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oUNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOASINSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS – ICS
BRENO MATIAS DE ALBUQUERQUE
SHOPPING CENTER: O TEMPLO DA MERCADORIA E DO
LAZER SOB A RACIONALIDADE DO CAPITAL
Maceió
1
2010
BRENO MATIAS DE ALBUQUERQUE
SHOPPING CENTER: O TEMPLO DA MERCADORIA E DO
LAZER SOB A RACIONALIDADE DO CAPITAL
Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título de Bacharel/Licenciado pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Alagoas.
Orientadora: Profa. Dra. Alice Anabuki Plancherel.
MACEIÓ 2
2010
Breno Matias de AlbuquerqueShopping Center: O Templo da Mercadoria e do Lazer Sob a Racionalidade do Capital
Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título de Bacharel/Licenciado pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Alagoas.
Aprovada em:
Orientador
Profa. Dra. Alice Anabuki Plancherel.
Instituição : UFAL __ASSINATURA:__________________________
Banca Examinadora
Prof. Ms. Sérgio Ricardo
Instituição :___________ ASSINATURA:________________________
Prof. Ms. Cícero Albuquerque
Instituição:____________ASSINATURA:________________________
3
AGRADECIMENTOS
A professora Dra. Alice Anabuki Plancherel por estar sempre prestativa em todos os momentos e em sintonia com meus anseios teóricos. Aos colegas do Curso de Ciências Sociais, em especial ao Leandro Alexandre, e a todos os professores do departamento que nas aulas me fizeram ter inspirações críticas sobre todos os principais temas das Ciências Sociais discutidos na atualidade.
4
DEDICATÓRIA
Aos familiares e amigos, pelo incentivo em todas as horas e especialmente a minha mãe Elivonete, minha irmã Taiara, meu pai Geraldo pela força e estímulo que sempre nos ofereceram, dedicamos-lhes esta conquista como gratidão.
5
“A mente é mesmo a segunda África do mundo”
6
Edgar Morin
RESUMO
O Shopping Center é um excelente indicador social, na medida em que reflete as
contradições sociais, os conflitos de classe, o nível de desenvolvimento socioeconômico de
um município, estado ou pais onde ele está implantado. O Brasil atualmente passa por um
profundo desenvolvimento econômico e social, realizando um resgate das camadas menos
favorecidas, preparando-as para o consumo de supérfluos que antes nunca havíamos visto. O
Shopping Center está a cada dia preparado para absorver as massas consumidoras emergentes.
O S.C é um lugar privado que se disfarça de público, onde indivíduos confraternizam-se
mediados por objetos de consumo. O capital para manter seu sociometabolismo produz
aceleradamente novas formas de subjetividades no sentido mercadológico que se cristalizada
na mercadoria propriamente dita. Neste sentido valores, hábitos, crenças vão sendo ao longo
do tempo substituídos pela hegemonia cultural de países que produzem novas ideologias
através da indústria cultural, recentemente acrescentando o lazer como objeto mercadológico,
como objeto fetichizado. O lazer então entra neste roll de mercadorias mais consumidas no
mall dos grandes Shopping Centers do mundo no século XXI. A indústria do enterteinment
cresce em todos os setores, cinema, games, turismo etc. Um exemplo é o parque temático
Walt Disney Wold, o mundo da mercadoria, encantos e sonhos; em resumo um mundo de
subjetividade estranhada. O lazer afirma-se na modernidade como um prolongamento do
trabalho assalariado, por ser pago, contribui para exploração das classes menos privilegiadas,
com isso o capital acumula mais riqueza fortalecendo o sociometabolismo do capital tornado
os países hegemônicos mais forte economicamente consequentimente com maior poder de
influenciar os demais países que ficaram sob seu domínio e influência. A idéia econômica
central deste empreendimento comercial é o monopólio de espaço, oferecendo ao consumidor
o maior número de lojas, variedade de produtos e serviços.
Palavra-Chave: Shopping Center; Capitalismo; Fetiche da Mercadoria; Subjetividade;
Lazer
7
ABSTRACT
The Shopping Center is an excellent social indicator, as it reflects social contradictions,
conflicts of class, the level of socioeconomic development of a city state or country where it is
deployed. Brazil is currently going through a profound economic and social development,
performing a rescue of disadvantaged sections, preparing them for consumption of
superfluous that had never before seen. The Shopping Center is every day prepared to absorb
the masses of consumers emerging parents. The SC is a private place that masquerades as
public, where individuals fraternize mediated by objects of consumption, ie the goods concept
as discussed by analyzing the various followers of Marxism and in particular by Karl Marx
himself. The capital to maintain its sociometabolismo rapidly produces new forms of
subjectivity in the sense that marketing is crystallized in the commodity itself Diat. In this
sense values, habits, beliefs are being replaced over time by the cultural hegemony of
countries that produce new ideologies through the culture industry, recently adding the object
as leisure marketing, as fetishized object. Leisure then enters this roll of more goods
consumed in the great mall of the world's Shipping Center in the XXI century. The industry
enterteinment grows in all sectors, movies, games, tourism, etc.. An example is Paque themed
Walt Disney Wold a world of merchandise, charms and dreams in a world of abstract
subjectivity. Leisure states in modernity as an extension of employment, be paid for,
contributes to the exploitation of less privileged classes, with that capital accumulates more
wealth by strengthening the capital sociometabolismo egemônicos the countries become
economically stronger consequentimente more power influence over other countries that were
under their rule and influence. The first model of shopping center similar to what we know
Atul was created from the mid-twentieth century in America. In Brazil, this type of
commercial venture emerged in São Paulo in the sixties. Initially Malls Brazilians were
intended for persons materially privileged. Currently the shopping center concept became
popular, being used for any grouping of small business: sales of handbags and shoes imported.
The central idea of economic development is the monopoly of commercial space, offering
consumers the greatest number of shops, variety of products and services.
Keywords: Shopping Center; Capitalism; Merchandise Fetish; Subjectivity; leisure
8
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Praça de Alimentação do Shopping Center Pátio Maceió (AL).....................78
FIGURA 2 Loja de jogos virtuais localizado no Shopping Sul Valparaíso (GO)..............78
FIGURA 3 Praça de Alimentação do Shopping Center Pátio Maceió (AL).....................79
FIGURA 4 Cartaz do Cinema 3 dimensões do Shopping Pátio Maceió (AL)...................79
FIGURA 5 Aspecto do Cinema Maceió Shopping Maceió (AL).........................................80
9
LISTAS DE TABELAS
GRÁFICO 1 Número de Shopping Centers no Brasil...............................................28
GRÁFICO 2 Área Bruta Locável................................................................................29
GRÁFICO 3 Distribuição Geográfica de Shoppings.................................................30
GRÁFICO 4 Faturamento Anual da Indústria de Shopping Center.......................32
GRÁFICO 5 Renda......................................................................................................69
GRÁFICO 6 Bairro onde Mora..................................................................................70
GRÁFICO 7 Escolaridade...........................................................................................70
GRÁFICO 8 Profissão.................................................................................................71
GRÁFICO 9 Tempo Livre...........................................................................................71
GRÁFICO 10 O que acham das Praças Públicas?...................................................72
GRÁFICO 11 Shopping Lugar de Lazer ou de Compras?......................................73
GRÁFICO 12 Você considera o Shopping é um lugar seguro ou existem crimes?74
10
Sumário
1 Introdução...................................................................................................................12
2 A Personificação da Mercadoria
2.1 – Valor-de-uso e Valor-de-troca: Atributos para a Desnaturalização do Efeito Fetiche da
Mercadoria em Marx..................................................................................................... 16
2.2 – História do Surgimento do Shopping Center.........................................................22
2.3 – Surgimento do Shopping Center nos Estados Unidos...........................................25
2.4 – Surgimento do Shopping Center no Brasil.............................................................27
2.5 – Shopping Center na Contemporaneidade ............................................................. 30
3 O Lazer como Mercadoria
3.1 – Shopping Center: A submissão do Lazer ao Comércio.........................................34
3.2 – Shopping Center e a Crise do Capital...................................................................45
3.3 – Trabalho e Tempo Livre sob o domínio do Capital...............................................52
3.4 – Subjetividade e Alienação no contexto do Sistema Capitalista de Produção...... 57
3.5 – Violência e Shopping Center………….................................................................62
4 Shopping Center em Maceió
4.1–Características da Indústria de Shopping Center na Cidade de Maceió..................65
Conclusão……………………………………………….……………………,,,,,,,,,,….75
Referências......................................................................................................................76
Anexos............................................................................................................................83
11
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como proposta analisar o processo de massificação do S.C em
Maceió, ou seja, de seu crescente acesso por camadas da população dele, inicial e socialmente
excluídas. Em suas origens idealizado e especialmente localizado para consumidores de
elevado padrão aquisitivo, os S.C’s atualmente expande-se para áreas urbanas ocupadas por
uma população majoritariamente assalariada e com limitado poder aquisitivo. Esta última,
expulsa pela violência urbana e pela deterioração dos tradicionais espaços públicos de lazer,
transforma-se, a um só tempo e num mesmo lugar- nos S.C’s – em duplo consumidores: de
objetos - mercadorias e de lazer – mercadoria (que massivamente se privatiza e se
mercantiliza sob o grande capital comercial), nos S.C’s, os objetos e o lazer enquanto
mercadorias se, de uma parte, operam e se reproduzem subjetivamente como símbolos de
integração e ascensão social de determinadas camadas da população, por outra parte, expõem
as contradições das políticas sociais estatais que, em princípio, deveriam prover e garantir o
lazer como um dos direitos universais. Para isso seguiremos estudando o fenômeno Shopping
Center do ponto de vista da teoria Marxista.
Acreditamos que este tipo de empreendimento comercial é um importante objeto de
estudo para a sociologia por ser resultado das transformações econômicas e contradições
sociais como por exemplo: a violência e exclusão social, decadência dos espaços públicos etc.
O Shopping Center é considerado um dos lugares mais “seguros” para realizar compras, mas
na realidade crimes acontecem a todo momento no país: assassinatos, assaltos, brigas
familiares, furtos e etc. Neste sentido concluímos que se existe segurança em ambientes
privados e pagos, logo pressupomos que os lugares públicos estão abandonados e violentos.
O ambiente do Shoppings Center está sempre cercado de seguranças, representando
claramente o que comunga a sociedade. A cada dia valores morais, éticos, estéticos estão em
profunda transformação, estão alienando por fatores que explicaremos ao longo deste
trabalho. No templo do capital transitam pessoas de todas as classes sociais, etnias. Todos
estes indivíduos celebram uma sociabilidade mediada por objetos de consumo, ou seja, a
mercadoria, que falaremos mais adiante como conceito mais puro pelo qual tão bem Marx nos
desvendou seu fetiche.
12
Os S.C’s1 são indicadores socioeconômicos: de um município, estado, país, pois ele é
implantando somente em lugares onde existam um grande contingente de pessoas, mais
especificamente, uma grande massa potencialmente consumidora. Eles representa na
contemporaneidade um dos principais lugares de sociabilidade. Ao oferecer o lazer como
mercadoria, transforma o consumo em uma atividade de lazer, extrapolando o conceito de
necessidade, levando ao consumo exacerbado como finalidade e via para a felicidade.
A maior atratividade deste tipo de empreendimento comercial é reunir, sobretudo,
lazer e comércio em um mesmo lugar, ou seja, monopolizar os espaços de comércio
concentrando vários produtos e serviços no mesmo lugar, como também a ofertar “pseudo”
sensações de segurança e felicidade oferecendo mercadorias que muitas vezes são
“supérfluas”2.
O S.C tenta suprir a carência de lazer nos espaços públicos, motivada pela falta de
opção, que hoje estão sucateados, marginalizados, consolidando a idéia liberal do capital onde
“tudo” deve ser administrado pela iniciativa privada, qualquer produto deve ser pago, sem
nada intervir na lei “natural” do comércio.
O Shopping Center é um lugar preferido para momentos de lazer de grupos de jovens
e toda família. É considerado também o principal destino turístico nas grandes metrópoles e
cidades do interior. O maior problema está dentro dos Shopping Centers, onde consumo se
transforma em uma atividade “prazerosa”3 de lazer.
Lazer este que é mais uma mercadoria diante da vasta opção de seu mall variado. Em
contraposição, os espaços públicos com decadência, motivada pelo abandono por parte dos
gestores públicos, servindo, muitas vezes de ponto de comercialização de entorpecentes e
prostituição.
_____________________1 As letras S e C serão utilizadas como sigla S.C para abreviar a palavra Shopping Center.2 Em uma mesma residência podem existir vários objetos com a mesma função do DVD: Notebook.3 A revista Isto é menciona que os atores sociais fazem “Shopping terapia” palavra esta usada para conceituar os hábitos de consumidores que sentem prazer e alívio das tensões e stress cotidiano quando compram mercadoria. A relações públicas Ana Paula Mestieri, 34 anos, de São Paulo, é aquelas consumidoras vorazes. Tem coleção de óculos de sol, roupas, bolsas,sapatos. Comenta Ana Paula - “A sensação de recompensa é imediata.”. “Uso tudo que compro”. A revista comenta ainda que segundo pesquisadores (Neuroeconomistas) o consumidor ao tocar no objeto mercadoria com a mão durante trinta segundos cria um vínculo emocional, levando a consumar a compra no ato. Existe uma falsa sensação de estar participando do sistema capitalista via consumo de bens industrializados.
13
O S.C é direcionado estrategicamente para classes sociais4 escolhidas da população.
Podemos observar também que a reprodução social torna-se cada vez mais condicionada por
um modelo de consumo descartável e gerador de supérfluos; pois o Sistema visa o desperdício
por parte do consumidor, levando o consumo a ser uma atividade que extrapola muito o
âmbito da necessidade primária de sobrevivência. Dentro da lógica capitalista, os indivíduos
devem ser cada vez mais convencidos, através das campanhas midiáticas, que de forma
constante divulga seus produtos; único objetivo é conquistar o maior número de consumidores
possíveis, conseqüentemente aumentar seu lucro e acumulação de capital para o
sociometabolismo.
O Shopping Center se caracteriza duplamente como um lugar de comércio e de lazer.
É o templo do capital onde indivíduos rendem culto e adoração a mercadoria. Neste lugar o
capital sente-se à vontade para cooptar cada vez mais pessoas, consumando o fenômeno do
fetichismo clássico da mercadoria explicado por Karl Marx no Capitulo 1 “A mercadoria"
(MARX, 1975. pg.41).
O Shopping Center é este templo de consumo e de lazer, este último submetido à
ditadura do capital. O capital consegue explorar duplamente os indivíduos. a) Primeiramente
consegue extrair da classe trabalhadora a mais-valia, fonte primária de seu lucro b) explora o
tempo livre das pessoas ofertando atividades de lazer pago como mais uma opção de
mercadoria.
No Shopping Center são lançadas as novas ideologias e tendências da moda mundial.
Nele são apresentados os produtos ou criações do capital. A sociabilidade dentro do shopping
é sempre mediada pela contemplação do consumo exacerbado e hedonista, onde os sonhos,
sentimentos e os desejos, ou seja, a felicidade propriamente dita são mensurados pelo maior
número de bens proporcionalmente acumulados; a felicidade parece aumentar na mesma
proporção que se acumula o maior número de bens de consumo.
Até pouco tempo o Shopping Center esteve associado às classes dominantes, onde
produtos de luxo eram vendidos a privilegiados, excluindo um vasto segmento da população
brasileira.
_____________4 Os proprietários de simples força de trabalho, os proprietários de capital e os proprietários de terras, cujas respectivas fontes de receitas são o salário, o lucro e a renda do solo, ou seja, os proprietários assalariados, os capitalistas e os latifundiários, formam as três grandes classes da sociedade moderna, baseada no sistema capitalista de produção. (MARX apud IANNI, 1982, p.99)
14
Atualmente com o crescimento da economia via sistema de financiamento de cartão de
crédito, o comércio interno se fortalece principalmente motivado por programas sociais, o
aumento da oferta de crédito para pessoa física, aumento do salário mínimo.
Neste sentido a indústria investe pesado em segmentos sociais até então impensados
no país. Com o segmento de Shopping Centers não é diferente; segue a mesma tendência de
vultuosos investimentos, principalmente nas áreas de periferia, ou suburbanas das cidades,
mas com denso crescimento populacional valorizando a área.
A construção deste tipo de empreendimento alavanca uma onda de investimento do
setor de construção civil, ampliando a oferta de apartamentos e casas destinados a
seguimentos de renda baixa e média justamente no seu entorno. Para a realização deste
trabalho foram feitas pesquisas bibliográficas, revistas, jornais, artigos, dissertações de
mestrado e teses de doutorado. Também foram aplicados questionários aos freqüentadores de
shoppings. Os autores selecionados trabalham com a temática sobre shopping, lazer,
marxismo de forma direta e indiretamente, entre os quais estão Padilha (2006), Mesquita
(2002), Fontenelle (2002), Mészáros (2002), Marx (1975), Lucácks, entre outros.
O trabalho esta dividido em três partes. A primeira, A História do Surgimento do
Shopping Center, faz a trajetória do comércio que se confunde com os modos de produção
feudal, mercantilismo, absolutismo e iluminismo, Revolução Industrial. O segundo capítulo
trata da submissão do lazer ao comércio do tipo Shopping Center e o terceiro trata sobre como
está se revelando a implantação do Shopping Center na cidade de Maceió - Al.
15
2 A PERSONIFICAÇÃO DA MERCADORIA
2.1 Valor-de-uso e valor-de-troca: atributo desnaturalizante do efeito fetiche da
mercadoria
A mercadoria para Marx é um objeto externo ao indivíduo e serve para satisfazer as
necessidades humanas, mas para capital essas mesmas necessidades são elevadas a potência
máxima, ou seja, novas necessidades artificiais são criadas. O valor – de - uso de uma
mercadoria somente se realiza com a utilização ou consumo. Os valores-de-uso constituem o
conteúdo material da riqueza, qualquer que seja sua forma social. (Marx, 1975, p.42)
Os valôes-de-uso, casaco, linho, etc, enfim as mercadorias, são conjunções de dois fatores, matéria fornecida pela natureza e trabalho. Extraindo-se a totalidade dos diferentes tabalhos úteis incorporados ao casaco ao linho etc., resta sempre um substrato material, que a natureza, sem interferência do homem, oferece, O homem, ao produzir só pode atuar como a própria natureza, isto é, mudando as formas matéria. E mais. Nesse trabalho de transformação, é constantemente ajudado pelas forças naturais, o trabalho não é, por conseguinte, a única fonte de valores-de-uso que produz, da riqueza material. Conforme William Petty, o trabalho é o pai, mas a mãe é a terra.(Marx,1975, p.50)
Segundo Marx (1975), se o valor de uma mercadoria é determinado pela quantidade de
trabalho social a sua produção, poderia parecer que quanto mais preguiçoso ou inábil um ser
humano, tanto maior o valor de sua mercadoria, pois ele precisa de mais tempo para terminá-
la. Todavia o trabalho que constitui a substância dos valores é o trabalho humano homogêneo,
dispêndio de idêntica força de trabalho (Marx, 1975, p. 45)
O que determina a grandeza do valor, portanto, é a quantidade de trabalho socialmente
necessário, ou tempo de trabalho socialmente necessário para a produção. O produto, para se
tornar mercadoria, tem que ser transferido ao consumidor como valor-de-uso por meio de
troca. Nenhuma coisa pode ser valor se não é objeto útil, tampouco o será o trabalho nela
contido, o qual não conta como trabalho e, por isso não cria nenhum valor. (Marx,1975, p.48)
16
Marx explica que para determinar a grandeza do valor de uma determinada mercadoria,
este valor ou mensuração de valor é dado pela quantidade de trabalho socialmente exigida na
produção de uma determinada mercadoria. Cada mercadoria individual é considerada um
exemplar médio de sua espécie mercadoria que contém iguais quantidades de trabalho, ou que
podem ser produzidas no mesmo tempo de trabalho; possui conseqüentemente, valor de
mesma magnitude. O valor de uma mercadoria está para o valor de qualquer outra.
Karl Marx em O Capital, mais especificamente no capítulo “A Mercadoria”, nos
explica que a mercadoria, em um primeiro olhar, nos parece como realmente o é: um objeto
qualquer, inanimado, mas a grande questão que ele menciona neste estado é que para produzir
tal objeto inanimado são empregadas energias vitais humanas seja na sua forma braçal, seja
intelectual, para a confecção do produto final que é a mercadoria. A questão central é não
mostrar a relação social por trás de uma aparência inanimada de tal objeto, escondendo a
usurpação de força humana como também da mais-valia, dos recursos naturais, para
cristalizam tal objeto mercadológico.
O valor de uso da força de trabalho é o trabalho, e uma vez que o trabalhador tenha sido empregado, o capitalista coloca-o para trabalhar. Mas o trabalho é a fonte de valor, e, além disso, o trabalhador criará durante um dia de trabalho mais valor do que o capitalista paga por seus dias de trabalho. Mas o decisivo [para o capitalista foi o valor de uso específico desta mercadoria ser fonte de valor, e de mais valor do que ela mesma tem. (Marx, 1975, p.49)
O produto final, a mercadoria, é apresentada e oferecida à sociedade escondendo todos
os recursos energéticos e vitais agregados e sua identidade planejada. O objeto mercadológico
é naturalizado, “ganha vida”, status, “personalidade” e é tratado como um ser que merece
cuidados essenciais, ou seja, um ser que tem “vida”. A mercadoria é apresentada à sociedade
como se houvesse brotado na face da terra por geração espontânea, como se não houvesse
sido construída por pessoas que deram o "sangue" debruçados em máquinas e componentes
elétricos. Em sociedade, a mercadoria ganha nome, vida e personalidade, status social e é
sempre manipulada para classificar e indicar indivíduos que vivem nos diversos estratos
sociais. Ianni (1982) comenta que Marx, analisando a mercadoria em sua essência
fenomênica, pode vê-la como algo muito estranha, “cheias de sutileza metafísicas e argúcias
teológicas”.
17
logo que se revela a mercadoria, transforma-se em algo ao mesmo tempo perceptível e impalpável. Além de estar com os pés no chão, firma sua posição perante as outras mercadorias e expandem as idéias fixas de sua cabeça de madeira, fenômeno mais fantástico do que se dançasse por iniciativa própria. (Marx apud Ianni , 1982, p.159)
Marx (1982) nos explica que o mistério que a mercadoria nos apresenta em sua
constituição é motivada por omitir o acréscimo de material humano que vai desde o dispêndio
de nervos, músculos, sentidos e quantidade de tempo para sua cristalização, quanto na
exploração do trabalho.
A igualdade dos trabalhos humanos fica disfarçada sob a forma de igualdade dos produtos do trabalho como valores; a medida, por meio da duração, do dispêndio de força humana de trabalho toma a forma de quantidade de valor dos produtos do trabalho; finalmente, as relações entre os produtores, nas quais se afirma o caráter social dos seus trabalhos, assumem a forma de relação social entre os produtos do trabalho. (Marx apud Ianni, 1982, p.160)
A mercadoria pronta no sentido valor-de-uso esconde em sua essência como já o
dissemos trabalho humano, pelo menos em sua quantidade de tempo empregado para produzi-
la, mas este simples fato, apesar de não significar nada para a consciência do capitalista,
representa, para o trabalhador suas cadeias existenciais, o fator exploração.
A mercadoria neste sentido ganha vida como se tivesse nascido espontaneamente,
brotado da terra como um ser biológico, uma planta, um produto natural. Assim naturaliza-se
a mercadoria,a extração da mais-valia e seu efeito danoso ao meio ambiente e a toda classe
trabalhadora. O efeito causado pela ação de tamanha contradição e falta escrúpulos é:
exploração, favelização, miséria e sofrimento de modo geral. Um grande contingente de
pessoas vive sem emprego, passa necessidades. Para o capital a diferenciação social que é
refletida sobre a variedade de produtos é vital agregando valor a mercadoria, fazendo um
trocadilho da Lei de Lavoisier para o capital nada se perde tudo se cria, tudo se transforma em
capital, tudo pode virar capital.
As mercadorias ganham vida, torna-se social através da criatividade do pensamento
humano, ganhando utilidade via exploração do trabalho. A mercadoria que antes não era coisa
sensível e sim produto da imaginação do homem ganha “vida” cristaliza-se em valor-de-troca,
ao mesmo tempo, a relação de exploração, ou a relação social, segundo Marx ,torna-se
estranhada, fantasmagórica, abstrata, por que enquanto o objeto ganha complexidade e
18
refinamento, o homem brutaliza-se, ou seja, torna-se mero objeto, como se cancelasse a
classificação cientifica homo sapiens sapiens e colocasse no lugar o Homo-ferus, levando-o a
decadência humana, impedindo-o, sabotando-o, aniquilando-o toda possibilidade de sua real
emancipação.
A libertação plena é desintegrada, fragmentada em ideologias e falta consenso da
população enganadas por ideologias alienantes, impossibilitando o homem de ter consciência
de si, gozar em sua plenitude uma vida minimamente organizada, ou seja, que as
necessidades básicas sejam, supridas: moradia, saúde, educação, alimentação, impedindo-o
finalmente, segundo Marx, de alcançar a consciência de si, retomar o que é justo, que o poder
político retorne para as mão do povo por direito universal, o mundo é de todos,não existe
privilégios na natureza, as diferenciações de classe é uma forma primitiva de viver, é
primariamente cultural.
Todo trabalho é, por um lado, dispêndio de força de trabalho do homem no sentido fisiológico, e nessa qualidade de trabalho humano igual ou trabalho humano abstrato gera o valor da mercadoria. Todo trabalho é, por outro lado, dispêndio de força de trabalho do homem sob forma especificamente adequada a um fim, e nessa qualidade de trabalho humano concreto útil produz valores de uso. (Marx, 1975, p.53)
Ainda segundo Marx (1982) o produto do cérebro humano parece ganhar vida
própria ao se transformar em mercadoria, ao ganhar autonomia. Este fetichismo está sempre
colado na mercadoria que é base de arrecadação e convencimento. Cada sociedade humana é
o processo de trabalho, seres humanos cooperando entre si para fazer uso das forças da
natureza e, portanto, para satisfazer suas necessidades. O produto do trabalho deve, antes de
tudo, responder a algumas necessidades humanas. Deve, em outras palavras, ser útil. Marx
chama valor- de - uso. Seu valor se assenta primeiro e principalmente em ser útil para alguém.
o valor de uso só se realiza com a utilização ou consumo. Os valores-de-uso constituem o conteúdo material da riqueza. Qualquer que seja a forma social. Na forma de sociedade que vamos estudar, os valores-de-uso são, ao mesmo tempo, os veículos materiais do valor-de-troca. ( MARX, 1975, p.42)
19
Marx esclarece que um valor-de-uso só possui valor-de-troca quando a ele é
incorporado, materializado, trabalho humano abstrato. O trabalho segundo ele pode ser
também quantificado pelo tempo, dia empregado para criar um bem (Marx, 1975, p.44).
Como valor-de-uso as mercadorias podem ser distinguidas pela qualidade, a utilidade em si,
enquanto valor-de-troca mede-se pela quantidade ignorando o valor-de-uso. “Como valores-
de-uso, as mercadorias são, antes de qualquer coisa, de qualidades diferentes; como valores-
de-troca, só podem diferir na quantidade, não contendo, portanto nenhum átomo de valor-de-
uso”. (Marx, 1975, p.44)
Em uma crítica bem fundamentada Marx nos esclarece que, ao anular da mercadoria
o valor-de-uso, anulam-se as formas e os elementos materiais que fazem dela o valor-de-troca,
a mercadoria não é mais produto advindo do trabalhador, não é sua criação, este beneficio é
negado e também anulado, desaparece o caráter útil dos produtos do trabalho neles agregados,
desaparece as diferentes formas de trabalho concreto tornando-se trabalho abstrato. Então
para produzir, portanto, uma mercadoria deverá ser feita no intuito de que ela possua em sua
essência um valor-de-uso social. (Marx.1975, p.48)
O valor-de-uso de uma mercadoria está nela embutido o trabalho que possui uma
finalidade. Na mercadoria está agregada trabalhos úteis de qualidades diferentes. Para
Marx o trabalho nas sociedades mais desenvolvidas, onde a mercadoria assume suas
características plena de fantasmagoria, as diversas formas de trabalhos úteis e
independentes fazem com que surja motivada pela variação que é a divisão social do
trabalho (Marx, 1975, p.49).
Os caráter misteriosos da mercadoria não provem do seu valor-de-uso, nem tampouco dos fatores determinantes do valor. E, para isso, há motivos. Primeiro, por mais que difira os trabalhos úteis ou as atividades produtivas, a verdade fisiológica é que são funções do organismo humano, e cada uma dessas funções do organismo humano, e cada uma dessas funções, não importa a forma ou o conteúdo, é essencial dispêndio do cérebro, dos nervos, músculos, sentidos etc. (MARX apud IANNI, 1982, p.159)
20
O homem, Segundo, quanto ao fator que determina a magnitude do valor, isto é a
duração daquele dispêndio ou a quantidade do trabalho, é possível distinguir claramente a
quantidade da qualidade do trabalho. O tempo de trabalho que custa produzir os meios de
subsistência interessou, necessariamente, aos homens, em todas as épocas, embora em grau
variável com o estágio do desenvolvimento. Por fim, desde que os homens, não importam o
modo como trabalhem uns para os outros, o trabalho adquire uma forma social. ( Marx, 1975,
p.80)
O mistério advém:
A igualdade dos trabalhos humanos fica disfarçada sob a forma da igualdade dos produtos do trabalho como valores; a medida, por meio da duração, do dispêndio da força humana de trabalho toma a forma de quantidade de valor dos produtos do trabalho; finalmente, as relações entre os produtores, nas quais se afirma o caráter social dos seus trabalhos, assumem a forma de relação social entre os produtos do trabalho. ( MARX, 1975, pg. 80)
A mercadoria é misteriosa simplesmente por encobrir as características sociais do
próprio trabalho dos homens, apresentado-as como características materiais e propriedades
sociais inerentes aos produtos do trabalho; por ocultar, portanto, a relação social entre os
trabalhos individuais dos produtores e o trabalho total, ao refleti-la como relação social
existente, a margem deles, entre os produtos do seu próprio trabalho. Através dessa
dissimulação, os produtos do trabalho se tornam mercadorias, coisas sociais, com
propriedades perceptíveis e imperceptíveis aos sentidos. Uma relação social definida,
estabelecida entre homens, assume a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas. Para
encontrar um símile, temos de recorrer a região nebulosa da crença. Aí, os produtos do
cérebro humano parecem dotados de vida própria, figuras autônomas que mantém relações
entre si e com os seres humanos. É o que ocorre com os produtos da mão humana, no mundo
das mercadorias. Chamo isto de fetichismo, que está sempre grudado aos produtos do
trabalho, quando são gerados como mercadorias. É inseparável da produção de mercadorias.
21
2.2 História do Surgimento do Shopping Center
Segundo Padilha (2006), os mercados da Europa desenvolveram-se aproximadamente
a partir do século XII, seguido do progresso da agricultura, do desenvolvimento econômico e
do crescimento urbano. Na França medieval, os reis a partir de 1137 não mais permitiam o
comércio dentro da cidade feudal. Os comerciantes tiveram que comercializar seus produtos
fora dos muros das cidades. Camponeses e artesãos passaram a comercializavam suas
mercadorias em grandes galpões cobertos chamados de halles. Assim os mercados
desenvolveram-se ganhando cada vez mais importância econômica, social e cultural.
Os mercados dentre outras coisas: 1) serviam de ponto de encontro de cavaleiros e
agricultores, mercadores e religiosos, 2) chegavam a substituir as igrejas quando estas
passavam por momentos de reforma, 3) serviam de espaços para festas e bailes populares. Os
mercados ou as feiras foram os grandes responsáveis pelo crescimento urbano
(metropolização) e populacional na história das grandes cidades da Europa e do mundo.
Orgulhosos de suas liberdades, os habitantes das cidades medievais tinham o halles como sua propriedade coletiva. Esta localização central é, com efeito, o lugar privilegiado das assembléias públicas, conselhos e eleições, das festas, o teatro natural dos atos da vida municipal. Um sino no alto da torre determina a abertura e o fechamento dos mercados, ritmo da vida da comunidade. Ele marca o “tempo civil” em oposição ao “tempo religioso” ditado pelos sinos das igrejas (PADILHA et al. 2006, p.41).
Foram os mercados que motivaram as construções de estradas, portos e canais, bem
como a invenção do automóvel, trens e aviões. As populações da Europa medieval escolheram
os mercados como principal centro de compras. Toda população passou a circular nestes
lugares como principal centro de consumo. Nos mercados, podia-se encontrar uma grande
variedade de mercadorias a preços baixos. A partir do estabelecimento dos mercados e dos
halles, as cidades cresciam rapidamente a partir de seu centro. Mais tarde no século XVIII
com o Iluminismo e a revolução industrial, o comércio neste período passou a ser mais
sofisticado e racionalizado. A Revolução Francesa garantiu a liberdade de comércio e livre
circulação de grãos, deslanchando o capitalismo industrial (PADILHA, 2006, p. 42).
22
A partir de tal processo, poderemos entender e observar como funciona, nos moldes
atuais, o modelo de Shopping Center que conhecemos. É no século XIX que surge a cultura
do consumo, que está associada ao remodelamento do espaço urbano e o declínio dos espaços
públicos, motivado pelo desenvolvimento do capitalismo.
Dentro deste contexto, as modificações do espaço urbano a partir do século XIX, que
foram alavancadas pelo desenvolvimento do sistema capitalista, Padilha (2006) nos explica
que existe uma dimensão simbólica e cultural que está por trás do consumo e que as práticas e
os hábitos das culturas causam efeitos objetivos dentro do contexto sócio-urbano, refletindo
valores e crenças de uma determinada sociedade em uma determinada época da história.
É todo conjunto de imagens e símbolos que vão sendo criados e recriados, associados a esses bens, além de novas formas de comportamento efetivo e no modo de pensar e sentir de segmentos cada vez mais amplos da população da chamada sociedade ocidental. (TASCHNER apud PADILHA apud. 2006 p.43).
O modelo embrionário de S.C que conhecemos teve seu início na Europa com os
grandes armazéns e lojas de departamentos. Paris e Londres foram as cidades pioneiras da
Europa e merecem destaque no que diz respeito ao desenvolvimento deste tipo de
empreendimento comercial. A partir de 1850, os administradores da cidade de Paris passaram
a reorganizar o espaço urbano.
Houve uma reorganização estética da cidade, como o embelezamento de avenidas e
bairros inteiros que foram demolidos e reconstruídos para melhor acomodar a nova fase do
capital. O objetivo era dar um ar de modernidade para que os especuladores e empresários
pudessem distinguir ricos e pobres da cidade. Com isso houve uma valorização das áreas e
imóveis, que passaram a ter seus alugueis reajustados, forçando os operários a se retirarem do
local, motivando-os a se deslocarem para áreas periféricas de Paris.
As exposições universais transfiguraram o valor-de-troca das mercadorias. Criam uma moldura em que o valor-de-uso da mercadoria passa para segundo plano. Inauguram uma fantasmagoria a que o homem se entrega para se distrair. A indústria de diversões facilita isso, elevando-o ao nível da mercadoria. O sujeito se entrega as suas manipulações, desfrutando a sua própria alienação e a dos outros. [...] A fantasmagoria da cultura capitalista alcança o seu desdobramento mais brilhante na Exposição Universal de 1867. O império está no apogeu do seu poder. Paris se afirma como a capital do luxo e da moda. ( BENJAMIN apud PADILHA, 2006, p.46).
23
Paris então se torna moderna. Começa a ganhar o status de centro da moda e de
metrópole. Grandes obras arquitetônicas foram construídas a partir de 1889 como, por
exemplo, hotéis suntuosos, restaurantes que passaram a ganhar prestígio por seu luxo e
requinte. Surge neste mesmo período um dos cartões postais mais conhecidos do mundo: a
Torre Eiffel. Aos poucos foram surgindo as grandes lojas de departamentos que entraram em
concorrência direta com os pequenos artesões e pequenos burgueses, sufocando seus
comércios. Paris então desabrocha dentro da lógica do capital sendo uma cidade a formatar-
se sob a lógica burguesa racional da indústria e do comércio.
Os pequenos comércios foram abalados pelo crescimento das lojas de departamentos e, em defesa própria, começaram a diversificar suas vendas. Cada loja de venda e varejo procurava torna-se uma loja de variedades. As pequenas lojas continuavam a merecer o crédito dos consumidores, sobretudo pelo atendimento mais personalizado e pela melhor qualidade de seus produtos, o que, numa verdadeira guerra de mercado, forçou as lojas de departamentos a defender-se. Assim, elas instalaram serviços mais especializados, como salões, restaurante, agencia de viagens, agencias de correios e auditórios (PADILHA, 2006, p.56).
Nos anos de 1822 e 1832, surgiram as primeiras galerias e lojas de departamento de
grande porte; elas possuíam vários andares, oferecidas aos ricos burgueses e para a pequena
burguesia classe média; camponeses e operários não podiam freqüentar tais locais destinados
ao público que buscava o luxo. Nesta mesma época foi implantada a primeira central elétrica
do mundo, estações e estrada de ferro foram construídas, motivadas pelo crescente comércio
da indústria têxtil que estava em pleno vapor.
Neste contexto histórico da revolução industrial a Europa passa a se inserir na cultura
do consumo, revitalizada pela racionalidade do sistema capitalista e da mercadoria;
paralelamente passa a introjetar novos valores na sociedade, os produtos não mais possuem
apenas valor-de-uso. Surge a cultura da reificação do consumo, a mercadoria passa a ter um
caráter misterioso. Pois nela está disfarçada a exploração do trabalho vital humano; também
as relações sociais passam a ser coisificada e permeada por tais mercadorias.
Na Europa os primeiros modelos de Shopping Centers, tal como atualmente se conhece,
surgiram primeiramente na Grã-Bretanha, França e na Alemanha a partir de 1950 e 1960. A
Grã-Bretanha se destacava pelo tamanho das instalações comerciais gerada pela grande
capacidade de investimento e da ausência de leis específicas para o urbanismo.
24
Na Alemanha desenvolveu-se este tipo de empreendimento comercial mais direcionado
para os setores como eletrônica, bricolagem, alta costura, jardinagem, antiquários;
equipamentos pessoais. No caso da Itália e da Alemanha, ao contrário, existiam leis que
priorizavam os pequenos comércios, provocando uma retração para este tipo de comércio de
grande porte.
Na França, os S.C's do século XX possuíam tamanho de 22 mil metros quadrados,
como o Haute-Marne em Sait-Dizier. Em 1958 surge o primeiro Shopping Center semelhante
ao dos Estados Unidos, com ambiente fechado, o Enclosed Mall Air Conditioned (Emac),
onde as pessoas não tinham qualquer contato com o ambiente externo, estratégia para o
cliente não poder ver o tempo passar, desorientando-se na contagem do tempo e
conseqüentemente do dinheiro que dispendia no consumo. Em 1963 surgiram os modelos de
grande porte com áreas superiores a 50 a 89 mil metros quadrados de área como o famoso
Parly 2 em Versailles.
Portanto é na Europa medieval, em meado do século XII e alguns séculos depois com
a revolução industrial, que surge o esboço do modelo infra-estrutural de Shopping Center que
conhecemos atualmente, mas é nos Estados Unidos do século XX que se configura este
empreendimento, com todas suas ferramentas disponíveis de embelezamento e padrão
definitivo de conforto, segurança e lazer e toda aglomeração de produtos e serviços em um
mesmo lugar.
2.3 Surgimentos do Shopping Center nos Estados Unidos
É nos Estados Unidos que se concentra hoje o maior numero de S.C do mundo; o seu
surgimento em solo americano está associado ao modelo de lojas de departamentos e
armazéns europeus. Após a crise de 1929 e a segunda guerra mundial (1941-1945), o país
passa por um processo de metropolização tendo como estopim o crescimento da economia.
A proliferação deste empreendimento passou pelo processo de desenvolvimento do
comércio americano. Surgem então os armazéns conhecidos como secos e molhado em
meados do século XIX. As maiores loja de departamentos dos EUA no inicio do século foram
as Carson, Pirie, Scott na cidade de Chicago, possuindo moderna infra-estrutura, cujos
produtos industriais mais vendidos eram: bens secos e molhados, roupas prêt-à-porter.
25
O Shopping Mall, como é conhecido pelos americanos e canadenses, foi uma criação
do arquiteto de Viena, Victor Gruen. Sua receita para construir um bom shopping e ter lucro é
a seguinte:
Pegue 400 mil metros quadrados de terra plana, cerque com uns 500 mil consumidores que não tenham acesso a nenhuma outra facilidade de compras, prepare a terra e construa 100 mil metros quadrados na parte central, espalhe excelentes comerciantes que irão vender produtos de qualidade superior a preços baixos, utilize todo o espaço de fora com 10 mil vagas de estacionamento e certifique-se de fazer acessos para diversas estradas de pouco tráfego e para várias direções. Decore com alguns vasos de plantas, canteiros de flores variadas e uma pequena escultura. Finalmente, sirva ao consumidor. (HERMAN apud PADILHA 2006, p. 57-58).
Em 1950 surge o primeiro shopping norte americano, chamado de Nothgate localizado
em Seattle. Em 1954 foi inaugurado o Nortland ao redor de Detroit, o Southdale próximo a
Minneapolis em (1956) e o South Coast Plaza, próximo a Los Angeles em (1967). A
construção deste tipo de estabelecimento está associada ao advento do automóvel e
diretamente ligado ao remodelamento do espaço urbano como, por exemplo, o declínio dos
centros urbanos, porque a construção destes tipos de comércio não se adequava aos centros
urbanos tradicionais, pela proporção da área solicitada, tendo que ser construídos em áreas
periféricas das cidades.
Os grandes supermercados, a geladeira, o freezer e o automóvel possibilitaram que
grandes quantidades de mercadorias fossem estocadas e transportadas por longas distancias
pelos consumidores, facilitando o acesso às áreas mais periféricas das cidades. Para se ter uma
idéia, nos EUA da década de 50, havia pelo menos 1.000 S.C’s e mais 2.000 mil estavam
sendo construídos. Já em 1970 a 1990 foram construídos mais 25.000 novos estabelecimentos
neste país, superando a todos os países do planeta em quantidade.
26
2.4 Surgimento do Shopping Center no Brasil
No Brasil, o primeiro Shopping Center foi construído na cidade de São Paulo em 1966. E
o maior grupo do setor na atualidade é a empresa de shoppings pertencente ao grupo Jereissati
(Iguatemi Empresa de Shopping Centers S.A). Foi seguido o padrão norte-americano nas
construções. A partir da década de 70 houve construções de outros novos empreendimentos
neste segmento, mas foi no final dos anos 80 e ao longo dos anos 90 que houve um grande
número de construções de Shopping Centers no Brasil.
O seu crescimento esteve também associado ao crescimento populacional a partir da
década de 60 (Padilha, 2006). Segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers -
Abrasce, de 1966 até 2009, foram construídos mais de 378 unidades no país, conforme mostra
o gráfico abaixo.
Gráfico 1: Número de Shopping Centers no Brasil
Fonte1: ABRASCE. Disponível em
<http://www.portaldoshopping.com.br/sobreosetor.asp?codAreaMae=10&codArea=49&codConteudo=3>
Acesso em 26 de janeiro de 20
27
Segundo a Abrace (2009), com o surgimento do primeiro shopping em 1966 até os dias
atuais, este segmento possui um crescimento constante tanto em faturamento quanto em
criação de empregos. Em números reais atualmente existem 408 shoppings filiados e neste
ano de 2010 serão construídos mais 14. No que diz respeito à qualidade dos serviços e sua
infra-estrutura, os Shoppings Centers do Brasil possui um nível semelhante aos estrangeiros.
O que impressiona na construção destes empreendimentos são as grandes áreas de terras
construídas nas cidades; observemos no gráfico abaixo a extensão de área construída pela
indústria de Shopping Center no Brasil.
Gráfico 2: Área Bruta Locável
Fonte 2:ABRASCE. Disponível em
<http://www.portaldoshopping.com.br/sobreosetor.asp?codAreaMae=10&codArea=49&codConteudo=3>
Acesso em 26 de janeiro de 2009.
Sua área bruta para locável está em torno de 8,7 milhões de m2, com 63.470 lojas-
satélites, 2.030 lojas ancora e 2.200 salas de cinema. Tomando os dados acima como
referência, observamos que O Shopping Center é um fenômeno concreto e crescente. A opção
das classes de melhor poder aquisitivo está diminuindo inversamente proporcional ao
crescimento das camadas de menor poder aquisitivo; esta migração do setor está sendo
deslocada para as camadas de baixa renda, uma estratégia em tempos de crise do capital, com
o aumento crédito aos pequenos consumidores e aumento da renda destes segmentos que até
pouco tempo eram “excluídos”. Procurar o Shopping Center significa realizar as mais
variadas atividades como, por exemplo, o lazer, as compras, consultas médicas. Alguns 28
possuem ainda cartórios, teatro, pista de patinação no gelo, agências de viagens, bancos
internacionais e até faculdades particulares com diversos cursos. Observemos a distribuição
por região.
Gráfico 3: Distribuição Geográfica de Shoppings
Fonte 3 :ABRASCE. Disponível em:
<http://www.portaldoshopping.com.br/sobreosetor.asp?codAreaMae=10&codArea=49&codConteudo=3. Acesso
em 26 de janeiro de 2009.
No que diz respeito à distribuição destes estabelecimentos no país: o sudeste possui
maior quantidade de S.C’s, num total de 55%, Nordeste 13%, Sul 20%, Norte 2%, Centro-
Oeste 9%. A maior parte deles está localizada nas grandes capitais, mas aos poucos,
espalham-se em direção às cidades do interior do país.
29
Segundo a Abrasce, o perfil do consumidor brasileiro que freqüenta Shopping Center,
em seis capitais, é o seguinte: A grande maioria dos clientes (71%) pertence às classes altas e
médias. A cidade com presença maior dessas classes é Porto Alegre (79%) e a menor é
Salvador com 54%. Como hábito de consumo, a pesquisa encomendada pela Abrasce revela
que o consumidor que vai ao shopping e concretiza uma compra gasta, em média, R$ 95,00
por visita. A cidade com o maior valor médio de compra é Belo Horizonte (R$ 138,00) e a
menor é o Rio de Janeiro (R$ 71,00).
2.5 Shopping Center na Contemporaneidade
Um ambiente artificial programado para eliminarem-se contratempos iguais aos que
acontece freqüentemente nas ruas ou nos centros das cidades, crescentemente repleta de
mendigos, pedintes e assaltantes. O S.C foi criado para o consumo de massa e do lazer
reificado.
É uma opção moderna criada inicialmente para as camadas sociais materialmente
privilegiadas e agora também, em função do plano de reestruturação do capital gerado pela
crise econômica do mercado norte americano; torna-se também uma opção as camadas de
baixo poder aquisitivo no Brasil, motivada pelo aumento da renda e do consumo interno
estrategicamente como principal foco de especulação, oferta de produtos e serviços. O S.C é
este lugar “seguro” em tempos onde a violência e as contradições sociais do lado de fora,
unidas à decadência dos espaços públicos, não mais nos propiciam opções “seguras” para o
lazer pago de toda a família.
O S.C representa atualmente uma das principais opções de lazer (parques, jogos
eletrônicos, compras, turismo e de sociabilidade). Lugar este programado para a reprodução
de capital, com suas mais variadas opções de entretenimento, cadeia de lojas de grife, unida a
todo um aparato de seguranças e câmeras que observam atentamente: é um reality show do
consumo alienado. O shopping possui uma concentração de variadas lojas como seu maior
atrativo principalmente pelas lojas âncoras como a empresa holandesa C&A, Lojas
Americanas, Riachuelo e também restaurantes famosos em sua praça de alimentação como:
Mcdonalds, Bobs, etc. Ele possui como uma de suas principais características uma vasta área
para estacionamento de veículo; alguns possuem até heliporto.
30
É nos S.C. que são disseminadas os estilos de vida e tendências da moda mundial,
como também são apresentadas e vendidas as marcas das grandes empresas multinacionais
mundialmente mais conhecidas como Nike, Phillips, Sony, LG, Toyota, Forun, M Officer,
Hugo Boss etc.
Então nos questionamos: como em metrópoles com um grande contingente de
desempregados estruturais ( trabalhadores temporários , informais), ou em outro lugar onde
existam índices de desenvolvimento econômico, muito abaixo da média nacional, podem
existir estas mesmas empresas (S.C)? E como eles conseguem obter lucro e possuir taxas de
crescimento muito acima da média nacional? Como este tipo de estabelecimento funciona nos
grande centro urbano e recentemente nas pequenas cidades do interior? Para qual parcela de
nossa população ele é oferecido? Quais os mecanismos utilizados pelos gestores dessas
grandes empresas para obtenção do lucro? E, por fim como o sistema capitalista em busca do
monopólio do espaço consegue produzir novas formas de subjetividade e subjetivação
reativando o sócio-metabolismo do capital?.
O Shopping Center foi idealizado inicialmente para a camada de alto poder aquisitivo, e
são elas que ainda mais consomem, mas atualmente o direcionamento deste tipo de negócio
está migrando também para as classes de baixo poder aquisitivo. Os S.C possuem algumas
características do comércio varejista tradicional, cuja diferença é o monopólio de espaço. Este
tipo de negocio é conhecido como economia de aglomeração, permitindo o contínuo
aperfeiçoamento dos custos e proporcionando uma crescente diminuição de gastos e a
maximização dos lucros.
Gráfico 4: Faturamento Anual da Industria de Shopping Center
Fonte 4: ABRASCE. Disponível em http://www.portaldoshopping.com.br/sobreosetor.asp?codAreaMae=10&codArea=51&codConteudo=1 Acesso em 11 de Nov 2010.
31
Segundo o gráfico disponibilizado pela Associação Brasileira de Shopping Center, em
2005 o faturamento das empresas de S.C chegaram a 45,5 bilhões de reais, enquanto em 2010,
o faturamento chegou a um montante de 87,0 bilhões de reais ao ano.
O grande capital precisava obter mais lucro, tendo como idéia aglomerar em um
mesmo lugar as melhores empresas varejistas possíveis, cujo objetivo e fonte de lucro são a
locação das salas comerciais com seus contratos padronizados. Outro objetivo é oferecer os
melhores produtos a preços competitivos, onde o cliente não precisaria se deslocar para
grandes distâncias, tendo de tudo um pouco do que há no resto da cidade ou nos centros
tradicionais. O monopólio de espaço foi uma estratégia das empresas para se livrar da
concorrência entre unidades comerciais menores e obter com isso o maior lucro possível.
Com a mundialização do capital, os gostos e hábitos de parcela significativa da
população mundial seguiram uma lógica cosmopolita; todos passam a consumir os produtos
das marcas mundiais, se sentindo, com isso, pertencentes e incluídos na aldeia global.
O S.C é direcionado para este tipo de público sensível as novas tecnologias, a moda e
do tempo curto; sob tais critérios, os S.C conseguiram concentrar um grande número de
atividades de lazer, serviços e de pessoas no mesmo lugar.
O surgimento dos primeiros Shopping Centers, mais especificamente nos EUA, está
relacionado diretamente ao advento do automóvel; daí estes empreendimentos serem
construídos em amplas vias com grandes fluxos de veículos. Ele surge no momento onde a
crescente industrialização da pós-segunda guerra e o ritmo de vida agitado das grandes
cidades, impulsionaram as pessoas a economizar o maior tempo possível, levando-as a
procurarem as opções de serviços rápidos e eficientes (surge daí a comida do tipo fast-food e
os drive ins, como os da marca Mcdonalds). Nos EUA a expansão dos subúrbios, o
crescimento da população e da renda, fez com que o comércio varejista tradicional se
adaptasse e oferecesse bens e serviços especializados para as novas formas da vida urbana que
se iniciava a sociedade do Time is Money.
Nesse contexto o S.C, enquanto um empreendimento centralizado de comercialização
e consumo planejado vem crescendo em todo mundo, executado e administrado por grandes
empresas privadas, que procura oferecer produtos e serviços, de forma a realizar tanto a mais
valia dos trabalhadores como também se apropriar do tempo livre das pessoas transformando
o consumo em um ato prazeroso de lazer, lazer este reificado e caro, ficando assim o tempo
livre das pessoas sob o controle e poder da racionalidade do capital.
32
Restanos agora pagar caro para acessar os benefícios do lazer; não há muita opção
dentro da cidade, exceto a praia que por ela não se paga como uma mercadoria qualquer.
Lazer como mercadoria é mais uma estratégia de dominação do capital. Quem quer lazer que
pague então por ele, quem não tem como paga-lo, será excluído. Não temos mais opções.
Nossas praças públicas viraram pontos de prostituição e venda de drogas, um absurdo que se
repete em quase todas as capitais do nosso país.
Os Shopping Centers vem crescendo em importância para o grande capital e atraindo
amplos e diversificados setores e atores sociais em todo o mundo, atores estes que manifestam
em relação a ele, interesses distintos. O Shopping vem realizando importantes alterações no
espaço urbano, deslocando especialmente novas formas de sociabilidade (encontro com
amigos, namorar, passeio com a família, consultas médicas) tentando não reproduzir e evitar a
realidade contraditória do lado de fora.
33
3 O LAZER COMO MERCADORIA
3.1 Shopping center: a submissão do lazer ao comércio
O Shopping Center é na atualidade um ícone moderno de consumo e lazer, onde o
capital expõe suas criações mercadológicas. Nele são divulgados os novos estilos de vida e as
tendências da moda internacional. A sociabilidade dentro destes empreendimentos é mediada
por objetos de consumo, que ditado pela nova ordem econômica e pela internacionalização da
economia que, aos poucos, vai aculturando o cotidiano da cultura local homogeneizando e
padronizando comportamentos sob a ótima Norte Americana e Européia .
O Shopping Center local é um meio onde uma sensação de tranqüilidade e segurança é cultivada pelo acabamento dos prédios e pelo planejamento cuidadoso dos lugares públicos. Contudo, todos que fazem suas compras nesses lugares estão cônscios de que a maioria das lojas pertencem a cadeias de lojas, que podem ser encontradas em qualquer cidade, e que na verdade inumeráveis shopping centers de projeto semelhante existem por toda parte. (GIDDENS, 1991, p.141)
Para Padilha (2006), os S.C’s não passam de um lugar onde a formação do ser social
é incompleta. Relações estas artificializadas, fomentada por estímulos da moda e da mídia,
financiadas por empresas multinacionais que precisam produzir novas formas de necessidades
para o aumento da demanda de seus produtos. Para a autora, o capital, ao oferecer o lazer
como mercadoria, nos remete a pensar que o âmbito cultural e social não mais podem ser
pensados separadamente do fator econômico, fazendo com que o despertar das consciências
tornem-se obscurecidos e alienados.
Padilha (2006) defende que os Shoppings Centers são um lugar não só de consumo,
mas também de lazer destinado a privilegiados. Ela o caracteriza como um lugar onde os
indivíduos procuram identidades em meio às mercadorias. A mesma autora também acredita
que os S.C’s são um local de distinção social, raça e etnia, ou seja, é um lugar de segregação
social, mais especificamente no Brasil.(PADILHA, 2006, p.15)
34
O Shopping Center é um lugar onde “tudo” pode ser vendido. Ele é considerado um
lugar de referência para realização de compras e passeios turísticos nas grandes cidades e está
associado à ideologia sobre a qualidade de vida e bem estar social via consumo de
mercadorias. Em seu Mall são comercializados artigos simples e de luxo, sauvenirs, demais
produtos reconhecidos simbolicamente e universalmente, como as marcas multinacionais,
legitimados como signos das classes dominantes ou status social.
Neste contexto, o Shopping Center sobe um degrau além da mera categoria de espaço; ele é, na verdade, a perfeita metáfora cultural atual, cujos traços formais emergentes coincidem com o surgimento de um novo tipo de vida social e de uma nova ordem econômica, esta última caracterizada pelo neocolonialismo e pela internacionalização do capital e a primeira impregnada de elementos novos e marcantes como o crescimento da informática, da mídia eletrônica e, a reboque desta, o crescimento do consumo. (MESQUISTA, 2002, p.11)
Nos S.C’s adolescentes e crianças passam o dias envolvidos no mundo da
mercadoria, em meio às lojas de grife, aos parques temáticos, jogos eletrônicos e do fast-food.
O passar das horas nos corredores refrigerados dos S.C’s com os amigos significa muitas
vezes ter dinheiro para gastar, por que tudo é pago. A Praça de Alimentação dos S.C's é um
dos lugares de sociabilidade mais freqüentados por toda a família; casais e amigos costumam
confraternizar os laços de amizade e familiares mediados por objetos de consumo, enquanto
as empresas faturam alto manipulando sentimentos em comemorações de dias “especiais” dia
dos namorados, das mães, do pai, da criança, natal, páscoa etc. Ao falar de lazer nas grandes
metrópoles, os S.C’s estão em primeiro lugar na preferência da população e são o destino
predileto de toda família, conforme comenta a autora:
A ocupação do "tempo livre" em shopping centers sinaliza um fenômeno de
submissão do lazer ao mercado, o que também pode ser observado em
viagens feitas em forma de pacotes turísticos ou em clubes de férias, cujos
hotéis oferecem uma enorme quantidade de atividades de lazer previamente
programadas. Ou ainda, em parques temáticos de diversão, como a
Disneylândia, verdadeiros "supermercados de lazer". Dito de outra forma, o
lazer se confunde com uma mercadoria e o "tempo livre", sob a lógica do capital
por não ser de fato livre. Tudo isso, é claro, pensando naqueles membros de
uma camada social que podem pagar o preço por serem relativamente
"incluídos", pelo menos do ponto de vista do emprego e do salário
(consequentemente do poder aquisitivo). (PADILHA, 2006, p.27)
35
Padilha (2006) faz a seguinte reflexão: “O que esta catedral das mercadorias pretende
é criar um espaço urbano ideal, concentrando várias opções de consumo e consagrando-se
como ‘ponto de encontro’ para uma população seleta de seres ‘semiformados’ sendo segundo
ela um lugar de representação e disseminação ou reprodução da ideologia dominante”.
(PADILHA, 2006, p.15).
Henry Ford (1863-1947) idealizador da fábrica de automóvel Ford Motors Company,
pai do modelo de produção Fordismo para aperfeiçoar a produção de carros em massa,
procurou “domesticar” os operários que trabalhavam em suas fábricas, intensificando o
controle da vida pessoal e do cotidiano de seus funcionários. Ele queria criar um “novo
homem” cuja a idéia era incluir no pensamento dos indivíduos americanos que a felicidade
estaria na obtenção de bens materiais, ou seja, quanto mais mercadorias fossem consumidas,
maior o nível de satisfação pessoal, de bem-estar, qualidade de vida, com uma vida
permeada pela abundancia com o consumo hedonista. (Padilha, 2006, p.24)
Para Mesquita (2002), o lazer nada mais é do que um prolongamento do trabalho. As
Classes que vivem do trabalho, ao usufruir o tempo livre nas cidades em eventos de lazer,
mais especificamente, em lugares como os S.C’s, deparam-se com uma forma pronta,
artificial e pré-determinada, repetitiva, do lazer pago. Para ela, o capital consegue extrair do
trabalhador não só a mais valia na exploração do trabalho assalariado conforme nos mostrou
Marx, como também, com atividades de lazer pago, portanto sendo um prolongamento a
atividade laborativa. As atividades de lazer oferecidas atualmente são monopolizadas pelo
capital, pois os espaços públicos encontram-se sucateados e esquecidos pelos gestores
públicos. A autora faz a seguinte reflexão sobre o lazer e o trabalho na apropriação do
segundo e, portanto duplicada pelo capital:
O consumo confunde-se com o lazer. “O lazer como oposição ao trabalho nada mais é que a sua continuidade: trabalha-se pensando no lazer e dedica-se ao lazer pensando-se no momento seguinte de voltar a trabalhar”. (MESQUITA, 2002, p.50)
36
Mesquita (2002) concorda com Padilha (2006) no sentido de que os indivíduos, ao
preferirem um lugar privado e com lazer pago na cidade, não percebem, ou não querem
perceber que existem contradições sociais fora destes espaços programados e artificiais a fim
de isolar-se dos problemas do lado de fora dos Shopping Centers, como a violência de modo
geral. Neste sentido as autoras concluem que na atualidade, a prevalência do ter sufoca a do
ser, sendo estes um fator degenerativo de grande parte das relações sociais na sociedade.
Entre as mercadorias presentes no shopping center está o lazer: as salas de cinema, os jogos eletrônicos, a praça de alimentação, os ocasionais e padronizados eventos artísticos, os brinquedos etc. Os diversos equipamentos de lazer disponíveis em shopping centers levam as pessoas a encontrar diversão em torno da celebração do objeto, de modo que, mesmo no lazer, o SER permanece subjugado ao TER. O lazer oferecido em shopping centers é alienado porque leva ao distanciamento dos sujeitos consigo próprios, ao mesmo tempo em que os "empobrece". Esse empobrecimento deve ser entendido em relação ao que Marx considerava a verdadeira riqueza, ou seja, "[H'] o homem (na) plena riqueza de seu ser, (é) o homem rico e profundamente dotado de todos os seus sentidos [H']" (Marx apud Silveira, 1989, p. 48, grifos do autor). O homem rico, para Marx, não tem a riqueza na sua conotação burguesa, mas é o homem emancipado que realiza plenamente seus sentidos. A perversa lógica na qual está inserido o shopping center não possibilita que o homem desenvolva essa dimensão da riqueza (PADILHA, 2006, p. 181).
Para Padilha (2006) o lazer “é um fenômeno social importante” para o entendimento
da sociedade e deve ser abalizada pelas ciências sociais; ela procurou refletir sobre o
empreendimento S.C como um espaço que vai muito além do que ele aparenta ser, não sendo
somente um espaço de consumo de mercadorias, mas sim um espaço que oferece serviços,
alimentação e lazer, e principalmente identidades, que geralmente são criadas pela Indústria
Cultural. (PADILHA, 2006, p.179)
No plano do lazer, é importante destacar a aceleração do tempo de descartabilidade dos produtos culturais e de reprodução da mesmice, fenômenos da indústria cultural identificado por Theodor Adorno e Max Horkheimer (1992). A fluidificação da cultura e do lazer é um dos traços da “modernidade liquida”, conceito utilizado por Zygmut Baumann (2001). (ALVES, 2006, p.36).
37
Para Padilha o S.C é um lugar onde as relações estabelecidas do lado de dentro são
coisificadas e mediadas por objetos de consumo. Esta mediação tem como base a posse de
objetos materiais, ou seja, baseada no consumo: ‘A sociabilidade dos freqüentadores de S.C’s
é, portanto, estranhada e reificada, na medida em que ‘o vínculo social entre os indivíduos
assume, então, a forma de coisa’ (Silveira, 1989, p. 55, grifos do autor). Os ‘sujeitos
coisificados’ são determinados e limitados pelas coisas que se apropriaram do que era próprio
do sujeito. “Assim, a coisa, o capital, a mercadoria, o dinheiro dependem dos sujeitos para
reproduzirem-se como tais” (PADILHA apud SILVEIRA, p.180).
Ainda segundo Padilha (2006) o capital viciado na racionalidade econômica,
miniaturiza os espaços públicos das cidades dentro do shopping, ou seja, ele é uma espécie de
“cidade” artificial, agregando à sua estrutura, serviços que estariam dispersos por toda cidade
e que exigiria das pessoas muito tempo e trabalho para se deslocarem de uma loja a outra.
Nos S.C podemos encontrar praças e jardins artificiais, dando harmonia ao local, transmitindo
a sensação de limpeza e modernidade e organização, coisa que não vemos muitas vezes do
lado de fora nas ruas das cidades.
Com base nessa lógica, o lazer incorporou-se aos shoppings centers de forma tão significativa que hoje confundimos centro de compras com centro de lazer. Os consumidores foram, nesse processo, sendo levados (de diversas formas e por diversas razões) a procurar lugares de compras que ofereçam opções de divertimento. Assim, os bens materiais de consumo, para uma circulação mais rápida e garantida no mercado, passam a ser quase dependentes das atividades de lazer e dos serviços, que de apêndices tornaram-se atrações principais (PADILHA, 2006, p.26).
Para Mesquita (2002) a cultura é mercadoria. Ela é vendida como mais um acessório
das vitrines das lojas. A cultura hoje mais do que nunca passa a ser um acessório na
programação de eventos de lazer, servindo como atrativo na complementação de atividades do
lazer pago para as massas consumidoras. Os bens culturais que são comercializados hoje são
mais uma opção de mercadoria de dentre a grande variedade disposta nas vitrines. Elas são
vendidas e ressignificadas como um produto fabril seriado, reelaborado pela Indústria
cultural.
38
Os Shopping Centers que conhecemos hoje funciona como um catalisador que
adiciona e absorve à sua imagem bens culturais da sociedade pela qual ele está implantado, a
fim de conquistar a simpatia e o gosto dos freqüentadores. Ele é mutante no sentido de
agregar em seu interior parte do que a sociedade tem como valor identitário, ou seja, a cultura,
a arte, de modo geral. Os bens culturais, ao serem incorporado neste tipo de negócio passam a
ser resignificados e transformados em mercadoria, sendo expostos e vendidos como um
produto qualquer da vitrine das lojas.
Este consumo coloca-se como um negócio altamente lucrativo. Se a alma deste negócio é a propaganda, o seu corpo assume as elaboradas formas de seus produtos culturalizados. Simplista demais seria nossa análise se admitíssemos que os bens culturais têm sido democrática e irrestritamente comercializados. A realidade mercadológica reflete o movimento exatamente oposto – os bens de consumo, face às flutuações e exigências de mercado, culturalizam-se– surge aí um consumo elegante e renovado. (MESQUISTA, 2002, p.11)
Mesquita (2002) utiliza pensamento de Guy Debord e acrescenta que os atores
sociais preferem um perfil identitário já pronto e que não custe muito tempo e trabalho para
obtê-lo, ficando assim os mesmos na inércia em permanecer meros espectadores diante de
uma realidade desumana e desigual. Ela argumenta que nas sociedades moderna e capitalista o
ter se sobrepõe ao ser, e ainda, os homens, segundo ela, são reduzidos a condição de meros
trabalhadores - consumidores, servindo de base para o ciclo de dominação do capital,
perpetuando com isso o sociometabolismo deste tipo de modelo econômico.
De acordo com Guy Debord, a imagem tornou-se a forma final da reificação – de fato, o homem perdeu a noção de si mesmo – de um eu verdadeiro, encontrando-se numa identidade já pronta e menos trabalhosa. Nesta sociedade do espetáculo há muito deixamos de encarnar o papel de atores para nos conformarmos com um lugar na platéia dos grandes movimentos e decisões dos verdadeiros atores deste enredo social: os detentores do poder sobre os mecanismos mais intrínsecos de controle. (MESQUITA, 2002, p.42)
39
E continuando:
Numa sociedade em que os homens são reduzidos à condição de consumidores, torna-se evidente a necessidade de trabalhar para consumir, para gastar, para readquirir – um ciclo que, para ser mantido, deve exigir dos mecanismos de organização social uma eficaz identificação e consequente agrupamento dos homens não pelo que são, mas sim pelo que têm. (MESQUITA, 2002, p.49)
O capital consegue implantar nas consciências individuais a idéia de que, ao
consumir bens industrializados, ter facilidade ao crédito em qual escala for, a sensação de
estar participando da falsa democracia consumista, faz com que os indivíduos acreditem que
realmente estão em uma sociedade do bem-estar social. Aparelhar a casa com produtos
ultramodernos é inclusão social? ou uma forma de sufocar ainda mais as contas no fim do
mês? Aparelhar a casa com produtos industriais é uma forma de desviar o foco do que
realmente falta nas sociedades ainda em desenvolvimento, um bom exemplo seria a
otimização da saúde pública, educação e moradia (minha casa minha vida). Consumir bens
que muitas vezes são “supérfluos” propagandeados pela mídia é estar participando da moda e
significa estar atualizado como comenta Mesquita (2002).
[...] deter o poder de compra; podendo consumir, o indivíduo tem acesso à produção com a marca do sistema; vítima de um engodo, os ingênuos consumidores se supõem participantes, de alguma forma, dos mecanismos de produção e, a reboque deste, do próprio núcleo de poder. Todavia, seu papel nunca é o de ator, mas sim o de espectador – as falas são consumidas e absorvidas sem choque e todo produto vindo da indústria cultural já se encontra pronto, não aceitando qualquer tipo de retoque ou mesmo de diálogo. Os espectadores têm, portanto, a falsa impressão de estarem atuando, quando, na verdade, os possíveis conflitos e choques de opinião são bem gerenciados pelo poder e acabam, paradoxalmente, por fortalecê-lo. (MESQUITA, 2002, p.50)
Ao falar de democracia via consumo temos como exemplo inimaginável o fato de
que uma empresa privada ser considerada um símbolo de paz e de democracia. A democracia,
em países subdesenvolvidos, é sinônimo de trabalho “semi-escravo” por serem pagos baixos
salários como na China.
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Do ponto de vista político, o Mcdonalds chega a ser considerado, hoje um símbolo de democracia; está associado à paz mundial, segundo a tese de que nenhum país que tenha um Mcdonalds - até hoje entrou em guerra com outro pais que também tenha um Mcdonald's. É a teoria da prevenção de conflitos dos Arcos dourados, primeiramente concebida por Thomas Fridman, no New York Times, depois acompanhado por pesquisadores da Universidade do Hambúrguer do McDonald's quando eles tiveram obtido um nível suficiente de prosperidade econômica e estabilidade política (FONTENELLE, 2002, p.31).
O luxo, sendo um padrão de vida a ser seguido por todos ideologicamente, é
discutido no livro Para Além do Capital de Ístavan Mészáros. Mészáros (2002) com a teoria
da taxa de utilização decrescente, nos remete a reflexão de que para o capital é conveniente
que existam em escala a nível mundial um giro acelerado da circulação de mercadorias com o
consumo. Para isso é criado um efeito artificial e ao mesmo tempo objetivo, onde a todo o
momento surgem novas mercadorias e ao mesmo tempo novas ideologias são criadas e
agregadas ao objeto criado, ou seja, como nos ensina Marx a mercadoria é encantada,
fetichezada, para seduzir o comprador.
A obsolência planejada é esta estratégia criada pelo capital para não perecer. Objetos
que até então poderiam durar mais, como carro que são descartados ainda mesmo em plenas
condições de funcionamento. Novos modelos são lançados e os antigos logo saem de moda,
são descobertas novas tecnologias. A descartabilidade de mercadorias “velhas” é a mola que
impulsiona o sócio-metabolismo do capital.
Fontenelle (2002) concordando com Mészáros (2002), nos explica que o capital na
busca obsessiva pelo lucro procura produzir mercadorias que em pouco tempo estarão
obsoletas levando as pessoas à lógica da aceleração da descartabilidade. Segundo ela, há um
processo de aceleração do tempo na modernidade motivada pelas transformações advindas da
ciência patrocinada pelo capitalismo; ela nos explica que esta revolução tecnológica se deu a
partir da metade do século XX. A lógica do sistema capitalista é simples: descartar o mais
rápido possível todas as restrições que possam impedir o desenvolvimento, segundo a autora,
de ser continuo.
Como causa deste modelo “a velocidade e a descartabilidade de tudo passar a ser
ministrado na lógica da concorrência de empresas que tem como fim oferecer produtos
sempre “melhores” do que o concorrente. Para ela a forma da aceleração e descartabilidade
levam a cultura contemporânea a se reduzir a valores de eficiência econômica a todos os
setores da sociedade. O luxo é esta condição, que estimula os indivíduos a sempre buscarem
as “melhores” mercadorias, para que possam gozar de um bem estar, e ter uma existência
“feliz” focada no consumo hedonista.
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Os artigos ficam velhos pela deterioração propriamente dita ou pelo desgaste de suas partes; por melhorias na maneira de construir; ou por modificações na forma e no estilo, exigida pelo gosto variável da época. Nos dois últimos casos, sua utilidade quase não é diminuída; e, sendo menos procurados por aqueles que até então os haviam empregado, são vendidos a preço reduzido para uma classe da sociedade um tanto abaixo de seus antigos possuidores. Muitos artigos de mobiliário, como mesas e cadeiras bem construídas, são desse modo, nas salas daqueles que teriam sido absolutamente incapazes de comprá-los quando novos: ...Assim o gosto pelo luxo se propaga de cima a baixo na sociedade, e, depois de um curto período, a quantidade daqueles que adquiriram novos desejos se torna suficiente para incitar o engenho do fabricante a reduzir o custo de satisfazê-los, pois ele mesmo se beneficia da maior escala da demanda (MÉSZÁROS apud OLIVEIRA. 2002 p.637)
Neste sentido o autor nos esclarece que a tendência da produção de mercadoria é ser
direcionada para a produção em larga escala, facilitada com o advento de novas máquinas,
mais rápidas, mais eficientes, mas de forma não compensatória perde-se em qualidade e
conseqüentemente de durabilidade das mercadorias.
As sociedades capitalistas que agregaram em seu cotidiano as diversas formas da
descartabilidade geral e difusa dos bens duráveis e não duráveis caminha para o abismo da
barbárie, onde o novo, a juventude de corpos despidos nas propagandas, estimula os
consumidores a encontrar uma identidade alienada. O latão reluzente e cromado, a sociedade
do lustro, luxo e da reluzência são signos a serem seguidos por todos como se a riqueza
monetária fosse uma opção acessível a qualquer pessoa advinda de qualquer classe social. A
descartabilidade chega, segundo Mészáros, a bens duráveis como automóveis, que nos
Estados Unidos são lançados e destruídos no cemitério de automóveis (Mészáros, 2002,
p.640); Padilha (2006) concorda com Mészáros (2002):
Partido do principio do capital em tratar útil e utilidade em termos de vendabilidade, quanto menos dada mercadoria é realmente usada, aumentando, assim o seu tempo de vida útil, melhor é do ponto de vista do capital, uma vez que a subutilização das mercadorias aumenta a vendabilidade ou a troca de uma mercadoria por outra. Para haver reprodução do capital, a produção deve visar a um consumo descartável, do desperdício. A única coisa realmente que importa ao capital é que as mercadorias produzidas possibilitem a realização do seu valor-de-troca, independente do seu valor-de-uso (PADILHA, 2006, p.89)
42
Para a autora, o capitalismo precisa a todo custo aumentar a produção de mercadorias
em quantidade e variedade, mas a qualidade muitas vezes é solapada junto à durabilidade.
Para ela, o sistema capitalista não está mais preocupado em atender as necessidades humanas,
e sim interessado em atender suas próprias “necessidades da produção” que está diretamente
ligado a universalização do capital. As necessidades humanas, portanto, passam a ser
alienadas na medida em que são produzidas novas mercadorias para atender necessidades
“artificiais”. (PADILHA, 2006, p.90).
Padilha (2006) enfatiza que, apesar da descartabilidade de bens gerarem aumento na
produtividade, é interessante para o capital que o círculo do consumo em um mercado estável
e consolidado seja acelerado, ao invés de expandir os investimentos para novos centros
consumidores ainda em condição de instabilidade, evitando com isso prejuízos. Com a taxa de
utilização decrescente, não há razão para se ampliar mais o mercado, sendo feita uma
restrição artificial do círculo do consumo, excluindo uma grande quantidade de pessoas não
só em países em desenvolvimento como também em países desenvolvidos. (PADILHA, 2006,
p.90). Karl Marx inicia o capítulo sobre a mercadoria com as seguintes palavras:
A riqueza das sociedades onde rege a produção capitalista configura-se com uma “imensa acumulação de mercadorias”, e a mercadoria, isoladamente considerada, é a forma elementar dessa riqueza. (MARX, 1975, p.41)
Marx nos esclarece que, de um lado, se é no consumo que um objeto produzido
realiza efetivamente a sua finalidade, portanto, seu valor-de-uso ao satisfazer uma
necessidade, por outra parte, é na produção que tal necessidade foi criada objetiva e
subjetivamente(isto é: “.. a produção não cria somente um objeto para o sujeito
consumidor, mas também um sujeito para o objeto”(Marx, 1978, p.110)
Padilha (2006) faz um breve resumo de Marx, demosntrando como o consumo e a
produção são equivalentes no processo de satisfação das necessidades humanas. Ela comenta
que segundo Marx nos Manuscritos econômicos e Filosóficos - grundrisse “a produção é
imediatamente consumo e o consumo é imediatamente produção”. Sem a produção não
haveria consumo, mas sem consumo também não há produção (PADILHA, 2006, p.87).
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O consumo produz a produção em dois sentidos: (a) porque é no consumo
que o produto converte-se em produto real, e (b) porque o consumo cria a
necessidade de nova produção. É o consumo que cria o impulso para uma
nova produção, pois ele estabelece idealmente o objeto da produção, como
imagem interna, como necessidade, como impulso e como fim. Sem
necessidade não existe produção. E o consumo reproduz a necessidade
(Marx, 1985, p. 8). A identidade entre produção e consumo manifesta-se de
três maneiras, segundo o autor: 1) a produção é consumo e o consumo é
produção; 2) a produção cria o material como objeto externo para o consumo,
o consumo cria a necessidade como objeto interno, como fim para a
produção; 3) a produção é meio para o consumo e o consumo é fim da
produção. A produção produz o consumo, criando o incentivo ao consumo
como uma necessidade. Nessas passagens, Marx nos dá pistas de que há uma
diferença e uma relação entre objetos e necessidades, entre necessidades
naturais e necessidades criadas pela sociedade, quando entendemos que o
consumo - como satisfação de necessidades - é criado pelo próprio sistema de
produção. (PADILHA, 2006, p.87)
Canovacci, antropólogo Italiano, nos esclarece que a diferenças mais importantes da
transição da era industrial para os moldes atuais esta focada especificamente no consumo.
Para ele o consumo hoje não é somente como no pensamento clássico-modernista de objetos
mercadológicos. Segundo ele o consumo nas últimas décadas tornou-se um produto de valor
econômico e de estilo de vida (LIMA, 2007, Folha de São Paulo, p.d-23).
O consumidor contemporâneo é protagonista do consumo. Uma pessoa não vai ao
Shopping Center somente para comprar coisas, mas para consumir comunicação,
para se mostrar, para encontrar outras pessoas. Daí surge à idéia do consumo
performático e, neste sentido, o Shopping Center assume o papel de fábrica da
contemporaneidade. o fetiche está presente e em quase toda a publicidade,
principalmente na marcas de luxo. ( CANEVACCI apud LIMA , 2007, Folha de São
Paulo, d.23)
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3.2 Shopping center e a crise do capital
Em tempo de crise econômica há uma modificação estratégica do capital. No caso dos
S.C 's estão se popularizando. Até pouco tempo desfilar nos corredores destas empresas era de
exclusividade das classes de alto poder aquisitivo. Os S.C's perdem cada vez mais seu status
de nicho exclusivo das classes mais abastadas, motivado pelo aumento da renda, levando as
classes mais ricas a se deslocarem para galerias de luxo em bairros elitizados. Há um
crescimento de galerias de luxo e lojas de grife em bairros de classe alta na cidade de Maceió.
Como podemos observar em Maceió na orla de Jatiúca e Ponta Verde (Passeio Estela Maris,
Zump e Forum, Ellus) tem tido um significativo crescimento.
O S.C. não é mais um lócus de privilegiados de consumo e de lazer da classe
dominante como defende Padilha (2006) em sua tese de doutorado Shopping Center a
Catedral das Mercadorias, mas continua sendo um lugar de exploração tanto do trabalho
assalariado como também da apropriação do tempo livre dos trabalhadores, ou seja, da
apropriação do lazer reificado com atividades lucrativas oferecidas as classe trabalhadoras. Os
S.C continuam tendo sua base fundamental que é a busca do lucro. Ele apenas se adapta como
forma de sobrevivência em momentos de crise ou de transição econômica nas sociedades pela
qual estão inseridos não importando a forma ou o público em que o lucro possa ser extraído.
Padilha (2006) acrescenta ainda:
Procuro, então, analisar criticamente o Shopping Center e o que ele significa hoje para as sociedades capitalistas. Como um espaço privado que se traveste de público para dar a ilusão aos consumidores de que se trata de uma "nova cidade", mais bonita, mais limpa e mais segura que a "cidade real", que pertence ao mundo de fora, o Shopping Center é tomado aqui como um importante complexo comercial que pretende fabricar um novo homem a fim de adaptá-lo à obsessão capitalista pelo lucro. E essa pretensão custa muito caro à cultura, à cidadania, à urbanidade, ao lazer e à subjetividade humana (PADILHA, 2006, p.23).
Para Padilha (2006) o S.C é um lugar de segregação Social na medida em que reflete
as contradições e problemas do lado de fora da cidade. Para ela o shopping Center representa
um lócus privilegiado da classe alta segregando e excluindo um vasto segmento da população
brasileira como também é um dos lugares preferidos atualmente em momentos de lazer,
motivado pela decadência dos espaços públicos e o aumento da criminalidade nas grandes e
pequenas cidades.
45
O que Padilha não percebeu é que com a crise do capital o S.C perde o caráter de ser
um lócus para privilegiados, mas não deixando de lado suas propriedades essenciais e
tradicional de exploração e do lucro, pois os lucros é o que realmente importa. Assim o capital
junto aos S.C's modela os espaços urbanos, oferecendo uma gama de símbolos, gerando o
espetáculo do consumo de bens materiais e de lazer-mercadoria de forma supérflua fluida ou
alienada. Daí são “modeladas” identidades, deturpados os valores com a chamada “cultura do
consumo”.
Para que os indivíduos possam ter acesso aos benefícios do lazer, deverão
desembolsar certa quantia em dinheiro, caso contrário, serão excluídos. Sabemos que o lazer é
um direito e não necessariamente precisar-se-ia gastar para poder usufruir destas atividades.
Neste sentido a autora faz duras críticas à inércia por parte da sociedade civil, no que diz
respeito à luta pelos direitos fundamentais. Para ela, quanto menos se reflete sob a realidade
do mundo, maior é a sensação de diversão.
A cultura como diversão descarta por completo a idéia – quanto menos se pensa maior é a diversão; a arte perde em originalidade para tornar-se um mero modelo repetitivo, um simples prolongamento do trabalho. Diriam Adorno e Horkheimer: “A diversão é o prolongamento do trabalho sob o capitalismo tardio. Ela é procurada por quem quer escapar do processo de trabalho mecanizado, para se pôr de novo em condições de enfrentá-lo.” (MESQUITA, 2002, p.40)
O bombardeio das campanhas midiáticas é intenso. As grandes marcas compram
várias horas em forma de comercial. Suas marcas são divulgadas e vendidas a cada minuto.
Como a distribuição das lojas de marca que estão espalhadas pelos quatro cantos do mundo, e
suas marcas são reconhecidas como referencia de estilo e moda, reforça o imperialismo norte
americano e europeu, tentando projetar rapidamente tais valores, hábitos alimentares, em
países com costumes extremamente diferentes, mostrando novas formas de se viver vestir e
comer, relacionar.
Podemos citar como exemplo: a rede de restaurantes da marca multinacional como
Mcdonald’s, que segundo Fontenelle (2002), embasada em sua pesquisa de Doutorado sob
título (O Nome da Marca) ela argumenta que estamos diante do império das marcas. O
Mcdonald’s se expande também na Ásia, a cultura do fast-food por países fechados
culturalmente como Japão e China. Para Brune (1981), a publicidade tem uma atuação
ideológica a partir das seguintes manobras:
46
1) Reduzir: a publicidade tem a função de fazer com que os indivíduos acreditem
que o consumo será suficiente para sua vida sociocultural, o que causa uma
desilusão crônica nos consumidores, uma vez que nenhum objeto pode cumprir a
promessa dos signos. Na verdade, isso faz parte da estratégia publicitária, pois é
preciso frustrar continuamente as pessoas para relançar novos desejos de compra.
2) Frustrar: a oferta da plenitude pelo consumo aviva no consumidor o
sentimento de suas faltas, de seu vazio.
3) Erotizar: a erotização dos produtos é algo feito intencionalmente, de forma a
implantar a ideologia de que as coisas do amor são antes de tudo o amor das
coisas, ou seja, que a pulsão sexual deve ser reduzida ao desejo de compra. Ao
sexualizar o produto faz-se crer que a sexualidade humana é também objeto de
consumo.
(4) Alienar: por meio da publicidade, as pessoas não perdem somente sua própria
personalidade, mas também vêem apenas a elas mês
Mas pelo olhar do outro.
(5) Recuperar: a publicidade recupera, tenta trazer de volta tudo e todos que lhe
oferecem uma certa resistência ou que a contrariam. A recuperação política é a
mais comum, pois a publicidade faz toda uma "comédia do poder", a fim de
confundir deliberadamente as pessoas: "ela desacredita o mundo político para
melhor acreditar a 'ordem' comercial. Assim, a divertida 'despolitização'
publicitária desempenha um papel político de 'conservação'" (ibidem, p. 50). 6)
(6)Condicionar: a tese do complexo de castração!3, explicada por Freud, atingiu
a publicidade. Assim, o consumo de mercadorias ajudaria, sobretudo as
mulheres, a preencher o que lhes falta por natureza. "É assim que numerosas
publicidades prometem às mulheres, sem lhes dizer, o falo salvador com o qual
elas sonham sem saber" (ibidem, p. 56).
(7) Infantilizar: a criança moderna, que adora publicidade como gosta: de açúcar,
sente-se segura no universo dos objetos. Com a televisão, a criança cresce
buscando reconhecer-se na criança feliz que só vive do consumo de brinquedos e
comidas (normalmente guloseimas). PADILHA apud BRUNE, 2006, p.104)
Mesquita (2002) argumenta que quanto mais os mecanismos de comunicação e a
arte se desenvolvem, maior é o seu poder e controle sobre as ações individuais, que de forma
cada vez mais didática, vai disciplinando pessoas para o consumo de supérfluos e
descartáveis. Sabe-se que grupos de empresas beneficiam-se com a degeneração social tipo
empresas de segurança privada. A maioria do povo padece, mergulhados no mundo dos signos
mágicos, dos filmes e estrelas de Hollywood, dos shows mega e ultra fantásticos.
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Em suma, quanto mais solidifica-se a indústria cultural através de seus mecanismos de produção e difusão, maiores são o seu poder de controle e sua influência sobre os indivíduos; ao consumir os produtos desta cultura estamos, de forma consciente ou não, compactuando com o sistema produtivo. O shopping é o espaço planejado perfeito para a implantação da disciplina de consumo e da possibilidade de diversão. .”(MESQUITA, 2002, p.41).
A influência do capital sobre as decisões de compra dos indivíduos é um fato
indubitável. Apesar da grande variedade de produtos oferecidos no mercado, existem diversos
mecanismos de divulgação utilizados pelo capital como uma quantidade excessiva das
propagandas pelas marcas através da mídia. Além disso, acordos são feitos entre indústria e
distribuidores, limitando opções e a adesão de novas marcas pelos consumidores, com isso
tais produtos ficariam mais baratos, beneficiando o consumidor sendo que objetivo não é este
e sim gerar mais capital a qualquer custo inclusive à destruição do meio ambiente.
O capital em busca do lucro realiza inúmeros estudos para descobrir os gostos e
hábitos dos consumidores, que vão desde o som que certas embalagens emitem aos aromas e
sabores etc. A divulgação é feita através da internet, tv aberta nacional e internacional,
outdoors, cinema, etc. Especificamente as indústrias alimentícias se utilizam de propaganda
com artistas famosos, atletas, para aumentar as vendas. A todo o momento são alteradas as
fórmulas dos produtos sendo acrescidas substâncias químicas, que muitas vezes causam
câncer e outras deficiências orgânicas ao longo do tempo de consumo.
Na verdade, os profissionais da publicidade e do marketing procuram
descobrir os desejos mais inconscientes dos seres humanos, aquilo que é uma
necessidade no plano subjetivo, não no plano da objetivada de. Foi por esse
caminho que as agências de publicidade descobriram que é quase sempre
muito vantajoso estabelecer uma correlação entre desejo sexual e desejo de
compra. Então, os consumidores telespectadores se vêem cotidianamente
rodeados de corpos jovens, belos e nus, bem como de imagens apelativas do
ponto de vista erótico, o que acaba trazendo outra conseqüência social
importante:- a banalização do sexo, do amor e do corpo humano. E mais: a
publicidade alimenta a ideologia consumista que exalta o novo e o belo
enquanto nega o envelhecimento, processo natural da existência humana. E
isso de várias maneiras: tanto no terreno do corpo, que aparece sempre jovem
e saudável, como também na mensagem constante - implícito ou explicitado
"troque o seu velho por um novo''-. (PADILHA, 2006, p.108-109)
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São investidos milhões de reais na elaboração de novos produtos como, por exemplo,
o embelezamento das embalagens com estilo Hi-tech. O aspecto estético é primordial, cujo
designes e moldes são extraídos de filmes de ficção científica. São investidas somas incríveis
em campanhas publicitárias de forma a criar novas formas de subjetividades. Novas
necessidades surgem a cada momento. Fabricando também o público consumidor para cada
produto novo.
Os indivíduos consomem os produtos industriais que são propagandeados como
objetos exclusivos e de luxo acessíveis. Ao mesmo tempo as empresas disputam cada cliente,
que para elas não passam de fonte lucro. Os indivíduos são muitas vezes influenciados e
condicionados a produtos que muitas vezes são supérfluos, tornando-os depósitos temporários
de produtos “descartáveis”. Uma grande empresa possuem metas de vendas e os números
estatísticos deverão estar na data, lugar e hora certa em alguma sala de reunião de uma grande
multinacional. Ao reduzir humanos a números estatísticos transmuta-os em “objetos” e os
objetos tomam-lhes seu lugar tornado-se sujeitos.
Produtos cada vez mais artificiais são consumidos pela população local ou mundial,
explicitamente adicionados aditivos químicos cancerígenos desconhecidos geralmente pelos
consumidores. Sabores artificiais, essências similares ao natural, para mover uma sociedade
cada vez mais rápida em suas relações reais que requere uma alimentação equilibrada, natural
e nutritiva, saudável e não produtos manipulados artificialmente ou modificados
geneticamente.
A saúde está em crise na modernidade, a economia, a política e principalmente a
subjetividade. Não há controle efetivamente sério para contornar tal situação socialmente
degenerativa. Tal “degeneração” é um exemplo de como está o rumo de nossa sociedade que a
cada momento se generaliza, inclusive em direção a nossas bocas. Hoje pensar em Shopping
Centers não nos remete mais a um ambiente de exclusão como afirma a autora Valquíria
Padilha e sim a um lugar popular onde todas as classes se cruzam em passeios nos corredores.
O capital, com seu plano de reestruturação mais especificamente no Brasil, esta
procurando agora explorar as classes emergentes com renda em ascensão, investindo em
segmentos de classe que até então eram menosprezados. A nova classe média brasileira que
tanto os meios de comunicação divulgam. Padilha (2006) acredita que os Shopping Centers
são um lugar de exclusão social conforme segue o citação logo abaixo:
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Os shoppings centers são, então, símbolos de uma sociedade que valoriza o espetáculo do consumo de bens materiais e de lazer-mercadoria, de uma sociedade que oferece a uma pequena parcela da população o direito a esse consumo e a esse lazer, enquanto exclui a maioria dessa mesma população. Assim, esses centros comerciais configuram-se como espaços de lazer alienado, influenciando de forma decisiva a construção da identidade social de cada um, tanto dos que frequentam esses espaços como também dos que não os frequentam, mas que, enfeitiçados pela publicidade e pela "cultura de consumo", desejam freqüentá-Io. (PADILHA, 2006, p.178).
Ainda segundo Fontenelle (2002):
E como essas sociedades fizeram com que o Mcdonalds se adaptasse as suas culturas? Para os autores, enquanto nos Estados Unidos comida rápida implica, de fato, consumo rápido, este não é o caso em Beijing, Seul e taipei, localidades nas quais o Mcdonalds é tratado como centro de lazer, onde as pessoas podem se refazer do stress da vida urbana. Em Hong Kong, os restaurantes Mcdonalds são equivalentes a clubes de jovens, que levam aos estudantes, frequentemente, a ficar durante horas nas suas lanchonetes. (FONTENELLE, 2002, p.44)
Em momentos de crise o capital tenta se recuperar não podemos esquecer que a
conhecida nação mais poderosa do mundo em 2009 passou por mais uma profunda recessão
econômica. Falências de bancos privados, indústrias automobilísticas tradicionais como
General Motors e Chrysler em dificuldades financeiras, bilhões de dólares subsidiados pelo
governo federal norte-americano que até então pregava o não intervencionismo em negócios
de empresas privadas.
Empresas asiáticas vinculadas a negócios americanos e a todos os países afetados pela
crise mundial recorrem ao Fundo Monetário Internacional (FMI). A nação mais “rica” e
“poderosa” do mundo entra novamente em crise, esta gerada pelo próprio processo
contraditório do sócio- metabolismo do capital, levando à ruína os diversos negócios em
países associados em uma reação em cadeia motivada pela globalização da economia.
Em meio a todo este conturbado processo, o capital precisa recuperar-se; para isso
necessita aumentar a velocidade da circulação das mercadorias através do consumo,
aquecendo cada vez mais a economia e a arrecadação de impostos. A velocidade da circulação
de mercadorias e conseqüentemente do consumo, faz com que a roda da economia gire
imunizando o setor financeiro de crises que por ventura possam acorrer.
50
Atualmente existe uma migração de investimentos de capital sendo direcionada
principalmente para países emergentes como Brasil, China e Índia, ou seja, pela mão de obra
barata. A um aumento e facilitação dos governos para implantação das indústrias e empresas
estrangeiras a custos mais baixos, como a isenção de impostos tal qual o IPI, para o aumento
do consumo interno.
A mega rede de lojas de departamentos norte americana Wal-Mart é um bom exemplo.
Nos últimos, os mercados varejistas ou lojas de departamentos no Brasil têm obtido um
crescimento acima da média da economia. A Wall-Mart no Brasil está tendo um crescimento
significativo diferentemente de suas concorrentes norte americanos, que seguem uma
tendência continua de retração de lucros. Em países emergentes como o Brasil, o Wall-Mart
está conseguindo compensar as perdas, obtendo um crescimento acima da média do que em
seu país de origem.
Alves (2006) esclarece que a hipermodernidade motivada pela crise do capital, influi
nos afetos e nas relações sociais de forma negativa; a fluidificação de afetos e das relações
sociais torna-se cada vez mais desprendida no sentido de possessividade, mostrando de outra
maneira a lógica da descartabilidade de uma sociedade mediada por mercadorias, levando a
um consumo alienado e destrutivo minando com isso as formas de sociabilidade.
Ora o impacto desta “hipermodernidade”, ou da modernização exacerbada, em virtude da crise estrutural do capital sobre afetos e relações sociais é flagrante. Se, por um lado, a fluidificação de afetos e relações pessoais possui uma dimensão de positividade, pois significa ir além da possessividade própria do mundo das mercadorias, por outro representa a lógica da descartabilidade, intrínseca e esta mesma sociedade produtora de mercadorias, disseminando insegurança e medo e ampliando formas de despossesividade destrutiva que negam aos laços de sociabilidade (ALVES. 2006 p.36).
O modelo de Shopping Center que conhecemos hoje surge em tempos de crise
econômica mais especificamente nos Estados Unidos da América após a primeira guerra
mundial. Como todos nos sabemos, os EUA passaram pela crise de 1929 ou a grande
depressão econômica sofrida pelos EUA principalmente por falta de empregos, quebra da
bolsa de valores e inflação. Surge então o consumo de massa, os restaurantes de fast-food.
51
Já se sabe que os anos 30 também foram marcados pela dramática experiência da quebra da bolsa de Nova York em 29 de outubro de 1929, levando ao período da grande depressão que assolou o mundo e surpreendeu a Segunda Guerra Mundial. Mas a América dos anos 30 tem muito mais coisa para contar. No tempo que emergia o consumo de massa, começava a se plasmar uma nova sociedade da qual somos hoje personagens. (FONTENELLE, 2002, p.49-59)
O consumo de massa surge em tempos que Henry Ford lança o modelo T,
disseminando o Drive in virando moda comer a bordo de um possante carro símbolo de poder
americano fazendo deslanchar restaurantes como Mcdonalds, É na década de 30 que o
consumo de massa começa a deslanchar, em uma época denominada revolução técnica
levando ao desenvolvimento da grande indústria, tendo como um dos principais objetivos do
governo desenvolver estes setores.
Essas românticas palavras de Ray Kroc definem bem o tempo e o lugar específicos em que nasceu o Mcdonalds: Uma época em que a produção em massa começava a aflorar a partir de Henry Ford e seu modelo T, e o cinema se industrializava. Foi na junção desses dois movimentos que surgiu o drive-in, efeito de uma era na qual o automóvel tornava-se o grande ícone americano, fazendo do negócio de atendimento a consumidores dentro dos carros um ramo promissor. (FONTENELLE, 2002, p.49)
A era de prosperidade nos EUA se deu com a produção em massa iniciada por Henry
Ford e seu modelo T, onde o automóvel deu inicio da todo processo e a criação do Drive-in e
Os Shopping Centers, o desenvolvimento da periferia e o crescimento da renda fizeram com
que surgissem estes novos serviços como a comida do tipo Fast Food nas zonas urbanas
periféricas dos EUA.
3.3 Trabalho e tempo livre sob o domínio do capital
Vivemos em época de crise econômica, um grande contingente de desempregados
seguido de um grande numero de demissões em massa. Os que vivem do trabalho sofrem com
a sobrecarga e a flexibilização do próprio trabalho unido à usurpação das horas extras que é
apropriada pelo capitalista.
52
Segundo Navarro (2006) com o advento do modelo de produção capitalista houve
profundas transformações na estrutura produtiva de países desenvolvidos e em países com
industrialização tardia que passou a incorporar novas tecnologias como a microeletrônica,
informática, a robótica. Com isso houve um processo de reorganização das forças produtivas
e da classe trabalhadora, que se tornou cada vez mais flexibilizada, empobrecida e
fragmentada, motivada sobretudo pela crise do capital a partir da década de 70. (NAVARRO,
2006, p.51)
Na década de 80 a produção capitalista passa por um processo de reestruturação
baseada no neoliberalismo tendo como conseqüência imediata na classe trabalhadora, nas
organizações das empresas, na produção, sindicatos, indústria e na organização na gestão dos
gastos do governo.( Os modelos de produção que predominou no século XX mais
especificamente até a década de 70 foi o taylorismo e o fordismo que ao longo do tempo e a
experiência que as crises trouxeram, foi seguido pelo modelo taylorismo. (NAVARRO,
2006,p.52).
De forma sintética, podemos dizer que o taylorismo/fordismo é um modelo de regulação da produção e do processo de trabalho desenvolvido originalmente nos Estados Unidos que se propagou e se tornou predominante na grande indústria capitalista do século XX. Com esse modelo a fragmentação e a simplificação de tarefas, a separação entre concepção e execução, o controle rígido dos tempos e movimentos, a existência de grandes unidades fabris concentradas e verticalizadas, uma classe operária numerosa e em certa medida homogênea e a produção e o consumo em massa (NAVARRO, 2006, p.54).
A flexibilização do trabalho levou à precarização das relações do próprio trabalhador
com contratos da prestação do serviço que não garantem nenhum beneficio ao trabalhador, em
termos de garantias garantias fundamentais; outra consequência é a subcontratação, a
terceirização e do aumento da exploração do trabalho infantil. O prolongamento da jornada de
trabalho e a faltas de condições adequadas refletem, comprovadamente pela ciência, na saúde
do trabalhador: depressões, síndrome do pânico, estresse, hipertensão arterial, doenças
cardiovasculares e o alcoolismo (NAVARRO, 2006, p.56).
53
A análise da equação trabalho/saúde/tempo livre nos dias atuais passa, pois, pela compreensão da lógica que rege a intensificação do trabalho na sociedade capitalista contemporânea. Lógica esta que desemprega, extingue empregos formais e cria toda sorte de trabalhos precária; lógica que produz tecnologias altamente sofisticadas que permitem aumento nos ganhos de produtividade, diminuição do tempo necessário para a produção e, ao mesmo tempo, amplia a jornada de trabalho e intensifica a utilização de horas extras em prejuízo da saúde e do tempo livre das pessoas (NAVARRO, 2006, p56).
O objetivo principal do sistema capitalista de produção é ampliar sua escala de
produção e do lucro. O grande exército de reserva incorpora-se a produção, pois o capital.
Com tudo para o capital o que realmente interessa é a usurpação do tempo de trabalho que não
é pago ao trabalhador, segundo o conceito elaborado por Marx que é a mais valia. As
contradições que o capital apresenta é o reflexo da cristalização do lucro com a extração da
mais valia e do fetiche da mercadoria, que são a causa primeira de toda a alienação.
A mais valia e a mercadoria são a condição e o produto da relações de dependência, alienação e antagonismo do operário e do capitalista, um em face do outro. A forma mercadoria cristaliza tanto o produto do trabalho necessária a produção do produto (não pago) e apropriado pelo capitalista no processo de compra e venda de força de trabalho. A mais valia e a mercadoria, pois não podem ser compreendidas em si, mas como produto das relações de produção que produzem o capitalismo. Na analise dialética, elas surgem como realmente são, isto é, como sistemas de ralações antagônicas. Nisto se funda o caráter essencial do regime: os seus componentes mais característicos, seja a mais valia e a mercadoria, seja o operário e o capitalista produz-se, desde o princípio, antagonicamente (IANNI, 1982, p.15)
Segundo Ianni (1982) Marx utilizava a análise dialética tornando transparentes as
relações, os processos e as estruturas capitalistas. Ela opera como uma técnica de
desmascaramento, pois exige a critica das idéias, conceitos ou representações, sob os quais as
pessoas, as classes sociais e as coisas aparecem na consciência e na ciência. Não seria
possível explicar a mercadoria como um sistema de relações (dos homens com a natureza e
entre si, na produção e reprodução de si mesmos) sem desvendar o seu “caráter místico”
depois de mostrar como o valor-de-uso esconde o valor-de-troca e ambos escondem o valor
do trabalho social cristalizado e alienado daí Marx se dedicara examinar o fetichismo isto é,
depois de ver a mercadoria, na perspectiva do seu produtor, o operário, ele se dedica a
examinar como a mercadoria é vista e apresentada pelo capitalista ou a sua ciência, a
Economia Política. Na consciência e na ciência burguesa, a mercadoria aparece como ela não
é, apresenta-se coisificada como se tivesse propriedades exclusivas, independentes.
54
A análise da equação trabalho/saúde/tempo livre nos dias atuais passa, pois, pela compreensão da lógica que rege a intensificação do trabalho na sociedade capitalista contemporânea. Lógica esta que desemprega, extingue empregos formais e cria toda sorte de trabalhos precários; lógica que produz tecnologias altamente sofisticadas que permitem o aumento nos ganhos de produtividade, diminuição do tempo necessário para a produção e ao mesmo tempo, amplia a jornada de trabalho e intensifica a utilização de horas externas em prejuízo da saúde e do tempo livre das pessoas (NAVARRO, 2006, p.56).
Com o advento da indústria moderna mais especificamente na Inglaterra houve um
crescimento desmedido da jornada de trabalho, como também a implantação do trabalho com
crianças e mulheres que foram incorporadas à produção. Para o capital, o operário somente
serve como força de trabalho, tendo que se dedicar único e exclusivamente 24 horas do seu
tempo, usurpando desta classe atividade sociais ou humanas fundamentais como: a educação,
responsável pelo desenvolvimento intelectual e social do individuo, sociabilidade, falta de
tempo para usufruir de atividades de livre escolha, ou seja, usurpava-se e destruía não só a
mente do homem, mas seus corpos, pois não permitia a manutenção natural de sua energia
vital com o descanso regenerador de suas células, com isso encurtando o tempo de vida.
(NAVARRO, 2006, p-61)
Embates entre capital e a classe trabalhadora sempre existiram, os trabalhadores
lutavam pela redução da jornada de trabalhado e melhores condições e direitos e garantias.
Ainda no século XIX, houve a primeira regulamentação da lei referente a jornada de trabalho
(Lei Fabril de 1833), onde a jornada de trabalho estabelecida de 15 horas das 5h 30 minutos
as 20h e 30 minutos, onde adolescentes com faixas de idade entre os 13 aos 18 anos
(NAVARRO, 2006 apud MARX).
Navarro (2006) explica que Marx informou que na historia entre o capital e o trabalho
a luta pela regulamentação e a diminuição da jornada de trabalho foi resultado da guerra civil
que teve o estopim na Inglaterra seguidamente nos estados unidos. Foi nos EUA que se
definiu a jornada de trabalho para 8 horas diárias. Na Europa na cidade de Genebra também
ficou definida em 8 horas. (NAVARRO, 2006, p.62)
Neste embate entre o capital e a classe trabalhadora pela redução da jornada de
trabalho foi compensada em beneficio do capitalismo pela apropriação do tempo livre do
trabalhador, onde o capital estrategicamente direciona para o consumo de mercadorias.
(NAVARRO, 2006, p.64)
55
A jornada de trabalho para 8 horas, o salário mínimo, o direito a férias e a aposentadoria, o seguro-desemprego, foram conquistados pelos trabalhadores e depois tiveram quer ser garantidos pela burguesia, a essa garantia chamou-se de Estado de Bem estar. A burguesia, porem, soube perfeitamente como transformar em ganho para si o que lhe aparecera inicialmente como uma perda, inventando o consumo de massa de produtos de baixa qualidade e descartáveis, inventando necessidades fictícias de consumo por meio da indústria da moda, controlando o tempo livre dos trabalhadores com a indústria cultural, a do esporte e a do turismo. Ela nada perdeu e muito ganhou, pois tornou invisível a dominação de classe e a exploração (NAVARRO, 2206 apud CHAUI, 1999:48: 49)
As transformações ocorridas no mundo do trabalho a partir da década de 80 trouxeram
graves conseqüências para a classe trabalhadora. E neste período que os índices de
desemprego e assustador, há um significativo aumento do subemprego motivado pela nova
postura política com o neoliberalismo com sua cartilha de reestruturação econômica com
destaque as privatizações. Com o projeto de reestruturação do capital as empresas passaram a
implantar novas tecnologias, otimizando a produção, reduzindo os custos na produção
conseguintemente oferecendo produtos com custos mais baixos e de melhor “qualidade.
(NAVARRO, 2006, p.65)
A evolução dos aparatos tecnológico, bem como as mudanças na gestão do trabalho,
resultaram em intensificação do ritmo de trabalho, no trabalho polivalente, no trabalho em
equipe e na expansão do trabalho subcontratado/terceirizado que acarretaram em um quadro
de precarização das condições e das relações de trabalho e aumento do desemprego, o que
representa um retrocesso.
São provas desse retrocesso as diferentes modalidades de trabalho terceirizado, o
recurso do trabalho em domicilio, a recorrência ao trabalho infantil e o prolongamento da
jornada de trabalho; Esse quadro complexo de mudanças compromete o “tempo livre” do
trabalhador , seja quando há uma extensão compulsória desde tempo por causa do
desemprego, seja por causa da intensificação do trabalho para aqueles que ainda permanecem
empregados. Para Ricardo Antunes é na necessidade do trabalho como mantenedor das
necessidades vitais que o homem interage com a natureza, mas o trabalho no sistema
capitalista torna-se alienado.(NAVARRO,2006, p.66)
Para o capital, o trabalhador ideal deve ser “polivalente”, “flexível”
(NAVARRO, 2006) como, por exemplo, levando trabalho para casa. Nesta lógica o idéia
disseminada é que, com a possibilidade do trabalhador levar o trabalho excedente para própria
casa, possibilita administrar melhor o tempo de forma como quiser.
56
É ilusório pensar que este tipo de trabalho, como é apregoado, possibilita maior liberdade para o trabalhador. O que ocorre, em realidade, é um novo tipo de controle sobre o trabalho, mas a saúde dos trabalhadores quando não há separação entre espaço de trabalho e espaço de não trabalho, ou seja , quando invasão ainda maior do tempo de trabalho sobre o chamado “tempo livre”, que se torna cada vez mais poluído pelo tempo de trabalho e por sua racionalidade capitalista (NAVARRO, 2006, p.72).
Considerando que o trabalho está na base das relações humanas e é atividade que
determina e condiciona as nossas vidas e que é por meio do trabalho que nos relacionamos
com a natureza e com outros de nossa espécie, é necessário reafirmarmos sua centralidade
não apenas para compreender e explicar a sociedade, mas também para modificá - la
(NAVARRO, 2006, p. 72).
3.4 Subjetividade e alienação no contexto do sistema capitalista
A produção da riqueza nas sociedades capitalistas está sempre associada à
concentração de renda na mão de poucas pessoas, à pobreza em si, à exploração do trabalho,
da destruição do meio ambiente e às guerras. Neste contexto, as relações sociais passam ser
mediadas tendo os objetos materiais como um fator de sociabilidade e convertendo pessoas a
terem valores e identidades alienados.
Para o senso comum, a riqueza está sempre associada à satisfação das necessidades. É
através das necessidades humanas, que o capital manipula e instrumentaliza essas
características humanas e que, em sociedade, o capital a produz no sentido de nunca ter um
fim ou saciamento, canalizando as novas necessidades a serem “satisfeitas”, mesmo que
temporariamente, no repetitivo ato do consumo alienado, ou seja, na consumação da compra
da mercadoria pelo consumidor.
A objetividade foi introduzida no mundo e nas relações sociais pela modernidade. A
todo o momento, mais mercadorias são produzidas no sentido mais amplo do termo. Tudo
hoje pode ser mercantilizado como valor-de-troca, a vida social está sendo reificada. A
questão do consumo, no pensamento ocidental da modernidade, foi muito discutida pelos
filósofos como: Marx, Weber, Simmel, Lukács, Escola de Frankfurt, onde as relações sujeito-
objeto e a questão da subjetividade estão diretamente ligadas à produção da riqueza através da
mercadoria.
57
Para que possamos realizar uma crítica sobre o cotidiano e o lazer nas sociedades
capitalistas, faz-se necessário a utilização de algumas categorias que são fundamentais para tal
estudo, portanto temos: a teoria da subjetividade, sob uma abordagem dialético-materialista, a
questão do estranhamento, do fetichismo e da reificação.
Segundo Alves (2006), a teoria da subjetividade considera o sujeito como possuidor de
plena autonomia. Esta autonomia seria formada a partir dos acontecimentos históricos
realizados nas sociedades capitalistas. Diante das contradições e fantasmagorias do capital, ela
é sabotada em favor do lucro e da destruição da consciência do trabalhador, na produção
material, este trabalhador torna-se uma peça qualquer na engrenagem das máquinas da
fábrica. Esse modelo de homem converte-se em uma ficção criada pela burguesia, ele é uma
promessa enganadora de emancipação, sufocada pelo capital. O próprio sistema é
contraditório, ele defende e ao mesmo tempo abandona as suas próprias idéias na luta pela
verdadeira e definitiva autonomia humana.
O sócio-metabolismo do capital, ampliado pela produção mercantil, interverteu a pessoa em indivíduo abstrato; separou o bourgeois da sociedade civil-burguesa do citoyen, singularidade política e membro do estado político como representação universal estranhada. O homem burguês é um homem estranhado. (ALVES apud KONDER. 2006 p.20).
Alves (2006)categoria da subjetividade é problemática dentro do contexto da crítica
marxista, motivada pela “crise ideológica” que este homem sofre nas sociedades capitalistas.
O homem é, e ao mesmo tempo não é. Ele afirma-se verdadeiramente como pressuposto
negado, com representação universal estranhada (ALVES, 2006, p.21). Dentro das condições
sócio-históricas do capital, a subjetividade do sujeito autônomo moderno tende a anular-se.
Na proporção que o capital se desenvolve seguido de sua produção de mercadorias, da
propriedade privada e da divisão do trabalho, a atividade vital do trabalhador, torna-se
atividade de morte, de desefetivação, na medida em que produz mais riqueza seu próprio ser
tenda anular-se, desumanizando-se. Esta realidade estranhada na produção da mercadoria e da
riqueza é a perda de si ou desefetivação, precarização da atividade vital deste mesmo homem,
que dentro da produção social e do processo de trabalho, torna-se trabalho estranhado. Nesta
lógica de estranhamento e contradições sócio-metabólica do capital, a subjetividade também
se torna alienada.
58
Na ótica dialético-materialista é impossível abstrair subjetividade de objetividade social. Em síntese, não existe sujeito sem objeto social. O que se coloca, como destacamos, é a espectralidade ou quase impossibilidade desta mesma subjetividade na ordem do capital despir-se do processo de estranhamento, tendo em vista que no capitalismo “o produto do trabalho é trabalho que se fez objeto, se fez coisal” (Marx, 1985b, p.149). Ora, se o objeto se fez coisal, o sujeito se interverti noutra coisa. Nesta passagem do jovem Marx, vislumbramos elementos do conceito de fetichismo da mercadoria, ou seja, a subjetividade torna-se outra, é “subjetividade” (com aspas). Ela não desaparece propriamente, mas é afetada de negação, pois a mercadoria se põe diante do sujeito, que se torna, ou (tende a tornar-se) mero predicado. (ALVES, 2006, p.23).
A subjetividade dentro da lógica do capital aparece em sua forma alienada e
virtualizada. Nesta concepção ela é instrumentalizada no sistema metabólico do capital. A
subjetividade é manipulada e reproduzida para obtenção do lucro na compra da mercadoria. A
partir do momento em que o capital amplia os espaços da subjetividade e das formas de
subjetivação, a subjetividade é invertida pelas relações sociais do capital. A subjetividade
então passa a acompanhar a crise estrutural do capital, seria a crise da superprodução de
subjetividades. Fruto de suas próprias entranhas. Estaríamos entrando no auge do estagio de
barbárie, motivada pela demasiada produção das subjetividades humanas. Alves (2006) nos
ajuda a esclarecer esta problemática:
O ‘estado de barbárie’ tomou-se crônico, instituindo o sócio-metabolismo da barbárie. Dizem eles, no bojo da crise de 1848: ‘Subitamente, a sociedade vê-se reconduzida a um estado de barbárie momentânea, dir-se-ia que a fome ou uma guerra de extermínio cortaram-lhe todos os meios de subsistência. A indústria e o comércio parecem aniquilados. E por quê?’. Eis o ponto que queremos ressaltar dizem eles: ‘Porque a sociedade possui demasiada civilização, demasiados meios de subsistência, demasiada indústria, demasiado comércio’. (o grifo é nosso) (Marx e Engels, 1988: 24) E nós diremos: demasiada subjetividade - o que poderíamos denominar de subjetividade complexa, é expressão desta epidemia de superprodução, base fundamental da crise orgânica do capital. (ALVES, 2006, p.28).
Já quanto ao estranhamento, Luckács, em seu livro a Ontologia do ser social, elaborou
uma metafísica da subjetividade. Ele fez a distinção teórica entre a existência do homem e sua
consciência: O gênero humano em si, e o gênero humano para si, representam a aspiração por
uma “personalidade não mais particular”; o crescimento das forças produtivas provocaria
diretamente um crescimento da capacidade humana, mas ao mesmo tempo poderia eliminar
classes inteiras.
59
Na perspectiva de Marx, o desenvolvimento das forças produtivas deveria acompanhar
o desenvolvimento das capacidades humanas. Para Luckács, o problema do estranhamento
está na condição de que, mesmo havendo o desenvolvimento das capacidades humano
intelectivas, não necessariamente produz-se o desenvolvimento da personalidade humana.
Nesta condição o homem, enquanto gênero humano em si, não consegue chegar ao
desenvolvimento do gênero humano para si.
Para Luckács, ao se desenvolver as capacidades singulares da personalidade humana,
surge a subjetividade complexa como subjetividade exagerada. O gênero em si não se
desenvolve no plano do ser social, fazendo com que haja uma tendência à reduzi-lo a sua
própria “particularidade” (ALVES, 2006, p.33).
A subjetividade complexa está mergulhada e contaminada na cultura do narcisismo,
havendo uma exaustão deste tipo de subjetividade. A subjetividade complexa dentro do
processo de estranhamento e reificação e presente nos sistemas de objetos e sistemas de ações,
dilaceram a personalidade e os valores humanos. Implantam um mal-estar moral nas
saciedades, influenciando os comportamentos humanos, na produção social, como também na
reprodução do consumo e do lazer.
A subjetividade complexa está coberta de contradições. E é a partir do século XX com
o deslanchar do mercado mundial nas sociedades urbano industriais, que ela é mais afetada. É
na metrópole que são produzidas os novos objetos técnicos, é também na metrópole que
ocorre a produção da objetividade e subjetividade pelo capital. (Alves, 2006, p.340). Esta
subjetividade produzida na metrópole é uma subjetividade imagética, onde é sempre
permeada por espetáculos em todos os campos, onde os mesmo objetos técnicos são
produzidos junto aos seus sistemas de ações que surgem na reprodução social. (ALVES, 2006,
p.34)
o fetiche está alucinado. Ele não é meramente uma coisa, mas se interverteu na própria subjetividade. Estamos diante de uma espectralidade regressiva, que é a base social. É apenas uma tendência irrealizada pelo capital, sob pena de negar a si mesmo (como o cálculo infinitesimal que tende a zero) (ALVES, 2006, p.34).
60
O capital imprime sua marca particular no modo de subjetividade. Com o
desenvolvimento do capitalismo e sua financeirização, o trabalho e a vida social tornam-se
precarizados. A financeirização impulsiona a hipermodernidade (Alves, 2006)p-35. Esta
precarização influencia os afetos e relações sociais diversas: trabalho, laser, sentimentos. A
questão da compra de bens supérfluos é cada vez mais naturalizada, todas as demais
virtualidades criadas nos campos dos objetos e valores na sociedade é a principal fonte de
riqueza usurpada pela indústria cultural. (ALVES, 2006, p.35)
Na hipermodernidade ou modernidade exacerbada dentro do turbilhão das
contradições do capital, altera o sentido dos afetos e das relações sociais. Os sentimentos
humanos estão adentrando na lógica da descartabilidade. No que diz respeito ao lazer, ele
destaca-se na aceleração do tempo e da descartabilidade dos produtos culturais, que também
entram na mesma lógica da fluidificação da cultura e do lazer.
De Bauman a Lipovetsky, são muitas as mudança que atinge o tempo e o espaço do lazer capitalista. Suas principais características, de acordo com a estrutura sócio-metabólica do capital financeiro seriam: a privatização do espaço público e a descartabilidade de produtos e pessoas, resultando do que Mészáros (2002) vai indicar como sendo a taxa de utilização decrescente dos valores de uso no capitalismo e a produção generalizada do desperdício com implicação na estrutura espaço temporal da subjetividade das pessoas (ALVES, 2006, p.36-37).
A crise desmedida (ALVES, 2006) que é mencionada no Manifesto do partido
comunista por Marx e Engels, o sistema criado pela burguesia transformou-se muito
complexo e complicado de conter suas próprias riquezas. A sociedade possui um excesso de
civilização. É ai onde entra a contradição das sociedades do capital industrial, onde se
apresenta a subjetividade complexa. A luta de classe da modernidade é a luta pelas novas
formas de subjetivação; como afirmara Edgar Morin- “a mente é a segunda áfrica do Mundo”
(MORIN apud MESQUITA, 2002, p.12).
O problema da crise do capital está na crise da exarcebação da subjetividade que
destrói o imaginário ocidental. O capital consegue perverter a subjetividade com seus
irracionalismos culturais. Estamos diante da fetichezação e da reificação da subjetividade. E é
ai onde entra o lazer como um campo de inversão desta subjetividade.
61
A metrópole é um espaço de produção da objetividade e subjetividade do capital. É
um espaço imagético. A subjetividade complexa é uma subjetividade imagética, pois é através
do espetáculo do trabalho e do lazer, proporcionado por novos objetos técnicos e sistemas de
ações, que ocorre a reprodução social das novas formas estranhadas. Tais novas e múltiplas
determinações.
3.5 Shopping center e a violência
Os Shopping Centers são conhecidos pela “segurança” e praticidade, questão vital para
um bom desempenho das vendas de mercadorias. Os Shopping Centers são bem providos de
câmeras de segurança, que são distribuídas geralmente desde os estacionamentos bem como
em seu interior; seguranças treinados circulam a todo instante com rádios transmissores, mas
não é suficiente para evitar crimes que vão desde pequenos furtos, assalto a bolsas e
mercadorias, joalherias, brigas familiares e assassinatos, etc. Observemos o comentário de um
entrevistado na cidade de Maceió ao perguntarmos sobre o item segurança: como ele
considera o Shopping Center?
Entrevistado:
- Não, não basta meia dúzia de seguranças, detector de metais e câmeras constantemente para evitar crimes.
Ele continua:
O que eu não gosto são pessoas tipo maloqueiros, os malas de boné,
assaltando no shopping. Um cara tentou roubar o celular de um menino dentro do
shopping. Outra coisa que não gosto é o estacionamento pago que não oferece segurança
suficiente.
A violência de modo geral é uma questão seria e que deve ser tratada com a devida
atenção na atualidade. A naturalização a violência está generalizada, pois é hoje fonte de lucro
de empresas de cinema, prestadora de serviços de segurança e equipamentos de modo geral.
Um dos fatores que tanto tem assombrado nossa rotina e que se insere desde realidade local
como também a nível global na contemporaneidade. Sabemos que a violência está presente no
caminhar humano desde sua origem no planeta. Ontem e hoje a violência foi utilizada das
mais variadas formas, seja como forma de sobrevivência, ascensão social e poder, ideais
62
totalitários de regimes perversos com motivações geradas pelas diversas contradições dos
regimes capitalistas.
Questionamo-nos: Onde estão as causas para tantos casos da ação violenta em todos os
cantos onde existam relações entre pessoas? Seria a violência uma questão cultural ou traumas
que estão guardados em nossos subconscientes, prontos a serem aflorados em uma reação,
seja ela física, seja ela através da linguagem ou dos diversos tipos de culturas unidas a seus
valores? À medida que nossa ciência desenvolve em sentido ascendente, parece-nos também
que a barbárie segue paralelamente neste sentido e passa a “assombrar” mais violentamente as
sociedades humanas que, com o passar dos tempos e proporção de seu alcance, atinge nações
inteiras, como nos conflitos étnicos ou religiosos na Ásia.
A violência sempre existiu na humanidade, mas não se justifica nos dias atuais onde o
homem já alcançou o ápice do desenvolvimento técnico - científico, e seus mecanismos
sociais de regulação social, ou seja, suas instituições, como podem ser explicadas o aumento
do índice de violência localmente e globalmente? Não se trata mais de instinto de
sobrevivência, o mesmo evoluiu para instinto de destruição desmedida e sem um sentido, a
racionalidade instrumental perdeu sua essência no sentido de beneficiar o sujeito do
conhecimento como uma reação em cadeia de uma arma letal que saiu do controle de seus
criadores; parece que todos hoje podem ser a próxima vítima: os genocídios, atrocidades
contra negros e índios, pedofilia, escravidão em fazendas brasileiras em pleno século XXI,
injustiças de modo geral e, por fim, as grandes guerras com poder de destruição em massa.
O Brasil é um pais miscigenado, tendo sua base cultural e econômica nos moldes
liberais entra na fase de consumo hedonista exacerbado. A indústria nacional esta vibrando
com a nova classe média que a todos instante ascende da lama da miséria para mergulhar
agora no mundo da mercadoria, do fetichismo, do luxo, ou seria melhor dizer, do lixo que o
mundo do capital geralmente oferece. Na lógica capitalista pessoas não são mais valorizadas
por seu caráter, e valores e sim pela cifras que está em sua conta bancária, o aglomerado de
títulos e posições de classe associadas à quantificação de bens que se possui em sociedade.
Estamos então caminhando para uma sociedade onde a barbárie é o lema a ser seguido, assim
naturaliza-se a barbárie.
63
em suma, no Brasil e no mundo, o projeto civilizatório da modernidade entrou em colapso. Não se trata de uma transgressão na prática de princípios aceitos em teoria, pois nesse caso não haveria crise de civilização. Trata-se de uma rejeição dos próprios princípios, de uma recusa dos valores civilizatórios proposto pela modernidade. Como a civilização que tínhamos perdeu sua vigência e como nenhum outro projeto de civilização aponta no horizonte, estamos vivendo, literalmente, num vácuo civilizatório. Há um nome para isso: barbárie. Pois o bárbaro, sem nenhum juízo de valor, no sentido mais neutro e mais rigoroso, é aquele que vive fora da civilização. .(ROUANET, 1998, p.09).
Falar em barbárie nos dias atuais não assusta mais (e será que algum dia assustou?) já
está implantada no cotidiano, naturalizada já é um fato que virou rotina que da lucro
principalmente para empresas de segurança, cinema, televisiva de modo geral. É lançada nas
massas filmes de guerra, observamos as mídias em geral com programações que
supervalorizam a violência como se fosse um espetáculo digno de muita audiência. O perigo
está na falta de consciência cidadã, apatia política, na falsa sensação de não pertencimento ao
todo. Deve-se dar um basta na projeção da felicidade fictícia e idealizada no objeto de
consumo a mercadoria, passando a construir um projeto de emancipação humana total despida
de interesse de classes. Algumas partes do todo se emancipando, o todo tende padecer é uma
fórmula simples e obvia a exploração.
64
4 SHOPPING CENTER EM MACEIÓ
4.1 Características da indústria de shopping center na cidade de Maceió Alagoas
A cidade de Maceió sempre esteve em último lugar no contexto do desenvolvimento
socioeconômico. Atualmente, a capital alagoana está recebendo empresas que estão se
instalando de forma concentrada no Tabuleiro dos Martins, onde o desenvolvimento
urbano está em ritmo acelerado. O desenvolvimento de regiões periféricas antes
desvalorizadas segue uma tendência nacional de expansão urbana, motivada pelo aumento
do número investimentos por parte do Governo Federal, que visa suprir o déficit da casa
própria com o Programa “Minha Casa, Minha Vida”, iniciativa esta destinadas para
indivíduos de baixa renda alavancando alavancando a expansão do setor da construção
civil, comércio e serviços.
O crescimento de bairros de bairro de classe massivamente assalariada não é o
fenômeno isolado no Brasil e Maceió, tal acontecimento é similar no âmbito da expansão
suburbana, mas que se diferencia no contexto histórico por que nos EUA este fenômeno
ocorreu no após a segunda grande guerra.
A economia Norte Americana no pós - guerra se fortaleceu novamente. A produção de
bens e serviços destinados as massas estavam em um ritmo acelerado; automóveis, casas e
lojas prestadoras de serviços observavam a expansão de áreas suburbanas como
oportunidade de altos lucros. Entre 1947 e 1951 um novo bairro surgiu de forma rápida,
foram construídas 17.447 novas casas no bairro de Levittown, Nova York
conseqüentemente tornando-se um novo espaço de oportunidades de negócios.
Até a década de 50 o progresso americano é notório levando ao um novo modo de
viver, consumir se relacionar com o mundo do trabalho e da sociedade de modo geral. A
sociedade começa a se voltar para o consumo hedonista, para o consumo de massa. A
sociedade do Times Money se consolida, e o lazer passa a ser também produzido larga
escala com os filmes de indústria do cinema.
65
[...] É certo que os anos 50 foram do crescimento americano e do desenvolvimento de uma sociedade afluente, orientada casa vez mais para o consumo. A produção em massa, não mais apenas na grande indústria, mas também nos serviços e no lazer, fez dos Estados Unidos um modelo de sociabilidade industrial capitalista para o resto do mundo nessa nova era de prosperidade. Começara a haver de fato, a realização de um sonho americano, com o acesso, em massa, a bens de consumo: casa, carro, rádio, geladeira e demais eletrodomésticos, culminando com a chegada da televisão comercial, que provocou uma revolução nos costumes e nos valores. (FONTENELLE, 2002, p.107)
A nova classe média brasileira não é a mesma que a America da década de 50, mas
existe um indicativo econômico no Brasil que esta nova classe recentemente emergente,
aponta em direção do alto padrão de consumo de massa batendo recordes de consumo em
vários seguimentos do comércio aumentando o consumo interno, gerando receito aumentando
a produção da indústria nacional e serviços, como no caso do numero de domicílios com
computadores e acesso a internet.
E foi, de fato, na América, que a nova classe média emergiu mais cedo e teve seus contornos mais bem definidos. Por isso, foi o entendimento desse “tipo americano” – seu modo de vida, suas aspirações e seus valores – que permitiu uma melhor compreensão de para onde caminhava a sociedade moderna na passagem da sociedade de produção para a de consumo. Mesmo que Mills tenha focado sua análise no contexto da sociedade americana, ele deixou claro que o surgimento dessa nova classe se daria em todos os lugares marcados pela modernização: pela revolução industrial, pela padronização das inovações técnicas, pelo nivelamento da vida urbana e pelo acesso aos meios de comunicação de massa. (FONTENELLE, 2002, p.109)
A expansão dos subúrbios de Maceió segue em ritmo acelerado, Várias empresas do
comércio varejista chegaram a capital alagoana instalando-se na área do Tabuleiro dos
Martins; dentre as empresas estão, Wal-Mart, G Barbosa, Pão de Açúcar, Carajás, Tupan e
Pátio Maceió, Distac e etc. Para se ter uma idéia da rentabilidade da implantação do Shopping
Center Pátio Maceió circulam em média em um fim de semana 25 mil pessoas, no mês
circulam aproximadamente 500 mil pessoas, alavancando também a super valorização de
imóveis e terrenos da região. Para de ter uma idéia o m2 custava em média R$ 40 reais, hoje
após a construção do novo S.C m2 está custando R$ 350 reais.
66
O primeiro shopping Center na capital Maceió foi o Iguatemi (Atual Maceió
Shopping), construído em abril de 1989. O Maceió Shopping fica localizado em área nobre da
capital alagoana, mais especificamente no bairro da Jatiúca. Existem mais dois Shoppings
Centers de pequeno porte ao longo da Avenida Fernandes Lima no bairro do Farol que são o
Shopping Cidade e o Shopping Farol, cujo tamanho é similar às chamadas galerias, por ser de
menor tamanho, quantidade de lojas e serviços.
O Shopping Pátio Maceió foi inaugurado em 25 de novembro de 2009 um
empreendimento de grande porte com área locável de 33.788,32 m² mais especificamente
Maceió localizado Av. Menino Marcelo – Tabuleiro dos Martins zona Leste da capital com
investimento de R$ 114 milhões de reais. O Pátio Maceió possui em seu mall a Faculdade
Pitágoras com capacidade para 5 mil alunos com sede em São Paulo; possui também 22 lojas,
dentre as quais; Marisa, Riachuelo, Ricardo Eletro, C&A, Casa Vieira, Centauro e Magic
Games; Hi-Happy, Canal Jens, Vivara, Polishop, Opção, Aby's e M. Officer; Cinco salas de
cinema stadium da CenterPlex (3D). A região do Tabuleiro dos Martins é uma das mais
populosas da capital. Somente o bairro do Benedito Bentes possui cerca de 200 mil habitantes
e a previsão é para 600 mil consumidores em toda região.
O shopping Pátio Maceió concorre diretamente com o Maceió Shopping, antigo
Iguatemi, cujo último a marca atualmente foi substituída por ser franquia do Grupo Iguatemi
S.A. O Maceió Shopping presta serviços equivalentes ao da rede Pátio Maceió, cuja diferença
é o publico, o primeiro serve para camadas sociais majoritariamente assalariadas; o segundo
presta serviços paras as classe assalariadas e ricas. O Maceió Shopping está localizado no
bairro nobre Jatiúca. O Pátio Maceió foi criado para atender a demanda das populações dos
bairros de periferia como Benedito Bentes I e II, Graciliano Ramos, Salvador Lyra e demais
áreas na região que a cada ano cresce em ritmo acelerado.
Ainda este ano serão construídos mais 5 grandes lojas de varejo pertencentes à rede
Wal-Mart chamadas de Maxxi nestas mesmas imediações. Logo após a instalação do segundo
maior shopping na capital alagoana, houve uma intensa valorização da área. O Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que mostra a taxa de crescimento anual de
Maceió está entorno de 2,7% sendo maior do que em outras capitais, e o comércio varejista
registrado está em 19,2%.
67
O Shopping Center Pátio Maceió foi construído pela gestora de fundos imobiliários
Prosperitas. Esta mesma financiadora administra US$ 2 bilhões em ativos administrativos,
realizou a construção a construção do Shopping Pátio Maceió e mais outros três shoppings:
um no Rio Branco (AC), Outro em Guadalupe (RJ), e o terceiro em Campinas (SP). O
Shopping Pátio Maceió está diretamente ligado ao grupo Iguatemi. Construído em uma área
de 120 mil m², gerou cerca de três mil novos empregos diretos e indiretos. A praça de
alimentação possui dois restaurantes e 18 lojas de fast-food instaladas. No piso superior, um
centro médico, lazer infantil e salas de cinema com som e imagem digitais, incluindo uma
novidade 3D, possuindo vagas estacionamento para 1500 veículos.
Além dos dois maiores Shoppings de Maceió, empresários confirmam a construção de
mais um empreendimento deste porte. Executivos da Multiplan acompanham o andamento
das instalações do novo Shopping Center em Maceió. Foram realizadas reuniões na Secretaria
de Desenvolvimento Econômico. A expectativa é que sejam gerados mais de 3000 empregos
diretos. Segundo o diretor de Desenvolvimento Imobiliário da Multiplan, Flávio Gulden, este
é um projeto de conceito multiuso que vai ocupar uma área de 200 mil m2 no bairro
Mangabeiras, onde será instalado não só o shopping, mas outros empreendimentos, como
edifícios residenciais, comerciais e hotéis. Os empreendimentos se completamentam e geram
um efeito dinâmico entre comércio e serviços. O shopping terá Área Bruta Locável (ABL) de
30 mil metros, cerca de 200 lojas, incluindo âncoras e extensa área de lazer com cinemas de
última geração, recreação para toda a família e praça de alimentação completa.
O Shopping Center é um empreendimento mutante no sentido que ele se adapta as
condições econômicas, culturais onde estão sendo implantados, cada empresa é destinada a
classes sociais específicas. A classe trabalhadora recebeu então o Shopping Pátio Maceió,
oferecendo-lhes produtos baseados no seu poder de compra. Podemos observar no gráfico
logo abaixo o perfil dos usuários que freqüentam os Shopping Center na cidade de Maceió.
68
Gráfico 5: Renda
33%
33%
33% Um salárioDois salários mínimosTrês salários mínimosQuatro salários mínimosCinco salários mínimosMais de cinco salários mín-imos
Fonte: Questionário elaborado pelo autor
Podemos observar que 34% dos entrevistados afirmaram possuir renda de um salário
mínimo, 33% de dois salários mínimos e outros 33% afirmaram possuir renda de cinco
salários mínimos. Neste sentido concluímos que os freqüentadores são em sua grande maioria
de assalariados, ou seja, membros da classe trabalhadora, da classe média baixa e média.Na
região do Tabuleiro dos Martins está concentrado um grande contingente populacional pelo
qual foram extraídos os seguintes dados logo abaixo.
Gráfico 6: Bairro onde Mora
33%
17%17%
17%
17%
CentroBenedito BentesJoão SampaioSalvador LyraJatiúca
Fonte: Questionário elaborado pelo autor
69
O gráfico acima refere-se ao local de moradia dos entrevistados que em sua grande
maioria reside bairro de periferia de Maceió-Al. Dentre os entrevistados 33% residem no
centro, 16% no bairro do Benedito Bentes, 17% no João Sampaio, 17% no Salvador Lyra e
outros 17% residem em área nobre que é o bairro da Jatiúca.
Gráfico 7: Escolaridade
17%
33%
17%
33%
Curso superior completoCurso superior incompletoEnsino fundamental incompletoEnsino médio completo
Fonte: Questionário elaborado pelo autor
No que diz respeito a escolaridade os entrevistados 17% afirmaram possuir superior
completo, 33% superior incompleto, 17% o fundamental incompleto e 33% possuem o ensino
médio completo.
Gráfico 8: Profissão
17%
17%
17%17%
17%
17%
Promotor de vendasPolicialVendedor de calçadosMúsicoPensionista do inssSegurança1
Fonte: Questionário elaborado pelo autor
70
O gráfico logo acima mostra que 16% dos entrevistados trabalham como promotor de
vendas, 16% são policiais, 17% vendedor de calçados, 17% são músicos, 17% são
pensionistas do INSS e 17% trabalham como segurança.
Nas grades capitais do litoral brasileiro, como também nas cidades do interior, o
Shopping Center também é um fenômeno de sucesso como opção de lazer, seu concorrente
direto é a praia, pelo menos na cidade de alagoas é um fato, conforme mostra o gráfico a
seguir.
Gráfico 9: Tempo Livre
33%
17%
33%
17%
Praiaviajarshopping CenterVisitar amigos
Fonte: Questionário elaborado pelo autor
No gráfico supracitado mostra que em momentos de tempo livre 33% afirmaram que
vão a praia, 17% gostam de viajar, 33% vão ao shopping Center e por último 17% afirmaram
que gostam de visitar amigos.
Gráfico 10: O que acham das Praças Públicas
33%
33%
33%SujasAbandonada por parte do poder públicoMuitos sem teto
Fonte: Questionário elaborado pelo autor71
O gráfico acima mostra que 34% dos entrevistados consideram as praças sujas, 33%
abandonadas pelo poder público e outros 33% que vivem muitos sem teto no local.
Segundo Padilha (2006) o lazer passa a ser reificado dentro do ambiente de um
Shopping Center onde se efetiva a lógica capitalista com a sua subordinação. Ainda segundo a
autora a subordinação do lazer ao capital é a forma de mercantilizar a diversão, que é
divulgada pelos diversos meios de comunicação. O lazer-mercadoria podem ser bens materiais
ou simbólicos como produtos industriais, jogos eletrônicos, alimentação, cinema que estão no
mall planejado dos Shopping Centers.(PADILHA, 2006, p.130)
Neste sentido podemos observar que o lazer-mercadoria é um produto do capital que a
cada dia cresce em todo mundo o simples ato de comprar torna-se uma atividade de lazer, ou
seja, comprar significa fugir dos problemas do cotidiano, não frustrar-se. O lazar-mercadoria é
uma recompensa oportunista que o capital oferece por não existir mais lugares públicos de
lazer saudáveis gratuitos, limpos e sem criminosos atuando como ponto de negócios ilícitos.
O gráfico a seguir mostra como está consolidada a idéia de que um lugar comercial
tornou-se no imaginário da população um lugar de lazer tradicional nas cidades.
Gráfico 11: Shopping Center lugar de Lazer ou de Compras
67%
33%
LazerLazer e compras
Fonte: Questionário elaborado pelo autor
72
O gráfico nos mostra que os 67% dos entrevistados consideram o Shopping Center
como um lugar de lazer, e 33% consideram que o Shopping é um lugar de lazer e de compras.
A violência não está do lado de fora dos Shopping Centers onde é um fato comum em
todo o pais, ocorrem com freqüência assaltos, assassinatos, discussões familiares etc. No dia
da inauguração do Shopping Pátio Maceió houve um crime pelo qual a bolsa da promotora
Marluce Falcão foi roubada em plena praça de alimentação. Observe-mos o discurso da
promotora após o ocorrido e logo após o gráfico que mostra as opiniões dos entrevistados:
- "Eu estava com a bolsa no colo e acho que em um descuido ela caiu. O meliante passou e
levou. Não tinha muito dinheiro. Eu já fiz o bloqueio dos cartões, do chip e agora quero ter
acesso às imagens que o shopping disse que tem para ver se identificamos o autor"- disse a
promotora.
Gráfico 12: Você considera o Shopping um lugar seguro ou existem crimes?
50%50%SeguroTem crimes
Fonte: Questionário elaborado pelo autor
73
Ao perguntamos se o Shopping Center é um lugar seguro 50% afirmam que existem
crimes dentro do shopping e outros 50% acreditam que o Shopping Center é um lugar seguro
para se freqüentar. A região do Tabuleiro dos Martins é o centro das atenções motivado pelo
lançamento do programa do Governo Federal Minha Casa, Minha Vida que pode chegar em
torno de R$ 160 milhões, e a construção do segundo Shopping já mencionado anteriormente.
Segundo os gestores a situação ainda ira melhorar quando forem construídas pela prefeitura de
Maceió as duas novas pistas ligando a região à AL101 Norte, ao litoral. Serão duas uma: que
vai do bairro Serraria e a outra no Benedito Bentes. Todo este investimento atrai outros
pequenos negócios como escolas, farmácias, novos supermercados, hospitais e clínicas.
74
5 CONCLUSÃO
Constatou-se na presente pesquisa, a ausência por parte do poder públicos como
programas de incentivo a cultura e ao lazer na cidade de Maceió Alagoas. O lazer vem ao
longo do tempo sendo apropriado por empresas oportunistas como as do tipo Shopping
Center onde torna mais um tipo de mercadoria consumida. O consumo passa também a ser
uma atividade de lazer na modernidade.
O shopping Center na atualidade deixa de ser um ícone exclusivo de consumidores de
elevado padrão aquisitivo, tornando-se também um lugar popular, freqüentado cada vez
mais por camadas sociais de menor poder aquisitivo. O Shopping Sentir segue a tendência
pela modificação do perfil dos consumidores, mas não deixa suas características de
explorador de mão de obra, como também a apropriação do lazer que é pago sendo um
prolongamento no nosso entendimento da jornada de trabalho realizando uma exploração
dupla da classe que vive do trabalho.
No Shopping Center a subjetividade humana se reproduz como símbolo de integração e
ascensão social, por outro lado observamos às contradições das políticas sociais unidas as
contradições do sociometabolismo capitalista impedindo que o lazer se firme como direito
universal em benefício aos menos favorecidos.
Sendo assim faz-se necessário nossos gestores públicos cumpra com seu dever
garantido a aplicabilidade dos recursos públicos de forma consciente e precisa, pois o
emprego dos mesmos de forma errônea causa danos irreparáveis às populações que os
colocaram no poder lhes dando a oportunidade de melhorar o bem-estar e a qualidade de
vida de todos.
75
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<http://www.ojornalweb.com/2010/04/07/funcionarios-da-casa-vieira-sao-presos-tentando-furtar-produtos/>. Acesso em: 10 abr.2010
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76
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ZAMPIERI, Aline Cury. Fundo imobiliário investe em centro de logística. Disponível em: <http://economia.ig.com.br/mercados/capitais/fundo+imobiliario+investe+em+centro+de+logistica/n1237669388035.html>. Acesso em: 17 jun. 2010
77
77
ANEXO – I
Data: 25 de novembro de 2009
Fotos dos Shoppings Center Pátio MaceióFigura 1 – Praça de Alimentação
Fonte: Acervo próprio
Data: 25 de Janeiro de 2010
Figura 2 – Loja de Games Shopping Sul– Valparaíso – GO
Fonte: Acervo próprio
78
Data: 25 de novembro de 2009
Figura 3- Praça de Alimentação Pátio Maceió
Fonte: Acervo próprio
25 de novembro de 2009Figura 4 –Cartaz do Cinema 3 dimensões Pátio Maceió
Fonte: Acervo próprio
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Data: 25 de novembro de 2009
Figura 5 –Cinema do Maceió Shopping
Fonte: Acervo próprio
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ANEXO II
QUESTIONÁRIOS
1. ENTREVISTA AO FREQUENTADORES DO SHOPPING CENTER
01.Nome: Solange Valentim
02.Idade: 37
03. Sexo: Feminino
04. Escolaridade: Fundamental incompleto
05.bairro. centro
06.profissão.pensionista do Inss
07. Renda Familiar
A.( ) meio salário mínimo
B.(x) um salário mínimo
C.() de um a um e meio
D.() dois salários mínimos
E. ()três salários mínimos
F.() quatro salários mínimos
G.() cinco salários mínimos
H.() de cinco a vinte salários mínimos
8. Em momentos de tempo livre quais os lugares que você gosta de visitar ou freqüentar em Maceió?
R=Eu gosto de ir à praia,
9. Diga Um ou mais lugar para fazer compras?
R=Geralmente vou ao Bompreço no mercado da produção, feiras.
10. Ao falar em lazer qual a primeira coisa que vem em sua mente?
R=Praia e Sesc Guaxuma.
11. Ao falar a palavra comprar qual a primeira coisa que vem em sua mente?
R=Praia, Centro com convenções, artesanato.
12. O que você acha dos parques ou praças de Maceió?
R= falta de governo.abandonada
13. Ao falar a palavra shopping Center qual a primeira coisa que vem em sua mente?
R=Um lugar de fazer compras, passeio e lazer.
14. Você gosta de shopping Center? Se sim por quê? Se não por quê?
81
R=Sim, mas quase tudo lá é muito caro.
15. Quais as lojas que você freqüenta no shopping?
R=No Vídeo Game com minhas filhas e lanchonete.
16. Você gosta de fazer compras no centro ou no Shopping?
R=Somente gosto de comprar no shopping quando tem promoções
17. Quantas vezes você freqüenta o shopping no ano?
R=Duas vezes por ano
18.Como você se sente ao ir ao ambiente do shopping?
R= Sim, me sinto a vontade
19. Você freqüenta praças públicas em momentos de tempo livre?
R= Não, sempre estão sujas e com cheira-cola, bandidos e sem luz
20. No item segurança como você considera o shopping Center?
R= Eu acho seguro, tem muitos seguranças, mas já roubaram a coisas dentro da bolsa de uma amiga na fila da C&A, depois um segurança achou dentro do banheiro os documentos.assalto
21. Qual o meio de transporte que você utiliza para ir ao shopping center?
R=Ônibus
22. Qual seu maior sonho?
R= Reformar toda minha casa e comprar móveis novos.
23. Para você o shopping Center é um lugar de lazer ou e compras?
R= Os dois, vou mais para passear, mas compro também
82
2. QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA REALIZADO COM FREQUENTADORES DE SHOPPING CENTER.
01. Nome: Moises Valmir
02. Sexo: Masculino
03. Escolaridade: Ensino médio completo
04.Bairro: centro
05. Profissão: segurança
06. Renda Familiar
A.( ) meio salário mínimo
B.(x) um salário mínimo
D. ( ) dois salários mínimos
E. ( ) três salários mínimos
F. ( ) quatro salários mínimos
G.( )cinco salários mínimos
H.( )de cinco a vinte salários mínimos
07. Em momentos de tempo livre (férias e folga)quais os lugares que você gosta de visitar ou freqüentar em Maceió?
R=Eu gosto de ir a praia
08. Diga Um ou mais lugar para fazer compras?
R= Bompreço
09. Ao falar em lazer qual a primeira coisa que vem em sua mente?
R= Cinema, mas não vou ao do Shopping Maceió
10. Ao falar a palavra comprar qual a primeira coisa que vem em sua mente?
R= Centro de Maceió lá tem tudo, Alem de ser mais barato.
11. O que você acha dos parques ou praças de Maceió?
R=Uma bagunça, cheia de cheira cola e moradores de rua morador
12. Ao falar a palavra shopping Center qual a primeira coisa que vem em sua mente?
R=E um lugar de se divertir e fazer compras,
13. Você gosta de shopping Center? Se sim por quê? Se não por quê?
R=Sim, porque e um lugar onde tem tudo também e sempre me encontros com amigos.
14. Quais as lojas que você freqüenta no shopping?
R= praça de alimentação
15. Você gosta de fazer compras no centro ou no Shopping?
R= Nas Lojas Americanas
16. Quantas vezes você freqüenta o shopping em um ano?
83
R= Umas três vezes por mês.
17. Como você se sente ao ir ao ambiente do shopping?
R= Sim, mais tem muita gente metida filhinho de papai.
18. Você freqüenta praças públicas em momentos de tempo livre?
R= Não, as praças estão sempre abandonadas e sujas
19. No item segurança como você considera o shopping center?
R= Acho muito seguro. Tem muitos seguranças
20. Qual o meio de transporte que você utiliza para ir ao shopping Center?
R=Ônibus
21. Qual seu maior sonho?
R= Me formar e ter minha casa e um carro
22.Para você o shopping Center é um lugar de lazer ou e compras?
R= Para mim ele e os dois você tanto pode fazer compras e se divertir
3. QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA REALIZADO COM FREQUENTADORES DE SHOPPING CENTER.
01.Nome: Thiago Matheus
02. Sexo: Masculino
03. Escolaridade: Superior Incompleto
04. Bairro: Jatiúca
05.Profissão: Músico
06. Renda Familiar
A.() meio salário mínimo
B.() um salário mínimo
C.() de um a um e meio
d.() dois salários mínimos
E. ( )três salários mínimos
F.( ) quatro salários mínimos
G.( x )cinco salários mínimos
H.( )de cinco a vinte salários mínimos
07. Em momentos de tempo livre (férias e folga)quais os lugares que você gosta de visitar ou freqüentar em Maceió?
R= Viajar
08. Diga Um ou mais lugar para fazer compras?
84
R= Bompreço
09. Ao falar em lazer qual a primeira coisa que vem em sua mente?
R= Orla, praias, shoppings
10. Ao falar a palavra comprar qual a primeira coisa que vem em sua mente?
R=
11. O que você acha dos parques ou praças de Maceió?
R= Estão abandonados e muito sujos abandonadas
12. Ao falar a palavra shopping Center qual a primeira coisa que vem em sua mente?
R= Lazer
13. Você gosta de shopping Center? Se sim, por quê? se não, por quê?
R= O que mais gosto é a variedade de coisas, o conforto, comodidade para as pessoas que tem crianças, a praça de alimentação e as lojas que vendem produtos tecnológicos. O que eu não gosto são pessoas tipo maloqueiros, os malas de boné, assaltando no shopping. Um cara tentou roubar o celular de um menino dentro do shopping Iguatemi. Outra coisa que não gosto é o estacionamento pago que não oferece segurança suficiente.
14. Quais as lojas que você freqüenta no shopping?
R= As da praça de alimentação, eletrônicos, C&A
15. Você gosta de fazer compras no centro ou no Shopping?
R= Eu Gosto mais de ir ao shopping, apesar de que no centro tem produtos mais baratos.
16. Quantas vezes você freqüenta o shopping no ano?
R= três vezes por mês
17.Como você se senti ao ir ao ambiente do shopping?
R= depende de vários fatores, não gosto de ir quando está lotado.
18. Você freqüenta praças públicas em momentos de tempo livre?
R= Não somente transito por ela quando vou ao trabalho. É a casa dos mendigos
19. No item segurança como você considera o shopping Center?
R= Não, não basta meia dúzia de seguranças, detector de metais e câmeras constantemente para evitar crimes.
20. Qual o meio de transporte que você utiliza para ir ao shopping Center?
R= meu carro
21. Qual seu maior sonho?
R= ser um super, mega, empresário e ao mesmo tempo desembargador federal.
22.Para você o shopping Center é um lugar de lazer ou e compras?
R= Ambos.
85
4. QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA REALIZADO COM FREQUENTADORES DE SHOPPING CENTER
01. Nome: Ricardo Lima
02. Sexo: Masculino
03. Escolaridade: Ensino Médio completo
04.Bairro: Benedito Bentes
05. Profissão: Vendedor
06. Renda Familiar
A.( ) meio salário mínimo
B.( ) um salário mínimo
d. ( x) dois salários mínimos
E. ( ) três salários mínimos
F. ( ) quatro salários mínimos
G.( )cinco salários mínimos
H.( )de cinco a vinte salários mínimos
07. Em momentos de tempo livre (férias e folga)quais os lugares que você gosta de visitar ou freqüentar em Maceió?
R= Shopping
08. Fale um ou mais lugares para fazer compras?
R= Mercado, Shopping, Bompreço
09. Ao falar em lazer qual a primeira coisa que vem em sua mente?
R= Praia
10. Ao falar a palavra comprar qual a primeira coisa que vem em sua mente?
R= Bompreço
11. O que você acha dos parques ou praças de Maceió?
R= muito sujas.
12. Ao falar a palavra shopping Center qual a primeira coisa que vem em sua mente?
R= passeio.
13. Você gosta de shopping Center? Se sim por quê? Se não por quê?
R= Sim, por que lá tem de tudo e tem muitas promoções.
14. Quais as lojas que você freqüenta no shopping?
R= Riachuelo, C&A, Casa Vieira
15. Você gosta de fazer compras no centro ou no Shopping?
86
R= Nos dois, tem as mesmas coisas.
16. Quantas vezes você freqüenta o shopping em um ano?
R= sempre vou no fim de semana, umas 4 vezes por ai
17. Como você se sente ao ir ao ambiente do shopping?
R= Me sinto bem
18. Você freqüenta praças públicas em momentos de tempo livre?
R= Não so de passagem
19. No item segurança como você considera o shopping center?
R= Muito seguro
20. Qual o meio de transporte que você utiliza para ir ao shopping Center?
R= Ônibus
21. Qual seu maior sonho?
R= Fazer faculdade, tem minha casa e carro
22.Para você o shopping Center é um lugar de lazer ou e compras?
R= os dois.
5. QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA REALIZADO COM FREQUENTADORES DE SHOPPING CENTER
01. Nome: Adalberto Silva Filho
02. Sexo: Masculino
03. Escolaridade: Curso Superior incompleto
04.Bairro: João Sampaio/Região Tabuleiro dos Martins
05. Profissão: Policial
06. Renda Familiar
A.( ) meio salário mínimo
B.( ) um salário mínimo
D. ( ) dois salários mínimos
E. ( ) três salários mínimos
F. ( ) quatro salários mínimos
G.( x )cinco salários mínimos
H.( )de cinco a vinte salários mínimos
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07. Em momentos de tempo livre (férias e folga)quais os lugares que você gosta de visitar ou freqüentar em Maceió?
R= Shopping
08. Diga Um ou mais lugares para fazer compras?
R=Centro
09. Ao falar em lazer qual a primeira coisa que vem em sua mente?
R= Praia, Cinema, Retiro da Igreja que eu freqüento
10. Ao falar a palavra comprar qual a primeira coisa que vem em sua mente?
R=Cartão de crédito, lojas
11. O que você acha dos parques ou praças de Maceió?
R= Sempre sujas e com odores de fezes e urina de moradores de rua.
12. Ao falar a palavra shopping Center qual a primeira coisa que vem em sua mente?
R= lazer e diversão
13. Você gosta de shopping Center? Se sim por quê? Se não por quê?
R= Claro que sim, por que lá tem de tudo. É tranqüilo andar lá. Gosto de ir com minha esposa e meu filho.
14. Quais as lojas que você freqüenta no shopping?
R= Sempre vou na praça de alimentação, C&A, Lojas Abys.
15. Você gosta de fazer compras no centro ou no Shopping?
R=Sim, sempre vou ao centro comprar coisas lá tem de tudo um pouco.
16. Quantas vezes você freqüenta o shopping no mês?
R= quatro vezes
17. Como você se sente ao ir ao ambiente do shopping?
R= Me sinto bem, tem pessoas de todos os tipos, geralmente bem vestidas e com boa aparência.
18. Você freqüenta praças públicas em momentos de tempo livre?
R= Não aqui em Maceió não tem uma praça que preste.
19. No item segurança como você considera o shopping center?
R= É bem seguro mas de vez enquando tem crimes sim, roubo de carros, joalheria, pequenos furtos.
20. Qual o meio de transporte que você utiliza para ir ao shopping Center?
R= Carro
21. Qual seu maior sonho?
R= Ser Juiz de Direito
22 .Para você o shopping Center é um lugar de lazer ou e compras?
R= Os dois podemos ir somente para passear e para fazer compras.
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6. QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA REALIZADO COM FREQUENTADORES DE SHOPPING CENTER
01. Nome: Neyla Cristina
02. Sexo: Feminino
03. Escolaridade:Curso Superior Tecnológico completo
04.Bairro: Salvador Lyra
05. Profissão: Promotora da Vivo Telecomunicações
06. Renda Familiar
A.( ) meio salário mínimo
B.() um salário mínimo
D. ( x ) dois salários mínimos
E. ( ) três salários mínimos
F. ( ) quatro salários mínimos
G.( )cinco salários mínimos
H.( )de cinco a vinte salários mínimos
07. Em momentos de tempo livre (férias e folga)quais os lugares que você gosta de visitar ou freqüentar em Maceió?
R= Casa de amigos
08. Diga Um ou mais lugar para fazer compras?
R= Bompreço
09. Ao falar em lazer qual a primeira coisa que vem em sua mente?
R= Praia
10. Ao falar a palavra comprar qual a primeira coisa que vem em sua mente?
R= Bompreço
11. O que você acha dos parques ou praças de Maceió?
R= Tem Muito morador de rua.Estão suja.
12. Ao falar a palavra shopping Center qual a primeira coisa que vem em sua mente?
R= Diversão, relaxar.
13. Você gosta de shopping Center? Se sim por quê? Se não por quê?
R=Sim, é um lugar bem agradável para passear
14. Quais as lojas que você freqüenta no shopping?
R= Eu vou sempre para praça de alimentação, Riachuelo, Sapatos, Casa vieira
15. Você gosta de fazer compras no centro ou no Shopping?
R= Sim, mas agora sempre vou ao Shopping novo o Pátio Maceió que é mais perto da minha casa
16. Quantas vezes você freqüenta o shopping em um mês?
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R= seis vezes as vezes mais, sempre pago minhas contas lá
17. Como você se sente ao ir ao ambiente do shopping?
R= Bem
18. Você freqüenta praças públicas em momentos de tempo livre?
R= Não para ser assaltada e os mendigos cheira cola fica incomodando o tempo todo.
19. No item segurança como você considera o shopping center?
R= É bem seguro eles ficam andando o tempo todo.
20. Qual o meio de transporte que você utiliza para ir ao shopping Center?
R=Carro
21. Qual seu maior sonho?
R=Passa em um concurso público.
22.Para você o shopping Center é um lugar de lazer ou e compras?
R= Os dois
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