Total Geral (R$) 9.840.454,08
Fonte: Fundo Nacional de Saúde, exercício 2014. (*) Incentivos Pontuais para Ações de Serviços de Vigilância em Saúde.
(**) Programa de qualificação das ações de vigilância em Saúde.
Esses recursos federais foram creditados na Conta Corrente nº 20.919-8, da Agência nº 3834-
2, do Banco do Brasil S/A e transferidos para as contas seguintes:
Tabela 5 – Relação das contas correntes receptoras da conta 20919-8
Conta Corrente
creditada Finalidade Valor (R$)
1.042.210-2 Vigilância em Saúde 6.402.715,20
1.042.201-3 Incentivo para Fortalecimento da Gestão em Vigilância em Saúde 1.956.000,00
1.042.208-0 Recursos para ações desenvolvidas pelo Laboratório Central
(LACEN/MT) 750.000,00
58.041-4 (*) Média e Alta Complexidade 731.738,88
Total transferido da CC 20.919-8 9.840.454,08
FONTE: FIPLAN - Autorização de Repasse de Receita. Extratos Bancários e Ofício nº 0425/2016/GBSES.
(*) Conta bancária não pertencente ao Bloco de Vigilância, conforme relatado em item específico deste relatório.
Importante registrar que os valores transferidos pelo Fundo Nacional de Saúde relativos ao
Bloco de Vigilância em Saúde não são exclusivos para a vigilância, prevenção e controle das
doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, mas, a todas as ações que envolvam a
vigilância epidemiológica e ambiental e vigilância sanitária.
Assim sendo, objetivando ava1iar se os recursos financeiros transferidos pela União ao Estado
de Mato Grosso têm sido aplicados, de forma tempestiva, na execução das ações de Vigilância
em Saúde, mais precisamente no combate ao mosquito Aedes Aegypti, foram considerados os
valores repassados pelo FNS em 2015 e os constantes dos extratos bancários das contas acima
referenciadas. A movimentação financeira pode ser demonstrada conforme a seguir:
Tabela – Ação Governamental 20AL – Movimentação de Recursos Federais.
Conta
Corrente
Ano 2015 Ano 2016 Saldo atual em
29/02/2016
(R$) Saldo inicial da conta
específica (R$)
Total dos valores
transferidos do FNS (R$)
Total dos valores
transferidos do FNS (R$)
1.042.210-2 12.185.676,57 5.386.411,20 1.016.306,00 9.000.117,73
1.042.201-3 1.510.354,53 1.956.000,00 - 3.629.528,82
38
1.042.208-0 2.413.997,63 750.000,00 - 4.626.403,86
Total 16.110.028,73 8.092.411,20 1.016.306,00 17.256.050,41
Fonte: Extratos Bancários das contas correntes
O somatório dos saldos iniciais das referidas contas com os recursos federais recebidos em
2015 e 2016 atinge a quantia de R$ 25.218.745,93. O saldo atual de R$ 17.256.050,41
representa 68% dos recursos disponíveis, revelando baixa execução financeira na consecução
dos objetivos da Ação Governamental 20AL.
Importante ressaltar que no final do mês de janeiro de 2016, o saldo disponível na conta
1.042.210-2 era de R$ 23.410.798,70, em função de valores não utilizados integralmente
desde o exercício de 2013, cujo saldo de recursos não utilizados somente cresceu, ano após
ano, conforme pode ser visualizado no gráfico seguinte:
Quadro 1 – Evolução do Saldo Disponível em Conta
OBS: 2013 = R$ 9.089.896,47;
2014 = R$ 12.185.676,57;
2015 = R$ 21.344.977,79.
Convém ressaltar que a redução do saldo para R$ 9.000.117,73 em fevereiro de 2016 se deve
em função da transferência parcial de recursos financeiros ocorrida para os Fundos Municipais
de Saúde, com base na Resolução CIB/MT Ad Referendum nº 11, de dezembro de 2015. Essa
Resolução dispõe sobre a reprogramação de recursos de exercícios anteriores no montante de
R$ 20.170.548,08 do Bloco da Vigilância em Saúde, cujos recursos provêm da Fonte 312 –
Recursos Federais. Para tanto, foi formalizado o Processo nº 678767/2015, que, durante os
trabalhos de campo desta fiscalização, ainda não havia sido finalizado.
Ante o exposto, conclui-se que a Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso apresenta
dificuldades em efetivamente executar e acompanhar a execução das políticas públicas,
notadamente quanto às suas responsabilidade definidas na Portaria nº 1378, de 9 de julho de
2013.
Nesse sentido, a Portaria nº 1.616, de 30 de setembro de 2015, assim preceitua:
0
5000000
10000000
15000000
20000000
25000000
1 2 3
Evolução do Saldo Disponível
Série1 Série2
39
“Art. 4º Nos casos em que for verificada a não execução integral do objeto
originalmente pactuado e a existência de recursos financeiros repassados pelo Fundo
Nacional de Saúde para os fundos de saúde estaduais, distrital e municipais não
executados, seja parcial ou totalmente, o ente federativo estará sujeito à devolução
dos recursos financeiros transferidos e não executados, acrescidos da correção
monetária prevista em lei, observado o regular processo administrativo.”
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 10403/2016/GAB/CGU-Regional/MT, de 20 de abril de 2016,
protocolizado na Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso – SES/MT, na mesma data
às 15:41h (Protocolo nº 195964/2016), foi encaminhado o Relatório Preliminar da fiscalização
dos recursos públicos federais aplicados pelo Estado, para fins de manifestação do gestor em
dez dias corridos, contados a partir da notificação. O referido Relatório Preliminar também
foi encaminhado ao Governador do Estado de Mato Grosso, por meio do Ofício nº
10395/GAB/CGU-Regional/MT, de 20 de abril de 2016, para conhecimento.
Objetivando dar transparência e facilitar a resposta do gestor, foi encaminhada em 25 de abril
de 2016, via e-mail, às 11:32h, a via digitalizada dos Ofícios que foram protocolados junto à
Secretaria e ao Gabinete do Governador, juntamente com o Relatório Preliminar.
Importante registrar que, por ocasião da reunião da abertura dos trabalhos de fiscalização,
ocorrida em 8 de março de 2016, foi comunicado ao Secretário de Estado de Saúde, à
Secretaria Adjunta de Políticas e Atenção à Saúde e à Superintendente de Vigilância em Saúde
sobre a relevância dos trabalhos em nível nacional, como também sobre a necessidade de
disponibilizar documentos e informações de forma tempestiva.
Contudo, apesar do tratado, nenhuma das sete solicitações de fiscalizações emitidas pela
CGU/Regional-MT durante os trabalhos de campo foi respondida no prazo solicitado ou, por
vezes, não foi respondida (conforme consta em item próprio deste relatório).
Digno de nota é que todos os documentos, por determinação do Gabinete do Secretário, deram
entrada na SES/MT pelo Protocolo Geral, que, então, os encaminhou ao Gabinete. As vias
digitalizadas de todos esses documentos também foram enviadas por e-mail.
Decorridos oito dias após o encaminhamento do Relatório Preliminar ao Secretário de Estado
de Saúde, a Superintendência de Vigilância em Saúde encaminhou, via e-mail, o Ofício nº
0535/2016/GB/SES, de 27 de abril de 2016, digitalizado e assinado pelo Secretário de Estado
de Saúde de Mato Grosso, cuja via física não chegou a ser protocolizada nesta CGU/Regional-
MT, solicitando a dilação de prazo por mais dez dias úteis, contados a partir do fim do prazo
inicialmente estabelecido, alegando o recebimento do processo somente no dia 26 de abril de
2016.
Diante do compromisso assumido para conclusão dos trabalhos de fiscalização, conforme
cronograma estabelecido pelo Órgão Central da CGU; considerando que o prazo estabelecido
foi o mesmo para todas as outras Secretarias Estaduais ora fiscalizadas em todo o país;
considerando que foram dadas oportunidades aos gestores de manifestarem e entregarem
documentos durante dois meses de fiscalização na SES/MT e que problemas estruturais ali
existentes dificultam a apresentação de informações completas e tempestivas, não houve
40
condições de conceder o pleito feito pela SES/MT sob pena de comprometer todo o
planejamento operacional da CGU em razão de problemas na gestão da própria Secretaria.
Assim sendo, foi mantido o prazo inicialmente estabelecido para protocolar a manifestação
ante os fatos apontados, qual seja, 02 de maio de 2016.
Não houve manifestação da unidade examinada no prazo estabelecido. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno consta registrada acima, no campo ‘fato’.
##/AnaliseControleInterno##
2.1.2. Desvio de finalidade na aplicação de recursos públicos federais do bloco
Vigilância em Saúde no montante de R$ 731.738,88.
Fato
Os recursos federais oriundos da Ação Governamental 20AL – Incentivo Financeiro aos
Estados, Distrito Federal e Municípios para a Vigilância em Saúde são creditados na Conta
Corrente nº 20.919-8, da Agência nº 3834-2, do Banco do Brasil S/A, porém movimentados
em outras contas.
Em 14 de janeiro de 2015, no âmbito dos Incentivos Pontuais para Ações de Serviços de
Vigilância em Saúde, foi descentralizada ao Fundo Estadual de Saúde de Mato Grosso a
importância de R$ 731.738,88, por meio da Ordem Bancária nº 802208.
As ações de Vigilância em Saúde são coordenadas com as demais ações e serviços
desenvolvidos e ofertados no Sistema Único de Saúde (SUS) para garantir a integralidade da
atenção à saúde da população.
De acordo com a Portaria GM/MS nº 204/2007, que regulamenta o financiamento e a
transferência de recursos do Sistema Único de Saúde – SUS, os recursos referentes a cada
bloco de financiamento devem ser aplicados nas ações e serviços de saúde relacionados ao
próprio bloco, conforme o art. 6º da referida norma.
Para demonstrar os repasses internos feitos entre as diversas contas utilizadas pela SES/MT,
o Sistema de Execução Orçamentária e Financeira do Governo do Estado de MT (Fiplan) gera
um demonstrativo intitulado “Relatório de Autorização de Repasse de Receita – ARR”.
Com base nos registros do Fiplan, verificou-se que 28 de maio de 2015 houve uma
transferência de R$ 731.738,88 da conta Conta Corrente nº 20.919-8 para a Conta Corrente nº
58.041-4, ambas da mesma agência do Banco Brasil S/A. Os espelhos dos extratos bancários
das referidas contas confirmam a transação, sendo que esses recursos foram aplicados no
mercado financeiro em 29 de maio de 2015, não tendo ocorrida a correspondente devolução.
Acontece que a finalidade da Conta Corrente nº 58.041-4 é de movimentar recursos destinados
ao financiamento do Bloco MAC – Média e Alta Complexidade. Nesse sentido, a transferência
de recursos que seriam destinados aos Incentivos Pontuais para Ações de Serviços de
Vigilância em Saúde configura descumprimento do art. 6º da Portaria GM/MS nº 204/2007,
pela movimentação irregular entre contas de blocos de financiamento distintos do SUS.
41
Assim sendo, os responsáveis promoveram o remanejamento de recursos entre os blocos de
financiamento da saúde, vedado pela Portaria GM/MS nº 204/2007, incorrendo em desvio de
finalidade, conforme entendimento do Tribunal de Contas da União (Acórdão nº 1945/2015 –
TCU – Plenário).
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 10403/2016/GAB/CGU-Regional/MT, de 20 de abril de 2016,
protocolizado na Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso – SES/MT, na mesma data
às 15:41h (Protocolo nº 195964/2016), foi encaminhado o Relatório Preliminar da fiscalização
dos recursos públicos federais aplicados pelo Estado, para fins de manifestação do gestor em
dez dias corridos, contados a partir da notificação. O referido Relatório Preliminar também
foi encaminhado ao Governador do Estado de Mato Grosso, por meio do Ofício nº
10395/GAB/CGU-Regional/MT, de 20 de abril de 2016, para conhecimento.
Objetivando dar transparência e facilitar a resposta do gestor, foi encaminhada em 25 de abril
de 2016, via e-mail, às 11:32h, a via digitalizada dos Ofícios que foram protocolados junto à
Secretaria e ao Gabinete do Governador, juntamente com o Relatório Preliminar.
Importante registrar que, por ocasião da reunião da abertura dos trabalhos de fiscalização,
ocorrida em 8 de março de 2016, foi comunicado ao Secretário de Estado de Saúde, à
Secretaria Adjunta de Políticas e Atenção à Saúde e à Superintendente de Vigilância em Saúde
sobre a relevância dos trabalhos em nível nacional, como também sobre a necessidade de
disponibilizar documentos e informações de forma tempestiva.
Contudo, apesar do tratado, nenhuma das sete solicitações de fiscalizações emitidas pela
CGU/Regional-MT durante os trabalhos de campo foi respondida no prazo solicitado ou, por
vezes, não foi respondida (conforme consta em item próprio deste relatório).
Digno de nota é que todos os documentos, por determinação do Gabinete do Secretário, deram
entrada na SES/MT pelo Protocolo Geral, que, então, os encaminhou ao Gabinete. As vias
digitalizadas de todos esses documentos também foram enviadas por e-mail.
Decorridos oito dias após o encaminhamento do Relatório Preliminar ao Secretário de Estado
de Saúde, a Superintendência de Vigilância em Saúde encaminhou, via e-mail, o Ofício nº
0535/2016/GB/SES, de 27 de abril de 2016, digitalizado e assinado pelo Secretário de Estado
de Saúde de Mato Grosso, cuja via física não chegou a ser protocolizada nesta CGU/Regional-
MT, solicitando a dilação de prazo por mais dez dias úteis, contados a partir do fim do prazo
inicialmente estabelecido, alegando o recebimento do processo somente no dia 26 de abril de
2016.
Diante do compromisso assumido para conclusão dos trabalhos de fiscalização, conforme
cronograma estabelecido pelo Órgão Central da CGU; considerando que o prazo estabelecido
foi o mesmo para todas as outras Secretarias Estaduais ora fiscalizadas em todo o país;
considerando que foram dadas oportunidades aos gestores de manifestarem e entregarem
documentos durante dois meses de fiscalização na SES/MT e que problemas estruturais ali
existentes dificultam a apresentação de informações completas e tempestivas, não houve
condições de conceder o pleito feito pela SES/MT sob pena de comprometer todo o
planejamento operacional da CGU em razão de problemas na gestão da própria Secretaria.
42
Assim sendo, foi mantido o prazo inicialmente estabelecido para protocolar a manifestação
ante os fatos apontados, qual seja, 02 de maio de 2016.
Não houve manifestação da unidade examinada no prazo estabelecido.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno consta registrada acima, no campo ‘fato’.
##/AnaliseControleInterno##
2.2 Parte 2
Nesta parte serão apresentadas as situações detectadas cuja competência primária para
adoção de medidas corretivas pertence ao executor do recurso federal.
Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de
recursos federais, bem como dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no âmbito de
suas competências, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das pastas
ministeriais. Esta Controladoria não realizará o monitoramento isolado das providências
saneadoras relacionadas a estas constatações.
2.2.1. Sobrepreço na aplicação de recursos públicos federais do Bloco Vigilância em
Saúde destinados às ações de combate ao Aedes Aegypti.
Fato
Trata-se do Processo nº 60829/2014, ainda em andamento na fase interna licitação, destinado
à aquisição de bombas costais manuais e nebulizadores de aerossol a frio UBV acoplável a
veículos, por meio de pregão eletrônico, conforme Termo de Referência nº
014/2016/SVS/SES-MT.
Foi avaliado o item “bomba costal manual”, cadastrado no Sistema de Aquisições
Governamentais do Estado de Mato Grosso – SIAG sob nº 1060820. Conforme anexo do
mencionado Termo de Referência, seriam adquiridos trezentas unidades, cujo valor unitário
foi orçado em R$ 1.011,00 (um mil e onze reais), estimando um gasto total de R$ 303.000,00
(trezentos e três mil reais).
O valor de referência foi apurado a partir da média simples de quatro fornecedores, a saber:
Tabela – Valores envolvidos para apuração da média do preço unitário orçado.
Fornecedor Valor (R$)
Hortaviva Comércio de Sementes e Insumos Agrícola Ltda R$ 584,00
Boutin Agrocomercial Comércio e Representações de Produtos Agropecuários R$ 620,00
LP Comércio e Prestação de Serviços Ltda - EPP R$ 1.280,00
Guarany Indústria e Comércio Ltda R$ 1.560,00
Média da Pesquisa de Preço adotada pela Comissão da SES/MT R$ 1.011,00
Fonte: Processo nº 60829/2014, Mapa Comparativo de Preços, fl. 49.
43
Primeiramente, constatou-se que dos quatro orçamentos, apenas o fornecido pela empresa LP
foi acostado aos autos (fls. 16 a 22 do Processo nº 60829/2014), e mesmo assim, sua referência
é de 22 de julho de 2014. O Mapa Comparativo de Preços não foi assinado, impedindo
identificar os responsáveis pela elaboração do orçamento.
No tocante aos valores mencionados, verificou-se uma amplitude muito grande entre o menor
e maior orçamento, numa variação percentual de 167%, o que distorce a média para cima.
A fim de contribuir e disciplinar a formação de preços para licitações, o Tribunal de Contas
da União – TCU, no Acórdão nº 3068/2010-Plenário, afirmou que “o preço de mercado é mais
bem representado pela média ou mediana uma vez que constituem medidas de tendência
central e, dessa forma, representam de uma forma mais robusta os preços praticados no
mercado”. Entretanto, esses dois métodos falham ao não tratar adequadamente as distorções
da amostra. Por isso, a técnica mais indicada, quando se deseja um tratamento robusto é a
Média Saneada.
A “média saneada” consiste em realizar uma avaliação crítica dos preços obtidos na pesquisa,
a fim de descartar valores que apresentem grandes variações em relação aos demais. O TCU
exige esse tratamento nos Acórdãos 2.943/2013-P, 2.637/2015-P. Para o Tribunal de Contas
da União, a pesquisa de preços deve desconsiderar as informações cujos preços revelem-se
evidentemente fora da média de mercado, de modo a evitar distorções no custo médio apurado
e, consequentemente, no valor máximo a ser aceito para cada item licitado.
Nesse sentido, cabe destacar a iniciativa da Dataprev – Empresa Pública de Tecnologia de
Informação do Ministério da Previdência Social que elaborou norma interna de procedimentos
para estimativa de preços em seus processos de compras. A metodologia empregada é similar
à “média saneada”. A Dataprev adota o Coeficiente de Variação (CV) como elemento
homogeneizador de amostras. O CV é calculado pela divisão do Desvio Padrão (DP) pela
Média (M): CV = (DP/M) x 100. Quanto menor o CV, mais homogêneo o conjunto de dados.
Para a Dataprev, um CV menor ou igual a 25% indica uma amostra aceitável e a média, nesse
caso, passa a valer como valor estimado para a contratação, sempre levando em conta conjunto
de três ou mais elementos. Além desta, o Tribunal Regional Federal da 4º Região, por meio
da Norma de Serviço nº 01, de 28/06/2013, passou a adotar a sistemática da média saneada
por meio do Coeficiente de Variação.
Usando o CV como parâmetro de homogeneidade do conjunto de dados, pode-se expurgar os
extremos inferiores e superiores, de tal forma a obter CV menor que 25%. Para delimitar esses
extremos, calcula-se a média mais (+) o desvio padrão (limite superior) e a média menos (-) o
desvio padrão (limite inferior). O que estiver fora dessa faixa é eliminado.
Além da falha na metodologia de apuração do valor orçado unitário, observa-se que o
orçamento apresentado pela empresa LP não condiz com a realidade do mercado. Na sua
proposta, as características do item foram as seguintes: “bomba manual com cilindro inox, de
10 litros contendo tanque em aço inoxidável com boca larga para facilitar o enchimento,
esvaziamento e limpeza; bomba fixada lateralmente sem necessidade de remoção para
recargas; Válvula de retenção à prova de solventes; Cabo de pistão da bomba multiuso para
soltar ou apertar o cilindro da bomba, facilitar o transporte e pressurizar o tanque; Válvula
de descarga Super 3 em plástico resistente; Lança curva com bico cônico regulável.”
Essas descrições são exatamente iguais às características do pulverizador de compressão do
fabricante Guarany, modelo S2. Isso pode comprovado pelo acesso à rede mundial de
computadores – internet nos seguintes endereços:
44
<http://www.hortavivasementes.com.br/produto/462-pulverizador-compresso-prvia-inox-10-
litros#.VwKdtpejCJ8>;
<http://www.casadasmaquinasbrasil.com.br/PULVERIZADORES/Guarany/pulverizador-
inox-s-2-guarany-10-litros___656611-SIT.html>; e
<https://www.canalagricola.com.br/pulverizador-costal-compressao-guarany-universal-10-
litros?gclid=CKSCiN289csCFcdehgodsFoODA>.
Segundo constam dos referidos sites, os valores de venda são de R$ 584,00, R$ 580,00 e R$
534,45, respectivamente, muito abaixo do valor de referência mencionado pela SES/MT. Com
base no maior valor pesquisado pela equipe de fiscalização de R$ 584,00, os gestores poderão
gerar um sobrepreço de 73% no orçamento para esse item, que tanto pode resultar numa
contratação desvantajosa para a Administração (na medida em que possibilita a aceitação de
preços acima da faixa praticada no mercado) ou provocar aferição de uma economicidade
irreal (caso os valores contratados permaneçam dentro da faixa de preços de mercado).
Da forma como se apresenta, o orçamento apresentado pela SES/MT não atende às
determinações da Lei nº 8.666/93 (art. 7º, § 2º, inc. II e 40, § 2º, inc. II), tampouco da Lei nº
10.520/02 (art. 3º, inc. III), as quais exigem a elaboração do orçamento estimado para a
identificação precisa dos valores praticados no mercado para objeto similar ao pretendido pela
Administração.
Apesar das falhas apontadas, o Termo de Referência nº 014/2016/SVS/SES-MT foi assinado
pela Superintendente de Vigilância em Saúde, CPF nº ***.338.330-**, em 26 de fevereiro de
2016.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 10403/2016/GAB/CGU-Regional/MT, de 20 de abril de 2016,
protocolizado na Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso – SES/MT, na mesma data
às 15:41h (Protocolo nº 195964/2016), foi encaminhado o Relatório Preliminar da fiscalização
dos recursos públicos federais aplicados pelo Estado, para fins de manifestação do gestor em
dez dias corridos, contados a partir da notificação. O referido Relatório Preliminar também
foi encaminhado ao Governador do Estado de Mato Grosso, por meio do Ofício nº
10395/GAB/CGU-Regional/MT, de 20 de abril de 2016, para conhecimento.
Objetivando dar transparência e facilitar a resposta do gestor, foi encaminhada em 25 de abril
de 2016, via e-mail, às 11:32h, a via digitalizada dos Ofícios que foram protocolados junto à
Secretaria e ao Gabinete do Governador, juntamente com o Relatório Preliminar.
Importante registrar que, por ocasião da reunião da abertura dos trabalhos de fiscalização,
ocorrida em 8 de março de 2016, foi comunicado ao Secretário de Estado de Saúde, à
Secretaria Adjunta de Políticas e Atenção à Saúde e à Superintendente de Vigilância em Saúde
sobre a relevância dos trabalhos em nível nacional, como também sobre a necessidade de
disponibilizar documentos e informações de forma tempestiva.
Contudo, apesar do tratado, nenhuma das sete solicitações de fiscalizações emitidas pela
CGU/Regional-MT durante os trabalhos de campo foi respondida no prazo solicitado ou, por
vezes, não foi respondida (conforme consta em item próprio deste relatório).
45
Digno de nota é que todos os documentos, por determinação do Gabinete do Secretário, deram
entrada na SES/MT pelo Protocolo Geral, que, então, os encaminhou ao Gabinete. As vias
digitalizadas de todos esses documentos também foram enviadas por e-mail.
Decorridos oito dias após o encaminhamento do Relatório Preliminar ao Secretário de Estado
de Saúde, a Superintendência de Vigilância em Saúde encaminhou, via e-mail, o Ofício nº
0535/2016/GB/SES, de 27 de abril de 2016, digitalizado e assinado pelo Secretário de Estado
de Saúde de Mato Grosso, cuja via física não chegou a ser protocolizada nesta CGU/Regional-
MT, solicitando a dilação de prazo por mais dez dias úteis, contados a partir do fim do prazo
inicialmente estabelecido, alegando o recebimento do processo somente no dia 26 de abril de
2016.
Diante do compromisso assumido para conclusão dos trabalhos de fiscalização, conforme
cronograma estabelecido pelo Órgão Central da CGU; considerando que o prazo estabelecido
foi o mesmo para todas as outras Secretarias Estaduais ora fiscalizadas em todo o país;
considerando que foram dadas oportunidades aos gestores de manifestarem e entregarem
documentos durante dois meses de fiscalização na SES/MT e que problemas estruturais ali
existentes dificultam a apresentação de informações completas e tempestivas, não houve
condições de conceder o pleito feito pela SES/MT sob pena de comprometer todo o
planejamento operacional da CGU em razão de problemas na gestão da própria Secretaria.
Assim sendo, foi mantido o prazo inicialmente estabelecido para protocolar a manifestação
ante os fatos apontados, qual seja, 02 de maio de 2016.
Não houve manifestação da unidade examinada no prazo estabelecido.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno consta registrada acima, no campo ‘fato’.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.2. Atuação dos agentes de combate às endemias.
Fato
Por meio do Ofício nº 7483/2016/GAB/CGU/Regional-MT, de 02 de março de 2016, foram
solicitas informações prévias à Secretaria Estadual de Saúde de Mato Grosso acerca da
existência de Agentes de Combate às Endemias – ACE porventura contratados no período sob
exame.
Em resposta, mediante Ofício nº 0425/2016/GBSES, de 31 de março de 2016, o Secretário de
Estado de Saúde de Mato Grosso informou que a SES/MT não realiza contratação de ACE,
sendo este item de responsabilidade dos Municípios.
Nesse sentido, não foi possível avaliar, em nível estadual, se os Agentes de Combate às
Endemias – ACE cumpriram com os deveres para os quais foram contratados. (art. 5º, da
Portaria nº 1.025/GM/MS, de 21/07/2015).
De fato, a própria distribuição das responsabilidades pela Portaria GM nº 1378, de 09 de julho
de 2013, no âmbito do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde e Sistema Nacional de
46
Vigilância Sanitária, atribui para o Estado a execução das ações de Vigilância de forma
complementar à atuação dos Municípios.
Há que se registrar que tão importante quanto à detecção de casos de Dengue, febre de
Chikungunya e Zika (a partir de informações prestadas pelas unidades de saúde) é a ação
realizada pelos agentes de combate de endemias no combate ao vetor, com visitas a imóveis,
objetivando identificar e eliminar criadouros do mosquito Aedes, além de prestar informações
acerca da patologia e dos cuidados que os ocupantes devem tomar, fazendo os devidos
registros relativos à vigilância entomológica.
O escopo do presente trabalho não inclui a avaliação da gestão municipal no combate do
mosquito Aedes Aegypti. Para uma avaliação técnica conclusiva sobre a qualidade dos serviços
prestados pelos ACEs municipais, acerca da atuação dos supervisores de campo e gerais e
relativamente à identificação de possíveis micro áreas dos municípios não atendidas por
ACEs, seriam necessárias outras ações de controle.
Porém, dada a relevância do tema, efetuou-se circularização para todos os Escritórios
Regionais de Saúde – ERS da SES/MT, objetivando colher informações preliminares sobre a
atuação dos agentes municipais. Isso porque são os ERS que monitoram as ações de vigilância
em sua base territorial e prestam assessoria técnica aos municípios pertencentes as suas
jurisdições. Foram recebidas informações de 63% dos ERS, alcançando todas as regiões do
Estado de Mato Grosso.
De modo geral, na percepção dos ERS os agentes de combate às endemias (dentro das suas
limitações técnicas) realizam suas atribuições a contento. Embora não tenham sido apontadas
pelos ERS, explicitamente, falhas de atuação dos agentes, isso não significa dizer que elas não
existem. Com base no conjunto das respostas, depreende-se o seguinte:
- Sendo verificadas inconsistências no Sistema de Informações SISPNCD o supervisor dos
ACEs é informado a fazer adequações. Essa sinalização, trazida pelo Escritório Regional de
Alta Floresta, sugere a existência de falhas na alimentação do Sistema, que podem gerar
interpretações equivocadas, a partir de dados errôneos;
- Existem deficiências de conhecimento e capacitação em controle químico, onde, muitas
vezes, os erros na manipulação e aplicação dos inseticidas geram preocupação por expor a
comunidade e o próprio agente aos riscos químicos e toxicológicos. Essas deficiências, na
visão dos gestores do Escritório Regional de Barra do Garças, devem-se aos seguintes fatores:
a) mudanças frequentes dos inseticidas disponibilizados pelo Ministério da Saúde; b) alta
rotatividade de profissionais; e c) falta de ações de educação permanente por parte dos
profissionais responsáveis pelo acompanhamento dos ACES (Supervisores de Vigilância em
Saúde em Ambiental, Coordenador de Vigilância em Saúde Ambiental, Coordenador de
Vigilância em Saúde, dentre outros).
- Alguns ACEs não desempenham suficientemente algumas atividades, às vezes por não ter
perfil para executá-las. Essa foi a contribuição dada pelo Escritório Regional de Rondonópolis
que demonstra necessidade de supervisão mais atuante, capacitação e avaliação de
desempenho;
- Problemas quanto ao número de agentes necessários para realização da cobertura total de
imóveis existentes em alguns municípios. Essa indicação foi feita pelos ERS de Cáceres, Juara
e Tangará da Serra. Essa sinalização pode indicar outros problemas decorrentes, a saber: a)
desatualização do cadastro de imóveis, por intermédio do reconhecimento geográfico, e do
cadastro de pontos estratégicos (PE); b) falta de realização adequada de pesquisa larvária, para
levantamento de índices e descobrimento de focos; e c) registros imprecisos ou incompletos
47
nos formulários específicos das informações referentes às atividades executadas às pressas a
fim de cumprir metas de visitas superestimadas. E isso pode comprometer de modo direto os
dados a serem fornecidos para Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa) e
outros indicadores para fins de tomada de decisões.
Considerando que falhas de atuação dos ACEs podem indicar baixa efetividade das
capacitações até então idealizadas pela SES/MT, tornar-se oportuno trazer sugestões dos ERS
sobre oportunidade de melhorias na gestão estadual no tocante a esse tema:
- ERS Barra do Garças: “aprimorar as ações de educação permanente em saúde”;
- ERS Cáceres: “Pode melhorar através de processos de formações continuada aos ACE e
também aos ACS (Agentes Comunitário de Saúde) visando uma integração dos territórios e
atribuições, para melhor desenvolver suas atribuições, consequentemente o nível de assessoria
e supervisão”;
- ERS Colíder: “Que o Nível Central descentralize capacitações/treinamentos, pois muitas
vezes há capacitações para o nível central e o ERS recebe apenas documentos orientativos ou
documentos ou documentos cobrando resolutividades”;
- ERS Juara: “Capacitações constantes, devido à alta rotatividade dos profissionais”.
Por fim, é digno de nota que as informações sobre a atuação dos agentes existem, porém, no
que se refere às falhas de execução, elas não estão estruturadas de forma a responder
objetivamente, quais são, onde estão e com que frequência ocorrem, com a finalidade de se
criar instrumentos de avaliação gerencial de desempenho, tabular as boas práticas existentes
nos escritórios regionais para fins de compartilhamento da informação e padronização de
procedimentos e estabelecer planos de capacitação mais condizentes com a realidade regional
ou local.
##/Fato##
2.2.3. Veículos adquiridos com recursos públicos federais e não utilizados no combate
ao Aedes Aegypti.
Fato
Com base na relação fornecida pela Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES/MT)
de veículos por ela adquiridos a partir de 2014, selecionou-se para avaliação os objetos do
Pregão Eletrônico nº 20/2015 (Processo nº 58186/2014), no valor de R$ 808.500,00,
destinados à aquisição de um caminhão para entrega de insumos (Contrato nº
044/2015/SES/MT) e quinze camionetes pick-up para instalação de nebulizadores UBV
(Contrato nº 050/2015/SES/MT).
Com o objetivo de identificar a efetiva utilização deles em ações de combate ao Aedes Aegypti,
realizou-se inspeção física nos endereços indicados pela SES/MT.
O Caminhão para transporte de insumos, placa QCA-5659, marca AGRALE, modelo 10.000
S, ano/modelo 2015/2015, encontra-se no pátio do depósito de insumos da Coordenadoria de
Vigilância Ambiental, possuindo especificações de acordo com o solicitado no Termo de
Referência. O odômetro apontava 3.995 km rodados.
48
Fotos tiradas em 18 de março de 2016, no pátio do depósito da Coordenadoria de
Vigilãncia Ambiental.
Conforme consta do Relatório de Acompanhamento de Contrato, datado de 25 de fevereiro
de 2016, a entrega do caminhão teria ocorrido em janeiro de 2016, mas até o final dos trabalhos
de campo (07 de abril de 2016) não havia ocorrido a efetivação do pagamento. Segundo
informações de servidores da Vigilância, o caminhão teria realizado uma única viagem para
o norte do Estado de Mato Grosso.
Embora tenha sido solicitado pela equipe de fiscalização os documentos referentes à entrada
e saída do veículo, não foram apresentados os controles de sua movimentação, inviabilizando
uma avaliação mais acurada.
Foi feito contato com o fornecedor do veículo com fim de obter informações acerca da demora
no pagamento. O funcionário da Kcinco Caminhões e Ônibus Ltda, CNPJ 08.440.584/0001-
28, afirmou não saber as razões do atraso no pagamento e informou que outras Secretarias
Estaduais, geralmente, efetuam o pagamento no máximo em até trinta dias após a entrega do
objeto licitado. Segundo informações recebidas em campo, a nota fiscal havia sido guardada
pela Gerência de Transporte, não chegando ao Setor de Contratos para finalização do
processo.
Tal situação torna ainda mais evidente os problemas relacionados aos controles internos para
realizar uma boa e regular aplicação dos recursos destinados à SES/MT. A falta de definição
de um fluxo processual prejudica a celeridade dos trabalhos, criando oportunidades para a
prática de recebimento indevido por serviço ou informação à revelia da Instituição.
Embora possua recursos financeiros disponíveis, a morosidade no fechamento dos seus
processos de aquisições, faz com que haja, rotineiramente, inscrição de recursos em restos a
pagar, prejudicando a imagem de bom pagador da Secretaria de Estado de Saúde de Estado
de Mato Grosso. E essa situação repercute no mercado, afastando potenciais fornecedores que
desistem pela demora no recebimento de seus direitos.
Com relação às camionetes pick-up para instalação de nebulizadores UBV, verificou-se que a
empresa Volkswagen do Brasil Indústria de Veículos Automotores Ltda, CPNJ
49
59.104.422/0024-46, entregou quinze veículos pick-up do modelo Saveiro, de cabine simples,
ano/modelo 2016.
Conforme consta Relatório de Entrada de Materiais, produzido pela Gerência de Patrimônio
da SES/MT, esses veículos chegaram dia 17 de dezembro de 2015, porém, até o momento,
não foram pagos nem utilizados para a finalidade para os quais se destinam. Foram
encontrados em lugar inadequado, no pátio do laboratório de entomologia da Coordenadoria
de Vigilância em Saúde Ambiental – COVAM, conforme ilustra as fotos seguintes:
Fotos tiradas em 18 de março de 2016, no pátio do laboratório de entomologia da
Coordenadoria de Vigilância em Saúde Ambiental – COVAM.
Fotos tiradas em 18 de março de 2016, no pátio do laboratório de entomologia da
Coordenadoria de Vigilância em Saúde Ambiental – COVAM
A situação demonstra que a SES/MT não possui estrutura adequada para a guarda dos veículos
adquiridos com recursos federais. E a falta de lugar apropriado para a guarda dos veículos
contribui para depreciação precoce em virtude da exposição às intempéries.
Tais veículos deveriam atender às necessidades dos escritórios regionais da SES/MT, porém,
os nebulizadores UBV para serem acoplados aos veículos ainda não foram adquiridos,
impedindo a distribuição dos carros. O processo nº 60829/2014, aberto em 05 de fevereiro de
2014, para aquisição dos nebulizadores não foi concluído até o fechamento deste relatório.
50
A dificuldade da SES/MT em prover-se de bens e serviços evidencia que há falhas de
planejamento em suas aquisições, comprometendo a atuação finalística da Vigilância em
Saúde no combate ao vetor Aedes Aegypti, em desrespeito às responsabilidades estaduais
definidas na Portaria nº 1378/2013. ##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 10403/2016/GAB/CGU-Regional/MT, de 20 de abril de 2016,
protocolizado na Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso – SES/MT, na mesma data
às 15:41h (Protocolo nº 195964/2016), foi encaminhado o Relatório Preliminar da fiscalização
dos recursos públicos federais aplicados pelo Estado, para fins de manifestação do gestor em
dez dias corridos, contados a partir da notificação. O referido Relatório Preliminar também
foi encaminhado ao Governador do Estado de Mato Grosso, por meio do Ofício nº
10395/GAB/CGU-Regional/MT, de 20 de abril de 2016, para conhecimento.
Objetivando dar transparência e facilitar a resposta do gestor, foi encaminhada em 25 de abril
de 2016, via e-mail, às 11:32h, a via digitalizada dos Ofícios que foram protocolados junto à
Secretaria e ao Gabinete do Governador, juntamente com o Relatório Preliminar.
Importante registrar que, por ocasião da reunião da abertura dos trabalhos de fiscalização,
ocorrida em 8 de março de 2016, foi comunicado ao Secretário de Estado de Saúde, à
Secretaria Adjunta de Políticas e Atenção à Saúde e à Superintendente de Vigilância em Saúde
sobre a relevância dos trabalhos em nível nacional, como também sobre a necessidade de
disponibilizar documentos e informações de forma tempestiva.
Contudo, apesar do tratado, nenhuma das sete solicitações de fiscalizações emitidas pela
CGU/Regional-MT durante os trabalhos de campo foi respondida no prazo solicitado ou, por
vezes, não foi respondida (conforme consta em item próprio deste relatório).
Digno de nota é que todos os documentos, por determinação do Gabinete do Secretário, deram
entrada na SES/MT pelo Protocolo Geral, que, então, os encaminhou ao Gabinete. As vias
digitalizadas de todos esses documentos também foram enviadas por e-mail.
Decorridos oito dias após o encaminhamento do Relatório Preliminar ao Secretário de Estado
de Saúde, a Superintendência de Vigilância em Saúde encaminhou, via e-mail, o Ofício nº
0535/2016/GB/SES, de 27 de abril de 2016, digitalizado e assinado pelo Secretário de Estado
de Saúde de Mato Grosso, cuja via física não chegou a ser protocolizada nesta CGU/Regional-
MT, solicitando a dilação de prazo por mais dez dias úteis, contados a partir do fim do prazo
inicialmente estabelecido, alegando o recebimento do processo somente no dia 26 de abril de
2016.
Diante do compromisso assumido para conclusão dos trabalhos de fiscalização, conforme
cronograma estabelecido pelo Órgão Central da CGU; considerando que o prazo estabelecido
foi o mesmo para todas as outras Secretarias Estaduais ora fiscalizadas em todo o país;
considerando que foram dadas oportunidades aos gestores de manifestarem e entregarem
documentos durante dois meses de fiscalização na SES/MT e que problemas estruturais ali
existentes dificultam a apresentação de informações completas e tempestivas, não houve
condições de conceder o pleito feito pela SES/MT sob pena de comprometer todo o
planejamento operacional da CGU em razão de problemas na gestão da própria Secretaria.
Assim sendo, foi mantido o prazo inicialmente estabelecido para protocolar a manifestação
ante os fatos apontados, qual seja, 02 de maio de 2016.
Não houve manifestação da unidade examinada no prazo estabelecido.
51
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno consta registrada acima, no campo ‘fato’.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.4. Falta de manutenção em equipamentos e veículos destinados ao combate ao Aedes
Aegypti.
Fato
Constatou-se que SES/MT possui outros veículos, tipo camionete (algumas delas equipadas
com nebulizadores UBV) que se encontravam no pátio do depósito de insumos da
Coordenadoria de Vigilância Ambiental.
Foram identificados 22 camionetes (modelos S-10, F-1000 e Ranger) sendo doze delas
acopladas com bombas UBV. As fotos seguintes ilustram a situação encontrada:
52
Fotos tiradas em 18 de março de 2016, no pátio do laboratório de entomologia da
Coordenadoria de Vigilância em Saúde Ambiental – COVAM.
Conforme pode se observar, os veículos e bombas de UBV estão acondicionados em lugar
inapropriado, improvisado, sujeitos às intempéries, não havendo sinais de limpeza. Algumas
fotos evidenciam que o mato que cresce no pátio dificulta o acesso aos veículos.
No caderno das Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue,
2009, consta a necessidade de um local especifico para a manutenção e guarda dos
equipamentos utilizados para a aplicação de inseticida (UBV - nebulizadores costais e pesados
e veículos) deve ser construído ou adaptado, sendo dimensionado conforme a necessidade.
53
Tanto as instalações como o uso dessa área devem seguir as diretrizes e normas de segurança,
conforme manual editado pelo Ministério da Saúde.
A lavagem dos equipamentos é um item que deve merecer atenção especial da gestão estadual
de maneira a evitar a contaminação ambiental, com destinação adequada dos resíduos e sobras
das soluções e da água de lavagem. Nesse sentido, o Ministério da Saúde recomenda o trabalho
conjunto entre as áreas de controle de vetores e de vigilância ambiental, para a adoção de
práticas de segurança ambiental e do trabalhador.
Assim, a SES/MT comete falha de manutenção, guarda e limpeza dos equipamentos
necessários ao combate ao mosquito Aedes Aegypti.
Por meio da Solicitação de Fiscalização nº 201600415-06, de 04 de abril de 2016, foram
solicitadas informações sobre a origem dos recursos dos bens (se próprios ou recursos
federais), sobre os controles de entrada e saída dos veículos e os históricos de manutenções
realizadas.
Contudo, a SES/MT manteve-se silente. Não foram apresentadas evidências de manutenção,
nem de utilização desses veículos, impedindo apurar quais veículos e bombas UBV estão em
funcionamento. Segue a relação de camionetes encontradas no pátio de depósito da Vigilância
Ambiental:
Quadro – Veículos encontrados no pátio da Vigilância Ambiental
Veículo Placa Km rodados
F-1000 JZE 8150 129.487
F-1000 JZE 7730 84.626
F-1000 JZE 7820 84.699
F-1000 JZE 8060 103.233
S-10 GMF 4189 24.483
S-10 LNS 5312 58.130
S-10 JFO 9468 31.171
Ranger LNS 3623 66.005
S-10 JFO 9248 29.227
S-10 JFO 9278 31.901
F-1000 JZE 7850 73.776
F-1000 JZE 7790 83.286
F-1000 JZE 8140 72.342
F-1000 JZE 7920 79.997
F-1000 JZE 8010 88.711
F-1000 JZE 7870 72.192
F-1000 JZE 7810 83.194
F-1000 JZE 8050 119.539
F-1000 JZE 8030 131.292
F-1000 JZE 7840 65.561
S-10 GMF 4119 19.009
Ranger LNR 4101 122.670
Considerando que esses veículos são destinados exclusivamente para transporte e uso das
bombas UBV, maior seria a necessidade de assegurar um local adequado para a guarda,
adotando procedimentos de controle administrativo para sua manutenção e uso.
54
Constatou-se a existência de veículos com baixa quilometragem diante do potencial de
desempenho de motores a diesel (até 500.000 km). Frise-se que esses veículos estão sendo
depreciados precocemente por falta de guarda e manutenção adequada. Essa baixa
quilometragem também indica pouco uso, situação de difícil explicação, notadamente, em
razão da grave situação já identificada no Estado há vários anos.
Dado o volume dos investimentos em veículos e em função da necessidade de manutenção
rotineira dos equipamentos, caberia a SES/MT a realização de um estudo de avaliação da
situação das máquinas de UBV e veículos em sua posse, de maneira a compor um consistente
cadastro patrimonial relativo aos equipamentos citados, inclusive com informações sobre o
estado de conservação e funcionamento de todos eles, para, também, decidir sobre a
necessidade ou não de adquirir novos veículos e equipamentos para a mesma finalidade.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 10403/2016/GAB/CGU-Regional/MT, de 20 de abril de 2016,
protocolizado na Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso – SES/MT, na mesma data
às 15:41h (Protocolo nº 195964/2016), foi encaminhado o Relatório Preliminar da fiscalização
dos recursos públicos federais aplicados pelo Estado, para fins de manifestação do gestor em
dez dias corridos, contados a partir da notificação. O referido Relatório Preliminar também
foi encaminhado ao Governador do Estado de Mato Grosso, por meio do Ofício nº
10395/GAB/CGU-Regional/MT, de 20 de abril de 2016, para conhecimento.
Objetivando dar transparência e facilitar a resposta do gestor, foi encaminhada em 25 de abril
de 2016, via e-mail, às 11:32h, a via digitalizada dos Ofícios que foram protocolados junto à
Secretaria e ao Gabinete do Governador, juntamente com o Relatório Preliminar.
Importante registrar que, por ocasião da reunião da abertura dos trabalhos de fiscalização,
ocorrida em 8 de março de 2016, foi comunicado ao Secretário de Estado de Saúde, à
Secretaria Adjunta de Políticas e Atenção à Saúde e à Superintendente de Vigilância em Saúde
sobre a relevância dos trabalhos em nível nacional, como também sobre a necessidade de
disponibilizar documentos e informações de forma tempestiva.
Contudo, apesar do tratado, nenhuma das sete solicitações de fiscalizações emitidas pela
CGU/Regional-MT durante os trabalhos de campo foi respondida no prazo solicitado ou, por
vezes, não foi respondida (conforme consta em item próprio deste relatório).
Digno de nota é que todos os documentos, por determinação do Gabinete do Secretário, deram
entrada na SES/MT pelo Protocolo Geral, que, então, os encaminhou ao Gabinete. As vias
digitalizadas de todos esses documentos também foram enviadas por e-mail.
Decorridos oito dias após o encaminhamento do Relatório Preliminar ao Secretário de Estado
de Saúde, a Superintendência de Vigilância em Saúde encaminhou, via e-mail, o Ofício nº
0535/2016/GB/SES, de 27 de abril de 2016, digitalizado e assinado pelo Secretário de Estado
de Saúde de Mato Grosso, cuja via física não chegou a ser protocolizada nesta CGU/Regional-
MT, solicitando a dilação de prazo por mais dez dias úteis, contados a partir do fim do prazo
inicialmente estabelecido, alegando o recebimento do processo somente no dia 26 de abril de
2016.
Diante do compromisso assumido para conclusão dos trabalhos de fiscalização, conforme
cronograma estabelecido pelo Órgão Central da CGU; considerando que o prazo estabelecido
foi o mesmo para todas as outras Secretarias Estaduais ora fiscalizadas em todo o país;
55
considerando que foram dadas oportunidades aos gestores de manifestarem e entregarem
documentos durante dois meses de fiscalização na SES/MT e que problemas estruturais ali
existentes dificultam a apresentação de informações completas e tempestivas, não houve
condições de conceder o pleito feito pela SES/MT sob pena de comprometer todo o
planejamento operacional da CGU em razão de problemas na gestão da própria Secretaria.
Assim sendo, foi mantido o prazo inicialmente estabelecido para protocolar a manifestação
ante os fatos apontados, qual seja, 02 de maio de 2016.
Não houve manifestação da unidade examinada no prazo estabelecido.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno consta registrada acima, no campo ‘fato’.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.5. Equipamentos de proteção individual - EPIs adquiridos com recursos públicos
federais e não utilizados no combate ao Aedes Aegypti.
Fato
A SES/MT, por meio do Processo nº 95106/2013 (concluído em 02 de outubro de 2014)
adquiriu equipamentos de proteção individual - EPI’s para distribuir aos municípios, conforme
motivação contida no Memorando nº 114/2013/SVS/SES-MT, datado de 01 de março de
2013.
Por ocasião da visita “in loco” ao depósito de insumos da Coordenadoria de Vigilância
Ambiental, realizada em 18 de março de 2016, identificou-se a existência de EPIs ainda não
utilizados no combate ao Aedes Aegypti, conforme ilustra as fotos exemplificativas seguintes:
Luvas Nitrílicas Máscaras faciais
Fotos tiradas em 18/03/2016 no depósito de insumos da Coordenadoria de Vigilância Ambiental.
56
Vestimentas Protetores auriculares
Fotos tiradas em 18/03/2016 no depósito de insumos da Coordenadoria de Vigilância Ambiental.
De acordo com o Anexo 17 ao Ofício nº 0425/2016 contendo a relação e distribuição dos
equipamentos de EPIs, esses materiais são destinados a servidores da SES para aplicação de
UBV nos municípios.
Independentemente do conflito entre a informação contida no processo de aquisição e a
informação ora prestada pela SES/MT, o fato é que existe uma baixa utilização desses EPIs,
indicando falta de planejamento nessas aquisições. A tabela seguinte demonstra as
quantidades adquiridas e as entregues:
Tabela – Quantidade de EPIs adquiridos e entregues.
Descrição Quantidades
Adquiridas
Quantidades
Entregues
% de
utilização
Respirador facial completo para 1 ou 2 filtros 320 24 8%
Respirador semi-facial para 1 (um) filtro 320 165 52%
Kit EPI - vestimentas para aplicação de agrotóxicos 320 87 27%
Óculos de segurança confeccionados em plástico resistente 320 100 31%
Protetor auricular 320 100 31%
Luvas nitrílica longa 320 100 31%
Luvas nitrílicas ou butílicas, tamanho grande 160 - 0%
Óculos de segurança em acrílico, com visor anti-embaçante 200 - 0%
Máscara descartável para proteção respiratória 10 - 0%
Botina de couro 75 - 0%
Jaleco descartável manga longa 500 - 0%
Lona emborrachada 30 - 0%
Bombona plástica nova, capacidade para 50 litros 400 141 35%
Recipiente novo em polietileno de alta densidade 200 141 70%
FONTE: Anexo 17 ao Ofício nº 0425/2016
Os materiais ainda não distribuídos como luvas nitrílicas grandes, óculos, jalecos, botinas de
couros se encontravam no laboratório de Entomologia da Coordenadoria de Vigilância
Ambiental, situado no Bairro Coophema em Cuiabá-MT.
A SES/MT enfrenta sérios problemas de comunicação e de compartilhamento de informações
entre os seus setores, resultando numa baixa efetividade das atuações que competem a cada
um deles.
57
Exemplo disso é a aquisição ainda não efetivada de 300 nebulizadores costais motorizados
para aplicações a Ultra Baixo Volume – UBV, pelo Processo nº 626550/2015. Na motivação
do referido processo (fl.03), apresentada pela Superintendente de Vigilância em Saúde –
Memorando nº 451/2015/SVS/SES-MT, de 26 de novembro de 2015, consta que:
“Considerando que 160 unidades de nebulizadores costais motorizados estavam
armazenadas no depósito da Agilize e não foram devolvidos a esta SES ao terminar o
contrato de armazenamento e que desde 2014 estamos solicitando da administração
da SES informações e liberação das mesmas (Processo n° 672327/2014 e Memorando
n º 234/2015/SVS/SES-MT - 26/05/2015 ao GBSAAS) e até a presente data não
tivemos retorno”. (grifo nosso)
No Memorando nº 234/2015/SVS/SES-MT, de 26 de maio de 2015, encaminhado ao
Secretário Adjunto de Administração Sistêmica, a Superintendente de Vigilância em Saúde
apresentada um histórico, retratando vários problemas de gestão, os quais destacam-se: a)
Falta de pagamento do contrato de locação de espaço físico da empresa Agilize, que recusou-
se a entregar os materiais pertencentes à SES/MT; b) Falta de posicionamento da
Superintendência Administrativa e da Secretaria de Administração Sistêmica sobre
pagamentos realizados à empresa Agilize, sem a ciência e autorização da Superintendência de
Vigilância em Saúde; c) Ausência de respostas por parte da Gerência de Patrimônio sobre a
destinação de alguns equipamentos; e d) Ausência de informações do Setor de Aquisições e
do Gabinete da Secretaria Adjunta de Administração Sistêmica sobre eventual notificação
para a empresa realizar a entrega (devolução) dos materiais por ela retidos.
Há que se ressaltar que, conforme já demonstrado em item próprio deste relatório, não
faltaram recursos para que a Vigilância em Saúde cumprisse suas obrigações contratuais.
Assim, a alegação da empresa Agilize (por falta de pagamento) não deveria existir. O processo
nº 672327/2014 foi encaminhado à Procuradoria Geral do Estado de Mato Grosso em 05 de
março de 2015.
No levantamento apresentado pela Superintendente de Vigilância em Saúde, das 160 bombas
costais motorizadas, 150 teriam sido adquiridos com recursos próprios e 10 (dez) com recursos
federais.
Um novo processo de aquisição, com recursos federais, foi iniciado porque a SES/MT não
consegue resolver seus problemas de falta de comunicação.
Por tudo exposto, depreende-se que a SES/MT tem dificuldades para realizar suas aquisições,
para cumprir suas obrigações contratuais tempestivamente, para quantificar os EPIs
necessários, para distribuir os materiais a quem precisa (municípios ou Escritórios Regionais
de Saúde), descumprindo suas obrigações e responsabilidades previstas na Portaria MS/GM
1.378/2013, Art. 9º.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 10403/2016/GAB/CGU-Regional/MT, de 20 de abril de 2016,
protocolizado na Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso – SES/MT, na mesma data
às 15:41h (Protocolo nº 195964/2016), foi encaminhado o Relatório Preliminar da fiscalização
dos recursos públicos federais aplicados pelo Estado, para fins de manifestação do gestor em
dez dias corridos, contados a partir da notificação. O referido Relatório Preliminar também
foi encaminhado ao Governador do Estado de Mato Grosso, por meio do Ofício nº
10395/GAB/CGU-Regional/MT, de 20 de abril de 2016, para conhecimento.
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Objetivando dar transparência e facilitar a resposta do gestor, foi encaminhada em 25 de abril
de 2016, via e-mail, às 11:32h, a via digitalizada dos Ofícios que foram protocolados junto à
Secretaria e ao Gabinete do Governador, juntamente com o Relatório Preliminar.
Importante registrar que, por ocasião da reunião da abertura dos trabalhos de fiscalização,
ocorrida em 8 de março de 2016, foi comunicado ao Secretário de Estado de Saúde, à
Secretaria Adjunta de Políticas e Atenção à Saúde e à Superintendente de Vigilância em Saúde
sobre a relevância dos trabalhos em nível nacional, como também sobre a necessidade de
disponibilizar documentos e informações de forma tempestiva.
Contudo, apesar do tratado, nenhuma das sete solicitações de fiscalizações emitidas pela
CGU/Regional-MT durante os trabalhos de campo foi respondida no prazo solicitado ou, por
vezes, não foi respondida (conforme consta em item próprio deste relatório).
Digno de nota é que todos os documentos, por determinação do Gabinete do Secretário, deram
entrada na SES/MT pelo Protocolo Geral, que, então, os encaminhou ao Gabinete. As vias
digitalizadas de todos esses documentos também foram enviadas por e-mail.
Decorridos oito dias após o encaminhamento do Relatório Preliminar ao Secretário de Estado
de Saúde, a Superintendência de Vigilância em Saúde encaminhou, via e-mail, o Ofício nº
0535/2016/GB/SES, de 27 de abril de 2016, digitalizado e assinado pelo Secretário de Estado
de Saúde de Mato Grosso, cuja via física não chegou a ser protocolizada nesta CGU/Regional-
MT, solicitando a dilação de prazo por mais dez dias úteis, contados a partir do fim do prazo
inicialmente estabelecido, alegando o recebimento do processo somente no dia 26 de abril de
2016.
Diante do compromisso assumido para conclusão dos trabalhos de fiscalização, conforme
cronograma estabelecido pelo Órgão Central da CGU; considerando que o prazo estabelecido
foi o mesmo para todas as outras Secretarias Estaduais ora fiscalizadas em todo o país;
considerando que foram dadas oportunidades aos gestores de manifestarem e entregarem
documentos durante dois meses de fiscalização na SES/MT e que problemas estruturais ali
existentes dificultam a apresentação de informações completas e tempestivas, não houve
condições de conceder o pleito feito pela SES/MT sob pena de comprometer todo o
planejamento operacional da CGU em razão de problemas na gestão da própria Secretaria.
Assim sendo, foi mantido o prazo inicialmente estabelecido para protocolar a manifestação
ante os fatos apontados, qual seja, 02 de maio de 2016.
Não houve manifestação da unidade examinada no prazo estabelecido.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno consta registrada acima, no campo ‘fato’.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.6. Serviços relativos à comunicação, à mobilização e à publicidade, do combate ao
Aedes Aegypti.
Fato
59
Com o intuito de averiguar se as ações de comunicação, mobilização e publicidade
relacionadas ao combate ao mosquito Aedes Aegypt, contratadas com recursos públicos
federais pelo, foram realizadas conforme contratado (art. 9º e 11º, da Portaria nº 1.378/13),
foram solicitadas informações prévias, acerca do assunto, mediante nº
7483/2016/GAB/CGU/Regional-MT, de 02 de março de 2016.
Em resposta, o Secretário de Estado de Saúde de Mato Grosso, por meio do Ofício nº
0425/2016/GBSES, de 31 de março de 2016 informou o seguinte:
“Foram veiculadas duas campanhas midiáticas para sensibilização da população no combate
ao mosquito Aedes aegypti. As iniciativas tiveram como foco a divulgação de orientações
sobre como evitar a proliferação do mosquito, além de alertar sobre a gravidade das doenças
e reduzir o número de criadouros.
A primeira campanha, desenvolvida no primeiro semestre do referido ano, teve como tema
“Dengue e Chicungunya – Essa dupla não pode fazer sucesso no seu quintal”.
A segunda campanha foi desenvolvida no mês de novembro e teve como tema “Cuidado com
o que você cria em casa”.
As campanhas foram veiculadas nos meios de comunicações estaduais, com anúncio em
jornais e sites, “busdoor”, spot para rádio e comercial de TV, além da veiculação nas mídias
digitais como facebook e youtube. As campanhas foram desenvolvidas e executadas pelo
Gabinete de Comunicação do Governo de Mato Grosso, com o aval da Assessoria de
Comunicação Social e Imprensa da SES com recursos do tesouro do estado.”
Pela resposta apresentada pela SES/MT, verificou-se a impossibilidade de avaliar contratos
realizados com recursos próprios do Estado de Mato Grosso sem o aporte de recursos federais,
sendo essa competência dos órgãos de controle estaduais.
Sobre o tema, registra-se que em 2009 o Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso –
TCE/MT, por meio do Processo nº 12122-3/2009, demonstrou a ineficácia da política pública
de combate e erradicação do mosquito Aedes Aegypti no Estado de Mato Grosso naquela
época, a partir de trabalhos de auditoria realizados na SES/MT e nas Secretarias Municipais
de Saúde de Cuiabá e de Várzea Grande. Sobre as ações de mobilização social, comunicação
e publicidade foram feitas as seguintes ponderações:
“(...) A atuação do Comitê somente em momentos pontuais, em que a dengue avance de uma
forma mais agressiva, como em 2009, configura-se como algo menos impactante no quesito
mobilidade social.
O recomendável é que seja intensificada, durante todo o ano, a articulação entre os comitês
estadual e municipais e demais segmentos da sociedade civil nas ações de educação em saúde,
mobilização e comunicação social, visando a sensibilização da população para mudança de
hábitos que busquem prevenir a criação de focos do mosquito da dengue.”
(...) Por meio do Oficio no 0315/2009/SVS/SES (fls. 261/271), a SES-MT apresentou relatório
de ações de controle da dengue em Cuiabá e Várzea Grande, fragilidades, aspectos relevantes
de avaliação técnica e recomendações para o controle da dengue.
Por meio de uma avaliação técnica realizada, afirma que o SUS não tem conseguido
sensibilizar a população quanto ao combate ao vetor da dengue, já que não há uma percepção
de mudanças de atitudes. Ou seja, a doença é banalizada pela população e isso contribui
para a falta de sensibilidade ao problema.
60
O que há é uma política de má implementação da comunicação social, sendo necessárias
campanhas educativas continuadas e o uso da mídia como espaço de utilidade pública.
(...) Daí, e visível a necessidade de se utilizar esse instrumento da forma mais conveniente
possível. Despejar panfletos e propagandas na mídia ou mesmo nas mãos dos moradores não
pode ser algo esporádico e nem desvinculado de outras ações qualitativas no quesito
comunicação social.
(...) Deixar transparente, em suas ações de educação e comunicação, em particular na midia,
a responsabilidade do poder público municipal, de modo que os cidadãos possam exercer o
controle social (...)”.
As ações de mídia e mobilização social contribuem para que o trabalho dos agentes de
combate à endemia tenha maior efetividade no sentido de conscientizar os ocupantes de
imóveis sobre as suas responsabilidades e consequências. Assim sendo, em relação à
conscientização da população, quanto maior ela for, menor deveria ser o número de casos de
notificação. Eventuais aumentos de gastos com ações de mídia sem a correspondente
diminuição do número de casos das endemias provocadas pelo mosquito Aedes Aegypt podem
indicar que campanhas publicitárias e estratégias de mobilização social não foram suficientes
para sensibilizar a população sobre a gravidade que representa os altos índices de infestação
verificados nas residências e no lixo domiciliar.
Nesse sentido, o gestor deve sempre avaliar se o nível dos gastos de recursos públicos com
mídia está adequado frente aos resultados esperados. No caso das ações de combate ao
mosquito Aedes Aegypt espera-se maior conscientização da população que resulte diminuição
do número de casos de endemias causada por esse vetor.
Com fim de avaliar como está a situação nos escritórios regionais da SES/MT nos diversos
municípios do Estado, foram enviados e-mails a essas unidades. De algumas respostas, foi
possível tirar algumas conclusões.
Iniciativas como a apresentada pelo ERS de Cáceres, que desenvolve o projeto “Tô dentro!
Aedes Tá Fora!”, como reforço de mobilização regional, envolvendo a comunidade escolar
numa competição saudável entre os alunos para que disputarem quem cuida melhor dos seus
ambientes familiares (imóveis), devem ser incentivadas e compartilhadas com outros
escritórios a fazerem o mesmo.
Por outro lado, não se deve desconsiderar o registro feito pelo ERS de Alta Floresta, em que
sugere, como oportunidades de melhorias, o seguinte:
“Primeiro é fomentar, uma cultura diferente, e começar nas escolas, educação para crianças,
e garantir em longo prazo, menos lixo, e consequentemente diminuir focos. Segundo, deve-se
implementar/instrumentalizar os códigos sanitários Federal/Estadual/Municipal em especial
no bloco destinado à Vigilância Ambiental, e IMPOR ao cidadão a obrigação de manter
imóveis limpos. A simples informação, ou apelos de marketing já se mostraram ineficazes,
portanto medidas mais enérgicas devem ser adotadas.”
De fato, considerando que a saúde pública é um direito de todos e um dever do Estado e que
compete ao Poder Público, nos termos da lei, dispor sobre sua regulamentação, fiscalização e
controle, conforme determina os artigos 196 e 197 da Constituição da República, torna-se
necessário regulamentar o acesso aos imóveis abandonados e aplicação de sanções aos que
não cumprem suas obrigações, independentemente da impopularidade que isso possa
provocar. Para isso, pode utilizar-se da mídia como meio de alerta.
61
Também é preciso deixar claro para a população a obrigação dos gestores locais, conforme já
sugerido pelo TCE/MT desde 2009. Decorridos seis anos, percebe-se que as campanhas
publicitárias, embora válidas, concentram suas apelações apenas para as responsabilidades do
cidadão, deixando de fomentar o controle social.
A Sala de Situação demonstra que a iniciativa de agregar as instituições públicas e demais
segmentos da sociedade civil somente ocorreu a partir dos números alarmantes apresentados
em 2015 e da Diretriz Geral da Sala Nacional de Coordenação e Controle para Enfretamento
à Microcefalia. Ou seja, a recomendação dada pelo TCE/MT em 2009 (para que houvesse
uma articulação intensa e permanente de mobilização) não foi implementada.
Por fim, com relação à distribuição de materiais gráficos, assunto também já observado pelo
TCE/MT, constatou-se que na Coordenadoria de Vigilância em Saúde Ambiental existiam
cartazes encaminhados pelo Ministério da Saúde, conforme fotos seguintes, que não foram
distribuídos para as instituições públicas e privados ou que foram recebidos em quantidade
muito maior que o necessário, o que pode caracterizar desperdício de recursos públicos por
excesso de impressão.
Fotos tiradas em 18 de março de 2016, na Coordenadoria de Vigilância em Saúde
Ambiental.
62
##/Fato##
2.2.7. Divergência a menor das quantidades de inseticidas constantes do Controle e da
verificação "in loco".
Fato
Por meio do Ofício nº 0425/2016/GBSES, de 31 de março de 2016, o Secretário de Estado de
Saúde de Mato Grosso informou que para gestão dos insumos (biolarvicidas, inseticidas e óleo
vegetal) a SES/MT utiliza o Sistema de Informação de Insumos Estratégicos – SIES,
disponibilizado pelo Ministério da Saúde. Foram apresentados demonstrativos de controles de
entrada e de saída dos insumos, confirmando essa informação.
Segundo o Secretário, não houve atraso nas entregas dos inseticidas e biolarvicidas por parte
do Ministério da Saúde que comprometessem a execução das ações de combate ao mosquito,
como também a SES/MT não realizou qualquer aquisição de inseticida.
Contudo, na conferência física realizada em 18 de março de 2016, dos quatro praguicidas
disponibilizados pelo Ministério da Saúde, identificou-se as seguintes inconsistências:
1. Bendiocarb – 80% PM (Código 217): possui registro de 1.485 quilos do produto no status
de liberado3 e 1.451 quilos no status de disponível4, entretanto, na inspeção física foram
localizados no depósito somente 1.900 quilos do produto e não 2.936 (liberado+disponível),
resultando em uma diferença a menor de 1.036 quilos do produto.
2. Malathion – EW 44% (Código 651): possui registro de 1.362 litros no status liberado e
1.162 litros no status disponível, entretanto, na inspeção física foram localizados no depósito
somente 2.200 litros do produto estocado e não 2.524 (liberado+disponível), resultando em
uma diferença a menor de 324 litros do produto.
3. Pyriproxyfen 0,5% – Gr (Código 161): possui registro de 371 quilos no status de liberado
e 361 quilos no status de disponível, entretanto, na inspeção física foram localizados no
depósito somente 270 quilos do produto e não 732 (liberado+disponível), resultando em uma
diferença a menor de 462 quilos do produto.
A gestão dos estoques é atividade técnico-administrativa que visa subsidiar a programação e
a manutenção dos níveis de estoques necessários ao atendimento da demanda, evitando-se a
superposição de estoques ou desabastecimento do sistema. A adequada gestão de estoques é
condição essencial para assegurar a correta programação como também garantir que não haja
desvios de inseticidas.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 10403/2016/GAB/CGU-Regional/MT, de 20 de abril de 2016,
protocolizado na Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso – SES/MT, na mesma data
às 15:41h (Protocolo nº 195964/2016), foi encaminhado o Relatório Preliminar da fiscalização
dos recursos públicos federais aplicados pelo Estado, para fins de manifestação do gestor em
dez dias corridos, contados a partir da notificação. O referido Relatório Preliminar também
3 Está em estoque para retirada pelas Prefeituras e Escritórios Regionais. 4 Está em estoque, mas, ainda sem requisição para retirada.
63
foi encaminhado ao Governador do Estado de Mato Grosso, por meio do Ofício nº
10395/GAB/CGU-Regional/MT, de 20 de abril de 2016, para conhecimento.
Objetivando dar transparência e facilitar a resposta do gestor, foi encaminhada em 25 de abril
de 2016, via e-mail, às 11:32h, a via digitalizada dos Ofícios que foram protocolados junto à
Secretaria e ao Gabinete do Governador, juntamente com o Relatório Preliminar.
Importante registrar que, por ocasião da reunião da abertura dos trabalhos de fiscalização,
ocorrida em 8 de março de 2016, foi comunicado ao Secretário de Estado de Saúde, à
Secretaria Adjunta de Políticas e Atenção à Saúde e à Superintendente de Vigilância em Saúde
sobre a relevância dos trabalhos em nível nacional, como também sobre a necessidade de
disponibilizar documentos e informações de forma tempestiva.
Contudo, apesar do tratado, nenhuma das sete solicitações de fiscalizações emitidas pela
CGU/Regional-MT durante os trabalhos de campo foi respondida no prazo solicitado ou, por
vezes, não foi respondida (conforme consta em item próprio deste relatório).
Digno de nota é que todos os documentos, por determinação do Gabinete do Secretário, deram
entrada na SES/MT pelo Protocolo Geral, que, então, os encaminhou ao Gabinete. As vias
digitalizadas de todos esses documentos também foram enviadas por e-mail.
Decorridos oito dias após o encaminhamento do Relatório Preliminar ao Secretário de Estado
de Saúde, a Superintendência de Vigilância em Saúde encaminhou, via e-mail, o Ofício nº
0535/2016/GB/SES, de 27 de abril de 2016, digitalizado e assinado pelo Secretário de Estado
de Saúde de Mato Grosso, cuja via física não chegou a ser protocolizada nesta CGU/Regional-
MT, solicitando a dilação de prazo por mais dez dias úteis, contados a partir do fim do prazo
inicialmente estabelecido, alegando o recebimento do processo somente no dia 26 de abril de
2016.
Diante do compromisso assumido para conclusão dos trabalhos de fiscalização, conforme
cronograma estabelecido pelo Órgão Central da CGU; considerando que o prazo estabelecido
foi o mesmo para todas as outras Secretarias Estaduais ora fiscalizadas em todo o país;
considerando que foram dadas oportunidades aos gestores de manifestarem e entregarem
documentos durante dois meses de fiscalização na SES/MT e que problemas estruturais ali
existentes dificultam a apresentação de informações completas e tempestivas, não houve
condições de conceder o pleito feito pela SES/MT sob pena de comprometer todo o
planejamento operacional da CGU em razão de problemas na gestão da própria Secretaria.
Assim sendo, foi mantido o prazo inicialmente estabelecido para protocolar a manifestação
ante os fatos apontados, qual seja, 02 de maio de 2016.
Não houve manifestação da unidade examinada no prazo estabelecido.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno consta registrada acima, no campo ‘fato’.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.8. Perda de insumos fornecidos pelo Ministério da Saúde.
Fato
64
A SES/MT utiliza o Sistema de Informação de Insumos Estratégicos – SIES para gestão de
insumos. Com base no controle de estoque do SIES não foram identificadas perdas dos quatro
inseticidas disponibilizados em 2015 e 2016, uma vez que não havia produtos vencidos.
Porém, informações recebidas dos Escritórios Regionais de Saúde (ERS) do Estado de Mato
Grosso indicam a necessidade de aperfeiçoamento na distribuição em função do prazo de
vencimento dos insumos, conforme segue:
- ERS Barra do Garças: Informou que a “entrega de adulticidas e larvicidas (inseticidas) estão
comprometidas atualmente, essas já foram reagendadas por (03) três vezes em 2016, em um
intervalo de 02 meses. Para Malathion as duas utilizadas e distribuídas as SMS em 2016, foi
necessário serem retiradas em Cuiabá utilizando veículo e motorista do Escritório Regional
de Saúde (primeira entrega) para aquela e para a segunda utilizamos carro e motorista do
Município de Nova Xavantina.” (...) “Perdas de inseticidas foram registradas (temephos,
deltametrina e alphacipermetrina), porém uma das principais causas dessa perda decorre da
logística utilizada pelo Nivel Central da SESMT, responsável pela distribuição desses
insumos. Encaminha insumos próximos à data de vencimento e/ou vencidos, ou reaprazados”.
- ERS Cáceres: Informou que as perdas de inseticida em 2015 decorreram do prazo de validade
vencido.
- ERS Colíder: informou que as entregas efetuadas pela Sede da SES/MT nem sempre ocorrem
de forma tempestiva. Com relação às perdas, o ERS informou que houve perdas de insumos
reaprazados que estavam nos municípios e venceram.
- ERS Juara: informou que as perdas ocorrem em função do recebimento dos insumos em
períodos bem próximos a data de vencimento.
- ERS Porto Alegre do Norte: informou que em anos anteriores o prazo de validade dos
produtos expirou, em virtude do recebimento de quantidades superiores à solicitada ou com
prazo de validade bem próximo de vencer;
- ERS Tangará da Serra: informou que os poucos insumos que sofreram perdas em 2015 foram
por validade vencida.
Nota-se que os escritórios regionais de saúde se limitaram a apontar a existência do problema,
atribuindo falhas de logísticas da SES/MT. Não foram apresentadas informações que
permitissem quantificar os valores potenciais das perdas. Entretanto, a situação apontada
demonstra que esse tipo de ocorrência é frequente na SES/MT, uma vez que 60% dos
escritórios regionais que responderam, por escrito, a indagação da CGU/Regional-MT
apontaram uma ou outra inconsistência de perdas por vencimento de prazo de validade dos
produtos.
A informação trazida pelos escritórios regionais de saúde evidencia falhas de planejamento,
distribuição e controle na gestão dos insumos estratégicos para o combate do mosquito Aedes
Aegypti.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 10403/2016/GAB/CGU-Regional/MT, de 20 de abril de 2016,
protocolizado na Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso – SES/MT, na mesma data
às 15:41h (Protocolo nº 195964/2016), foi encaminhado o Relatório Preliminar da fiscalização
dos recursos públicos federais aplicados pelo Estado, para fins de manifestação do gestor em
dez dias corridos, contados a partir da notificação. O referido Relatório Preliminar também
65
foi encaminhado ao Governador do Estado de Mato Grosso, por meio do Ofício nº
10395/GAB/CGU-Regional/MT, de 20 de abril de 2016, para conhecimento.
Objetivando dar transparência e facilitar a resposta do gestor, foi encaminhada em 25 de abril
de 2016, via e-mail, às 11:32h, a via digitalizada dos Ofícios que foram protocolados junto à
Secretaria e ao Gabinete do Governador, juntamente com o Relatório Preliminar.
Importante registrar que, por ocasião da reunião da abertura dos trabalhos de fiscalização,
ocorrida em 8 de março de 2016, foi comunicado ao Secretário de Estado de Saúde, à
Secretaria Adjunta de Políticas e Atenção à Saúde e à Superintendente de Vigilância em Saúde
sobre a relevância dos trabalhos em nível nacional, como também sobre a necessidade de
disponibilizar documentos e informações de forma tempestiva.
Contudo, apesar do tratado, nenhuma das sete solicitações de fiscalizações emitidas pela
CGU/Regional-MT durante os trabalhos de campo foi respondida no prazo solicitado ou, por
vezes, não foi respondida (conforme consta em item próprio deste relatório).
Digno de nota é que todos os documentos, por determinação do Gabinete do Secretário, deram
entrada na SES/MT pelo Protocolo Geral, que, então, os encaminhou ao Gabinete. As vias
digitalizadas de todos esses documentos também foram enviadas por e-mail.
Decorridos oito dias após o encaminhamento do Relatório Preliminar ao Secretário de Estado
de Saúde, a Superintendência de Vigilância em Saúde encaminhou, via e-mail, o Ofício nº
0535/2016/GB/SES, de 27 de abril de 2016, digitalizado e assinado pelo Secretário de Estado
de Saúde de Mato Grosso, cuja via física não chegou a ser protocolizada nesta CGU/Regional-
MT, solicitando a dilação de prazo por mais dez dias úteis, contados a partir do fim do prazo
inicialmente estabelecido, alegando o recebimento do processo somente no dia 26 de abril de
2016.
Diante do compromisso assumido para conclusão dos trabalhos de fiscalização, conforme
cronograma estabelecido pelo Órgão Central da CGU; considerando que o prazo estabelecido
foi o mesmo para todas as outras Secretarias Estaduais ora fiscalizadas em todo o país;
considerando que foram dadas oportunidades aos gestores de manifestarem e entregarem
documentos durante dois meses de fiscalização na SES/MT e que problemas estruturais ali
existentes dificultam a apresentação de informações completas e tempestivas, não houve
condições de conceder o pleito feito pela SES/MT sob pena de comprometer todo o
planejamento operacional da CGU em razão de problemas na gestão da própria Secretaria.
Assim sendo, foi mantido o prazo inicialmente estabelecido para protocolar a manifestação
ante os fatos apontados, qual seja, 02 de maio de 2016.
Não houve manifestação da unidade examinada no prazo estabelecido.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno consta registrada acima, no campo ‘fato’.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.9. Locais inadequados para guarda e armazenamento de insumos estratégicos.
Fato
66
A CGU/Regional-MT questionou os 16 Escritórios Regionais de Saúde (ERS) do Estado de
Mato Grosso sobre a adequação do local para armazenamento dos inseticidas. Em análise às
respostas de 10 deles, observou-se que 80% apontaram alguma situação de inconsistência, a
saber:
- O ERS de Tangará da Serra não possui depósito próprio. Um pequeno espaço foi cedido pelo
Município. Segundo os gestores locais, o armazenamento não é adequado. O depósito não
possui vidros nas janelas, facilitando a entrada de sol e chuvas. O depósito fica em um local
isolado, correndo risco de ser saqueado;
- O ERS de São Félix do Araguaia também informou que o espaço cedido pelo Município é
inadequado, sendo necessário ter um local próprio somente para armazenamento de
inseticidas;
- O ERS de Porto Alegre do Norte trouxe as seguintes informações: “Quanto ao local onde
são depositados os insumos não oferece qualquer segurança aos produtos tanto quanto à
preservação das propriedades químicas, quanto à ação de possíveis roubos/furtos (não possui
muros e/ou cercas). O mesmo fica localizado no perímetro urbano o que torna em um risco à
população. Não oferece segurança à saúde dos trabalhadores – é desprovido de rede elétrica,
hidráulica e sanitária; Não obedece a Portaria nº 51, de 27 de fevereiro de 2002 – que
estabelece diretrizes para projetos físicos de Unidades de Armazenagem, Distribuição e
Processamento de Praguicidas. Não obedece às normas da Lei Federal nº 6938, de 31/08/81,
que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente; Norma da ABNT/NBR 12.235/88,
que dispõe sobre o armazenamento de resíduos perigosos.”;
- O ERS de Juara também emitiu opinião acerca da inadequação do depósito situado no mesmo
terreno do ERS, incomodando o ambiente com o odor provocado pelo estoque dos insumos;
- O ERS de Colíder, que utiliza o depósito do ERS de Peixoto de Azevedo, informou que o
prédio está localizado em área urbana da cidade, tendo residências e comércios ao redor, há
também presença de muitos pombos, verificado pelas fezes no local.
- O ERS de Cáceres informou que o depósito de insumos é adequado, mas necessita de
reformas e reparos urgentes.
- O ERS de Alta Floresta reforçou que o armazenamento não segue o preconizado pelo
Ministério da Saúde, pois é feito em área próxima às residências. Segundo os servidores do
Escritório Regional, existe um Depósito de Insumos que atende as especificações técnicas,
porém falta a contratação pelo Estado de vigias para colocá-lo em uso.
Há que se ressaltar a contribuição dada pelo ERS Barra do Garças, a qual, pelo seu didatismo,
completude e coerência, merece transcrição, na íntegra, como ponto de reflexão acerca das
dificuldades encontradas nas unidades regionais da SES/MT:
“Local inadequado, improvisado e com estrutura física deficiente. Os pesticidas preconizados
pelo Ministério da Saúde para serem usados como complemento no controle de Aedes spp,
triatomíneos, flebotomíneos e anofelinos disponibilizados para a Regional de Saúde de Barra
do Garças, estão acondicionados em um depósito com dois cômodos, com espaço equivalente
a menos de quatro metros quadrados cada sala, que acomoda larvicida e adulticidas,
respectivamente, e mais os equipamentos de aplicação (Conforme Relatório em anexo com
fotos). O local é cedido pelo município de Pontal do Araguaia. O estoque de Malathion está
armazenado em um galpão no DMER – Departamento Municipal de Estradas e Rodagem do
67
município de Barra do Garças, juntamente com produtos derivados do petróleo. O local
possui acesso restrito e é controlado por guardas.
Relatório da situação do depósito de “insumos estratégicos” (adulticidas e larvicidas) do
Escritório Regional de Saúde de Barra do Garças-MT.
Os pesticidas preconizados pelo Ministério da Saúde para serem usados como complemento
no controle de Aedes spp, triatomíneos, flebotomíneos e anofelinos disponibilizados para a
Regional de Saúde de Barra do Garças, estão acondicionados em um depósito com dois
cômodos, com espaço equivalente a menos de quatro metros quadrados cada sala, que
acomoda larvicida e adulticidas, respectivamente, e mais os equipamentos de aplicação
(Conforme fotos abaixo).
O “depósito” de praguicidas da Regional de Barra do Garças está localizado no município
de Pontal do Araguaia, em um espaço cedido pela Secretaria de Aviação e Obras onde fica
estacionado todos os veículos e maquinários do municípios os que estão em uso e os demais,
os praguicidas e os equipamentos ficam depositado em dois cômodos de mais ou menos 4m²
cada um onde não há como separar os produtos vencidos dos que estão em uso, outro
agravante são as condições de insalubridade, por não haver janelas ou exaustor, e as portas
são metálicas e a cobertura de telha de fibrocimento.
A construção tem pé direito de aproximadamente 2,5m, cobertura de fibrocimento (eternite)
e portas metálicas, onde não há janela ou exaustor, e está localizado em área urbana. Não
obedecendo em nada, aos padrões determinados e estabelecidos pela Portaria nº 51, de 27
de fevereiro de 2002, que define diretrizes para projetos físicos de Unidades de
Armazenagem, Distribuição e
Processamento de Praguicidas usados no controle de endemias. A manipulação destes
adulticidas e larvicidas (inseticidas) estão comprometidas pela falta de espaço, estrutura e
condições de distribuição.
De acordo com a portaria supracitada, para atender diferenciadas demandas regionais, se
estabelece uma tipologia para essas unidades que deve ser composta de três tipos de
Depósitos de Praguicidas e dois tipos de Unidades de Ultra Baixo Volume (UBV),
considerando o número de imóveis a serem atendidos e o volume de produtos a ser
armazenado, avaliando-se a realidade epidemiológica de cada região.
Os fatores de risco a saúde humana, principalmente dos trabalhadores (servidores públicos),
que lidam com os pesticidas e os riscos ambientais, conforme legislação do CONAMA,
IBAMA, SEMA, OMS e outros evidenciam que as condições de manipulação, utilização,
acomodação e distribuição, não oferecem a logística/armazenamento adequado, nem o
acompanhamento clínico devido, para garantir o mínimo de eficiência do produto, e
segurança de saúde dos profissionais que estão em contato direto ou indiretamente com a
contaminação, conforme orientações contidas nas diversas Notas Técnicas dos fabricantes
que acompanham cada produto lançado no mercado. Dos quais Piretróides, Carbamatos,
Organofosforado entre outros, preconizados pelo ministério da Saúde para auxiliar no
controle de endemias, cujo os efeitos toxicológico a saúde humana já foram comprovados
cientificamente. Lembramos, que tais efeitos podem ocorrer de forma imediata (tonturas,
alergias, sonolência, dor de cabeça) ou lentamente com o passar dos anos.
Outro agravante constatado em trabalhos é o risco de intoxicação tanto dos trabalhadores
que lidam diretamente com os produtos pesticidas, trabalhando nas condições mais precárias
possíveis de segurança, e com o mínimo de esclarecimento do risco para eles e para a
população. Outro problema que ocorria em nossa Regional: falta de integração das equipes
68
para controle do Aedes spp, que foi sanado a partir de 2013, que passamos a trabalhar
integradas todas as áreas: Vigilância em Saúde Ambiental, Vigilância em Saúde do
Trabalhador, Vigilância Epidemiológica, Vigilância Sanitária, Atenção à Saúde e Educação
em Saúde, quando se trata de controle de Aedes spp e estamos orientando essa integração às
SMSs; cada área está dando sua parcela de contribuição no controle efetivo do Aedes spp, o
resultado é que a partir de 2013, mudou o perfil epidemiológico relativo à Dengue na
Regional, observar os dados da dengue online, índice de infestação SISPNCD, planilhas
paralelas; e nas quantidades de estoques de inseticidas vencidos, etc.
Recentemente o Escritório Regional de Saúde está com seu estoque de Malathion (inseticida),
uma quantidade de mais ou menos 100 litros, armazenados no setor de transportes (DMER
municipal) do município de Barra do Garças. Está sendo armazenado em galpão fechado,
com acesso restrito, mas armazenado juntamente com produtos e subprodutos de petróleo
utilizados pelas máquinas da secretaria de obras municipal.”
Os registros fotográficos cedidos pelo ERS Barra do Garças ilustram a situação apontada:
69
Na visita ao depósito de insumos da SES/MT em Cuiabá, verificou-se também que o local não
se encontra em condições apropriadas para armazenamento dos produtos, faltando ventilação
e melhorias nas instalações elétricas.
Além disso, conforme já alertados pelos escritórios regionais de saúde, o lugar se encontra em
área urbana de Cuiabá-MT, trazendo riscos à população.
Considerando que o armazenamento é importante tema na gestão dos insumos
descentralizados pelo Ministério da Saúde para as ações de combate ao mosquito Aedes
aegypti, torna-se necessário registrar as informações obtidas para que a SES/MT adote os
procedimentos pertinentes. ##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 10403/2016/GAB/CGU-Regional/MT, de 20 de abril de 2016,
protocolizado na Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso – SES/MT, na mesma data
às 15:41h (Protocolo nº 195964/2016), foi encaminhado o Relatório Preliminar da fiscalização
dos recursos públicos federais aplicados pelo Estado, para fins de manifestação do gestor em
dez dias corridos, contados a partir da notificação. O referido Relatório Preliminar também
foi encaminhado ao Governador do Estado de Mato Grosso, por meio do Ofício nº
10395/GAB/CGU-Regional/MT, de 20 de abril de 2016, para conhecimento.
Objetivando dar transparência e facilitar a resposta do gestor, foi encaminhada em 25 de abril
de 2016, via e-mail, às 11:32h, a via digitalizada dos Ofícios que foram protocolados junto à
Secretaria e ao Gabinete do Governador, juntamente com o Relatório Preliminar.
Importante registrar que, por ocasião da reunião da abertura dos trabalhos de fiscalização,
ocorrida em 8 de março de 2016, foi comunicado ao Secretário de Estado de Saúde, à
Secretaria Adjunta de Políticas e Atenção à Saúde e à Superintendente de Vigilância em Saúde
sobre a relevância dos trabalhos em nível nacional, como também sobre a necessidade de
disponibilizar documentos e informações de forma tempestiva.
Contudo, apesar do tratado, nenhuma das sete solicitações de fiscalizações emitidas pela
CGU/Regional-MT durante os trabalhos de campo foi respondida no prazo solicitado ou, por
vezes, não foi respondida (conforme consta em item próprio deste relatório).
70
Digno de nota é que todos os documentos, por determinação do Gabinete do Secretário, deram
entrada na SES/MT pelo Protocolo Geral, que, então, os encaminhou ao Gabinete. As vias
digitalizadas de todos esses documentos também foram enviadas por e-mail.
Decorridos oito dias após o encaminhamento do Relatório Preliminar ao Secretário de Estado
de Saúde, a Superintendência de Vigilância em Saúde encaminhou, via e-mail, o Ofício nº
0535/2016/GB/SES, de 27 de abril de 2016, digitalizado e assinado pelo Secretário de Estado
de Saúde de Mato Grosso, cuja via física não chegou a ser protocolizada nesta CGU/Regional-
MT, solicitando a dilação de prazo por mais dez dias úteis, contados a partir do fim do prazo
inicialmente estabelecido, alegando o recebimento do processo somente no dia 26 de abril de
2016.
Diante do compromisso assumido para conclusão dos trabalhos de fiscalização, conforme
cronograma estabelecido pelo Órgão Central da CGU; considerando que o prazo estabelecido
foi o mesmo para todas as outras Secretarias Estaduais ora fiscalizadas em todo o país;
considerando que foram dadas oportunidades aos gestores de manifestarem e entregarem
documentos durante dois meses de fiscalização na SES/MT e que problemas estruturais ali
existentes dificultam a apresentação de informações completas e tempestivas, não houve
condições de conceder o pleito feito pela SES/MT sob pena de comprometer todo o
planejamento operacional da CGU em razão de problemas na gestão da própria Secretaria.
Assim sendo, foi mantido o prazo inicialmente estabelecido para protocolar a manifestação
ante os fatos apontados, qual seja, 02 de maio de 2016.
Não houve manifestação da unidade examinada no prazo estabelecido. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno consta registrada acima, no campo ‘fato’.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.10. Principais gastos da SES/MT no período analisado.
Fato
Por meio do Ofício nº 7483/2016/GAB/CGU, de 02 de março de 2016, cujas solicitações
prévias foram reiteradas pela Solicitação de Fiscalização nº 201600415/02, de 14 de março de
2016, foi solicitada a relação de compras e contratações realizadas com recursos federais
referentes às ações de combate ao mosquito Aedes Aegypti, do Bloco de Vigilância em Saúde,
no período examinado.
Em resposta, mediante Ofício nº 0425/2016, de 31 de março de 2016, o Secretário Estadual
de Saúde apresentou no Anexo 2 um documento intitulado “Relação de aquisições e incentivos
financeiros da Vigilância em Saúde da SES/MT para o controle do Aedes aegypti 2014 –
2016”.
Com base nessa relação, foram identificados os principais gastos efetuados no período pela
SES/MT, dispostos aqui em ordem decrescente de valores envolvidos, conforme tabela a
seguir:
Tabela - Principais Gastos da SES/MT no período analisado.
71
Processo Natureza do
Objeto Descrição do Objeto Valor (R$)
Percentual sobre
o total gasto
678767/2015 Incentivo
Incentivo para os Fundos Municipais de
Saúde para aplicação em ações de
vigilância e controle do vetor Aedes
aegypty, transmissor da dengue,
Chikungunya e Zika nos municípios do
Estado de Mato Grosso.
20.170.548,08 79%
60829/2014 Equipamento
Aquisição de 300 bombas costais
manuais e 15 nebulizadores de aerosol a
frio UBV acoplável a veículos.
1.452.000,00 6%
626549/2015 Peças
Aquisição de peças para manutenção de
nebulizadores a frio acoplados a
veículos.
991.908,30 4%
626550/2015 Equipamento
Aquisição de 300 nebulizadores costais
motorizados para repassar aos
municípios para controle dos vetores da
Dengue, Chikungunya e Zica Vírus no
Estado de Mato Grosso.
900.000,00 4%
58186/2014 Veículos
Aquisição de caminhão para entrega de
insumos e 15 camionetes pick-up para
instalação de nebulizador UBV.
808.500,00 3%
86774/2010 Serviço
Contratação de empresa para realizar
coleta e remoção de solo contaminado,
acondicionamento em recipientes
específicos, transporte e destinação
final de resíduos agrotóxicos e de
serviços de saúde.
482.497,50 2%
30674/2014 Veículos Aquisição de veículos para atender as
ações de combate à Dengue. 189.800,00 1%
593028/2015 Insumos
Aquisição de Pneus para os veículos
que são utilizados nas ações de
Vigilância em Saúde e caminhão de
entrega de insumos.
142.992,00 1%
95106/2013 EPI
Aquisição de EPI's (respirador facial,
roupa, etc) para as atividades de
controle da Dengue.
142.297,60 1%
35137/2014 Insumos
Aquisição de 42.000 embalagens de
900ml de Óleo Vegetal para diluição de
inseticida para Combate a Dengue.
112.980,00 0%
288876/2013 Insumos
Aquisição de lonas cobertura dos
veículos UBV e transporte de materiais,
para atender a Vigilância Ambiental.
34.612,98 0%
342944/2013 Insumos
Aquisição de 400 bombonas 50 litros e
200 bombonas 20 litros para atender a
Vigilância Ambiental.
22.800,00 0%
92181/2015 Equipamento
Aquisição de elevador hidráulico para a
manutenção dos veículos de UBV e dos
nebulizadores acoplados aos mesmos.
12.300,00 0%
152999/2013 EPI
Aquisição de EPI (óculos, máscara
descartável, botina couro e jaleco
descartável) para atender a Vigilância
Ambiental.
6.893,50 0%
647258/2015 Insumos
Aquisição de Nitrogênio Líquido para
transporte de amostras para análise
Dengue, Chikungunya e Zica.
4.000,00 0%
72
648484/2015 Insumos
Aquisição de Nitrogênio Líquido para
transporte de amostras para análise
Dengue, Chikungunya e Zica.
4.000,00 0%
Total 100%
FONTE: Ofício nº 0425/2016/GBSES, de 31/03/2016 – Anexo 2.
Verifica-se que o Estado executou diretamente apenas 21% dos recursos destinados ao
controle do Aedes aegypti no período de 2014 – 2016. O grande volume de recurso (79%) foi
transferido para execução pelos municípios.
Observou-se que além dos repasses para os municípios mato-grossenses, a título de incentivo,
outros três processos formalizados para aquisição de equipamentos e peças ainda se
encontravam em andamento, a saber: a) Processo nº 60829/2014, instaurado em 05 de
fevereiro de 2014; b) Processos nº 626549/2015 e 626550/2015, instaurados em 26 de
novembro de 2015.
Importante ressaltar que todos esses processos sem conclusão, somados aos valores
transferidos aos municípios, representam 93% dos valores demonstrados pela SES/MT. Nesse
sentido, em que pese não fazer parte do escopo desta fiscalização a análise das formalidades
dos instrumentos contratuais e dos processos de compra (licitação, dispensa e/ou
inexigibilidade), não há como de deixar aqui registrado a demora no tempo de execução das
licitações, que resulta numa baixa eficácia nas compras de insumos, equipamentos e veículos,
com prejuízos do alcance dos objetivos propostos na área de Vigilância em Saúde.
Convém lembrar que a CGU/Regional-MT vem apontando em trabalhos anteriores, como a
SES/MT apresenta dificuldades em desenvolver planejamento e controle rigoroso das suas
contratações, implicando em inobservância do art. 37, inciso XXI, da Constituição da
República, e dos arts. 2º e 24, inciso IV, da Lei n. 8.666/93, havendo necessidade de
redefinição do fluxo de informações, elaboração de manuais de procedimentos, capacitação
de servidores e o desenvolvimento de outros controles internos. Registre-se que durante a
execução dos trabalhos desta fiscalização ocorreu, no dia 29 de março de 2016, uma audiência
pública na Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso para se discutir, entre temas
como condições de trabalho, a valorização do servidor, Sistema Único de Saúde (SUS) e
necessidade de auditoria e controle social.
A partir da relação apresentada pela SES/MT, em que ficou evidenciada a ausência de
contratação de pessoal/capacitação e de serviços de mobilização, comunicação e publicidade,
foi feita uma seleção da amostra, com base em critérios de materialidade e relevância do tema
relacionado à aquisição de equipamentos/veículos, para fins da avaliação da economicidade
das aquisições.
O resultado da avaliação dos processos analisados demonstrou que:
a) Processo nº 60829/2014: o orçamento contido para aquisição de 300 bombas costais
apresentou deficiências, conforme apontado em item próprio deste relatório;
b) Processo nº 626549/2015: o processo foi restituído à Superintendência de Vigilância
Ambiental para especificação mais detalhada dos itens. A SES/MT está tendo dificuldades em
realizar a orçamentação, conforme consta do Relatório de Ocorrências expedido pela
Secretaria de Administração do Governo de Estado de Mato Grosso;
73
c) Processo nº 626550/2015: o processo refere-se à adesão (carona) à Ata de Registro de
Preços nº 91/2015 promovido pelo Departamento de Logística em Saúde da Secretaria
Executiva do Ministério da Saúde; e
d) Processos nº 58186/2014 e nº 30674/2014: os preços dos veículos estão compatíveis com
os preços de mercado.
##/Fato##
3. Conclusão
Com base nos exames realizados, conclui-se que a Secretaria de Estado de Saúde de Mato
Grosso têm dificuldades em executar os recursos federais recebidos.
74
Ordem de Serviço: 201600494
Município/UF: Cuiabá/MT
Órgão: MINISTERIO DO TURISMO
Instrumento de Transferência: Contrato de Repasse - 705105
Unidade Examinada: SEDTUR
Montante de Recursos Financeiros: R$ 2.167.000,00
1. Introdução
Os trabalhos de campo foram realizados no período de 14 a 30 de março de 2016 sobre a
aplicação dos recursos do Programa Turismo Social no Brasil: Uma Viagem de Inclusão /
Apoio a Projetos de Infraestrutura Turística no âmbito do Estado de Mato Grosso.
A ação foi realizada sobre o Contrato de Repasse nº 0291444-95 (Siconv 705105), celebrado
entre a União, por intermédio do Ministério do Turismo representado pela Caixa Econômica
Federal, e a Secretaria de Estado de Desenvolvimento do Turismo de Mato Grosso/MT.
2. Resultados dos Exames
Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito de tomada de
providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela forma de
monitoramento a ser realizada por esta Controladoria.
2.1 Parte 1
Não houve situações a serem apresentadas nesta parte, cuja competência para a adoção de
medidas preventivas e corretivas seja dos gestores federais.
2.2 Parte 2
Nesta parte serão apresentadas as situações detectadas cuja competência primária para
adoção de medidas corretivas pertence ao executor do recurso federal.
Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de
recursos federais, bem como dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no âmbito de
suas competências, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das pastas
ministeriais. Esta Controladoria não realizará o monitoramento isolado das providências
saneadoras relacionadas a estas constatações.
2.2.1. Morosidade na execução do Contrato de Repasse nº 291444-95/2009 decorrente
de falta de esforços suficientes para o cumprimento do objetivo da avença.
Fato
Trata-se do Contrato de Repasse nº 0291444-95/2009/Ministério do Turismo/Caixa celebrado
pela União, por intermédio do Ministério do Turismo representado pela Caixa Econômica
75
Federal, e a Secretaria de Estado de Desenvolvimento do Turismo de Mato Grosso
(Sedtur/MT), em 16 de dezembro de 2009, que tem por finalidade a transferência de recursos
da União para a execução de Revitalização do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães 1ª
Etapa, no município de Chapada dos Guimarães (MT), no valor de R$ 1.950.000,00, com
contrapartida da contratada no valor de R$ 217.000,00, que totaliza R$ 2.167.000,00.
Ressalta-se que o objeto do referido contrato de repasse foi classificado como obra prioritária
para o turismo durante a “Copa do Mundo da FIFA” em Cuiabá, conforme informação em
documento constante na folha 935 do processo nº 190892/2013, referente ao processo
licitatório na modalidade de Concorrência Pública Secid nº 008/2013.
Registre-se, também, que o referido contrato foi assinado em meados do mês de dezembro do
ano de 2009, com cláusula suspensiva, conforme item 2.1 da Cláusula Segunda – Do Plano
de Trabalho, que condicionou a eficácia do instrumento da avença à apresentação da
documentação técnica e/ou jurídica e licenciamento ambiental prévio.
Em análise aos autos do processo do Contrato de Repasse nº 0291444-95/2009, autuado pela
Caixa Econômica Federal (CAIXA), observou-se que a documentação técnica foi apresentada
pela Secretaria das Cidades do Estado de Mato Grosso (Secid/MT) por diversas vezes em
substituição às versões que não atendiam os requisitos mínimos para serem aprovadas pela
CAIXA. Neste ínterim, transcorreram cerca de 20 meses da assinatura do contrato até sua
primeira aprovação, autorizada sob a forma de execução por administração direta, conforme
tratativas entre a Sedtur/MT e a CAIXA (fls. 357, 425 e 426 dos autos do processo do Contrato
de Repasse nº 0291444-95/2009).
Em seguida, após a verificação da necessidade de adotar a forma de execução indireta, por
meio de contratação de empresa especializada na execução das obras, quando foi alegada a
dificuldade de contratação de mão de obra em razão do mercado de construção civil estar
aquecido na região de Cuiabá à época, a Sedtur/MT encaminhou solicitação de readequação
do projeto para fins de licitação, conforme Ofício nº 029/2012/SAOP/CIDADES, de 10 de
janeiro de 2012, folha 673 do Volume de Engenharia autuado pela CAIXA.
Em 11 de junho de 2013, a Sedtur/MT celebrou o Termo de Cooperação nº 008/2013 com a
Secid/MT, objetivando a realização de cooperação para viabilizar recursos necessários para a
contratação de empresa para execução da obra de revitalização do Parque Nacional da
Chapada dos Guimarães, por meio de processo licitatório a ser realizado pela Secid/MT.
Nesta nova fase, novamente documentações técnicas foram apresentadas por diversas vezes
em substituição às versões que não atendiam os requisitos para aprovação, até que em 08 de
agosto de 2013, a CAIXA concluiu pela viabilidade do projeto aprovando-o sem pendências,
conforme Parecer Técnico de Engenharia emitido pela Gerência de Desenvolvimento Urbano
(Gidur-CB). Destaca-se que neste processo de reprogramação transcorreram cerca de 20
meses do encaminhamento do pedido da readequação do projeto pela Secretaria de Estado até
a aprovação efetuada pela CAIXA. Ficando apto para proceder à licitação e contratação do
objeto 44 meses após a assinatura do contrato de repasse, ou seja, quase quatro anos.
Com a intenção de contratar empresa especializada para executar as obras objeto do contrato
de repasse em questão, a Secid/MT lançou o edital da Concorrência Pública nº 008/2013 com
previsão da realização do certame em 03 de janeiro de 2014. Nessa data o contrato de repasse
junto à CAIXA já tinha completos quatro anos.
No entanto, por questões de inexequibilidade do objeto, em razão de discrepâncias entre os
serviços que se pretendia contratar e os especificados no memorial descritivo do projeto, bem
como quanto à previsão de recursos em planilha orçamentária, conforme pedido de
76
impugnação ao edital, de 30 de dezembro de 2013, o qual foi acolhido pela Secid/MT com
impugnação em 22 de maio de 2014, consoante autos do processo licitatório (folhas 898 a 913
e 981 a 985).
Neste intervalo de tempo, em 18 de fevereiro de 2014, a Secid/MT encaminhou documentação
técnica para a CAIXA, visando reprogramação de meta do projeto, conforme Ofício nº
120/2014/SAOP/CIDADES (folhas 1311 e 1312). Em 07 de abril de 2014, a CAIXA emitiu
Laudo de Análise Técnica de Engenharia – OGU concluindo pela viabilidade do projeto em
seus aspectos técnicos (folhas 1418 a 1421).
Depois da readequação do projeto, retomou-se o processo licitatório com a publicação do
aviso de licitação em jornais oficiais (DOU e DOE-MT) e em jornal de grande circulação com
previsão do certame para 25 de junho de 2014. No entanto, conforme Ata de sessão pública
de recebimento de envelopes e de abertura da concorrência em comento, na data indicada no
aviso da licitação, não compareceu nenhuma empresa interessada no certame, ocasião em que
a Comissão Permanente de Licitações de Engenharia da Secid/MT declarou deserta a
Concorrência Pública nº 008/2013, dando publicidade nos meios que publicou o aviso do
instrumento convocatório.
Na tentativa de efetuar a contratação de empresa para executar a obra objeto do contrato de
repasse em tela, a Secid/MT efetuou nova Concorrência Pública sob o nº 005/2014, para ser
efetivada em sessão pública no dia 10 de outubro de 2014, com valores estimados em R$
2.197.732,70, conforme edital (folhas 1415 a 1461). De acordo com Ata de sessão pública de
abertura da concorrência em comento, de 22 de outubro de 2014, assim como a Ata de sessão
interna da Comissão Permanente de Licitações de Engenharia da Secid/MT, de 29 de outubro
de 2014, a única empresa que atendeu ao chamado da licitação foi inabilitada por não atender
requisitos e exigências do instrumento convocatório do certame.
Em que pese os recursos da empresa JEL Construções Ltda. (CNPJ: 05.111.842/0001-34) que
foi inabilitada, a comissão de licitação não deferiu seu pedido de reconsideração. Em 10 de
dezembro de 2014, o aviso de fracasso da licitação foi publicado no Diário Oficial do Estado
de Mato Grosso.
Neste sentido não houve a contratação de empresa para a execução do objeto do contrato de
repasse até final do ano de 2014, quando acabara de completar cinco anos de avença.
Com a mudança de Governo em 2015, o contrato de repasse em apreciação não teve avanços
no sentido de providenciar nova licitação para contratação de empresa especializada para a
execução das obras de revitalização do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães. Neste
período, algumas iniciativas se resumiram em avaliar a viabilidade do projeto, pronunciando-
se por sua continuidade. Para tanto, prorrogou o Termo de Cooperação nº 008/2013/SEDTUR,
assim como solicitou a prorrogação do Contrato de Repasse nº 291444-95/2009, junto à Caixa,
que se encontra com vigência prorrogada até 31 de agosto de 2016.
Conforme último despacho, de 11 de janeiro de 2016, constante na folha 2059 do processo nº
190892/2013, referente ao processo licitatório de Concorrência Pública Secid nº 05/2014, após
seis anos da assinatura do Contrato de Repasse junto à CAIXA, o processo está paralisado por
questões técnicas, especialmente por falta de atualização da planilha orçamentária para
submeter à Caixa Econômica Federal para análise e aprovação, objetivando balizar a licitação
com uma estimativa compatível com os preços de mercado atual, visto que os parâmetros de
preços utilizados na última licitação fracassada foram elaborados com base nos preços do
Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi) de dezembro
de 2013.
77
A morosidade na execução do Contrato de Repasse nº 291444-95/2009 exposta neste relato,
foi provocada, sobretudo, pela demora em sanar pendências técnicas do projeto desde a época
do atendimento das cláusulas suspensivas por parte das Secretarias de Estado de Turismo
(Sedtur/MT) e da Secretaria de Estado das Cidades do Estado de Mato Grosso (Secid/MT).
Posteriormente, a morosidade decorreu das reprogramações resultantes de deficiências na
elaboração do projeto, o que levou a impugnação de edital da licitação, assim como da falta
da efetiva atualização do orçamento base para a licitação e contratação das obras.
Assim, verifica-se que o Estado de Mato Grosso, em especial a Sedtur/MT, atualmente
absorvida pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec/MT), na atual
estrutura administrativa do Estado, e a Secid/MT, não vêm envidando esforços suficientes e
efetivos para cumprir com os objetivos do referido Contrato de Repasse na execução de obras
de revitalização do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, de forma a propiciar maior
dinamismo para a economia do Estado, especificamente no setor de turismo, tendo em vista a
geração de empregos tanto na aplicação dos recursos destinados a este investimento em
infraestrutura, quanto, posteriormente, no incremento do turismo em decorrência da oferta de
melhor estrutura aos visitantes no Estado.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 231/2016/GAB/SEDEC, de 29/04/2016, a Unidade Examinada assim
se manifestou sobre o fato relatado:
“Em atenção ao Ofício em epígrafe e no uso das atribuições que me foram conferidas, venho,
respeitosamente, a ilustre presença apresentar as seguintes razões de fato e de direito aos
apontamentos constantes o relatório preliminar referente a Ordem de Serviço nº 201600494,
expedida em face do Contrato de Repasse nº 0298144-95/2009/MTur/CAIXA.
Inicialmente, é importante salutar que, apesar da atividade da administração pública ser
considerada contínua, não resta dúvida que a mudança na gestão dos órgãos públicos gera
impacto relevante no desempenho das suas atividades.
Nesta esteira, a despeito do relatório mencionar a morosidade e falta de esforços para o
cumprimento do objetivo avençado, ressalta-se que este comportamento não coaduna com a
postura desta gestão, já reconhecida pelo compromisso e trabalho apesar do difícil cenário
atual e aquele herdado das gestões anteriores.
Outro ponto a ressaltar, apesar de figurar como contratada, a Secretaria de Estado de
Desenvolvimento Econômico – SEDEC (antiga SEDTUR) não possui como característica o
acompanhamento e execução de obras de infraestrutura, desse modo, todas as suas ações
visando a realização de obras são descentralizadas a Secretaria de Estado de Cidades –
SECID, atualmente, sobrecarregada em razão do passivo de obras problemáticas e
inacabadas deixadas pela gestão anterior do Estado.
Ademais, conforme os documentos que seguem em anexo, a Contratada sempre se esforçou
para a realização do objeto do contrato de repasse, seja solicitando o prosseguimento do
feito, seja em outras atrativas junto à Caixa Econômica Federal, desse modo, não prospera
o apontamento de que a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico não vem
envidando esforços suficientes e efetivos para o cumprimento do objeto.
78
Assevera ainda que para a realização de qualquer intervenção na unidade de conservação, é
necessária a celebração do Termo de Cooperação com o Instituto Chico Mendes, autarquia
responsável pela administração do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães.
Apesar os esforços em realizar o Termo de Cooperação desde o ano de 2015, somente na data
de hoje, após insistentes cobranças, a Contratada recebeu a informação de que o
representante do ICMBio assinou o instrumento de Cooperação.
Não resta dúvida que a falta de Termo de Cooperação é fator determinante na ausência de
avanços da execução do objeto do contrato de repasse em epígrafe, já que maiores esforços
na realização na adequação do projeto e na licitação poderiam se tornar verdadeiros
fracassos em face do risco em não obter a autorização da administração do Parque Nacional
de Chapada dos Guimarães;
Para finalizar o presente instrumento, ressalta-se que a Secretaria de Estado de
Desenvolvimento Econômico não medirá esforços para viabilizar a execução do objeto do
instrumento de repasse, desde que ainda seja o desejo da Contratante e não haja
impedimentos pelos órgãos de controle da União.
Segue em anexos os documentos a comprovar as ações realizadas pela atual gestão, bem
como esclarece que tão logo sejam encerradas as formalidades relativas ao Termo de
Cooperação, será enviada cópia do instrumento a essa ilustre Corregedoria.(...)”. (sic)
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
A situação registrada quanto à morosidade na execução do Contrato de Repasse em tela foi
externada neste relatório de forma abrangente. Levou em consideração todo o período desde
a assinatura do contrato até a situação atual da avença. O registro efetuado considera que,
conforme observado, já transcorreu mais de seis anos, considerando a assinatura do termo de
contrato de repasse com a Caixa Econômica Federal.
Deste período, cinco anos referem-se à gestão de equipes de governos anteriores, mas já se
passaram mais de dezesseis meses que o novo governo assumiu e não se verifica avanços que
indiquem a superação das dificuldades que as gestões anteriores tiveram, quais sejam:
adequação do projeto, licitação e contratação da obra.
Como já foi relatado, o último despacho juntado aos autos, antes do início desta fiscalização,
emitido por setor técnica da SECID (Superintendência de Projetos e Orçamento), em 11 de
janeiro de 2016, folha 2059 (continuidade do processo licitatório fracassado), expressamente
diz, dentre outras afirmações, que “considerando o elevado volume de processos provenientes
de emendas parlamentares, convênios 2013 e 2014 estamos impossibilitados e efetuar a
atualização das planilhas mas nos colocamos a disposição para qualquer orientação que se
fizer necessária” (Sic).
Por outro lado, não foram identificadas pela equipe de fiscalização tratativas da Secretaria de
Estado de Desenvolvimento Econômico - SEDEC com o instituto ICMBio no ano de 2015,
mas sim tratativas relativas ao Termo de Cooperação nº 008/2013/SEDTUR, firmado entre a
SEDTUR (absorvida pela SEDEC) e a SECID, conforme documentos juntados ao processo e
cópias enviadas em anexo à manifestação da entidade fiscalizada. Quanto ao restante dos
documentos anexos ao Ofício nº 231/2016/GAB/SEDEC, de 29 de abril de 2016, tratam-se de
expedientes enviados ao instituto ICMBio em 26 de abril de 2016, recepcionado pela Entidade
79
em 27 de abril de 2016, que foi respondido informando providências no dia 29 de abril de
2016, ocasião que encaminhou à SEDEC cópia do acordo de cooperação assinado.
Assim, a equipe de fiscalização conclui pela improcedência da justificativa do gestor em
atribuir exclusivamente a terceiros as responsabilidades pela falta de providências no sentido
de superar limitações e deficiências no âmbito da Secid/MT, materializada na falta de
atualização da planilha orçamentária pela Superintendência de Projetos e Orçamento que
informou estar atuando em outras frentes e impossibilitada de atender a Superintendência de
Aquisições e Contratos neste quesito.
##/AnaliseControleInterno##
3. Conclusão
Com base nos exames realizados, conclui-se que a Secretaria de Estado de Desenvolvimento
do Turismo e a Secretaria de Estado das Cidades de Mato Grosso têm dificuldades em
executar os recursos federais recebidos. As dificuldades encontradas desde a assinatura do
contrato de repasse, no que diz respeito ao saneamento de pendências técnicas de projeto e
à contratação de empresa para a execução do empreendimento, acarretam em sua inexecução
durante período de 6 anos e meio.