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CENTRO UNIVERSITÁRIO
CURSO SUPERIOR TECNOLÓGICO EM DESIGN DE MODA
RODRIGO FERREIRA DE SOUSA
ÄNDRA: A CRIAÇÃO DE UMA MARCA DE MODA UNISSEX E SUA
PRIMEIRA COLEÇÃO, “TRAJETÓRIA”
FORTALEZA
2013
RODRIGO FERREIRA DE SOUSA
ÄNDRA: A CRIAÇÃO DE UMA MARCA DE MODA UNISSEX E SUA
PRIMEIRA COLEÇÃO, “TRAJETÓRIA”
Projeto Aplicado apresentado ao Curso Superior Tecnológico em Design de Moda do Centro Universitário Estácio-FIC como requisito para a obtenção do grau de Tecnólogo. Orientadora Profª. Karine Forte Façanha
FORTALEZA
2013
CENTRO UNIVERSITÁRIO
TERMO DE APROVAÇÃO
ÄNDRA: A CRIAÇÃO DE UMA MARCA DE MODA UNISSEX E SUA
PRIMEIRA COLEÇÃO, “TRAJETÓRIA”
Por
RODRIGO FERREIRA DE SOUSA
Este artigo científico foi apresentado no dia 20 de novembro de 2013, como requisito para a obtenção do título de Tecnólogo em DESIGN DE MODA, do Centro Universitário Estácio-FIC, tendo sido aprovado pela Banca Examinadora composta pelos professores:
BANCA EXAMINADORA
____________________________________ Profª. Espec. Karine Forte Façanha
Orientadora - Estácio-FIC
______________________________________ Profª. Espec. Ingrid Brasil Examinadora - Estácio-FIC
____________________________________ Profª. Mestre Fatima Medina
Examinador - Estácio-FIC
AGRADECIMENTOS
À minha mãe, Maria Ferreira de Sousa, que não poupou esforços para que este projeto deixasse de ser um sonho para se tornar realidade. Por todo o amor e suor que vem dedicado à minha carreira.
Aos meus familiares, Terezinha Silva Caetana, Ledamir de Sousa Mourão e Grabriela de Sousa Mourão, pelo apoio, interesse e opiniões extremamente construtivas ao longo deste trabalho.
Aos meus professores, em especial a Bianca Cipolla, Ivy Collyer, Juliana Azevedo, Angélica Freitas, Claudia Sampaio, Edvane Lima, Daniel Farias Paula, Fernando Innecco e Manuela Meideiros, pela dedicação, paciência e confiança no meu trabalho e no meu talento, cada um me guiando por um pedaço dessa trilha e em cada um eu me inspiro para me transformar em um profissional cada vez mais competente.
Aos meus colegas de faculdade, Thyara de Oliveira, Ana Paula Sampaio, Carol Lima Verde, Luciana Lancaster, Tay Marcelino, Jonathan de Sousa, Elen Barbosa, especialmente Pedro Nery, Clara Ferreira e Tácito Vasconcelos, por percorrerem essa jornada comigo, em algum momento, e ter deixado um pouco do seu trabalho e experiências comigo.
Aos meus amigos, que me servem de inspiração e motivação todos os dias, Santiago Gonçalves, Paulo Victor Aires, Maria Isabel, Gabriela Ribeiro, Julia Sarmento e Tiago Fortes.
A Meire, minha costureira, que, a pesar de não gostar particularmente da estética do meu trabalho, o trata como se fosse seu próprio projeto. Pela dedicação e esforço para chegar ao resultado que chegamos.
Por último, definitivamente não menos importante, o meu maior agradecimento a Karine Façanha, orientadora deste trabalho, por confiar em mim, no meu trabalho e dividir comigo sua experiência e amizade, fatores essenciais na construção do meu caminho até aqui.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Andrej Pejic, Corinna Ingenleuf e Lea T ............................................... 19
FIGURA 2 – Fotografia de um baixo-relevo nas paredes do altar romano Ara Pacis....
.......................................................................................................................... 35
FIGURA 3 - Tapete Bizantino da Rainha Teodora. Fonte: Google Images (2012) .... 36
FIGURA 4 – Evolução da moda do séc. XIV ao final do séc. XIX ............................. 37
FIGURA 5 – Evolução da moda do séc. XIV ao final do séc. XIX ............................. 39
FIGURA 6 – Em ordem: Pierre Cardin, Rad Hourani, Antônio Bizarro, João Pimenta
e Chloë Sevigny para Opening Ceremony. ....................................................... 45
FIGURA 7 – Propaganda de página inteira .............................................................. 54
FIGURA 8 – Propaganda de página dupla ............................................................... 55
FIGURA 9 – Banner para anúncio de jornal ............................................................. 55
FIGURA 10 – Banner para anúncio em blogs .......................................................... 57
FIGURA 11 – Banner para anúncio de promoção em blogs de moda e nas redes
sociais .............................................................................................................. 58
FIGURA 12 – Página inicial, contendo as opções de linguagem ............................. 59
FIGURA 13 – Página principal, contendo os links para as outras áreas do site ...... 60
FIGURA 14 – Exemplo de página de conteúdo, contendo as informações referentes
às coleções da marca ...................................................................................... 61
FIGURA 15 – Projeto para a vitrine Outono/Inverno 2014 ....................................... 62
FIGURA 16 – Logotipo da marca ............................................................................ 67
FIGURA 17 – Motivo da marca ............................................................................... 67
FIGURA 18 – Comparação entre a tipia original do logo e a tipia resultante dos
testes ............................................................................................................... 68
FIGURA 19 – Comparação entre os logos nas duas cores utilizadas ...................... 69
FIGURA 20 – Etiqueta de composição de sublimação para os tamanhos M e P ..... 70
As etiquetas de sublimação são utilizadas nas peças de malharia. Essas etiquetas
não possuem toque, pois são estampadas no próprio tecido. Elas possuem
informações de tamanho, de composição e instruções de composição. .......... 71
FIGURA 21 – Etiqueta de composição impressa, frente e verso ............................. 71
FIGURA 22 – Etiqueta de identificação com etiqueta de composição em bandeirola
.......................................................................................................................... 72
FIGURA 23 – Etiqueta de composição identificação palito com bandeirola de
tamanho ........................................................................................................... 73
A etiqueta palito é usada, principalmente, na parte interna das peças superiores de
malharia mais elaboradas, e na parte externa em algumas peças de alfaiataria
menos complexas, por exemplo. ...................................................................... 73
FIGURA 24 – Etiqueta bandeirola de identificação .................................................. 73
FIGURA 25 – Etiqueta de identificação bordada com bandeirola de tamanho ........ 74
FIGURA 26 – Tags para as linhas ksä, diä, luä e ärt, respectivamente ................... 75
FIGURA 27 – Lacre .................................................................................................. 76
FIGURA 28 – Saco de papel para embalagem e papel Kraft personalizado ........... 77
FIGURA 29 – Modelo para sacola pequena, na esquerda e modelo para a média e
grande, na esquerda ........................................................................................ 78
FIGURA 30 – Caixa .................................................................................................. 78
FIGURA 31 – Caixa especial para presentes, jaquetas e ternos. ............................ 79
FIGURA 32 – Bolsa plástica para ternos .................................................................. 79
FIGURA 33 – Painel de Inspiração. Em evidência, estudantes da década de 50, Bob
Dylan, Jim Morrison, cenas do filme “On The Road”, e alguns livros da Beat
Generation. ..................................................................................................... 85
FIGURA 34 – Painel de Ícones. Uma compilação de figuras históricas da década já
citadas nesse texto. ......................................................................................... 86
FIGURA 35 – Painel de Estilo. ................................................................................. 87
FIGURA 36 – Paleta de Cores - ksä ........................................................................ 88
FIGURA 37 – Paleta de Cores - diä ......................................................................... 89
FIGURA 38 – Paleta de Cores - luä ......................................................................... 89
FIGURA 39 – Paleta de Cores - ärt .......................................................................... 90
FIGURA 40 – Cartela de Estampas ......................................................................... 91
FIGURA 41 – Cartela de Tecidos - ksä .................................................................... 92
FIGURA 42 – Cartela de Tecidos - diä ..................................................................... 93
FIGURA 43 – Cartela de Tecidos - luä ..................................................................... 94
FIGURA 44 – Cartela de Tecidos - ärt ..................................................................... 95
FIGURA 45 – Cartela de Aviamentos ....................................................................... 96
FIGURA 46 – Look 1 – Regata com Bolso Frontal e Calça/Jaqueta de Botões com
Bolso Embutido – Desenho de Moda ............................................................... 99
FIGURA 47 – Look 1 – Regata com Bolso Frontal – Desenho Técnico ................. 100
FIGURA 48 – Look 1 – Calça/Jaqueta de Botões com Bolso Embutido – Desenho
Técnico .......................................................................................................... 101
FIGURA 49 – Look 2 – Regata com Bolso Embutido e Calça/Jaqueta de Zíper com
Bolso Embutido – Desenho de Moda ............................................................. 102
FIGURA 50 – Look 2 – Regata com Bolso Embutido – Desenho Técnico ............. 103
FIGURA 51 – Look 2 – Calça/Jaqueta de Zíper com Bolso Embutido – Desenho
Técnico .......................................................................................................... 104
FIGURA 52 – Look 3 – Blusa com Bolso Invisível e Bermuda com Bolso Frontal
Invisível e Bolso Embutido Traseiro – Desenho de Moda .............................. 105
FIGURA 53 – Look 3 – Blusa com Bolso Invisível – Desenho Técnico .................. 106
FIGURA 54 – Look 3 – Blusa Bermuda com Bolso Frontal Invisível e Bolso Embutido
Traseiro – Desenho Técnico .......................................................................... 107
FIGURA 55 – Look 4 – Bermuda/Camisa de Botões com três Bolsos Embutidos e T-
shirt com Bolso Frontal Invisível– Desenho de Moda .................................... 108
FIGURA 56 – Look 4 – T-shirt com Bolso Frontal Invisível – Desenho Técnico ..... 109
FIGURA 57 – Look 4 – Bermuda/Camisa de Botões com três Bolsos Embutidos –
Desenho Técnico ........................................................................................... 110
FIGURA 58 – Look 5 – Maxi T-shirt com dois Bolsos Frontais – Desenho de Moda
........................................................................................................................ 111
FIGURA 59 – Look 5 – Maxi T-shirt com dois Bolsos Frontais – Desenho Técnico –
Parte 01 ......................................................................................................... 112
FIGURA 60 – Look 5 – Maxi T-shirt com dois Bolsos Frontais – Desenho Técnico –
Parte 02 ......................................................................................................... 113
FIGURA 61 – Look 6 – Macacão – Desenho de Moda .......................................... 114
FIGURA 62 – Look 6 – Macacão – Desenho Técnico – Parte 01 .......................... 115
FIGURA 63 – Look 6 – Macacão – Desenho Técnico – Parte 02 .......................... 116
FIGURA 64 - Look 7 - Camisa de Smoking com Manga Enrugada e Calça Skinny
Five Pockets Estilizada - Desenho de Moda ..................................................120
FIGURA 65 – Look 7 – Camisa de Smoking com Manga Enrugada – Desenho
Técnico .......................................................................................................... 119
FIGURA 66 – Look 7 – Calça Skinny Five Pockets Estilizada (dois frontais e dois
traseiros invisíveis com um traseiro embutido) – Desenho Técnico .............. 120
FIGURA 67 – Look 8 – Camisa de Botões com Gola Polo de Malha Piquet e Shot-
saia com Bolso Traseiro embutido – Desenho de Moda ................................ 121
FIGURA 68 – Look 8 – Camisa de Botões com Gola Polo de Malha Piquet –
Desenho Técnico ........................................................................................... 122
FIGURA 69 – Look 8 – Shot-saia com Bolso Traseiro embutido – Desenho Técnico
........................................................................................................................ 123
FIGURA 70 – Look 9 – Camisa “Tuxedo Inspired” com Bolso Frontal e Saia Evasê de
Pregas – Desenho de Moda .......................................................................... 124
FIGURA 71 – Look 9 – Camisa “Tuxedo Inspired” com Bolso Frontal – Desenho
Técnico .......................................................................................................... 125
FIGURA 72 – Look 9 –Saia Evasê de Pregas – Desenho Técnico ........................ 126
FIGURA 73 – Look 10 – Blusa “Polo Inspired” com Saia Reta com Detalhe Plissado
– Desenho de Moda ....................................................................................... 127
FIGURA 74 – Look 10 – Blusa “Polo Inspired” – Desenho Técnico ....................... 128
FIGURA 75 – Look 10 – Saia Reta com Detalhe Plissado – Desenho Técnico ..... 129
FIGURA 76 – Look 11 – Maxi Shirt de Botões e Short/Saia com Bolso Avental –
Desenho de Moda .......................................................................................... 130
FIGURA 77 – Look 11 – Maxi Shirt de Botões – Desenho Técnico ....................... 131
FIGURA 78 – Look 11 – Short/Saia com Bolso Avental – Desenho Técnico ......... 132
FIGURA 79 – Look 12 – Maxi Shirt “Tuxedo Inspired” com dois Bolsos Frontais e
Calça Drop Crotch com Bolsos Aventais Laterais – Desenho de Moda ........ 133
FIGURA 80 – Look 12 – Maxi Shirt “Tuxedo Inspired” com dois Bolsos Frontais –
Desenho Técnico ........................................................................................... 134
FIGURA 81 – Look 12 – Calça Drop Crotch com Bolsos Aventais Laterais – Desenho
Técnico – Parte 01 ......................................................................................... 135
FIGURA 82 – Look 12 – Calça Drop Crotch com Bolsos Aventais Laterais – Desenho
Técnico – Parte 02 ......................................................................................... 136
FIGURA 83 – Look 13 – T-shirt com Mangas ¾ Enrugadas e Saia A-Line com Bolsos
Avental – Desenho de Moda .......................................................................... 137
FIGURA 84 – Look 13 – T-shirt com Mangas ¾ Enrugadas – Desenho Técnico ... 138
FIGURA 85 – Look 13 – Saia A-Line com Bolsos Avental – Desenho Técnico ...... 139
FIGURA 86 – Look 14 – T-shirt com Mangas ¾ Enrugadas e Short
Saruel/Macaquinho – Desenho de Moda ....................................................... 140
FIGURA 87 – Look 14 – T-shirt com Mangas ¾ Enrugadas – Desenho Técnico .. 141
FIGURA 88 – Look 14 – Short Saruel/Macaquinho – Desenho Técnico ................ 142
FIGURA 89 – Look 15 – Macacão Conversível Estampado e Blusa de Manga Longa
Enrugada – Desenho de Moda ...................................................................... 143
FIGURA 90 – Look 15 – Macacão Conversível Estampado – Desenho Técnico –
Parte 01 ......................................................................................................... 144
FIGURA 91 – Look 15 – Macacão Conversível Estampado – Desenho Técnico –
Parte 02 ......................................................................................................... 145
FIGURA 92 – Look 15 – Macacão Conversível Estampado e Blusa de Manga Longa
Enrugada – Desenho Técnico ........................................................................ 146
FIGURA 93 – Look 16 – Jaqueta Bicolor com três Botões e Calça Jeans | Brim Five
Pockets (com dois bolsos invisíveis frontais e traseiros) – Desenho de Moda
........................................................................................................................ 148
FIGURA 94 – Look 16 – Jaqueta Bicolor com três Botões – Desenho Técnico ..... 149
FIGURA 95 – Look 16 – Calça Jeans | Brim Five Pockets (com dois bolsos invisíveis
frontais e traseiros) – Desenho Técnico – Parte 01 ....................................... 150
FIGURA 96 – Look 16 – Calça Jeans | Brim Five Pockets (com dois bolsos invisíveis
frontais e traseiros) – Desenho Técnico – Parte 02 ....................................... 151
FIGURA 97 – Look 17 – Colete Tricolor com quatro Botões e Short Jeans | Brim Five
Pockets – Desenho de Moda ......................................................................... 152
FIGURA 98 – Look 17 – Colete Tricolor com quatro Botões – Desenho Técnico .. 153
FIGURA 99 – Look 17 – Short Jeans | Brim Five Pockets – Desenho Técnico ...... 154
FIGURA 100 – Look 18 – Coat | Mid Dress – Desenho de Moda .......................... 155
FIGURA 101 – Look 18 – Coat | Mid Dress – Desenho Técnico – Parte 01 .......... 156
FIGURA 102 – Look 18 – Coat | Mid Dress – Desenho Técnico – Parte 02 .......... 157
FIGURA 103 – Look 19 – Camisa Padre com Bolso Invisível Frontal, Jaqueta Tricolor
de Três Botões e Calça Jeans | Brim Three Pockets – Desenho de Moda .... 158
FIGURA 104 – Look 19 – Camisa Padre com Bolso Invisível Frontal – Desenho
Técnico .......................................................................................................... 159
FIGURA 105 – Look 19 – Jaqueta Tricolor de Três Botões – Desenho Técnico .... 160
FIGURA 106 – Look 19 – Calça Jeans | Brim Three Pockets – Desenho Técnico –
Parte 01 ......................................................................................................... 161
FIGURA 107 – Look 19 – Calça Jeans | Brim Three Pockets – Desenho Técnico –
Parte 02 ......................................................................................................... 162
FIGURA 108 – Look 20 – Camisa de Manga Curta e Gola Padre com Bolso Invisível,
Jaqueta com Gola Careca V e Calça Saruel com Bolso Faca – Desenho de
Moda .............................................................................................................. 163
FIGURA 109 – Look 20 – Camisa de Manga Curta e Gola Padre com Bolso Invisível
– Desenho Técnico ........................................................................................ 164
FIGURA 110 – Look 20 – Jaqueta com Gola Careca V – Desenho Técnico ......... 165
FIGURA 111 – Look 20 – Calça Saruel com Bolso Faca – Desenho Técnico – Parte
01 ................................................................................................................... 166
FIGURA 112 – Look 20 – Calça Saruel com Bolso Faca – Desenho Técnico – Parte
02 ................................................................................................................... 167
FIGURA 113 – Look 21 – Maxi Shirt-Dress com Botões Escondidos e Jaqueta de
Gola Careca em V – Desenho de Moda ........................................................ 168
FIGURA 114 – Look 21 – Maxi Shirt-Dress com Botões Escondidos – Desenho
Técnico – Parte 01 ......................................................................................... 169
FIGURA 115 – Look 21 – Maxi Shirt-Dress com Botões Escondidos – Desenho
Técnico – Parte 02 ......................................................................................... 170
FIGURA 116 – Look 21 – Jaqueta de Gola Careca em V – Desenho Técnico ...... 171
FIGURA 117 – Look 22 – Maxi-Shirt de Manga Enrugada e Legging de Malha
Mescla e Couro Ecológico – Desenho de Moda ............................................ 173
FIGURA 118 – Look 22 – Maxi-Shirt de Manga Enrugada – Desenho Técnico – Parte
01 ................................................................................................................... 174
FIGURA 119 – Look 22 – Maxi-Shirt de Manga Enrugada – Desenho Técnico – Parte
02 ................................................................................................................... 175
FIGURA 120 – Look 22 – Legging de Malha Mescla e Couro Ecológico – Desenho
Técnico .......................................................................................................... 176
FIGURA 121 – Look 23 – Camisa Envelope com Gola de Padre e Botões
Escondidos e Legging Estampada – Desenho de Moda ............................... 177
FIGURA 122 – Look 23 – Camisa Envelope com Gola de Padre e Botões
Escondidos – Desenho Técnico ..................................................................... 178
FIGURA 123 – Look 23 – Legging Estampada – Desenho Técnico ....................... 179
FIGURA 124 – Look 24 – Coat | Mid Dress com Estampa Digital e Legging
Estampada – Desenho de Moda .................................................................... 180
FIGURA 125 – Look 24 – Coat | Mid Dress com Estampa Digital – Desenho Técnico
– Parte 01 ...................................................................................................... 181
FIGURA 126 – Look 24 – Coat | Mid Dress com Estampa Digital – Desenho Técnico
– Parte 02 ...................................................................................................... 182
FIGURA 127 – Look 24 – Legging Estampada – Desenho Técnico ....................... 183
FIGURA 128 – Look 25 – Maxi Dress Envelope – Desenho de Moda ................... 184
FIGURA 129 – Look 25 – Maxi Dress Envelope – Desenho Técnico – Parte 01 ... 185
FIGURA 130 – Look 25 – Maxi Dress Envelope – Desenho Técnico – Parte 02 ... 186
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................. 15
1.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 16
1.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 16
2 DEFINIÇÃO DE PRODUTO .............................................................. 19
2.1 Quanto a Segmentação ............................................................................... 20
2.2 Quanto ao público alvo. ............................................................................... 23
2.2.1 Pesquisa mercadológica .............................................................. 25
2.2.2 Pesquisa de campo ..................................................................... 27
2.3 Quanto à linha de atuação. ......................................................................... 35
3 MARKETING ..................................................................................... 40
3.1 Produto ............................................................................................................. 41
3.2 Praça ................................................................................................................ 43
3.2.1 Análise SWOT ............................................................................. 46
3.2.2 Análise da concorrência .............................................................. 48
3.2.3 Análise de fornecedores .............................................................. 49
3.3 Preço ................................................................................................................ 50
3.4 Promoção ........................................................................................................ 51
3.4.1 Meios de divulgação .................................................................... 52
3.4.2 Vitrine .......................................................................................... 62
4 MARCA ............................................................................................. 64
4.1 Identidade da marca ..................................................................................... 64
4.1.1 Nome da marca ........................................................................... 65
4.1.2 Logo ............................................................................................ 66
4.1.3 Tipia/fonte .................................................................................... 68
4.1.4 Cores ........................................................................................... 69
4.2 Programação Visual ...................................................................................... 69
4.2.1 Etiquetas ..................................................................................... 70
4.2.2 Tags ............................................................................................ 74
4.2.3 Embalagens................................................................................. 76
5 DESENVOLVIMENTO DA COLEÇÃO .............................................. 81
5.1 Tema ................................................................................................................. 84
5.2 Cartela de cores ............................................................................................. 88
5.3 Cartela de tecidos .......................................................................................... 92
5.4 Cartela de aviamentos .................................................................................. 95
5.5 Mix de produtos .............................................................................................. 97
5.6 Famílias e linhas ............................................................................................ 97
5.6.1 ksä (Família Básica) .................................................................... 98
5.6.2 diä (Família Fashion 01) ............................................................ 117
5.6.3 luä (Família Fashion 02) ............................................................ 147
5.6.4 ärt (Família Vanguarda) ............................................................. 172
CONCLUSÃO .................................................................................... 187
REFERÊNCIAS ................................................................................. 188
APÊNDICE ......................................................................................... 190
APÊNDICE A – PESQUISA DE MERCADO .......................................................... 191
15
1 INTRODUÇÃO
O presente projeto é o trabalho de conclusão de curso do aluno e
designer de moda Rodrigo Ferreira. Trata-se da criação de uma marca de moda
unissex, intitulada ändra, voltada ao público gayfriendly de Fortaleza, de uma faixa
etária entre 23 e 33 anos. A metodologia de trabalho escolhida para a criação da
marca e de sua primeira coleção é a defendida por Montemezzo (2003), tendo em
base os argumentos sobre desenvolvimento de produtos defendidos por Baxter e
Löbach (apud MONTEMEZZO, 2003), conforme tendências atuais indicadas por Iida
e Maynardes (apud MONTEMEZZO, 2003).
A criação de uma marca de moda é um processo complexo e complicado.
Em um mercado em expansão, com inúmeras possibilidades de atuação e
abrangência. Também é grande o número de empresas concorrentes e com
iniciativas inovadoras. Criar e gerenciar uma empresa de design de moda é uma
tarefa que exige tanto conhecimentos técnicos e administrativos quanto elementos
empíricos que motivem o trabalho do designer. É necessário, antes de tudo, muita
pesquisa, preparação e força de vontade para realizar esta tarefa com sucesso.
Dentro dessa realidade, Montemezzo (2003) deixa bem clara a
importância das relações entre o designer e o produto, tendo em mente os anseios e
necessidades do consumidor e as possibilidades e limitações do mercado em
questão. Assim, não basta apenas uma mente criativa por trás da marca, mas
também uma base técnica e uma boa pesquisa mercadológica. Meadows (2010)
aposta que, “para ter uma marca de moda bem-sucedida, é preciso cerca de 90% de
tino para os negócios e 10% de habilidade artística”. Esse tino, pode-se afirmar
depois de uma leitura atenta à obra de Meadows, faz referência às capacidades de
planejamento e escolha do designer.
16
1.1 Objetivo Geral
O objetivo maior deste trabalho é a criação de uma empresa de moda
unissex, com apelo comercial, porém, com estética vanguardista. Que traga à tona
questões de gênero, abordando as relações complexas entre as representações de
gênero da sociedade. Que fale ao público gayfriendly de forma positiva e
instigadora. Uma marca de moda que busque a libertação de segregações sexuais e
sexistas.
1.2 Objetivos Específicos
A ändra entra no mercado de moda com o intuito de levantar questões
pertinentes à sociedade contemporânea, oferecendo objetos de design que
carreguem um questionamento político, ao mesmo tempo em que torne esses
questionamentos parte do cotidiano da cidade, através de uma visão prática e sem
rótulos das configurações de gênero.
Essa necessidade de criar uma marca livre de um rótulo sexual surgiu na
vida do designer dentro de uma pesquisa sobre identidade de gênero, desenvolvida
primariamente no âmbito das artes cênicas. Dentro de uma pesquisa sobre as
expressões do gênero, da forma como o masculino e o feminino são entendidos e
representados pela sociedade ocidental, a imagem, mais especificamente a
vestimenta, surgiu como uma possibilidade interessante de investigação. Pensar nas
formas com que o ser humano inventa e reinventa os gêneros, seguindo um
caminho onde é possível vislumbrar uma espécie de hibridismo, foi a fagulha
primeira por trás do que a ändra iria se tornar.
17
Porém, transformar tais conceitos vanguardistas em uma realidade
palpável para uma massa, para um público maior que um nicho, é um verdadeiro
desafio. Por mais que esses conceitos já estejam entrando na vida das pessoas de
forma natural, criar uma marca que pense a moda como um espaço para discursos
políticos e assuma esses conceitos como eixo de seu trabalho, pode se tornar uma
tarefa mais complicada do que parece. Produtos com conceitos vanguardistas, por
mais simples e por mais apelo que possuam, antes de ganharem o gosto popular
enfrentam barreiras na hora das vendas.
Para tanto, é necessário um planejamento e uma pesquisa intensos, para
que tal discurso não se perca no meio do processo de comercialização do produto
em si. Tendo em mente o processo de criação de uma empresa de moda dissertado
por Montemezzo (2003), a fase que inicia este processo é o planejamento.
Inicialmente, se fazem necessárias a coleta e análise de informações
históricas e mercadológicas que justifiquem a criação desta marca. É necessário
entender, sobretudo, de onde parte o interesse da mídia em cima de questões que
envolvem o gênero, como a androginia e a transexualidade, por exemplo. É
importante e crucial, também, tentar perceber se isso transcende os catálogos de
moda e as passarelas e se chega ao consumidor comum, ao cotidiano da cidade, se
configurando em um verdadeiro nicho de mercado. Esses são os questionamentos
presentes no capítulo deste trabalho sobre a definição do produto. Montemezzo
(2003) denomina essa fase de planejamento, a primeira parte do presente projeto,
para solidificar suas bases e aumentar as suas possibilidades de sucesso.
No próximo capítulo busca-se então um entendimento sobre o mercado.
Traçar as possibilidades do mercado no qual a empresa se insere, as especificações
dos produtos oferecidos e a sua necessidade percebida pelo público alvo, a
cobertura dessas necessidades por parte de empresas concorrentes e o perfil deste
público. Por fim, munido de tais informações, desenvolver uma estratégia de
marketing minimamente organizada. O capítulo de marketing aborda, então, essas
especificidades da empresa. Dentro da metodologia de Montemezzo (2003), esta é a
segunda parte da fase inicial do projeto, onde o designer deve traçar uma estratégia
de ação efetiva.
O capítulo seguinte trata, basicamente, da marca em si e da sua
utilização dentro da programação visual da empresa. Marca, aqui, transcendendo o
18
logotipo, sendo, além de uma representação gráfica, uma concretização de um
sentido e de um espírito inerentes ao produto e à grife.
Finalmente, o último capítulo apresenta a primeira coleção da ändra, com
o tema “Trajetória”, abordando temas subjetivos ao designer, possuindo relação com
a sua própria trajetória e de outros que o inspiram. Este é o capítulo que mais utiliza
dos conceitos projetuais de Montemezzo (2003), onde toda a dissertação feita até
aqui pode ser considerada a problemática de design, e então são apresentadas as
soluções de design para tal. A partir de um tema subjetivo, de uma limitação
conceitual, foi feita uma seleção de tecidos, cores, estampas, formas e caimentos
que converse com esse tema e com o público alvo da marca.
O processo de criação utilizado foi o desenvolvido por Gomes (apud
MONTEMEZZO, 2003). Depois da escolha de um tema, de uma delimitação, existe
um processo de pesquisa e aprofundamento, para reunir uma base substancial de
informações pertinentes ao design. Antes da criação de ideias propriamente ditas, é
importante haver uma fase de incubação, onde o indivíduo se distância do trabalho
para absorver melhor as informações colhidas, e só então voltar ao problema,
aplicando as diversas soluções de design encontradas, observando aquelas que
mais se adéquam às propostas da marca e ao tema e então escolhendo as
melhores.
Sendo assim, o trabalho é concluído com uma análise dos resultados e
dos objetivos alcançados, apresentando um prognóstico da empresa com base nas
experiências vividas durante a criação deste projeto.
19
2 DEFINIÇÃO DE PRODUTO
As questões de identidade de gênero têm tomado grandes proporções
nos últimos tempos. As discussões sobre os direitos dos homossexuais e as
relações homoafetivas têm aberto caminhos para discussões ainda mais profundas:
a sexualidade humana, o dilema entre masculino e feminino e a gama de
identidades que permeiam ou fogem a essa dicotomia.
A moda, como reflexo cultural, tem cada vez mais abordado esse
tema. Não é novidade a presença de modelos andróginos entre os catálogos e
desfiles, como o sérvio Andrej Pejic ou a alemã Corinna Ingenleuf. Não é mais tão
exótico, como há 6 ou 7 anos foi, ver uma mulher transexual na passarela, como
aconteceu com a transexual brasileira Lea T. Homens de saias imitando as mulheres
de terno dos anos 20. Enfim, as relações de gênero têm despertado o interesse, a
curiosidade e os limites do mundo da moda desde que as mulheres começaram a
vestir hábitos masculinos.
Mas é perceptível que essas transgressões das passarelas não se
traduzem claramente no mercado de moda atual. De alguma forma, a imagem que a
moda vende dessas identidades de gênero, não se insere no cotidiano popular. O
Figura 1 – Andrej Pejic, Corinna Ingenleuf e Lea T. Fonte: Google Images (2012)
20
mercado de moda não parece estar realmente preocupado com esse grupo de
pessoas que não se encaixam nos padrões dicotômicos (macho versus fêmea) ou
com os indivíduos que se identificam com essas causas.
Partindo desse incômodo, o presente projeto apresenta a marca ändra,
que traz ao mercado a proposta de roupa unissex (que possam ser usadas por
qualquer gênero), criando um equilíbrio entre conceitual e comercial. A intenção é
deixar o cliente decidir qual roupa se adéqua ao seu gênero. O ideal (e diferencial)
da marca é de desfazer-se de segregações sexuais e sexistas, lançando no
mercado produtos sem indicação de sexo: produtos unissex. Quando encontrar as
roupas nas araras, esse cliente possa decidir por ele mesmo se a peça é masculina
ou feminina, se é as duas coisas ou nenhuma delas. A marca contará com duas
coleções sazonais por ano com 25 looks cada. Lançamentos esporádicos ocorrerão
durante as estações de acordo com a saída ou não de certos produtos, na forma de
coleções-cápsula. No geral, cada temporada contará com o lançamento de 50 a 60
peças de roupa.
A ändra entra no mercado de moda com um olhar voltado para a arte e
para a cultura, com inspirações cosmopolitas e transcendentais. A androginia
estando presente como ponto forte e definidor da imagem da marca. A alfaiataria,
que é masculina por excelência, terá forte expressão na identidade visual da marca
e no mix de produtos de cada coleção, pois consegue transitar entre os gêneros de
forma livre.
2.1 Quanto a Segmentação
“Segmentação é o processo de dividir mercados em grupos de
consumidores potenciais com necessidades e/ou características similares, que,
provavelmente, exibirão comportamento de compra similar” (WEINSTEIN, 1995, p.
18). Essa divisão tem como maior objetivo analisar os diversos mercados, encontrar
nichos e possibilidades de ação e assim obter recursos para uma vantagem
competitiva.
21
Para Weinstein (1995, p. 25) os principais benefícios da segmentação são
“projetar produtos que atendam eficazmente às necessidades do mercado; elaborar
estratégias promocionais eficazes e de baixo custo; avaliar a concorrência; prover
insights junto às estratégias de marketing atuais”. Isso é possível pelo nível de
conhecimento do mercado atingido, já que para segmentá-lo é necessário conhecê-
lo, pesquisar as necessidades desses consumidores alvo, suas atitudes e
comportamentos mais usuais de compra (SANTOS e MARIANI apud MORAES,
2009)
O nicho de mercado escolhido foi o grupo comumente identificado como
GLS (a sigla de Gays, Lésbicas e Simpatizantes) de Fortaleza, como público alvo
primário. Essa é uma segmentação definida, segundo Kotler (2006), como
psicográfica, onde são levados em consideração o estilo de vida, a personalidade e
os valores do consumidor.
Algumas considerações devem ser feitas acerca da nomenclatura
utilizada. A sigla GLS foi criada pelo jornalista André Fischer há mais de uma década
para ser usado em ações mercadológicas e atividades comerciais. Essa sigla não é
muito bem quista pelo movimento ativista em defesa dos direitos dos homossexuais,
transexuais e travestis, o movimento LGBT. A sigla LGBT (utilizada para Lésbicas,
Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), criada em 2008 na I Conferência
Nacional LGBT, se refere diretamente às minorias, e é empregada em ações
políticas e sociais. O termo “simpatizante”, a letra “S” que só existe naquela primeira
sigla, que se refere às pessoas que não possuem preconceito contras as pessoas
LGBTs (o “s” aqui entrando como plural) e até simpatizam com suas causas, foi
retirado desta última sigla por não sofrer as mesmas injustiças sociais e legais que
as pessoas Gays (CLAESEN, 2010). Tem-se aqui pessoa gay como pertencente a
uma cultura gay assumida.
Mesmo que haja uma diferença clara entre as duas formas, essas siglas
podem causar certa confusão. Portanto, a marca escolheu usar o termo Gay
Friendly (que, traduzido literalmente, significa “Amigável para com os Gays”), cujo
processo criativo e ações mercadológicas são voltados para o público Gay, mas
seus produtos e serviços são apresentados de forma que o cliente não precise
pertencer a qualquer tipo de rótulo social. Esse tipo de pensamento promove um
maior acolhimento dessas minorias, ao invés de uma segregação. Segundo Ariany
Santos e Milton Mariani (2009)
22
Este título [gay friendly] é uma alternativa para o “gueto homossexual”, no qual gays e lésbicas se concentram. Perlonguer (1987) aponta que nestes guetos existe uma concentração institucional (de bares, boates, até mesmo de agências de turismo), área de cultura, isolamento social e concentração residencial. A função do título Gay Friendy é “abrir as portas” para que os gays e as lésbicas entrem em qualquer estabelecimento e sejam bem vindos. [...] O diferencial deste título é que os empreendimentos não precisam excluir o público em geral, pois somente estaria “abrindo as portas” para que o público GLS se sinta à vontade interagindo com as outras pessoas frequentadoras do local.
Em relação à produção, a ändra será uma marca de prêt-à-porter (do
inglês ready-to-wear, que significa “pronto-para-vestir”), como já foi dito. A expressão
prêt-à-porter foi usada pela primeira vez pelo estilista francês J.C Weill em 1949. O
prêt-à-porter alia a velocidade e a produção massificada da indústria da confecção
com as tendências, a sofisticação e os sonhos possíveis dos grandes ateliês de
haute couture (alta costura, em português). “Trata-se de produzir tecidos, malharias,
trajes que integram a novidade, a fantasia, a criação estética, tendo por modelo o
princípio das coleções sazonais de moda.” (LIPOVETSKY, 1989, p. 110).
Quanto ao porte, essa será uma microempresa, de acordo com alguns
fatores empregados pelo SEBRAE, Serviço de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas. O SEBRAE considera microempresas aquelas fábricas com até 19
funcionários e comércios com até 09 funcionários, um critério utilizado com
frequência pelo IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica. As
microempresas também são consideradas aquelas com receita bruta anual igual ou
inferior a R$ 433.755,14, critério adotado por muitos programas de crédito do
governo.
As vendas serão no varejo, que segundo Kotler (2006) é a venda direta
aos consumidores finais para uso próprio. Com a loja localizada na Avenida
Mosenhor Tabosa, no Bairro da Praia de Iracema – Fortaleza/CE, no centro
comercial e cultural de Fortaleza, próximo ao Centro Dragão do Mar de Arte e
Cultura. O local fica próximo a um grande número de bares e boates Gay Friendly,
se configurando assim como um ponto estratégico. Considerada o shopping a céu
aberto da cidade, a avenida é acessível e relativamente próxima a outros grandes
bares e clubes voltados para o público LGBT da cidade. Além da indústria do
entretenimento, as atividades culturais são significativas nessa região da cidade.
23
Finalmente, e não menos importante, a produção. Ela será inteiramente
terceirizada. A criação e pilotagem serão feitas em um pequeno estúdio anexo à loja,
além do corte das peças. Com uma produção pequena, o corte pode ser feito no
próprio estúdio. Todo o material cortado em um dia é levado para a fábrica na
manhã do dia seguinte, o que permite um maior planejamento da produção
necessária. Por outro lado, isso exige uma organização mais cuidadosa. O que não
deverá ser um problema devido o tamanho reduzido da produção. Partindo desse
ponto, o transporte, a montagem e o acabamento das peças serão feitos por
empresas terceirizadas, com acompanhamento do designer da marca e da equipe
de estilo.
2.2 Quanto ao público alvo.
O público alvo escolhido foi o GLS, abrangendo os transgêneros.
Contudo, é necessária uma maior observação do perfil desse consumidor, atentando
para o conceito Gay Friendly. Muitos teóricos de marketing, afirma a MGM Revista
(2005), acreditam que os gays não constituem um segmento de mercado, já que não
possuem um comportamento de compra homogêneo, igual para todos. Transexuais,
por exemplo, procuram uma imagem do sexo oposto ao seu sexo de nascimento.
Assim sendo, uma mulher transexual (que nasceu com o gênero masculino, mas
hoje se apresenta com o gênero feminino e tem vive plenamente dentro desse
gênero) dificilmente optará por uma roupa que possa ser usada por um homem, por
trazer referências de um sexo do qual está tentando se distanciar. Já os homens
transexuais podem ficar mais confortáveis em encontrar roupas masculinizadas que
possam vestir o corpo em transformação de mulher para homem, grosseiramente
falando.
Portanto, para as ações criativas, será observada a cultura gay, que
compreende as posturas sociais e de consumo específicas de pessoas gays
assumidas. Mas, para ações mercadológicas, o conceito Friendly se mostra mais
eficaz, por poder abranger heterossexuais simpatizantes e homossexuais não
assumidos, por exemplo.
24
Quanto aos transgêneros, esses são um caso à parte e de extrema
importância. Segundo a Enciclopédia da cultura gay, lésbica, bissexual, transgênera
e queer (traduzido do inglês An Encyclopedia of gay, lesbian, bisexual, transgender
& queer culture” na sigla GLBTQ, onde queer, sem tradução para o português, se
refere a uma atitude assumida e entendida em relação a própria sexualidade), essa
denominação compreende as “variações de gênero não-conformes aos
comportamentos sociais tipicamente esperados de homens e mulheres comuns”. Ou
seja, pessoas que se comportam e se apresentam com características diferentes
das esperadas para seu sexo de nascimento, em um certo período da vida ou
durante toda ela. Levando em consideração que a marca quebra paradigmas sociais
de gênero, igualando e confundindo os sexos, muitos transgêneros podem vir a se
identificar com essas características.
A título de informação, a Enciclopédia da Cultura GLBTQ, citado acima, é
um portal virtual, fundado, mantido e gerenciado por professores de Ciências Sociais
e Literatura da Universidade de Michigan-Dearborn, com a ajuda de diversos
colaboradores que estudam a cultura, arte e comportamento GLBTQ. Disponível na
internet desde 2002, é considerado o maior veículo do tipo sobre o assunto.
A faixa etária escolhida compreende entre 23 e 33 anos. Essa idade
coincide com a fase onde as pessoas gays já estão assumidas, ativas social e
economicamente e com um estilo de vida “badalado”, ou seja, em plena atividade e
interação com o outro. É um consumidor que não consegue ficar “parado”, seja nos
eventos sociais das grandes cidades (baladas e bares alternativos, raves, shows) ou
nas fugas para lugares extracotidianos (praias paradisíacas, lugares exóticos, rotas
alternativas de entretenimento).
É uma fase em que se cuida muito da imagem pessoal, principalmente
por ser uma faixa de consolidação de uma carreira e uma reputação. Para os
transgêneros, é a fase onde a aceitação da própria figura pessoal costuma
acontecer. Contudo, fogem de estereótipos. Estes são os maiores perpetuadores do
pré-conceito: as imagens pré-definidas. Portanto, a marca é responsável por criar
uma mensagem positiva e não estereotipada, tentando propagar essa nova imagem
da cultura gay, onde a adoção, o casamento e a formação de uma família surgem na
cena, coexistindo com um estilo de vida ainda alternativo, ligado às ciências
humanas e às artes. O ideal para essas pessoas é poder carregar uma mensagem
otimista de vida alternativa e saudável.
25
Levando em consideração o poder de consumo, o público alvo escolhido
se insere nas classes A2, B1 e B2, de acordo com o Critério de Classificação
Econômica Brasil (CCEB), tabela realizada pela ABEP, Associação Brasileira de
Empresas de Pesquisa. O CCEB procura estimar o poder de compra das pessoas e
famílias urbanas, abandonando a pretensão de classificar a população em termos de
“classes sociais”, dividindo o mercado assim em “classes econômicas”. Segundo a
descrição disponível no próprio site da ABEP, “este critério foi construído para definir
grandes classes que atendam às necessidades de segmentação (por poder
aquisitivo) da grande maioria das empresas”.
As classes A2, B1 e B2, em pesquisa feita pela ABEP em 2010, possuem
renda média familiar (valor bruto) entre R$ 2.565 e R$ 8.418. Essas classes
econômicas representam juntas 23% da população da Grande Fortaleza.
O público alvo secundário pode ser visto como aqueles indivíduos de
mesma faixa etária e classe econômica, não-gays simpatizantes ou indiferentes as
questões de gênero, mas que se interessam pelas artes, pela cultura alternativa e
cosmopolita. É interessante ressaltar que, os mesmos valores encontrados no
público alvo primário da marca podem ser encontrados em outras pessoas que não
façam parte diretamente da cultura gay, ou que não se sintam ofendidos por ela.
2.2.1 Pesquisa mercadológica
Um a cada dois brasileiros considera importante que as marcas sejam
amigáveis aos homossexuais. É o que indica um estudo feito pela Market Analysis.
Segundo o levantamento, no entanto, apenas um entre dez entrevistados afirmaram
conhecer marcas com atitudes positivas em relação ao público homossexual.
A estimativa da Market Analysis é de que estes clientes respondam por
uma fatia de 15% do mercado de consumo e a maioria pertença às classes A e B.
“Ainda é um nicho, mas o poder de compra desses 15% é bem superior ao de outros
15% quaisquer da população”, explica Fabián Echegary, diretor da empresa.
A primeira edição da pesquisa sobre marcas Gay Friendly teve como
objetivo entender a necessidade de uma orientação específica para despertar a
26
compreensão sobre a oportunidade existente com foco nestes consumidores. O
levantamento faz parte do Estudo sobre Sociedade e Tolerância, realizado no
segundo semestre de 2010, pela Market Analysis, que entrevistou 800 pessoas,
entre 18 e 69 anos, residentes em nove capitais brasileiras (São Paulo, Rio de
Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador, Porto Alegre, Curitiba, Goiânia e Brasília).
Entre as marcas e lojas citadas, a C&A foi o destaque, com 12,6%, por ter
uma linha de roupas que é percebida como não rotulada para homossexuais ou
heterossexuais e pelas ações sociais realizadas pelo Instituto C&A.
O público LGBT não precisa de uma bandeira do arco-íris nas peças para
se identificar com o trabalho da empresa. O que o consumidor Gay valoriza é a
qualidade, a inovação e um atendimento desprovido de pré-conceitos. De acordo
com a jornalista Carolina Dall’olio, do Estadão PME, em um artigo publicado no final
de Setembro de 2011, basta cumprir essas exigências para as empresas ganharem
a chance de vender para um público estimado de 18 milhões de pessoas no país.
“Além de numerosos, esses consumidores ainda possuem outra característica que
as empresas costumam apreciar muito: boa condição financeira”, completa.
Normalmente, o público Gay não possui em seu orçamento o gasto com a criação
de filhos. Carolina Dall’olio afirma que essa é uma das explicações para esse público
gastar quase 30% mais em bens de consumo do que os heterossexuais. Dados de
acordo com pesquisa da InSearch (2011), consultoria que estuda hábitos de compra
dos consumidores.
Para Fabio Mariano, sócio da InSearch, as empresas que conquistarem
os homossexuais como clientes terão ainda a vantagem de trabalhar para
consumidores fascinados por novas tendências. “Eles gostam de produtos
inovadores, que gerem distinção”, indica Mariano em entrevista para o mesmo artigo
da jornalista Dall’olio.
Para ter uma ideia mais precisa, segundo uma pesquisa feita pelo Data
Folha (2005) durante a 9ª Parada Gay de São Paulo, 50% do público LGBT possui
nível superior e 20% ganha acima de 5.200 reais. A mesma pesquisa compara com
a população ativa da cidade de São Paulo, cujos percentuais são respectivamente
14% e 3%. Esse público também é conhecido por investir mais na própria educação
e ter mais tempo para se dedicar à carreira.
Em Fortaleza, alguns hábitos de consumo também chamam atenção e se
mostram relevantes a essa pesquisa. Na cidade, muitas lojas comercializam roupas
27
masculinas e femininas no mesmo espaço. Nessas lojas existe, mesmo que ainda
timidamente, um fenômeno de troca de “gênero” das roupas. Lucia Vieira, uma das
vendedoras da loja Damyller, no centro da cidade de Fortaleza, diz que muitas
clientes e alguns clientes do sexo masculino já levaram peças “do outro sexo” para
uso pessoal. “Acontece muito com as meninas mais gordinhas. Elas preferem calças
mais soltas e compram calças masculinas. Um estilo boyfriend (do namorado)
mesmo”, comenta Lucia.
Ana Paula Sampaio, gerente da loja Dress To, localizada no Shopping
Iguatemi de Fortaleza, diz que já aconteceu de homens se interessarem e até
levarem peças da loja, que comercializa apenas roupas femininas. “Eles
acompanham as amigas e acabam se interessando por uma peça ou outra e
resolvem levar. Geralmente são pessoas mais ousadas e levam não só as t-shirts
básicas como também calças e shorts mais folgados”, diz a gerente. Ela menciona
ainda um cliente em especial, Yago Arraes, nome conhecido entre os forrozeiros da
cidade. “Ele vem na loja especificamente para comprar roupas pra si mesmo”.
Porém, essa liberdade de compra não acontece com mais frequência por
conta do constrangimento. Pode-se tomar como exemplo a calça boyfriend (“calça
do namorado”, se traduzido ao pé da letra), estilo de calça feminina que parece ter
sido tirada de um guarda-roupa masculino. Muitas mulheres têm receio de usar essa
peça, já que possui uma modelagem bem masculina. Por esse motivo, ela tem um
bom caimento no corpo masculino. No entanto, este consumidor homem, dificilmente
chegará a comprar ou muito menos provar esse produto dito “feminino”.
Provavelmente, se não houvesse uma distinção, mulheres que se identificam com o
estilo poderiam comprar as mesmas calças que um homem que se identificasse com
o corte ou caimento da mesma peça.
2.2.2 Pesquisa de campo
A seguinte pesquisa foi realizada para tentar entender como essa
tendência de mercado Gay Friendly está sendo absorvida pelo público de Fortaleza.
Já é sabido que algumas pessoas se arriscam a usar peças destinadas a outro
28
gênero, mas como é preciso verificar a aceitação e a visão que as pessoas têm
nessa cidade desse tipo de consumo “trocado”. Outros aspectos, como as
preferências de compra, os locais habituais de consumo e características relativas
ao nome e identidade visual da marca também serão analisados.
Para o presente trabalho foi utilizada uma pesquisa quantitativa do tipo
survey, realizada pela internet. A pesquisa survey pode ser descrita como a
obtenção de dados ou informações sobre características, ações ou opiniões de um
determinado grupo de pessoas (TANUR apud PINSONNEAULT & KRAEMER,
1993). Ela é adequada quando o foco da pesquisa é sobre “o que está acontecendo”
ou “como e por que isso está acontecendo” (FINK, 1995a, 1995b), como é o caso.
Na classificação de Pinsonneault & Kraemer (1993), a pesquisa é descritiva, pois
não tem o propósito de descobrir a causa, mas sim de verificar se a percepção dos
fatos está ou não de acordo com a realidade.
A amostra utilizada é a não probabilística de indivíduos mais similares ou
diferentes, onde os participantes são escolhidos por julgar-se que representam uma
situação similar. (HENRY apud BICKMAN & ROG, 1997). O formulário foi
disponibilizado na internet e foi indicado para pessoas específicas, que se encaixam
nos públicos alvo primário e secundário. Contudo, qualquer outra pessoa podia ter
acesso ao questionário.
Gráfico 1 - Identificação de Gênero Fonte: Pesquisa de Campo (2012)
29
Foram entrevistadas 29 pessoas, das quais 41% se identificaram como do
gênero feminino e 59%, do gênero masculino. Isso permite uma visão mais ou
menos equilibrada dos fatos, considerando os gêneros.
52% dos entrevistados têm entre 23 e 27 anos; 24% deles possuem entre
18 e 22 anos; 14% estão entre 33 e 47 anos; 7% têm entre 28 e 32 anos e 1%
possui mais de 47 anos. Nenhum entrevistado possui menos que 18 anos. É
possível então que uma grande maioria se encaixa na faixa etária do público alvo
primário da marca, entre 23 e 33 anos.
A primeira pergunta pede para que o entrevistado descreva, em poucas
palavras, sua relação com as roupas que compra para si. Foi feita uma avaliação da
quantidade de vezes que certos grupos de características são citados nas
entrevistas. Características essas agrupadas por similaridade. Notou-se 17
referências a sentimentos de afeto e carinho, das quais 5 têm relação com proteção
e ciúmes. Pôde-se observar 15 referências a relações de pertença, identificação e
personalidade. Destas, 6 conotam a preocupação em passar uma mensagem visual.
Encontrou-se 7 referências a necessidade prática e 6 com relação ao conforto.
Percebe-se que esse público, mesmo sendo um consumidor assíduo, faz isso com
consciência, optando por produtos que agreguem personalidade e valor sentimental.
Gráfico 2 - Indicação de Idade Fonte: Pesquisa de Campo (2012)
30
A segunda pergunta sondou o conhecimento ou não do conceito de moda
Unissex. 79% dos entrevistados disseram conhecer o conceito. 11% conhecem
vagamente enquanto 10% não estão familiarizados com a moda Unissex.
Dos que conhecem, 39% se mostraram interessados e 31% o acham
prático e acessível. Nem todos opinaram mais profundamente sobre o assunto. Essa
é uma pergunta de reconhecimento. Conclui-se que é possível uma aceitação mais
rápida deste conceito pelo consumidor, já que é um conceito conhecido.
Gráfico 4 – Você usaria uma roupa Unissex? Fonte: Pesquisa de Campo (2012)
Gráfico 3 – Conhecimento do conceito de moda Unissex. Fonte: Pesquisa de Campo (2012)
31
A pergunta seguinte serviu para descobrir a possibilidade de esse público
aceitar e usar roupas de conceito Unissex. 35% dos entrevistados disseram que
vestiriam roupas unissex sem nenhum problema. 31% disseram que usariam se a
roupa não tirasse as suas características de gênero/sexo. 34% disseram ser
indiferentes e que usariam, contato que a roupa atendesse às suas necessidades.
Nenhum entrevistado descartou a possibilidade de usar roupas unissex, um bom
sinal de que o consumidor pode estar pronto para incorporar esse “conceito de
passarela”.
A ändra contará também com algumas peças conversíveis, peças de
roupa que podem ser usadas de duas ou mais formas diferentes. Este tipo de
produto é muito apropriado para o clima de metamorfose da marca. Mesmo que
exista uma infinidade de artigos de vestuário conversíveis, esse produto não é
popular. Foi feita então uma pergunta de caráter investigativo, pra saber se o público
alvo da marca consome esse tipo de produto ou pelo menos mostra interesse.
Apenas 4% disseram consumir produtos de moda conversíveis. 39% dos
entrevistados se disseram interessados em consumir, porém, encontram dificuldades
em encontrar essas peças no mercado. 53% nunca utilizaram por não conhecer
marcas/lojas que comercializem roupas conversíveis e 4% disseram não consumir
por não gostar da aparência dessas roupas. Isso mostra que o público se interessa e
é carente por produtos com dupla ou mais utilidades.
Gráfico 5 – O consumo de peças de roupa conversíveis. Fonte: Pesquisa de Campo (2012)
32
A representação gráfica escolhida para este gráfico foi a de radar ou teia.
Cada pentágono representa uma faixa de cinco pessoas. Cada ponta do pentágono
representa cada nota, de 1 (um) a 5 (cinco). Cada polígono representa um valor,
Gráfico 7 – Valores Intangíveis que levam à compra de produtos de moda. Fonte: Pesquisa de Campo (2012)
Gráfico 6 – Valores tangíveis que levam à compra de produtos de moda. Fonte: Pesquisa de Campo (2012)
33
cada valor de uma cor diferente. As pontas do polígono indicam a quantidade de
pessoas que deram determinada nota para determinado valor. Assim, quanto mais
próximo de uma nota um polígono está, mais pessoas atribuíram aquela nota para o
valor representado por este polígono.
Uma questão foi feita para avaliar os fatores que fazem as pessoas
comprarem produtos de vestuário. Cada fator foi avaliado numa escala de 1 (um) a 5
(cinco), onde quanto menor a nota, menor a importância do item na decisão da
compra, e vice-versa. 11 valores entraram em questão e a avaliação foi dividida em
duas categorias de valores: os valores tangíveis (preço, conforto, qualidade,
praticidade e exclusividade) e os valores intangíveis (status social, sensualidade,
beleza, informação de moda, engajamento social da marca).
Pode-se ver que, dentre os valores tangíveis, as pessoas entrevistadas
consideram a qualidade em primeiro lugar, onde 20 pessoas deram nota 5 para este
valor. Observa-se também que o preço é um fator mediano, indicando que nem
sempre o preço é um fator decisivo de compra, onde 15 pessoas deram nota 3 para
este valor. Dentre os valores intangíveis, os entrevistados mais consideram a
beleza, pelo fato de 19 pessoas terem dado nota 5. E consideram por último, dentre
todos os valores, o status social, onde 15 pessoas deram nota 1 para este valor,
junto com a informação de moda e a sensualidade, com 8 notas 1.
Gráfico 8 – Fatores que fazem os clientes entrarem na loja. Fonte: Pesquisa de Campo (2012)
34
Outra questão avaliativa foi feita para tentar verificar quais os fatos que
levam os clientes a entrarem e retornarem a loja. Essa é a parte mais importante na
hora da venda, pois um produto inovador não obtém sucesso sem uma estratégia de
marketing à altura. Desta vez, os entrevistados avaliaram 6 fatores: a vitrine e
decoração da loja; os desfiles e as campanhas publicitárias; o conforto oferecido na
loja, como bebida, espaço amplo, entre outras coisas; promoções; eventos
promovidos pela marca, e por último, a relação com os vendedores.
Dentro da pesquisa, a maioria das pessoas não desconsidera nenhuma
parte das ações de vendas da loja. Apenas 5 pessoas apontaram o conforto como
fator de mínima importância, e os eventos, juntamente com o material gráfico tiveram
nota 2 de importância de acordo com 7 pessoas. A vitrine e o conforto são os
maiores atrativos, seguidos pelas promoções.
Quanto ao nome da marca, perguntou-se que sensações o nome
transmite, atrelado ao significado. Ändra é uma palavra de origem sueca que
significa mudança, transformação ou o ato de mudar. Quase 50% das pessoas
julgou o nome criativo, diferente. Houve 5 referências a qualidades de força e outras
5 que relacionaram o nome a uma ideia exótica, animalesca. Também atribuíram a
qualidade de simplicidade (4 ocasiões) e beleza (3 referências). Duas pessoas
acharam o nome sem impacto.
E finalmente, foi questionado se tais sensações eram as mesmas antes
de conhecerem o significado do nome. 28% disseram sim, onde 80% deles julgaram
o nome criativo e 20% julgou o nome forte. 72% disseram não ter tido as mesmas
Gráfico 9 – As sensações quanto ao nome eram as mesmas antes do significado? Fonte: Pesquisa de Campo (2012)
35
sensações antes e depois de descobrirem o significado, onde 7% disseram não ter
feito nenhuma referência anteriormente. Isso mostra que o nome fantasia necessita
de um slogan, uma frase de efeito que transmita os ideais da marca. Isso,
obviamente, atrelado aos valores construídos pela imagem que a marca projetará.
2.3 Quanto à linha de atuação.
A indumentária nasceu unissex. Na antiguidade as roupas pareciam mais
unir do que separar os sexos. As pessoas eram cobertas por mais ou menos
camadas de tecidos em formas de sacos, envoltas e amarradas no corpo. Os
homens da Grécia e Roma antiga, porém, costumavam usar suas túnicas mais
curtas em certas ocasiões relacionadas ao lazer, ao esporte e à guerra. Essa
tradição continuou até o início da Idade Média, na Europa. Nesse período, as
pessoas usavam túnicas muito parecidas com as gregas e romanas (HOLLANDER,
1994). A grande diferença entre os sexos dessa época era que, com túnicas mais
curtas, os homens começaram a usar perneiras individuais, folgadas e amarradas na
cintura.
Figura 2 – Fotografia de um baixo-relevo nas paredes do altar romano Ara Pacis. Fonte: Google Imagens (2012)
No Império Bizantino, por volta do século XII, com o crescimento das
cidades, as pessoas pararam de produzir suas roupas em casas e começaram a
surgir lojas especializadas na fabricação de roupas. Conforme aumentava a
36
habilidade desses artesãos, aumentava a qualidade da roupa, que começou a ser
cortada, ajustada, decorada e feita sob medida. As mulheres começaram a usar
vestidos atados na parte de cima do corpo e os homens começaram a usar mangas
por baixo das túnicas.
Figura 3 - Tapete Bizantino da Rainha Teodora. Fonte: Google Images (2012)
Os primeiros avanços revolucionários na moda europeia, porém, estão
relacionados com o desenvolvimento tecnológico das armaduras. A armadura
medieval primitiva era feita com cota de malha, que tinha o caimento do tecido,
sendo apenas mais pesada. Por cima usavam-se túnicas coloridas e por baixo
grossas túnicas para proteção.
Conforme a era medieval passava, as armaduras foram reformuladas, e
agora reprojetavam um corpo nu totalmente novo e metálico. O vestuário masculino
começou a considerar a forma completa das pernas e braços e sugerindo novas
linhas para o torso. Essas armaduras exigiam roupas de baixo feitas por um armeiro
que trabalhava com linho, um traje acolchoado e aderente ao corpo que desenhava
o homem por inteiro e o protegia de sua embalagem de metal. A moda masculina
imitou então as formas criadas pelos armeiros que trabalhavam com linho, os quais
se podem considerar os primeiros alfaiates. (HOLLANDER, 1994).
Durante séculos, a indumentária masculina evoluiu, foi remodelada e
relacionada com aspectos de seriedade, credibilidade, arrojo e fácil uso. Isso porque
a moda, assim como a maioria dos ambitos da vida, era definida pelo bel-prazer
masculino. Assim, os homens eram capazes de ousar, mostrar as pernas, fazer
37
referências à nudez e ao fálico, delinear o corpo e ser livre. Porque esses aspectos
não ficavam somente no nível do vestuário. As roupas expressavam a grande
segregação desses séculos.
Durante séculos após essa revolução, as mulheres continuaram a usar
variações da mesma túnica usada na Antiguidade, com mudanças eventuais no seu
caimento e na rigidez de várias partes que o compõem. O vestido era
tradicionalmente feito de uma peça só, mas na Renascença passou a ser
confeccionado em duas partes, de tal modo que a parte superior, o corpo ou
corpete, poderia ser rígido para combinar com os estilos masculinos que se
baseavam nas armaduras. E durante as mudanças da indumentária masculina, a
indumentária feminina apenas acompanhou de longe, pegando elementos de estilo
“permitidos socialmente” para mulheres respeitáveis, aumentando o volume das
saias e comprimindo, remodelando e criando novas formas para a parte de cima, o
busto. (HOLLANDER, 1994).
Figura 4 – Evolução da moda do séc. XIV ao final do séc. XIX. Fonte: Wikipedia (2012)
Só então, no finalzinho do século XIX e durante o século XX é que a
mulher começa a revolucionar o seu próprio vestuário, tendo como referência e
parâmetro a indumentária masculina, dessa vez, sem copiar elementos de estilo, e
sim estilos de vida. Ela se liberta dos espartilhos, e nos anos 20 do século XX ela
encontra a sobriedade simples e opaca que foi, um século antes, descoberta e
apreciada pelos homens. A mulher então começa a usar calças em público como
roupa respeitável do vestuário feminino. E suas pernas se materializam, finalmente.
As saias sobem e criam uma nova expressão sexual feminina, antes focada apenas
na parte superior, há muito exposta. Nos anos 30 as mulheres descobrem a
38
praticidade e elegância do traje masculino, agora estilizados e transformados nos
Taulliers, eternizados pela figura de Coco Chanel.
Nos anos 50, depois da guerra, a mulher volta á velha fórmula
exibicionista. O que não dura muito, agora que a mulher começa a se inserir no
mercado de trabalho como concorrente dos homens. Ela não admite mais ser
reservada ao “sentar e ser observada” que era imposto pela indumentária elaborada
de outrora que retornava nesta década.
Então, nos anos 60 acontece a onda do Peace & Love (paz e amor, na
tradução). A liberdade de expressão era o novo centro das atenções, e com isso os
discursos feministas e a liberdade sexual. E a moda verdadeiramente Unissex
resurge, trazida por uma androginia iniciada nos anos 20, revisada durante as
décadas seguintes e ganhando novas conotações na década de 1960. No final desta
década, entrando nos anos 70, os casais, para demonstrarem publicamente o seu
amor um pelo outro, se vestiam com a mesma roupa, dos pés à cabeça. As
mulheres cortavam seus cabelos tão curtos quanto o dos maridos e os homens
chegavam a usar saltos.
No final dos anos 70 e durante a década 80 a androginia invade a esfera
masculina da moda. Até então, as mulheres sempre “roubaram” motivos e peças do
guarda-roupa masculino (começando com as mangas, passando pelas golas e
motivos, culminando nas calças e nos trajes). Dessa vez os homens começaram a
assumir posturas e vestimentas consideradas então femininas desde a “revolução
masculina”, durante o século XVIII, com o surgimento do smoking e do traje
completo (blazer, calças, colete e camisaria). Cabelos compridos e soltos, roupas
coloridas e espalhafatosas, uma volta aos brilhos e maquiagens. Os estilos Disco,
Hippie, Glam Rock e Punk ilustram bem esse retorno. Surge também a Business
Woman (a mulher de negócios), que agora compete em tom de igualdade com o
homem. Há aqui uma inversão de valores, onde os homens se permitem o adorno e
as mulheres se permitem a sobriedade.
39
Figura 5 – Evolução da moda do séc. XIV ao final do séc. XIX. Fonte: Google Images (2012)
Nos anos 90 começa a surgir uma excitação pelo transexualismo na
moda: homens de saia, mulheres “disfarçadas” de homens. Os anos 90 são
marcados por esse exagero e pelos desfiles-espetáculo. Tudo era válido para
chamar a atenção. Essas aberturas mais transgressoras permitiam que o vestuário
transitasse quase imune entre os sexos
A excitação popular atual com o transexualismo no vestir mostra apenas
quão profundamente a sociedade ainda insiste em separar simbolicamente as
roupas dos homens e das mulheres, mesmo que em muitas ocasiões ambos se
vistam da mesma forma (BERNARD, 2003). Na atualidade, as questões de
sexualidade e da pluralidade de gênero são de caráter político e estão sob holofotes.
Novamente, como era de se esperar, a moda reflete os anseios sociais de uma
população. Dessa vez, não apenas traçando um caminho comum, mas também
como ferramenta politizadora e de conscientização.
40
3 MARKETING
Marketing é uma palavra de origem inglesa que não tem tradução exata
para o português, mas, analisando a palavra, pode-se observar que: Market
(mercado) + prefixo ing (que indica continuidade) = mercado em movimento, em um
processo de construção. Segundo a American Marketing Association (Associação
Americana de Marketing, na tradução), “Marketing é a atividade, conjunto de
instituições e processos para criar, comunicar, distribuir e efetuar a troca de ofertas
que tenham valor para consumidores, clientes, parceiros e a sociedade como um
todo”.
As ações de marketing são essenciais para o sucesso de uma empresa.
Elas vão proporcionar a melhor comunicação e melhor forma de abordagem dos
objetivos do negócio. Kotler disse em sua obra que “é mais importante adotar a
estratégia [de marketing] correta do que buscar o lucro imediato” (KOTLER, 2000,
p.85), pois a obtenção do lucro e o sucesso comercial são derivados de um bom
posicionamento de mercado e uma boa estratégia. Não adianta ter o melhor
serviço/produto do mercado se os consumidores alvo não tiverem conhecimento
disso.
É interessante então a análise dos 4 p’s de Kotler (2000): Produto, Preço,
Praça e Promoção. Segundo ele, essas são ferramentas indispensáveis na
construção de um planejamento estratégico e, em consequência, de um
posicionamento expressivo no mercado, considerando fatores particulares em cada
linha. Esses 4 fatores devem ser analisados com cautela para que as ações
mercadológicas fiquem de acordo com as limitações e pré-disposições do
consumidor alvo.
41
3.1 Produto
Com relação ao produto, analisa-se o produto físico em si (no caso, as
peças de roupa comercializadas) e os serviços e conveniências ofertados com o
produto (os trocadores unissex e as embalagens especiais, por exemplo).
O produto de moda comercializado na ändra será um prêt-á-porter com
um toque especial, trazendo peças de alfaiataria, em repaginações de clássicos, em
contraste com uma malharia despojada, porém, com mais exclusividade. O prêt-à-
porter, embora não seja feito para um indivíduo específico, tem um design e
acabamento mais elaborados, com muito cuidado e detalhamento, e a quantidade
de peças produzidas tende a ser pequena, o que as torna exclusivas e com um
preço um pouco mais elevado.
As peças de roupas comercializadas pela ändra possuem ainda um
design arrojado e contemporâneo. Um produto cosmopolita, que absorve culturas e
hábitos de âmbito mundial para agregar valor cultural às roupas. Com inspirações
em outras regiões e costumes de outros povos, a marca acaba por criar um estilo
alternativo, inspirador e ao mesmo tempo sofisticado.
São roupas de outwear (roupas de saída, em tradução literal), que podem
ser usadas tanto para o trabalho, quando se trata de algum emprego que envolva
criatividade e em ambientes corporativos mais liberais; quanto para festas não tão
formais ou atividades de lazer diurno. O mix de produtos possibilita que o usuário
esteja mais ou menos formal dependendo das peças combinadas. As coleções
contarão com calças e shorts de alfaiataria, camisaria e malharia, blazers e coletes.
As coleções serão divididas entre as linhas “ärt” (vanguarda), “diä” e “luä”
(fashion) e “ksä” (básica).
Os produtos “ärt” serão mais ousados e apropriados para ocasiões
especiais, sendo o carro-chefe da marca. Esses produtos terão os conceitos da
coleção de forma mais marcante, como o próprio nome sugere. Conta com matéria-
prima mais exclusiva e refinada, em um mix variado e inusitado. Essas peças
constroem de fato a identidade e mensagem da coleção e da marca.
As famílias fashion estão dividas em duas partes. As peças da “diä” vão
apresentar maior despojo e casualidade, ainda com o “DNA” da marca presente de
42
forma marcante, porém mais subjetivamente. É a parte da coleção que permite um
visual para o dia com muita personalidade, em tecidos formais um pouco mais leves.
Já as peças da “luä” serão um tanto mais formais, com informação de moda mais
presente, oferecendo a parte da coleção com maiores tendências da moda mundial,
trazendo materiais ricos em texturas e padronagens. Apropriada para as festas e
eventos sociais noturnos.
Por último, os produtos “ksä”. “Ksa” é uma forma abreviada de “casa”,
usada comumente na rede virtual de computadores. Esse é o conceito principal da
linha básica, uma espécie de abrigo. Roupas confortáveis e de fácil uso, confortáveis
como a própria casa, seja no frio das regiões serranas (com tecidos um pouco mais
agasalhados e pesados) ou no calor da área litorânea (em tecidos leves e fluidos).
Duas coleções serão lançadas por ano, uma Outono/Inverno no final de
Março e outra de Primavera/Verão em Outubro. Como nesta região não há uma
definição exata das estações do ano, a marca preferiu se inserir no calendário
nacional de lançamentos sazonais sem obedecer às restrições de cada estação.
Assim, a marca pode apresentar algumas peças mais invernais, em pequena
quantidade, nas coleções de verão, para os consumidores que preferirem viajar para
regiões mais frias do país; ao mesmo tempo podendo apresentar muitas peças leves
dentre as coleções de inverno, sugerindo sobreposições e ainda sim sendo
acessível para aqueles que moram em Fortaleza, uma cidade com um inverno
pouco rigoroso.
Para absorver as tendências com mais velocidade, cerca de 10 peças
novas serão lançadas mensalmente, além de uma coleção-capsula de festa com 10
looks em dezembro, para as festividades de virada de ano, contando com ternos e
peças de alfaiataria mais requintadas.
Dentre os valores tangíveis, pode se observar a qualidade e a atenção
aos materiais escolhidos. Com uma modelagem exclusiva e apresentando
contrastes entre cada modelo, as peças poderão ser usadas pelos mais diferentes
tipos físicos. Em uma mesma coleção, aparecerá tanto modelagens amplas quanto
modelagens mais justas, contraste que possibilita uma maior variedade de escolhas
para cada tipo de corpo.
Além das características tangíveis, a própria estética e identidade da
ändra são fatores importantes no processo de diferenciação da marca. É propagada
uma imagem de transgressão, característica marcante também no público alvo da
43
mesma, na forma da androginia e contradição proposital. A marca estará associada
no mercado a valores de liberdade, identidade, quebra de paradigmas e a luta contra
preconceitos. O próprio conceito das peças (unissex) propicia uma linguagem visual
mais interessante e ousada. O consumidor da ändra tem um estilo próprio e uma
abordagem mais liberal. E o que ele busca comprando esses produtos é uma
espécie de validação destes valores.
Por outro lado, essa imagem poderá ser associada por uma parte da
sociedade às categorias marginalizadas, como os homossexuais e transgêneros.
Tanto a abordagem da marca quanto os próprios produtos e até mesmo o perfil dos
consumidores podem relacionar a marca a essas minorias. Isso pode se tornar
prejudicial por conta do pré-conceito desta certa parte da população em relação a
essas minorias. Felizmente, as ideias pré-formuladas do público “gay” estão caindo
por terra e cada vez mais eles vão deixando de estar associados aos guetos
marginais. A ändra entra aqui em um processo de desmistificação de certos valores
pré-concebidos, como a vulgaridade, por exemplo.
3.2 Praça
O mercado de roupas unissex é um mercado ainda pouco explorado. No
exterior, por tratarem da sexualidade com menos valor de tabu do que no Brasil,
esse tipo de mercado é bem mais vigente. O que mais se percebe é certa androginia
apresentada por algumas marcas nacionais, como é possível ver nas coleções da
Osklen e da griffe de Ronaldo Fraga, por exemplo. João Pimenta, um designer
mineiro que hoje desfila na São Paulo Fashion Week, trabalha com a androginia de
forma marcante e desafiadora.
A androginia, aliás, virou tendência mundial. É o que mais se fala, se ouve
e se comunica nas redes sociais, nas campanhas publicitárias e nos desfiles de
moda. Em um nível mundial, grandes marcas investem em modelos andróginos para
propagar essa imagem transgressora e sensual da “troca de gênero”. Porém,
poucas delas realmente investem em uma linha de roupas unissex. A moda unissex
não é mais tão explorada quanto foi há 40 anos, e iconicamente representada por
44
Pierre Cardin, grande estilista ítalo-francês, um dos pioneiros em se tratando de
moda unissex.
O designer mineiro João Pimenta, por exemplo, usa da androginia no seu
trabalho como ninguém. Produzia roupas femininas e percebeu um aumento dos
homens comprando roupas para si mesmos em sua loja. Foi quando decidiu se
voltar apenas para o masculino. Hoje, as mulheres são aquelas que entram em sua
loja masculina para comprar peças afeminadas. No ano passado ele lançou uma
coleção capsula inteiramente unissex.
Desde 2009, a atriz e designer de moda norte americana Chloë Sevigny
lança, em períodos de tempo variados, algumas coleções de moda unissex para a
loja de multimarcas Opening Ceremony. Essa linha, só disponível nos Estados
Unidos, possui um mix de produtos que pode todo ele ser usado por homens e
mulheres.
No entanto, existem duas marcas que provavelmente são hoje as
vanguardistas deste segmento de mercado: a griffe Rad Hourani internacionalmente
e a marca Antônio Bizarro nacionalmente. Rad Hourani é um designer sírio que
desfila sua alta-costura na semana de moda de Paris, com a marca que leva seu
nome; e sua coleção prêt-à-porter na semana de moda de Nova York, com a marca
RAD by Rad Hourani. Ele cria uma moda unissex luxuosa, através de experimentos
na sua linha de haute couture (alta costura, em francês), que são editados e
colocados em prática na sua linha prêt-à-porter. Foi o primeiro designer a lançar
uma coleção de alta-costura inteiramente unissex. Já a Antônio Bizarro, uma marca
paulista, comandada por Roberto Antonio Slusarz Filho, desfila há poucos anos no
Rio Moda Hype, que dá visibilidade a novos designers durante a semana de moda
carioca, o Fashion Rio. A marca vem com uma proposta comercial unissex,
apresentando grande aceitação desde 2009, sua estreia na semana de moda.
45
Figura 6 – Em ordem: Pierre Cardin, Rad Hourani, Antônio Bizarro, João Pimenta e Chloë Sevigny para Opening Ceremony. Fonte: Google Imagens.
Esses exemplos são recentes e não é possível ainda prever como será o
desenvolvimento destas iniciativas em longo prazo. Mas o sucesso e a aceitação
pelos quais vêm passando, mostra que o mercado de moda não só está preparado
para esse conceito, como também anseia por ele. Talvez a androginia seja a
evolução natural da indumentária que já juntou os gêneros, os segregou e agora
procura por essa igualdade horizontal.
O atual consumidor desta moda está à frente do seu tempo. É
vanguardista e preza por qualidade. Por isso não compra frivolamente, não possui
um hábito de consumo impensado. Consome muito, mas consciente das qualidades
relevantes do produto, buscando uma identificação subjetiva com esse produto,
como é comum com o público vanguardista.
O público gay é geralmente mais ousado, mais vanguardista e mais
ansioso por novidades. Isso permite à marca uma liberdade criativa muito maior,
quando se pensa em moda unissex. É um público itinerante e viajante. Conhece e
absorve muitas culturas, regiões e hábitos. E essa característica é importantíssima
para definir a qualidade das peças em cada temporada. Mesmo que a marca se
insira em uma cidade específica, ela pode explorar os diversos climas e influências
das regiões mais desejadas para viagens e rotas turísticas.
46
3.2.1 Análise SWOT
O Value Based Management.net é um portal especificamente criado para
compartilhar informações sobre avaliação, estratégias, marketing comunicação, etc.
para executivos com interesse na criação de valores e gerenciamento desses
valores, além de avaliação. Segundo este portal, a análise SWOT é um instrumento
formulado para identificar as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças de uma
empresa em particular.
SWOT é a sigla para Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats,
que traduzidos são justamente: Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças.
Segundo Daychoum (2007), a técnica é creditada a Albert Humphreym nos anos 60
e 70, para grandes corporações. Mas devido à sua simplicidade, essa análise pode
ser feita tanto para criar um simples blog ou para gerenciar uma multinacional, em
qualquer tipo de análise de cenário.
Esta análise se divide em Ambiente Interno (forças e fraquezas) e
Ambiente Externo (oportunidades e ameaças). O ambiente interno é controlável e
deve ser bem explorado, ressaltando as forças e suprindo as fraquezas. Já o
ambiente externo é incontrolável, mas deve ser monitorado e estudado para um
melhor posicionamento da marca.
A seguir, uma análise SWOT mais detalhada da marca ändra, dividida em
Ambiente Externo e Ambiente Interno.
O Ambiente Externo é formado pelas oportunidades e ameaças. Quanto a
oportunidades, pode-se ver que os consumidores alvo anseiam por essa moda
transversal e mais prática do unissex, como é possível perceber na pesquisa de
campo feita para o presente trabalho. Como já foi dito, essa onda de “troca de
guarda-roupas” não é nova, o público já está acostumado. O que falta são as
ofertas. Além de estar ganhando um espaço maior na sociedade, saindo dos guetos
e entrando com mais naturalidade nos espaços sociais. Isso também acontece
devido a uma maior aceitação das minorias gays, um maior poder aquisitivo destas,
e em consequência um maior investimento em educação e cultura. A ändra entra
aqui para preencher esse vazio, oferecer esse produto prático e ao mesmo tempo
vanguardista.
47
O clima estável da economia Brasileira também se mostra uma ótima
oportunidade para abertura de uma empresa. O setor têxtil e de confecção está em
ascensão e pode ser comparados com as maiores potências mundiais. É um setor
de grande importância para o PIB brasileiro, como afirma o site do SEBRAE. Por
conta disso, o governo vem dando mais apoio e crédito aos empreendedores.
Principalmente quando se trata de uma microempresa. O próprio SEBRAE conta
com uma série de programas de apoio e acompanhamento dessas empresas.
Em uma análise das ameaças, pode-se observar que uma minoria da
população, alguns grupos, principalmente ligados a movimentos religiosos, ainda
são extremamente avessos ao público gay. Isso se concretiza em forma de
represália física e verbal. Essa ligação com as minorias gays, a qual acontecerá
quase que naturalmente, pode impedir que a marca tenha uma aceitação maior em
relação ao grande público. A ändra, então, pode encontrar a oportunidade de rever
os conceitos a cerca das minorias gays e propagar uma nova imagem desse público.
Outra ameaça é a balança econômica deste setor. O Brasil tem importado
muitos artigos de vestuário de países que produzem a preços altamente
competitivos. Enquanto tem exportado pouco. Principalmente os artigos de inverno,
cujo custo-benefício é muito maior se importados. Porém, artigos de alfaiataria tem
apresentado um baixo índice de importação, o que pode sugerir um maior espaço de
mercado para esses artigos feitos no Brasil.
Já o Ambiente Interno é formado pelas forças e fraquezas. Algumas das
características do DNA da marca ändra são suas maiores forças. Um conceito firme
e vanguardista, uma moda de qualidade artística e técnica aliada a uma produção
pequena, que dá sentido de exclusividade ao produto. A localização também é um
dos pontos fortes, por ser estratégica e conhecida pelo público alvo.
Infelizmente, a griffe não possui tradição dentro do mercado de moda
cearense, se tornando essa a maior fraqueza da ändra. Se levado em consideração
o preço não competitivo em relação à maioria das mercadorias de moda fabricadas
e comercializadas em feiras e lojas populares, o fator “tradição” se torna um déficit
ainda maior. Isso vai exigir da marca uma ação publicitária atrativa e extremamente
eficaz, para conseguir uma introdução de sucesso no mercado local. Os custos,
porém, são competitivos se comparados com outras marcas de prêt-à-porter
inseridas neste local, como a 2nd Floor, AD, Damyller, Dudalina, Dress To, TNG e
Osklen, exemplos de marcas que possivelmente serão os maiores concorrentes da
48
marca, se for levado em consideração o público e a estética do produto.
Obviamente, essas marcas possuem maior tempo no mercado e uma história dentro
do cenário brasileiro, fazendo com que a ändra inicialmente não se mostre uma
concorrência, porém, traz um produto com qualidade e informação de moda
comparável a essas marcas com um custo mais acessível ao consumidor em geral.
3.2.2 Análise da concorrência
Faz-se necessária agora uma análise mais profunda da concorrência. As
marcas supracitadas serão usadas como referência, por comercializarem produtos
de altíssima qualidade, muitas vezes roupas masculinas e femininas no mesmo
espaço, e com um design moderno e de qualidade.
Os preços desses produtos são bem altos se comparados com o mercado
de massa. Entre as marcas de prêt-à-porter elas estão em uma faixa mediana de
preço. Como os produtos apresentam uma boa qualidade, o preço não se torna mais
prioridade na hora da compra. Essas lojas conseguem atingir um maior público por
fazer promoções de até 60% de desconto em épocas estratégicas, e apresentar a
possibilidade de parcelamento sem juros.
É importante notar também que essas marcas não vendem apenas um
produto, elas vendem um lifestyle (estilo de vida) totalmente próprio, de arrojo e
liberdade. Associadas a altos preços, elas passam uma imagem de alto status social
e sofisticação.
Outro fator que leva o consumidor a comprar nessas lojas é o próprio
espaço físico da loja e o tratamento dos funcionários para com o cliente. A
decoração e a própria roupa das pessoas que trabalham lá, “conversam e
concordam” com as peças vendidas, levando em consideração a iluminação, os
materiais usados nas prateleiras e nos cabides, criando quase que um cenário, um
clima particular da loja.
O desenvolvimento de marketing também é um ponto forte dessas
marcas. Pode-se observar que os sites e redes sociais também fazem parte do
pensamento e da criação desse estilo de vida. Com interfaces altamente modernas,
49
interativas, intuitivas e propondo um diálogo entre consumidor-“vitrine”-produto. Tudo
isso promove a imagem de modernidade e criatura cosmopolita, que transita entre
as culturas e os espaços urbanos, alternativos e virtuais.
Um fator muito interessante a ser notado é o caráter “unissex” da maioria
dessas lojas. Unissex, pois vendem produtos femininos e masculinos no mesmo
espaço. No caso de algumas, como a Dudalina e a Damyller, a marca começou com
uma linha estritamente masculina, passando a abranger para o feminino,
preservando o DNA da linha masculina, neste caso a camisaria especificamente.
3.2.3 Análise de fornecedores
Os fornecedores representam uma peça chave na cadeia produtiva da
moda. A matéria-prima pode agregar valor ou destruir todos os esforços de design
construídos pelo designer. Uma boa escolha de materiais também precisa de uma
boa escolha de fornecedores, tendo como referência os preços, a localização, a
qualidade do produto e dos serviços de cada fornecedor, por exemplo.
A empresa deve ter seus fornecedores estrategicamente escolhidos, mas
nunca depender totalmente deles. Contudo, quanto mais tempo se trabalha com um
fornecedor específico, mais possibilidade de negociação de preços e de serviços
pode ser feita com este. Assim, é necessário não só um bom relacionamento com
esses fornecedores, mas também uma tradição.
A região metropolitana de Fortaleza é conhecida nacionalmente pela sua
produção de fios e fibras, além de tecidos e peças prontas. A região industrial do
Maracanaú conta com cerca de 20 empresas de fiação e produção de malhas e
artigos para aviamentos e calçados em larga escala, de acordo com o próprio
endereço virtual da Prefeitura Municipal. Desta forma, toda a matéria-prima
destinada a malharia e necessária para enchimentos e entretelas será comprada de
empresas do distrito industrial de Maracanaú, como a Cotece Malhas e Delfa
Indústria e Comércio de Acessórios do Vestuário LTDA.
Porém, a cidade é carente de empresas que produzam tecidos planos e,
principalmente, tecidos sofisticados. Esta parte da matéria prima é de extrema
50
importância para a linha vanguarda e parte da linha fashion, que precisam contar
com produtos sofisticados e com matéria prima de qualidade. Por conta disto, os
tecidos serão comprados de distribuidoras de tecidos fabricados em São Paulo.
Grandes empresas produtoras de tecidos de linho e seda comercializam essas
matérias têxteis a preços competitivos. As taxas adicionais relacionadas ao
transporte se justificam quando a matéria prima é exclusiva e despertam desejo.
Uma empresa de grande tradição, com 72 anos no mercado, a paulista GJ Tecidos
conta com um variado mix de produtos, com baixo custo de entrega para todo o
Brasil e diversas formas de pagamento. A variedade de produtos e a exclusividade
destes são o forte da empresa, líder em tecidos finos nacionais e importados.
Uma alternativa para diminuir os custos é a compra de tecidos em ponta
de estoque. Alguns deles estão fora do mercado há algumas temporadas, possuem
preços atrativos e podem até ser exclusivos na cidade, dependendo da procedência
da matéria-prima. Com o tratamento certo, através de lavanderia industrial aliada a
técnicas artesanais, estes produtos se tornam únicos e renovados. A Cotece conta
com uma loja do gênero em Fortaleza, que vende tecidos especiais importados e
nacionais, tais como rendas, tecidos bordados e paetês.Na loja, cada tecido vem
numa tiragem reduzida e exclusiva.
Os aviamentos serão todos comprados no centro de Fortaleza, na RG
Aviamentos e nas Lojas Potiguar. O centro comercial da cidade conta com diversas
empresas de distribuição de aviamentos com qualidade e preços variados.
3.3 Preço
O preço de uma mercadoria, de acordo com Treptow (2003), deve ser
avaliado de acordo com o preço das concorrentes e os valores de custo, para então
obter-se uma margem de lucro. Duas coisas devem ser analisadas anteriormente:
qual a margem de lucro desejada e quanto os consumidores alvo estão dispostos a
pagar por cada produto. Procurando uma melhor otimização dos custos e um
desperdício cada vez mais próximo ao zero, é possível obter um preço satisfatório e
competitivo.
51
O preço será relativamente mediano, se comparado às lojas onde os
consumidores alvo costumam comprar peças de roupas especiais e duráveis. Assim,
em ordem da linha de valor mais elevado para valor mais acessível, tem-se: a linha
vanguarda “ärt”, as linhas fashion “luä” e “diä”, e a linha básica “ksa”, levando em
consideração o número de peças produzidas, a elaboração, o custo material e
operacional e a exclusividade de cada peça.
Contudo, é necessário atentar para o valor inicial para a inserção do
produto. Faz-se necessária uma atenção toda especial para o preço das peças
nessa fase de lançamento e conhecimento da marca por parte dos consumidores.
A linha básica terá um custo mais acessível. Com formas simples e de
baixo custo operacional, o que diferenciará o produto básico da ändra dos
concorrentes será a escolha de materiais, sempre naturais e de toque e caimento
confortáveis.
Quanto aos preços promocionais, eles ocorrerão sempre imediatamente
antes da chegada de uma nova coleção sazonal. As roupas de Vanguarda serão as
únicas que apresentarão descontos promocionais apenas uma vez por ano, por não
se basearem tanto na sazonalidade e possuírem um mix de materiais mais
sofisticado, fazendo com que os produtos se tornem clássicos. Assim sendo, em
janeiro e julho a loja estará em promoção, períodos de transição de uma coleção
para outra. É importante expor os produtos mais clássicos e de maior apelo
comercial. Como a ändra atentará mais para o estilo do que para as frívolas
tendências de moda, essa atração do cliente se dará com mais facilidade. O
consumidor deve encontrar produtos que transmitam uma sensação e um conceito
não necessariamente associados a tendências momentâneas.
3.4 Promoção
A promoção está relacionada com o processo de comunicação e venda
do produto para com o consumidor. A promoção envolve a divulgação, publicidade,
perpetuação de valores, além das relações públicas, como o contato com o cliente e
as parcerias e ações promocionais da marca. (KOTLER, 2000)
52
As peças da marca ändra transmitem uma mensagem clara de
modernidade, arrojo e quebra de paradigmas. Essa imagem transgressora vem
aliada a valores de humanidade e de consciência do indivíduo e do coletivo, criando
uma dualidade que é própria do ser humano cosmopolita. Qualidades tácitas como
essas devem ser ressaltadas, utilizando-se da arte e dos movimentos culturais para
construir uma comunicação atrativa.
Das características objetivas, vale ressaltar a qualidade do produto e da
matéria-prima em si. A modelagem, o caimento e todas essas qualidades
supracitadas, criam uma ideia de seriedade, compromisso e confiança, que devem
ser exaltadas, fazendo que o consumidor se sinta seguro ao adquirir um produto
ändra.
O objetivo da propaganda da marca é vender esse estilo de vida
contemporâneo, cosmopolita e transgressor. Não o transgressor rebelde dos anos
90, que transgrediu as noções do certo ou errado. Agora esse consumidor transgride
as questões do ser humano, das noções do “eu” e do “nós”, do homem e da mulher.
As campanhas publicitárias devem trazer esses valores de forma forte e natural.
A publicidade é de importância maior para uma empresa que está se
inserindo no mercado. Ela é responsável em criar e propagar a imagem que a marca
criou para si. Não só um complemento, mas parte indispensável na formação do
lifestyle da marca. Para Treptow (2003) é indispensável que o designer entenda
claramente e descreva qual o tema da coleção e o público a que se destina, “pois é
preciso que todos os materiais e eventos de divulgação da coleção transmitam a
mesma mensagem”.
3.4.1 Meios de divulgação
Para que essa mensagem seja passada com eficácia e eficiência, devem
ser escolhidas as mídias certas, atentando para os hábitos do consumidor alvo. O
cliente ändra é um pesquisador por natureza, sempre em busca do que é novo e
interessante no mundo da moda e do design, tanto em revistas quanto em meios
virtuais.
53
Um blog da marca, propaganda publicitária e ações promocionais em
blogs conhecidos da cidade e divulgação em revistas locais são algumas das formas
mais interessantes de divulgação para o público alvo em questão. Outdoors são
eficazes se usados como forma de localização espacial da loja, como um indicativo
de que a loja está próxima ou fica nas proximidades. Porém, é uma mídia pouco
eficiente e inicialmente de alto custo para a empresa.
Por último, e definitivamente não menos importante, o desfile. A marca
deverá se inserir em concursos, desfiles de lojistas e eventos que contem com esta
forma de divulgação. Os desfiles são a vitrine mais icônica do mundo da moda. Um
desfile pode trazer toda a magia e história da coleção, em um formato clássico e
ainda muito eficiente.
A seguir, um maior detalhamento de cada mídia citada acima.
3.4.1.1 Jornal e Revista
Como se pode notar no capítulo anterior, o público gay tem uma grande
preocupação com a educação e formação profissional. Na pesquisa apresentada no
capítulo dois, 94% dos entrevistados são leitores de revistas e 88% de jornais. A
ändra então apresenta um merchandising voltado para página de revista e banner
para revistas e jornais especializados, por conta do alcance dessas mídias, tais
como a revista InVoga, Buchicho Moda e Profissão Moda, como também nos jornais
O Povo e Diário do Nordeste.
54
Figura 7 – Propaganda de página inteira Fonte: Autoria própria
A peça de página inteira é simples e direta. Com uma foto do editorial e
informações básicas da marca, como o site e o endereço. O intuito é de
merchandising, por tanto, a foto a ser escolhida deve passar de imediato os valores
de marca.
55
Figura 8 – Propaganda de página dupla Fonte: Autoria própria
A peça de duas páginas apresenta a coleção através de uma foto em um
lado e as informações básicas da marca no outro. Isso possibilita que a imagem fale
por si só e tenha um maior impacto e que a marca possa ser exposta na outra.
Aliado a isso, é interessante a utilização de uma textura que relacione com a coleção
exibida.
Figura 9 – Banner para anúncio de jornal Fonte: Autoria própria
56
O banner para anúncio de jornal é feito para funcionar tanto em cores
quanto em preto e branco. É uma peça para divulgação de menor abrangência, já
que o jornal não costuma ser guardado e relido, por ser uma mídia renovada
diariamente.
3.4.1.2 Blog (banner e promocionais)
O público gay é extremamente ligado a novidades e a novas tendências.
E é sabido que na atualidade, os blogs, espécie de páginas pessoais usadas hoje
em dia para todos os fins, são a forma mais rápida de comunicação. Os blogs
ganharam certo poder de comunicação, pela agilidade de atualização e pela
linguagem próxima do leitor. Para tanto, a ändra também conta com uma ação de
merchandising voltada para essa mídia, com propaganda e promoções voltadas
para esses leitores. Segue o material para divulgação e promoção da ändra em
blogs.
57
Figura 10 – Banner para anúncio em blogs Fonte: Autoria própria
O material utilizado nos blogs é uma mistura entre conceitual e comercial.
Ao mesmo tempo em que o leitor dessa mídia procura por informações de moda
atualizadas e criativas, com algum fator extracotidiano, é preciso oferecer-lhes uma
amostra do trabalho comercial desenvolvido na ändra, para que possa se imaginar
usando as peças da marca.
58
Figura 11 – Banner para anúncio de promoção em blogs de moda e nas redes sociais Fonte: Autoria própria
Esse é um exemplo de promoção para blogs e mídias sociais. No caso é
uma ação de dia dos namorados que propõe que as pessoas tirem fotos com o seus
parceiros usando uma roupa igual ou parecida. Em troca, a foto mais votada no site
ganha um par de roupas ändra. Essa ação sugere o lifestyle da marca além de
divulgar as peças e atrair novos consumidores.
3.4.1.3 Site da marca
O site é importante para que o consumidor conheça a identidade e a
missão da marca; os principais produtos, mesmo não indo à loja física; fique ciente
das ações desenvolvidas pela marca e dos serviços oferecidos. O blog da marca,
gerenciado pelo profissional adequado, se torna uma ferramenta de comunicação
forte e capaz de transmitir não só as informações relacionadas aos produtos e
serviços da marca, mas também transmitem as preocupações, os mundos possíveis
criados pela ändra e trocar ideias e dicas sobre o “lifestyle ändra”.
Aliado a isso, as diversas redes sociais democratizam o acesso à
informação e multiplicam as possibilidades de propaganda, sendo o Facebook a
59
rede social mais famosa, junto com o Instagram. Possibilitando uma maior
aproximação com os consumidores e um feedback muito mais imediato, essas
ferramentas são a grande aposta da comunicação contemporânea.
A seguir, layout de algumas páginas do site da marca, onde o blog
também estará inserido.
Figura 12 – Página inicial, contendo as opções de linguagem Fonte: Autoria própria
A página inicial oferece duas opções de linguagem diferentes para
visualização do conteúdo do site. Ela apresenta o motivo da marca com uma
linguagem visual minimalista e moderna. Na parte inferior da página, os direitos do
site e a logo da agência publicitária responsável pela manutenção do mesmo.
60
Figura 13 – Página principal, contendo os links para as outras áreas do site Fonte: Autoria própria
A imagem de fundo da página inicial apresenta o editorial da temporada
atual da marca. Essa é uma forma de apresentar a marca de uma forma direta e
interessante, se relacionando com a barra de acesso superior dos conteúdos do site.
61
Figura 14 – Exemplo de página de conteúdo, contendo as informações referentes às coleções da marca Fonte: Autoria própria
No site, é possível encontrar todas as informações referentes à coleção
atual e às coleções passadas, além da razão social da marca, das novidades, das
ações e dos produtos oferecidos. O blog, por sua vez, traz matérias relacionadas
aos valores da ändra, além de um acompanhamento das temporadas de moda e as
tendências e macrotendências relevantes à marca e aos clientes ändra.
62
3.4.2 Vitrine
Além dessas ações externas, uma marca de moda precisa atrair os
consumidores com o próprio espaço físico da loja. A vitrine e tudo o que engloba o
local de venda deve seduzir o cliente, criar uma atmosfera totalmente própria e fazer
com que esse cliente se sinta abraçado pelo estilo da marca. “A vitrina pode ser
relativamente simples e econômica em relação a outras mídias, mas devido à sua
presença quase íntima entre o ver e o ter [...] quase que imediato, faz acontecer uma
relação humana muito próxima, e é isso que o homem social procura, precisa e
quer.” (MAIER & DEMETRESCO, 2004, p.21-23).
Dentro da proposta de uma vitrine também estão incluídas a fidelização
de clientes e a propagação do tema das coleções. A seguir, o projeto de vitrinismo
da loja física.
Figura 15 – Projeto para a vitrine Outono/Inverno 2014 Fonte: Autoria própria
63
A vitrine da loja é contemporânea, atrelando materiais naturais e
industriais, com um design minimalista e geométrico. A loja emula um pouco uma
casa, com elementos próprios de ambientes domésticos, como a porta de madeira,
os tijolos expostos e uma vitrine que lembre janelas. É uma forma de trazer o cliente
para próximo da marca e ao mesmo tempo próximo do conceito defendido.
64
4 MARCA
Segundo Kotler (apud COBRA, 2007, p.39), a marca é “um nome, um
termo, sinal, símbolo ou design, ou uma combinação deles, que deve identificar os
bens ou serviços de uma empresa e diferenciá-los daqueles de seus concorrentes”.
Basicamente, a marca é o signo responsável pela distinção de um produto, o que lhe
diferencia de fato de qualquer outro produto similar de outra marca.
Na hora da compra, o consumidor é influenciado por diversos fatores: a
localização, o atendimento, o preço.Porém, a associação com certos produtos e
grifes é de grande influência na hora de efetuar uma compra. E essa associação
está diretamente ligada ao valor que o consumidor agrega ao produto por conta de
uma marca específica. “O valor do produto depende não só de seus atributos como
também de seus benefícios e da maneira pela qual o consumidor se envolve com a
marca” (COBRA, 2007, p.64). Por esse motivo, um planejamento de marca pode ser
decisivo no sucesso ou no fracasso de uma empresa de moda. “O tamanho da
marca tem a ver com a percepção do comprador e sua identificação.” (COBRA,
2007, p. 46).
Ela possui um valor, uma força e uma imagem, segundo Cobra (2007).
Esses conceitos se correlacionam, quando um depende do outro. O valor da marca
tem total relação com a força que ela possui no mercado, a sua capacidade de ser
memorável. E isso, por sua vez, é possível através de uma construção de imagem,
onde os consumidores possam criar associações entre essa imagem e os produtos.
4.1 Identidade da marca
Essas características que definem a marca e seus produtos, meio pelo
qual os consumidores se identificam com a mesma, formam a identidade da marca.
É tudo aquilo que agrega um valor não palpável ao produto, intangível: o lifestyle, a
proposta da marca, os valores. E essa identidade deve estar presente desde o
65
momento da escolha da matéria-prima, das formas e cores dos produtos, até as
escolhas feitas na loja física, a embalagem, a aromatização, tudo o que envolve o
produto e sua comercialização. “Você deve tentar criar um clima e um estado de
espírito que digam ‘é disso que trata a minha marca’. Um olhar apenas já deveria
dizer ao seu comprador se a sua marca é feminina, ousada, sofisticada ou
esportiva”. (MEADOWS, 2010, p. 93).
A ändra possui muito forte em sua identidade a ousadia e androginia, que
praticamente são base para todo o trabalho desenvolvido. Esses valores são
carregados desde a criação dos produtos até o trabalho final de merchandising. O
fato da marca ter escolhido um caminho de produção sem segregação sexual nas
roupas já é o grande responsável pela sua imagem. Isso significa que, independente
da temática das coleções e da sazonalidade, a ändra possui esse conceito básico,
unificador, que permeia toda a cadeia criativa e produtiva. Essa moda sem rótulos se
torna, assim, uma espécie de fio condutor.
Além disso, pelo fato do designer ser também um artista visual, a ändra
possui uma ligação muito forte com os movimentos e outras formas de expressão
artística. Um olhar estético voltado para as artes plásticas, de uma forma ou de
outra, possibilita que a marca tenha uma imagem diferenciada e subjetiva. A
subjetividade é, por sua vez, de extrema importância para o sucesso de uma marca,
conectando, de uma forma muito mais íntima, o cliente com os produtos oferecidos.
4.1.1 Nome da marca
O nome da marca é o maior identificador do seu produto. Mesmo a
imagem (nesse caso, o logo), que geralmente costuma penetrar muito mais
facilmente na memória, não é tão eficaz como o nome, sendo este um registro
gráfico, imagético e sonoro.
Meadows (2010) lista alguns motivos da importância de um nome e da
escolha apropriada. O nome é o contato mais visível e primeiro que um cliente pode
ter com uma empresa de moda, além de servir como pilar para todo o trabalho de
66
marketing e branding da marca. “O nome é o retrato da personalidade da marca,
então ele deve se destacar e ser fácil de lembrar” (MEADOWS, 2010, p.39), conclui.
O nome ändra foi escolhido por uma série de motivos que foram
pertinentes ao criador e designer da marca. A palavra ändra vem do sueco, e
significa mudar, modificar. A escolha de uma língua estrangeira vem do
estranhamento do designer com relação a essa língua relativamente pouco falada
no Brasil. Um estranhamento que parte tanto do som das palavras, quanto da grafia,
que utiliza um alfabeto latino modificado. A palavra ändra, por exemplo, deve ser lida
“aendrá”. Porém, por conta do /ae/ ser um fonema inexistente na língua portuguesa,
optou-se pela pronúncia “ândra”, mais próxima ao que é escrito.
O som da palavra também é instigante. Dentro da pesquisa realisada e
apresentada no primeiro capítulo deste trabalho, mais de 50% dos entrevistados
relacionaram o som com características que tangem a marca, como o exotismo da
palavra e uma proximidade com a palavra androginia. A escolha do nome não teve
exatamente essa intenção, de soar como uma abreviatura da palavra androginia,
mas o som, definitivamente, foi um dos fatores decisivos na hora da escolha.
Já em relação à significação, a palavra tem muita relação com os valores
da própria marca. Ändra, que significa mudança ou transformação, é qualidade forte
da androginia, o carro chefe da empresa. Esse estado de mutação também se
apresenta fisicamente em algumas roupas, chamadas de conversíveis. Essa
versatilidade também pode trazer características mais ou menos andróginas. E
mesmo que o significado não seja de fácil acesso, o interessante é que essa
tradução permeia todos os âmbitos do trabalho da ändra, desde as roupas até os
espaços físicos e virtuais. A palavra carregando uma força e presença muito mais
importantes que a própria significação.
4.1.2 Logo
“Embora seja difícil mensurar o impacto de um logotipo sobre o sucesso
de um negócio de moda, o logo certo é crucial para a criação e a sustentação de
uma imagem de marca” (MEADOWS, 2007, p.47). Como já foi comentado, o logo é
67
a forma imagética de representar a marca. É um registro valioso, uma imagem que
está física e psicologicamente agregada aos produtos, espaços, embalagens e tudo
o mais que possa envolver o produto de moda de uma marca. O logo passa a ser
uma espécie de extensão das qualidades criativas da identidade da marca e é de
fundamental importância que ela esteja de acordo com o espírito e o universo
paralelo proposto aos clientes.
Figura 16 – Logotipo da marca Fonte: Autoria própria
O logotipo da ändra é minimalista, geométrico e moderno. Possui linhas e
formas muito simples, que dão um aspecto clássico. Ao mesmo tempo em que as
formas retangulares e redondas se repetem e dão uma continuidade e fluidez ao
design do logo, agregando um aspecto contemporâneo e que conversa com as
propostas da marca.
O trema foi usado para dar um interesse visual, dando um toque de
irreverência. A letra “a” inicial se torna um objeto gráfico por conta do uso do trema,
que caiu em desuso na língua portuguesa, criando um código visual, um desenho
geométrico quase abstrato. Esse “ä”, então, será usado como motivo.
Figura 17 – Motivo da marca Fonte: Autoria própria
68
O motivo é o desenho que acompanha o logotipo. Neste caso, o motivo é
a inicial do nome. Muitas empresas de luxo usam motivos associados diretamente
com a grafia de suas marcas, como a Dolce&Gabanna, a Coco Chanel, e a Luis
Vuitton. Para a palavra ändra, o “ä” é um elemento exótico, estranho, pelo fato da
letra “a” com o trema não ser utilizado em nossa língua.
4.1.3 Tipia/fonte
A fonte é outra escolha delicada. No caso da ändra, é essencial fazer uma
escolha acertada, já que o logo é o próprio nome transformado em um grafismo. A
fonte usada para criar o logotipo da ändra é uma adaptação de uma fonte chamada
“seeds” (do inglês, sementes), sem serifa. A fonte sem serifa tem um grande impacto
visual. Mesmo não sendo de tão fácil leitura quanto as fontes serifadas, elas
preenchem o espaço melhor, visualmente e geralmente saltam mais aos olhos.
Possuem o arrojo e modernidades típicas da Bauhaus, escola de design que tinha
como premissa a praticidade e simplicidade. (SAMPAIO, 2002)
Essa fonte é basicamente formada de pontos. Dela, apenas a primeira
letra “a” foi utilizada, ainda sim, sendo editada para ter um desenho mais quadrado,
por assim dizer. O restante do logotipo foi criado tendo como inspiração a tipia
original. A seguir, um comparativo entre a logo inicial, com muito mais informações e
baixa pregnância, e a logo atual, apenas inspirada naquela primeira.
Figura 18 – Comparação entre a tipia original do logo e a tipia resultante dos testes Fonte: Autoria própria
69
4.1.4 Cores
Grandes griffes tendem a usar cores de grande impacto e certa
dramaticidade. Essa cor também precisa representar o espírito da marca, mas tendo
em mente que o logo precisa se mesclar com as diferentes temáticas abordadas em
cada estação (MEADOWS, 2007). Por isso, ter em mente o fundo onde esse logo
será usado é de grande importância.
Figura 19 – Comparação entre os logos nas duas cores utilizadas Fonte: Autoria própria
A ändra conta com a logo nas cores preto e branco. Essa escolha se deve
ao fato dessas cores serem clássicas e de fácil adaptação com diversos fundos.
Assim, o logotipo preto e o motivo em preto serão usados em fundos claros e os de
cor branca, em fundos escuros.
4.2 Programação Visual
A programação visual compreende os diversos componentes que levam o
logotipo da marca e possuem uma relação direta com o produto. É, basicamente, um
planejamento de como o logo e o motivo vão ser apresentados nas etiquetas, tags e
embalagens que acompanham as roupas. É importante um bom senso e muito
cuidado na hora de configurar a programação visual.
70
4.2.1 Etiquetas
As etiquetas possuem duas funções básicas: identificar os produtos e
informar ao comprador os cuidados básicos necessários para com as peças. As
etiquetas também servem como uma forma de divulgação, dependendo da forma
como é colocada na roupa, se é aparente ou não, etc.
A etiqueta de composição é a mais importante de todas, é obrigatória em
qualquer peça de vestuário. A ändra possui três etiquetas de composição diferentes.
Uma etiqueta impressa por sublimação para as malharias básicas, uma outra
impressa de alta definição com duas faces para as peças inferiores e uma etiqueta
bordada de alta definição com uma de composição em bandeirola anexada, para as
peças de alfaiataria.
Figura 20 – Etiqueta de composição de sublimação para os tamanhos M e P Fonte: Autoria própria
71
As etiquetas de sublimação são utilizadas nas peças de malharia. Essas
etiquetas não possuem toque, pois são estampadas no próprio tecido. Elas possuem
informações de tamanho, de composição e instruções de composição.
Figura 21 – Etiqueta de composição impressa, frente e verso Fonte: Autoria própria
A etiqueta acima é estampada em tecido de toque sedoso para ser
utilizada em peças inferiores, com as mesmas informações da etiqueta impressa por
sublimação. A diferença está no outro lado da etiqueta, que apresenta o tamanho, a
logo e o motivo de forma mais dinâmica.
72
Figura 22 – Etiqueta de identificação com etiqueta de composição em bandeirola Fonte: Autoria própria
A etiqueta acima é utilizada nas peças de alfaiataria, camisaria e algumas
peças de malharia mais elaboradas. Apresenta toque suave e uma textura que
agrega um valor de design ao produto.
Outras etiquetas de grande importância são as etiquetas de identificação.
Essas etiquetas basicamente informam a marca a qual a roupa pertence e podem
conter informações de tamanho (que pode ser entre pequeno, médio e grande ou
em uma escala numérica) e de gênero (masculino e feminino). Como a ändra
trabalha sem distinção de gênero, as etiquetas só trazem a informação de tamanho.
As etiquetas usadas são: a etiqueta palito com uma bandeirola de tamanho
anexada; etiqueta bandeirola com o motivo da marca; e finalmente a etiqueta
bordada de alta definição, com etiqueta bandeirola de tamanho anexada.
73
Figura 23 – Etiqueta de composição identificação palito com bandeirola de tamanho Fonte: Autoria própria
A etiqueta palito é usada, principalmente, na parte interna das peças
superiores de malharia mais elaboradas, e na parte externa em algumas peças de
alfaiataria menos complexas, por exemplo.
Figura 24 – Etiqueta bandeirola de identificação Fonte: Autoria própria
A etiqueta bandeirola é externa, servindo principalmente para
identificação da marca. É utilizada para as peças de malharia e algumas peças da
linha ksä e diä de outros materiais.
74
Figura 25 – Etiqueta de identificação bordada com bandeirola de tamanho Fonte: Autoria própria
A etiqueta bordada é utilizada nas peças superiores mais elaboradas,
como as jaquetas e blazers. Ela não apresenta informações de composição e
manutenção porque estas informações vêm em outra etiqueta em um bolso interno
ou externo da peça.
4.2.2 Tags
Tag é a palavra inglesa para etiqueta. Neste caso a tag não é só uma
simples etiqueta. É uma ferramenta muito mais de divulgação da marca do que
propriamente uma etiquetagem. Além de apresentar a marca de uma forma mais
atrativa imageticamente, ela pode conter informações mais precisas sobre o produto
e sobre a atividade-chave da empresa. Algumas marcas disponibilizam informações
mais precisas de caimento, das formas de usar aquela peça, dos materiais
utilizados, formas de fabricação, enfim, as possibilidades são inúmeras.
Para a ändra esta é uma ferramenta valiosíssima. Com um discurso de
gênero tão aberto e complexo, cercado de tabus, a marca pode se utilizar da tag
75
para expressar essa posição (quase política) acerca desses assuntos. Dessa forma,
a tag se torna um instrumento de informação e de perpetuação desses valores da
marca.
Seguem as tags de cada linha, frente e verso. Ela é feita de papel Kraft
com estamparia brilhosa. Para prender à peça, um lacre de plástico com corda de
sisal.
Figura 26 – Tags para as linhas ksä, diä, luä e ärt, respectivamente Fonte: Autoria própria
76
Outra função será a de identificação das diversas linhas da marca. Cada
linha vai contar com uma tag diferente, com cores e informações diferentes,
relacionadas com a proposta de cada linha.
Figura 27 – Lacre Fonte: Autoria própria
O lacre, basicamente, garante a autenticidade do produto e que ele não
foi utilizado. Vem anexado na etiqueta de forma que torne pouco confortável o uso,
obrigando o cliente a tirá-lo para utilizar a peça. Assim, o lacre representa uma forma
de garantia para o cliente de que a peça é original e nova.
4.2.3 Embalagens
A embalagem é um item de grande importância no comércio. Ela possui a
função básica de proteger o produto de agentes externos, como poeira e sujeira, até
mesmo evitar o contato com resíduos de outras peças. A embalagem pode ainda
auxiliar no manuseio e transporte do produto. As embalagens e sacolas, de certa
forma, também funcionam como chamarizes, uma vez que carregam o logo da
marca.
77
Por esses motivos, as embalagens devem ser muito bem pensadas,
levando em consideração a sua função e as suas possibilidades de publicidade.
Uma embalagem bem pensada pode atrair novos clientes e fidelizar antigos, uma
vez que cumpre bem a sua função e possui algum diferencial.
A ändra fabrica desde peças básicas a peças mais elaboradas, com
tecidos exclusivos e delicados. Assim sendo, cada tipo de peça precisa de uma
embalagem adequada e específica. A seguir, uma mostra das diversas embalagens
que a ändra dispõe.
Figura 28 – Saco de papel para embalagem e papel Kraft personalizado Fonte: Autoria própria
Os sacos de papel Kraft, enrolados como saco de pão, são a embalagem
básica para as roupas que não precisam de cuidados especiais. Uma embalagem
prática, econômica e com um toque de humor. O papel Kraft é um papel econômico
e ecologicamente responsável. Ele pode ser feito com papel reciclável e é
biodegradável.
Apresentada nos tamanhos pequeno, médio e grande, essa é uma
embalagem base para o produto, que posteriormente será colocado em uma das
sacolas de compras ou em uma caixa. Para as peças mais delicadas e/ou que
precisam de cuidados extras, o produto é embalado em uma folha de papel Kraft
personalizada e colocado dentro de uma caixa.
78
Figura 29 – Modelo para sacola pequena, na esquerda e modelo para a média e grande, na esquerda Fonte: Autoria própria
As sacolas de compras, como já foi dito, também podem se tornar uma
forma de divulgação da marca.Desta forma, as sacolas da ändra apresentam uma
interação com a própria logo, procurando agregar um interesse visual à embalagem,
através do jogo entre o logo e os materiais utilizados, no caso, os ilhoses. Feita de
papel Kraft com alças de cadarço e ilhoses, vêm nos tamanhos pequeno, médio e
grande.
Figura 30 – Caixa Fonte: Autoria própria
79
A caixa de papelão com elásticos é perfeita para proteger peças mais
delicadas e pode servir como caixa para presente, também. Disponível nos
tamanhos médio e grande.
Figura 31 – Caixa especial para presentes, jaquetas e ternos. Fonte: Autoria própria
A loja também conta com uma embalagem especial para presentes.
Indicada para as peças mais especiais da linha ärt, é feita de papelão, com tintura
brilhosa na parte interna e tintura fosca na parte externa, com um zíper central. Não
acompanha o produto, sendo uma embalagem extra que pode ser adquirida em uma
compra casada ou individualmente.
Figura 32 – Bolsa plástica para ternos Fonte: Autoria própria
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A última embalagem é uma bolsa plástica própria para ternos e jaquetas.
A ändra conta com um número reduzido dessas peças. Desta forma, o custo da
embalagem é embutido no produto para que o cliente leve uma embalagem de
qualidade, pagando menos por isso. O logo da empresa é estampado com um
adesivo têxtil semitransparente.
81
5 DESENVOLVIMENTO DA COLEÇÃO
Antes de se comentar a coleção e sua importância para uma empresa de
moda, é de extrema relevância entender e explanar sobre a influência da
sazonalidade em toda a cadeia produtiva da indústria de moda.
As temporadas de moda, que sofreram enormes mudanças devido à
ascensão dos artigos de consumo rápido, ainda definem a forma como a cadeia
produtiva funciona, da fabricação e fornecimento de matéria prima ao calendário de
vendas e promoções. A sazonalidade impõe uma rotatividade, que é acompanhada
pelas indústrias de moda através das coleções. Como Sue Jenkyn (2005) afirma, “a
moda tem incitado a obsolescência. Todos nós procuramos por roupas adequadas a
diferentes temporadas do ano, a eventos específicos e até mesmo a partes do dia”.
As coleções, portanto, são uma forma de se adequar a esse sistema e
garantir que os produtos tenham um ciclo favorável a obtenção de lucros. É de vital
importância para a empresa atentar ao ciclo do produto nas prateleiras. Essa
rotatividade é garantida então pelo “tempo de vida” das tendências de moda. Assim,
uma vez que a sazonalidade cria um ciclo, este precisa ser mantido e renovado.
Portanto, é possível perceber uma relação intensa entre a cadeia
produtiva e o tempo estabelecido pelas temporadas de moda, onde as micro e
macrotendências representam os marcos de ascensão e declínio de determinados
estilos. É nesse contexto que a criação de coleções de moda se configura, tendo
como ponto de partida a pesquisa de tendências e estilos.
Uma coleção de moda precisa atender necessidades específicas de um
público alvo e apresentar uma visão particular do designer em cima das
macrotendências e estilos pertinentes a este público. Ela precisa ser coesa e
apresentar elementos que carreguem a identidade da marca por toda a coleção e
que tornem os produtos miscíveis entre si. “Você precisa estar atento às tendências
e a como elas podem ser adaptadas aos principais itens de uma linha, fazendo com
que a coleção evolua e esteja sempre atual e, ao mesmo tempo, mantendo a sua
assinatura reconhecível (MEADOWS, 2010)”.
Para tanto, é necessário que se faça uma pesquisa de tendências,
atentando principalmente quais as tendências mais relevantes para o meio social do
82
público com que se trabalha. Essas tendências são interpretadas de forma que elas
possam se destacar entre a concorrência e se configurar em um produto único e
inovador.
Porém, uma macrotendência em específico rege todo o processo criativo
e razão social da marca. Os discursos de gênero, que são muito mais do que uma
tendência de moda e consumo. É uma tendência sociopolítica, de uma sociedade
que se preocupa com essas novas concepções de sexualidade e as novas formas
de ver e interpretar o corpo humano e os gêneros.
Para a ändra, a pesquisa de tendências, que é o combustível para a
criação de uma coleção, vai muito além de observações dos hábitos de consumo e
do que é mostrado nas passarelas internacionais. Também perpassa por esses
caminhos, mas considera questionamentos estéticos, principalmente na era da
tecnologia e informação.
A partir destas pesquisas, cabe à equipe de criação pesquisar os
materiais, padrões, motivos, cores, formas e silhuetas que mais se adéquam ao
olhar do designer em cima de uma temporada específica. Esse olhar pode ser
interpretado através de um tema, que catalisa e rege a coleção, criando uma
atmosfera única e palpável para o consumidor.
A coleção apresentada é a de Outono/Inverno 2014, que vai às lojas em
Março de 2014. Dentro desta temporada é possível observar uma atenção toda
especial ao presente, o agora. Com as diversas formas de comunicação e interação
instantânea, próprias do século XXI, o tempo nunca foi tão rápido e tão presente ao
mesmo tempo. O cotidiano que passa correndo em torrentes de imagens e
informações sobre o próprio cotidiano.
Esse caos provocado pelo excesso de “agora”, por sua vez, causado pelo
frenesi de poder aproveitar esse agora mais do que nunca, faz com que as pessoas
busquem conforto no passado, na nostalgia de outra era, onde a sociedade do
século XXI era tão idealizada. Durante os anos 80 e 90, muito se cogitou sobre a
virada do século, muito se especulou. Talvez, por conta disso, a sociedade procura
viver o século XXI que imaginávamos no século passado.
Essa aliança, quase confusa, entre o presente, o passado e o futuro
imaginado no passado, revelam algumas preocupações dos indivíduos
contemporâneos com o próprio futuro. Se agarrar ao passado dessa vez não é só
um escapismo, mas também uma busca por respostas e soluções.
83
A WGSN (Worth Global Style Network, algo como Rede Mundial de Estilo,
em livre tradução) empresa que estuda os comportamentos de consumo e as
tendências futuras do mercado de moda desde 1998, aponta essas características
em sua pesquisa das macrotendências para o Inverno 2014/2015. As novas
relações do homem para consigo, para com a cidade e o meio e para com a cultura
e a sociedade. Onde a conectividade e o conceito de apropriação/criação entram em
conflito o tempo todo. Onde o limiar entre real e o não-real entra em obsolescência.
Onde há um conflito entre a percepção da grandiosidade do universo e das
possibilidades desse universo e a pequenez da existência.
Em um nível mais mercadológico, a Vicunha Têxtil aponta características
mais palpáveis das macrotendências dessa temporada. A tendência denominada
Wanderlust apresenta um estilo nômade, cercado por uma pegada cigana, com
estampas étnicas, mistura de materiais e sobreposições. Uma atenção especial para
as peças de alfaiataria despojada e com toques de personalidade. Ao lado dessa
tendência, caminha uma outra mais seca e minimalista, que procura a mesma
sensação de despojo e descontração, mas com um ar mais clássico e básico. A
androginia também foi apontada pela empresa como uma grande tendência para
essa temporada, tendo David Bowie e Tilda Swinton como alguns dos ícones de
inspiração. Esse espírito andrógeno, além de se pautar na alfaiataria, também usa
de um clima esportivo e descontraído, tanto na silhueta como na estamparia.
A seguir, a apresentação dos detalhes referentes à coleção Trajetória, do
Outono/Inverno 2014 da marca ändra, inspirada na Beat Generation, em qualidades
artísticas empíricas, na estética da casualidade, na vida das pessoas que vivem em
uma trajetória constante e nas experiências pessoais da trajetória do próprio
designer.
84
5.1 Tema
A criação de coleções temáticas torna o processo criativo muito mais
prático e objetivo. Traçar um tema reduz o número de informações imagéticas e
conceituais, proporcionando uma visão mais centrada com relação aos produtos
desenvolvidos. A temática também cria um mundo paralelo para o consumidor,
quando os produtos, o ponto de venda e as ações publicitárias sugerem uma linha
de raciocínio mais ou menos lógica e palpável.
A Geração Beat (no inglês, The Beat Generation) foi escolhida como tema
para esta coleção. A geração beat compreende uma série de artistas pós-Segunda-
Guerra Mundial, em sua maioria jovens escritores e acadêmicos, que rejeitavam
rótulos e o sistema opressor americano dos anos 50. Entre seus temas,
questionavam os padrões, tratavam sobre assuntos polêmicos e marginalizados,
como as drogas e a prostituição, trazendo a tona, ainda, questões sobre
sexualidade, quebra de paradigmas religiosos e comportamentais, em um retrato
explícito das angústias e anseios do ser humano.
Allen Ginsberg (Howl, 1956), William S. Burroughs (Naked Lunch, 1959) e
Jack Kerouac (On the Road, 1957) foram os grandes precursores do movimento
beat, influenciando artistas como Jim Morrison, vocalista da banda The Doors, Bob
Dylan e os Beatles. A grande característica estética deste movimento é a
despreocupação com a métrica e as fórmulas conservadoras, com um processo
criativo orgânico e “vomitado” e apresentações frenéticas de suas poesias e
músicas. As controvérsias e abordagem de temas tidos tabus na época, também são
grande marca desta geração. Talvez por esse motivo, o trabalho produzido por
esses artistas possa parecer tão atual, por tratar de assuntos tão universais,
delicados e que ainda são tidos como tabus.
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Figura 33 – Painel de Inspiração. Em evidência, estudantes da década de 50, Bob Dylan, Jim Morrison, cenas do filme “On The Road”, e alguns livros da Beat Generation. Fonte: Autoria própria
Além disso, uma característica extremamente marcante nos trabalhos
destes artistas é a irreverência, cheia de um humor de crítica e de protesto. Um
clima de liberdade e de luta por visibilidade, baseada em narrativas cotidianas, de
uma proximidade assustadora e excitante ao mesmo tempo.
Em se tratando de vestuários, os artistas beats remavam contra a
correnteza do consumo, dando, inclusive, abertura aos movimentos hippies de
meados dos anos 60. Por esse motivo, adotavam um ar despojado e acadêmico,
próprio dos alunos “nada exemplares” da Universidade de Columbia. Suas temáticas
estavam cercadas pelos ares da Nova York dos anos 50, a selva de concreto. Se
espalhando pelos guetos daquela cidade, os únicos lugares onde eram aceitos, as
declamações exaltadas, a fumaça do cigarro, as mesinhas de bar e as paredes
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cobertas de pôsteres de artistas da época, formam um imagético próprio da
juventude transviada e underground dos anos 50.
Figura 34 – Painel de Ícones. Uma compilação de figuras históricas da década já citadas nesse texto. Fonte: Autoria própria
No final das contas, a geração beat escrevia e compunha no ritmo do
cotidiano, falava e versava as coisas do próprio convívio. Daí tira-se o nome da
coleção: Trajetória. Quando a trajetória percorrida é a maior fonte de inspiração, o
designer da marca procura, nesta coleção, não simplesmente se inspirar nos artistas
e na produção daquela geração. Mais que isso, existe uma pretensão de se inspirar
na forma de tratar a arte e o cotidiano através dos olhos de um artista beat, através
da sua forma de abordar os percursos.
Essa geração se interessava por esses personagens que percorriam
estradas e caminhos desconhecidos, levados pelo impulso de ir. A figura do
andarilho e as imagens dos percursos também servem de inspiração para esta
coleção. É uma realidade quase paralela à vivida pelas pessoas das grandes
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metrópoles. O cenário da estrada, do horizonte, as paisagens a serem exploradas,
elas criam um cenário para esse personagem cosmopolita, para essa persona do
mundo.
Assim sendo, a própria trajetória do designer também serve de alimento
criativo, na imagem icônica de sua avó, Tereza da Silva Caetana. Dona Terezinha,
como é conhecida, foi costureira dos anos 60 a meados dos anos 90. Sua forma de
vestir e seu ofício fora a maior fonte de inspiração e motivação para o início da
carreira do designer. Mulher forte e trabalhadora, ela representa bem as mulheres
do final do século XX, que lutaram pelo seu espaço no mercado de trabalho e pelo
seu direito de ser mulher numa sociedade tão machista e patriarcal. Essas
características ficam evidentes na sua forma de misturar elementos masculinos com
a indumentária feminina, as cores exuberantes e os cabelos rebeldes, apropriados
para épocas de Gal e Elis.
Figura 35 – Painel de Estilo. Fonte: Autoria própria
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5.2 Cartela de cores
As cores da coleção tiram inspiração da fotografia em preto e branco dos
anos 50, da cidade de Nova York. Na verdade, a fotografia em tons de cinza, já que
dificilmente uma fotografia envelhecida apresenta tons de branco ou preto puros.
Essas cores representam bem o cotidiano metropolitano.
A coleção conta ainda com alguns tons de azuis acinzentados e amarelos
envelhecidos, que dão uma cara de filtro fotográfico e um ar vintage às peças.
Dentro dessa cartela, os tons de bege se destacam, pois conversam com as calças
de brim tão usadas nos anos 50 e 60, e que combina muito bem com os tons de azul
de jeans envelhecido.
Como a fotografia não possuía cor nos anos 50, muito do que se pensa
imageticamente da Geração Beat é em preto e branco. Porém, os cartazes
anunciando os saraus, as capas dos livros e as ilustrações da época apresentavam
cores fortes e violentas, como o laranja, o vermelho, o roxo e o amarelo queimado,
em contraste com a selva de pedra e concreto em que viviam. Essas cores
emulavam os sabores e os climas da noite marginal e dos bares undergrounds nova-
iorquinos. Para a coleção, foi escolhida a cor laranja para quebrar a cartela tão
sóbria e fria. O laranja aparece em pequenos detalhes, como ponto de interesse no
design.
A seguir, as paletas de cores das quatro linhas da coleção de
Outono/Inverno 2014, Trajetória.
Figura 36 – Paleta de Cores - ksä Fonte: Autoria própria
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As cores da linha ksä são sóbrias e confortáveis aos olhos. O laranja e o
azul aparecem em detalhes nos aviamentos e em alguns acabamentos, adicionando
interesse no design simples da linha.
Figura 37 – Paleta de Cores - diä Fonte: Autoria própria
Na linha diä, os azuis em tons de jeans desbotado e os tons de bege do
brim e do linho tomam destaque. Mesmo ainda bem sóbria, é uma cartela mais
iluminada e leve.
Figura 38 – Paleta de Cores - luä Fonte: Autoria própria
As cores dessa linha são mais fortes e próprias pra noite. A junção das
cores clássicas da alfaiataria masculina, como o cinza e o bege, com os azuis mais
descolados tirados do jeanswear propõem uma paleta clássica para as peças
ousadas dessa linha.
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Figura 39 – Paleta de Cores - ärt Fonte: Autoria própria
As experimentações com as cores contrastantes na linha ärt são o ponto
de partida dessa cartela, principalmente com o preto e o branco. As outras cores
atuam como coadjuvantes, propondo outras relações entre preto e branco.
Além das cores sólidas, cabe aqui falar da estamparia. Inspirados em
estampas étnicas antigas e em processos artesanais, os motivos refletem uma
dicotomia entre o feito a mão e o digital. Linhas precisas dividem espaços com linhas
traçadas a punho, estamparia digital de fotografias que remetem a tratamentos
caseiros de pintura e descoloração.
As linhas geométricas das estampas Boho e Trilha, em formas
minimalistas, apenas sugerem uma estamparia étnica. Enquanto as estampas Trilha
Apache e Vôo tendem a ser mais literais numa temática andarilho-indígena. O que
afasta essas estampas de uma literalidade é a sua utilização em peças de roupa
onde geralmente não veríamos uma estampa étnica, como a Camisa de Tuxedo e a
calça jeans, por exemplo.
A estampa Howl é, literalmente, um trecho do livro Howl, do autor
precursor da geração beat, Allen Ginsberg, Neste caso, a literalidade trabalha em
favor do design, pois desloca o lugar da literatura, colocando-a próxima do corpo.
Além disso, o aspecto envelhecido do papel e a sua cor, aproximam a peça do brim
ou do linho, tecidos usados em outros momentos da coleção.
A estampa digital Mancha de Céu foi criada em computador a partir da
fotografia de um céu prestes a chover. É uma imagem não apenas invernal, mas
evoca o sentimento de estrada ou rota de fuga e tem uma enorme semelhança com
processos de descoloração de jeans ou processos de tingimento caseiros.
Finalmente, a estampa Psico, uma fotografia de um Teste de Rorschach.
Esse teste é obtido através de manchas simétricas. A escolha desta estampa parte
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simplesmente de um interesse do designer pela casualidade do teste psicológico, e
como as abstrações tomam lugar no imaginário caótico da metrópole dentro da
psique humana.
Figura 40 – Cartela de Estampas Fonte: Autoria própria
Predominam tons de azul e preto/cinza, na estampa. Com uma cartela tão
sóbria, as estampas conseguem se adaptar bem a coleção, trazendo pontos focais
interessantes sem tirar o foco do design das peças e sem ofuscar a importância das
formas na coleção.
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5.3 Cartela de tecidos
Os tecidos escolhidos são clássicos do guarda-roupa americano dos anos
50, como o jeans bem lavado, o brim, a gabardine e a malha de algodão. Além
desses tecidos, a coleção ainda conta com tecidos de alfaiataria e camisaria. Cada
linha da coleção possui uma cartela de tecidos distintos, que corroboram com o seu
propósito. Porém, a mistura de materiais com texturas e linguagens diferentes é uma
característica que permeia o trabalho como um todo.
Figura 41 – Cartela de Tecidos - ksä Fonte: Autoria própria
A linha ksä possui uma cartela de tecidos bem limitada, composta por
malhas confortáveis e não muito pesada. A malha botonê aparece em um tom cinza
e de verde acinzentado e a malha dupla aparece em dois tons de bege.
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Figura 42 – Cartela de Tecidos - diä Fonte: Autoria própria
A linha diä propõe tecidos mais leves para o inverno pouco rigoroso de
Fortaleza. Com tecidos médios, a mistura de tecidos e a cor garante uma cara de
outwear mais outonal. A tricoline aparece em duas cores, branco e azul, e com três
estampas diferentes: Boho Geométrico, Trilha e Trilha Apache. A malha piquet
também aparece estampada, com o motivo Trilha Apache.
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Figura 43 – Cartela de Tecidos - luä Fonte: Autoria própria
Na parte da coleção voltada para atividades noturnas, prevalece a
escolha de tecidos mais elegantes e pesados, feitos de algodão puro ou de mistos
de lã e fibras sintéticas. O jeans com tratamento detonado e uma lavagem mais
descolada quebram na medida certa a formalidade de tecidos como a lã fria e a
gabardine, resultando em looks ao mesmo tempo formais e irreverentes. A tricoline
aparece estampada, com o motivo Vôo.
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Figura 44 – Cartela de Tecidos - ärt Fonte: Autoria própria
Por último, a cartela de tecidos da linha ärt. Com apenas três peças,
apresenta uma cartela limitada que remete a outros momentos da coleção. A
estamparia digital, que imita processos artesanais, foi tirada de experimentos com
pintura e fotografia. Os tecidos levemente brilhosos e com um ar propositadamente
mais sintético, funcionam perfeitamente para as estampas mais “realistas”, por
conseguir dar mais vida às cores. O lenatex, por sua vez, permite uma impressão
muito precisa.
5.4 Cartela de aviamentos
Os aviamentos não possuem grande destaque visual. Os aviamentos
possuem uma função clara de tornar as roupas práticas, principalmente se tratando
das roupas conversíveis. Um destaque para as fivelas de fechamento típicas de
mochilas e artigos esportivos e os vieses em cores vivas.
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Figura 45 – Cartela de Aviamentos Fonte: Autoria própria
Alguns aviamentos foram escolhidos para dar um clima de desgastado,
com tons acobreados, e outros, para um visual mais utilitário, com acessórios de
plástico.
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5.5 Mix de produtos
A coleção Trajetória apresenta uma grande variedade de produtos, desde
regatas de malha, passando por jaquetas, vestidos, saias, até macacões e casacos
esportivos. Em destaque, os cardigans de malha que se transformam em calças
estilo saruel, as saias e vestidos unissex e as versão da ändra para as “peças-
envelope”, na linha ärt.
A ändra compreende que os corpos de mulheres e homens são diferentes
um do outro e entre si. Portanto, investe em modelagens para as mais diversas
silhuetas, propondo uma moda acessível não apenas para todos os gêneros, mas
também para todos os tamanhos. Dispondo, por exemplo, de camisaria ajustada e
mais ampla, shorts justos e curtos e calções mais despojados, camisas que se
tornam vestidos para alguns tamanhos ou casacos, para outros.
5.6 Famílias e linhas
Família ou Linha compreende um grupo de peças de roupa que
compartilham entre si características em comum, seja nos materiais, silhueta ou sub-
temáticas. Geralmente uma coleção é dividida entre as famílias básica, onde se
encontram as peças mais acessíveis da coleção; fashion, que traz as tendências de
moda de forma atualizada; e vanguarda, que carrega o DNA da marca da forma
mais explícita possível.
Essa divisão pode ser crucial nos resultados financeiros de uma empresa
de moda. Segregar os produtos em grupos, tendo em mente o padrão do público
alvo da marca, ajuda a catalisar os investimentos nas famílias que mais
comuniquem ao consumidor. Com esses dados, a empresa pode ter maior controle
de quais produtos devem ser produzidos em maiores quantidades, maiores ou
menores referências, considerando não apenas o valor investido em cada peça de
roupa, mas também o seu potencial de venda e lucro.
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Os produtos ändra, por sua vez, são divididos em quatro linhas distintas:
ksä, dia, lua e ärt, onde a linha ksä representa a família básica, as linhas dia e lua
representam a família fashion, e a linha ärt representa a família vanguarda. Se
tratando de uma marca com conceito vanguardista, um enfoque nas linhas básicas e
fashion se faz necessário para esse momento de inserção no mercado. Investir em
peças de roupa demasiadamente vanguardistas pode levar ao consumidor uma
imagem imatura e fantasiosa do que seria o verdadeiro conceito da marca, uma vez
que a empresa se propõe a uma produção comercial.
5.6.1 ksä (Família Básica)
A família básica da coleção Trajetória é totalmente confeccionada em
malha. Inspirada no conceito da própria linha, na sensação de estar em casa e nas
roupas indoor. As malhas em tons de cinza lembram os efeitos de envelhecimentos
de fotos em preto e branco, com os pontilhados e a textura “chuviscada”, típica de
malhas mescladas.
A silhueta é extremamente simples e casual. Com a maleabilidade das
malhas, essa linha propõe uma androginia um pouco mais esportiva e sutil. Os
destaques dessa linha são as jaquetas conversíveis, que se transformam em peças
de baixo.
Os cortes geométricos, evidenciando ainda mais a mistura de tecidos,
retratam uma qualidade urbana das peças. As formas retangulares que brincam de
tom sobre tom foram inspiradas pela silhueta das metrópoles, cheia de formas
duras, que seriam impessoais, não fosse a relação tão intrínseca entre o indivíduo e
a cidade.
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Figura 46 – Look 1 – Regata com Bolso Frontal e Calça/Jaqueta de Botões com Bolso Embutido – Desenho de Moda Fonte: Autoria própria
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Figura 48 – Look 1 – Calça/Jaqueta de Botões com Bolso Embutido – Desenho Técnico Fonte: Autoria própria
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Figura 49 – Look 2 – Regata com Bolso Embutido e Calça/Jaqueta de Zíper com Bolso Embutido – Desenho de Moda Fonte: Autoria própria
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Figura 51 – Look 2 – Calça/Jaqueta de Zíper com Bolso Embutido – Desenho Técnico Fonte: Autoria própria
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Figura 52 – Look 3 – Blusa com Bolso Invisível e Bermuda com Bolso Frontal Invisível e Bolso Embutido Traseiro – Desenho de Moda Fonte: Autoria própria
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Figura 54 – Look 3 – Blusa Bermuda com Bolso Frontal Invisível e Bolso Embutido Traseiro – Desenho Técnico Fonte: Autoria própria
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Figura 55 – Look 4 – Bermuda/Camisa de Botões com três Bolsos Embutidos e T-shirt com Bolso Frontal Invisível– Desenho de Moda Fonte: Autoria própria
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Figura 56 – Look 4 – T-shirt com Bolso Frontal Invisível – Desenho Técnico Fonte: Autoria própria
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Figura 57 – Look 4 – Bermuda/Camisa de Botões com três Bolsos Embutidos – Desenho Técnico Fonte: Autoria própria
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Figura 58 – Look 5 – Maxi T-shirt com dois Bolsos Frontais – Desenho de Moda Fonte: Autoria própria
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Figura 59 – Look 5 – Maxi T-shirt com dois Bolsos Frontais – Desenho Técnico – Parte 01 Fonte: Autoria própria
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Figura 60 – Look 5 – Maxi T-shirt com dois Bolsos Frontais – Desenho Técnico – Parte 02 Fonte: Autoria própria
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5.6.2 diä (Família Fashion 01)
A linha dia foi pensada para proporcionar peças práticas para o dia-a-dia
com estilo e conforto. Roupas para trabalho e saídas diurnas, feitas com materiais
clássicos da indumentária americana.
A camisaria de tricoline tem uma inspiração na camisa formal para
smoking, desconstruída com uma mistura entre tecidos lisos e estampados. Elas
remetem ao estilo descontraído dos artistas Beats, que deslocavam as peças
clássicas quando as usavam com jeanswear. A silhueta é sequinha para os homens,
o que deixa as peças com um aspecto boyfriend para as mulheres.
As peças de baixo, confeccionadas em Brim e Cambraia dão um tom
sépia às composições. O Jeans utilizado dá um toque clássico às peças mais
modernas. Destaque para as saias como proposta para o guarda-roupa masculino e
os cós com elástico e ajustadores para melhor caimento em diversos tipos de corpo.
As estampas foram inspiradas pelos motivos étnicos utilizadas na
indumentária casual desses artistas e contemporâneos da beat generation. As listras
geométricas indígenas e africanas tiveram grande destaque na época. Aqui, em tons
de azul claro e cinza, optou-se por uma representação minimalista e não tão literal
das estampas étnicas.
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Figura 64 – Look 7 – Camisa de Smoking com Manga Enrugada e Calça Skinny Five Pockets Estilizada (dois frontais e dois traseiros invisíveis com um traseiro embutido) – Desenho de Moda Fonte: Autoria própria
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Figura 65 – Look 7 – Camisa de Smoking com Manga Enrugada – Desenho Técnico Fonte: Autoria própria
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Figura 66 – Look 7 – Calça Skinny Five Pockets Estilizada (dois frontais e dois traseiros invisíveis com um traseiro embutido) – Desenho Técnico Fonte: Autoria própria
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Figura 67 – Look 8 – Camisa de Botões com Gola Polo de Malha Piquet e Shot-saia com Bolso Traseiro embutido – Desenho de Moda Fonte: Autoria própria
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Figura 68 – Look 8 – Camisa de Botões com Gola Polo de Malha Piquet – Desenho Técnico Fonte: Autoria própria
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Figura 69 – Look 8 – Shot-saia com Bolso Traseiro embutido – Desenho Técnico Fonte: Autoria própria
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Figura 70 – Look 9 – Camisa “Tuxedo Inspired” com Bolso Frontal e Saia Evasê de Pregas – Desenho de Moda Fonte: Autoria própria
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Figura 71 – Look 9 – Camisa “Tuxedo Inspired” com Bolso Frontal – Desenho Técnico Fonte: Autoria própria
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Figura 73 – Look 10 – Blusa “Polo Inspired” com Saia Reta com Detalhe Plissado – Desenho de Moda Fonte: Autoria própria
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Figura 76 – Look 11 – Maxi Shirt de Botões e Short/Saia com Bolso Avental – Desenho de Moda Fonte: Autoria própria
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Figura 79 – Look 12 – Maxi Shirt “Tuxedo Inspired” com dois Bolsos Frontais e Calça Drop Crotch com Bolsos Aventais Laterais – Desenho de Moda Fonte: Autoria própria
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Figura 80 – Look 12 – Maxi Shirt “Tuxedo Inspired” com dois Bolsos Frontais – Desenho Técnico Fonte: Autoria própria
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Figura 81 – Look 12 – Calça Drop Crotch com Bolsos Aventais Laterais – Desenho Técnico – Parte 01 Fonte: Autoria própria
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Figura 82 – Look 12 – Calça Drop Crotch com Bolsos Aventais Laterais – Desenho Técnico – Parte 02 Fonte: Autoria própria
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Figura 83 – Look 13 – T-shirt com Mangas ¾ Enrugadas e Saia A-Line com Bolsos Avental – Desenho de Moda Fonte: Autoria própria
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Figura 86 – Look 14 – T-shirt com Mangas ¾ Enrugadas e Short Saruel/Macaquinho – Desenho de Moda Fonte: Autoria própria
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Figura 89 – Look 15 – Macacão Conversível Estampado e Blusa de Manga Longa Enrugada – Desenho de Moda Fonte: Autoria própria
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Figura 90 – Look 15 – Macacão Conversível Estampado – Desenho Técnico – Parte 01 Fonte: Autoria própria
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Figura 91 – Look 15 – Macacão Conversível Estampado – Desenho Técnico – Parte 02 Fonte: Autoria própria
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Figura 92 – Look 15 – Macacão Conversível Estampado e Blusa de Manga Longa Enrugada – Desenho Técnico Fonte: Autoria própria
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5.6.3 luä (Família Fashion 02)
A segunda família fashion é voltada para a vida noturna e eventos
importantes. Cheia de estilo e confeccionada em materiais sofisticados, foram
inspiradas na vida noturna e na atividade underground da juventude nova-iorquina
dos anos 50.
Uma silhueta mais provocativa, ajustada e andrógina. A jaqueta do terno,
desconstruída e reformulada, é a peça chave dessa família. Misturada com peças
mais casuais e joviais, ela consegue dar o clima ideal de sofisticação para as
composições.
Essa parte da coleção tem como ponto de partida os experimentos com
as formas da indumentária clássica americana: a calça jeans e o blazer de lã fria.
O destaque fica para os vestidos unissex, que pode ser uma aposta
extremamente vanguardista para o público masculino. Com uma silhueta e
modelagem mais simples, o que garante a relevância para o público feminino é a
estamparia e a mistura de materiais.
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Figura 93 – Look 16 – Jaqueta Bicolor com três Botões e Calça Jeans | Brim Five Pockets (com dois bolsos invisíveis frontais e traseiros) – Desenho de Moda Fonte: Autoria própria
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Figura 95 – Look 16 – Calça Jeans | Brim Five Pockets (com dois bolsos invisíveis frontais e traseiros) – Desenho Técnico – Parte 01 Fonte: Autoria própria
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Figura 96 – Look 16 – Calça Jeans | Brim Five Pockets (com dois bolsos invisíveis frontais e traseiros) – Desenho Técnico – Parte 02 Fonte: Autoria própria
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Figura 97 – Look 17 – Colete Tricolor com quatro Botões e Short Jeans | Brim Five Pockets – Desenho de Moda Fonte: Autoria própria
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Figura 98 – Look 17 – Colete Tricolor com quatro Botões – Desenho Técnico Fonte: Autoria própria
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Figura 103 – Look 19 – Camisa Padre com Bolso Invisível Frontal, Jaqueta Tricolor de Três Botões e Calça Jeans | Brim Three Pockets – Desenho de Moda Fonte: Autoria própria
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Figura 104 – Look 19 – Camisa Padre com Bolso Invisível Frontal – Desenho Técnico Fonte: Autoria própria
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Figura 106 – Look 19 – Calça Jeans | Brim Three Pockets – Desenho Técnico – Parte 01 Fonte: Autoria própria
162
Figura 107 – Look 19 – Calça Jeans | Brim Three Pockets – Desenho Técnico – Parte 02 Fonte: Autoria própria
163
Figura 108 – Look 20 – Camisa de Manga Curta e Gola Padre com Bolso Invisível, Jaqueta com Gola Careca V e Calça Saruel com Bolso Faca – Desenho de Moda Fonte: Autoria própria
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Figura 109 – Look 20 – Camisa de Manga Curta e Gola Padre com Bolso Invisível – Desenho Técnico Fonte: Autoria própria
166
Figura 111 – Look 20 – Calça Saruel com Bolso Faca – Desenho Técnico – Parte 01 Fonte: Autoria própria
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Figura 112 – Look 20 – Calça Saruel com Bolso Faca – Desenho Técnico – Parte 02 Fonte: Autoria própria
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Figura 113 – Look 21 – Maxi Shirt-Dress com Botões Escondidos e Jaqueta de Gola Careca em V – Desenho de Moda Fonte: Autoria própria
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Figura 114 – Look 21 – Maxi Shirt-Dress com Botões Escondidos – Desenho Técnico – Parte 01 Fonte: Autoria própria
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Figura 115 – Look 21 – Maxi Shirt-Dress com Botões Escondidos – Desenho Técnico – Parte 02 Fonte: Autoria própria
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5.6.4 ärt (Família Vanguarda)
A família vanguarda é curta, porém, tem um ponto de vista muito claro: a
casualidade. Não nos estilos e na composição do look, a casualidade passa pelo
processo de criação dessas peças e de suas qualidades físicas.
A estamparia digital emula um clima de feito a mão, de pintura caseira,
dividindo lugar com peças pintadas à mão, de fato.A calça que parece tingida com
técnicas de tie-dye, na verdade é estampada com a imagem de um céu chuvoso.
A estrutura da roupa é uma interpretação das peças envelope, com a
utilização de acessórios utilitários, como a fivela de fechamento plástica, própria
para mochilas e bolsas. Essa escolha aproxima a roupa do patamar de objeto de
fuga, acessório de viajante.
A linha também pega emprestado elementos das outras famílias da
coleção, como a camisaria e alfaiataria e a mistura de materiais, trazendo um
sentido maior para essas peças dentro da coleção.
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Figura 117 – Look 22 – Maxi-Shirt de Manga Enrugada e Legging de Malha Mescla e Couro Ecológico – Desenho de Moda Fonte: Autoria própria
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Figura 118 – Look 22 – Maxi-Shirt de Manga Enrugada – Desenho Técnico – Parte 01 Fonte: Autoria própria
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Figura 119 – Look 22 – Maxi-Shirt de Manga Enrugada – Desenho Técnico – Parte 02 Fonte: Autoria própria
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Figura 120 – Look 22 – Legging de Malha Mescla e Couro Ecológico – Desenho Técnico Fonte: Autoria própria
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Figura 121 – Look 23 – Camisa Envelope com Gola de Padre e Botões Escondidos e Legging Estampada – Desenho de Moda Fonte: Autoria própria
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Figura 122 – Look 23 – Camisa Envelope com Gola de Padre e Botões Escondidos – Desenho Técnico Fonte: Autoria própria
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Figura 124 – Look 24 – Coat | Mid Dress com Estampa Digital e Legging Estampada – Desenho de Moda Fonte: Autoria própria
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Figura 125 – Look 24 – Coat | Mid Dress com Estampa Digital – Desenho Técnico – Parte 01 Fonte: Autoria própria
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Figura 126 – Look 24 – Coat | Mid Dress com Estampa Digital – Desenho Técnico – Parte 02 Fonte: Autoria própria
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CONCLUSÃO
A criação de uma marca de moda exige muito mais do que um gosto pela
indústria da moda e uma mente criativa. Sem um olhar abrangente e determinado,
motivados por uma ideia inovadora, o sonho de construir uma empresa e gerenciá-la
não é possível. Exige conhecimentos multidisciplinares de design, marketing e
conhecimentos técnicos da indústria têxtil. Não é uma tarefa fácil, se for levada em
consideração a complexidade e os desafios que são necessários para que se
obtenha sucesso e reconhecimento no setor.
Definitivamente, uma pesquisa bem elaborada, aliada as soluções de
design bem pensadas, é a chave para compreender por onde começar e como lidar
com os solavancos, altos e baixos do percurso. Conhecer bem o seu cliente, o seu
produto e as formas adequadas de abordá-los são, de maneira geral, a grande
sacada que um empresário de moda deve ter.
Ter certeza do que se produz e para quem se produz: essas são duas
qualidades muito preservadas dentro do processo de criação da ändra. Com um
produto inovador e arriscado como a moda unissex, é preciso ter muita cautela na
hora de tomar as decisões. Nessa realidade, praticamente qualquer coisa pode
deixar a desejar, desde um corte mal executado até uma publicidade descuidada.
Para diminuir os riscos de fracasso, é preciso tomar muita atenção aos detalhes e,
principalmente, aos clientes, aos valores percebidos por eles.
Definitivamente, os objetivos principais foram atingidos. A marca foi criada
conforme o planejado, segundo os padrões almejados inicialmente. A única ressalva
fica por conta do sucesso entre o público descrito. Ainda não houve tempo para
recolher dados suficientes que afirmem se a empresa conseguiu atingir um sucesso
financeiro com um produto largamente aceito pelo mercado. O que existe, porém, é
um forte sentimento de dever cumprido, onde cada produto desenvolvido reflete os
conceitos da marca e os anseios do designer.
Acima de tudo, a ändra é movida por uma paixão e uma visão confiante
de um mercado tão promissor e pouco explorado. Talvez, ela faça parte de um
grande passo na forma como as pessoas veem a moda e a sua relação com os
gêneros.
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REFERÊNCIAS
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