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1 FACULDADE ALFREDO NASSER INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO CURSO DE MATEMÁTICA TANGRAM: RECURSO ALTERNATIVO PARA UMA POSSÍVEL REDUÇÃO DA REJEIÇÃO À GEOMETRIA REGINALDO ALVES SOBRINHO APARECIDA DE GOIÂNIA 2010

TANGRAM: RECURSO ALTERNATIVO PARA UMA POSSÍVEL … - REGINALDO ALVES.pdf · oportunidades através do recurso do Tangram para que os alunos possam ampliar seu vocabulário e suas

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FACULDADE ALFREDO NASSER INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO

CURSO DE MATEMÁTICA

TANGRAM: RECURSO ALTERNATIVO PARA UMA POSSÍVEL

REDUÇÃO DA REJEIÇÃO À GEOMETRIA

REGINALDO ALVES SOBRINHO

APARECIDA DE GOIÂNIA

2010

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REGINALDO ALVES SOBRINHO

TANGRAM: RECURSO ALTERNATIVO PARA UMA POSSÍVEL

REDUÇÃO DA REJEIÇÃO À GEOMETRIA

Monografia apresentada ao Instituto Superior de Educação da Faculdade Alfredo Nasser, sob orientação do Prof.ª Esp. Kelen Michela Silva Alves, como parte dos requisitos para a conclusão do curso de matemática.

APARECIDA DE GOIÂNIA

2010

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FOLHA DE AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DO TRABALHO

TANGRAM: RECURSO ALTERNATIVO PARA UMA POSSÍVEL

REDUÇÃO DA REJEIÇÃO À GEOMETRIA

Aparecida de Goiânia ____ de Dezembro de 2010.

EXAMINADORES

Orientadora – Prof.ª Esp. Kelen Michela Silva Alves - Nota:_________/ 70

Primeiro examinador - Prof. ------------------------------------- Nota:_________/ 70

Segundo examinador - Prof.------------------------------------- Nota:_________/ 70

___________________________________________________________________

Média parcial - Avaliação da produção do Trabalho: ________/ 70

4

Dedico esta pesquisa especialmente à

minha filha Júlia Alves, que apesar de

recém-nascida muitas vezes não pode

contar com minha presença durante este

período. À minha esposa Ariane Ferreira e

a minha mãe Vanilda Alves que além de

compreenderem cotidianamente minha

ausência, sempre me apoiaram e me

incentivaram com palavras motivadoras.

5

AGRADECIMENTOS

À Deus primeiramente por sempre me dar saúde e sabedoria e por me fazer

sentir uma pessoa importante e privilegiada. À toda a minha família que apesar de

tantas vezes não poderem contar com a minha presença nas confraternizações

familiares, sempre entenderam e me motivaram. À professora Kelen Michela, minha

orientadora, pelos muitos momentos de convivência, de trocas, e sobretudo, pela

confiança e pelo respeito à minha produção. Ao professor Ronan Santana que muito

colaborou com a produção do projeto base para esta monografia.

6

O conhecimento não é dado a priori; o sujeito nasce com a possibilidade dele, mas não nasce com ele. O conhecimento é, por isso, trabalho ou construção. Construção social, se considerarmos o conhecimento acumulado (disponível) ou produzido pelas pessoas de uma certa sociedade. Construção individual, se considerarmos que necessita ser refeito pessoa por pessoa (...) o conhecimento, nesse sentido, não é diretamente transmissível.

(Marcelo Dornelles)

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO------------------------------------------------------------------------------------------------8

1 O DESENVOLVIMENTO DA GEOMETRIA E OS ASPECTOS EDUCACIONAIS-----12

2 O PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM E A UTILIZAÇÃO DO MATERIAL

MANIPULATIVO--------------------------------------------------------------------------------------------17

3 O TANGRAM-----------------------------------------------------------------------------------------22

3.1 Desenvolvimento da sequência didática---------------------------------------------24

3.1.1 Primeira atividade: Construção do Tangram----------------------------24

3.1.2 Segunda atividade: Construções livres-----------------------------------28

3.1.3 Terceira atividade: Sobreposição das peças em modelos dados--28

3.1.4 Quarta atividade: Análise da área do Tangram e construção de

quadrados com suas peças---------------------------------------------------------29

4 APLICAÇÃO E ANÁLISE DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA --------------------------------------32

5 CONCLUSÃO---------------------------------------------------------------------------------------------36

6 REFERÊNCIAS-------------------------------------------------------------------------------------------37

8

INTRODUÇÃO

Há muito tempo, educadores convivem com um altíssimo índice de aversão a

matemática, por isso discutem-se questões que tem se tornado fundamental para

lidar com o fato de a disciplina em questão ser bastante rejeitada por alunos do

sistema educacional brasileiro. Abordaremos em nossa pesquisa uma proposta da

utilização de recurso alternativo, o Tangram, para reduzir essa rejeição

especialmente na geometria; Por termos a convicção de que a melhor forma para

diminuir o problema é indo onde ele possivelmente se inicia, buscaremos uma

possível intervenção entre alunos do 5º ano do ensino fundamental de uma escola

municipal de Goiânia.

Embora o estudo da disciplina tenha sido bastante prazeroso para alguns,

ainda existem muitos que persistem em demonstrar certo tipo de insatisfação, alguns

aspectos metodológicos podem ser melhorados, está claro que falta muito para se

aproximar de uma perfeição, e sabemos que sempre será possível adequar métodos

que possam desenvolver nos alunos uma maior satisfação em seus estudos.

Ainda que o ensino da geometria tenha progredido substancialmente, é

constantemente relatadas por alguns professores várias atitudes de repugnacão,

principalmente por alunos da educação básica. Sabemos que o professor tem papel

fundamental para o ensino, no entanto alguns estão desmotivados pela pouca

aceitação por parte dos alunos para com a disciplina. Mas, cabe a esses professores

buscarem através de pesquisas, métodos que possam proporcionar ao aluno uma

possível motivação, e o sentimento de prazer ao estudar conceitos geométricos.

Sabemos que é importante que o educador deixe explícito aos alunos a

extrema importância dos conhecimentos a serem adquiridos para o convívio no

cotidiano e para a formação Profissional de cada indivíduo. Assim estes alunos

darão continuidade em seus estudos com maior maturidade e aceitação para com a

matéria, obtendo assim um melhor desenvolvimento de sua aprendizagem

matemática, como a dos conceitos geométricos.

9

A geometria é muito importante para a educação e é vivenciada por todos no

dia a dia, mesmo que não percebam, por isso deve também estar presente no

desenvolvimento do indivíduo pensante, pois harmoniza a aprendizagem de diversos

assuntos proporcionando uma superação de dificuldades que constantemente são

encontradas. Requer durante seu aprendizado um esforço individual, fazendo com

que todos desenvolvam a aprendizagem, através de seu próprio raciocínio, podendo

assim aprender com maior facilidade conceitos relacionados a outras áreas do

conhecimento. Segundo os PCN’s (1997, p.39), “a geometria é um campo fértil para

si trabalhar com situações problemas e é um tema pelo qual os alunos costumam se

interessar naturalmente”.

Apesar da extrema importância para a educação e para vida de cada

individuo muitas vezes a geometria não é abordada por alguns professores da rede

pública de ensino com a mesma importância de outras disciplinas, e até mesmo de

algumas escolas particulares. Segundo pesquisadores do CENPEC (centro de

pesquisas para educação e cultura), (2002, p.27):

Embora presente nos currículos de matemática, o ensino da geometria, de

modo geral, não é abordado pelos professores com a mesma importância

dada ao ensino da aritmética e da álgebra. No entanto aprender geometria é

realmente importante: através dela desenvolve-se um tipo especial de

pensamento que permite compreender, descrever e representar, de forma

organizada, o mundo em que vivemos.

É importante que esses professores pesquisem mais sobre a importância

desses estudos, e metodologias diferenciadas a serem trabalhadas para se adequar

sua formação em seu exercício de educador, e que os alunos se comprometam em

suas atividades para adquirir esses conhecimentos.

O problema é que o professor nem sempre tem acesso a fontes de pesquisas

destes aspectos pedagógicos com relação à matemática, segundo Borba (2006,

p.8), “embora a produção na área de Educação Matemática tenha crescido

substancialmente nos últimos anos, ainda é presente a sensação de que há falta de

textos voltados para professores e pesquisadores”.

10

Portanto não é fácil para o professor, exigi muita dedicação, mas, porém, o

resultado é bastante satisfatório, pois o professor terá a sensação de dever cumprido

ao ver que seu trabalho tenha contribuído para uma melhoria no ensino da

geometria. Assim possivelmente contribuirá também para uma queda no índice da

rejeição, auxiliando os alunos para adquirirem conhecimentos com maior

naturalidade, desmistificando a teoria de que ela é difícil.

Quando isso não acontece, e o professor não cumpre o seu papel

adequadamente, muitas vezes os alunos vão para as séries seguintes rejeitando

ainda mais essas disciplinas. Portanto terá assim dificuldades de aprendizagem dos

conteúdos e acabam futuramente optando por profissões que não envolvam

conceitos algébricos e geométricos, e podem até mesmo passar esta rejeição para

seus filhos.

O índice de rejeição é muito preocupante para os educadores, o aluno muitas

vezes chega à escola com restrições para com a matéria. Quando chegam à sala de

aula para iniciar o ciclo escolar, levam experiências vivenciadas no ambiente

familiar, principalmente quando são filhos de pais com certa formação educacional,

que muitas vezes transmitem para os filhos experiências ruins de sua jornada

escolar, e na maioria das vezes estão relacionadas com os ramos da matemática

como: a álgebra, a geometria, e a trigonometria, fazendo com que o filho alimente

um pré-conceitos para com os conteúdos matemáticos.

O que pode ser feito pelos professores da rede de ensino, e como deverão

abordar os materiais concretos em sala de aula, com a finalidade de reduzir o índice

de rejeição à geometria? A manipulação do Tangram nas aulas de geometria pode

contribuir para essa redução?

Essa rejeição faz com que os educando formem uma barreira, dificultando o

trabalho do educador para que desenvolva o processo ensino aprendizagem, e os

mesmos deixam de aprender conceitos importantes para sua formação profissional e

para o convívio na sociedade. Portanto com intuito de responder estes

questionamentos desenvolveremos nossa pesquisa contemplando os seguintes

objetivos: analisar teorias de aprendizagem, a fim de adquirirmos conhecimentos

relevantes no auxílio de uma possível melhoria no ensino da geometria; analisar a

influência dos materiais concretos no estudo de conceitos geométricos, verificando

11

suas contribuições para o processo de ensino e aprendizagem; criar situações de

aprendizagem que poderão incentivar os alunos a gostarem da disciplina; Oferecer

oportunidades através do recurso do Tangram para que os alunos possam ampliar

seu vocabulário e suas experiências.

No primeiro capítulo abordaremos a história da matemática; o surgimento e

desenvolvimento da geometria; a educação matemática de hoje e seus desafios em

especial da geometria, o baixo desempenho e desinteresse dos alunos, o

algebrismo exercido pelos professores e sua desmotivação.

O segundo efetivamos a abordagem teórica com sugestões que visam

melhorar o processo de ensino aprendizagem, e metodologias de ensino que podem

possibilitar uma redução aos obstáculos e a aversão à matemática, através do uso

do material concreto em sala de aula.

No terceiro capítulo contemplamos aspectos relacionados à história e origem

do Tangram como uma proposta de sequência didática que explora a geometria

através desse material manipulativo.

O quarto abordamos à aplicação da sequência didática na Escola Municipal

Prof.ª Deushaydes Rodrigues De Oliveira, com alunos do 5º ano da 1ª fase do

ensino fundamental, relatamos os procedimentos e instrumentos de atividades

realizadas, suas metodologias e a análise dos resultados.

Esperamos através das pesquisas realizadas ao logo deste trabalho cooperar

de certa forma para o uma possível melhoria no ensino da geometria, e também

temos como finalidade adquirir experiências importantes para nossa formação

profissional, podendo futuramente contribuir para a formação de cidadãos

participativos da sociedade.

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1 O DESENVOLVIMENTO DA GEOMETRIA E OS ASPECTOS EDUCACIONAIS

Estudos sobre a história da matemática mostram que ela surgiu das

necessidades existentes na vida do homem, para a sobrevivência na terra. As

relações do homem pré-histórico com a matemática eram interligadas com as tarefas

diárias como, dividir as caças e pesca entre eles, e também podem estar

relacionadas com a estética e o prazer que lhes proporcionavam as belezas das

formas. Algumas noções sobre a álgebra e a geometria eram visíveis desde o

surgimento da raça humana, mesmo que bastante primitivas, era de extrema

importância para o seu desenvolvimento.

Estudiosos pesquisam há muito tempo estas relações do conhecimento

matemático, Segundo Darwin (1871 apud Boyer,1996, p.1), “A capacidade de

distinguir números, tamanhos, ordens e formas não são características exclusivas do

ser humano”. Alguns estudos mostram que existem animais com capacidades de

distinguir conjuntos de até quatro elementos, e existe também em algumas formas

de vida a percepção de diferenças de padrões o que é semelhante a relações

percebidas pelo homem primitivo.

Os estudos geométricos foram primordiais para a evolução do homem, sendo

desenvolvidos pelos povos babilônicos e egípcios que deixaram alguns documentos

escritos, outras civilizações também trabalharam o conhecimento geométrico, porém

não consta em registros nenhum documento proveniente do tipo.

Os Babilônicos descobriram as formas exatas para calcular área de triângulos

e o volume de um prisma reto, chegando ao cálculo da diagonal de um quadrado. As

civilizações egípcias viviam da agricultura e por isso foram obrigadas a desenvolver

a conceitos geométricos essenciais para o cumprimento de suas tarefas, usava-a

principalmente para medições de áreas de terrenos, distância e volume, como os

babilônicos também conheciam formas para calcular área do triângulo, do trapézio

isósceles e o volume do tronco de uma pirâmide.

Para obterem as primeiras unidades de medida, utilizavam-se partes do

próprio corpo, como as mãos e os pés, denominando-os palmo, passo, braças. Por

13

volta de 3500 A.C. quando na Mesopotâmia e no Egito começaram a ser construídos

os primeiros templos - seus projetistas tiveram de encontrar unidades mais

uniformes e precisas. Adotaram a longitude das partes do corpo de um único homem

(geralmente o rei) e com essas medidas construíram réguas de madeira e metal, ou

cordas com nós, que foram as primeiras medidas oficiais de comprimento.

A geometria como vimos anteriormente é, indispensável para o homem em

seu desenvolvimento, apesar desta extrema importância, e estar presente nos

currículos de matemática, de modo geral, segundo o CEMPEC (Centro de pesquisas

educação e cultura), (2002, p.131), “A disciplina não é abordado pelos professores

com a mesma importância dada ao ensino da álgebra e da aritmética”.

Portanto sabemos que é indispensável o estudo da geometria no ensino, ela

como muitas outras áreas do conhecimento proporciona uma importante base

estrutural para os educandos em formação. Para Freudenthal (1973 apud CENPEC,

2002, p.131): “A geometria é a apreensão do espaço... esse espaço em que vive,

respira e se move a criança. O espaço que a criança deve aprender a conhecer,

explorar, conquistar, para poder viver, respirar e mover-se melhor”.

Através dos estudos geométricos, o aluno desenvolve capacidades como:

visualizar, perceber formas no cotidiano, e representá-las através de desenho,

identificando suas propriedades. As aulas de geometria podem contribuir de forma

natural e espontânea ao aprendizado dos alunos, propiciando um maior interesse

para com a matemática, por si tratar de formas existentes ao seu redor e pela beleza

de cada uma, proporcionando assim uma sensação de prazer ao estudo da

disciplina. O aluno com essa sensação terá maior capacidade de aprendizado do

conteúdo, e buscará uma maior exploração de objetos existentes na natureza,

artesanato, pinturas, ou seja, formas geométricas existentes no seu cotidiano.

Segundo os PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais), (1997, p. 21):

Os resultados de desempenho em matemática mostram um rendimento

geral insatisfatório, o ensino da matemática ainda é feito sem levar em conta

os aspectos que vinculam com a prática cotidiana, tornando-a desprovida de

significado para o aluno, e o que chama a atenção é que o pior índice

refere-se ao campo da geometria.

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Esses fatores contribuem para o desinteresse e desmotivação dos alunos

para com a matéria, preocupando apenas com a nota para aprovação, esquecendo

em seguida os conteúdos, buscando um possível culpado para seu baixo

desempenho. Esses alunos com autoconceito negativo, que se consideram

fracassados na escola, ou admitem que a culpa seja sua, muitas vezes se

convencem que são incapazes, e vão buscar ao seu redor outros culpados,

responsabilizam até mesmo o professor, colocando adjetivos como: chato, ruim e

outros, se convencendo que as lições não servem para nada, desenvolvendo um

comportamento problemático e de indisciplina.

“A matemática é ensinada na escola e aprendida dentro e fora da escola”.

Carraher (1999 p.11), ou seja, a todo o momento estamos utilizando a matemática

no dia a dia, e muitas das vezes nem percebemos as aplicações de conceitos

matemáticos que são vistos nas escolas, aplicados pelo professor de matemática de

forma científica.

Segundo Giovanne e Castrucci (2009, p.3):

A matemática está presente em nossas vidas, desde uma simples contagem

até os modernos e complexos computadores. Ela ajuda a decidir se uma

compra deve ser a vista ou a prazo, a entender o movimento da inflação e

dos juros, a medir os índices de pobreza e riqueza de um país, a intender e

cuidar do meio ambiente... sem falar nas formas e medidas, com suas

aplicações na arquitetura, na arte e na agricultura.

Ao fazer compras ao ajudar seus pais no comércio, ou em qualquer outra

atividade que seja necessário utilizar a matemática como a geometria, o aluno estará

colocando em prática muitos conceitos aprendidos na escola, na maioria das vezes

sem perceber, e é o professor que terá a função de associar estas, e outras tarefas,

com a disciplina estudada na escola. É importante o professor relacionar a geometria

estudada na escola, e a utilizada no cotidiano, com isso o aluno não conviverá com

a sensação de que os estudos não servirão para nada, e que não vai precisar dele,

o que é comum ouvir deles nas escolas. Estes aspectos estão diretamente ligados

15

com a aversão à geometria, além disso, existe uma ideia pré-concebida de que ela é

difícil, que exige muito esforço, e com esses fatores problemáticos para a educação,

poucos realmente aprendem.

O algebrismo exercido por alguns professores da rede de ensino

descaracterizam a educação e desviam o enfoque principal, que é formar cidadãos

críticos dentro da sua realidade Esses professores com suas concepções absurdas,

para chegar a possíveis conclusões úteis ou interessantes, inventam problemas

obscuros, incríveis, inteiramente divorciados de qualquer finalidade prática ou

teórica. Procuram, para resolver questões fáceis, artifícios complicadíssimos,

labirintos extravagantes, tropeços sem o menor interesse para o calculista. Estes

problemas enigmáticos que, em geral, são irreais, absurdos e fora da realidade

mecanizam a geometria, e não buscam um devido relacionamento com conteúdos

estudados na escola, e sua utilização no cotidiano.

De acordo com Carraher, (1999, p.12 e 13) “A atividade que conduz à

aprendizagem é a atividade de um sujeito humano construindo seu conhecimento”, o

professor é apenas mediador desse conhecimento, mais é o aluno que é a peça

fundamental do processo de ensino, o educador tem o papel de proporcionar um

ambiente ideal para que ele construa seu próprio conhecimento.

Na verdade somos todos individuos com defeitos e virtudes cada um com a

sua realidade e seus problemas, mas sempre prontos para adquirir conhecimentos,

portanto o processo de ensino-aprendizagem ocorre de forma gradativa,

dependendo de quanto queremos e o quando esforçamos para aprender. O

professor é apenas um mediador do processo ensino-aprendizagem, e não o dono

do conhecimento, seu dever é mostrar os passos a serem traçados e o caminho a

seguir dependerá se cada indivíduo, o objetivo principal do professor é formar seres

pensantes e críticos.

Para que o educador consiga sucessos em seus objetivos é preciso que

estude bastante sobre autores conhecidos e com experiências bastante amplas de

práticas pedagógicas no ensino. Segundo D`Ambrósio (2007, p.79) “A pesquisa é o

que permite a interface interativa entre teoria e prática”, sem a pesquisa realmente o

professor não conseguirá alcançar seus objetivos, mesmo que se empenhe, é

indispensável que se faça um levantamento de dados teóricos. Esta prática

16

pedagógica, muitas vezes são adquiridas pelos professores ao longo de suas

carreiras, através de experiências teóricas, e praticas de ensino aprendizagem. O

professor ao iniciar sua carreira, faz de suas experiências vivenciadas quando ainda

aluno, metodologias de ensino, deixa de lado o que não aprovou, e utiliza o que o

impressionou dentro da sala de aula.

O educador ao adotar uma metodologia de ensino terá que estudá-la para

conhecê-la por completo, mesmo que sem experiência prática no início, terá grandes

chances de sucesso no desenvolvimento de sua aula. Muitos materiais podem ser

utilizados desde o início do ciclo escolar, para o auxilio ao professor, na perspectiva

de motivar o aluno a exercitar seu raciocínio, na construção do próprio

conhecimento.

O ensino da geometria aprimora a educação do aluno, e busca novas

perspectivas para o ensino. Através do estudo da geometria se faz uma linguagem,

uma história, se fazem ideologias dentro de um contexto social mais amplo. Pensa-

se em geometria como universal e presente no cotidiano, onde o educando é

personagem principal de sua própria história.

17

2 O PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM E A UTILIZAÇÃO DO MATERIAL

MANIPULATIVO

Os professores são os principais responsáveis pelo funcionamento do

processo educacional, portanto terão que realizar um sólido ensino da geometria,

abordando situações que explorem conceitos geométricos, e suas aplicações. O

ensino da geometria pode ser eficaz se o aprendiz for levado em consideração, pois

estará sendo preparado para ser membro ativo, participativo da sociedade. O ensino

de geometria para ser eficiente poderá ser realizado considerando aspectos

culturais, emocionais e sociais de cada indivíduo.

Os resultados de uma aprendizagem de conceitos geométricos interferem na

vida do aluno, quer seja na escola ou fora dela, já que ela tem presença ativa em

ambos os meios. Estes estudos possuem aspectos a ser utilizados no cotidiano, e

habilidades necessárias à sobrevivência numa sociedade. Porém, o aluno não vê

como utilizá-la, não a manipula como deveria, e ela às vezes não atua como

instrumento na resolução de seus problemas, e cabe ao professor mudar essa

realidade vivida hoje, diminuindo assim a aversão.

As dificuldades existentes na educação em relação ao ensino da geometria é

que o trabalho em sala de aula, às vezes, é uma tentativa de transmissão de um

conhecimento deslocado dos interesses dos alunos, e alguns dos educadores fazem

com que os estudos geométricos sejam motivos de frustrações. Isso implica uma

série de problemas e a geometria acaba se constituindo num conjunto de técnicas

passadas aos alunos de forma mecânica, como um conhecimento pronto e acabado.

Segundo os PCN’s, (1997, p.50):

É preciso analisar os conteúdos referentes a procedimentos não do ponto de vista de uma aprendizagem mecânica, mas a partir do propósito fundamental da educação, que é fazer com que os alunos construam instrumentos para analisar, por si mesmos, os resultados que obtêm e os processos que colocam em ação para atingir as metas a que se propõem.

18

A geometria é muito importante e fundamental para o ser humano.

Convivemos com conceitos geométricos desde que nascemos. Apesar de ser uma

disciplina que trata de conhecimentos históricos e de extrema importância, uma

grande parte das pessoas tem certa aversão a ela. Convivemos com um alto índice

de repetência nesta disciplina, o que torna o problema ainda mais grave. A

geometria é uma ciência que requer raciocínio e uma grande capacidade de

abstração, dependendo da forma como é ministrada pode fascinar ou causar medo.

Mostrar aos alunos o quanto pode ser divertido e interessante o seu aprendizado,

tem sido um desafio por muitos professores desta disciplina.

É fundamental que o professor se comprometa totalmente em seu papel de

educador, procurando sempre se motivar, renovando suas práticas de ensino,

investindo tempo em novos estudos, promovem uma melhor socialização entre os

estudantes e tornam a escola muito mais interessante e rica, e a geometria bem

mais atrativa e prazerosa para os estudantes.

Com o intuito de melhorias na aprendizagem e diminuir o grau de dificuldade

de grande parte dos alunos na disciplina de geometria, analisamos alguns métodos

de ensino que poderá contribuir para que isso aconteça. O material manipulativo

podem contribuir muito para a formalização dos conceitos, facilitando o processo de

ensino e aprendizagem.

O uso do material concreto tem aumentado substancialmente por professores

de geometria, sendo utilizado como aliado no ensino da disciplina. No entanto suas

aplicações não se restringem somente ao estudo das formas geométricas, pois pode

ser explorada na forma de construção e fixação de diversos conteúdos e em todos

os níveis de ensino.

O que objetivamos, com estes estudos, no entanto, é mostrar que o tema

continua atual nas discussões junto a pesquisadores da área. Porém, no que diz

respeito a real capacidade da metodologia de ensino-aprendizagem por meio dos

materiais concretos de provocar mudanças de longo prazo nas salas de aula de

geometria, e com todas as condições peculiares de nossa educação, há ainda

muitas investigações a serem feitas.

O estudo da matemática se desenvolve através de explorações de

habilidades importantes para o desenvolvimento da aprendizagem. Através da

19

geometria os alunos possivelmente adquirem uma percepção e representação do

espaço físico, proporcionando o reconhecimento e representação de formas,

construindo figuras geométricas, classificando-as segundo suas características e

propriedades, formando e adquirindo conceitos.

A abordagem desses conceitos geométricos no ensino tem como objetivo

estimular a percepção intuitiva do espaço físico no sentido concreto, objetivando a

compreensão de objetos geométricos de aspecto abstrato. Segundo Fiorentine e

Miorim, (n.7, ano 4):

Ao aluno deve ser dado o direito de aprender. Não um aprender mecânico, repetitivo, de fazer sem saber o que faz porque faz. Muito menos um aprender que se esvazia em brincadeiras. Mas um aprender significativo do qual o aluno participe raciocinando, compreendendo, reelaborando o saber historicamente produzido e superado, assim, sua visão ingênua, fragmentada e parcial da realidade.

Para que isto possa acontecer, os objetos manipulativos podem ser

fundamentais, pois são capazes de desenvolver um conceito particular na criança,

sobre situações concretas criadas pelo educador, o que as levam assimilar novos

conceitos, adquirindo novas habilidades, refazendo conceitos já adquiridos,

desenvolvendo conceitos próprios, que será importante para que realmente

desenvolva a aprendizagem verdadeira e duradoura. Segundo os PCN’s, (1997,

p.23):

A recomendação do uso de recursos didáticos, incluindo alguns materiais específicos, é feita em quase todas as propostas curriculares. No entanto, na prática, nem sempre há clareza do papel desses recursos no processo ensino aprendizagem, bem como da adequação do uso desses materiais, sobre os quais se projetam algumas expectativas indevidas.

Portanto, a incorporação dessa prática nas aulas de geometria não é tão

simples como se imagina. Para adotar esse tipo de metodologia o professor terá que

ter bastante cuidado e clareza quanto ao que se pretende. Terá que pesquisar sobre

o qual material a ser utilizado para um determinado conteúdo que irá aplicar. Para

assumire essa nova concepção de ensino, terá que se preparar para que se tenha o

20

controle da situação como o tempo de duração das atividades, e a interação entre os

alunos da classe, não desviando o foco principal e os objetivos da aula.

Consideramos que os materiais concretos contribuem no processo ensino

aprendizagem da geometria por se caracterizar como um recurso diferenciado, no

qual os alunos são estimulados pelo professor a exercerem funções que os levarão

a um raciocínio que às vezes não conseguiriam sem a utilização objetos, pois o

material quando utilizado adequadamente, poderá explorar dados de extrema

importância para o aprendizado do conteúdo trabalhado, proporcionando um melhor

aproveitamento da aula e, portanto o professor terá maiores chances de atingir seus

objetivos. Segundo Bittar, (2005, p.17):

Alguns cuidados devem ser tomados pelo professor para evitar o uso inadequado desses materiais, pois sendo os conceitos matemáticos de natureza abstrata, corre o risco de eles exercerem o papel inverso ao que desejamos. O uso de material concreto deve permitir, entre outras coisas, que o aluno construa conhecimentos que precisam, muitas vezes, ser aplicados em situações que exigem abstração.

Trabalhar com materiais concretos não é muito simples, pois terão que ser

aplicados adequadamente, ou não surgirá efeito satisfatório, não propiciando assim

o processo ensino-aprendizagem. É comum acontecer equívoco quanto ao papel do

material concreto na aprendizagem de conceitos matemáticos. Na maioria das

vezes, esses materiais não cumprem sua função principal, que é a de permitir que o

aluno, através da manipulação do material, desenvolva seu raciocínio, sendo assim

sujeito do próprio conhecimento. Ainda segundo Bittar (2005, p.17):

É comum percebermos certa confusão sobre o papel do material concreto na aprendizagem da matemática. Muitas vezes, esses materiais assumem o lugar principal no ensino e não cumprem sua função que é de permitir que o aluno, através de manipulações do material, construa seu conhecimento.

Portanto se caracteriza a importância da ação do professor na formação de

seres pensantes, através desses materiais concretos, seriam muito importantes se

eles de modo geral, proporcionassem aos alunos condições para que eles

21

pudessem investigar e observar propriedades existentes, e desenvolvesse o seu

próprio conhecimento.

Para que o professor possa ter condições de assumir efetivamente esse

papel, ele deverá trabalhar de forma adequada, de acordo com as necessidades

para que ocorra realmente o aprendizado. Como vimos anteriormente, nem todos os

professores contemplaram essa questão de forma adequada, espera-se então, que

estes estudos que vem sendo realizado por muitos especialistas possam trazer

contribuições e melhorias para o sistema de ensino.

Portanto é também muito importante que os professores participantes do

sistema educacional procurem melhorias, buscando metodologias diferenciadas a

serem trabalhadas com perspectiva de conquistas satisfatórias em seu trabalho

desenvolvido em sala de aula, contemplando aspectos relevantes para a formação

dos educandos.

O Tangran é um material que pode contribuir para que essa perspectiva seja

alcançada no decorrer das aulas, desde que utilizado de maneira correta pode ser

um aliado bastante importante para o desenvolvimento da aprendizagem, podendo

ser trabalhado pelo professor através da sua manipulação, atividades importante

para o estudo da geometria, e cabe a esse professor ao adota-lo escolher essas

atividades adequando-as ao conteúdo a ser ensinado.

22

3 O TANGRAM

O Tangram é uma espécie de jogo criado na China, levado pelos chineses

para o ocidente por volta da metade do século XIX, e alguns anos depois passou a

ser conhecido por povos de várias regiões como a América, Europa, e logo em

seguida por quase todas as regiões do mundo. Sua idade verdadeira e seu inventor

são desconhecidos, o que constam em registro são vários relatos de alguns povos

antigos, com intuito de descreverem supostos fatos sobre sua verdadeira origem,

fazendo com isso que se tenha uma verdadeira multiplicidade de versões sobre sua

possível criação. Segundo CAEM (Centro de Aperfeiçoamento do Ensino de

Matemática) (1995, p.2):

A parte final da palavra - gram - significa algo desenhado ou escrito como um diagrama. Já a origem da primeira parte - Tan - é muito duvidosa e especulativa, existindo várias tentativas de explicação. A mais aceita está relacionada à dinastia T'ang (618 - 906) que foi uma das mais poderosas e longas das dinastias da história chinesa, a tal ponto que em certos dialetos do sul da China a palavra T'ang é sinônimo de chinês. Assim, segundo essa versão, Tangram significa literalmente, quebra-cabeça chinês.

Ainda segundo CAEM (1995, p.2):

Outra versão está ligada à palavra chinesa para Tangram, "Tchi Tchiao Pan", cuja tradução seria "Sete Peças da Sabedoria". O que nos faz crer que seu criador tivesse algum propósito religioso ou místico ao empregar as sete peças para descrever o mundo, porém não existem registros históricos que comprovem estas relações.

Como foi relatado não sabemos exatamente qual a versão verdadeira para

sua origem, nem mesmo o porquê recebeu esse nome, no entanto diz a lenda que

um monge entregou ao seu discípulo um quadrado de porcelana, um rolo de papel,

um pincel e uma lata de tinta, e pediu que ele viajasse pelo mundo anotando tudo de

belo que encontrasse pelo caminho. Durante a viajem o discípulo tropeçou em uma

pedra deixando cair o quadrado de porcelana que se dividiu em sete partes, ao

remonta-las e reproduzi-las no papel, percebeu que poderia construir diversas

formas, cada uma mais bela que a outra. Então ele concluiu que não precisaria viajar

pelo mundo, pois tudo de mais belo poderia ser representado pelo Tangram.

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O desafio proposto ao desenvolver o quebra-cabeça é recompor formas

geométricas mudando as sete peças de posição e colocar lado a lado sem

sobreposição, possibilitando a criação e montagem de várias figuras como: letras,

animais, pessoas, objetos, figuras geométricas e outros. Esse jogo apesar de

aparentemente simples, possui uma enorme riqueza em sua proporção. O quebra

cabeça é formado por: cinco triângulos, um quadrado e um paralelogramo, todos

originados da decomposição de um quadrado.

(Figura 1: Tangram)

Ainda hoje o Tangram é muito utilizado por todo o mundo, especialmente por

alguns professores no ensino de geometria. A sua simplicidade e capacidade de

representar uma tão grande variedade de objetos de caráter abstrato e, ao mesmo

tempo a dificuldade em resolvê-los, explica um pouco o lado místico do quebra

cabeça. O importante para se jogar é ter uma boa imaginação, sutileza e reflexão.

Reconstituir algumas formas pode parecer difícil, mas ao passar por outras mais

simples, a solução às vezes aparece com facilidade, reforçando o pensamento que

não existe problema sem solução.

Apesar das figuras do Tangram darem a impressão de simplicidade, a sua

montagem pode proporcionar uma enorme riqueza de aprendizado, desde que o

professor o utilize com dedicação e sabedoria. O jogo pode ser desenvolvido

individualmente ou em grupo, auxiliando os professores na exploração de conceitos

geométricos tais como: ponto, segmento, semirreta, ângulos e outros, de uma

maneira agradável e motivadora, sendo um excelente instrumento de apoio ao seu

trabalho. O jogo pode contribui para o desenvolvimento do raciocínio e da

criatividade e favorecer a construção do conhecimento individual do aluno.

(1 e 2) são os triângulos maiores;

(3 e 4) são os triângulos menores;

(5) é o triângulo médio;

(6) é o quadrado;

(7) é o paralelogramo.

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3.1 Desenvolvimento da sequência didática

Trabalharemos agora com intuito de verificar a influência dos materiais

concretos nas aulas de geometria, através da aplicação de atividades de

manipulação do Tangram, que será realizada na Escola Municipal Professora

Deushaydes Rodrigues De Oliveira, com os alunos do 5º ano da 1ª fase do ensino

fundamental, situada na cidade de Goiânia, capital do estado de Goiás. O nosso

objetivo principal é verificar se o trabalho com esses materiais proporcionam maior

prazer pelos estudos matemáticos, e se eles poderão favorecer a uma possível

redução da aversão à disciplina trabalhada.

Procuraremos desenvolver e organizar situações de ensino através da

manipulação do Tangram, buscando identificar alguns conceitos como: Formas

geométricas e suas relações, noções básicas de quantidade, oferecendo

oportunidades para que os alunos possam ampliar seus conhecimentos e suas

experiências geométricas, desenvolvendo e organizando seus pensamentos.

A sequência proposta será aplicada com duração de 200 minutos, ou seja,

quatro aulas, as quais serão divididas em atividades da seguinte forma:

3.1.1 Primeira atividade: construção do Tangram

Esta atividade visa à construção do Tangram por meio de dobraduras.

Distribuam aos alunos uma tesoura e uma folha de papel A-4, os quais farão a

construção juntamente com o professor. O objetivo desejado através desta atividade

é oferecer a possibilidade de exploração de conceitos geométricos básicos tais

como: pontos, segmentos, vértice os quais serão requisitados durante a construção

do jogo. Já que a maioria dos professores propõem atividades com as peças

prontas, espera-se que todos os alunos se entusiasmem com a novidade, e possam

aprender esses conceitos ao construí-lo, aumentando assim o interesse para com o

jogo e para com a geometria.

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1º passo: Construir um quadrado ABCD qualquer e sua diagonal ;

Seja uma folha de papel A4, de vértice A, B, C, e D, e segmentos :

(Figura 2: 1º passo para a construção do quadrado).

Dobre sobrepondo o segmento no segmento , obtendo o ponto E no

segmento , e o ponto F no segmento , e o segmento :

(Figura 3: 2º passo para a construção do quadrado).

Descarte o retângulo ABFE obtendo, portanto o quadrado EFCD, com diagonal

. Denominaremos esse quadrado como ABCD, e sua diagonal .

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(Figura 4: quadrado ABCD de diagonal ).

2º Passo: Achar o ponto médio da diagonal ;

Dobre o quadrado, sobrepondo os vértices A e C, originando o ponto médio M

da diagonal .

(Figura 5: 2º passo para a construção do Tangram).

3º Passo: Obter os dois triângulos maiores e o triângulo médio;

Dobre sobrepondo os pontos B e M, para encontrar o segmento , paralelo a

diagonal Trace o segmento .

(Figura 6: 3º passo para a construção do Tangram).

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4º Passo: Obter um triângulo menor e o quadrado;

Dobre sobrepondo os pontos A e M, originando o segmento .

(Figura 7: 4º passo para a construção do Tangram).

5º Passo: Obter o paralelogramo e o outro triângulo menor;

Dobre sobrepondo os segmentos e , para encontrar o segmento

paralelo ao segmento .

(Figura 8: Tangram).

6º Passo: Pintar com cores diferentes cada peça do Tangram e recortar.

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(Figura 9: as sete partes do Tangram).

Portanto, assim obtemos as sete peças do Tangram: dois triângulos maiores,

um médio e dois menores, um quadrado e um paralelogramo.

3.1.2 Segunda atividade: construções livres

Esta visa à composição de figuras a partir das peças do Tangram. Peçam os

alunos que montem figuras de acordo com a imaginação de cada um, usando as

peças do Tangram; podem ser figuras de animais, pessoas, objetos ou o que mais

eles imaginarem. Mas atenção! Existe uma regra nessa montagem: Eles não

poderão colocar uma peça sobre outra. Após a montagem com as peças do

Tangram, os alunos devem contornar as partes da figura construída sobre uma folha

de papel e pintá-las, favorecendo assim a identificação das formas geométricas.

Também, visando o desenvolvimento da comunicação em matemática, e é

fundamental que o aluno descreva oralmente cada peça que utilizou e o que

representa no desenho.

De um lado, essas atividades além de explorar objetivos de um trabalho em

grupo, permitem a conexão entre geometria e Linguagem. E, por outro lado,

desmistificam a ideia de que as atividades iniciais com o Tangram devem ser

necessariamente, as de sobreposição das peças em modelos já prontos.

3.1.3 Terceira atividade: sobreposição das peças em modelos dados

29

Após a segunda atividade o aluno estará familiarizado com as peças do

Tangram através das construções livres, então o professor elabora algumas

atividades de sobreposição de peças. Para isso, deve fornecer modelos de figuras

com os contornos das peças do Tangram para que o aluno sobreponha às sete

peças do quebra-cabeça.

O objetivo é analisar o reconhecimento das figuras geométricas por cada um,

e a associação de cada peça com o modelo dado.

Alguns exemplos de modelos de figuras a serem recompostas:

(Figura 10: atividade de sobreposição).

(Sugestão: http://educamat.ese.ipcb)

3.1.4 Quarta atividade: analise da área do Tangram e construção de quadrados

com suas peças

Esta atividade visa explorar noções de área e conceitos lógicos, com intuito

de desenvolver a capacidade de assimilação e o raciocínio logico do aluno.

Peçam aos alunos que construam um quadrado de forma análoga ao que foi

feito anteriormente com a folha de papel A-4, deixe claro a eles que este quadrado

tem a mesma área do tangram construído. Propõem a eles que descubram essa

área, utilizando o triângulo pequeno como unidade de medida.

Exemplo:

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(Figura 11: área do Tangram).

Logo em seguida proponha a eles que construam com as peças do Tangram

que foi construído na primeira atividade, algumas figuras geométricas como: um

quadrado usando:

a) Duas peças;

Exemplo:

(Figura 12: quadrado com duas peças).

b) Três peças;

Exemplo:

(Figura 13: quadrado com três peças).

c) Quatro peças;

Exemplo:

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(Figura 14: quadrado com três peças).

De forma análoga poderá ser trabalhada com os alunos a construção do

triângulo grande do Tangram.

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4 APLICAÇÃO E ANALÍSE DA SEQUÊCIA DIDATICA

No dia 12 de novembro de 2010 foi feito a aplicação da sequência didática na

Escola Municipal Professora Deushaydes Rodrigues De Oliveira, para os alunos do

5º ano, turma E, com auxílio da professora Fabiana Nunes. Iniciamos a aula com um

breve diálogo com os alunos, no qual foi constatado que a maioria entre eles não

gostavam de matemática principalmente de geometria, alimentando desde as séries

anteriores grande aversão para com ela. Com o objetivo de analisar a contribuição

do trabalho através da manipulação do Tangram, para uma possível melhoria e

aceitação destes alunos ao estudar conceitos geométricos, desenvolvemos nossas

aulas da seguinte forma:

A primeira aula foi trabalhado a construção do Tangram, utilizando folha de

papel A-4, tesoura, lápis de escrever, de colorir e régua, alguns desses materiais

eram dos próprios alunos e outros foram distribuídos a quem não tinham.

Foi observado durante essa aula que os alunos conheciam o Tangram, mas

não sabiam como construí-lo, portanto tiveram um pouco de dificuldade no inicio, na

sobreposição de pontos e segmentos, no entanto foram entendendo os conceitos

gradativamente, e todos conseguiram fazer a construção do quebra cabeça.

Explorarmos conceitos geométricos básicos como: pontos, segmentos, vértice

e algumas formas geométricas, onde contamos com a participação da maioria dos

alunos, através de questionamentos realizados por eles como: O que é um

segmento, o que é vértice. Então aproveitávamos o momento explicando também

para o restante da turma. Portanto o nosso objetivo foi atingido, pois percebemos

que eles entenderam bem os conceitos com naturalidade, deixando transparecer

uma espécie de sentimento de prazer para com o aprendizado.

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(Imagem 1: trabalho com a construção do Tangram).

A segunda atividade foi realizada através de criações livres desenvolvidas pelos

alunos com as peças do Tangram, com o objetivo de testar a criatividade de cada

um, desde a manipulação ao saber quais são as formas, diferenciando-as e

verificando semelhanças, proporcionando uma possível familiarização com as

figuras geométricas que formam o jogo. Observamos que os alunos se empenharam

bastante, a maioria deles disseram gostar de pintar e formar figuras, pois estavam

acostumados a desenvolverem atividades deste tipo nas aulas de arte, portanto não

tiveram muito trabalho. Observamos que esse tipo de trabalho acorre na maioria das

vezes nas aulas de artes e não nas de geometria, o que é frustrante, pois sabemos

que esses materiais manipulativos podem contribuir bastante para a aprendizagem

desses alunos. Depois de efetuarem as criações, escreveram ao lado do objeto o

nome da figura utilizada no desenho, o que proporcionou verificar eles realmente

aprenderam sobre as de figuras geométricas existente no jogo. Portanto atingimos

nosso objetivo principal.

(Imagem 2: atividade de construções livres)

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Já na terceira como os alunos estavam familiarizados com as peças do

quebra cabeça através das construções livres, então elaboramos algumas atividades

de composição de figuras como: animais, pessoas e objetos. Estas figuram foram

composta através de modelos com os contornos das peças do material manipulativo,

que passamos para os alunos, no qual eles trabalharam sobrepondo às peças do

quebra-cabeça. O envolvimento nesta atividade foi muito bom, como eles já

conheciam bem as peças desenvolveram as atividades com bastante eficiência.

(Imagem 3, sobreposição)

Na quarta aula propomos alguns desafios; o primeiro era que eles descobrissem

a áreas do Tangram, e o segundo que construíssem quadrados utilizando

quantidades diferentes de peças que tinham em mãos. No primeiro desafio eles

tiveram um pouco de dificuldade, pois não estavam conseguindo colocar o triângulo

que era a unidade de medida na posição adequada, e tivemos que buscar uma

forma de sanar esse obstáculo, portanto propomos a eles que colocasse o triângulo

sobre o quadrado contornando-o e invertendo sua posição, formando pequenos

quadrados ate completar toda a área. Como a segunda se tratava de conceitos

básicos de lógica, alguns tiveram um pouco de dificuldade, e até mesmo disseram

que não eram bons nesse tipo de atividade, antes mesmo de tentarem, mas não

deixamos que eles desistissem, fazendo um exemplo no quadro, o qual fez com eles

entendessem e conseguiram concluir a atividade.

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Ao final da aula fizemos um breve comentário sobre o desenvolvimento de cada

um, o qual foi enfatizado a importância da persistência em realizar certas atividades,

e como eles mesmos vivenciaram, o que pode parecer difícil no início pode

proporcionar bastante satisfação ao ser realizado. Logo depois distribuímos balas e

pirulitos pelo bom comportamento da turma e envolvimento nas atividades

realizadas.

(Imagem 4: quarta atividade)

Cada aluno foi avaliado continuamente durante as aulas, através da

observação do envolvimento nas criações, e interesse e participação nas tarefas

desenvolvidas durante as aulas. Alguns fatos nos chamaram atenção, como o bom

aproveitamento e aprendizagem da turma para com os conceitos geométricos

explorados, desmistificando a ideia de que a geometria é difícil, dando a entender

que realmente o material manipulativo favoreceu nosso trabalho para a

aprendizagem desses alunos, e contribuiu para que eles gostassem mais da

disciplina.

Esse acompanhamento dos alunos nessas atividades foi muito valioso,

especialmente porque durante as aulas tiveram várias oportunidades de

participação, ao desenvolverem sua atividade e agudar o seu colega, perguntaram

bastante e alguns até mesmo deram opiniões diferentes das que propomos. A

capacidade de usar as informações para raciocinar ainda precisa ser trabalhada

porque os alunos aparentemente não estão acostumados, provavelmente por

fazerem parte das séries iniciais, mas vão adquirir experiências ao longo do tempo e

de sua vida escolar.

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CONCLUSÃO

Nossa pesquisa, passou por muitas etapas, com finalidades diferenciadas, mas

dando ênfase ao ensino da geometria e as dificuldades dos alunos para com ela.

Adquirimos conhecimentos importantes para uma possível melhoria no ensino da

disciplina, através de análise de teorias criamos situações de aprendizagem dando

possibilidade para que os alunos ampliassem seu vocabulário e suas experiências

para com os conceitos geométricos. As aplicações do material concreto, o Tangram

em sala de aula, proporcionou uma aprendizagem desses conceitos com bastante

simplicidade, mas, porém com extrema importância para os educandos em sua

jornada escolar e para o cotidiano, e constatamos que eles poderão vir a gostar um

pouco mais da disciplina através de trabalhos como esse.

Este trabalho foi realizado com o objetivo de promover possível melhoria na

aprendizagem da área da geometria, embora esse estudo tenha alcançado seu

propósito e proporcionado uma experiência riquíssima. Ainda está claro que muito

há que ser feito sobre esse assunto, podendo até mesmo servir de base para que

outras pessoas possam dar continuidade nessas pesquisas, não só na

aprendizagem da geometria como de qualquer outra disciplina, pois não podemos

esquecer que a verdadeira riqueza do mundo é construída dentro da escola, e

sabemos que sempre existirá possibilidade de melhorar a maneira de se ensinar.

Temos a convicção que através deste tipo de pesquisas, a geometria se

tornará bem mais atrativa, e a maioria dos alunos poderão sentir prazeres

diferenciados ao estudá-la.

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REFERÊNCIAS

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CENTRO DE PESQUISAS EDUCAÇÃO E CULTURA. Oficinas de matemática e de leitura e escrita. 3ª ed. São Paulo: Summus, 2002.

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SCHLIEMANN, Analúcia dias; CARRAHER, David William; CARRAHER, Terezinha Nunes. Na vida dez na escola zero. 10ª ed. São Paulo: Cortez, 1995.