Upload
veiga-concurseiro
View
217
Download
3
Embed Size (px)
DESCRIPTION
sumulas mpsp
Citation preview
ATUALIZADAS EM 05.08.2014
SÚMULAS
SÚMULA n.º 1. “Se os mesmos fatos investigados no inquérito
civil foram objeto de ação popular julgada improcedente pelo
mérito e não por falta de provas, o caso é de arquivamento do
procedimento instaurado.”
Fundamento : Cotejando uma ação popular e uma ação civil pública,
pode haver o mesmo pedi do e a mesma causa de pedir (p. ex., na
defesa do meio ambiente ou do patrimônio público, cf. LAP e LACP, e
art. 5º LXXIII, da CF). Numa e noutra, tanto o cidadão como o
Ministério Público agem por legitimação extraordinária, de forma que,
em tese, é possível que a decisão de uma ação popular seja óbice à
propositura de uma ação civil pública (coisa julgada), o que pode
ocorrer tanto se a ação popular for julgada procedente, como também
se for julgada improcedente pelo mérito, e não por falta de provas
(arts. 18 da Lei 4.1717/65 e 15 da Lei 7.347/85; Pt. n.º 32.600/93).
SÚMULA n.º 2. “Em caso de propaganda enganosa, o dano não é
somente daqueles que, induzidos em erro, adquiriram o produto
ou o serviço, mas também difuso, porque abrange todos os que
tiveram acesso à publicidade.” (ALTERADA A REDAÇÃO NA
SESSÃO DO CSMP DE 06.03.12 – Pt. nº 51.148/10)
Fundamento : A propaganda enganosa prejudica não só aqueles
que efetivamente adquiriram o produto (interesses individuais
homogêneos) como pessoas indeterminadas e indetermináveis que
tiveram acesso à publicidade (interesses difusos), tenham ou não
adquirido o produto, mas que têm direito à informação correta sobre
1
ele (arts. 6º, IV, 30-41, e 81, parágrafo único, I e III, da Lei n.º
8.078/90; Pt. n.º 5.961/93).
Fundamento da alteração: A substituição da expressão “induzidos a
erro”, por “induzidos em erro”, corresponde ao que consta do texto do
art. 37, § 1º do CDC. A inclusão dos serviços, como objeto da
propaganda enganosa, torna o texto da Súmula mais completo e
perfeito, na medida em que não só os produtos, como também os
serviços, podem ser objeto da relação de consumo, nos termos do art.
2º, do CDC, segundo o qual “Consumidor é toda pessoa física ou
jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário
final”. Assim também o texto do artigo 37, § 1º, do CDC que, ao
disciplinar propaganda enganosa, se refere não só a produtos, como
a serviços, fazendo-o nos seguintes termos: “É enganosa qualquer
modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário,
inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por
omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da
natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades,
origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.”.
SÚMULA n.º 3. “O Ministério Público tem legitimidade para
ajuizar ação civil pública visando à contrapropaganda, a
responsabilidade por danos morais difusos e individuais
homogêneos de todos os consumidores que adquiriram o
produto ou serviço objeto da publicidade”. (ALTERADA A
REDAÇÃO NA SESSÃO DO CSMP DE 06.03.12 – Pt. nº 51.148/10)
Fundamento: A contrapropaganda é uma das medidas que o
Código de Defesa do Consumidor coloca à disposição dos legitimados
à defesa de interesses difusos, para combate de publicidade
enganosa ou abusiva (art. 60). Tratando-se conceitualmente de
defesa de interesses difusos, incontestável a legitimidade do
Ministério Público para propor a ação coletiva de que cuida o Código
Página 2 de 55
do Consumidor (ou ação civil pública, na terminologia da Lei
7.347/85), com o objetivo de obter a contrapropaganda, quando
necessário; igualmente, também inequívoca sua legitimidade para
promover a responsabilização dos eventuais causadores de danos
morais difusos (arts. 6º, IV e VI, 37, 38 e 82, I do Código de Defesa do
Consumidor; Pt. n.º 5.961/93).
Fundamento da Alteração: A publicidade enganosa pode gerar não
só danos morais difusos, por ferir o direito à correta informação, de
todos os que tiveram acesso à publicidade, como também danos
individuais homogêneos, de todos aqueles que adquiriram o produto
ou o serviço, nos termos do art. 81, parágrafo único, III e 91/100 do
CDC. A jurisprudência de nossos Tribunais Superiores já se encontra
de há muito firmada, e inclusive sumulada (Sumula 643 do E. STF),
no sentido de que o MP tem legitimidade para ajuizar ações civis
públicas na defesa de interesses individuas homogêneos, decorrentes
de relação de consumo, desde que haja interesse social (STJ: AgRg
no Ag 1249559/RJ, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/12/2011, DJe 02/02/2012; AgRg
no REsp 1213329/RS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA,
julgado em 15/09/2011, DJe 10/10/2011; REsp 806.304/RS, Rel.
Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 02/12/2008, DJe
17/12/2008; AgRg no REsp 856.378/MG, Rel. Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/03/2009,
DJe 16/04/2009; REsp 684.712/DF, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 07.11.2006, DJ 23.11.2006 p. 218;
REsp 586.307/MT, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 14.09.2004, DJ 30.09.2004 p. 223; AgRg no REsp
633.470/CE, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 29.11.2005, DJ 19.12.2005 p. 398; STF: AI-AgR 438703 /
MG – MINAS GERAIS-AG.REG.NO AGRAVO DE INSTRUMENTO -
Relator(a):Min. ELLEN GRACIE - Julgamento: 28/03/2006-Órgão
Julgador: Segunda Turma - Publicação DJ 05-05-2006 PP-00027;
RE-AgR-424048/SC-SANTA CATARINA - AG.REG.NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO - Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE -
Julgamento: 25/10/2005 - Órgão Julgador: Primeira Turma,
Publicação - DJ 25-11-2005 PP-00011).
SÚMULA n.º 4. (NOVA REDAÇÃO). “Tendo havido compromisso
de ajustamento que atenda à defesa dos interesses difusos
objetivados no inquérito civil, é caso de homologação do
arquivamento do inquérito.”
Fundamento: O art. 5º, § 6º, da Lei n.º 8.078/90, permite que os
órgãos públicos legitimados tomem compromisso de ajustamento dos
interessados, o que obstará a propositura da ação civil pública e
permitirá o arquivamento do inquérito civil (Pt. n.º 32.820/93).
Fundamento da alteração, realizada aos 05/08/14: O art. 5º, § 6º,
da Lei n.º 7.347/85, permite que os órgãos públicos legitimados
tomem compromisso de ajustamento dos interessados, o que obstará
a propositura da ação civil pública e permitirá o arquivamento do
inquérito civil. A resolução de conflitos na esfera extrajudicial vem em
favor do interesse público, pois antecipa a obtenção do interesse
tutelado e reduz sobremaneira os custos da atividade estatal
(Ministério Público e Judiciário). Se o ordenamento jurídico admite a
resolução pactuada da lide contida na ação civil pública, é razoável
acolher que controle da mesma natureza seja exercido pelo Conselho
Superior do Ministério Público, ante o disposto no artigo 9º, §§ 3º e 4º,
da LACP, não se justificando a manutenção da expressão
“integralmente” no enunciado original da súmula.
SÚMULA n.º 5. “Reparado o dano ambiental e não havendo base
para a propositura de ação civil pública, o inquérito civil deve ser
arquivado, sem prejuízo das eventuais providências penais que o
caso comporte.”
Página 4 de 55
Fundamento : Se o dano ambiental tiver sido reparado e,
simultaneamente, não houver base para a propositura de qualquer
ação civil pública, o caso é de arquivamento do inquérito civil ou das
peças de informação, ressalvados obrigatoriamente eventuais
aspectos penais (Pt. n. 31728/93).
SÚMULA n.º 6. “Em matéria de dano ambiental provocado por
fábricas urbanas, além das eventuais questões atinentes ao
direito de vizinhança, a matéria pode dizer respeito à qualidade
de vida dos moradores da região (interesses individuais
homogêneos), podendo ainda interessar a toda a coletividade
(interesse difuso no controle das fontes de poluição da cidade,
em beneficio do ar que todos respiram).”
Fundamento : Se as emissões de poluentes atmosféricos importam
lesões que não são restritas ao direito de vizinhança, mas atingem a
qualidade de vida dos moradores da região ou de toda a coletividade,
o Ministério Público estará legitimado à ação civil pública (Pt. n.º
15.939/91).
SÚMULA n .º 7. “O Ministério Público está legitimado à defesa de
interesses ou direitos individuais homogêneos de consumidores
ou de outros, entendidos como tais os de origem comum, nos
termos do art. 81º, III, c/c o art.82, I, do CDC, aplicáveis estes
últimos a toda e qualquer ação civil pública, nos termos do
art.21º da LAC 7.347/85, que tenham relevância social, podendo
esta decorrer, exemplificativamente, da natureza do interesse ou
direito pleiteado, da considerável dispersão de lesados, da
condição dos lesados, da necessidade de garantia de acesso à
Justiça, da conveniência de se evitar inúmeras ações individuais,
e/ou de outros motivos relevantes. (ALTERADA A REDAÇÃO NA
SESSÃO DO CSMP DE 27.11.12 – Pt. nº 51.148/10)
Fundamento : (i) conveniência de se fazer constar, de forma
expressa a legitimidade do Ministério Público, para a defesa de
interesses individuais homogêneos de “consumidores”, a qual decorre
não só dos termos do art.129, III, da CF, uma vez que tal categoria de
direitos ou interesses se constitui em subespécie de interesses
coletivos, como dos expressos termos do art.81, III, c/c o art.82, I, do
CDC, e da jurisprudência atual e consolidada de nossos Tribunais
Superiores, já tendo sido, inclusive, editada a Súmula 643 pelo E.
STF, em matéria de mensalidades escolares, sendo incontáveis os
julgados, tanto do E. STF, como do E. STJ, que reconhecem a
legitimidade ministerial para a propositura de ações civis públicas
visando à defesa de direitos individuais homogêneos decorrentes das
relações de consumo, tais como daqueles originários de contratos
bancários, consórcios, seguros, planos de saúde, TV por assinatura,
serviços telefônicos, compra e venda de imóveis, etc., cabendo
lembrar aqui que todos os direitos dos consumidores são de ordem
pública e interesse social (art.1º do CDC), possuem fundamento
constitucional (art.5º, XXXII e 170, V, da CF), sendo irrenunciáveis e,
pois, indisponíveis, enquanto tais pelo consumidor, nos termos do art.
51, I, do CDC; (ii) conveniência de se evitar a defesa de teses e
interpretações errôneas, de que a Súmula 07 do Conselho Superior
não se aplicaria aos direitos individuais homogêneos dos
consumidores; (iii) conveniência de se explicitar que também em
outras áreas de atuação do MP, além da proteção do consumidor,
podem ser movidas ações civis públicas, para a defesa de interesses
individuais homogêneos, eis que o art.81, III, do CDC, se aplica a toda
e qualquer ação civil pública, nos termos do art. 21º da LAC; (iv)
conveniência de se reafirmar a necessidade de existir relevância
social para a atuação do MP, em qualquer hipótese; (v) conveniência
de se expressar, de forma mais clara, simples e objetiva, as
circunstâncias que podem denotar relevância social, sempre em
caráter expressamente exemplificativo.
Página 6 de 55
SÚMULA n.º 8. “Serão propostas perante a justiça comum
estadual as ações civil públicas em que haja interesses de
sociedades de economia mista, sociedades anônimas de capital
aberto e outras sociedades comerciais, ainda que delas participe
da União como acionista.”
Fundamento : Pelo art. 173, § 1º, da CF a empresa pública, a
sociedade de economia mista e outras entidades estatais que
explorem atividade econômica sujeitam-se ao regime jurídico próprio
das empresas privadas; outrossim, o art. 109, I, da CF, comete à
Justiça Federal apenas o julgamento das causas em que a União,
entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas
na condição de autoras, rés, assistentes ou opoentes, exceto as de
falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e
à Justiça do Trabalho ( CF, art. 173, § 1º; RJTJSP 124/50, 112/306,
106/107; RTJ 104/1233; cf. Sem. 517 e 556 - STF; PT. n.º
22.597/91).
SÚMULA n.º 9. “Só será homologada a promoção de
arquivamento de inquérito civil, em decorrência de compromisso
de ajustamento, se deste constar que seu não cumprimento
sujeitará o infrator a suportar a execução do título executivo
extrajudicial ali formado, devendo a obrigação ser certa quanto à
sua existência, e determinada, quanto ao seu objeto.”
Fundamento : Por força do art. 5º § 6º, da Lei n.º 7.347/85,
introduzido pela Lei n. 8.078/90, o compromisso de ajustamento terá
eficácia de título executivo extrajudicial. Ora, para que possa ter tal
eficácia, é indispensável que nele se insira obrigação certa quanto à
sua existência e determinada quanto ao seu objeto, como manda a lei
civil (art. 5º, § 6º, da Lei n.º 7.347/85; art. 1533 do C.C.; Ato n.º 52/92-
PGJ/CSMP; Pt. n.º 30.918/93).
SÚMULA n.º 10 . “A regularização do parcelamento do solo para
fins urbanos enseja o arquivamento do inquérito civil ou das
peças de arquivamento do inquérito civil ou das peças de
informação, sem prejuízo de eventuais medidas penais.”
Fundamento : O parcelamento do solo urbano pode ser regularizado
sob o aspecto civil: contudo, restará análise independente de
eventuais aspectos penais, na forma dos arts. 50 e s da Lei n.º
6.676/79 (Pt. 31.532/93).
SÚMULA n.º 11. “O Conselho Superior não tem atuação
consultiva em matéria de defesa de interesses difusos, coletivos
e individuais homogêneos, exceto em matéria procedimental,
como nas questões referentes à tramitação do inquérito civil ou
das peças de informação.”
Fundamento : Nem a Lei federal n.º 7.347/87 (LACP), nem a Lei
federal n.º 8.625/93 (LOEMP) conferem atuação consultiva ao CSMP
na área de proteção dos interesses difusos e coletivos, (Pt. n.º
2.182/94).
SÚMULA n.º 12. “Sujeita-se à homologação do Conselho
Superior qualquer promoção de arquivamento de inquérito civil
ou de peças de informação, bem como o indeferimento de
representação, que contenha peças de informação, alusivos à
defesa de interesses difusos, coletivos ou individuais
homogêneos.”
Fundamento : A Lei federal n.º 7.347/85 confere ao CSMP a revisão
necessária de qualquer arquivamento de inquérito civil ou de peças
de informação que impeçam a propositura de ação civil pública a
cargo do órgão do Ministério Público (Pt. n.º 33.582/93) art. 9º e § 1º
da Lei n.º 7.347/85).
Página 8 de 55
SÚMULA n.º 13. “Não cabe ao Ministério Público do Estado
promover medidas administrativas ou jurisdicionais em face do
uso de praia ou de terrenos de marinha pela União, por
intermédio do Ministério da Marinha.”
Fundamento : Quaisquer providências que devam ser tomadas
contra o eventual uso indevido que a união esteja fazendo de terrenos
de marinha são da esfera do Ministério Público Federal (Pt. n.º
297/94; arts. 20, IV e 109 da C.F.).
SÚMULA n.º 14. “Em caso de poluição sonora praticada em
detrimento de número indeterminado de moradores de uma
região da cidade, mais do que meros interesses individuais, há
no caso, interesses difusos a zelar, em virtude da indeterminação
dos titulares e da indivisibilidade do bem jurídico protegido.”
Fundamento : Se os ruídos urbanos importam lesões que não são
restritas do direito de vizinhança, mas atingem a qualidade de vida
dos moradores da região ou de toda a coletividade, o Ministério
Público estará legitimado à ação civil pública (Pt. n.º 35.137/93).
SÚMULA n.º 15. “O meio ambiente do trabalho também pode
envolver a defesa de interesses difusos, coletivos ou individuais
homogêneos, estando o Ministério Público, em tese, legitimado à
sua defesa. No entanto, como a competência para o
conhecimento e julgamento de eventual ação civil pública é da
Justiça do Trabalho (Súmula 736 do E.STF), compete ao
Ministério Público do Trabalho a instauração e o processamento
de inquéritos civis, salvo hipóteses de meio ambiente do trabalho
de servidores públicos da Administração Pública direta,
autárquica ou fundacional, em que, mantida a competência da
Justiça estadual para a ação civil pública, permanece a atribuição
do MP Estadual para o inquérito civil (vide Súmula 39 deste
Conselho)” (ALTERADA A REDAÇÃO NA SESSÃO DO CSMP DE
27.11.12 – Pt. nº 51.148/10)
Fundamento : necessidade de compatibilização com a Súmula 39 do
Conselho Superior e com o disposto na Súmula 736 do E.STF,
segundo a qual “compete à Justiça do Trabalho julgar as ações que
tenham como causa de pedir o descumprimento de normas
trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde dos
trabalhadores”.
SÚMULA n.º 16. “O membro do Ministério Público que promoveu
o arquivamento de inquérito civil ou de peças de informação não
está impedido de propor a ação civil pública, se surgirem novas
provas em decorrência da conversão do julgamento em
diligência.”
Fundamento : Se, em virtude da conversão do julgamento em
diligência, surgirem novas provas, o mesmo membro do Ministério
Público que tinha promovido o arquivamento do inquérito civil não
estará impedido de propor a ação civil pública, se estiver convencido
de seu cabimento (Pts. n.º 30/041/93 e 30.082/93).
SÚMULA n.º 17. “Convertido o julgamento em diligência, reabre-
se ao Promotor de Justiça que tinha promovido o arquivamento
do inquérito civil ou das peças de informação a oportunidade de
reapreciar o caso, podendo manter sua posição favorável ao
arquivamento ou propor a ação civil pública, como lhe pareça
mais adequado. Neste último caso, desnecessária a remessa dos
autos ao Conselho, bastando comunicar o ajuizamento da ação
por ofício.”
Fundamento : Se, em virtude da conversão do julgamento em
diligência, surgirem novas provas, o mesmo membro do Ministério
Página 10 de 55
Público que tinha promovido o arquivamento do inquérito civil não
estará impedido de reapreciar o inquérito civil, podendo tanto propor
a ação civil pública, se estiver convencido de seu cabimento, como
insistir no arquivamento, em caso contrario (Pts. n.º 30.041/93 e
30.082/93).
SÚMULA n.º 18. “Em matéria de dano ambiental, a Lei n.º 6.938/81
estabelece a responsabilidade objetiva, o que afasta a
investigação e a discussão da culpa, mas não se prescinde do
nexo causal entre o dano havido e a ação ou omissão de quem
cause o dano. Se o nexo não é estabelecido, é caso de
arquivamento do inquérito civil ou das peças de informação.”
Fundamento : Embora em matéria de dano ambiental a Lei n.º
6.938/81 estabeleça a responsabilidade objetiva, com isto se elimina
a investigação e a discussão da culpa do causador do dano, mas não
se prescinde seja estabelecido o nexo causal entre o fato ocorrido e a
ação ou omissão daquele a quem se pretenda responsabilizar pelo
dano ocorrido (art. 14, § 1º da Lei n. 6.938/81: Pt. 35.752/93 e
649/94).
SÚMULA n.º 19. “Não há necessidade de homologação pelo
Conselho Superior de todos os procedimentos instaurados com
base no art. 201, V e VI, do Estatuto da Criança e do Adolescente,
mas somente daqueles que contenham matéria a qual, em tese,
trate de lesão ou ameaça de lesão a interesses difusos, coletivos
ou individuais homogêneos relativos à proteção de crianças e
adolescentes.” (NOVA REDAÇÃO, determinada aos 05/08/14).
Fundamento : A expressão “procedimentos administrativos”
representa gênero, do qual o inquérito civil, peças de informação,
procedimentos preparatórios, sindicância etc. são espécies. O
procedimento administrativo equivale a inquérito civil ou peças de
informação, sujeito a homologação do Conselho Superior, quando
tratar de lesões de interesses difusos, coletivos ou mesmo individuais
indisponíveis relativos à proteção de crianças e adolescentes, na
forma do art. 223 do ECA (Pt. n.º 7.151/94 e 8.312/94).
Fundamento da alteração: O art. 201, IV, do Estatuto da Criança e
do Adolescente, legitima o Ministério Público também para a
propositura de ação civil pública visando a defesa de interesse
individual, indisponível e puro, de criança ou adolescente, não sendo
exigível controle pelo CSMP também nessas hipóteses.
SÚMULA n.º 20. “Quando o compromisso de ajustamento tiver a
característica de ajuste preliminar, que não dispense o
prosseguimento de diligências para uma solução definitiva,
salientado pelo órgão do Ministério Público que o celebrou, o
Conselho Superior homologará somente o compromisso,
autorizando o prosseguimento das investigações.”
Fundamento : O parágrafo único do art. 112 da Lei Complementar
estadual n.º 734/94 condiciona a eficácia do compromisso ao prévio
arquivamento do inquérito civil, sem correspondência com a Lei
Federal n.º 7.347/85. Entretanto, pode acontecer que, não obstante
ter sido formalizado compromisso de ajustamento, haja necessidade
de providências complementares, reconhecidas pelo interessado e
pelo órgão ministerial, a serem tomadas no curso do inquérito civil ou
dos autos de peças de informação, em busca de uma solução mais
completa para o problema. Nesta hipótese excepcional, é possível,
ante o interesse público, a homologação do ajuste preliminar sem o
arquivamento das investigações (Pt. n.º 9.245/94 e 7.272/94).
SÚMULA n.º 21. “Homologada pelo Conselho Superior a
promoção de arquivamento de inquérito civil ou das peças de
informação, em decorrência de compromisso de ajustamento,
Página 12 de 55
incumbirá ao órgão do Ministério Público que o celebrou,
fiscalizar o efetivo cumprimento do compromisso, do que lançará
certidão nos autos.”
Fundamento : O compromisso de ajustamento é previsto no art. 5º,
6º, da Lei federal n.º 7.347/85. Aceito pelo Conselho Superior o
compromisso firmado entre o órgão ministerial e o interessado, o
inquérito civil ou as peças de informação ressalvada a hipótese
prevista na Súmula 20, serão arquivados (art. 112 e seu parágrafo
único da Lei Complementar estadual n.º 734/93), mas o órgão do
Ministério Público que o firmou devera naturalmente fiscalizar o seu
efetivo cumprimento (sem ref. anterior).
SÚMULA n.º 22. “Justifica-se a propositura de ação civil pública
de ressarcimento de danos e para impedir a queima de cana-de-
açúcar, para fins de colheita, diante da infração ambiental
provocada, independentemente de situar-se a área atingida sob
linhas de transmissão de energia elétrica, ou estar dentro do
perímetro de 1 km de área urbana. (Pts. n.ºs 34.104/93, 22.381/94,
16.399/941 e 02.184/94; Ap. Cível n.º 211.501-1/9, de Sertãozinho,
7ª Câm. Cível do TJSP, por votação unânime, 8.3.95).”
Fundamento : Os mais atuais estudos ambientais têm demonstrado
a gravidade dos danos causados pela queimada na colheita da cana-
de-açúcar ou no preparo do solo para plantio. Assim, em sucessivos
precedentes, o Conselho Superior tem determinado a propositura de
ação civil pública em defesa do meio ambiente degradado.
SÚMULA n.º 23. “A multa fixada em compromisso de ajustamento
não deve ter caráter compensatório, e sim cominatório, pois nas
obrigações de fazer ou não fazer normalmente mais interessa o
cumprimento da obrigação pelo próprio devedor que o
correspondente econômico.”
Fundamento : O art. 645 do CPC, com redação que lhe deu a Lei n.º
8.953/94, permite agora a execução da obrigação de fazer criada em
título extrajudicial. Mas para garantir o cumprimento espontâneo da
obrigação de fazer, o sistema processual vale-se largamente do
sistema de astreintes, visando a influenciar a vontade do devedor e
obter o cumprimento espontâneo da obrigação (cf. Liebman, Processo
de execução, n.º 97). Desta forma, é mais conveniente prever, por
exemplo, multa cominatória fixada por dia de atraso na execução da
obrigação. (Precedentes: Pts. n.ºs 10.116/95, 10.17/95, 11.165/95 e
13.691/95).
SÚMULA n.º 24. “Nas hipóteses de intervenção, administração
provisória e liquidação extrajudicial de instituições financeiras –
ou entidades equiparadas (tais como distribuidores de títulos e
valores mobiliários, cooperativas de crédito, corretoras de
câmbio e consórcios) – o inquérito realizado pelo Banco Central
contém peças de informação e, por isso, a promoção do seu
arquivamento, por membro do Ministério Público, sujeita-se à
homologação do Conselho Superior do Ministério Público. Neste
caso, o órgão do Ministério Público deverá providenciar a
remessa de sua manifestação, instruída com a cópia integral dos
respectivos autos, para apreciação do Conselho Superior.”
Fundamento : Nos casos de intervenção, administração provisória e
liquidação extrajudicial de instituições financeiras e pessoas
equiparadas (Lei nº 6.024/74, arts. 8º, 15, 41 e 52; Decreto-lei nº
2.321/87, art. 19), o inquérito realizado pelo Banco Central serve de
base para a eventual responsabilização civil dos ex-administradores e
contém, de ordinário, os elementos probatórios de que o Ministério
Público necessita para ajuizar a respectiva ação civil pública. É,
portanto, nessa matéria, o veículo por excelência das peças
informativas. Bem por isso, se, ao examinar o aludido inquérito
administrativo, o Promotor de Justiça concluir que não deve propor
Página 14 de 55
alguma demanda, nem instaurar sua própria investigação, incide o
reexame necessário, pelo Conselho Superior, ao qual se sujeitam
tanto o arquivamento do Inquérito Civil como de simples peças de
informação (Pt. nº 11.399/97; Súmula 12/CSMP; Leis nºs 7.347/85,
art. 9º, § 3º; 7.913/89, art. 3º; 8,625/93, art.12, XI; Lei Complementar
Estadual nº 734/93, art. 110, §§ 2º e 3º; TJSP, Câmara Especial,
Conflito de Competência nº 36.391-0, j. em 24.04.97).
SÚMULA n.º 25. “Não há intervenção do Conselho Superior do
Ministério Público quando a transação for promovida pelo
Promotor de Justiça no curso de ação civil pública ou coletiva.”
Fundamento : O controle, na hipótese aludida, não é administrativo,
tal como ocorre no caso de arquivamento de inquérito civil (art. 9º, §
3º, da Lei nº 7.347/85), porém, jurisdicional, consistente na
homologação por sentença do Juízo (Pts. nºs 17.936/96, 29.951/96 e
21.733/97.
SÚMULA n.º 26. “O Conselho Superior homologará arquivamento
de inquérito civil ou assemelhado que tenha por objeto
representação de conselho de profissão de saúde, se fundada
em descumprimento de norma legal da qual não decorra perigo
concreto à saúde pública.”
Fundamento : O Ministério Público, de uns tempos a esta parte, vem
sendo procurado por Conselhos Profissionais (ex.: Enfermagem,
Farmácia) recebendo inúmeras representações que visam o
cumprimento de normas legais que regulamentam tais profissões.
Contudo, os Conselhos Profissionais constituem-se em autarquias e
como tais são consideradas expressamente como co-legitimadas para
a propositura de ação civil pública (Lei 7.437/85). Têm os
representantes plena e total capacidade para ingressar com as
competentes ações civis públicas cujo ajuizamento vêm postular do
Ministério Público. Por outro lado, o descumprimento de norma legal
relativa a profissão de saúde nem sempre implica em situação
concreta de dano. É conhecida a sobrecarga do Ministério Público na
área dos interesses difusos e coletivos. O ideal seria que nossa
estrutura permitisse a apuração de todo e qualquer dano ou
possibilidade de dano a tais interesses. Contudo, não mais é dado
desconhecer que no momento atual a realidade demonstra que isto
não é possível. Havendo que se traçar os caminhos prioritários na
área, entende-se que a proposta constituirá em instrumento para que
se inicie a racionalização, buscando maior eficácia na atividade
ministerial. Ressaltou-se acima que os próprios representantes têm
legitimidade para ajuizar as ações competentes, pelo que a solução
de racionalização ora preconizada não trará qualquer prejuízo ao
interesse difuso em questão.
SÚMULA n.º 27 . “Desde que a infração decorra unicamente da
falta de licença ou autorização do órgão público competente e
não esteja associada a dano ou risco concreto a interesse
passível de tutela pelo Ministério Público, o inquérito civil ou
assemelhado poderá vir a ser arquivado, sem prejuízo da
responsabilização do agente público, quando o caso, e de
eventuais medidas na órbita criminal, já que a matéria deve
encontrar solução na área dos órgãos licenciadores, que contam
com poder de polícia suficiente para o seu equacionamento”.
(NOVA REDAÇÃO, determinada aos 05/08/14)
Fundamento : Necessidade de esclarecimentos quanto ao
verdadeiro alcance da Súmula, evitando-se a sua errônea
interpretação e aplicação, por vezes verificada. Destina-se a Súmula a
casos em que a falta de licença ambiental venha a se constituir na
única irregularidade constatada, sem estar acompanhada de dano ou
de risco de dano “concreto” ao meio ambiente. A Súmula não se
Página 16 de 55
aplica a casos em que a falta de licença ambiental venha a se
constituir em apenas um dos elementos do caso concreto, tendo
ocorrido ou havendo risco efetivo de dano ao meio ambiente.
Exemplo de aplicação da Súmula: empresa instalada em área não
protegida, destituída de licença ambiental e sem indícios de danos
concretos ao meio ambiente.
Fundamento da alteração: A redação anterior da Súmula 27 tratava
apenas de matéria ambiental. Contudo, não se justificava tal restrição,
pois o enunciado é aplicável também ao direito do consumidor,
habitação e urbanismo, saúde, educação etc.
SÚMULA n.º 28. “Salvo a hipótese prevista no artigo 9º, da Lei
8.429/92, o Conselho Superior homologará arquivamento de
inquéritos civis ou assemelhados que tenham por objeto a
ocorrência de improbidade administrativa praticada por servidor
que não exerça cargo ou função de confiança e que esteja
situado na base da hierarquia administrativa. Neste caso, caberá
ao Ministério Público apenas verificar se o co-legitimado tomou
as medidas adequadas à hipótese, já que eventual omissão
dolosa constitui ato de improbidade.”
Fundamento : O Ministério Público, de uns tempo a esta parte, vem
recebendo representação de Municípios buscando o ajuizamento de
ações de improbidade administrativa em face de servidores. Contudo,
nos termos da Lei 8.429/92, é a pessoa jurídica interessada co-
legitimada para propositura de tais ações. É conhecida a sobrecarga
do Ministério Público na área dos interesses difusos, conceito no qual
se insere o da probidade administrativa. O ideal seria que nossa
estrutura permitisse a apuração de todo e qualquer ato de
improbidade administrativa, ainda que cometido por funcionário sem
qualquer poder decisório. Contudo, não mais é dado desconhecer
que no momento atual a realidade demonstra que isto não é possível.
Urgente a racionalização do serviço, sendo imperioso que sejam
traçados os caminhos prioritários na área. A proposta tem esta
finalidade, buscando-se maior eficácia na atividade ministerial.
Ressaltou-se acima que as pessoas jurídicas interessadas são co-
legitimadas para o ajuizamento da ação. O caminho do Ministério
Público deverá ser o de evitar omissões dolosas, incentivando-se o
co-legitimado a buscar, quando o caso, a responsabilização do
servidor ímprobo. Assim, a proteção do interesse difuso em questão,
além de não sofrer prejuízo com a súmula ora apresentada, melhor
será defendido, já que a atuação ministerial será voltada contra quem
tem o dever de responsabilizar o servidor. Fica excluída a
racionalização quando a hipótese encontrar amparo no artigo nono da
lei, que trata da improbidade administrativa na modalidade
enriquecimento ilícito, em face da extrema gravidade de tal conduta.
SÚMULA n.º 29. “O Conselho Superior homologará arquivamento
de inquéritos civis ou assemelhados que tenham por objeto a
supressão de vegetação em área rural praticada de forma não
continuada, em extensão não superior a 0,10 ha., se as
circunstâncias da infração não permitirem vislumbrar, desde
logo, impacto significativo ao meio ambiente.”
Fundamento : O Ministério Público, de uns tempo a esta parte, vem
sendo o destinatário de inúmeros autos de infração lavrados pelo
órgãos ambientais, compostos, em grande parte, por danos
ambientais de pequena monta. Isto vem gerando grande sobrecarga
de trabalho, inviabilizando que os Promotores de Justiça se dediquem
a perseguir maiores infratores. Mostra-se inevitável a racionalização
do serviço. A proposta ora apresentada tem esta finalidade. O
desejável seria que nossa estrutura permitisse a apuração de todo e
qualquer dano ambiental. Todavia, a realidade demonstra não ser isto
possível no momento. Havendo que se traçar os caminhos prioritários
na área, entende-se que a proposta constituirá em instrumento para
que se inicie a racionalização, buscando que a atividade ministerial
Página 18 de 55
tenha maior eficácia. Ressalte-se que o Poder Público também tem
legitimidade para tomar compromisso de ajustamento de conduta e
ajuizar ação civil pública, além de contar com poder de polícia que,
por vezes, é suficiente para evitar o dano. Assim, as hipóteses
contempladas nas súmulas podem, sem prejuízo do interesse difuso,
comportar a solução ora preconizada. Consigno que a vocação dos
Colegas na matéria será suficiente para analisar se o objeto da
infração, embora pequeno, tenha impacto significativo no meio
ambiente ou constitua continuidade de outra, pequena ou não, cuja
soma exceda a área constante da súmula. Esta se dirige apenas aos
infratores eventuais que tenham praticado mínima interferência no
meio ambiente.
SÚMULA n.º 30. “A formalização de compromisso de ajustamento
de conduta entre o autor de dano ou sua ameaça a interesses
difusos ou coletivos e órgão público colegitimado permite o
arquivamento do inquérito civil, desde que o termo atenda à
defesa dos bens tutelados e contenha todos os requisitos de
título executivo extrajudicial, procedendo-se nos moldes do art.
86, § 2º no Ato 484/2006-CPJ, após a homologação do
arquivamento”. (NOVA REDAÇÃO, aprovada em 05/08/14).
Fundamento : considerando-se que a espera do cumprimento do
TAC firmado com o colegitimado, muito embora necessária, por vezes
posterga, por longo período, a conclusão de inquéritos civis,
reputamos conveniente introduzir, na redação da Súmula, a ressalva
da possibilidade de vir a também ser firmado TAC perante o MP, nos
termos supra referidos, hipótese em que o Inquérito Civil poderá vir a
ser arquivado, concluindo-se a investigação, sem prejuízo da posterior
fiscalização do cumprimento do ajustado, sempre necessária, nos
termos do art.86, § 2º, do Ato 484/2006-CPJ. (NOVA REDAÇÃO
APROVADA NA REUNIÃO DO CSMP DE 11.12.12 – Aviso 302/12,
de 13.12.12).
Fundametnto da alteração: A proposta de alteração da Súmula 30
surgiu em diversas regiões do Estado, como São José do Rio Preto,
Bauru e São Carlos, pelas razões contidas na sugestão escrita
organizada pelos colegas de São Carlos, subscrita pelos Promotores
de Justiça Marcos Roberto Funari e Sérgio Domingos de Oliveira. Em
síntese, parece efetivamente desnecessária a formalização de novo
TAC, quando o ajustamento de conduta perante o co-legitimado
atenda a todas as exigências para a reparação do dano e contenha
todos os requisitos formais de título executivo extrajudicial.
SÚMULA n.º 31. “O Conselho Superior do Ministério Público
homologará o arquivamento de inquéritos civis ou assemelhados
que tenham por objeto a continuação da prestação de serviços
ao Poder Público após aposentadoria do servidor, por tempo de
serviço, se o benefício foi obtido em data anterior à Lei 9.528/97 e
não houver, de plano, indícios de que os serviços não foram
efetivamente prestados ou outra circunstância relevante que
demande investigação.”
Fundamento : O Ministério Público vem sendo o destinatário de
inúmeras comunicações acerca da continuação de prestação de
serviços, ao Poder Público, por servidor aposentado por tempo de
serviço. Existe o entendimento de que a aposentadoria extinguiria o
contrato de trabalho e que a continuação do vínculo laboral
significaria nova contratação, sem concurso público, em afronta ao
disposto no artigo 37, II, da Constituição Federal. Tal posição,
embora respeitável, não acarreta o entendimento da existência dos
elementos necessários para responsabilização dos envolvidos na
área da improbidade administrativa, considerando, ainda, a profunda
divergência dos estudiosos sobre o tema. Bem por isto, este Conselho
Superior, reiteradamente, tem homologado arquivamento de
procedimentos acerca do assunto quando não exista indicativo de que
Página 20 de 55
os serviços não foram efetivamente prestados ou outro aspecto que
demande investigação.
De outra parte, é notória a sobrecarga de trabalho na área da defesa
dos direitos constitucionais do cidadão, dificultando os trabalhos
ministeriais. Diante disto, considerando o entendimento unânime do
Colegiado, de rigor a edição de súmula que, na linha de
racionalização de serviços, permita que o Ministério Público direcione
seus esforços para questões que tenham maior expressão e efetiva
repercussão na seara da probidade administrativa. A proposta ora
apresentada tem esta finalidade.
Ressalte-se que o Poder Público tem legitimidade para tomar as
medidas necessárias no caso objeto desta súmula. Assim, a solução
adotada não acarretará qualquer prejuízo ao interesse público.
Por fim, deve ser consignado que a vocação dos membros do
Ministério Público na matéria será suficiente para analisar se eventual
continuação da prestação de serviços constitui, por outras
circunstâncias, fato a perseguir em ação civil pública.
SÚMULA n.º 32. “O Conselho Superior do Ministério Público
homologará o arquivamento de inquéritos civis ou assemelhados
que tenham por objeto fato que constitua apenas infração
administrativa desde que, cumulativamente, não haja indícios de
ofensa a interesses que ao Ministério Público incumba defender
e não se vislumbre indícios de que o poder de polícia não está
sendo exercido.”
Fundamento : O Ministério Público vem recebendo inúmeras
representações que visam o cumprimento de normas sancionadas no
plano administrativo. Embora tais fatos encontrem, por vezes,
repercussão no plano civil ou penal, muitas outras vezes constituem
infrações passíveis de solução através do poder de polícia, não
implicando em situação concreta de dano ou perigo de dano.
É conhecida a sobrecarga do Ministério Público na área dos
interesses difusos e coletivos. O ideal seria que nossa estrutura
permitisse a apuração de todo e qualquer dano ou possibilidade de
dano a tais interesses. Contudo, não mais é dado desconhecer que
no momento atual a realidade demonstra que isto não é possível.
Havendo que se traçar os caminhos prioritários na área, entende-se
que a proposta constituirá em instrumento para que sejam
racionalizados os serviços, buscando maior eficácia na atividade
ministerial.
Ressalve-se que a atuação do Ministério Público será imprescindível
quando verificado que o poder de polícia não vem sendo
regularmente exercido. Tal hipótese, contudo, há de restar
demonstrada desde logo, autorizando-se o arquivamento se o fato
objeto da representação for apenas e tão-somente a infração
administrativa.
SÚMULA n.º 33. “O Conselho Superior do Ministério Público
homologará o arquivamento de inquéritos civis ou assemelhados
que tenham por objeto irregularidades simplesmente formais
praticadas no âmbito da administração pública, como tais se
considerando aquelas relativas a não existência de livros e
controles ou sua incorreção, contabilidade ou tesouraria
deficiente e inadequado controle da dívida ativa e de bens, caso
não existam indícios de que tais faltas, por ação ou omissão,
foram meios para a prática de ato que encontre adequação na Lei
8.429/92.”
Fundamento : O Ministério Público vem recebendo inúmeras
representações e peças de informação dando conta de irregularidades
Página 22 de 55
na Administração Pública, onde vige, dentre outros, o princípio da
legalidade. É certo que as formalidades são estabelecidas pela lei
para salvaguarda de interesse maior, qual seja, o da probidade
administrativa. Muitas vezes, todavia, é constatado que a forma não
foi cumprida por desatenção, desconhecimento ou despreparo do
agente público, constituindo-se em irregularidade meramente formal,
que não se traduz em hipótese em que é necessária a intervenção do
Ministério Público.
Na linha do direcionamento dos trabalhos do Ministério Público na
área dos interesses difusos, urge sejam reservados esforços para a
investigação de fatos que possam dar suporte ao ajuizamento de
ação civil pública, possibilitando-se o arquivamento de procedimento
em que os fatos noticiados sejam aqueles constantes da súmula.
Ressalve-se que a vocação dos membros da Instituição será
suficiente para analisar se as irregularidades noticiadas constituem
meio para a prática de outras condutas que infrinjam o dever de
probidade administrativa e que, bem por isto, demandarão acurada
investigação.
A proposta tem esta finalidade, buscando-se maior eficácia na
atividade ministerial.
SÚMULA n.º 34. “O Conselho Superior homologará arquivamento
de inquéritos civis ou assemelhados cujo objeto autorize apenas
a propositura de ação de reparação de danos ao erário, nos
termos do art. 5º da Lei 8429/92, quando, cumulativamente (1) o
prejuízo não alcançar expressão econômica relevante, assim
entendido aquele que não seja superior ao previsto no art. 20 da
Lei Federal nº 10.522/02; (2) houver prova de que o órgão do
Ministério Público tenha comunicado o co-legitimado para a
propositura da ação de ressarcimento, transmitindo os
elementos de prova necessários a tal finalidade”. (NOVA
REDAÇÃO, aprovada aos 05/08/14).
Fundamento : – É conhecida a sobrecarga do Ministério Público na
área dos interesses difusos, conceito no qual se insere o de
patrimônio público. O ideal seria que nossa estrutura permitisse a
apuração de todo e qualquer ato do qual resultasse dano ao erário.
Contudo, não mais é dado desconhecer que no momento atual a
realidade demonstra que isto não é possível. Urgente a racionalização
do serviço, sendo imperioso que sejam traçados os caminhos
prioritários na área.
A proposta tem esta finalidade, visando maior eficácia na atividade
ministerial. Para tanto, buscou-se consignar que nos casos de dano
ao erário de pequena expressão econômica a atuação do Ministério
Público deve voltar-se a zelar para que a pessoa jurídica lesada tome
as providências necessárias para o ressarcimento. Assim, a proteção
do interesse difuso em questão, além de não sofrer prejuízo com a
súmula ora apresentada, melhor será defendido, já que a atuação
ministerial será voltada contra quem tem o dever de acionar o
responsável.
Fundamento da alteração: A Súmula 34 foi editada para
racionalização do serviço, em hipóteses de baixo potencial ofensivo e
em que não caiba a aplicação de sanções por ato de improbidade
administrativa. Na alteração proposta para a primeira parte da súmula
vigente, tangente ao valor do prejuízo, buscou-se adequar o
enunciado a parâmetro previsto em lei, por aplicação analógica,
valendo assinalar que o critério sugerido vem sendo utilizado pelo
STF como diretriz para conceituação de situações de pequeno
potencial ofensivo em diversas hipóteses correlatas à matéria fiscal;
v.g., há precedentes nas duas Turmas do Pretório Excelso acolhendo
a atipicidade penal, por ausência de lesividade material, de condutas
em tese amoldáveis ao tipo do descaminho, quando o valor do tributo
sonegado não supera o valor referido no art. 20 da Lei Federal
10.522/02 (vide HC 115.331, j. 18.06.2013).
Página 24 de 55
Quanto à outra alteração, inexiste razão jurídica para presumir inércia
da Administração, assim como não se impõe à Instituição a
fiscalização individualizada da conduta do gestor em toda a matéria
tangente à cobrança de créditos do erário, especialmente em hipótese
na qual não há possibilidade de imposição de sanções por ato de
improbidade (hipótese essa que é o objeto do enunciado). Assim,
parece adequada a alteração, por possibilitar a racionalização dos
serviços em hipóteses de pequeno potencial ofensivo. Note-se que o
enunciado não impede que o Ministério Público atue em situações
concretas que, em tese, amoldam-se ao enunciado proposto, mas
cuja incidência específica o Promotor de Justiça opte por afastar em
decorrência da peculiaridade local, no exercício de sua função de
agente político, por reputar necessária a intervenção ministerial (v.g.,
pequenos municípios).
SÚMULA n.º 35. “No exercício da tutela regulamentada pela Lei
nº 8.429, de 2 de junho de 1992, e nas hipóteses em que, pela
natureza e circunstâncias do fato ou pela condição dos
responsáveis, o interesse social não apontar para a necessidade
de pronta e imediata intervenção Ministerial, o Órgão do
Ministério Público poderá, inicialmente, provocar a iniciativa do
Poder Público co-legitimado zelando pela observância do prazo
prescricional previsto no art. 23 da citada lei e, sendo proposta a
ação, intervindo nos autos respectivos como fiscal da lei (art. 17,
§ 4o), nada obstando que, em havendo omissão, venha a atuar
posteriormente, inclusive contra a omissão, se for o caso. A
promoção de arquivamento será lançada nos autos da
representação, peças de informação, inquérito civil ou
procedimento preparatório após a juntada de cópia da petição
inicial, eventual aditamento do Ministério Público, da decisão ou
relatório da autoridade administrativa, sempre que as
providências ou iniciativas adotadas forem suficientes à
satisfação do objeto, desmembrando-se o feito se isto se der
apenas parcialmente (art. 127 “caput” c/c art. 129, IX, da CF-88;
artigos 17, 22 e 11, II, da Lei nº 8.429/92).”
Fundamento : Tanto quanto o Ministério Público, o ente público tem
legitimidade para promover a ação civil nos termos da Lei nº 8.429/92,
com a finalidade de obter a anulação do ato, o ressarcimento do dano
ou perda do enriquecimento ilícito e a imposição de sanção prevista
na mesma lei. Sendo concorrente e disjuntiva a legitimidade, e
devendo o Ministério Público intervir na ação como fiscal da lei
quando não a propõe, não se justifica que a entidade pública co-
legitimada, tendo detectado ato ilícito, passível de enquadramento na
Lei nº 8.429/92, por meio do controle interno ou de auditoria externa
contratada, deixe de adotar diretamente as providências necessárias
para apuração dos fatos e de ingressar, sendo o caso, com a ação
judicial nos termos da Lei nº 8.429/92, cingindo-se a repassar, por
meio de representação, o relatório respectivo ao Ministério Público,
quando não há obstáculos ou impedimentos naturais ao exercício da
tutela pela própria entidade pública. De fato, o Ministério Público tem
a finalidade, nos termos da Constituição Federal, de agir em defesa
da sociedade (art. 127), tanto assim que expressamente lhe foi
“vedada a representação judicial e a consultoria de entidades
públicas” (art. 129, IX). Nas hipóteses em que, pela natureza e
circunstâncias dos fatos, ou pela condição dos responsáveis, o
interesse social não aponta para a necessidade de pronta e imediata
intervenção Ministerial, pode o Parquet, inicialmente, provocar a
iniciativa do Poder Público, nada obstando que, em havendo omissão,
venha a atuar posteriormente, inclusive contra a omissão, se for o
caso. Os princípios da supremacia do interesse público sobre o
privado e da indisponibilidade do interesse público legitimam a
solução acima, pois são eles que, de um lado, explicam as
prerrogativas outorgadas à Administração (posição de supremacia),
que a ela possibilitam garantir a prevalência do interesse social, e de
outro, positivam que no exercício da função administrativa a vontade
da Administração é subordinada à lei, ou seja, não há autonomia e
Página 26 de 55
sim o dever de cumprir a finalidade contida na norma legal (vontade
da lei), razão pela qual a doutrina preconiza que a Administração tem
o dever-poder de agir para atender e fazer respeitar o princípio da
legalidade, o que bem explica a autotutela (dever de rever e anular
atos ilegais; de apurar e punir infrações, etc.). Destarte, tomando
conhecimento de fatos que, em tese, se enquadrem na Lei nº
8.429/92, não cabe ao Poder Público legitimado a opção entre agir ou
não. A legitimidade do Ministério Público, nos termos da Lei nº
8.429/92, como assinalado, é concorrente à da entidade pública, e
deve servir à defesa do interesse social, podendo ficar reservada, nas
situações antes comentadas, para a hipótese de omissão injustificada
da Administração, desta cobrando as iniciativas e medidas legais
cabíveis. Bem por isso, a Lei nº 8.429/92, a par da legitimidade
concorrente (art. 17), previu para o Ministério Público a requisição à
autoridade administrativa, de ofício ou em face de representação, de
instauração de inquérito policial ou procedimento administrativo para
apuração de ilícito previsto na mesma lei. Sinaliza-se, com isso, a
linha de entendimento ora exposta de que é possível ao Ministério
Público avaliar, de acordo com as circunstâncias do caso concreto,
entre agir diretamente e desde logo ou provocar a atuação do Poder
Público legitimado (dever-poder de agir), deste cobrando o resultado
da apuração ou medidas adotadas. É certo que apenas a omissão
injustificada poderá caracterizar ato de improbidade administrativa
(art. 11, II, da Lei n. 8.429/92). Nesta ordem, se a autoridade
administrativa firmar o entendimento, devidamente fundamentado, de
que não restou caracterizada a existência de dano ou improbidade
administrativa, não há se falar em omissão indevida, para efeito do
citado art. 11, II, da Lei nº 8.429/92, mas nem por isso estará o
Ministério Público impedido de, em relação ao fato principal objeto de
investigação pela Administração, adotar entendimento diverso, ou
seja, complementar, em procedimento próprio, as investigações, ou
promover a ação civil pública. A solução ora preconizada em nada
compromete o interesse social (interesse público primário), porquanto
o Ministério Público sempre estará apto a agir, vigilante, certamente,
do prazo prescricional da sanção de improbidade, e, sendo ajuizada a
ação civil pública pelo Poder Público, nela intervirá como fiscal da lei
(art. 17, § 4o), podendo aditar a inicial, se for necessário. Adotada a
providência pelo ente público e sendo ela documentada através da
juntada aos autos do procedimento do relatório da autoridade, petição
inicial, decisão e, se for o caso, eventual aditamento, pelo Órgão do
Ministério Público, da própria petição inicial, seguir-se-á a promoção
de arquivamento em razão da satisfação do objeto (Pt. nº 28.442/02)”.
SÚMULA n.º 36. “Sempre que constatar a lesão, ou a ameaça a
interesses difusos ou coletivos, o Órgão do Ministério Público
poderá apurar se houve a devida atuação do órgão da
Administração Pública competente para a fiscalização e
implementação das leis de polícia administrativa incidentes. Em
casos de pouca repercussão ou gravidade, o arquivamento do
inquérito civil poderá ter como fundamento a suficiência das
medidas administrativas para cessação dos danos ou eliminação
da ameaça, comprovadas nos autos ou objeto de Termo de
Ajustamento de Conduta. No caso de omissão injustificada por
parte da Administração Pública, o Órgão do Ministério Público
poderá tomar as medidas cabíveis para apurar eventuais ato de
improbidade administrativa, falta funcional e/ou crime contra a
administração pública, buscando a responsabilização dos
agentes omissos. Da mesma forma, verificará a necessidade de
ajuizar ação civil pública contra a Administração Pública para
compeli-la a aplicar a lei de polícia pertinente.”
Fundamento : - Não se pode desconhecer a estreita relação entre o
poder de polícia, que é função típica da Administração, e a defesa dos
interesses difusos, porque ambos tutelam, de certo modo, interesses
sociais e coletivos, bastando ter presente que a finalidade e
fundamentos do poder de polícia residem justamente na necessidade
Página 28 de 55
de conter, nos termos da lei, as liberdades e direitos individuais em
benefício do bem-estar social. Não resta dúvida que a tutela dos
interesses difusos é muita mais ampla e têm natureza distinta.
Todavia, vasto também é o campo de incidência do poder de polícia.
Adverte HELY LOPES MEIRELLES que, “onde houver interesse
relevante da coletividade ou do próprio Estado, haverá,
correlatamente, igual poder de polícia administrativa para a proteção
desses interesses. É a regra, sem exceção” (Direito Municipal
Brasileiro, Ed. Malheiros, 6ª, p. 343). Em semelhante sentido o
magistério de ODETE MEDAUAR quando assinala que, “dentre os
inúmeros campos de atuação do poder de polícia podem ser
lembrados os seguintes: direito de construir, localização e
funcionamento de atividades no território de um Município; condições
sanitárias de alimentos, elaborados ou não, vendidos à população;
medicamentos; exercício de profissões (quando regulamentadas, às
vezes o poder de polícia é delegado, por lei, às ordens profissionais);
poluição sonora, visual, atmosférica, poluição dos rios, mares, praias,
lagoas, lagos, mananciais; preços; atividade bancária, atividade
econômica, trânsito” (Direito Administrativo Moderno, Ed. RT, 6a ed.,
2002, pág. 408). Assim como acontece com os interesses difusos,
cuja tutela prescinde da ilicitude do ato ou atividade para fins
responsabilização e reparação da ofensa, o mesmo se passa com o
do poder de polícia, como se extrai da lição de THEMISTOCLES
BRANDÃO CAVALCANTI quando acentua que “... a atividade regular,
lícita, pode acarretar a violação de interesses coletivos ou individuais,
bastando citar o exemplo de certas normas de trânsito, de construção
ou de trabalho que, embora normais, são limitadas por exigências
coletivas visando proteger a segurança de terceiros e o interesse da
coletividade” (Tratado e Direito Administrativo, vol. V, 2ª ed., Ed.
Freitas Bastos, 1950, p. 364/365). Outra característica do poder de
polícia que o coloca na mesma linha de proteção do interesse social a
que se destina a tutela dos interesses difusos reside na sua essência.
Segundo os ensinamentos de CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE
MELLO, “o Poder de Polícia corresponde à atividade estatal que não
almeja outra coisa senão uma abstenção dos particulares” (Curso de
Direito Administrativo, Ed. Malheiros, 1993, 4a ed., p. 355), ou seja,
um “non facere”, e apenas excepcionalmente pode importar numa
prestação positiva pelo particular, através das quais evita-se o dano
social e assegura-se a utilidade coletiva (v. ob. cit., p. 355 e 357).
Bem por isso é possível afirmar que a efetividade da polícia
administrativa pode prevenir ofensas a interesses difusos ou coletivos
e, por vezes, as correspondentes medidas punitivas poderão revelar-
se suficientes para a superação da possível ofensa ou ameaça
àqueles mesmos interesses. Não é demais lembrar que, como toda
função da Administração, também o poder de polícia reclama a
existência de lei que o autorize e respalde os regulamentos em que
se explicitam as exigências e restrições que condicionam o exercício
dos interesses e direitos individuais e viabilizam a fiscalização e
punição das infrações, ou seja, segundo as palavras de CAIO
TÁCITO, “o exercício do poder de polícia pressupõe, inicialmente,
autorização legal explícita ou implícita, atribuída a determinado órgão
ou agente administrativo, da faculdade de agir” (O Poder de Polícia e
seus Limites, in RDA n. 27, pág. 9). É oportuno, ainda, ter presente a
distinção entre poder de polícia e serviço público, para o que cabe
invocar a sempre precisa lição de ODETE MEDAUAR, primeiro
quando destaca que “pelo poder de polícia a Administração enquadra
uma atividade do particular, da qual o Estado não assume a
responsabilidade. Distingue-se, em tal aspecto, do serviço público,
pois neste o Estado é responsável pela atividade”; depois quando
acentua que “no atual contexto da Administração Pública, dividida
entre uma face de autoridade e uma face de prestadora de serviços, o
poder de polícia situa-se precipuamente na face autoridade. Atua,
assim, por meio de prescrições, diferente do serviço público, que
opera por meio de prestações” (Direito Administrativo Moderno, Ed.
RT, 6a ed., 2002, pág. 405/406). O poder de polícia, como função da
Administração, está sujeito aos princípios que regem a Administração
Página 30 de 55
Pública, dentre os quais o da legalidade e indisponibilidade do
interesse público, o que vale dizer que também aqui se faz presente o
dever-poder de o Poder Público agir, fazendo cumprir o fim prescrito
na norma, mesmo porque, segundo o magistério de CELSO
ANTONIO BANDEIRA DE MELLO “na administração os bens e
interesses não se acham entregues à livre disposição da vontade do
administrador. Antes, para este, coloca-se a obrigação, o dever de
curá-los nos termos da finalidade a que estão adstritos. É a ordem
legal que dispõe sobre ela” (ob. cit., p. 23). Daí porque a assertiva de
que a discricionariedade seria um dos atributos do poder de polícia
precisa ser bem compreendida, pois há atos que comportam, nos
termos da lei, certa margem de discricionariedade, o que não significa
que o exercício em si do poder de polícia seria discricionário, como,
aliás, deixa patente a lúcida lição de CELSO ANTÔNIO BANDEIRA
DE MELLO quando diz que, “em rigor, no Estado de Direito, inexiste
um poder, propriamente dito, que seja discricionário, fruível pela
Administração Pública. Há, isto sim, atos em que a Administração
Pública pode manifestar competência discricionária e atos a respeito
dos quais a atuação administrativa é totalmente vinculada. Poder
discricionário, abrangendo toda uma classe ou ramo de atuação
administrativa, é coisa que não existe” (ob. cit., p. 360). Registrem-se,
a propósito, precedentes do Colendo Superior Tribunal de Justiça
entendendo que não há discricionariedade, mas dever de agir, em
relação às condutas já conhecidas, aparentes: "Há que distinguir a
liberdade de conduta da administração em termos de ação e de
reação; se naquela os critérios de conveniência e oportunidade ficam
a seu critério, nesta a conduta é obrigatória e vinculada pelo comando
legal explícito ou implícito ... Há reação quando o Poder Público reage
a conduta já praticada por seus agentes ou por terceiros. O
administrador deve agir em detectando infração à lei ou em cuidando
de fatos já ocorridos ou por ocorrer. Deve interditar o imóvel em ruína,
deve coibir o uso indevido de bens públicos, deve embargar a obra
feita em desacordo com as posturas municipais. Deve impedir a
comercialização de alimentos deteriorados. Deve impedir a prática de
crime que tenha notícia. Não há discricionariedade: sua conduta é
obrigatória e decorre do simples fato da infração ... Não há tal
discricionariedade em relação às condutas já conhecidas,
aparentes ... No momento em que o agente descobre o alimento
deteriorado a discricionariedade acaba: deve agir, autuando e
apreendendo. Assim ocorre com as posturas edilícias e demais
infrações aparentes: por dever de ofício deve o fiscal verificar se as
edificações estão licenciadas e autorizadas, deve impedir a ocupação
das áreas públicas, etc. A conduta é vinculada, expressa ou
implicitamente, pela lei" (Recurso Especial nº 292.846-SP
(2000/0133125-6), Rel. Ministro Humberto Gomes de Barros -
Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, 07.03.02); “AGRAVO
REGIMENTAL. MEDIDA CAUTELAR. AUSÊNCIA DOS
PRESSUPOSTOS AUTORIZATIVOS DA CONCESSÃO LIMINAR.
ATO ADMINISTRATIVO. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE E DA AUTO-
EXECUTORIEDADE. ORDENS DE FECHAMENTO EMITIDAS
CONTRA ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS IRREGULARES
NÃO EFETIVADAS PELA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL.
VIOLAÇÃO ÀS DIRETRIZES DO PLANO DE ZONEAMENTO
URBANO. OFENSA AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA
INDEPENDÊNCIA DOS PODERES NÃO CONFIGURADA.
FRAGILIDADE DA FUNDAMENTAÇÃO. I - As ordens de fechamento
expedidas pela Prefeitura, e reiteradamente descumpridas, devem ser
efetivadas em face do princípio da legalidade e da auto-
executoriedade dos atos administrativos. II - O uso e a ocupação do
solo urbano deve propiciar a realização do bem estar social, para isso
o Município deve promover a fiscalização das atividades residenciais
e comerciais, não podendo ser conivente com irregularidades
existentes. III - O agente público está adstrito ao princípio da
legalidade, não podendo dele se afastar por razões de conveniência
subjetiva da administração. Por conseguinte, não há na espécie
violação ao princípio da independência dos poderes. IV - Agravo
Página 32 de 55
improvido” (AGRMC 4193/SP - Agravo Regimental na Media Cautelar
(2001/0116624-0), Segunda Turma, Min. Laurita Vaz, v.u., 23.10.01).
Também o Colendo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
possui julgados no mesmo sentido: "A Municipalidade e o Estado
devem exercer o poder de polícia sempre que tenham conhecimento
de infrações às leis e posturas regulamentares e não podem furtar-se
ao conhecimento das infrações que sejam aparentes, evidentes,
passíveis de exame a olho nu" (Apelação Cível nº 85.594-5/0 - São
Paulo - Rel. Des. Torres de Carvalho - 8a. Câm. de Direito Público do
Tribunal de Justiça de São Paulo - j. 11.8.99); "Ação Civil Pública –
meio processual adequado a constranger o Poder Público a dar
cumprimento às normas da legislação urbanística, continuando para
tanto a praticar atos de seu poder de polícia – Possibilidade de se
exercer atos coercitivos sem necessidade de acesso ao Judiciário –
Recurso provido. ¨ (Segunda Câmara de Direito Público do Tribunal
de Justiça de São Paulo – Apelação nº 155.015.5/3 – Rel. Alves
Bevilacqua – 7.8.01). Estando o Ministério Público vocacionado à
defesa do interesse social (art. 127 da CF), e sendo dever da
Administração o exercício regular do poder de polícia, mais interessa
à sociedade e se afeiçoa à legitimidade do Parquet que este atue em
face do Poder Público provocando a efetividade da polícia
administrativa, sempre que a natureza e circunstâncias do caso
concreto indicarem a suficiência da medida para conter a ameaça ou
possível ofensa a interesses difusos. De fato, a inobservância de
exigências ou restrições legais que condicionam o exercício de
atividades, empreendimentos, profissões e outros direitos individuais,
além de caracterizar a violação das normas de poder de polícia pelo
particular, pode, paralelamente, indicar a ocorrência de eventual
omissão do Poder Público quanto à função de polícia administrativa
que lhe cabe exercer por meio do controle, fiscalização e sanção ou,
ainda, adoção de medidas judiciais. Por isso que, não cabendo ao
Ministério Público substituir-se ao Poder Público no exercício do poder
de polícia, deve agir em face do órgão e autoridade competentes para
obter, no plano administrativo, inclusive por meio de termo de
ajustamento de conduta, ou via ação civil pública, as medidas de
fiscalização e implementação das leis de polícia administrativa
incidentes, sempre que estas se mostrarem suficientes para a tutela,
sem prejuízo, no caso de omissão injustificada, de adotar
providências para apurar eventuais ato de improbidade administrativa
(art. 11, II, da Lei n. 8.429/92), falta funcional e/ou crime contra a
administração pública, bem como, se for o caso, promover a tutela do
interesse difuso ou coletivo no caso concreto, em face da empresa ou
particular responsável. É indiscutível que, em certas situações, a
despeito da violação das normas de poder de polícia, identificada a
gravidade dos fatos e a insuficiência da intervenção administrativa,
será de rigor a atuação pronta e imediata pelo Ministério Público na
tutela do interesse difuso ou coletivo lesado ou ameaçado. Assim, nas
situações de transgressão a essas normas que sugiram concomitante
ofensa a interesses difusos ou coletivos, cabe ao Órgão do Ministério
Público avaliar, considerada a natureza e circunstâncias do caso
concreto, sobre a presença de interesse social em promover
diretamente e desde logo a tutela do interesse difuso ou coletivo, nos
termos da Lei nº 7.347/85 e outras pertinentes, em face da empresa
ou particular infrator, ou atuar com a finalidade de provocar o efetivo
exercício do poder de polícia pelo órgão competente, deste cobrando
o resultado das medidas a serem adotadas, inclusive por meio de
termo de ajustamento de conduta. E, uma vez constatado, por meio
de relatório da Administração, a suficiência das medidas de polícia
administrativa adotadas para a superação da ameaça ou possível
ofensa ao interesse difuso ou coletivo, ou, então, celebrado o termo
de ajustamento de conduta, restará satisfeito o objeto do protocolado
instaurado, justificando-se o seu arquivamento. Convém deixar claro,
outrossim, que a omissão injustificada da autoridade para efeito de
caracterização de improbidade administrativa há de ser compreendida
como omissão deliberada. Destarte, se não houver lei que dê
embasamento ao poder de polícia em determinada situação, isto é,
Página 34 de 55
que estabeleça a restrição a ser observada pelo particular e autorize
as medidas punitivas necessárias, não será possível exigir-se da
autoridade a providência alvitrada. Da mesma forma, se a lei permitir
certa margem de discricionariedade à autoridade administrativa
quanto à medida a ser adotada, desde que a decisão tomada por ela,
dentre as opções possíveis, seja razoável, também não se poderá
falar em improbidade administrativa. Em tais hipóteses, discordando
da decisão ou reputando-a insuficiente, caberá ao Ministério Público
apenas promover a tutela do interesse difuso, nos termos da
legislação pertinente, para afastar a ofensa ou ameaça (Pt. nº
94.923/02 - Jundiaí)
SÚMULA N.º 37 . “Não há necessidade de homologação pelo
Conselho Superior dos procedimentos ou peças de informação
quando neles não houver notícia de lesão a interesses difusos,
coletivos ou individuais homogêneos, como os que digam respeito
a comunicação de transplante “inter vivos” e internação
involuntária.”
Fundamento : – A competência do Conselho Superior do Ministério
Público para apreciar promoção de arquivamento de inquéritos civis
limita-se aos casos em que haja, em tese, lesão a interesses difusos,
coletivos ou individuais homogêneos. A simples comunicação da
existência de transplante “inter vivos” e internação involuntária,
embora possam demandar a atuação do Ministério Publico, não
justificam o reexame necessário pelo Conselho Superior.
SÚMULA nº 38. “Não há necessidade de homologação pelo
Conselho Superior dos procedimentos ou peças de informação
quando neles não houver notícia de lesão concreta a interesses
difusos, coletivos ou individuais homogêneos”. (NOVA
REDAÇÃO, determinada aos 05/08/14).
Fundamento : – A competência do Conselho Superior do Ministério
Público para apreciar promoção de arquivamento de inquéritos civis
limita-se aos casos em que haja, em tese, lesão a interesses difusos,
coletivos ou individuais homogêneos. Embora a lei contenha previsão
da necessidade de intervenção do Ministério Público nas causas em
que são discutidos direitos individuais concernentes à condição do
idoso e da pessoa portadora de deficiência, eventual arquivamento de
procedimentos instaurados para apuração de questões individuais não
se submete ao reexame necessário pelo Conselho Superior.
Fundamento da alteração: O enunciado é válido para outras áreas
de atuação do Ministério Público, além daquelas referidas na redação
anterior da Súmula, que apenas dizia respeito a pessoas portadoras
de necessidades especiais e idosos, motivo por que a restrição
anterior não deveria mais subsistir.
SÚMULA nº 39. “Diante do enunciado da Súmula nº 736, do
Egrégio Supremo Tribunal Federal, as promoções de
arquivamento de inquérito civil ou assemelhados que tenham por
objeto as condições de higiene, saúde e segurança do meio
ambiente do trabalho não serão conhecidas, devendo os autos
ser remetidos ao Ministério Público do Trabalho, exceto quando
se tratar de servidores ocupantes de cargo criado por lei, de
provimento efetivo ou em comissão, incluídas as autarquias e
fundações públicas, nos quais a atribuição é do Ministério
Público Estadual, pois compete à Justiça comum estadual
conhecer das respectivas ações.
Fundamento : – Em face do disposto na Súmula n° 736, do Egrégio
Tribunal Federal, não mais se justifica que tenham curso, no
Ministério Público Estadual, procedimentos cujo objeto consista na
investigação acerca das condições do meio ambiente do trabalho, já
que eventual ação civil pública deverá ser proposta perante a Justiça
do Trabalho. Por esta razão, este Conselho Superior, reiteradamente,
Página 36 de 55
tem determinado a remessa de autos ao Ministério Público do
Trabalho (Pts. n°s 89.061/03, 08.689/04, 16.615/04, 23.829/04,
26.066/04, 27.156/04, 28.863/04, 26.043/04, 31.239/04, 34.623/04,
38.451/04, 43.661/04, 54.885/04, 89.061/03, 59.276/03, 60.692/98,
102.164/03, 109.363/03, 89.061/03 e 65.272/04). Contudo, diante da
declaração de inconstitucionalidade do inciso I, do art. 114, da CF/88
(ADI n° 3.395-MC/DF), firmou o Colendo Supremo Tribunal Federal a
competência da Justiça comum estadual para conhecer das ações
que versem sobre questões relativas servidores ocupantes de cargo
criado por lei, de provimento efetivo ou em comissão, incluídas as
autarquias e fundações públicas, sendo que nesses casos a
investigação cabe ao Ministério Público do Estado. (Nova redação
aprovada na reunião do CSMP de 30.01.07)
SÚMULA 40 - REVOGADA em reunião realizada aos 05 de agosto
de 2.014.
Fundamento da Revogação: A vigente Súmula 12 já dá
cumprimento à determinação contida no artigo 9º, § 1º, da Lei nº
7.347/85 e o enunciado da Súmula 40 causava obscuridade de
interpretação.
SÚMULA nº 41. “O Conselho Superior homologará promoção de
arquivamento de inquérito civil ou assemelhado que tenha como
objeto desmembramento ou desdobro, desde que não seja
continuado e que não cause impacto urbanístico, assim
considerado aquele que não exija novas obras de infraestrutura
ou criação de novos equipamentos comunitários para atender às
necessidades dos moradores, ressalvando a ocorrência de
infração penal. Em ocorrendo danos ambientais concomitantes,
observar-se-á, quanto às atribuições, o disposto no Ato nº 55/95-
PGJ.”
Fundamento – A atuação do Promotor de Justiça de Habitação e
Urbanismo deve voltar-se, prioritariamente, para as questões afetas a
lesões efetivas ou potenciais à ordem urbanística, pois o Direito
Urbanístico tem por finalidade precípua dotar as cidades de condições
de habitabilidade. Neste contexto, tanto o desmembramento como o
desdobro irregular sem qualquer impacto nas obras de infra-estrutura
não exige a intervenção do Ministério Público, além do que a questão
da obtenção do domínio, pelos adquirentes, pode ser por estes
resolvida através de instrumentos próprios. A atuação do Ministério
Público recomenda o direcionamento de seus recursos para
parcelamentos que impliquem na queda de qualidade de vida de seus
habitantes. Na busca de eficiência na atuação do Ministério Público,
considerada a dispersão social dos danos urbanísticos, cumpre
direcionar recursos para o trato de questões que exijam maior
atenção da instituição. As infrações penais e danos ambientais, se
existentes, devem ser investigados em procedimento próprio. A
referência à aplicação do disposto no Ato n° 55/95-PGJ, quanto às
atribuições das Promotorias de Justiça de Meio Ambiente e de
Habitação e Urbanismo, atende ao princípio da unidade de atuação
institucional, mantendo-se a atribuição no órgão de execução
urbanístico em havendo ‘moradia com ocupação’, posto que essa
solução preserva melhor o interesse público, fazendo com que os
danos urbanísticos e ambientais sejam tratados unicamente por um só
Promotor de Justiça. (Alterada a redação pelo Aviso 183/06-CSMP
de 23.11.06).
SÚMULA nº 42. “O Conselho Superior homologará promoção de
arquivamento de inquérito civil ou assemelhado que tenha como
objeto parcelamento de solo implantado de fato e completamente
consolidado, quando, cumulativamente, (a) estiver provido da
infra-estrutura prevista em lei, que ofereça condições de
habitabilidade e (b) for possível a regularização dominial dos
Página 38 de 55
lotes, ressalvando eventual infração penal. Em ocorrendo danos
ambientais concomitantes, observar-se-á, quanto às atribuições,
o disposto no Ato nº 55/95-PGJ.”
Fundamento : – Dentre as inovações trazidas ao Direito Urbanístico
pelo Estatuto da Cidade destacam-se instrumentos e diretrizes que
visam integrar à “cidade legal” as hipóteses de parcelamento, uso e
ocupação do solo que estão à margem da lei. Em se tratando dos
casos de ocupação de áreas por população de baixa renda, essa lei
permite ao Poder Público a edição de normas específicas para sua
urbanização, e acena com a simplificação dos mecanismos de
regularização dominial (usucapião individual ou coletivo). A realidade
tem mostrado que muitas vezes, na sua atuação, o Ministério Público
depara-se com loteamentos de fato completamente consolidados e
ocupados, com predominância de pessoas de pouco poder aquisitivo.
Em tais casos cumpre velar, primordialmente, pela implantação das
obras de infraestrutura necessárias à habitabilidade dos loteamentos,
considerando, ainda, que os adquirentes dos lotes acabam obtendo,
judicialmente, a regularidade dominial, esvaziando, assim, as
providências da alçada da Instituição. Na busca de eficiência na
atuação do Ministério Público entende-se muito mais útil à atuação de
caráter preventivo, objetivando evitar a implantação de loteamentos
clandestinos e o estabelecimento de realidade urbanística cuja
alteração demanda imenso sacrifício social. Em síntese, considerando
a dispersão social dos danos urbanísticos, cumpre direcionar recursos
para o trato de questões que exijam maior atenção da Instituição. As
infrações penais e danos ambientais, se existentes, devem ser
investigados em procedimento próprio. A referência à aplicação do
disposto no Ato n° 55/95-PGJ, quanto às atribuições das Promotorias
de Justiça de Meio Ambiente e de Habitação e Urbanismo, atende ao
princípio da unidade de atuação institucional, mantendo-se a
atribuição no órgão de execução urbanístico em havendo ‘moradia
com ocupação’, posto que essa solução preserva melhor o interesse
público, fazendo com que os danos urbanísticos e ambientais sejam
tratados unicamente por um só Promotor de Justiça. (Pt. n°
106.528/06). (Alterada a redação pelo Aviso 183/06-CSMP de
23.11.06).
SÚMULA n.º 43. “Não há necessidade de homologação de
promoção de arquivamento de peças de informação que, no
âmbito da Justiça Eleitoral, tenham por objeto apenas a
comunicação da não-apresentação de contas ou rejeição de
contas apresentadas por candidato a cargo eletivo.”
Fundamento : A simples comunicação, pela Justiça Eleitoral, da
não-apresentação de contas ou rejeição de contas apresentadas
por candidato a cargo eletivo, embora possa demandar a atuação
do Ministério Público na esfera eleitoral (quanto à eventual
necessidade de propositura de impugnação de mandato ou recurso
contra a diplomação do candidato junto à Justiça Eleitoral), não
necessita, na hipótese de arquivamento do respectivo expediente,
de reexame necessário pelo Conselho Superior do Ministério
Público (Precedentes – Protocolados nº.s 40.320/05, 40.404/05 e
40.413/05, julgados aos 07/06/05).
SÚMULA nº 44. REVOGADA em reunião realizada aos 06 de
março de 2012 (Pt. nº 51.148/10)
Fundamento da Revogação: - Não se mostra mais conveniente a
manutenção da Súmula de entendimento em questão, em face do
posicionamento jurisprudencial firmado por nossos Tribunais
Superiores (STF e STJ), no sentido de que não possui o Ministério
Público legitimidade para aforar ação civil pública em matéria
tributária, em defesa dos contribuintes. Veja-se, a respeito da matéria,
a posição do E. STF: RE 559985 AgR, Relator(a): Min. EROS GRAU,
Segunda Turma, julgado em 04/12/2007, DJe-018, DIVULG 31-01-
Página 40 de 55
2008 PUBLIC. 01-02-2008 – EMENT. VOL-02305-12 PP-02613; AI
382298 AgR, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Relator(a) p/
Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em
04/05/2004, DJ 28-05-2004, PP-00053, EMENT - VOL-02153-7 PP-
01373; RE 248191 AgR, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO,
Segunda Turma, julgado em 01/10/2002, DJ 25-10-2002 PP-00064
EMENT VOL-02088-03 PP-00567). Veja-se, no mesmo sentido, a
posição do E. STJ que, inclusive, editou a Súmula 470, em
24.11.2012, segundo a qual “O Ministério Público não tem
legitimidade para pleitear, em ação civil pública, a indenização
decorrente do DPVAT em benefício do segurado.”; AgRg no REsp
757.608/DF, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 06/08/2009, DJe 19/08/2009;AgRg
no REsp 969.087/ES, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA
TURMA, julgado em 18/12/2008, DJe 09/02/2009;AgRg no Ag
955.686/SP, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 18/03/2008, DJe 16/04/2008;AgRg no REsp
937.117/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA
TURMA, julgado em 21/02/2008, DJe 03/03/2008. Não se trata, aqui,
de analisarmos o mérito deste posicionamento, com o qual podemos
até discordar. Também não visamos, com esta pretendida revogação,
impedir o aforamento de ações civis públicas, pelos membros do
Ministério Público que, eventualmente, preferirem optar em continuar
a propor ações nesta matéria, defendendo um posicionamento
contrário à jurisprudência de nossos Tribunais Superiores. Trata-se,
isto sim, de evitarmos estimular demandas com grande possibilidade
de insucesso, perda de tempo e recursos públicos, tudo o que
contraria os interesses institucionais, procurando concentrar e voltar
nossas energias, para atuações com chances de resultados
produtivos. Com efeito, a existência de uma Súmula de
entendimento, apregoando a legitimidade do MP em matéria
tributária, por um Órgão da Administração Superior, responsável pela
análise de arquivamentos de inquéritos civis, se constitui em inegável
estímulo a uma atuação que, em face da posição jurisprudencial
firmada pelo E. STF e pelo E. STJ, não deve mais ser estimulada. E
isto porque, existindo jurisprudência dominante de nossos Tribunais
Superiores, no sentido de que o Ministério Público não tem
legitimidade em matéria tributária, para a defesa de contribuintes,
cabe ao relator, monocraticamente, negar seguimento a eventual
recurso que venha a contrariar este posicionamento, nos termos do
art.557 do CPC, segundo o qual “O relator negará seguimento a
recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou
em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do
respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal
Superior.”. Assim, caso o MP venha a ser julgado parte ilegítima ativa,
em ação civil pública aforada em defesa de contribuintes, o recurso
contra esta r.sentença não será sequer processado no Tribunal de
Justiça, vindo a ter o seu seguimento monocraticamente negado.
Cabe lembrar aqui, que este artigo 557 do CPC, também se aplica
aos recursos especial e extraordinário, sendo certo que estes últimos
não chegam nem sequer a ser processados ou conhecidos, quando
contrariam a jurisprudência firmada do E. STF ou do E. STJ (art.557
do CPC e Súmula 83 do E. STJ, também aplicável aos recursos
interpostos com base em alegada violação da lei federal). Portanto,
não devemos mais manter a Súmula de entendimento nº 44,
sinalizando, com esta revogação, inclusive, que eventuais inquéritos
civis ou procedimentos preparatórios poderão ser arquivados em
matéria tributária em defesa do contribuinte. Existe, ainda,
manifestação fundamentada nos autos, da lavra da Dra Adriana
Ribeiro Soares de Morais, Digníssima Coordenadora da área de
Patrimônio Público do Ministério Público de São Paulo, solicitando a
revogação da Súmula 44 do CSMP, uma vez que sua experiência, no
atendimento de dúvidas dos Colegas, tem lhe mostrado tal
necessidade, preocupando-se a mesma, ainda, em evitar a formação
de jurisprudência contrária ao MP. Temos, finalmente, a justificar
nossa proposta, o disposto no art.1º, parágrafo único, da Lei nº
Página 42 de 55
7.347/85, segundo o qual “Não será cabível ação civil pública para
veicular pretensões que envolvam tributos, contribuições
previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou
outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser
individualmente determinados. (Incluído pela Medida provisória nº
2.180-35, de 2001)”. Muito embora se possa sustentar a
inconstitucionalidade deste dispositivo legal, com base na falta dos
requisitos constitucionais para edição de Medidas Provisórias, o fato é
que este artigo continua em vigor, não tendo sido revogado ou
declarado inconstitucional. Há que se ressaltar aqui, que o
entendimento jurisprudencial, no sentido de que o MP não tem
legitimidade para aforar ações em matéria tributária, se aplica
apenas aos casos de defesa de contribuintes, em que se objetiva,
na ação civil pública, a devolução de valores pagos, a proibição
de cobranças, a diminuição de valores, etc. Quando, no entanto,
se trate de ação civil pública em que, mesmo versando sobre matéria
tributária, o que se visa é a proteção do patrimônio público, como, por
exemplo, no caso de uma ação aforada para anular benefícios fiscais
irregularmente concedidos, a legitimidade do Ministério Público, para
o aforamento de ações civis públicas, continua a ser reconhecida e
apregoada, seja pelo E. STF, seja pelo E. STJ (RE 576155,
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado
em 12/08/2010, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-226
DIVULG 24-11-2010 PUBLIC 25-11-2010 REPUBLICAÇÃO: DJe-020
DIVULG 31-01-2011 PUBLIC 01-02-2011 EMENT VOL-02454-05 PP-
01230; RE 586089 AgR, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Segunda
Turma, julgado em 13/12/2011, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-035
DIVULG 16-02-2012 PUBLIC 17-02-2012; STJ: REsp 903.189/DF,
Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/12/2010,
DJe 23/02/2011).
SÚMULA nº 45. “O Ministério Público tem legitimidade para
propor ação civil pública visando que o Poder Público forneça
tratamento médico ou medicamentos, ainda que só para uma
pessoa.”
Fundamento : - Este Conselho Superior tem, reiteradamente,
entendido que o Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação
civil pública visando que o Poder Público forneça, ainda que para
paciente determinado, tratamento médico ou medicamentos. (Pts. ns.
110.806/04, 119.932/04 e 57.150/05). O direito à saúde,
conseqüência do direito à vida, constitui direito fundamental e os
serviços de saúde são, em face de sua essencialidade, considerados
como de relevância pública, nos termos do art. 197, da Constituição
Federal, garantindo a Lei Maior o acesso universal e igualitário (art.
196 do Texto Federal e art. 219, parágrafo único da Carta
Bandeirante). A legitimidade do Ministério Público é manifesta,
conforme se depreende do disposto no art. 127 c/c art. 129, III, da
Constituição da República, ainda que não se tenha conhecimento da
existência de mais de um paciente necessitando da assistência
médica ou farmacológica indicada como a adequada.
SÚMULA nº 46. “Há legitimidade concorrente entre o Conselho
Superior do Ministério Público do Estado de São Paulo e as
Câmaras de Coordenação e Revisão do Conselho Superior do
Ministério Público Federal, para análise e eventual homologação
de arquivamentos de inquéritos civis eleitorais e para apreciação
de possíveis incidentes e recursos interpostos em razão da
instauração ou tramitação de inquéritos civis eleitorais. O
inquérito civil eleitoral se constitui apenas em um dos
instrumentos passíveis de utilização, com fundamento
constitucional (art.129, III, da CF), dentre vários outros previstos
na lei eleitoral nº 9504/97. A opção pela instauração de inquérito
Página 44 de 55
civil deve levar em conta a exiguidade dos prazos previstos na
legislação eleitoral para providências perante a Justiça Eleitoral,
bem como a possibilidade de interposição de recurso contra a
instauração, com efeitos suspensivos.”
Fundamento : – A Constituição Federal de 1946, em seu artigo
125, previa a organização do Ministério Público Eleitoral, que seria um
órgão diferenciado, autônomo, com carreira própria, que deveria atuar
junto à Justiça Eleitoral. Essa preocupação, contudo, não foi renovada
nas demais Cartas Constitucionais. Pela sistemática de nossa atual
Carta Constitucional, o Chefe do Ministério Público Eleitoral é o
Procurador Geral da República, Chefe do Ministério Público da União,
que exerce funções eleitorais junto ao Tribunal Superior Eleitoral. É
importante frisar que o Ministério Público da União é integrado pelo
Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho, Ministério
Público Militar e Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. O
Procurador Geral da República deve ser integrante do Ministério
Público da União, não necessariamente do Ministério Público Federal.
Tal observação mostra-se necessária à conclusão do equívoco da
premissa de que o Chefe do Ministério Público Eleitoral será
necessariamente um Procurador da República, integrante do
Ministério Público Federal.
Não há qualquer vedação legal ao exercício da Chefia do Ministério
Público da União por integrante do Ministério Público do Trabalho,
Militar ou Distrito Federal e Territórios. Aquele que for nomeado por
Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, ao cargo de
Procurador-Geral da República, consequentemente, exercerá as
funções de Chefe do Ministério Público Eleitoral, em caráter nacional.
Em cada um dos Estados da Federação, o Ministério Público Eleitoral
é integrado pelo Procurador Regional Eleitoral, integrante do
Ministério Público Federal que atue perante Tribunais Superiores, e
por Promotores de Justiça Estaduais, integrantes do Ministério
Público Estadual indicados pelo Procurador-Geral de Justiça e
designados pelo Procurador Regional Eleitoral. No Distrito Federal, as
funções de Procurador Regional Eleitoral são exercidas pelo
Procurador-Geral de Justiça do Distrito Federal, enquanto as funções
de Promotores Eleitorais por Promotores de Justiça Distritais. Assim,
diante das peculiaridades do Ministério Público Eleitoral, que é um
órgão híbrido, o correto seria a constituição de um Conselho Superior
do Ministério Público Eleitoral em cada Estado da Federação,
integrado pelo Procurador Regional Eleitoral e por Promotores de
Justiça, indicados pelo Procurador-Geral de cada Estado da
Federação. O Colegiado híbrido tem justificativa nas peculiaridades
do Ministério Público Eleitoral e no fato de que nenhum Promotor de
Justiça Eleitoral alcançará a condição de Procurador Regional
Eleitoral e, tampouco, o Procurador Regional Eleitoral poderá atuar
como órgão de execução frente aos Juízos Eleitorais. Enquanto tal
providência não é adotada há legitimidade concorrente entre o
Conselho Superior do Ministério Público dos Estados e do Distrito
Federal e as Câmaras de Coordenação e Revisão do Conselho
Superior do Ministério Público Federal. Não se alegue que as funções
eleitorais estão afetas à Justiça Federal. O Tribunal Regional Eleitoral,
tal como o Ministério Público Eleitoral é órgão híbrido, presidido por
um Desembargador Estadual, tendo como Corregedor outro
Desembargador Estadual, e integrado por um Desembargador
Federal, dois Juízes Estaduais de 1º Grau indicados pelo Tribunal de
Justiça local e por dois advogados, integrantes da Classe dos
Juristas, escolhidos pelo Excelentíssimo Senhor Presidente da
República, em lista sêxtupla formada pelo Tribunal de Justiça
Estadual.
É de se asseverar, que o Ministério Público Eleitoral do Estado de
São Paulo é integrado pelo Procurador Regional Eleitoral e por
423 Promotores de Justiça Eleitorais, indicados pelo Procurador-
Geral de Justiça e designados pelo Procurador Regional Eleitoral. O
ato administrativo de designação dos Promotores de Justiça
Estaduais é complexo, pois depende de indicação do Procurador-
Geral de Justiça. É vedado ao Procurador Regional Eleitoral indicar
Página 46 de 55
aleatoriamente os Promotores de Justiça que exercerão as relevantes
funções eleitorais. O artigo 1º, inciso I, da Resolução nº 30, de 19 de
maio de 2008, do Conselho Nacional do Ministério Público, é
expresso nesse sentido. Não é só. O artigo 32, inciso III, da Lei
Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei nº 8.625, de 12 de
fevereiro de 1993), segue a mesma linha, ao estabelecer:
Art. 32. Além de outras funções cometidas na Consti-tuição Federal e
Estadual, na Lei Orgânica e de mais leis, compete aos Promotores
de Justiça, den tro de suas esferas de atribuições:
(...)
III – oficiar perante a Justiça Eleitoral de primeira Instância com as
atribuições do Ministério Público Eleitoral previstas na Lei Orgânica
do Ministério Público da União que forem pertinentes, além de
outras estabelecidas na legislação eleitoral e parti daria.
Como pode ser observado, em momento algum a Lei Orgânica
Nacional estabelece que as funções eleitorais devam ser exercidas
com exclusividade pelo Ministério Público Federal, integrante do
Ministério Público da União, muito ao contrário, o próprio artigo 79,
“caput”, da Lei Orgânica do Ministério Público da União (Lei
Complementar nº 75, de 20 de maio de 1993), dispõe que o Promotor
Eleitoral será o membro do Ministério Público local que oficie junto ao
Juízo incumbido do serviço eleitoral de cada Zona. Acrescente-se,
que a Constituição Federal em momento algum, como assinalado,
atribui o exercício das funções eleitorais com exclusividade ao
Ministério Público Federal e, tampouco, estabelece que o Ministério
Público Estadual estará legitimado para exercer tais funções por
delegação do primeiro.
Fundamento da alteração: Muito embora seja possível, com
fundamento constitucional, a instauração de Inquérito Civil em matéria
eleitoral, nos termos do art.129, III, da CF, são bastante exíguos os
prazos estabelecidos na Lei nº 9.504/97, para a tomada de
providências judiciais na órbita da Justiça Eleitoral, de forma que vem
se afigurando necessário o acréscimo acima proposto, à redação da
Súmula 46, de forma a que tal circunstância também seja considerada
pelo Dr. Promotor de Justiça Eleitoral, ao decidir pela escolha do
Inquérito Civil, como instrumento de apuração dos fatos, lembrando-
lhe, ainda, que outros instrumentos também existem para tal, como,
por exemplo, o procedimento investigatório previsto no art.22 da Lei
Complementar 64/1990. Há também que se ressalvar e lembrar que,
uma vez tendo sido feita a opção pelo Inquérito Civil, passa a se
tornar cabível a interposição de recurso contra a sua instauração, com
efeitos suspensivos, nos termos do art.108 da Lei Orgânica Estadual
nº 734/93. (Alterada por decisão do CSMP em reunião de 06/08/13,
aviso nº 178/13).
SÚMULA nº 47.“Não devem ser submetidos à homologação do
Conselho Superior, as promoções de arquivamento ou os
indeferimentos de representação, lançados em procedimentos
pura e tipicamente eleitorais. Tal não se aplica ao Inquérito Civil
Eleitoral nem às peças de informação capazes de ensejar a
propositura de ação civil pública, hipóteses em que a revisão do
Conselho é obrigatória.”
Fundamento : Pela leitura dos termos da Lei nº 9504/97, que
estabelece a possibilidade de uma série de procedimentos
administrativos atinentes à matéria eleitoral, como, por exemplo,
aqueles relativos à prestação de contas de candidatos, propagandas
eleitorais, regularidade do registro ou diplomação, etc., não se
vislumbra atribuição, conferida ao Conselho Superior do Ministério
Público, para o reexame de arquivamentos ou indeferimentos de tais
expedientes, de forma que, em se tratando de Órgão público que,
Página 48 de 55
como tal, só tem atribuições para fazer aquilo que a lei permite, não
pode o Conselho Superior vir a conhecer de tais pedidos. Em se
tratando, no entanto, de inquérito civil eleitoral, instaurado conforme
Súmula 46 deste Conselho, e pelo fundamento do art.129, III, da CF,
a solução, pelo critério instrumental, se torna diversa, posto que, nos
termos do art.9º, § 1º, da Lei Federal nº 7347/85, bem como nos
termos do art.110, § 1º, da Lei Complementar Estadual nº 734/93, a
promoção de arquivamento, ou o indeferimento da representação
para instauração de inquérito civil que contenha peças de informação,
devem, necessariamente, ser submetidos a reexame do Conselho
Superior. Em se tratando, ainda, de peças de informação, entendidas
como tais, aquelas que contenham elementos passíveis de ensejar
eventual propositura de ação civil pública, como ocorre, por exemplo,
se houver indícios de improbidade juntamente com a irregularidade
eleitoral, o arquivamento dos autos ou o indeferimento do pedido de
instauração também deverão ser submetidos à revisão do Conselho
Superior, nos termos do art.9º da Lei 7347/85 e do art.110, § 1º, da
Lei nº 734/93.
SÚMULA nº 48. “Em entendendo não possuir atribuições para
atuar em um determinado caso concreto, compete ao Promotor
de Justiça providenciar a sua remessa, fundamentada, ao Órgão
de Execução que entenda possuir atribuições para tanto, não
sendo o caso de arquivamento dos autos, nem de indeferimento
da representação e nem de sua remessa ao Conselho Superior
do Ministério Público.”
Fundamento : (i) art.354 do Ato 675/2012-PGJ-CGMP, de
28.12.2010 (Manual de Atuação Funcional); (ii) art.16 do Ato
484/2006-CPJ; (iii) só é caso de arquivamento de Inquérito Civil ou de
Procedimento Preparatório de Inquérito Civil, ou de indeferimento de
representação, quando o Promotor de Justiça, pressupondo possuir
atribuições para atuar no caso, entenda não deva se dar
prosseguimento ou início a uma investigação, nos termos dos artigos
9º, “caput, da LACP nº 7.347/85, 110 da LOE nº 734/93 e 99 do Ato
484/2006-CPJ, quanto ao arquivamento, e nos termos dos artigos 107
da LOE nº 734/93 e 15 do Ato 484/2006-CPJ, quanto ao
indeferimento da representação; (iv) o arquivamento dos autos ou o
indeferimento da representação, fundados na falta de atribuições para
a atuação, prejudica o conhecimento do caso pelo órgão de
execução que teria atribuições para tal, para a tomada das
providências cabíveis, retirando-lhe, ainda, o direito de suscitar
eventual conflito de atribuições, que deve ocorrer, se for o caso, nos
autos originais, nos termos do art.9º, § 1º, do Ato 484/2006-CPJ; (v)
compete, exclusivamente, ao Procurador Geral de Justiça, e não ao
Conselho do Ministério Público, decidir conflitos de atribuições e, pois,
questões a estas atinentes, nos termos do art. 115 da LOE nº 734/93
e do art.9º, § 1º, do Ato 484/2006 – CPJ; assim, a pleiteada
homologação pelo Conselho Superior, se deferida, sob o fundamento
de falta de atribuições para atuar, invadiria, indevidamente, esfera de
atribuições da Procuradoria Geral de Justiça.”
SÚMULA nº 49. “O Ministério Público investiga fatos, sendo
aconselhável que todas as suas vertentes sejam apuradas em
inquérito civil único, instaurado, se o caso, em conjunto pelos
Promotores de Justiça que detenham, de ordinário, parcelas das
atribuições Institucionais.
Existentes investigações diversas acerca do mesmo fato, a
hipótese enseja conflito positivo de atribuições, somente se
justificando o arquivamento do inquérito civil quando, do fato,
não remanescer lesão ou ameaça de dano a qualquer tipo de
interesse passível de atuação Institucional”. (NOVA SÚMULA,
aprovada em 05/08/14).
Fundamento : Cabe ao Ministério Público investigar fatos,
apreciando-os sob os diversos enfoques de atuação Institucional,
Página 50 de 55
motivo por que não se justifica ou aconselha a pertinente cisão em
inquisitivos distintos, abordando cada qual área específica (v. g.,
patrimônio público e meio ambiente).
Certo é que as atribuições Institucionais são repartidas por ato do
Egrégio Órgão Especial do Colégio de Procuradores de Justiça entre
os diversos cargos integrantes de determinada Promotoria de Justiça.
Tal partição, no entanto, tem por espeque tornar, em tese, equânime
a divisão de atribuições entre os cargos, assim como permitir a
correta observância do denominado Princípio do Promotor Natural.
Sem prejuízo, não se pode observar dita divisão como algo estanque
e absoluto, mormente à luz de fatos que comportam desdobramentos
entre variegadas áreas de atuação Institucional.
Em tais casos, cabe ao Promotor de Justiça com atribuição mais
abrangente o dever de investigar o fato por inteiro ou fazê-lo em
conjunto com o outro Órgão do Ministério Público que também possua
legitimidade para atuar, mesmo em virtude da necessária coesão, que
vem em prestígio ao princípio da indivisibilidade e como garantidor de
estabilidade social.
Como acima afirmado, compete ao Ministério Público investigar fatos,
sendo certo que o arquivamento do inquérito civil somente se
mostrará adequado acaso, finda a investigação, seu Presidente
entenda inexistir qualquer medida subsequente que se encontre
imiscuída no amplo espectro de atribuições institucionais.
Em outras palavras, vislumbrando, v. g., o Promotor do Patrimônio
Público que dos fatos sob investigação há também temas de outra
natureza que devam ser apurados pelo Ministério Público, não lhe é
dado, a final, determinar o arquivamento do inquérito civil antes de
certificar-se acerca do desate dos respectivos desdobramentos, pena
de não ser conhecida por este Colegiado a sua decisão, pois calcada
em parcela dos fatos – e não em sua inteireza, como de mister.
SÚMULA nº 50. “É facultado ao membro do Ministério Público
submeter o indeferimento de representação a reexame pelo
Conselho Superior do Ministério Público, sem prejuízo da
necessária notificação do interessado para eventual interposição
do recurso.” (NOVA SÚMULA, aprovada em 05/08/14).
Fundamento : Para favorecer, no trabalho diário, relação respeitosa
e transparente do Órgão revisor com as Promotorias de Justiça,
necessário explicitar mecanismo de reexame voluntário de rejeições
de representação. O reexame voluntário aprimora a interlocução do
Promotor de Justiça com o CSMP, seja nas hipóteses passíveis de
provocar controvérsia sobre a obrigatoriedade de instauração de
inquérito civil (de graves consequências na esfera correicional), nos
casos de notícias anônimas, como também naquelas situações de
grande clamor público em que o órgão ministerial formou a convicção
de rejeição de representação, mas vê necessidade de respaldo
institucional sobre a decisão que, por força de lei, incumbe-lhe
isoladamente. O reexame provocado pelo órgão do Ministério Público
será realizado em âmbito devolutivo idêntico àquele cabível em
hipótese de recurso do autor da representação.
SÚMULA nº 51. “Antes de decidir pelo recebimento ou rejeição
da representação, poderá o membro do Ministério Público
determinar ao representante que a complemente, ou adotar
providências preliminares, necessárias à formação de seu
convencimento acerca da pertinência da notícia, decidindo em
seguida sobre a instauração do inquérito civil, procedimento
preparatório de inquérito civil ou o indeferimento da
representação, no prazo de 30 dias, após eventual
complementação, quando for o caso”. (NOVA SÚMULA, aprovada
em 05/08/14).
Fundamento : O enunciado almeja otimizar os serviços das
Promotorias de Justiça, favorecendo atuação resolutiva em casos que
comportem providências instrutórias sumárias, visando a solução da
Página 52 de 55
questão ou a formação da convicção do Órgão do Ministério Público
sobre a necessidade de instauração de outro procedimento.
Trata-se de interpretação passível de ser extraída do art. 17 do Ato
484/06-CPJ, o qual prevê a possibilidade de intimação do Interessado
para que complemente a representação ofertada ao Ministério
Público, sem vedar, no entanto, o uso de outros métodos necessários
para que o Promotor de Justiça possa firmar responsável exercício de
convicção jurídica entre instaurar inquisitivo ou rejeitar a
representação.
SÚMULA nº 52. “Caso a matéria veiculada na representação
possa ser objeto de mandado de segurança individual, é cabível
o seu indeferimento desde que os fatos tratados não tenham
projeção subjetiva capaz de causar dano ou ameaça de dano a
interesse social.
Ressalvam-se questões afetas ao direito da criança, idosos ou
pessoas portadoras de deficiência, em face dos regramentos
legais específicos, que admitem as tutelas individuais”. (NOVA
SÚMULA, aprovada em 05/08/14).
Fundamento : Há questões que, por vezes, são submetidas ao crivo
do Ministério Público sob o argumento de que possuem repercussão
subjetiva ampla quando, em verdade, não desbordam ao campo
individual e podem ser tuteladas pela via do mandado de segurança,
manejado pelo próprio particular.
Ad exemplum, pode ser citada a situação do professor preterido
quando da atribuição de classes que, com o espeque de forçar a
atuação do Ministério Público em seu prol, argumenta com a
existência de ato de improbidade mercê de tal conduta. Da mesma
forma, o particular que atribui ao agente público conduta ímproba
assemelhada ao crime de prevaricação tão-somente tendo em conta
que o seu interesse particular na obtenção de determinada licença
não foi atendido no tempo por ele desejado.
Assim, comportando o tema resolução pela via mandamental sem que
dele desborde projeção subjetiva capaz de afetar interesses sociais
relevantes, justifica-se o indeferimento da representação.
SÚMULA nº 53. “Não é dever do órgão do Ministério Público
instaurar inquérito civil ou outro procedimento investigatório
para mero acompanhamento da criação ou execução de
programas ou políticas públicas, quando não houver notícia
concreta de dano ou risco de lesão a interesses difusos,
coletivos ou individuais homogêneos.” (NOVA SÚMULA,
aprovada em 05/08/14).
Fundamento : Justifica-se a proposta, por duplo fundamento: i) O
inquérito civil é procedimento destinado a apurar lesão ou ameaça de
lesão a direito coletivo em sentido amplo passível de ser tutelado
através da ação civil pública, não se justificando impor aos
Promotores de Justiça a rigidez procedimental própria do inquérito
civil para hipóteses nas quais não há indício de lesão ou ameaça de
lesão aos bens jurídicos, cuja defesa incumbe ao Ministério Público;
especialmente quando se tem em consideração que viria injurídico
presumir falha do Administrador, sem qualquer razão concreta para
tal. De modo que a proposta vem também no sentido de desafogar o
trabalho das Promotorias de Justiça, nas situações concretas em que
não é juridicamente obrigatória a intervenção ministerial. ii) A
instauração de IC ou PPIC para mero acompanhamento de
programas ou políticas públicas, não raro, tem resultado em inquéritos
civis obscuros ou confusos, que se eternizam sem objeto claro e
definido, em prejuízo do serviço.
SÚMULA nº 54. “Não há necessidade de homologação pelo
Conselho Superior do arquivamento de procedimentos de caráter
não investigatório instaurados para a fiscalização rotineira e
Página 54 de 55
periódica de contas prestadas por entidades fundacionais,
quando inexistente denúncia, notícia ou suspeita da existência
de qualquer irregularidade a ser objeto de apuração por meio de
inquérito civil ou de seu procedimento preparatório”. (NOVA
SÚMULA, aprovada aos 05/08/14)
Fundamento : – A atribuição do Conselho Superior do Ministério
Público para apreciar promoção de arquivamento de procedimentos
em curso nas Promotorias de Justiça limita-se aos casos em que haja,
em tese, lesão a interesses difusos, coletivos ou individuais
homogêneos. A simples atividade fiscalizatória periódica exercida pelo
Ministério Público sobre as contas das entidades fundacionais não
justifica o reexame necessário pelo Conselho Superior. Caso, no
entanto, de tal atividade sejam constatados indícios de irregularidades
a exigir apuração da ocorrência de danos efetivos ou potenciais a
direitos ou interesses transindividuais, as providências respectivas
deverão ser adotadas no bojo de procedimento investigatório com
objeto específico, cujo eventual arquivamento enseja o exercício de
juízo revisional por esta Órgão Colegiado.
Finalmente, há propostas que ensejaram variegadas polêmicas ao
largo dos trabalhos desenvolvidos por esta Comissão, as quais serão
tratadas em relatório posterior, complementar, para que sejam
submetidas ao Pleno do Colegiado em oportunidade distinta.