Tcc Ana Paula Volpato

Embed Size (px)

Citation preview

  • CENTRO UNIVERSITRIO DE MARING

    ANA PAULA VOLPATO RIBEIRO

    ANLISE DOS BENEFCIOS DA IMPLANTAO DA PRODUO MAIS LIMPA

    NA CONSTRUO DE EDIFCIOS VERTICAIS

    MARING

    2012

  • 2

    ANA PAULA VOLPATO RIBEIRO

    ANLISE DOS BENEFCIOS DA IMPLANTAO DA PRODUO MAIS LIMPA

    NA CONSTRUO DE EDIFICIOS VERTICAIS

    Monografia apresentada ao Centro universitrio de Maring, como requisito parcial obteno do ttulo de Bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Professor Msc. Ronan Yuzo Takeda Violin.

    MARING

    2012

  • 3

    ANA PAULA VOLPATO RIBEIRO

    ANLISE DOS BENEFCIOS DA IMPLANTAO DA PRODUO MAIS LIMPA

    NA CONSTRUO DE EDIFCIOS VERTICAIS

    Monografia apresentada ao Centro Universitrio de Maring como requisito para a

    obteno do ttulo de Bacharel em Engenharia Civil, sob orientao do Prof. Me

    Ronan Yuzo Takeda Violin.

    BANCA EXAMINADORA

    Orientador: ______________________________________________

    Prof. Mestre, Ronan Yuzo Takeda Violin

    CESUMAR

    Membro: _______________________________________________

    Prof. Doutora, Berna Bruit Valderrama

    CESUMAR

    Membro: _______________________________________________

    Prof. Mestra, Gisele Cristina dos Santos Bazanella

    CESUMAR

  • 4

    Dedico este trabalho a minha me, minha irm e meu esposo, pois sem eles muitos dos meus sonhos no se

    realizariam.

  • 5

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus por renovar a cada momento minha fora e determinao,

    pelo discernimento concedido ao longo dessa jornada e principalmente pela

    existncia de todas as pessoas amadas que se fazem presentes em minha vida.

    A minha me por fazer muitos dos sonhos se tornarem realidade, por

    acreditar em mim e me ajudar a dar cada passo neste caminho.

    A minha irm e meu cunhado por estarem sempre prontos para me ouvir e me

    sustentar quando minhas pernas falhavam. Amo vocs!

    A minha av materna por me mostrar a cada encontro que a vida

    maravilhosa e que temos a obrigao de ser puros e bondosos com todos ao nosso

    redor.

    Aos meus Padrinhos de considerao por colaborarem no meu ingresso neste

    curso, sem eles no seria possvel a realizao deste sonho.

    Em especial ao meu esposo, um presente que Deus me deu ao longo dessa

    busca por conhecimento, amo voc!

    Agradeo tambm com muito carinho aos professores que colaboraram para

    a execuo desta pesquisa.

  • 6

    RESUMO

    A evoluo da relao entre o meio ambiente e as empresas tem demonstrado que os impactos ambientais resultantes das atividades produtivas esto comprometendo o futuro do planeta. A ineficincia dos processos produtivos pode ser comprovada

    atravs da imensa gerao de resduos industriais que afetam diretamente as condies de vida da humanidade. Neste cenrio, a indstria da construo civil pode ser apontada como uma das responsveis por uma enorme parcela na

    degradao da qualidade ambiental, visto que uma de suas principais caractersticas o desperdcio de insumos e matrias primas. Definida como a aplicao contnua de uma estratgia integrada de preveno ambiental a processos, produtos e

    servios, visando o aumento da eficincia da produo e a reduo dos riscos para o homem e o meio ambiente, a produo mais limpa surge como ferramenta chave no direcionamento de empresas do setor da construo civil, uma vez que prope a

    reduo da gerao de resduos na fonte. A conexo do objetivo principal em comprovar a viabilidade econmica e ambiental da implementao da produo mais limpa em obras residenciais verticais, destacando a possibilidade de se

    minimizar, na fonte, os resduos derivados de processos construtivos, est relacionado com a definio deste tipo de processo. A metodologia utilizada para alcanar os objetivos expostos ser realizada atravs da comparao da proporo

    de gerao de resduos, obtidos atravs da aplicao de um check list em trs obras da cidade de Maring Pr. A comparao destes dois cenrios comprova uma considervel reduo no uso de insumos e matrias primas, quando o sistema de

    produo mais limpa implementado em uma obra, j que, a reduo de insumo gera economia e minimizao da degradao do meio ambiente.

    Palavras-chave: produo enxuta, meio ambiente, obra.

  • 7

    ABSTRACT

    The evolving relationship between the environment and the companies have shown that the environmental impacts of production activities are compromising the future of the planet. The inefficiency of production processes can be proven through the

    massive generation of industrial waste that directly affect the living conditions of humanity. In this scenario, the construction industry can be singled out as one of those responsible for a huge part in the degradation of environmental quality, since

    one of its main features is the waste of inputs and raw materials. Defined as the continuous application of an integrated preventive environmental strategy to processes, products and services, aiming to increase production efficiency and

    reduce risks to humans and the environment, cleaner production emerges as key tool in directing companies the construction industry since proposes to reduce the generation of waste at the source. Connecting the main objective in providing the

    economic and environmental viability of the implementation of cleaner production in residential construction vertical, highlighting the possibility of minimizing, at source, waste derived from construction processes, is related to the definition of such a

    process. The methodology used to achieve the stated objectives will be accomplished by comparing the proportion of waste generation, obtained by applying a checklist of three works from Maring - Pr A comparison of these two scenarios

    shows a considerable reduction in the use of inputs and raw materials, when the cleaner production system is implemented in a work, since the reduction of input generates savings and minimizing environmental degradation.

    Key-words: lean production, environment, work.

  • 8

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ACV - Avaliao do Ciclo de Vida

    ANA - Agncia Nacional das guas

    ANTAC - Encontro Latino Americano sobre Edificaes Comunidades Sustentveis

    CDS - Comisso de Desenvolvimento Sustentvel

    CEBDS - Conselho Empresarial Brasileiro do Desenvolvimento Sustentvel

    CNTL - Centro Nacional de Tecnologias Limpas

    CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

    DTIE - Diviso de Tecnologia do Meio ambiente e da Indstria

    IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais

    ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade

    ONU - Organizao das Naes Unidas

    P+L - Produo Mais Limpa

    PL - Produo Limpa

    RCC - Resduos Construo Civil

    SENAI - Servio Nacional de Aprendizagem Industrial

    SFB - Servio Florestal Brasileiro

    SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente

    TIR - Taxa Interna de Retorno

    UNEP - Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente

    UNIDO - Organizao das Naes Unidas para o Desenvolvimento Industrial

    VPL - Valor Presente Lquido

    WWF - Fundo Mundial da Natureza

  • 9

    SUMRIO

    1 INTRODUO .......................................................................................................... 13

    2 O PAPEL DA P+L NA CONSTRUO CIVIL BRASILEIRA................................ 17

    2.1 EVOLUO DAS QUESTES AMBIENTAIS NA CONSTRUO CIVIL .......... 18

    2.2 CONFORMIDADE COM AS LEGISLAES AMBIENTAIS NACIONAIS .......... 23

    2.2.1 Orgos e normas de referncia nacional ...................................................... 24

    2.2.1.1 Sisnama............................................................................................................ 24

    2.2.1.2 Conama ............................................................................................................ 24

    2.3 PRODUO MAIS LIMPA: CONCEITO E EVOLUO ...................................... 25

    2.3.1 Por que investir em produo mais limpa? .................................................. 29

    2.3.2 Produo mais limpa x fim de tubo ................................................................ 31

    2.3.3 Etapas e barreiras na implementao de um programa de produo mais

    limpa na construo civil .......................................................................................... 33

    2.3.3.1 Pr-avaliao ................................................................................................... 33

    2.3.3.2 Capacitao e sensibilizao dos profissionais da empresa ......................... 34

    2.3.3.3 Elaborao do diagnstico ambiental e de processos ................................... 34

    2.3.3.4 Elaborao dos balanos do processo produtivo ........................................... 35

    2.3.3.5 Avaliao do balano elaborado e identificao de oportunidades de P+L .. 36

    2.3.3.6 Priorizao das oportunidades identificadas na avaliao............................. 36

    2.3.3.7 Elaborao do estudo de viabilidade econmica das prioridades ................. 39

    2.3.3.8 Estabelecimento de um plano de monitoramento .......................................... 39

    2.3.3.9 Implantao das oportunidades de produo mais limpa priorizadas ........... 40

    2.3.3.10 Definio dos indicadores do processo produtivo ........................................ 40

    2.3.3.11 Documentao dos casos de produo mais limpa ..................................... 41

    2.3.3.12 Barreiras na implementao da P+L ............................................................. 41

    2.3.4 Centro nacional de tecnologias limpas ......................................................... 42

  • 10

    3 METODOLOGIA ....................................................................................................... 44

    3.1 ESTRATGIA DA PESQUISA............................................................................... 44

    3.2 EMPREENDIMENTOS EM ESTUDO ................................................................... 44

    3.2.1 Obra 01.............................................................................................................45

    3.2.2 Obra 02.............................................................................................................45

    3.2.3 Obra 03.............................................................................................................47

    3.3 DELIMITAO DA PESQUISA............................................................................48

    3.4 COLETA DE DADOS...........................................................................................49

    3.5 METODOLOGIA DE PREENCHIMENTO DO CHECK LIST................................50

    3.6 APRESENTAO DO MODELO DE CHECK LIST.............................................50

    4 ANALISE E DISCUSSO DE RESULTADOS ........................................................ 52

    4.1 OBRA 1................................................................................................................... 52

    4.2 OBRA 2................................................................................................................... 57

    4.3 OBRA 3................................................................................................................... 61

    4.4 ESTUDO COMPARATIVO DAS TRS OBRAS..................................................66

    4.5 CARACTERIZAO DAS ETAPAS MAIS IMPACTANTES NA GERAO DE RESDUOS.................................................................................................................68

    4.6 PROPOSTAS DE MEDIDAS MINIMIZADORAS..................................................71

    4.7 EXEMPLOS DE APLICAO DE PRODUO MAIS LIMPA.............................72 4.7.1 Minimizao do desperdcio de madeira na etapa de estrutura - forma e

    desforma das lajes ..................................................................................................72

    4.7.2 Benefcios da paginao na aplicao dos azulejos e das cermicas......73

    4.7.3 Reduo no desperdcio de matria-prima com paginao da alvenaria .74

    5 CONCLUSES ............................................................................................. ............76

    6 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS........................................... ......... 78

    REFERNCIAS ............................................................................................................ 79

    ANEXOS ....................................................................................................................... 85

    APNDICES ................................................................................................................. 92

  • 11

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Diferenas entre tecnologias de fim de tubo e Produo Mais limpa.......32

    Figura 2 - Nveis de aplicao da produo mais limpa............................................37

    Figura 3 - Obra 1.......................................................................................................45

    Figura 4 - Obra 2.......................................................................................................46

    Figura 5 - Obra 3.......................................................................................................47

    Figura 6 - Fluxograma de atividades para coleta de dados.......................................49

    Figura 7 - Estgio de evoluo Obra 1......................................................................52

    Figura 8 - Etapa de carga, descarga e transporte da obra 1.....................................53

    Figura 9 - Exemplo de medida redutora na gerao de resduos.............................53

    Figura 10 - Etapa de vedao da obra 1...................................................................54

    Figura 11 - Utilizao de Drywall como medida minimizadora de resduos..............54

    Figura 12 - Resduos de blocos cermicos...............................................................55

    Figura 13 - Etapas de instalaes hidrulicas e eltricas da obra 1.........................55

    Figura 14 - Corte de alvenaria para instalaes eltrica e hidrulica........................56

    Figura 15 - Etapa de revestimento de forros e paredes da obra 1............................56

    Figura 16 - Resduo de argamassa de assentamento e reboco...............................57

    Figura 17 - Estgio de evoluo da obra 2................................................................57

    Figura 18 - Etapa de carga, descarga e transporte da obra 2...................................58

    Figura 19 - Etapa de superestrutura da obra 2..........................................................59

    Figura 20 - Etapa de vedao da obra 2...................................................................59

    Figura 21 - Perda de blocos cermicos e concreto celular........................................60

    Figura 22 - Tubulao hidrulica com corte de estrutura..........................................60

    Figura 23 - Passagem de eletroduto com corte de alvenaria....................................60

    Figura 24 Etapa de revestimento de forros e paredes da obra 2...........................61

    Figura 25 - Estgio de evoluo da obra 3................................................................62

    Figura 26 - Etapa de carga, descarga e transporte da obra 3...................................63

    Figura 27 - Etapa de superestrutura da obra 3..........................................................63

    Figura 28 - Resduos gerados pela montagem de formas........................................63

    Figura 29 - Etapa de vedao da obra 3...................................................................64

    Figura 30 - Descarte de blocos de concreto celular..................................................64

    Figura 31 Etapa de instalao hidrulica da obra 3..................................................65

  • 12

    Figura 32 - Instalao de tubulao hidrulica..........................................................65

    Figura 33 - Etapa de instalao eltrica....................................................................65

    Figura 34 Etapa de revestimento de forros e paredes..............................................66

    Figura 35 - Propores de resduos gerados nas Obras em estudo.........................67

    Figura36 - Etapa construtiva mais impactante na gerao de resduos...................69

    Figura 37 Exemplo da minimizao de madeira antes e depois do p + l..................73

    Figura 38 Reduo no consumo de azulejos antes e depois do p + l.......................74

    Figura 39 Reduo no consumo de blocos antes e depois do p + l..........................75

  • 13

    1 INTRODUO

    O meio ambiente, at duas dcadas atrs, era considerado pelos pases

    ocidentais como um local de obteno de matria prima e destinao de resduos

    (ARAJO, 2002). Devido ao crescimento econmico acelerado, fatores como os

    impactos ambientais do planeta Terra foram colocados em segundo plano.

    Segundo Chehebe (1998), a escassez e poluio das guas, o agravamento

    da poluio atmosfrica, as mudanas climticas, a gerao e disposio

    inadequada de resduos txicos, a poluio do solo, a perda da biodiversidade e a

    escassez de alguns recursos naturais so alguns exemplos das consequncias do

    comportamento no sustentvel da humanidade.

    Em funo disso, verifica-se que atualmente as empresas tem se inserido em

    novos conceitos, valores e ideologias da sociedade moderna, podendo-se citar entre

    elas a vertente da educao ambiental.

    Neste novo cenrio as organizaes do sculo XXI comeam a dar nfase a

    questes que vo alm das consideraes econmicas e produtivas, passando a

    incluir em seus planos de gesto questes de carter social e ambiental, que

    envolvem a reduo dos nveis de poluio, melhoria nas condies de trabalho,

    melhoria da imagem, entre outras (ANDRADE; TACHIZAWA; CARVALHO, 2002).

    Devido as exigncias de legislaes existentes, como a CONAMA 307, no

    caso da indstria da construo civil, as empresas deixam a postura passiva e

    passam a adotar um comportamento ambiental pr-ativo, fazendo com que este

    problema se torne uma oportunidade de reconhecimento e lucro.

    Em paralelo as mudanas j citadas, tem-se o panorama de que a crise

    ambiental constitui uma ameaa sobrevivncia do homem e da natureza, ela

    apresenta-se como uma oportunidade de continuar a vida com base em novos

    paradigmas. O meio ambiente deixa de ser um aspecto de nenhum ou pouco

    interesse, onde a nica preocupao era cumprir minimamente as obrigaes legais,

    e passa a ser uma fonte adicional de eficincia e competitividade (LORA, 2000).

    Ao se adotar como base o setor da construo civil, verifica-se que este tem

    sido foco constante de inmeras crticas por parte dos ambientalistas, no que diz

    respeito aos desperdcios de matrias primas e insumos.Estima-se que o setor seja

    responsvel por cerca de 40% dos resduos gerados na economia (CEF, 2001).

  • 14

    Alm disso, de acordo com Carneiro et al (2001), a construo civil o setor

    da economia que mais recursos naturais consome, este setor representa hoje cerca

    de 7,9% do PIB nacional (IBGE, 2012) . Ainda, estima-se que a construo civil seja

    responsvel pelo consumo de 20 a 50% dos recursos naturais consumidos pela

    sociedade (SJSTRM, 1992). Ao se analisar que grande parte da matria prima

    utilizada nos processos de construo so de origem no renovveis este nmero

    torna-se altamente significativo.

    Por outro lado, conforme Oliveira (2002), a indstria da construo civil traz

    populao muitos benefcios e capaz de recuperar os danos causados atravs da

    concepo de novos projetos e pesquisas que melhoram a qualidade do meio

    ambiente, um exemplo disso so as obras de infraestrutura que proporcionam maior

    comodidade, segurana e condies bsicas de sade para a populao.

    O envolvimento das diversas empresas deste setor, somadas a aes

    efetivas voltadas para a reduo do impacto ambiental geram a possibilidade de se

    minimizar o cenrio atual de degradao ambiental presente em pases

    desenvolvidos, e naqueles em desenvolvimento.

    No caso de pases em desenvolvimento, como o Brasil, a Produo Mais

    Limpa surge como uma ferramenta de gesto ambiental, j que, atravs de

    programas como Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) e do

    Programa das Naes Unidas Para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) esto

    sendo criados Centros Nacionais de Tecnologias Limpas (CNTL), com o intuito de

    promover prticas organizacionais ambientalmente corretas sob a perspectiva da

    preveno de resduos.

    Segundo Tibor (1996), a chave para a preveno de resduos a integrao

    bem-sucedida das questes ambientais, das operaes e da estratgia do negcio.

    importante salientar que a preveno reduz o uso de material e energia e minimiza

    custos, quando comparado a controles que visam somente atender aos parmetros

    legais ao final de cada processo; nestes casos usualmente os custos com

    manuteno de equipamentos, assistncia tcnica e disposio final dos resduos

    perigosos so onerosos.

    Ainda fomentada a cultura de agir ao final do processo produtivo,

    com o conhecido processo de fim de tubo, que consiste num conjunto de aes que

    apenas minimizam o impacto ambiental causados por determinados resduos, ao

    dar-lhes tratamento, sendo vlido para tratar aqueles resduos que no puderam ser

  • 15

    evitados no processo, considerado uma alternativa de remediao. Por este motivo

    os estudos relacionados a preveno em detrimento a remediao ainda so

    escassos. Mattosinho (2009) afirma que:

    Apesar do crescente nmero de pesquisas, no nvel acadmico e empresarial, relacionados preservao e conservao do meio ambiente, so raros os casos de temas relacionados minimizao de resduos na fonte no setor de construo civil. A maioria dos estudos concentram-se em propor tcnicas de reciclagem para os resduos gerados nos processos construtivos, com destaque especial para o entulho. Neste sentido, verifica-se que, geralmente, procura-se agir aps a ocorrncia do problema, medida esta caracterizada como corretiva, pois no age na causa do problema, e sim nos sintomas por ele produzidos.

    Devido aos problemas ambientais j mencionados, cuja melhoria parece estar

    na aplicao de uma estratgia ambiental preventiva, verifica-se a importncia de se

    utilizar mtodos consagrados de gesto ambiental, tendo como proposta chave a

    implementao da Produo Mais Limpa. Este conceito, de reduo na fonte, visa

    tornar acessvel para empresas de pequeno, mdio e grande porte, de todos os

    setores industriais, formas de se obter a minimizao de resduos. Neste contexto, o

    termo preveno passa a ser elemento chave da metodologia, pois considera que se

    h uma menor gerao de sobras no processo produtivo, consequentemente menos

    resduos existiro.

    Frente aos argumentos aludidos, este trabalho tem como objetivo apresentar

    e determinar os benefcios da aplicao da metodologia de Produo Mais Limpa

    nos subsetores ambiental e econmico, das empresas construtoras de edificaes

    residncias/comerciais verticais, visando dar nfase a proporo de insumos que

    geram resduos em cada etapa construtiva analisada.

    Sendo assim, busca-se atravs da anlise e identificao dos benefcios da

    Produo Mais Limpa, por meio da aplicao de um check list indicar aes

    voltadas para melhoria da performance ambiental no setor, como a minimizao de

    resduos na fonte, atravs da otimizao dos processos produtivos, evitando assim

    que o resduo seja gerado.

    Dessa forma possibilita-se a ampliao do desenvolvimento sustentvel e o

    fortalecimento da implantao da produo mais limpa como forma de economia e

    rentabilidade.

    O presente trabalho encontra-se organizado em cinco captulos, sendo o

    primeiro formado por uma reviso bibliogrfica, desenvolvida durante todo o

  • 16

    processo de produo do trabalho, ou seja, a base terica para a realizao e

    fundamentao para as concluses futuramente apresentadas. O presente captulo

    apresenta as definies e conceitos bsicos da produo mais limpa na construo

    civil, as bases para sua implementao, as possibilidades de minimizao de

    gerao de resduos e utilizao de insumos.

    O segundo captulo visa detalhar todo o processo da metodologia do trabalho,

    caracterizando o tipo de pesquisa a ser realizada e apresentando as etapas e

    atividades realizadas em cada uma delas.

    O terceiro captulo apresenta a anlise dos resultados obtidos atravs da

    aplicao do check list, nas trs obras em estudo. Verifica-se nesta etapa as

    propores de resduos geradas em cada processo construtivo, bem como a

    porcentagem de atendimento aos quesitos da Produo Mais Limpa.

    O quarto captulo apresenta a concluso atravs da comparao dos resultados

    das trs obras nas etapas comuns, sugere melhorias para os processos que geram

    maior variedade de resduos e evidencia a diferena da proporo de gerao de

    resduos de acordo com o processo empregado na execuo da fase construtiva.

    So tambm evidenciados os benefcios da implantao da produo mais limpa

    atravs da comparao com o sistema de fim de tubo.

    O finalmente o quinto captulo que apresenta sugestes para pesquisas futuras

    ligadas ao tema proposto.

  • 17

    2 O PAPEL DA P+L NA CONSTRUO CIVIL BRASILEIRA

    Os esforos para reduzir os impactos ambientais causados pela construo

    civil, em especial, para os resduos resultantes da execuo de obras, concentram-

    se, atualmente, na busca de aplicaes para os diferentes materiais que sobram

    na construo de residncias e outros empreendimentos urbanos (KUNKEL, 2009).

    No entanto, pressupe que os resduos j foram gerados, portanto podem ser

    caracterizados como medidas corretivas ou reativas, pois no agem na causa do

    problema e sim, nos seus efeitos.

    Furtado (2002) descreve que o setor da construo civil deve incorporar as

    reivindicaes de pesquisadores e profissionais, de agncias governamentais e no

    governamentais, que passam a reclamar da necessidade de reorientao dos

    processos de produo. Nesse sentido, a Produo Mais Limpa representa uma

    estratgia de escolha, para os diferentes segmentos industriais, inclusive para o vis

    da construo sustentvel.

    Fernandes et al (2001) define a Produo Mais Limpa da seguinte forma:

    a aplicao contnua de uma estratgia econmica, ambiental e tecnolgica integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficincia no uso de matrias-primas, gua e energia, atravs da no gerao, minimizao ou reciclagem de resduos gerados em um processo produtivo. Produo Mais Limpa tambm pode ser chamada de Preveno da Poluio, j que as tcnicas utilizadas so basicamente as mesmas.

    Segundo Kind (2005 apud Henriques e Quelhas, 2007) a tecnologia de

    Produo Mais Limpa um exemplo de como os recursos naturais podem ser

    utilizados em prol do desenvolvimento sustentvel. Diminuir os desperdcios implica

    em maior eficincia no processo industrial e menores investimentos para solues

    de problemas ambientais. Em contrapartida, reduzir a poluio atravs do uso

    racional de matrias-primas significa uma opo ambiental e econmica definitiva,

    conforme afirmam os autores.

    O atual cenrio da gerao de resduos slidos do setor da construo civil

    ainda preocupante. Segundo Carneiro (2001), a construo civil considerada

    uma das atividades que mais geram resduos e alteram o meio ambiente, em todas

    as suas fases, desde a extrao de matrias-primas, at o final da vida til da

    edificao. De acordo com Dijkema (2000), alguns dos grandes problemas

  • 18

    ambientais decorrentes da gerao de resduos de construo civil, o RCC, a

    saturao de espaos disponveis nas cidades para descarte desses materiais, uma

    vez que eles correspondem a mais de 50% dos resduos slidos urbanos em

    cidades de mdio e grande porte no Brasil.

    neste contexto que se destaca a importncia da implementao do

    programa de Produo Mais Limpa no setor da construo civil, adotando a gesto

    preventiva em detrimento da corretiva. A chamada Gesto Corretiva engloba uma

    srie de atividades no preventivas, repetitivas e custosas que no alcanam

    resultados. Essa gesto se sustenta numa inevitabilidade de reas com disposies

    irregulares que degradam o meio urbano, e se mantm enquanto houver reas de

    aterramento nas proximidades dos centros geradores de resduos (FRAGA, 2006).

    Em contrapartida a gesto preventiva, baseada nos princpios da Produo

    Mais Limpa, vista entre os especialistas como uma forma moderna de tratar as

    questes de meio ambiente nos processos industriais. Dentro desta metodologia

    pergunta-se onde esto sendo gerados os resduos? e no mais somente o que

    fazer com os resduos gerados?. Dessa forma, evita-se o desperdcio, tornando o

    processo mais eficiente (MAROUN, 2003, apud HENRIQUES e QUELHAS, 2007).

    2.1 EVOLUO DAS QUESTES AMBIENTAIS NA CONSTRUO CIVIL

    O perodo que antecede a dcada de 1950 pode ser considerado como a fase

    em que qualquer discusso, relacionada a atividade humana e suas relaes com o

    meio ambiente, eram tratadas como tema de irrelevante importncia. Acreditava-se

    que a natureza existia para ser compreendida, explorada e catalogada, desde que

    utilizada em benefcio da humanidade (BRAGA, 2006). Por outro lado, o avano da

    tecnologia no ps-guerra, dava sinais de que no existiriam problemas insolveis.

    Os movimentos sociais que tiveram incio nos anos 70 representaram um

    marco na humanidade e, em particular, para a formao de uma conscincia

    preservacionista embasada, naquele momento, nos princpios do equilbrio csmico

    e na harmonia com a natureza (SCHENINI et al, 2004).

    O inicio da dcada de 80, marcada por grande desenvolvimento tcnico e

    econmico, gerou nfase ao bem estar material independentemente dos prejuzos

    que sua produo pudesse gerar a natureza (CNTL, 2007).

  • 19

    Em meados dessa dcada entraram em vigor legislaes especficas que

    controlam a instalao de novas indstrias e estabelecem padres para as emisses

    das indstrias existentes, foram elas EIA (Estudo prvio de impacto ambiental) e a

    RIMA (Relatrio de impacto ambiental).

    Ao final da dcada de 80 a Comisso presidida pelo primeiro ministro

    noruegus Brundtland finalizou um relatrio denominado Nosso Futuro Comum,

    nele estava contido os princpios do desenvolvimento sustentvel, tais como,

    retomar o crescimento como condio necessria para erradicar a pobreza; mudar a

    qualidade do crescimento para torn-lo mais justo, equitativo e menos intensivo em

    matrias-primas e energia; atender s necessidades humanas essenciais de

    emprego, alimentao, energia, gua e saneamento; manter um nvel populacional

    sustentvel; conservar e melhorar a base dos recursos; reorientar a tecnologia e

    administrar os riscos, e incluir o meio ambiente e a economia no processo decisrio

    das polticas governamentais. Referindo-se ao desempenho ambiental do setor

    industrial, o relatrio ressalta que este dever produzir mais, utilizando menos

    recursos (BARBIERI, 1997).

    Neste perodo tambm, os resduos perigosos passam a ocupar lugar de

    destaque nas discusses sobre a contaminao ambiental (CORSON, 1996). Como

    se pode notar atravs das aes ocorridas a dcada de 80 foi marcada pela

    preocupao com o meio ambiente.

    De acordo com Fraga (2006), apesar do surgimento da preocupao com as

    questes ambientais, na Indstria da Construo Civil, at ento, no havia

    apreenso alguma com o esgotamento dos recursos no renovveis utilizados ao

    longo de toda sua cadeia de produo; e muito menos com os custos e prejuzos

    causados pelo desperdcio de materiais e com o destino dado aos rejeitos

    produzidos nesta atividade.

    No Brasil, em particular, a falta de uma conscincia ecolgica na indstria da

    construo civil resultou em estragos ambientais irreparveis, agravados pelo

    macio processo de migrao ocorrido na segunda metade do sculo passado,

    quando a relao entre populao rural e populao urbana, de 75% para 25%, foi

    invertida, ocasionando uma enorme demanda por novas habitaes.

    Na dcada de 90 aes como a Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio

    Ambiente e Desenvolvimento Humano, a Rio 92, aprofundaram questes do

  • 20

    desenvolvimento sustentvel, este termo passou a ser difundido globalmente. Baroni

    (2002) acredita que

    Isto ocorreu quando a Unio Internacional para a Conservao da Natureza (UICN) apresentou o documento Estratgia de Conservao Ambiental, o qual tinha como objetivo alcanar o desenvolvimento sustentvel atravs da conservao dos recursos vivos.

    Neste perodo, j era possvel perceber sinais mais ntidos do movimento em

    prol da luta para a conservao do meio ambiente. Nessa dcada foi realizado no

    Brasil a Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento,

    a Eco 92, neste encontro pautas como o conceito de desenvolvimento sustentvel e

    recomendaes da Comisso de Brundtland foram aprovados e inseridos a Agenda

    21, agenda de compromisso para aes futuras.

    Este documento visa pr em prtica as declaraes firmadas na Conferncia

    do Rio, prope a reduo da quantidade de energia e de material utilizados na

    produo de bens e servios, a disseminao de tecnologias ambientais e a

    promoo de pesquisas que visem o desenvolvimento de novas fontes de energia e

    de recursos naturais renovveis (VALLE, 1995).

    A repercusso da Conferncia realizada no Rio de Janeiro inseriu o termo

    desenvolvimento sustentvel em discursos polticos, sociais e outros.

    Para Arajo (2002) outro marco no apelo pela conscientizao ambiental foi o

    Protocolo de Kyoto, que tinha como principal objetivo estabilizar a concentrao de

    gases que provocam o efeito estufa em nveis tolerveis que no impliquem em

    mudanas prejudiciais no clima, este documento estabeleceu a meta de reduzir em

    6% os nveis de emisses de gases de efeito estufa nos pases industrializados at

    2012; alm de mencionar premissas para o estabelecimento de compra e venda de

    cotas (direito de poluir).

    No ano de 2000, a Comisso de Desenvolvimento Sustentvel da ONU (CDS)

    organizou a realizao de uma nova cpula mundial, que foi realizada na frica do

    Sul e ficou conhecida como a Rio+10. Segundo John (2012), a Rio+10, iniciada em

    23 de agosto de 2002, concentrou as negociaes oficiais sobre a Agenda 21,

    documento que tambm foi assinado durante a Rio 92 e gerou respostas muito

    diferentes em cada pas, durante estes dez anos, variando de nenhuma reao a

  • 21

    programas participativos, amparados por leis nacionais e locais. Em funo disso, o

    objetivo desta Cpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentvel foi fomentado na

    discusso de novos acordos sobre trechos da Agenda 21 que no funcionaram,

    visando sua implementao futura.

    Inmeros movimentos, congressos e seminrios foram realizados ao longo do

    tempo na inteno de gerar uma mobilizao poltica e social na pauta

    Desenvolvimento Sustentvel [grifo nosso], porm tal esforo no possibilitou o

    retorno desejado por parte desses grupos e organizaes. Essa afirmao

    retratada atravs das palavras de John (2012) durante a Rio+20

    Os movimentos que remetem a preservao ambiental, demonstram que os resultados alcanados, desde a ECO 92 ainda so insignificantes quando comparados magnitude do problema ambiental e social que abarca o mundo.

    Contudo, uma viso mais otimista foi apresentada pelo diretor geral do Fundo

    Mundial da natureza (WWF) internacional, aps o trmino das negociaes do

    Rio+20, segundo Leape (2012):

    a conferncia tratou sobre a vida: sobre as geraes futuras, sobre as florestas, oceanos, rios e lagos que todos ns dependemos para a nossa comida, gua e energia. Foi uma conferncia para abordar o desafio premente da construo de um futuro que possa nos sustentar,

    Em contrapartida ele tambm destacou a falta de interesse de algumas

    lideranas mundiais nos temas abordados Infelizmente, alguns os lderes mundiais

    que se reuniram aqui perderam de vista o objetivo da urgncia (LEAPE, 2012).

    A Conferncia das Naes Unidas sobre Desenvolvimento Sustentvel, a

    Rio+20, realizada em Junho de 2012, contribuiu para definir a agenda do

    desenvolvimento sustentvel para as prximas dcadas. Foi marcada por

    reconhecimento de pouco progresso e existncia de lacunas restantes na

    implementao dos resultados das principais reunies de cpula sobre o

    desenvolvimento sustentvel e abordagem de desafios novos e emergentes (CEBS,

    2012), conforme citado pela ONU 2012:

    [...] houveram retrocessos devido a mltiplas crises inter-relacionadas financeiras, econmicas e preos volteis de energia e alimentos. Insegurana alimentar, mudana climtica e perda biodiversidade afetaram

  • 22

    negativamente os ganhos de desenvolvimento. Novas evidncias cientficas demonstraram a gravidade das ameaas que temos pela frente.

    De acordo com a CEBDS (2012), a falta de consenso internacional e os

    interesses comerciais, deste ou daquele pas, no devem ser motivo de desnimo

    para a corrente que defende uma mudana no rumo do desenvolvimento em nome

    da sobrevivncia das futuras geraes. No h dvida que a exigncia do mercado

    est voltada para a sustentabilidade, independentemente da vontade de alguns

    governantes que estejam no poder em eventual momento.

    Apesar da lentido da aprovao de leis e acordos no mbito do

    desenvolvimento sustentvel e do descaso de alguns lideres polticos, torna-se

    importante destacar tambm que vertentes deste sistema tm apresentado

    resultados significativos. No contedo das discusses da Agenda 21, foi fomentada

    a ideia do termo construo sustentvel [grifo nosso], que visava aumentar as

    oportunidades ambientais para as geraes futuras e que consistia em uma

    estratgia ambiental de viso holstica, recriando toda a cadeia produtiva, desde a

    extrao da matria prima at a escolha do processo produtivo.

    Uma insero de fundamental importncia visto que, como destacado por

    Carneiro et al (2001), a construo civil considerada uma das atividades que mais

    geram resduos e alteram o meio ambiente, em todas as suas fases, desde a

    extrao de matrias-primas, at o final da vida til da edificao. John (2006)

    salienta que os valores internacionais para o volume do entulho da construo e

    demolio oscilam entre 0,7 e 1,0 toneladas por habitante/ano. Essas alteraes

    sobre o meio ambiente abarcam desde as etapas de construo de determinado

    empreendimento at os momentos de manuteno, reforma, ampliao,

    desocupao e demolio.

    Ainda neste contexto Pinto (1999), com base na anlise de seis municpios

    brasileiros estima uma massa aproximada de 1200 kg/m para edificaes

    executadas por processos tradicionais, sendo que, 25% dessa massa se constituem

    em perdas no canteiro de obras e dessa perda, cerca de 50% ou 150 kg/m so

    simplesmente entulho. Ou seja, 12,5% da massa de uma determinada edificao

    caracterizam-se como resduo. A reduo dos desperdcios de materiais deve ser

    encarada sob a viso ambiental e social, visto que esses desperdcios elevados

    contribuem na reduo da disponibilidade futura de materiais e energia, como criam

    demandas desnecessrias ao sistema de transportes (BARRETO, 2005).

  • 23

    Ao se observar a preocupao aos prejuzos que o setor da construo civil

    gera para o meio ambiente conclui-se que uma das ferramentas mais importantes de

    desenvolvimento para aumentar a qualidade ambiental das atividades de construo

    so as metodologias de avaliao de desempenho ambiental de edifcios, criada na

    Agenda 21.

    As avaliaes ambientais de edifcios procuram identificar os nveis de

    utilizao de recursos naturais, gerao de poluio e emisso, qualidade do

    ambiente interno, comprometimento ambiental dos agentes e qualidade do

    monitoramento da operao dos edifcios (ANTAC, 2001).

    Os requisitos citados somados a implantao de sistemas de gesto de

    resduos slidos e demais resolues torna possvel a elaborao de estratgias que

    reduzam potencialmente a gerao de resduos no setor da construo civil.

    2.2 CONFORMIDADE COM AS LEGISLAES AMBIENTAIS NACIONAIS

    Conformidade com a legislao ambiental significa observar as normas

    ambientais postas, que objetivam o desenvolvimento econmico e o meio ambiente

    equilibrado com qualidade de vida a todas as formas de vida do Planeta (CNTL,

    2004).

    Todas as atividades econmicas tm como obrigao observar os requisitos

    legais inerentes a sua atividade, adotando para tanto medidas que possam evitar os

    danos ambientais causados (REYES, 2011).

    Ainda, de acordo com Reyes (2011) a gama de normas que visam a proteo dos

    recursos ambientais brasileiro extensa, essa legislao requer uma adequada

    aplicao, visando garantir o desenvolvimento sustentvel e fazendo com que a

    empresa, dentro do seu planejamento considere as questes ambientais como

    instrumento que permita a gesto racional dos recursos ambientais.

    A fim de atender as exigncias legais, os empreendedores devem adotar uma

    postura proativa, visando sempre a preveno em detrimento das aes corretivas, de

    forma a minimizar os impactos negativos sobre o meio ambiente e permitir assim, o

    desenvolvimento sustentvel. Existem vrias normas aplicveis proteo do meio

    ambiente, em nvel federal, estadual e municipal.

  • 24

    2.2.1 Orgos e normas de referncia nacional

    A poltica ambiental oficial no Brasil executada em nvel nacional, desde

    1985, na Nova Repblica pelo SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente),

    CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente), como rgo consultivo e

    normativo e, em nvel tcnico e executor das polticas federais, pelo IBAMA (Instituto

    Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais). A Constituio de 5/10/1988,

    bem como as constituies estaduais dedicam captulos ao tema ambiental e

    remetem a legislao ordinria que regulamenta essas disposies constitucionais.

    Alm disto, existem ainda as legislaes estaduais e municipais, que constituem

    basicamente as mesmas vertentes, porm no sero citadas no corpo deste

    trabalho, j que trataremos apenas das resolues a nvel nacional.

    Segundo Tocchetto (2003), a estrutura ambiental brasileira formada

    resumidamente pelo Sistema Nacional do Meio Ambiente (SINAMA) e pelo Conselho

    Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).

    2.2.1.1 Sisnama

    O SISNAMA constitudo por rgos e entidades da Unio, dos Estados, do

    Distrito Federal, e dos Municpios, bem como as fundaes institudas pelo Poder

    Pblico responsveis pela proteo e melhoria da qualidade ambiental. Nesse

    sentido foram criados espaos de dilogo entre os rgos e entidades ambientais

    dos Municpios, dos Estados, do Distrito Federal e da Unio. As principais funes

    deste rgo esto ligadas a implementao da politica nacional do meio ambiente,

    estabelecimento de um conjunto articulado de rgos entidades e regras prticas

    responsveis pela melhoria da qualidade ambiental.

    2.2.1.2 Conama

    CONAMA o Conselho Nacional do Meio Ambiente, rgo consultivo e

    deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA, criado pela Poltica

    Nacional do Meio Ambiente. Ele no um lugar fsico, mas sim um ambiente vivido

  • 25

    por reunies como as Cmaras Tcnicas, Grupos de Trabalho e as Plenrias, as

    quais se renem os Conselheiros. O Conselho pode produzir diversos atos, sendo

    que seu principal e mais conhecido instrumento so as suas Resolues. Por meio

    desses dispositivos so estabelecidas normas, critrios e padres relativos ao

    controle e manuteno da qualidade do meio ambiente, com vistas ao uso racional

    dos recursos ambientais. O processo se inicia mediante proposta de seus

    Conselheiros, que segue para ser analisado pelo Ministrio do Meio Ambiente

    MMA e entidades vinculadas (Ibama, SFB, ANA e ICMBio), no que couber, e segue

    de acordo com a estrutura de trabalho pr-determinada por seu Regimento Interno.

    A Resoluo 307, de 2002, do Conselho Nacional do Meio Ambiente Conama,

    estabelece diretrizes, critrios e procedimentos para a gesto (ambientalmente

    correta) dos resduos da construo civil, disciplinando as aes necessrias

    minimizao dos impactos (efeitos) ambientais, levando em conta a poltica urbana

    de pleno desenvolvimento da funo social das cidades e da propriedade urbana

    (Lei 10.257 de 2001).

    Na referida Resoluo definido que os geradores de resduos da construo

    civil (entulhos) devem ter como objetivo principal a no gerao de tais resduos e,

    em carter secundrio, a reduo, reutilizao, reciclagem, bem como a

    responsabilidade pela destinao final de tais materiais, levando em conta que tais

    resduos no podem ser dispostos em aterros de resduos domiciliares (resduos

    urbanos), em bota-fora, encostas, corpos de gua, lotes vagos, bem como em

    reas legalmente protegidas por lei (caso, por exemplo, dos manguezais). Para tal

    exigncia da referida Resoluo, cada municpio deve obrigatoriamente desenvolver

    e implantar o Plano Municipal de Gesto dos Resduos da Construo Civil (GAEDE,

    2008).

    2.3 PRODUO MAIS LIMPA: CONCEITO E EVOLUO

    Em 1989, a expresso Produo Mais Limpa foi lanada pela UNEP (United

    Nations Environment Program) e pela DTIE (Division of Technology, Industry and

    Environment) como sendo a aplicao contnua de uma estratgia integrada de

    preveno ambiental a processos, produtos e servios, visando o aumento da

  • 26

    eficincia da produo e a reduo dos riscos para o homem e o meio ambiente

    (WERNER, 2006).

    A indstria brasileira descobre a Produo Mais Limpa na dcada de noventa,

    mais precisamente aps a Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e

    Desenvolvimento, a Rio 92. A partir desse novo paradigma, a poluio ambiental

    passa a ser sinnimo de desperdcio nas empresas responsveis, e seus processos

    passam por mudanas que buscam diminuir o consumo de gua, energia e

    matrias-primas (BELMONTE, 2004, apud ARGENTA, 2007).

    imprescindvel analisar o surgimento da Produo Limpa (PL), seus

    princpios e definies quando se aborda o tema P+L, pois se verifica que a base

    conceitual fundamenta-se na proposta da organizao ambientalista Greenpeace

    para um sistema produtivo limpo (ARAJO, 2002).

    Segundo Lerpio (2001), os princpios de PL surgiram nos anos 80, sendo

    esta, uma campanha para mudana mais profunda do comportamento industrial. Na

    busca de definir um sistema de produo industrial que incorporasse a varivel

    ambiental em todas as fases produtivas, tendo como foco principal a preveno na

    gerao de resduos, o Greenpeace descreveu algumas caractersticas que a

    organizao limpa deveria buscar. Conforme Fundao Vanzolini (1998) so elas:

    a auto sustentabilidade de fontes renovveis de matria-prima;

    a reduo no consumo de gua e energia;

    a preveno da gerao de resduos txicos e perigosos na fonte de

    produo;

    a reutilizao e reaproveitamento de materiais por reciclagem de maneira

    atxica e energia eficiente;

    a gerao de produtos de vida til longa, seguros e atxicos, para o homem e

    meio ambiente, cujos restos (incluindo embalagens) tenham reaproveitamento

    atxico;

    a reciclagem (na planta industrial ou fora dela) de maneira atxica como

    alternativa para as opes de manejo ambiental representadas por

    incinerao e despejo em aterros.

    Segundo Furtado (2001), a partir de 1989, a P+L ganhou maior visibilidade

    quando a UNEP criou o Programa de Produo Mais Limpa. A UNEP utilizou-se

    da base conceitual do Greenpeace para formar uma proposta mais acessvel e

  • 27

    pontual, sob a perspectiva da viabilidade de sua aplicabilidade junto a

    organizaes produtivas. Ainda de acordo com o autor, a P+L adota as seguintes

    definies para processo e produto:

    Processo conservao de materiais, gua e energia; eliminao de

    materiais txicos e perigosos; reduo da quantidade e toxidade de todas as

    emisses e resduos, na fonte, durante a manufatura;

    Produto reduo do impacto ambiental e para sade humana, durante todo

    o ciclo, da extrao da matria-prima, manufatura, consumo/uso e na

    disposio/descarte final.

    A Produo Mais Limpa reconhecida por possibilitar o uso de estratgias

    para o aproveitamento eficiente dos recursos naturais e para a minimizao de

    resduos, poluio e riscos, a partir da fonte de origem (STANISKIS; STASISKIENE,

    2003). De modo geral, segundo Toccheto (2003), visa:

    causar o menor impacto possvel sobre o meio ambiente, utilizando os processos e produtos, desde a obteno da matria prima at o descarte, incluindo tambm a reciclagem e o reaproveitamento de peas e outros materiais.

    Para Nascimento (2000), a Produo Mais Limpa , antes de tudo, uma ao

    econmica, porque baseia-se no fato de que qualquer resduo de qualquer sistema

    produtivo s pode ser proveniente das matrias-primas ou insumos de produo

    utilizadas no processo. Todos os resduos, ontem, eram matria-prima e foram

    comprados e pagos como tal.

    Entretanto o CNTL (2000) descreve que a P+L no apenas um tema

    ambiental e econmico, mas tambm um tema social, pois considera que a reduo

    da gerao de resduos em um processo produtivo, muitas vezes, possibili ta resolver

    problemas relacionados sade e segurana ocupacional dos trabalhadores.

    Portanto, implementar a Produo Mais Limpa minimiza os riscos na sade dos

    trabalhadores, uma vez que, na medida em que so identificadas matrias primas e

    insumos menos txicos, a qualidade do ambiente de trabalho melhora

    consideravelmente.

    Segundo Furtado (2007), a Produo Mais Limpa introduz medidas de

    reduo e minimizao que previnem os efeitos adversos provocados pelos

    efluentes e resduos gerados. A empresa que comea a se preocupar com questes

    ambientais e adota estratgias de Produo Mais Limpa comea a usufruir um

  • 28

    processo de melhoria contnua que propicia o surgimento de inovao em todos os

    sentidos (processo, produto e gerencial). Estas inovaes facil itam o alcance da

    competitividade (LEMOS; NASCIMENTO, 2002).

    interessante destacar tambm que a Produo Mais Limpa visa prevenir a

    gerao de resduos, em primeiro lugar, e ainda minimizar o uso de matrias primas.

    Em outras palavras, pode-se concluir que ela busca antecipar-se aos problemas

    ambientais gerados no processo produtivo, como a gerao de resduos, efluentes e

    emisses atmosfricas. Tem como objetivo maximizar a eficincia produtiva atravs

    da otimizao do uso de materiais, como consequncia, tem-se a reduo de cargas

    poluidoras. Enfim, reconhece que a produo implica em degradao ambiental.

    Contudo, considera que a preveno de resduos a maneira mais apropriada para

    reduzir o impacto ambiental (VALLE, 1995).

    Misra (2000) menciona que a P+L requer a aplicao contnua de uma

    estratgia ambiental preventiva integrada aos processos e produtos, a fim de reduzir

    riscos para os seres humanos e o ambiente. Reduzir custos com a eliminao de

    desperdcios, desenvolver tecnologias limpas e acessveis do ponto de vista

    econmico, reciclar insumos so mais do que princpios de gesto ambiental,

    representam condio de sobrevivncia (KRAUSE, 1996).

    Segundo Fernandes (2001), a Produo Mais Limpa pressupe quatro

    atitudes bsicas. A primeira, e a mais importante, a busca pela no gerao de

    resduos, atravs da racionalizao das tcnicas de produo. Quando o primeiro

    conceito no pode ser aplicado integralmente, a segunda atitude proposta pela

    Produo Mais Limpa a minimizao da gerao dos resduos. J o

    reaproveitamento dos resduos no prprio processo de produo a terceira atitude

    defendida pela Produo Mais Limpa, enquanto a quarta alternativa para a Produo

    Mais Limpa a reciclagem, com o aproveitamento das sobras ou do prprio produto

    para a gerao de novos materiais.

    Furtado (2001) detalha esses princpios bsicos como o Princpio da

    Precauo, que obriga o poluidor potencial a arcar com nus da prova de que uma

    substncia ou atividade no causaram danos ao meio ambiente; princpio da

    Preveno, que consiste em substituir o controle de poluio pela preveno da

    gerao de resduos na fonte, evitando a gerao e emisses perigosas para o meio

    ambiente; princpio da integrao que tem como base uma viso holstica do sistema

    de produo de bens e servios, com o uso de ferramentas especficas e com a

  • 29

    utilizao da Avaliao do Ciclo de Vida do produto (ACV) e por fim o princpio do

    controle democrtico que fundamentado no acesso informao sobre questes

    que dizem respeito segurana e ao uso de processos e produtos, por todos

    interessados, inclusive as emisses e registros de poluentes, planos de reduo de

    usos de produtos txicos e danos sobre a utilizao de componentes perigosos nos

    produtos.

    A Produo Mais Limpa (P+L) enfatiza a mudana na forma de pensar nas

    questes ambientais e induz a empresa a encontrar solues que substituam os

    tratamentos convencionais de fim de tubo por otimizao nos processos

    produtivos. Estas otimizaes podem ocorrer por diferentes formas de interveno

    no processo produtivo, que incluem aspectos gerencias e tecnolgicos e podem ir

    desde melhoria de procedimentos de operao e manuteno (boas prticas

    operacionais) at modificaes nos processos e produtos e inovaes tecnolgicas

    (MARINHO, 2001).

    Com base nos princpios e definies da Produo Mais Limpa verifica-se a

    importncia de sua implementao em diversas aes alternativas, que podem ser

    agrupadas em duas categorias: a minimizao de materiais e o reuso de materiais

    (SENAI, 2003).

    Referindo-se diferena entre PL e P+L, Lerpio (2001), descreve que

    necessrio reconhecer a dificuldade de conceber o sistema de produo

    absolutamente isento de riscos e resduos. Talvez esta tenha sido a maior

    justificativa da proposta Mais Limpa.

    Na constante busca de solues definitivas para o problema da poluio

    ambiental, firmaram-se os princpios da Produo Mais Limpa, voltados a atividades

    de preveno de poluio. Com a inteno de garantir a minimizao da poluio e

    difundir as diretrizes da P+L, um Centro Nacional de Tecnologias Limpas foi

    instalado no Brasil, mais precisamente no Rio Grande do Sul.

    2.3.1 Por que investir em Produo Mais Limpa?

    O Programa de Produo Mais Limpa visa fortalecer economicamente a

    indstria atravs da preveno da poluio, inspirado pelo desejo de contribuir com

    a melhoria da situao ambiental de uma regio. Baseado em problemas ambientais

  • 30

    conhecidos, o Programa de Produo mais Limpa investiga o processo de produo

    e as demais atividades de uma empresa, e estuda-os do ponto de vista da utilizao

    de materiais e energia. Esta abordagem ajuda a induzir inovaes dentro das

    prprias empresas, a fim de trazer a elas e toda a regio, um passo em direo ao

    desenvolvimento sustentvel (SENAI, 2007).

    O programa de Produo Mais Limpa, no representa uma soluo para um

    problema isolado, ele esta vinculado a uma ferramenta lucrativa no estabelecimento

    de um conceito holstico.

    Segundo Gee (1994), em nvel mundial, j foram demonstradas redues de

    at 70% das emisses e resduos em processos industriais, com resultados

    lucrativos, do ponto de vista tecnolgico e econmico, o autor destaca ainda o

    retorno dos investimentos variando de acordo com a natureza do produto/processo e

    do mercado, sendo que investimentos, entre US$ 10 mil e US$ 6 milhes, deram

    retorno entre 1 e 66 meses e as vantagens tecnolgicas, ambientais e

    socioeconmicas em mais de 600 estudos de caso.

    possvel perceber que a implementao desse conceito no processo de

    produo, reduz custos na empresa e traz benefcios ambientais para toda a

    sociedade. De acordo com Pnuma (2008), o conceito de Produo Limpa refere-se

    produo integrada proteo ambiental de forma mais ampla, considerando todas

    as fases do processo produtivo e o ciclo de vida do produto final.

    As tecnologias de Produo Limpa contemplam mudanas nos produtos e

    seus processos de produo para reduzir ou eliminar todo tipo de rejeitos antes que

    eles sejam criados. Dessa forma, de acordo com Oliveira (2001), essas tecnologias

    contribuem para ampliar a sustentabilidade dos sistemas naturais, tanto pela

    reduo da necessidade de insumos para um mesmo nvel de produo, quanto

    pela reduo da poluio resultante do processo de produo, distribuio e

    consumo.

    Para Maltz (2008), a Produo Limpa inclui melhorias na manuteno

    (evitando vazamentos e derramamentos), reduo no uso de substncias txicas e

    introduo de sistemas de reciclagem para reutilizao de guas servidas ou

    energia trmica, que de outra forma seria dissipada.

    Verifica-se atravs das afirmaes citadas acima, que a implementao de

    um programa de Produo Mais Limpa, vai muito alm de minimizao nos gastos,

  • 31

    j que, alm de potencializar este quesito ela tambm reduz drasticamente o

    consumo de insumos desnecessrios e seu posterior descarte, j como resduo.

    2.3.2 Produo Mais Limpa x fim de tubo

    A busca incessante por solues para problemas ambientais faz com que

    gestores adotem ferramentas que auxiliem organizaes em todo o mundo a agir de

    forma proativa com relao s questes relacionadas gesto dos recursos naturais

    (SENAI, 2006).

    Segundo Oliveira Filho (2001), a tecnologia de fim-de-tubo procura resolver

    prejuzos ambientais pelo controle da poluio no fim do processo produtivo, sem

    combater a raiz do problema. Em contrapartida, a Produo Mais Limpa (P + L)

    uma estratgia tecnolgica de carter permanente que se contrape s solues

    que objetivam apenas controlar a poluio atuando no final do processo produtivo,

    como a tecnologia de fim-de-tubo.

    A Produo Mais Limpa (P+L) enfatiza a mudana na forma de pensar as

    questes ambientais e induz a empresa a encontrar solues que substituam os

    tratamentos convencionais de fim de tubo por otimizao nos processos

    produtivos. (MARINHO; MAERBAL, 2001).

    Quando uma soluo tecnolgica do tipo fim-de-tubo introduzida em um

    processo industrial, os impactos ambientais se reduzem imediatamente, porm os

    aspectos continuam existindo, pois no houve preveno e sim uma ao de carter

    corretivo, elevando normalmente os custos sociais e privados. Alm disso, trata-se

    de uma soluo reativa e seletiva, geralmente introduzida para atender aos padres

    de emisso ou de qualidade ambiental estabelecidos pela regulamentao

    governamental (PNUMA, 1993). Enquanto as tcnicas de fim-de-tubo representam

    aes remediativas, a Produo Mais Limpa uma ao preventiva, que visa evitar

    ou diminuir a formao do resduo durante o processo produtivo, atravs da

    implementao de mudanas no processo produtivo. Quando uma organizao

    adota os princpios da Produo Mais Limpa, est tentando buscar tecnologias que

    substituam os tratamentos convencionais de fim-de-tubo por modificaes no

    processo produtivo focadas na preveno e controle de poluio na fonte.

  • 32

    Na figura 1, so apresentadas as principais diferenas entre os processos de

    tecnologias de fim-de-tubo e a Produo Mais Limpa, essas desigualdades so

    indicadas pelo Centro Nacional de Tecnologias Limpas - CNTL.

    TCNICAS DE FIM DE TUBO PRODUO MAIS LIMPA

    Pretende reao Pretende ao

    Os resduos, os efluentes e as emisses so controlados atravs de

    equipamentos de tratamento.

    Preveno da gerao de resduos, efluentes e emisses na fonte. Procurar evitar matrias-primas

    potencialmente txicas.

    Proteo ambiental um assunto para especialistas competentes.

    Proteo ambiental tarefa para todos.

    A proteo ambiental atua depois do

    desenvolvimento dos processos e produtos.

    A proteo ambiental atua como uma

    parte integrante do design do produto e da engenharia de processo.

    Os problemas ambientais so resolvidos a partir de um ponto de

    vista tecnolgico.

    Os problemas ambientais so resolvidos em todos os nveis e em

    todos os campos.

    No tem a preocupao com o uso eficiente de matrias-primas, gua e

    energia.

    Uso eficiente de matrias-primas, gua e energia.

    Leva a custos adicionais. Ajuda a reduzir custos.

    Figura 1 Diferenas entre tecnologias de fim de tubo e Produo Mais Limpa

    Fonte: CNTL (2003)

    A abordagem da Produo Mais Limpa privilegia as solues voltadas para a

    preveno da gerao de resduos e minimizao do consumo de insumos,

    sugerindo que as empresas atuem na fonte geradora, buscando alternativas para o

    desenvolvimento de um processo eco-eficiente, resultando na no gerao dos

    resduos, reduo ou reciclagem interna e externa (CNTL, 2003).

    No entanto, a antiga abordagem, adotada ainda por muitas organizaes,

    segue o rumo contrrio, com a adoo de solues simplistas que acabam,

    geralmente, resultando no aumento dos custos associados ao gerenciamento am-

    biental, uma vez que na maioria das vezes essas indstrias agem ao final do

    processo de produo. A nova abordagem contribui para a soluo de problemas

    ambientais na fonte, isto , na preveno da gerao de resduos, contribuindo de

    forma muito mais efetiva para a soluo do problema ambiental e tambm na

    reduo da aquisio e insumos e consequente economia. Apesar de mais

    complexa, por exigir mudana no processo produtivo e/ou a implementao de

  • 33

    novas tecnologias, ela pode permitir uma reduo permanente dos custos gerais, in-

    corporando os ganhos ambientais, econmicos e de sade ocupacional (CNTL,

    2003).

    2.3.3 Etapas e barreiras na implementao de um programa de Produo Mais

    Limpa na construo civil

    O primeiro passo antes da implementao de um programa de Produo Mais

    Limpa a pr-sensibilizao do pblico alvo (empresrios e gerentes) atravs de

    uma visita tcnica, fazendo a exposio de casos bem sucedidos, ressaltando seus

    benefcios econmicos e ambientais. Alm disso, devem ser tambm salientados, o

    reconhecimento da preveno como etapa anterior s aes de fim-de-tubo, as

    presses do rgo ambiental para o cumprimento dos padres ambientais, o custo

    na aquisio e manuteno de equipamento de fim-de-tubo e outros fatores

    relevantes para que o pblico alvo visualize os benefcios da abordagem de

    Produo Mais Limpa (SENAI, 2007).

    2.3.3.1 Pr-avaliao

    De acordo com Werner (2004), a etapa de pr-avaliao consiste em realizar

    uma breve avaliao das atividades executadas pela empresa atravs da realizao

    de uma visita tcnica, a qual tem como objetivo identificar as possibilidades da

    implantao da Produo Mais Limpa, as alteraes necessrias ao processo, bem

    como o tempo dedicado a ela. Sendo assim, deve-se buscar atender trs objetivos

    bsicos, so eles:

    Definir a amplitude da avaliao: consiste em definir o escopo da avaliao,

    ou seja, se o trabalho ir atender a toda a planta industrial e seus processos

    ou se agir em um especifico previamente selecionados;

    Estabelecer a estratgia a ser adotada para execuo do trabalho de

    implantao: consiste em definir o tempo de aplicao da metodologia e os

    horrios que sero utilizados para capacitao e sensibilizao dos

    funcionrios;

  • 34

    Elaborar o(s) fluxograma(s) de produo: consiste em identificar as etapas

    que compe os servios a serem analisados. Para Souza (1995), fluxograma

    uma representao grfica de todos os passos que integram um

    determinado processo, sob forma sequencial e de modo analtico.

    2.3.3.2 Capacitao e sensibilizao dos profissionais da empresa

    Segundo o CNTL (2000), um dos pontos cruciais da metodologia fundamenta-

    se na elaborao de uma equipe de trabalho ou fora tarefa, tambm denominada

    Ecotime. Esta equipe deve ser capacitada e sensibilizada, de forma a disseminar os

    fundamentos da P+L para os demais funcionrios da empresa. Dependendo do

    porte da empresa e da complexidade da sua planta industrial, deve se buscar um

    Ecotime que cubra todos os setores da empresa. Para microempresas, muitas

    vezes pode ser formado por apenas uma pessoa.

    A sensibilizao do Ecotime deve consistir no reconhecimento da preveno

    como etapa anterior as aes de fim-de-tubo e no entendimento da P+L como

    princpio de melhoria contnua. Deve-se ressaltar tambm os problemas ambientais

    atuais e os impactos ambientais causados pelo setor da construo civil.

    A capacitao do Ecotime consiste na explicitao das etapas que compe a

    implementao da P+L, assim como no atendimento a dvidas que por ventura

    podem vir a surgir durante o decorrer do trabalho em campo.

    2.3.3.3 Elaborao do diagnstico ambiental e de processos

    Segundo Werner (2004), o diagnstico ambiental e de processos a base de

    dados da P+L. Este deve fornecer uma fotografia da real situao da empresa diante

    da sua relao com o meio ambiente.

    De acordo com o CNTL (2000), ele deve permitir reconhecer:

    As principais matrias-primas, auxiliares e insumos utilizados no(s)

    processo(s) produtivo(s), inclusive os toxicologicamente mais importantes

    com respectiva quantidade utilizada e custo de aquisio;

    O volume de produtos produzidos;

  • 35

    Os principais equipamentos utilizados nos processos produtivos;

    As fontes de abastecimento e finalidades do uso de gua, bem como o tipo de

    tratamento utilizado;

    O consumo de energia;

    O consumo de combustveis.

    2.3.3.4 Elaborao dos balanos do processo produtivo

    Arajo (2002), salienta que, o balano ambiental deve ser alimentado com os

    dados obtidos no diagnstico ambiental e de processos, principalmente os que

    dizem respeito s entradas e sadas do processo produtivo. Utiliza-se os

    fluxogramas simplificados realizados na etapa de Pr-Avaliao de forma combinada

    com os dados obtidos no diagnstico. Desta forma, elabora-se o balano ambiental

    atravs da construo de fluxogramas de processo (entrada e sada). Segundo a

    Gazeta Mercantil (2009), o desenvolvimento de fluxogramas para os processos e

    atividades setoriais da empresa fornece as informaes sobre os locais das sadas

    de poluentes de cada atividade ou processo. Considera que, num processo

    industrial, as entradas so constitudas pelas matrias-primas, produtos auxiliares,

    gua e energia. As sadas so os produtos acabados e semiacabados. No entanto,

    sabe-se que os processos industriais apresentam outras sadas que so os

    poluentes gerados, estes merecem a devida ateno.

    O balano ambiental deve responder aos questionamentos de onde vm os

    resduos e verificar o motivo pelo qual eles se transformaram em resduos.

    Com relao ao Balano Econmico, este deve conter os custos referentes ao

    controle dos resduos, ou seja, a soma dos custos de tratamento de efluentes,

    resduos slidos e emisses atmosfricas, dos custos com transporte,

    acondicionamento e disposio final de resduos. Da mesma forma, deve-se levantar

    os custos com perdas de matria-prima. Assim, possvel analisar o real custo do

    resduo, este muitas vezes desconhecido pela prpria empresa (CNTL, 2000).

    Com relao ao Balano Tecnolgico, deve-se verificar o nvel de tecnologia

    adotada pela empresa. Nascimento (2000) descreve que muito importante o

    concurso das Universidades e Centros de Pesquisa Nacionais, pois durante o

  • 36

    trabalho so identificadas demandas tecnolgicas reais, as quais devem alimentar o

    trabalho em campo.

    2.3.3.5 Avaliao do balano elaborado e identificao de oportunidades de P+L

    A avaliao do balano consiste na identificao de oportunidades e/ou

    problemas diagnosticados na elaborao do balano ambiental, econmico e

    tecnolgico do processo produtivo. Estas oportunidades e ou problemas podem

    estar relacionados ao impacto ambiental proporcionado por determinada atividade, a

    problemas de sade e segurana ocupacional dos trabalhadores, a custos

    associados ao controle de resduos (fim-de-tubo), a problemas tecnolgicos, e

    outros.

    As informaes levantadas, at ento, devem permitir a identificao de

    oportunidades de P+L para a soluo dos problemas diagnosticados (possveis

    desperdcios de materiais, procedimentos operacionais inadequados, entre outros).

    Deve determinar, tambm, as interfaces com outras reas ou ambientes da

    empresa, que afetam a rea avaliada.

    Sendo assim, a avaliao consiste em descrever os problemas encontrados,

    as oportunidades de P+L para soluo dos mesmos, a estratgia ou ao a ser

    implementada, bem como as barreiras e necessidades para efetiva aplicao.

    Valle (1995) descreve que deve ser dada especial ateno aos pontos crticos

    dos sistemas que geram maior quantidade de resduos e ao controle dos processos

    produtivos que apresentam desvios em sua eficincia, gerando mais resduos do

    que originalmente estimado.

    2.3.3.6 Priorizao das oportunidades identificadas na avaliao

    Barbieri (2006) prope que a priorizao das oportunidades esteja

    fundamentada na escala de prioridades para preveno de resduos, ou seja, os

    nveis de aplicao da P+L, demonstrados na figura 2.

  • 37

    Figura 2 Nveis de aplicao da Produo Mais Limpa

    Fonte: CNTL (2000)

    Desta forma, deve-se evoluir do nvel 1 para os demais nveis, pois os

    mesmos representam o quo preventivo a ao a ser implementada. Ao analisar a

    alternativa de reduo de resduos na fonte (Nvel 1), percebe-se que existem duas

    opes a serem seguidas, ou seja, a modificao no processo ou a modificao no

    produto.

    Conforme o CNTL (2000), a modificao no processo pode envolver:

    Tcnicas de housekeeping: consiste em limpezas peridicas, uso cuidadoso

    de matrias-primas e com o processo, alteraes no lay-out fsico, ou seja,

    disposio mais adequada de mquinas e equipamentos que permitam

    reduzir os desperdcios, elaborao de manuseio para materiais e recipientes,

    etc. O housekeeping permite, ainda, mudanas nas condies operacionais,

    ou seja, alteraes nas vazes, nas temperaturas, nas presses, nos tempos

  • 38

    de residncia e outros fatores que atendam s prticas de Preveno de

    Resduos;

    Substituio de matrias-primas: consiste na identificao de materiais mais

    resistentes que possam vir a reduzir perdas por manuseio operacional, ou

    ainda, a substituio de materiais txicos por atxicos e no renovveis por

    renovveis.

    Mudanas tecnolgicas: utilizao de equipamentos mais eficientes do ponto

    de vista da otimizao dos recursos utilizados, uso de controles e de

    automao que permitam rastrear perdas ou reduzir o risco de acidentes de

    trabalho, entre outras.

    Quanto s modificaes do produto (nvel 1), o CNTL (2000) prope que se leve

    em considerao as seguintes opes para minimizao de resduos:

    Substituio de produto: essa opo pode envolver o cancelamento de uma

    linha produtiva, no qual o produto acabado apresente problemas ambientais

    significativos, ou ainda, a substituio de um produto com caractersticas

    txicas por outro menos txico;

    Redesenho do produto (ecodesign): consiste em desenvolver uma nova

    concepo do produto que leve em considerao a varivel ambiental como

    fator de reduo de custos e oportunidades de negcios. Envolve uma anlise

    combinada de substituio de materiais txicos por atxicos e no renovveis

    por renovveis, alteraes nas dimenses do produto, aumento da vida til do

    produto, facilidade de reciclagem de seus componentes e otimizao

    produtiva ou de processos.

    Acabadas as opes de reduo de resduos na fonte (nvel 1), deve-se

    buscar alternativas para reciclagem interna (nvel 2). Neste nvel, considera-se que

    os resduos que no podem ser evitados, devem, preferencialmente, ser

    reintegrados ao processo de produo da empresa. A reciclagem interna busca

    fazer com que o resduo possa retornar a cadeia produtiva ou mesmo ser

    reaproveitado por setores administrativos.

    Conforme CNTL (2000), aps analisadas as possibilidades de modificao no

    processo e modificao no produto (nvel 1) e reciclagem interna (nvel 2), deve se

    proceder uma anlise da reutilizao de resduos e emisses fora da empresa, ou

    seja, atravs da reciclagem externa (nvel 3). Deve-se busca adotar medidas

    internas que viabilizem uma reciclagem externa dos resduos, como a segregao

  • 39

    de resduos na fonte. Entende-se que se um resduo no tem valor para mim, pode

    ter valor para outro. Pode ser obtida atravs da reorientao de resduos gerados

    para uso em outros processos, ou recuperao, para venda, de resduos valiosos.

    vlido ressaltar que a priorizao dever ser feita em conjunto com a alta

    gerncia, pois so eles que determinam o planejamento estratgico da empresa,

    assim como a sua disponibilidade financeira e tecnolgica para mudanas nos

    processos produtivos e/ou produtos.

    2.3.3.7 Elaborao do estudo de viabilidade econmica das prioridades

    Conforme CNTL (2000), a elaborao do estudo de viabilidade econmica

    das prioridades baseia-se no fato de que algumas oportunidades de P+L podem

    implicar em investimentos, geralmente devido compra de equipamentos com alto

    grau de inovao tecnolgica. Desta forma, deve-se obrigatoriamente comparar as

    alternativas de P+L, a fim de identificar qual a opo mais vivel do ponto de vista

    econmico. Braga (2002) descreve que os mtodos de avaliao mais difundidos

    para avaliar as propostas de investimento so o Prazo de Retorno.

    Braga (2002), argumenta que o prazo de retorno simples e direto, servindo

    para anlises comparativas rpidas, no entanto, bastante limitado, os outros so

    mais precisos porque consideram o valor do dinheiro no tempo, embora tambm

    apresentem limitaes. No necessrio no entanto a descrio detalhada deste

    processo, uma vez que o departamento financeiro da empresa responsvel por

    esta avaliao.

    2.3.3.8 Estabelecimento de um plano de monitoramento

    O plano de monitoramento consiste em estabelecer os pontos de medio

    para analisar a eficincia do processo produtivo. Conforme CNTL (2000), deve-se

    indicar no fluxograma produtivo os pontos de monitoramento e os parmetros a

    serem monitorados, a fim de que seja possvel manter um controle sobre as

    operaes realizadas na empresa. Tem como objetivo principal assegurar a melhoria

    contnua dos processos e produtos.

  • 40

    Para processos no complexos, geralmente, utiliza-se da ferramenta 5W 1H

    para fins de monitoramento das operaes. Conforme Souza (1995), O 5W 1H

    provm das palavras em ingls what (o que), who (quem), where (onde), when

    (quando), why (por que) e how (como). Desta forma, sabe-se o que ser monitorado,

    quem, onde, quando e por que ir se monitorar determinado processo.

    Para processos complexos, recomenda-se utilizar, de forma combinada, o 5W

    1 H com outras ferramentas. Cabe salientar que o monitoramento pode envolver

    desde uma simples medio de efluentes, at um completo programa para

    realizao de um balano ambiental, tecnolgico e econmico por etapa do

    processo.

    2.3.3.9 Implantao das oportunidades de Produo Mais Limpa priorizadas

    Esta etapa consiste na implantao propriamente dita das oportunidades de

    P+L priorizadas pela alta direo, seu sucesso consiste no atendimento de:

    Discutir com a Equipe de Avaliao, supervisores, gerentes e trabalhadores

    operacionais as opes;

    Executar servios de suporte e antecipar problemas que podero ocorrer;

    Desenhar projeto (s) fceis de acompanhar, para demonstrar resultados

    benficos desejados;

    Prever mecanismos de realimentao, para atualizao de dados, correo

    de erros, preenchimento de falhas;

    Acompanhar e avaliar as novas tecnologias de preveno de resduos.

    2.3.3.10 Definio dos indicadores do processo produtivo

    Nascimento (2000) argumenta que, nessa altura do trabalho, torna-se

    possvel tambm a obteno de uma ferramenta muito importante, os indicadores de

    eficincia dos setores de produo que sero legtimos, naturais e insuspeitos.

    A definio de indicadores serve para avaliar o benefcio econmico,

    ambiental e social decorrente das aes implementadas pela P+L. Devem ser

  • 41

    reavaliados, periodicamente, a fim de verificar possveis desvios de eficincia ou

    falhas produtivas, assim como novas oportunidades de melhoria.

    Segundo CNTL (2000) os indicadores ambientais podem ser absolutos como

    o consumo total de energia eltrica e gua na empresa. Contudo, so os indicadores

    de processo que permitem uma anlise ambiental mais precisa. Estes caracterizam-

    se pelas medies realizadas no cho-de-fbrica e so extremamente importantes

    para identificao de pontos crticos no processo, pois determinam em qual parte do

    processo est havendo maiores perdas ou desperdcios. Esta associao permite a

    alta direo verificar o benefcio econmico da implementao das opes da P+L.

    Enfim, os indicadores so essenciais para assegurar o princpio da melhoria

    contnua, ou seja, uma das premissas do conceito de P+L proposto pela

    (UNEP/UNIDO, 1995).

    2.3.3.11 Documentao dos casos de Produo Mais Limpa

    Conforme o CNTL (2000), a documentao dos casos de P+L deve ser

    realizada a fim de que a alta gerncia tenha em seu poder relatrios, demonstrando

    as opes de P+L implementadas. Diante da situao exposta, sugere-se a

    elaborao de Planos de Continuidade, os quais devem conter as oportunidades de

    P+L identificadas, mas no implementadas, as estratgias ou opes para a soluo

    dos problemas, bem como as possveis barreiras e necessidades.

    2.3.3.12 Barreiras na implementao da P+L

    De acordo Werner (2004), existe uma grande relutncia a prtica de

    Produo Mais Limpa. Os maiores obstculos identificados, ocorrem em funo da

    resistncia mudana, da concepo errnea (falta de informao sobre a tcnica e

    a importncia dada ao ambiente natural), a no existncia de polticas nacionais que

    dem suporte s atividades de Produo Mais Limpa, barreiras econmicas

    (alocao incorreta dos custos ambientais e investimentos) e barreiras tcnicas

    (novas tecnologias) (CEBDS 2002 apud WERNER, 2004).

  • 42

    A verdade que a maioria das organizaes insistem em acreditar que, para

    implementarem a Produo Mais Limpa, teriam que adquirir novas tecnologias,

    quando na realidade, uma parcela significativa da poluio gerada pelas empresas

    poderia ser evitada somente com a melhoria em prticas de operao e mudanas

    simples em processos.

    Segundo Barbieri (2006), as principais barreiras que servem como

    impedimento a adoo de posturas ambientalmente corretas esto ligadas as

    preocupaes econmicas, a falta de informaes e as atitudes tomadas pela alta

    direo.

    A introduo da Produo Mais Limpa no contexto das empresas construtoras

    implica em mudanas, tanto no nvel de processo, como no nvel de produto.

    Portanto, pode-se afirmar que sem o comprometimento dos funcionrios e a

    motivao da empresa em alteraes que visem a melhoria do desempenho

    ambiental praticamente impossvel a implementao deste sistema (ARAJO,

    2002). Ainda neste contexto, Arajo (2002) aponta como principais barreiras na

    implementao da Produo Mais Limpa a resistncia dos funcionrios

    (terceirizados ou no) para realizao das medies em campo; as tentativas por

    parte da empresa em camuflar o desperdcio de insumos nos servios realizados e

    principalmente a questo da inviabilidade de realizao do estudo em todo o

    processo de produo.

    Essas barreiras tendem a minimizar a visualizao da quantidade de

    benefcios trazidos por esta metodologia, tanto no mbito econmico, como tambm

    no social. Os benefcios mais evidentes so a melhoria da competitividade (por meio

    da reduo de custos ou melhoria da eficincia) e a reduo dos encargos

    ambientais causados pela atividade industrial (ARAJO, 2002). Alm disso, verifica-

    se a melhoria da qualidade do produto, bem como das condies de trabalho,

    contribuindo direta e indiretamente para a segurana dos consumidores e dos

    trabalhadores.

    2.3.4 Centro nacional de tecnologias limpas

    A necessidade da busca de solues definitivas para o problema da poluio

    ambiental fez com que a Organizao das Naes Unidas para o Desenvolvimento

  • 43

    Industrial (UNIDO) e o Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente (UNEP),

    criassem um programa voltado para as atividades de preveno de poluio. O

    Programa prev a instalao de vrios Centros em pases em desenvolvimento, os

    quais formaro uma rede de informao em P+L, no caso do Brasil, denominou-se

    Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL) (ARAJO, 2002).

    De acordo com Nascimento (2000), a funo do CNTL irradiar os

    paradigmas da preveno de gerao de resduos por todo o mundo. So ao todo

    20 centros, em 20 pases emergentes. O Centro Nacional de Tecnologias limpas foi

    implantado no Brasil em 1995, no Servio Nacional de Aprendizagem Industrial

    (SENAI), sendo o primeiro da Amrica do Sul.

    Atravs de uma metodologia desenvolvida e apoiada pela UNIDO, o

    CNTL/SENAI-RS oferece aos setores produtivos, alternativas viveis para a

    identificao de tcnicas de P+L (CNTL, 2000).

    Nascimento (2000) descreve que as empresas brasileiras tm se mostrado

    sensveis adoo da prtica da P+L. Aps anos de trabalho, o Centro conseguiu

    avanar significativamente na tarefa de sensibilizar a indstria, sempre no

    entendimento de que muito mais econmico prevenir a gerao de resduos

    impactantes do que posteriormente trat-los.

    O Centro Nacional de Tecnologias Limpas trabalha fundamentalmente com

    quatro linhas de atuao, segundo CNTL (2000), sendo fundamentada na

    disseminao da informao, implantao de programas de Produo Mais Limpa

    nos setores produtivos, capacitao dos profissionais e a atuao em politicas

    ambientais.

  • 44

    3 METODOLOGIA

    Este captulo dedica-se a explicitao do mtodo de pesquisa adotado para a

    realizao deste trabalho. Apresenta tambm a estratgia utilizada, a seleo das

    obras e suas caractersticas, a delimitao da pesquisa, a coleta de dados e a

    descrio das etapas das atividades desenvolvidas para a gerao dos ndices

    estatsticos.

    3.1 ESTRATGIA DA PESQUISA

    A metodologia de pesquisa aplicada ao presente trabalho constitui-se

    inicialmente em uma reviso bibliogrfica, que buscou fundamentar os principais