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MEDIDA CAUTELAR NA SUSPENSÃO DE TUTELA ANTECIPADA 858 MINAS GERAIS REGISTRADO :MINISTRO PRESIDENTE REQTE.(S) : MUNICIPIO DE SANTA BARBARA ADV.(A/S) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE SANTA BÁRBARA REQDO.(A/S) : RELATOR DO AI Nº 03177917620178130000 DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS ADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS INTDO.(A/S) : SAMARCO MINERACAO S. A. ADV.(A/S) : ISABELA GUIMARAES FRANCO DECISÃO SUSPENSÃO DE TUTELA ANTECIPADA. EXPEDIÇÃO DE CERTIDÃO DE CONFORMIDADE. NECESSIDADE DE ANÁLISE TÉCNICA E ESTUDOS COMPLEMENTARES. DEMONSTRAÇÃO DE GRAVE LESÃO À ORDEM E ECONOMIA PÚBLICAS. DANO INVERSO. LIMINAR DEFERIDA. PROVIDÊNCIAS PROCESSUAIS. Relatório 1. Suspensão de tutela antecipada, com requerimento de medida liminar, ajuizada pelo Município de Santa Bárbara/MG objetivando a suspensão dos efeitos da decisão do Desembargador Relator do Agravo de Instrumento n. 0317791-76.2017.8.13.0000 do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, que “determinou que o ente público requerente emita, em 10 dias, declaração de conformidade para fins de licenciamento ambiental independentemente de qualquer análise técnica ou solicitação de dados ou estudos complementares” em favor da Samarco Mineração S/A. Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13010960.

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MEDIDA CAUTELAR NA SUSPENSÃO DE TUTELA ANTECIPADA 858 MINAS GERAIS

REGISTRADO : MINISTRO PRESIDENTE

REQTE.(S) :MUNICIPIO DE SANTA BARBARA ADV.(A/S) :PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE SANTA

BÁRBARA REQDO.(A/S) :RELATOR DO AI Nº 03177917620178130000 DO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

ADV.(A/S) :SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS INTDO.(A/S) :SAMARCO MINERACAO S.A. ADV.(A/S) : ISABELA GUIMARAES FRANCO

DECISÃO

SUSPENSÃO DE TUTELA ANTECIPADA. EXPEDIÇÃO DE CERTIDÃO DE CONFORMIDADE. NECESSIDADE DE ANÁLISE TÉCNICA E ESTUDOS COMPLEMENTARES. DEMONSTRAÇÃO DE GRAVE LESÃO À ORDEM E ECONOMIA PÚBLICAS. DANO INVERSO. LIMINAR DEFERIDA. PROVIDÊNCIAS PROCESSUAIS.

Relatório

1. Suspensão de tutela antecipada, com requerimento de medida liminar, ajuizada pelo Município de Santa Bárbara/MG objetivando a suspensão dos efeitos da decisão do Desembargador Relator do Agravo de Instrumento n. 0317791-76.2017.8.13.0000 do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, que “determinou que o ente público requerente emita, em 10 dias, declaração de conformidade para fins de licenciamento ambiental independentemente de qualquer análise técnica ou solicitação de dados ou estudos complementares” em favor da Samarco Mineração S/A.

Supremo Tribunal Federal

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Odocumento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13010960.

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2. A Requerente informa que na origem, a Samarco Mineração S/A “ajuizou a ação [Ação n. 0003121-39.2017.8.13.0572] de obrigação de fazer e formulou pedido para que o ente público requerente fosse compelido a, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, emitir declaração de conformidade aos regramentos locais que disciplinam o ordenamento territorial, independentemente da análise das particularidades de seu empreendimento localizado na Zona de Recuperação Ambiental da Bacia do Peti e da observância dos procedimentos administrativos previstos no Decreto Municipal n.º 2438/2013, ao argumento de que possuía licenças e outorgas válidas para a operação antes da tragédia causada pelo rompimento de suas barragens em Mariana-MG”.

Noticia que, em 28.3.2017, o Juízo da Comarca de Santa Bárbara indeferiu “o pedido de antecipação de tutela, pois, além de a providência postulada se revelar medida irreversível e capaz de esgotar o objeto da lide, verificou-se ‘não ter extrapolado o Município a sua competência, revelando-se sua postura de condicionamento de concessão de Declaração de Conformidade à prévia realização de estudos ambientais em consonância com Decreto 2438/2013, o qual afasto, por ora, o reconhecimento da pretendida declaração de inconstitucionalidade incidenter tantum”.

3. Contra essa decisão Samarco S/A interpôs o Agravo de Instrumento n. 0317791-76.2017.8.13.0000, parcialmente deferido por decisão do Desembargador Raimundo Messias Júnior para “suprimir as condicionantes previstas no Decreto Municipal nº 2.438/2013, e determinar que o Município de Santa Bárbara, na pessoa de seu representante legal, e no prazo de 10 dias, contados da intimação desta decisão, expeça Declaração de que o empreendimento está ou não de Conformidade com a Lei de Uso e Ocupação do Solo do Município, nos termos art. 10, § 1º, da Resolução nº 237/97, do COMANA” (doc. 20).

O Requerente esclarece que “o empreendimento para o qual se solicita a certidão de conformidade refere-se a parcela da rede adutora e estação de captação de água de propriedade da empresa requerida no território do município requerente. Tal equipamento, conforme demonstram os documentos anexados,

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serve para captar e transportar mais de dois milhões de metros cúbicos de água por hora do Rio Conceição (situado no território municipal em Zona de Recuperação Ambiental assim definida em Plano Diretor) até o Município de Mariana onde é utilizada para beneficiar e impulsionar minério de ferro até o município de Anchieta-ES.

Em 2009, sem qualquer procedimento prévio e independentemente de qualquer análise, o ex-gestor municipal assinou uma declaração atestando a conformidade do empreendimento da empresa às regras locais e, já no ano de 2012, sem alvará de construção e independentemente de qualquer licença municipal, a empresa requerida, de forma criminosa, iniciou a construção da Estação de Captação.

Apenas em 2013 – no mês de fevereiro, especificamente – é que a empresa requerida foi notificada a paralisar suas obras, notadamente por estarem próximas a bem cultural especialmente protegido (Ruínas da Casa do Barão de Catas Altas). Em seguida, o próprio Ministério Público do Estado de Minas Gerais requisitou o embargo.

Neste momento, após embargo de suas atividades e sempre preocupada com seus resultados financeiros e prazos contratuais, a empresa requerida solicitou licença corretiva para a construção da estação de captação de água (Processo Administrativo n.º 706/2013 – Alvará de Construção), uma vez que o início da construção não havia sido autorizado por Alvará. No referido processo, o empreendimento foi analisado apenas sob o prisma da regularidade da construção.

Na ocasião, a empresa já havia obtido licenças ambientais perante o órgão estadual (Portaria 01323/2011, de 03.05.2011, da SEMAD) graças à mencionada Declaração de Conformidade emitida no ano de 2009 pelo então Prefeito Municipal de Santa Bárbara, certidão esta considerada criminosa pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais conforme discussão instaurada na ação de improbidade n.º 0013762-91.2014.8.13.0572 e na Ação Penal n.º 0013754-17.2014.8.13.0572, tudo conforme relatado nos pareceres e decisões dadas em primeira instância.

Tendo em vista inúmeras considerações e, especialmente, a existência à época de licenciamento ambiental a nível estadual, a construção da estação de

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captação, embora irregular, acabou por ser amparada em termo de compromisso firmado em 19.08.2013, ocasião em que foram estabelecidas obrigações tendentes a minimizar os danos urbanísticos identificados. As questões ambientais já haviam sido superadas pelo Licenciamento Estadual. Por meio deste termo de compromisso, restaram estabelecidas diversas obrigações, valendo lembrar que tais obrigações ainda não foram completamente cumpridas”.

Destaca que, “após a tragédia de Mariana-MG, as licenças da empresa requerida foram cassadas ou suspensas, de forma que para renová-las precisa passar por novo licenciamento ambiental, o qual não prescinde de nova declaração de conformidade, cuja emissão, no Município de Santa Bárbara, tendo em vista as especiais disposições do Plano Diretor Municipal, é regulamentada pelo Decreto Municipal n.º 2438/2013.

Assim, a empresa requerida solicitou a emissão da declaração de conformidade ao município requerente e, ao ser notificada a cumprir as disposições do Decreto Municipal n.º 2438/2013 – que apenas define o procedimento de certificação da conformidade do empreendimento de acordo com a sua dimensão, localização, entre outros aspectos relativos ao ordenamento territorial, de acordo com as leis locais – ajuizou a “ação de obrigação de fazer” alegando que teria direito à emissão do documento independentemente de qualquer procedimento”.

Alega que “o Plano Diretor Municipal (LCM 1436/2007) institui parâmetros específicos para a Zona de Recuperação Ambiental da Bacia do Peti (art. 58), local onde se localiza o empreendimento da requerida, diagnosticando esta especial porção do território municipal como carente de recuperação dada a significativa degradação causada especialmente pela atividade de extração mineral”.

Argumenta que a decisão pela qual se “determina a emissão de declaração de conformidade de empreendimento localizado na Zona de Recuperação Ambiental da Bacia do Peti, indicada como zona de especial proteção pelo Plano Diretor Municipal, independentemente da possibilidade de

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análises técnicas e de estudos específicos, além de causar lesão grave à ordem e economia pública, fere de morte a competência municipal para o adequado ordenamento territorial e proteção ao meio ambiente, infringindo o disposto nos arts. 23, VI, 30, VIII, 182 e 225 da Constituição Federal”.

Ressalta que, “ao tolher a competência municipal prevista no art. 182 (e, ainda, 30, VIII, 23, VI e 225) da CF/88, através do impedimento de que sejam exigidos estudos ou dados complementares acerca de empreendimento para o qual se postula a emissão de declaração de conformidade, o Desembargador Relator ignorou a política municipal de desenvolvimento urbano e a competência constitucional para o adequado ordenamento territorial, desconsiderou a vigência do Plano Diretor Municipal e, pior, exigiu que o Município avalie a conformidade de empreendimento a ser instalado em Zona de Recuperação Ambiental sem que possa se basear em dados técnicos. (…) Nesse contexto, revela-se patente o risco de lesão grave à ordem ambiental caso mantida a execução da decisão liminar aqui mencionada, na medida em que o Município, no prazo de 10 (dez) dias, terá de declarar a conformidade (ou não) do empreendimento da requerida sem que possa se valer de dados técnicos ou estudos complementares para subsidiar sua decisão. (…)Tal necessidade decorre inegavelmente dos princípios da prevenção e da precaução, assumindo a proteção do meio ambiente posição preponderante frente ao risco de grave lesão à ordem pública, em sua dimensão ambiental”.

Afirma que “a procedimentalização da emissão da declaração de conformidade ambiental por parte do Município requerente, além de garantir segurança jurídica aos envolvidos no processo, tem por escopo primordial controlar a qualidade do conteúdo da declaração, que se submete a prévia avaliação técnica, e, consequentemente, ao crivo indispensável à proteção do meio ambiente”.

Pondera que “o afastamento das condicionantes do Decreto Municipal n.º 2438/2013, além de contrário ao disposto nos arts. 30 e 182 da CF/88, possibilita (e até incentiva) que todo e qualquer interessado possa pleitear providência

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idêntica perante o Poder Judiciário, o que resultará invariavelmente na ineficiência de quaisquer medidas preventivas quanto ao licenciamento ambiental em outro nível federativo. Assim, o chamado “efeito multiplicador”, que provoca lesão grave à ordem pública, é fundamento suficiente para o deferimento do pedido de suspensão, conforme jurisprudência dessa Suprema Corte”.

Pontua, ao final, que “a decisão do TJMG causa grave lesão à economia pública. Isso porque, ao ser impedida de solicitar estudos ou dados complementares e obrigada a realizar análise superficial e precária acerca da conformidade de empreendimento, a administração municipal, por força do princípio da precaução, especialmente em relação a empreendimentos mais complexos, à falta de subsídios que assegurem sua compatibilidade com os parâmetros ambientais estabelecidos em lei, se verá induzida a declarar não conforme qualquer atividade econômica. (…)

Estando o gestor público impedido de avaliar responsável e tecnicamente as características de cada empreendimento ao mesmo tempo em que exposto à rigorosa censura por parte dos órgãos de controle, a solução que mais assegura a proteção ao meio ambiente e a lisura das ações governamentais é aquela que, por precaução, ausentes dados concretos e confiáveis, não declara a conformidade. (…)

Nesse cenário, parece fora de dúvida que a decisão liminar causa grave lesão à economia pública, na medida em que tem efetivamente o condão de paralisar (ou, ao menos, dificultar significativamente) a emissão da declaração de conformidade que é indispensável a todo o licenciamento ambiental realizado em nível estadual ou federal”.

Requer “a imediata suspensão da tutela antecipada concedida pelo Exmo. Desembargador Relator do Agravo de Instrumento n.º 0317791-76.2017.8.13.0000 – 2ª Câmara Cível do TJMG – interposto contra decisão proferida nos autos da ação originária n.º 0003121-39.2017.8.13.0572 – Ação de Obrigação de Fazer – em trâmite na Vara Única da Comarca de Santa Bárbara-MG, com fundamento no artigo 4º da Lei n.º 8.437/92, conferindo-lhe efeito suspensivo liminar”.

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Pede “a declaração de que os efeitos da suspensão deferida perduram até o trânsito em julgado da ação, a teor do disposto no §9º do art. 4º da mencionada Lei n.º 8.437/92”.

Examinados os elementos havidos no processo, DECIDO.

4. A possibilidade de suspensão, pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal, de execução de decisões concessivas de segurança, de liminar e de antecipação dos efeitos de tutela contra entidade estatal somente se admite quando presentes, simultaneamente, os seguintes requisitos: a) as decisões a serem suspensas sejam proferidas em única ou última instância pelos tribunais locais ou federais; b) tenham potencialidade para causar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança ou à economia públicas; c) a controvérsia tenha índole constitucional (STA n. 729-AgR/SC, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, Plenário, DJ 23.6.2015; STA n. 152-AgR/PE, Relatora a Ministra Ellen Gracie, Plenário, DJ 11.4.2008 e SL n. 32-AgR/PE, Relator o Ministro Maurício Corrêa, Plenário, DJ 30.4.2004).

A suspensão de acórdão é medida excepcional de contracautela destinada a resguardar a ordem, a saúde, a segurança e a economia públicas.

5. Na Lei n. 8.437/1992 se estabelece:

“Art. 4º Compete ao presidente do tribunal, ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso, suspender, em despacho fundamentado, a execução da liminar nas ações movidas contra o Poder Público ou seus agentes, a requerimento do Ministério Público ou da pessoa jurídica de direito público interessada, em caso de manifesto interesse público ou de flagrante ilegitimidade, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas”.

6. A análise dos autos demonstra presentes, na espécie, os requisitos

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para a suspensão de segurança para evitar-se grave lesão à ordem e à economia públicas.

8. Em 11.5.2017, o Desembargador Raimundo Messias Júnior, Relator do Agravo de Instrumento n. 1.0572.17.000312-1/001, decidiu:

“Trata-se de agravo de instrumento da decisão proferida pela MM. Juíza de Direito da Vara Única da Comarca de Santa Bárbara(fls. 986/997-TJ), que nos autos da Ação de Obrigação de Fazer ajuizada por Samarco Mineração S/A contra o Município de Santa Bárbara, indeferiu a antecipação dos efeitos da tutela.

Sustenta a agravante, em síntese, a ilegalidade da condicionante imposta pelo Município(realização de estudos ambientais sobre os impactos locais decorrentes do empreendimento) para renovar a Declaração de Conformidade com as normas municipais de uso e ocupação do solo. Nesse passo, afirma que referido condicionamento contraria o disposto no art. 5º da Resolução nº 237/97 do Conama e no art. 13 da Lei Complementar nº 140/2011, uma vez que todos os impactos ambientais do empreendimento devem ser examinados no procedimento de licenciamento ambiental conduzido pelo Estado, com ampla participação dos Municípios. Assim, defende que a aludida declaração se presta apenas para atestar que a localização do empreendimento está em consonância com as leis de uso e ocupação do solo. Argumenta que o licenciamento ambiental de determinado empreendimento será realizado por um único ente federativo, nos moldes do art. 13 da LC nº 140/2011. Assevera que a Resolução nº 237/97 do Conama é clara, ao prescrever que a avaliação dos impactos ambientais decorrentes de empreendimento que extrapola o espaço territorial de um único município é de competência estadual, assegurada a ampla participação dos órgãos ambientais do Município, sendo que os exames técnicos deverão ser considerados pelo órgão estadual. Conclui que, ao condicionar a emissão da declaração à apresentação de estudos ambientais, o Município está usurpando a competência do órgão ambiental estadual, impedindo que sejam avaliados pelo órgão competente os impactos ambientais que podem vir a decorrer do empreendimento da Samarco. Alega ainda que o

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Decreto Municipal nº 2.438/2013 não pode ser invocado como fundamento para sustentar a condição imposta pelo Município para emitir a declaração, já que a competência para a avaliação dos impactos ambientais do empreendimento é da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável(SEMAD). Citando trecho de decisão do Min. Eros Grau, do STF(RE 596489, AgR), entende que “é inconstitucional lei municipal que, na competência legislativa concorrente, utilize-se do argumento do interesse local para restringir ou ampliar as determinações contidas em texto normativo de âmbito nacional”. Salienta outrossim que não houve alteração na composição/localização da estrutura de captação de água do Rio Santa Bárbara e da adutora que a transporta até a unidade industrial. Logo, não há necessidade de nova análise de conformidade com as leis municipais, pois a estrutura construída pela Samarco permanece hígida desde 2013. Noutro giro, explica que o único motivo que gerou a necessidade de nova Declaração de Conformidade foi a determinação do Estado para que desse início a outro licenciamento corretivo do Complexo Minerário de Germano, após o rompimento da barragem de Fundão, em 2015. Ressalta que a captação e a adutora em discussão não têm ligação física ou funcional com a barragem de Fundão. Sustenta, por fim, que a concessão da tutela de urgência não causará risco à parte adversa, já que a emissão da declaração apenas possibilitará a deflagração do processo de licenciamento.

Com tais razões, requer a antecipação dos efeitos da tutela recursal, determinando-se ao Município de Santa Bárbara, que no prazo de 48 horas, emita a Declaração de Conformidade com as Leis de Uso e Ocupação exigida pelo art. 10, §1º da Resolução nº 237/97 do Conama, referente ao seu empreendimento “Estação de Captação Samarco Mineração S.A”, sob pena de multa diária no valor de R$5.000,00 e de configuração do crime de desobediência. Ao final, o provimento do recurso, confirmando-se o pedido. Alternativamente, que emita a declaração constando as ressalvas técnicas que entender pertinentes.

Presentes os requisitos de admissibilidade, defiro o processamento do recurso.

Na dicção do art. 1.019, I c/c art. 300, caput, ambos do

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CPC/2015, o Relator ao receber o agravo de instrumento poderá antecipar, total ou parcialmente a pretensão recursal, quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Cinge-se a controvérsia sobre a Declaração de Conformidade com as Leis de Uso e Ocupação do Solo, exigida pelo art. 10, § 1º, da Resolução nº 237/97 do CONAMA, a ser emitida pelo Município de Santa Bárbara.

Colhe-se dos autos que o Município condicionou a emissão da Declaração de Conformidade à apresentação de novos estudos ambientais do empreendimento, no âmbito da sua esfera de competência.

O pedido da agravante é para que o Município de Santa Bárbara emita, no prazo de 48 horas, a Declaração de Conformidade com as Leis de Uso e Ocupação do Solo, argumentando, para tanto, a ilegalidade da condicionante. Alternativamente, que de tal declaração conste as ressalvas técnicas que entender pertinentes.

Passando em revista os elementos de convicção, notadamente o despacho exarado pelo Secretário de Meio Ambiente e Política Urbana do Município de Santa Bárbara(fls.497/507-TJ), observa-se que antes da expedição da declaração de conformidade, o Município pretende “avaliar a conformidade do empreendimento aos regramentos locais” com o enfoque “em avaliar os impactos do empreendimento a serem verificados no território do Município”, justificando que, “ao contrário a denominada ‘certidão de conformidade’ constituiria documento vazio de conteúdo e de nenhuma utilidade prática para fins de licenciamento ambiental, a despeito de ser listado em ato normativo como documento indispensável ao licenciamento”(fl.499-TJ).

Entretanto, a medida extrapola a competência do Município.Com efeito, na dicção dos arts. 5º, I e III, e 7º da Resolução nº

237 do CONAMA, de 1997, o licenciamento ambiental, in casu, é reservado ao Estado. Vejamos: (…)

Assim, o Município não pode condicionar a declaração de conformidade a prévio estudo de impacto ambiental, uma vez que tal procedimento se equivaleria ao licenciamento em âmbito municipal.

Por outro lado, o art. 13 da Lei Complementar nº 140/2011

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assegura ao Município o direito de se manifestar junto ao órgão responsável pela licença ou autorização, de maneira não vinculante, respeitados os prazos e procedimentos do licenciamento ambiental.

Portanto, diante da competência estadual, não pode o Município fazer exigências típicas do licenciamento, mostrando-se ilegal o Decreto nº 2.438/2013, por contrariar a Lei Complementar nº 140/2011.

E a matéria não é nova neste Sodalício, especialmente nesta Segunda Câmara Cível.

Recentemente, tive a oportunidade de externar o meu convencimento, no mesmo sentido do voto sufragado pelo Eminente Des. Marcelo Rodrigues, em caso semelhante:

Apelação cível - Ação ordinária - Ministério Público como fiscal da lei - Intimação do representante ministerial na primeira instância - Ausência - Prejuízo - Não comprovação - Manifestação da Procuradoria em segundo grau - Vício sanável - Licenciamento ambiental - Competência do órgão ambiental estadual - Certidão da prefeitura municipal (art. 10, § 1º, da Resolução CONAMA 237, de 1997) - Conformidade com a legislação de uso e ocupação do solo - Emissão condicionada à apresentação de estudo ambiental - Superposição de competência - Impossibilidade - Apelação à qual se nega provimento.

1. Segundo jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, em homenagem aos princípios da celeridade e economia processual somente haverá utilidade em declarar a nulidade do processo por ausência de intervenção ministerial se restar demonstrado o efetivo prejuízo ao interesse público primário.

2. Não cabe ao município exigir a realização de estudo ambiental para emissão da certidão prevista no artigo 10, § 1º, da Resolução do CONAMA 237, de 1997, visto que o licenciamento é de competência do órgão ambiental estadual, devendo a municipalidade apenas manifestar-se sobre a observância pelo empreendimento da lei de uso e ocupação do solo.

3. Eventuais impactos ambientais decorrentes da instalação e operação do empreendimento submetido ao controle ambiental serão monitorados e sofrerão as devidas intervenções do órgão competente,

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não sendo permitida a superposição de competências entre os órgãos ambientais das três esferas administrativas(TJMG - Apelação Cível 1.0372.14.003094-4/001, Relator: Des. Marcelo Rodrigues, 2ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 03/11/2015, publicação da súmula em 13/11/2015 – grifei);

Dessa forma, e até mesmo por questão de coerência, e por não vislumbrar razões para modificar o entendimento, considero que o Município deve se limitar ao cumprimento do disposto no art. 10, § 1º, da Resolução nº 237/97, do COMANA, ou seja, certificar se o local e o tipo de empreendimento ou atividade estão ou não em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo.

Noutro giro, inexiste respaldo para o acolhimento integral da tutela de urgência, nos moldes em que fora proposta.

De fato, é defeso ao Judiciário compelir o Poder Público Municipal a emitir uma declaração de que o empreendimento esteja em conformidade com a Lei de Uso e Ocupação de Solo.

Confira-se a jurisprudência do TJSP: (…)Se não há como o Judiciário se sobrepor ao Poder Público

Municipal, descabida a pretensão de que seja obrigado a expedir a declaração de conformidade. Tampouco com eventuais ressalvas, conforme se vê do pleito alternativo.

Lado outro, não há óbice, diante das circunstâncias do caso concreto, que o Poder Público Municipal seja compelido, num prazo razoável, a dar cumprimento ao art. 10, § 1º, da Resolução nº 237/97, do COMANA, notadamente quando se reconhece a impertinência da medida pretendida pela municipalidade.

Depois, a urgência do caso reclama solução imediata, a justificar o acolhimento parcial da tutela, haja vista a probabilidade do direito invocado, ex vi do diploma legal supracitado, e as graves consequências que a inércia do Poder Público podem causar ao processo de licenciamento.

A meu aviso, a medida atende ao princípio da razoabilidade, sem que haja intromissão do Judiciário no Executivo Municipal.

Ante o exposto, ANTECIPO PARCIALMENTE OS EFEITOS DA TUTELA RECURSAL, para suprimir as condicionantes previstas no Decreto Municipal nº 2.438/2013, e determinar que o

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Munícipio de Santa Bárbara, na pessoa de seu representante legal, e no prazo de 10 dias, contados da intimação desta decisão, expeça Declaração de que o empreendimento está ou não de Conformidade com a Lei de Uso e Ocupação do Solo do Município, nos termos art. 10, § 1º, da Resolução nº 237/97, do COMANA.

Fixo multa diária de R$ 5.000,00, em caso de descumprimento da decisão, nos termos do art. 537, § 4º do CPC.

Intime-se o agravado, na pessoa do Prefeito Municipal, por Carta de Ordem, com cópia da presente decisão.

No mesmo expediente, cumpra-se a disposição prevista no art. 1.019, II do CPC.

Solicite à MM. Juíza da causa, no prazo de 10 dias, as informações sobre o alegado na minuta de recurso, e se houve o cumprimento do disposto no art. 1.018, do CPC.

Ultimadas tais providências, vista à Procuradoria Geral de Justiça, nos moldes do art. 1.019, III do CPC” (doc. 20).

8. O pedido de suspensão de tutela antecipada não se faz com exame aprofundado da demanda subjacente nem forma quanto a ela juízo definitivo ou vinculante sobre os fatos e fundamentos submetidos ao cuidado das instâncias ordinárias. Na suspensão de tutela antecipada não se analisa o mérito da ação na origem. Restringe-se, como de sua natureza, ao exame da presença dos aspectos relacionados à potencialidade lesiva do ato decisório em face dos interesses públicos relevantes legalmente assegurados.

9. No caso, o exame preliminar desta medida revela a plausibilidade da alegação segundo a qual “a decisão cuja execução se pretende suspender determinou que o Município requerente emita declaração de conformidade com as leis municipais a respeito de empreendimento da requerida independentemente da adoção dos procedimentos previstos em Decreto Municipal que regulamenta a competência constitucional relativa ao ordenamento territorial, cujo exercício se dá nos moldes das diretrizes estabelecidas em Plano Diretor (art. 182 da CF/88)”.

10. Na espécie se discute matéria constitucional referente aos arts. 23,

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inc. VI, 30, inc. VIII, 182 e 225 da Constituição da República.

Nesse juízo precário há de se ter como demonstradas as alegações de graves lesões decorrentes da situação relatada pelo Requerente, aptas a justificar a suspensão do ato impugnado.

11. Inicialmente cumpre afastar o debate sobre a constitucionalidade ou a ilegalidade do Decreto Municipal n. 2.438/2013, da Lei municipal n. 1.437/2007, da Lei Complementar n. 140/2011, menos ainda da Resolução Conama n. 237/1997, procedimento incabível nesta via processual.

12. Ao se manifestar nos autos da Ação de Obrigação de Fazer n. 0003121-39.2017.8.13.0572, a Promotoria de Justiça de Minas Gerais asseverou:

“Nos presente autos, consta que em 2009, a mineradora formalizou o processo de licenciamento para o projeto denominado Quarta Pelotização (P4P), que implicaria em expansão das demais unidades produtivas da empresa, como a Terceira Planta de Beneficiamento de Germano (Terceiro Concentrador), duas linhas de Transmissões (LT’S), um Rejeitoduto, uma Correia Transportadora (CT) e uma Adutora para captar água na margem direita do Rio Santa Bárbara, a jusante da confluência do ribeirão Caraça, no distrito de Brumal.

Conforme preceitua a Resolução CONAMA n° 237/97, em seu art. 10, § 1º, "no procedimento de licenciamento ambiental deverá constar, obrigatoriamente, a certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o locai e o tipo de empreendimento ou atividade estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo e, quando for o caso, a autorização para supressão de vegetação e a outorga para o uso da água, emitidas pelos órgãos competentes". Essa mesma prescrição consta da Resolução COPAIS n° 01/92, art. 2º, "a".

Com efeito, para o licenciamento respectivo, em 2009, foi dada pelo então Prefeito de Santa Bárbara declaração de conformidade do empreendimento da Samarco com a Lei locai de Uso e Ocupação do Solo. Todavia, essa declaração de conformidade não foi produzida no

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bojo de um procedimento administrativo especifico para esse fim; não contou com avaliação técnica prévia que embasasse essa declaração municipal; não foi apreciada pelo CODEMA - Conselho Municipal de Defesa e Conservação do Meio Ambiente e não foi objeto de Estudo de Impacto de Vizinhança. Considerando que essa declaração era incongruente, uma vez que o empreendimento da Samarco estava desconforme com a lei respectiva, notadamente art. 10, parágrafo único; art. 26; art. 63, parágrafo único; art. 58, § Io, todos da Lei municipal 1437/07 (Lei de Uso e Ocupação do Solo de Santa Bárbara), foi instaurado o Inquérito Civil h° MPMG 0572.13.000131-4), na Promotoria de Santa Bárbara, em 2013, para (apuração das irregularidades

Também diante das irregularidades apontadas, em 20.13, no exercício da autotutela, foi instaurado procedimento administrativo pelo município de Santa Bárbara (PA n. 706/2013) para averiguação da conformidade da adutora da Samarco com as leis e regulamentos municipais. Em 17/05/2013 a Samarco foi notificada para paralisação imediata das obras de engenharia relacionadas ao Projeto Quarta Pelotização, dentro dos limites do Município, até a definitiva aprovação dos projetos e cumprimento dos demais requisitos estabelecidos em lei municipal.

Em junho de 2013, foi editado o Decreto Municipal 2438/2013, que regulamenta a emissão de certidão de conformidade de que trata o art. 2o, "a", da Resolução COPAM 01/92 e o art. "10, § 1ºo, da Resolução CONAMA 237/97. A emissão de certidão de conformidade deve atender aos ditames dessa norma, que visa a dar maior lisura ao procedimento e o adequar aos princípios constitucionais impostos à Administração Pública, notadamente de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e segurança jurídica.

Posteriormente, na data de 19/08/2013, foi celebrado Termo de Compromisso entre o Município de Santa Bárbara e a Samarco para adequação da adutora para captação da água, cuja obra já estava em estágio avançado, aos parâmetros urbanos do Município de Santa Bárbara, com a previsão de compensação e minimização dos impactos negativos da obra, especialmente daqueles relacionados à qualidade de vida da população diretamente atingida.

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Sem prejuízo das pendências verificadas na seara municipal, a mineradora deu seguimento ao processo de licenciamento ambiental do empreendimento junto aos órgãos estaduais, obtendo a Licença Prévia n° 319, de 22/12/2009 (PA COPAM 00015/1984/070/2009) e a Licença de Instalação n° 175, de 26/07/2010 (PA COPAM 00015/1984/078/2010).

Paralelamente, o MPMG propôs ação penal pública (autos n° 0013754-17.2014) contra o ex-prefeito Antônio Eduardo Martins, por ter feito afirmação falsa e enganosa, em 2009, declarando a conformidade do

empreendimento da Samarco com as Leis de uso e ocupação do solo do município, em procedimento de autorização ou de licenciamento ambiental.

Foi, ainda, proposta pelo Parquet estadual ação de improbidade administrativa ambiental (autos n° 0013762-91.2014) em face de Antônio Eduardo Martins e Samarco Mineração S.A., em decorrência dos fatos supracitados.

Em curso o processo de licenciamento respectivo, precisamente no dia 05 de novembro de 2015, houve o rompimento da Barragem de Fundão, que integra o complexo minerário do Germano, de responsabilidade da Samarco Mineração S.A., um dos maiores desastres socioambientais já ocorridos no Brasil.

A onda de rejeitos proveniente do rompimento dessa barragem, além de ceifar vidas humanas, destruir comunidades inteiras e seu patrimônio social, histórico e cultural, gerou um grande número de refugiados ambientais, falta d'água,, mortandade de animais, degradação da flora e a morte e devastação de. cursos d'água, como o Rio Doce e o Córrego Santarém, chegando a contaminar, inclusive, o mar.

Ademais, esse rompimento ocasionou danos às próprias estruturas e instalações do empreendimento e grande parte das fontes hídricas que o abasteciam também foram completamente destruídas, impedindo, portanto, a continuidade das atividades no local.

Em razão desse evento ambiental, o Poder Público Estadual, responsável pelo licenciamento das atividades minerárias, entendeu por bem - de forma acertada - embargar a operação numerária da

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Samarco Mineração S.A. no local.O Ministério Público de Minas Gerais, poi sua vez, ingressou

com Ação Civil. Pública com pedido liminar (autos n° 5047686-32.2016.8.13.0024) em face da Samarco Mineração S.A. e do Estado de Minas Gerais, objetivando evitar o agravamento dos impactos ambientais e a ocorrência de novos danos.

No bojo dos autos da Ação Civil Pública supracitada, foi proferida decisão liminar pelo c. Juízo competente, no sentido de suspender temporariamente todas as licenças do Complexo Germano até ulterior decisão do Poder Judiciário.

Além disso, insta salientar que no dia 11 de outubro de 2016, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMAD) publicou, no Diário de Justiça de Minas Gerais, decisão no sentido de suspender os atos autorizativos concedidos à Samarco Mineração S.A., para fins de instalação e operação do Complexo Minerário de Germano. Dessa forma, a SE'.MAD determinou a convocação da Samarco Mineração S.A. para promover o licenciamento ambiental corretivo de todas as atividades que compõem o processo produtivo do Complexo Minerário de Germano, como condição de verificação da possibilidade da retomada das atividades de forma global e integrada. Dentre as licenças contempladas pela decisão, consta a já citada. Licença de Instalação n° 17 5, concedida por meio do processo administrativo n° 00015/1984/078/2010.

Assim, com a finalidade de retomada das operações minerárias, a Samarco Mineração S.A., buscando formalizar o licenciamento ambiental corretivo respectivo, fez novo pedido de Declaração de Conformidade para o Município de Santa Bárbara, sustentando, contraditoriamente a tudo já foi explanado pelo Ministério Público, que a estrutura de captação em questão não sofrerá qualquer alteração e que a outorga para o uso de água permanece válida.

Afirmou, ainda, que para a sua surpresa o pedido foi indeferido pela Secretaria Municipal de Mio Ambiente e Política Urbana de Santa Bárbara, pleiteando ao Poder Judiciário que determine ao Município que expeça declaração de conformidade de captação e adutora.

No entanto, qualquer debate consciente para a reativação da

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lavra minerária no Complexo Germano pela Samarco Mineração S.A demandará, inexoravelmente, a construção de novas estruturas operacionais e a estabilização das já existentes, além do incremento das medidas de segurança.

Embora a Samarco Mineração S.A. tente fazer crer o contrário, certo é que a realidade fática existente no ano de 2013, quando firmado o já citado termo de compromisso com o município de Santa Bárbara, é completamente diferente da observada atualmente, tendo em vista que: a) o rompimento da Barragem de Fundão em 2015, como dito, modificou o meio ambiente e as próprias estruturas existentes no Complexo, dentre as quais, as fontes de captação de água; b) neste período, outras fontes de poluição dos corpos hídricos de Santa Bárbara podem ter surgido, com a instalação de novos empreendimentos e até mesmo em razão de aumento populacional, diminuindo-se, por exemplo, a capacidade de auto- depuração dos mananciais. Destaque-se que, mesmo se os fatos permanecessem os mesmos, para cada atividade a ser licenciada deve o município avaliar a conformidade do empreendimento respectivo com a sua legislação pertinente, no contexto em que se insere. (…)

O reinicio, ansioso e precipitado, das atividades de mineração pode vir a colocar em risco, mais uma vez, a vida e o meio ambiente.(...)

Ao contrário do alegado pela mineradora, entendeu o município acertadamente que é necessário refutar a ideia de que a conformidade do empreendimento decorreria tão somente do termo de compromisso firmado em 2013. As circunstâncias passadas eram completamente diversas da presente. Além disso, a análise municipal, fundamentada nas leis e regulamentos vigentes, não tem a pretensão de substituir o licenciamento ambiental estadual, como pressupõe a Samarco Mineração S.A. (…)

De fato, é imprescindível uma análise calcada na lei, materialmente fundamentada, uma vez que a declaração de conformidade não é documento meramente formal a ser concedido sem qualquer critério pelo município impactado.

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O município apresentou, ainda, as diretrizes fixadas pela legislação local (Lei Orgânica, Plano Diretor e regulamento para emissão de Certidão de Conformidade), as quais prescrevem que os impactos de empreendimentos localizados no território municipal, devem ser previamente avaliados, de modo que aqueles considerados negativos, não passíveis de qualquer forma de mitigação, levam, necessariamente à desconformidade da atividade em relação aos regramentos locais.

Mantendo a sua decisão anterior, o município de Santa Bárbara renovou o prazo para apresentação por parte da Samarco Mineração S.A. dos documentos pleiteados para análise fidedigna da conformidade da estação de captação e adutora às normas municipais de Santa Bárbara. A pretensão da autora de ter a declaração de conformidade expedida não foi, portanto, definitivamente negada. A decisão municipal foi apenas diferida para o momento posterior à devida instrução do procedimento administrativo. (…)

Ocorre que a própria autora, por sua omissão, não apresentou os documentos solicitados pelo Município para a devida avaliação da conformidade pleiteada. Admitir a presente demanda seria aclamar o tão rechaçado ‘beneficiar-se da própria torpeza’, encurtando~se o devido trâmite procedimental de análise do pedido de anuência municipal.

E mais, a questão assume gravidade impar no caso dos autos, pois consubstanciaria afronta ao principio constitucional da separação dos poderes. (...)

Ressalte-se que as normas de uso e ocupação do solo do Município de Santa Bárbara possuem componentes ambientais, sendo, portanto, totalmente viável que a própria municipalidade faça o cotejo entre o empreendimento proposto e o regramento local no que toca à adequação a esses componentes” (doc. 4).

13. Sem adentrar na análise sobre os limites da competência municipal em cotejo com a competência de Minas Gerais ou da União em matéria de promoção e tutela do meio ambiente equilibrado e saudável, tem-se por certo que a expedição de declaração de conformidade sem a devida análise e conclusão sobre os impactos e das consequências que o

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empreendimento da Interessada pode causar importa, de imediato, expor toda a coletividade do Município Requerente a situação de risco.

Não menos importante são os possíveis impactos que a conclusão das obras da “rede adutora e [da] estação de captação de água de propriedade da empresa requerida no território do município requerente” pode causar a tantos outros cidadãos distribuídos em regiões pelas quais aquela estrutura passará, porque “o equipamento, conforme demonstram os documentos anexados, serve para captar e transportar mais de dois milhões de metros cúbicos de água por hora do Rio Conceição (situado no território municipal em Zona de Recuperação Ambiental assim definida em Plano Diretor) até o Município de Mariana onde é utilizada para beneficiar e impulsionar minério de ferro até o município de Anchieta-ES”.

A suspensão de decisão pela qual se confere ao ente municipal a atribuição de competência do chefe do Poder Executivo municipal, determinante para a continuidade do procedimento de licenciamento de atividade mineradora, é medida de precaução, necessária para se evitar que, antes da devida avaliação técnica de riscos, sejam praticados atos pela Interessada, que podem – como se afirma - agravar situação de risco a que estaria exposta toda a coletividade.

A decisão pela qual se “suprim[em] as condicionantes previstas no Decreto Municipal nº 2.438/2013, e se determina que o Município de Santa Bárbara, (…) no prazo de 10 dias,(...) expeça Declaração de que o empreendimento está ou não de Conformidade com a Lei de Uso e Ocupação do Solo do Município”, se não impede, dificulta a análise dos impactos ambientais, sociais e econômicos a serem suportados pelo Município e sua coletividade.

A pendência de outras decisões administrativas e judiciais em desfavor da Interessada acrescida da circunstância de que o prosseguimento de procedimento de licenciamento depende de ato inicial

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de competência municipal, cuja fundamentação carece de dados mais precisos, nos termos da legislação local, demonstram a necessidade de estrita observância dos princípios da prevenção e da precaução.

Diferente do alegado pela Interessada, há demonstração de dano inverso, pois a manutenção dos efeitos da decisão que se pretende suspender agrava a situação de vulnerabilidade da coletividade e indica grave lesão à ordem e à economia públicas.

14. Pelo exposto, suspendo liminarmente os efeitos da decisão do Desembargador Relator do Agravo de Instrumento n. 0317791-76.2017.8.13.0000 do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, sem prejuízo de reexame da matéria após a instrução desta medida (art. 12, § 1º, da Lei n. 7.347/1985, art. 4º da Lei n. 8.437/1992 e art. 297 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal).

Comunique-se com urgência.

165 Manifestem-se, sucessivamente, a Interessada e a Procuradoria-Geral da República (art. 4º, § 2º, da Lei n. 8.437/1992).

Na sequência, retornem os autos à Presidência deste Supremo Tribunal.

Publique-se.

Brasília, 26 de maio de 2017.

Ministra CÁRMEN LÚCIAPresidente

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