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10 1 INTRODUÇÃO A contaminação de águas naturais decorrentes de acidentes e vazamentos durante a exploração, transporte e armazenamento de petróleo e derivados tem sido uma preocupação constante em nível mundial. A contaminação de águas naturais por vazamentos em postos de combustíveis vem merecendo cada vez mais atenção tanto da população em geral como dos órgãos estaduais de controle ambiental. A gasolina merece destaque, seja pela quantidade envolvida ou pela periculosidade, verificada pela liberação, ao entrar em contato com água subterrânea, dos compostos BTEX (benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno), que são substâncias depressoras do sistema nervoso central e causadoras de leucemia, ou pela liberação de HPAs (hidrocarbonetos poliaromáticos) em águas superficiais. Em um derramamento de gasolina, uma das principais preocupações é a contaminação de aqüíferos que sejam usados como fonte de abastecimento de água para consumo humano. No Brasil este problema com a gasolina acentua-se, pois a maioria dos tanques de armazenamento de combustível foram construídos na década de 70, e como a vida média destes tanques, estimada em 25 anos, pode-se esperar um aumento na ocorrência de vazamentos nos postos do país (CORSEUIL e MARTINS, 1997).

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1 INTRODUÇÃO

A contaminação de águas naturais decorrentes de acidentes e vazamentos

durante a exploração, transporte e armazenamento de petróleo e derivados tem sido uma

preocupação constante em nível mundial. A contaminação de águas naturais por vazamentos em

postos de combustíveis vem merecendo cada vez mais atenção tanto da população em geral como

dos órgãos estaduais de controle ambiental.

A gasolina merece destaque, seja pela quantidade envolvida ou pela

periculosidade, verificada pela liberação, ao entrar em contato com água subterrânea, dos

compostos BTEX (benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno), que são substâncias depressoras do

sistema nervoso central e causadoras de leucemia, ou pela liberação de HPAs (hidrocarbonetos

poliaromáticos) em águas superficiais.

Em um derramamento de gasolina, uma das principais preocupações é a

contaminação de aqüíferos que sejam usados como fonte de abastecimento de água para consumo

humano.

No Brasil este problema com a gasolina acentua-se, pois a maioria dos tanques

de armazenamento de combustível foram construídos na década de 70, e como a vida média

destes tanques, estimada em 25 anos, pode-se esperar um aumento na ocorrência de vazamentos

nos postos do país (CORSEUIL e MARTINS, 1997).

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Em aquíferos esta contaminação ocorre por solubilidade, enquanto que em

águas superficiais, além da solubilidade, os processos fotoquímicos podem também disponibilizar

estes xenobióticos (GUEDES, 1998).

1.1 Composição e Características da Gasolina Comercial

A gasolina é constituída de uma mistura de hidrocarbonetos voláteis, cujos

componentes principais são cadeias ramificadas de parafinas, cicloparafinas e compostos

aromáticos, incluindo constituintes como benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno, os quais

representam os compostos mais voláteis e móveis encontrados na gasolina.

Tabela 1 – Características dos BTEX.

Nome Peso Molecular Solubilidade em Água

Benzeno 78,11 1780 mg/L

Tolueno 92,10 500mg/L

Etilbenzeno 106,17 150mg/L

Xileno 106,17 170mg/L

Fonte: CETESB, 2000.

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1.2 Influência do Etanol na Solubilidade da Gasolina em Águas Naturais

A solubilidade efetiva em água de um composto orgânico particular presente na

gasolina ou em uma mistura de líquidos de fase não aquosa pode ser estimada conhecendo-se a

solubilidade do composto puro e sua fração na gasolina. Esta solubilidade poderá aumentar se a

esta gasolina forem misturados compostos oxigenados tais como álcoois e éteres (CORSEUIL e

FERNANDES, 1999).

A gasolina comercializada na maioria dos estados brasileiros é uma mistura de

76% de gasolina e 24% de etanol (Decreto Lei nº 2607) (BRASIL 1979; GROSJEAN et al, 1998

apud CORSEUIL e FERNANDES, 1999, p. 02). Deste modo, as interações entre o etanol e os

compostos aromáticos podem causar um comportamento diferente no deslocamento da pluma

(contaminantes) do que aquele observado em países que utilizam gasolina pura. Os três aspectos

principais que podem afetar o comportamento dos hidrocarbonetos aromáticos em sistemas

aquáticos na presença de etanol são (FERNANDES e CORSEUIL, 1996; SANTOS et al, 1996

apud CORSEUIL e MARTINS, 1997):

? A possibilidade do aumento da solubilidade dos compostos

aromáticos em água.

? A possibilidade do aumento da mobilidade dos xenobióticos

dissolvidos nas águas naturais.

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? A possibilidade de que a presença do etanol possa dificultar a

biodegradação natural dos xenobióticos aumentando a persistência destes compostos em

águas naturais.

1.3 Processos para Remoção de Contaminantes Orgânicos em Águas Naturais

Uma grande variedade de processos físico-químicos e biológicos tem sido

utilizados na remoção de contaminantes orgânicos em águas naturais. Processos como

recuperação de produtos livres, bioventilação, extração com solventes, incineração, torres de

aeração, adsorção com carvão ativado, biorreatores, biorremediação no local, etc (WEBER e

CORSEUIL, 1994; CORSEUIL e ALVAREZ, 1996 apud CORSEUIL e MARTINS, 1997, p.

02).

Um outro processo para extração de componentes orgânicos voláteis de águas

é a tecnologia denominada air strippers que consiste em aumentar a área de contato da água

contaminada com o ar, resultando no particionamento dos compostos voláteis presentes na água

contaminada. O princípio do método é a transferência de massa dos contaminantes voláteis da

água para o ar atmosférico (NEGRÃO, 2002).

Dentre as soluções apontadas para o problema de contaminação ambiental,

destacam-se os processos oxidativos avançados (POA), os quais são baseados na geração de

radical hidroxila (?OH) como oxidante. Tanto a catálise homogênea como a heterogênea,

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pertencem à classe dos POAs, e são tecnologias promissoras no tratamento de efluentes

industriais e na descontaminação ambiental (BRAGAGNOLO, 2002).

1.4 Peróxido de Hidrogênio e sua Ação Catalítica

Vários segmentos industriais passaram a empregar H2O2 em substituição a

outros insumos. Extremamente versátil, o peróxido de hidrogênio é utilizado com sucesso como

agente de branqueamento na fabricação de celulose, nas indústrias têxteis, de mineração, de

bebidas e no tratamento e detoxificação de e fluentes.

Peróxido de hidrogênio ou água oxigenada é um agente oxidante que na

concentração de 3 a 6% tem poder desinfetante e esterilizante. Pode ser utilizado para

esterilização de materiais termo-sensíveis. É usado na desinfecção e esterilização de superfícies

planas e sólidas, na esterilização de capilares hemodializadores, na desinfecção de lentes de

contatos, nebulizadores e materiais contaminados pelo HIV, etc.

O peróxido de hidrogênio possui baixa toxicidade uma vez que é degradado

em água e oxigênio. É necessário uma série de cuidados durante o seu uso, como limpeza prévia

do material a ser esterilizado, cuidados de manuseio se o produto for corrosivo, a solução de

H2O2 deve ser utilizada logo após sua preparação e deve ser mantida ao abrigo da luz, não deve

ser usada em materiais de cobre, zinco, alumínio e bronze.

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O peróxido de hidrogênio é um dos mais poderosos oxidantes conhecidos. Sua

força pode ser comparada com a do cloro, dióxido de cloro e permanganato de potássio.

O peróxido de hidrogênio não apresenta nenhum problema com liberação de

gases ou resíduos químicos que estejam associados com outros oxidantes químicos. É

totalmente miscível em água a qualquer concentração. Por ser de fácil ajuste as condições das

reações (pH, temperatura, etc), o H2O2 pode ser usado para fazer a oxidação de um poluente

através de outro, ou para favorecer a oxidação de diferentes produtos a partir de um mesmo

poluente.

As aplicações do peróxido de hidrogênio em remediação ambiental são em

larga extensão: ar, água, resíduos de água, solos, etc; dependendo do objetivo, pode ser usado

sozinho ou em combinação com outros processos para aumentar sua eficiência.

A decomposição do peróxido de hidrogênio gera radicais hidroxila, cujo

mecanismo está representado abaixo :

H2O2 + O2? - OH? + O2 + OH-

H2O2 + h? 2 OH?

H2O2 + e- OH?+ + OH-

Uma grande variedade de compostos químicos tóxicos, como metano e

benzeno, entre outros, são degradados por catálise homogênea com H2O2 e a técnica mostra que,

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além de poder mineralizar uma ampla faixa de compostos orgânicos, elimina a adição de

oxidantes químicos persistentes no ambiente.

1.5 Composição e Propriedades dos Ácidos Húmicos

O ácido húmico é um material orgânico formado pela agregação de pequenas

moléculas presentes no solo, turfas e sedimentos originado de uma mistura de produtos, em

vários estágios de decomposição, resultantes da degradação química e biológica de resíduos

vegetais e animais, e da atividade de síntese dos microrganismos.

O ácido húmico é constituído por dois componentes principais: anéis

aromáticos derivados de lignina e nitrogênio de origem protéica de microrganismos. Além desses

dois componentes, o ácido húmico apresenta grupos carboxílicos em sua estrutura, a qual é

formada por cerca de 58% em carbono. A estrutura proposta para os ácidos húmicos está

representada na figura 1.

As substâncias húmicas representam a principal forma de matéria orgânica

(MO) distribuída no planeta. Elas são encontradas não apenas em solos mas também em águas

naturais, turfas, pântanos, sedimentos aquáticos e marinhos.

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Figura 1 – Estrutura proposta para os ácidos húmicos (adaptada de Schulten, 1995).

Os dados da composição elementar dos ácidos húmicos são importantes na

predição da influência destes no ambiente. Por exemplo, ácidos húmicos com maiores teores de

oxigênio possuem maiores concentrações de grupos funcionais, tornando-os mais hidrofílicos e

diminuindo o acúmulo de compostos orgânicos não iônicos. Entretanto, a maior concentração de

grupos oxigenados torna os ácidos húmicos com características mais ácidas, favorecendo a

complexação com espécies metálicas (STEVENSON, 1982b; AIKEN et al., 1985 apud ROCHA

e ROSA, 2003). A composição elementar dos ácidos húmicos extraídos de águas e solos está

representada na tabela 2.

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Tabela 2 – Composição elementar de ácidos húmicos extraídos de águas e solos.

Composição elementar (%) Ácido Húmico C H O N S

Solo 53,8 – 58,7 3,2 – 6,2 32,8 – 38,3 0,8 – 4,3 0,1 – 1,5

Água 54,99 4,84 33,64 2,24 1,51

Fonte: ROCHA, 2003.

A tabela 3 mostra a variação do conteúdo de grupos oxigenados presentes nos

ácidos húmicos extraídos de diferentes tipos de solo. As variações observadas podem ser

explicadas pelas diferentes condições ambientais as quais influenciam no processo de

decomposição da matéria orgânica e na formação do material húmico.

Tabela 3 – Conteúdo de grupos oxigenados (meq/kg) de ácidos húmicos extraídos de diferentes tipos de solo .

Solo Grupo

funcional Ácido Neutro Subtropical Tropical

Ácidos Húmicos

Acidez total 57 - 89 62 - 66 63 - 77 62 – 75

COOH 15 - 57 39 - 45 42 - 52 38 – 45

OH ácido 32 - 57 21 - 25 21 - 25 22 – 30

OH alcoólico 27 - 35 24 - 32 29 2 – 16

Cetona 1 - 18 45 - 56 8 - 15 3 – 14

OCH3 4 3 3 - 5 6 - 8

Fonte: ROCHA, 2003.

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1.6 Contaminação Ambiental por Derivados de Petróleo

Os hidrocarbonetos que constituem os combustíveis como óleo diesel e

gasolina, são compostos de baixa densidade e a maioria consiste de uma fase não solúvel em

água. Normalmente, um vazamento de combustível em um tanque de abastecimento promove

diferentes fases de contaminação. Diante das evidências obtidas em trabalhos realizados no Brasil

e apoiados com relativo consenso no meio técnico (KIERCHHEIM et al, 1998), propôs-se a

designação de cinco fases da contaminação que tipicamente manifestam-se nos vazamentos em

tanques de combustível, rompimento de dutos e outros (COSTA et al, 1999).

1.6.1 Fase Adsorvida

Constitui no halo de dispersão entre a fonte e o nível freático e caracteriza-se

por uma fina película de hidrocarbonetos envolvendo grumos de solo ou descontinuidades

existentes na rocha, sendo mais importante para os produtos mais viscosos como o diesel.

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1.6.2 Fase Livre

Constitui de um véu não miscível sobre o topo do freático livre e que pode ser

mais espesso em casos onde o sistema freático é pouco dinâmico (várzeas).

1.6.3 Fase Dissolvida

Constitui em contaminações por dissolução de aditivos polares e por uma

fração emulsionada de hidrocarbonetos que possui maior mobilidade e dissipa-se abaixo do nível

freático livre, sendo mais importante para fluidos menos viscosos como a gasolina.

1.6.4 Fase Vaporizada

Constitui uma fase gasosa dos componentes voláteis dos combustíveis e que

ocupa vazios do solo ou rocha, sendo mais importante para os hidrocarbonetos de menor ponto de

vaporização, como aqueles que compõe a gasolina.

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1.6.5 Fase Condensada

Aparece mais tipicamente em áreas urbanas onde a pavimentação do solo é

intensa e pouco permeáveis, caracterizando-se pela acumulação de produtos condensados sob os

pavimentos.

1.7 Remediação de Áreas Contaminadas por Petróleo e Derivados

1.7.1 Tratamento Ultrassônico

O tratamento ultrassônico tem-se mostrado um método efetivo na remediação

de solos contaminados com hidrocarbonetos. A indução da dessorção ultrassônica dos

contaminantes está baseada no método de separação física (ALDRICH et al, 2000).

1.7.2 Fito-remediação

É um método utilizado para limpar uma área de contaminação moderada e

superficial, sendo baseado na excitação de microorganismos rizosphere por raízes de plantas.

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Tolerância das plantas à contaminação é um critério básico para o sucesso da fito-remediação. A

degradação pode ser acelerada por inoculação com microorganismos apropriados que são capazes

de degradar os poluentes (SESSITSCH et al, 2002).

1.7.3 Remediação Intrínseca

Remediação intrínseca (também conhecida como atenuação natural ou

remediação passiva) é a ocorrência da diminuição natural por processos biológicos

(biodegradação aeróbica e anaeróbica), processos físicos (dispersão, difusão, diluição por recarga

e volatilização) e processos químicos (absorção química e reações abióticas), os quais reduzem a

concentração total de um contaminante dissolvido em água natural (CURTIS et al, 1998).

1.7.4 Foto-remediação

Alguns hidrocarbonetos não são degradados nos tratamentos biológicos

convencionais, pois os microorganismos utilizam fontes de carbono mais disponíveis e de mais

fácil metabolização nos tempos de retenção usualmente empregados nos processos biológicos.

Sendo o Brasil um país tropical, onde ocorrem altos índices de insolação, a degradação

fotoquímica de um óleo é, sem dúvida, uma ferramenta útil no processo de redução ou eliminação

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de contaminantes que podem permanecer por longo período no ambiente (NICODEM et al,

1997).

Compostos aromáticos são, por natureza, mais sensíveis à fotooxidação do que

algumas classes de compostos orgânicos (NICODEM et al, 1998). A posição e a quantidade de

substituintes no anel aromático influenciam no processo de degradação.

Trabalhos recentes confirmam que transformações fotoquímicas são

importantes no intemperismo de poluentes orgânicos (GUEDES et al, 2003). Dentre esses

estudos alguns mecanismos são apontados para a fotodegradação de poliaromáticos (GUEDES,

1998).

Basicamente, quatro processos explicam o intemperismo fotoquímico que pode

ocorrer com compostos orgânicos:

O primeiro, refere-se a transferência de energia de estados eletronicamente

excitados (usualmente triplete) de compostos aromáticos e polares para oxigênio molecular

gerando oxigênio singlete (GORMAN, 1992). Substâncias húmicas aquáticas (MILLER,1983)

quando expostas à luz solar agem como sensibilizadores ou precursores para a produção de

fotorreagentes tais como oxigênio singlete, radicais livres e outras espécies (HOIGNÉ et al,

1987).

Ocorre uma segunda possibilidade, que é a fotodimerização de certos

hidrocarbonetos poliaromáticos, alguns desses, capazes de participar das reações com oxigênio

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singlete. A fotodimerização de antraceno (BOUAS-LAURENT et al, 1980) foi estudada como

exemplo desta reação com outros hidrocarbonetos poliaromáticos, como, fenantrenos,

benzantracenos e naftaleno.

O terceiro, e grande processo para explicar o intemperismo fotoquímico de

poluentes orgânicos é aquele que envolve radicais. Radicais livres induzindo auto-oxidação têm

sido propostos para explicar o surgimento de alguns fotoprodutos (RONTANI & GIRAL, 1990;

WAGNER & PARK, 1991; WAN & JENKS, 1995).

Uma quarta possibilidade envolve transferência de elétrons iniciando

oxigenações. É possível que em um filme fino sobre água, reações fotoquímicas ocorram na

interface; e que na presença da água, transferência de elétron pode gerar cátion radical e ânion

radical, os quais podem então iniciar oxigenações via radical livre (RONTANI, 1991). A

interface água-hidrocarboneto pode ser importante para transformações fotoquímicas e processos

que geram intermediários polares.

Ehrhardt e colaboradores, em 1992, concluíram que processos fotoquímicos

podem ser tão importantes quanto processos biológicos para degradação de hidrocarbonetos em

águas tropicais.

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1.7.5 Foto-oxigenação Sensibilizada e Oxigênio Molecular Singlete

A foto-oxidação sensibilizada é um mecanismo bastante simples para

introdução de oxigênio de uma maneira altamente específica. A oxigenação de dienos cíclicos,

compostos aromáticos policíclicos e alguns heterocíclicos originam peróxidos cíclicos. A reação

pode ser distinguida da oxidação via radical por ser iniciada através de sensibilizadores, por

ocorrer com abstração de hidrogênio e por originar hidroperóxidos alílicos. A pronta redução de

hidroperóxidos para álcoois aumenta a vantagem sintética destas foto-oxigenações.

Somente a luz absorvida por um sensibilizador pode promover foto-oxidações

e, devido ao fato dos estados excitados singlete da maioria dos sensibilizadores serem de vida

curta para interagir eficientemente com outras espécies, os estados tripletes são usualmente

necessários na transferência de energia para o oxigênio.

O sensibilizador (sens) no estado fundamental pode absorver luz e originar um

singlete excitado (Eq. 1), seguindo para o estado triplete através de um cruzamento intersistemas

(Eq. 2). O sensibilizador no estado triplete pode transferir energia para o oxigênio no estado

fundamental triplete, originando o que pode ser chamado de “espécie ativa para oxigenação” (Eq.

3) (GUEDES, 1989).

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Sens 1Sens (Eq. 1)

1Sens 3Sens (Eq. 2)

3Sens + 3O2 “espécies ativas para oxigenação” (Eq. 3)

A identificação de espécies ativas na foto-oxigenação foi objeto de controvérsia

há alguns anos. Vários mecanismos foram propostos para explicar essas espécies. Porém, o

oxigênio no estado excitado (singlete), como espécie ativa para foto-oxigenação sensib ilizada, foi

alvo de maior atenção.

O mecanismo envolvendo oxigênio singlete como espécie ativa foi

originalmente proposto por Kautsky. Nesse mecanismo a energia é transferida do sensibilizador

triplete para o oxigênio, originando singlete excitado para o oxigênio molecular (Eq. 4).

3Sens + 3O2 Sens + 1O2 (Eq. 4)

O oxigênio singlete reage então com o aceptor (A) originando o peróxido

(AO2) (Eq. 5).

3O2 + A AO2 (Eq. 5).

h?

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Em uma foto-oxigenação sensibilizada, a transferência de energia do

sensibilizador triplete para o oxigênio molecular triplete originando oxigênio singlete é um

processo permitido. O estado de mais baixa energia para o oxigênio é mostrado abaixo, com a

distribuição de elétrons em orbitais ocupados (degenerados) de maior energia (tabela 4).

Tabela 4 – Mecanismo de geração de oxigênio singlete.

Estado do oxigênio

molecular

Orbitais ocupados de mais

alta energia

Energia acima do estado

fundamental

Segundo estado excitado 37 Kcal

Primeiro estado excitado 22 Kcal

Estado fundamental

Fonte: GUEDES, 1989.

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2 OBJETIVO

O objetivo deste trabalho foi investigar a contribuição da fotocatálise

homogênea com peróxido de hidrogênio e fotossensibilização com ácido húmico durante

degradação de BTEX e HPAs de gasolina comercial em águas naturais.

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3 PARTE EXPERIMENTAL

3.1 Equipamentos

- Espectrofluorímetro ? Shimadzu RF-5301PC;

- Cromatógrafo gasoso/espectrômetro de massas ? Shimadzu QP5000;

- Espectrofotômetro UV-Vis ? Genesys 2.

3.2 Materiais

- Filme plástico;

- Spray preto fosco;

- Placa de Petri (Pyrex);

- Funil de separação;

- Pipeta graduada;

- Pipeta volumétrica;

- Funil de vidro;

- Proveta;

- Frasco âmbar;

- Papel alumínio;

- Papel filtro;

- Balão volumétrico;

- Becker;

- Seringa;

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- Copo de vidro;

- Suporte e garra;

- Cubeta de quartzo;

- Bacia de vidro (Pyrex).

3.3 Reagentes e Solventes

A gasolina comercial utilizada neste estudo foi fornecida pela

DISTRIBUIDORA IPIRANGA.

Peróxido de Hidrogênio (concentração >= 60%) adquirido da Degussa foi

utilizado sem qualquer tratamento.

O ácido húmico (50-60%) foi adquirido da Acros Organics e utilizado sem

qualquer tratamento.

A água destilada utilizada foi fornecida pelo laboratór io de Moléculas

Bioativas do Departamento de Química da UEL.

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3.4 Metodologia

3.4.1 Contaminação de Água Subterrânea e Superficial com Gasolina

3.4.1.a Preparo de Amostras

Filmes de gasolina comercial, foram preparados com 100mL do produto

disperso sobre 400mL de água, em dois recipientes com capacidade para 1,3 litros, tampados com

vidro Pyrex? . Um dos conjuntos, recipiente com tampa, foi pintado de preto e a tampa revestida

com papel alumínio, para simular contaminação de gasolina em água subterrânea. O outro

conjunto foi representativo da contaminação de gasolina em água superficial, ou seja, sob ação de

luz solar. Primeiramente, com o auxílio de uma proveta, colocou-se água destilada seguida da

adição de gasolina na bacia de vidro. A gasolina foi aplicada no centro de cada recipiente,

aproximadamente 1 cm de altura da superfície aquosa.

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3.4.1.b Exposição das Amostras

Os filmes de gasolina comercial sobre água destilada foram expostos ao

ambiente em dias de céu claro, no período entre 10:00 e 16:00h (horário de verão), no mês de

novembro de 2002. As amostras foram expostas num total de 12 horas no pátio do Departamento

de Química da UEL. Durante os intervalos de exposição, estocou-se as amostras no escuro sob

refrigeração a ? 10ºC.

3.4.1.c Extração do Filme

Após 12 horas de exposição as amostras foram transferidas para funis de

separação com auxílio de funil para sólidos. Esperou-se 1h para a separação da fase orgânica e

aquosa. A gasolina foi retirada e a fase aquosa foi completada ao volume inicial e filtrada em

papel filtro. Ambas as fases foram guardadas em geladeira a ? 10ºC sob abrigo da luz

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3.4.2 Remediação de Água Contaminada Utilizando Agente Oxidante

3.4.2.a Adição de Peróxido de Hidrogênio

Água superficial (50mL) e sub terrânea (50mL) contaminadas com gasolina

foram irradiadas ao Sol ou mantidas no escuro em recipientes com capacidade para 250 mL e

adição de Peróxido de Hidrogênio (Degussa? ). A adição de H2O2 foi feita no tempo zero, 15 e 30

minutos, somando um volume to tal de 1,5 mL.

3.4.2.b Exposição das Amostras com Peróxido de Hidrogênio

A água contaminada com gasolina e contendo peróxido de hidrogênio foi

irradiada ao Sol ou mantida no escuro, durante 35 minutos no pátio do Departamento de Química

da UEL, no período entre 10:00 e 16:00h.

Alíquotas de 3mL foram retiradas da amostra irradiada e não irradiada com

auxílio de uma seringa, nos intervalos de 5, 10, 20, 25 e 35 minutos.

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34

3.4.3 Remediação de Água Contaminada Utilizando Sensibilizador

3.4.3.a Adição de Ácido Húmico

Água superficial (20mL) e subterrânea (20mL) contaminadas com gasolina

foram manipuladas inicialmente no escuro em recipientes com capacidade para 250 mL. A adição

de 0,001g do ácido húmico foi feita no tempo zero, 15 e 30 minutos de exposição das amostras,

totalizando 0,003 g do fotossensibilizador.

3.4.3.b Exposição das Amostras com Ácido Húmico

As águas contaminadas com gasolina e adição de ácido húmico foram expostas

à luz solar e luz ambiente por um período de 35 minutos.

Alíquotas de 3mL foram retiradas para análise, com auxílio de uma seringa, em

intervalos de 5, 10, 20, 25 e 35 minutos de exposição das amostras.

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35

3.4.4 Análise de Água Contaminada por Espectroscopia de Fluorescência

Espectros de fluorescência synchronous com excitação iniciando em 230nm e

emissão na faixa de 250 a 750nm foram obtidos, utilizando-se como recipiente de amostra uma

cubeta de quartzo. A análise foi realizada com sincronismo de 20nm entre os monocromadores de

excitação e emissão com band pass (fenda) de 1,5.

Águas contaminadas com gasolina, contendo H2O2 ou ácido húmico, expostas à

luz solar ou luz ambiente foram analisadas por fluorescência.

3.4.5 Análise da Gasolina Comercial

3.4.5.a Análise por Cromatografia em Fase Gasosa Acoplada à Espectrometria de Massa

(CG-EM)

Na análise da gasolina comercial por cromatografia gasosa foi utilizada coluna

capilar DB1 com 30 m de comprimento e 0,25 mm de diâmetro interno, fase estacionária com

espessura de 0,25 ? m, usando hélio como gás de arraste na vazão de 1,8 mL/min.

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36

A injeção da amostra de gasolina ocorreu à temperatura de 250ºC. A

temperatura inicial da coluna foi de 40ºC durante 4 minutos, com programação de 10ºC/min até

250ºC (durante 5 minutos) e 15ºC/min até 320ºC (durante 3,5 minutos), mantendo essa

temperatura final por 10 minutos. O tempo total de análise correspondem a aproximadamente 37

minutos. A faixa de massa detectada foi entre 45 e 550 com intervalo de varredura de 0,5 s. A

sensibilidade de ganho do detector foi 2,0 kV.

A gasolina comercializada na região de Londrina foi diluída em diclorometano

e injetado na concentração de 1:100 (v/v).

3.4.5.b Análise por Espectroscopia de Absorção no UV-Visível

Espectro de absorção da gasolina comercial foi obtido utilizando-se um

espectrofotômetro UV-Vis. A fase orgânica foi analisada de 220 a 420nm na diluição de 1:1000

(v/v) em diclorometano. Foi utilizada cubeta de quartzo para análise da amostra.

3.4.5.c Análise por Espectroscopia de Fluorescência

Foi registrado o espectro de fluorescênc ia da gasolina comercial com excitação

iniciando em 230nm e emissão na faixa de 250 a 750nm, utilizando-se como recipiente de

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37

amostra uma cubeta de quartzo. A análise foi realizada com sincronismo de 20 nm entre os

monocromadores de excitação e emissão (synchronous) e band pass (fenda) de 1,5.

A gasolina comercial foi diluída em diclorometano na concentração de 1:20

(v/v).

3.4.6 Análise da Gasolina após Exposição e Extração

3.4.6.a Análise por Absorção no UV-Visível

Espectros de absorção da gasolina sob intemperismo foram obtidos utilizando-

se um espectrofotômetro UV-Vis. A fase orgânica foi analisada de 220 a 420nm na diluição de

1:1000 (v/v) em diclorometano. As amostras foram analisadas em cubeta de quartzo.

3.4.6.b Análise por Fluorescência

Foram registrados espectros de fluorescência da gasolina irradiada e não

irradiada, com excitação iniciando em 230nm e emissão na faixa de 250 a 750nm, utilizando-se

como recipiente de amostra uma cubeta de quartzo. As análises foram realizadas com

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sincronismo de 20 nm entre os monocromadores de excitação e emissão (synchronous) e band

pass (fenda) de 1,5.

A fase orgânica foi diluída em diclorometano na concentração de 1:20 (v/v).

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39

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Considerações Gerais

A irradiação do filme de gasolina sobre águas superficiais, em condições

naturais e exclusão de processos biológicos, levou à incorporação de fotoprodutos derivados de

HPAs a água. Enquanto, a contaminação de águas subterrâneas com gasolina levou à

incorporação de hidrocarbonetos monoaromáticos (BTEX) a água devido à solubilização.

0

5

10

15

20

25

30

250 300 350 400 450 500 550 600 650comprimento de onda (nm)

inte

nsidad

e re

lativa água subterrânea contaminada

água superficial contaminada

Figura 2 – Espectros de fluorescência de BTEX (azul) e HPAs (rosa) em águas contaminadas.

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40

Recipientes de vidro Pyrex? aqui utilizados para irradiação da gasolina em fase

aquosa, são de uso comum nos experimentos envolvendo amostras com considerável absorção no

ultravioleta próximo e visível do espectro solar .

A mistura água-gasolina foi exposta em dias de céu claro, em intervalos que o

Sol atinge altura máxima em relação à Terra, otimizando o efeito da radiação solar sobre as

amostras.

Quando feita a adição de gasolina sobre a água destilada, tomou-se o cuidado

para que a gasolina não entrasse em contato com as paredes do recipiente de irradiação, de modo

a obter um filme homogêneo.

As amostras foram estocadas à baixa temperatura para que não ocorresse

qualquer alteração durante armazenagem, por ocasião de tempo nublado, intervalo de irradiação

ou análises.

A amostra denominada “não irradiada” teve a tampa do recipiente pintada com

tinta preta e revestida com papel alumínio para evitar o efeito da luz solar, de modo a retratar

somente o efeito térmico.

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4.2 Análise da Gasolina Comercial por Cromatografia Gasosa Acoplada à Espectrometria de Massa

Figura 3 – Cromatograma da gasolina comercial.

Na figura 3 aparece o cromatograma da gasolina comercial. Os picos são

identificados com números em função do tempo de retenção, mostrados na tabela 5.

Na tabela 6 encontra-se a identificação de todos os componentes da gasolina

comercial detectados por espectrometria de massa.

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Tabela 5 – Dados referentes ao cromatograma da gasolina comercial.

Pico Tempo de retenção (min.) 1 4,196 2 4,890 3 5,024 4 5,363 5 5,588 6 6,059 7 6,125 8 6,745 9 7,550

10 7,781 11 7,833 12 7,957 13 8,145 14 8,467 15 8,958 16 9,009 17 9,205 18 9,798 19 9,969 20 10,142 21 10,225 22 10,280 23 10,854 24 10,917 25 11,183 26 11,345 27 11,839 28 13,686 29 13,887

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Tabela 6 – Identificação dos componentes da gasolina comercial por CG-EM.

Pico Descrição Fórmula Molecular 1 decano (trimetil, etil) C9H20, C8H18

2, 3 ciclohexano (isopropil, trimetil e etil) C9H18, C8H16 4, 5, 7 benzeno (dimetil, etil) C8H10

6 undecano (metil) e pentanol (etil, metil) C12H24, C8H18O

8 Éteres C13H28O 9 álcoois alifáticos C9H18O

10, 11, 12, 13, 14, 16 benzeno (trimetil, etil e metil) C9H12 15 Decano C10H22 17 benzeno (propenil, etenil e metil) C9H10

18, 20, 22, 23, 24 benzeno (terc-butil, tetrametil, isopropil, etil e dimetil) C10H14

19 álcool, aldeído, cetona e nitrila em norborneno

C9H10O, C9H10O3, C8H10O, C 8H9N

21, 25, 26 benzeno (butenil, propenil, etenil, metil)

C10H12

27 naftaleno C10H8 28, 29 naftaleno (metil) C11H10

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4.3 Análise da Fase Orgânica por Absorção Eletrônica (UV-VIS)

Na figura 4, os espectros no UV-Visível da gasolina comercial (produto puro)

mostram um aumento na absorvância da gasolina irradiada e não irradiada. O aumento na

absorvância é devido à perda dos componentes mais voláteis da gasolina, ocorrendo uma

concentração da fração não volátil durante a exposição das amostras.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

220 270 320 370 420comprimento de onda

abso

rvân

cia

gasolina comercial

gasolina comercial irradiada

gasolina comercial não irradiada

Figura 4 – Espectros de absorção no UV-Vis da gasolina comercial, gasolina irradiada e não irradiada.

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4.4 Análise da Fase Orgânica por Espectroscopia de Fluorescência

Na figura 5, o espectro da gasolina comercial (azul) é definido através de dois

picos. Apresenta um pico intenso centrado em 350nm, o qual é correspondente a derivados de

benzeno tais como benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno, enquanto que o pico centrado em

400nm corresponde aos derivados di-aromáticos e outros sistemas aromáticos.

Nos espectros da gasolina não irradiada (amarelo) e irradiada (rosa) é

observado uma intensa redução na intensidade de fluorescência de todos os aromáticos. A

eliminação ou redução significativa de BTEX e outros aromáticos em fase orgânica é devido ao

efeito térmico (volatilização) e efeito fotoquímico. Na gasolina irradiada a redução na

fluorescência é ligeiramente mais acentuada, pois além do efeito térmico estão ocorrendo

processos fotoquímicos.

0102030405060708090

100

250 350 450 550 650 750comprimento de onda

inte

nsidad

e re

lativa

gasolina comercial

gasolina comercial irradiada

gasolina comercial não irradiada

Figura 5 – Espectros da gasolina comercial, gasolina comercial irradiada e gasolina comercial não irradiada.

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4.5 Análise da Fase Aquosa por Espectroscopia de Fluorescência

4.5.1 Efeito do Peróxido de Hidrogênio em Águas Contaminadas com Gasolina

A figura 6, mostra espectros de fluorescência da água subterrânea contaminada

com gasolina ( BTEX) e o efeito da adição do peróxido de hidrogênio na presença de luz solar.

0

5

10

15

20

25

30

250 350 450 550 650comprimento de onda (nm)

inte

nsidad

e re

lativa branco

5 min.10 min.20 min.25 min.35 min.

A degradação dos hidrocarbonetos monoaromáticos na presença de H2O2 foi

demonstrada através da redução de fluorescência. A ação de H2O2 sobre BTEX em águas

Figura 6 – Espectros de fluorescência da água subterrânea contaminada com gasolina (BTEX) e adição de H2O2 na presença de luz solar.

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subterrâneas, durante 35 minutos, reduziu a fluorescência destes aromáticos. Na presença de luz

solar a fluorescência de benzeno e derivados foi reduzida em 79% e na ausência em 75,5%.

A ação oxidante de H2O2 sobre BTEX em águas subterrâneas contaminadas

com gasolina na presença de luz solar, observada na figura 7, foi monitorada através do

comprimento de onda máximo de fluorescência a 305 nm. A ação da luz solar praticamente não

interfere no mecanismo da degradação de benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos durante a

oxidação destes aromáticos. A catálise homogênea ocorre preferencialmente via radical OH? e

contribui de forma significativa para a remoção de xenobióticos do ambiente.

0

5

10

15

20

25

30

35

0 10 20 30 40

tempo de exposição (minutos)

inte

nsidad

e re

lativa

ausência de luz (escuro)presença de luz solar

Figura 7 – Intensidade de fluorescência a 305nm durante exposição ao Sol de água subterrânea contaminada com gasolina (BTEX) e adição de H2O2 .

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Na figura 8, os espectros de fluorescência dos HPAs em águas superficiais

contaminadas com gasolina mostram a degradação destes contaminantes, na presença de luz solar

e H2O2, demonstrada pela redução na fluorescência. A catálise homogênea com incidência de luz

solar foi monitorada durante 35 minutos. Observou-se redução de 65% na fluorescência de

derivados poliaromáticos da gasolina, enquanto na ausência de luz houve redução de somente

28%.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

250 350 450 550 650comprimento de onda (nm)

inte

nsid

ade

relativa branco

5 min10 min.20 min.25 min.35 min.

A ação oxidante de H2O2 sobre HPAs em águas superficiais contaminadas com

gasolina na presença de luz solar, mostrada na figura 9, foi monitorada através do comprimento

de onda máximo de fluorescência a 376 nm. A espécie reativa OH? é predominante em reações

envolvendo H2O2, enquanto a luz solar favorece reações via oxigênio singlete. Neste caso, os

Figura 8 – Espectros de fluorescência da água superficial contaminada com gasolina (HPAs) e adição de H2O2 na presença de luz solar.

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efeitos se somam e a ação da luz acelera a degradação de HPAs em águas superficiais

contaminadas com gasolina.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

0 10 20 30 40tempo de exposição (minutos)

inte

nsid

ade

relativa

ausencia de luz (escuro)

presença de luz solar

4.5.2 Efeito do Ácido Húmico em Águas Contaminadas com Gasolina

Na figura 10, os espectros de fluorescência dos HPAs em águas superficiais

contaminadas com gasolina na presença de luz solar, mostram a degradação destes

contaminantes, na presença de ácido húmico, representada pela redução na fluorescência. A ação

da luz solar e ácido húmico sobre HPAs durante 35 minutos reduziu em aproximadamente 60%

da fluorescência destes derivados aromáticos da gasolina.

Figura 9 – Intensidade de fluorescência a 376nm durante exposição ao Sol de água superficial contaminada com gasolina (HPAs) e adição de H2O2.

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50

Foi realizado um outro experimento com águas superficiais contaminadas sob

ação de luz ambiente, onde observou-se que a redução na fluorescência de HPAs foi semelhante

aquela ocorrida na presença de luz solar.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

250 350 450 550 650 750comprimento de onda

inte

nsidad

e re

lativa branco

5 min.

10 min.

20 min.

25 min.

35 min.

Na figura 11, é observada a degradação dos hidrocarbonetos monoaromáticos

(BTEX) em águas subterrâneas contaminadas com gasolina e adição de ácido húmico, através da

redução de fluorescência. A ação de ácido húmico sobre BTEX em águas subterrâneas,

monitorada durante 35 minutos, reduziu a fluorescência destes aromáticos. A redução de

fluorescência da fração correspondente a benzeno e derivados foi de 85% quando submetida a luz

solar.

Figura 10 – Espectro de fluorescência da água superficial contaminada com gasolina (HPAs) e adição de ácido húmico sob efeito de luz solar.

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Neste caso, um outro experimento foi também realizado com águas

subterrâneas contaminadas com gasolina sob ação de luz ambiente e ácido húmico, onde

observou-se que a redução na fluorescência de BTEX foi semelhante aquela ocorrida na

presença da luz solar.

0

10

20

30

40

50

60

70

250 350 450 550 650 750comprimento de onda

inte

nsid

ade

relativa branco

5 min.

10 min.

20 min.

25 min.

35 min.

Foram realizados testes de irradiação e análise por fluorescência com o

propósito de otimizar a concentração ideal de ácido húmico. O fotossensibilizador deveria estar

suficientemente concentrado para absorver luz no UV próximo e visível, e assim, sensibilizar o

oxigênio do ar, acelerando o processo de fotodegradação dos aromáticos em fase aquosa. Por

outro lado, deveria ser utilizada concentração mais baixa possível para que não houvesse

interferência do sensibilizador durante a análise por fluorescência, tendo em vista que o ácido

húmico em solução aquosa não pode ser removido através de simples filtração.

Figura 11 – Espectro de fluorescência da água subterrânea (luz solar) contaminada com gasolina (BTEX) e adição de ácido húmico.

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A remoção de aromáticos, principalmente de BTEX, da fase aquosa pode estar

ocorrendo por interação destes componentes da gasolina com a estrutura molecular do ácido

húmico, independente da ação desse sensibilizador, que a princípio deveria favorecer a

degradação de HPAs via foto-oxigenação.

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5 CONCLUSÃO

A contaminação de águas subterrâneas com gasolina ocorrem principalmente

através da solubilização de BTEX, enquanto, na contaminação de águas superficiais destacaram-

se os HPAs.

A ação do peróxido de hidrogênio sobre BTEX, encontrados em água

subterrânea contaminada com gasolina, foi independente da ação de luz solar.

O efeito da luz solar acelerou a degradação oxidativa de HPAs presentes em

águas superficiais contaminadas com gasolina na presença de H2O2.

A redução na fluorescência de BTEX e HPAs também pode ter ocorrido devido

a uma gradual adsorção destes xenobióticos à estrutura molecular do ácido húmico, e assim,

tornaram-se menos disponíveis em solução aquosa durante as análises por fluorescência.

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