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Transformações na linguagem de revistas de moda tendo o iPad como suporte

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EDER SILVA DO ESPÍRITO SANTO

DESIGN, INTERFACE, MODA E IPAD -TRANSFORMAÇÕES NA LINGUAGUEM DE REVISTAS

DE MODA TENDO O IPAD COMO SUPORTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Senac – Campus Santo Amaro, como Exigência parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Design com habilitação em Interface Digital.

Orientador: Profª Drª Polise de Marchi

São Paulo2011

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S22d Santo, Eder Silva do Espírito

Design, interface, moda e iPad - Transformações na linguagem de revistas de moda tendo o iPad como suporte/ Éder Silva do Espírito Santo – São Paulo, 2011. 100 f. : il. color.

Orientadores: Profª. Drª. Polise de Marchi. Trabalho de Conclusão de Curso Bacharel em Design (Habilitação em Interface Digital) Centro Universitário Senac – Campus Santo Amaro, São Paulo, 2011.

1. Fim da mídia impressa 2. Mídia Digital. 3. Mercado de tablets 4. Revistas de moda. I. Marchi, Polise de (Orient.) II. Autor

CDD - 771.33

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EDER SILVA DO ESPÍRITO SANTO

DESIGN, INTERFACE, MODA E IPAD - TRANSFORMAÇÕES NA LINGUAGEM DE REVISTAS DE MODA TENDO O IPAD COMO SUPORTE

Trabalho de Conclusão de Curso apre-sentado ao Centro Universitário Senac – Campus Santo Amaro, como Exigên-cia parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Design com habilitação em Interface Digital.

Orientador: Profª Drª Polise de Marchi

A banca examinadora dos Trabalhos de Conclusão em sessão pública realizada em __/__/____, considerou o(a) candidato(a):

1) Examinador(a)

2) Examinador(a)

3) Presidente

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À minha mãe,que me inspira a viver plenamente

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AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, pelas horas (e paciên-cia) dedicadas a discutir minhas ideias e aos meus irmãos e amigos, pelas mensagens de incentivo e horas de lazer.

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“Torna-te quem tu és.”Friedrich Nietzsche

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s últimos anos foram palco de um avanço desenfreado nas tecnologias voltadas à comunicação e a chegada de novos dispositivos eletrônicos de leitura, vem transformando a for-ma com que lidamos com a informação na sociedade. Com

o lançamento do iPad, o tablet da Apple, uma nova classe de produtos surgiu no mercado, levantando questionamentos a respeito do futuro das mídias e propondo novas formas de interação e produção de con-teúdo no meio social. O mercado impresso enfrenta agora grandes barreiras na sua manutenção, dada a facilidade que estes novos dispositivos eletrôni-cos oferecem na transmissão de conhecimento a partir de seu uso, fazendo-nos pensar na possibilidade de tornar esta mídia que esteve presente por tanto tempo na sociedade obsoleta. Desta forma, esforços vem sendo feitos para adequar os princi-pais veículos de comunicação impressa, como livros, revistas e jornais para as plataformas digitais, e tal processo de transposição de mídia acaba por transformar o formato tradicional como até então o conhe-cíamos. Este trabalho visa investigar mais a fundo estas transformações para entender melhor a linguagem que surge neste tipo de comuni-cação e se ela é de fato mais adequada às necessidades do indivíduo contemporâneo. Em segunda instância, as revistas de moda tomam o foco destas análises para que sejam identificadas quais mudanças fo-ram geradas em suas características e como as novas mídias puderam auxíliar o desenvolvimento de sua linguagem.

Palavras Chave: Mídia impressa, iPad, mídia digital, revista de moda, revista interativa

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RESUMO

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he last several years the world has seen the appearance of many technologies directed to the development of com-munication gadgets that they are changing the way we are used to interact with the information in the society. With

the launched of iPad, the Apple’s tablet, a new class of electronic prod-ucts emerged in the market, asking about of the medias future and giving new ways to produce contents in the society. Now, the print market fights for its survival against the facili-ties that the digital media brought to the knowledge transmission and reading, making us to think about that the publish market is near to its end. So, this media is facing new challenges to adapt its products, such as books, magazines and journal to the digital platforms, and this transfer process of media makes its traditional format to change. This work intends to identify what these changes are for a bet-ter understanding of the new language that appears in this kind of communication and in fact, it is more adapted to the contemporary needs. After that, the fashion magazines goes to the center of this re-search to identify how its own characteristics has evolved with the new media.

Keywords: Print Media, iPad, digital media, fashion magazine, inter-active magazine

ABSTRACT

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Fig.1 - O reino do iPad. Fonte: Revista Época Negócios, mar 2010. ----------------------------------------- 26Fig.2 - Modelo de códice cristão. Fonte: www.snpcultura.org, acesso em mar 2011. --------------------------- 27Fig.3 - A nova dinâmica do mercado impresso. Fonte: Revista Época Negócios, mar 2010. --------------------- 37Fig.4 - Softbook e Rocket eBook. Fonte: www.reviewsonline.com, acesso em abr 2011. ------------------------ 38Fig.5 – Kindle. Fonte: www.amazon.com, acesso em abr 2011. ---------------------------------------------- 39Fig.6 - Steve Jobs no lançamento do iPad. Fonte: Fonte: www.news.com.au, acesso em mar 2011. -------------- 43Fig.7 - Harpers Bazar Volume1, n.49, 1868. Fonte: http://en.wikipedia.org/, acesso em nov 2011. --------------- 49Fig.8 - Vogue N1,1892. Fonte: http://dctdesigns.com/, acesso em nov 2011. --------------------------------- 49Fig.9 - Revista Fon Fon, 1953. Fonte: http://revistaantigaportuguesa.blogspot.com/, acesso em nov 2011. ------ 50Fig.10 - Ilustrações de Alceu Pena. Fonte: http://www.mitologica.com.br/, acesso em nov 2011. ---------------- 50Fig.11 - David LaChapelle - "Death by Cheeseburger", 2002. Fonte: http://www.lachapellestudio.com/editorial/,acesso em nov 2011. --------------------------------------------------------------------------------- 51Fig.12 - 'The Style Council' - New Yorker, 7 nov 1994. Fonte: http://archives.newyorker.com/?i=1994-11-07,acesso em nov 2011. --------------------------------------------------------------------------------- 51Fig.13 - Foto tirada [...] no desfile da Dior, 2010. Fonte: http://www.huffingtonpost.com/, acesso em nov 2011. -- 53Fig.14 - Tavi e John Galliano, 2010. Fonte: http://www.stylishwithsubstance.com/, acesso em nov 2011. -------- 53Fig.15 - O blogueiro Bryan Boy [...], 2010. Fonte: http://revistamarieclaire.globo.com/, acesso em nov 2011. ----- 53Fig.16 - 'Plato's Atlantis', Alexander McQueen Spring/Summer 2010. Fonte: http://www.fool4thecity.com/,acesso em nov 2011. --------------------------------------------------------------------------------- 53Fig.17 - Vestido de LED, Hussein Chalayan, 2007. Fonte: http://thehypecollective.wordpress.com/,acesso em nov 2011. --------------------------------------------------------------------------------- 55Fig.18 - artofthetrench.com/, acesso em nov 2011. ------------------------------------------------------ 56Fig.19 - Ícone do aplicativo e capa da revista, app ELLE US. Mar, 2011. Santo, 2011. ------------------------- 61Fig.20 - Tela ELLE USA. Mar 2011. Santo, 2011. --------------------------------------------------------- 62Fig.21 - App ELLE USA, navegação entre páginas. Mar 2011. Santo, 2011. ----------------------------------- 62Fig.22 - Sumário e criação de looks, app ELLE USA. Mar 2011. Santo, 2011. --------------------------------- 63Fig.23 - “Tap to buy”, app ELLE USA. Mar 2011. Santo, 2011. --------------------------------------------- 63Fig.24 - Bolsas Gucci, app ELLE US. Mar 2011. Santo, 2011. ----------------------------------------------- 64Fig.25 - Capa e App Vogue março, 2011. Santo, 2011 ----------------------------------------------------- 64Fig.26 - Telas do aplicativo Vogue, 2011. Santo, 2011 ---------------------------------------------------- 65Fig.27 - Capa, app e telas do aplicativo GQ US, 2011. Santo, 2011 ----------------------------------------- 66Fig.28 - Capa, app e telas do aplicativo Nylon magazine, 2011. Santo, 2011 --------------------------------- 67Fig.29 - Capa, app e telas do aplicativo Interview magazine, 2011. Santo, 2011 ------------------------------ 68Fig.30 - Capa, app e imagem do vídeo Esquire março de 2011. Santo, 2011 ---------------------------------- 69Fig.31 - Telas do aplicativo da Esquire, 2011. Santo, 2011 ------------------------------------------------ 69Fig.32 - Telas Esquire março de 2011. Santo, 2011 ------------------------------------------------------- 70Fig.33 - Capa e app Vman outubro 2011. Santo, 2011 ----------------------------------------------------- 71Fig.34 - Telas Vman outubro 2011. Santo, 2011 ---------------------------------------------------------- 71Fig.35 - App, capa e telas Allure novembro de 2011. Santo, 2011 ----------------------------------------- 72Fig.36 - Telas Allure novembro de 2011. Santo, 2011 ---------------------------------------------------- 72Fig.37 - App e capa Dazed & Confused novembro de 2011. Santo, 2011 ------------------------------------ 73Fig.38 - Telas Dazed & Confused novembro de 2011. Santo, 2011 ----------------------------------------- 73Fig.39 - Capa, app, telas e imagem de vídeo aplicativo LOVE magazine, 2011. Santo, 2011 --------------------- 74Fig.40 - Telas aplicativo LOVE magazine, 2011. Santo, 2011 ----------------------------------------------- 75

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

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SUMÁRIO

O papel no mundo tecnológico ------------------------------------- 25Situação atual do mercado impresso ----------------------------- 35Muito antes do iPad ------------------------------------------------- 40Tablets ----------------------------------------------------------------- 42O mercado de tablets ----------------------------------------------- 45Por que o iPad? ------------------------------------------------------ 48

CAPÍTULO 1

A revista de moda e o seu papel ---------------------------------- 49A moda no mundo tecnológico ------------------------------------ 54Moda e Vídeo --------------------------------------------------------- 57Análise de aplicativos de revistas de moda para iPad -------- 61ELLE USA ------------------------------------------------------------ 61VOGUE USA --------------------------------------------------------- 64GQ USA --------------------------------------------------------------- 66Nylon magazine ------------------------------------------------------ 67Interview -------------------------------------------------------------- 68Esquire ---------------------------------------------------------------- 69Vman ------------------------------------------------------------------- 71Allure ------------------------------------------------------------------ 72Dazed&Confused ----------------------------------------------------- 73LOVE magazine ------------------------------------------------------ 74

CAPÍTULO 2

Aspectos relevantes no desenvolvimento de revistasde moda para iPad --------------------------------------------------- 77

CAPÍTULO 3

Considerações Finais ------------------------------------------------------ 89Referências Bibliográficas ------------------------------------------------ 93

Introdução ------------------------------------------------------------------- 21

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INTRODUÇÃO

tualmente, com o desenvolvimento de inúmeros dispositivos eletrônicos e digitais de comuni-cação, a relação que tínhamos com as diver-sas mídias se transformou. Tal transforma-

ção possibilitou, dentre outras coisas, que a informação ganhasse agilidade na troca entre as pessoas e tomasse proporções jamais alcançadas pelas mídias tradicionais.

O papel e a mídia impressa, que por muito tempo servi-ram como os principais meios de difusão do conhecimen-to na sociedade, encontram-se agora em um contexto que torna o seu uso limitado se comparado à gama de possib-ilidades que as novas tecnologias trouxeram para a trans-missão de informação. Assim, surge a necessidade de um suporte que atenda melhor as características que o mun-do contemporâneo requer no processo de comunicação.

Com o lançamento do iPad, tablet criado pela Apple, foi possível enxergar como estas características demandam funções próprias da mídia digital e da internet para que a comunicação se estabeleça de forma mais apropriada aos novos tempos. Há quem diga que ele seja o marco de uma nova era da informática também por refletir num esforço de tornar a operação de um computador cada vez mais voltada às interfaces intuitivas, visando o rompimento às barreiras que impossibilitam pessoas não tão familiarizadas com tecnologia no seu manuseio. Isto evidencia a importância que este dispositivo representa para a propagação do con-hecimento e manutenção social no mundo contemporâneo.

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Ao ser inserido neste cenário, o iPad acaba por transfor-mar não apenas o modo como interagimos com a infor-mação, mas também a relação que temos com os própri-os dispositivos que até então serviam para tal. A principal questão que esta pesquisa visa investigar é exatamente esta: identificar quais novas características na linguagem surgirão no mercado de publicações impressas, mais espe-cificamente as revistas de moda, com a inserção deste dis-positivo tecnológico no meio social. Entender quais novas maneiras de comunicar seus conteúdos vem sendo feitas com uso desta nova mídia e as principais transformações que este tipo de revista passa ao ser transportada para ela.

Deste modo, o primeiro capítulo deste trabalho discute as principais implicações que a mudança de mídia impressa para a digital acarreta no processo de leitura como um todo, além de apresentar fatos que vem causando esta mudança de suporte cada vez mais necessária. Após isto, mostra a contexto que deu origem ao surgimento aos tablets e ex-plica porque o iPad torna-se o foco de análise dentre os outros dispositivos com o funcionamento similar ao seu.

Em seguida, o mercado de publicações de moda é o tema abor-dado para se ter um melhor entendimento da linguagem que uma revista de moda possui mesmo no meio impresso, para que suas características essenciais sejam adaptadas a esta nova mídia. Assim, o segundo capítulo visa explicar as principais causas e intersecções entre a moda e o universo tecnológico que transformaram a forma com que ela passou a operar neste novo cenário, além de apresentar análises dos princi-pais aplicativos de revistas de moda já criados para o iPad.

Já no terceiro e último capítulo constam observações a cerca dos aplicativos analisados tendo em vista os re-cursos que o tablet da Apple dispõe. Neste, também são

Introdução

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apresentadas diretrizes de funcionamento para o que se convencionaria chamar de revista de moda própria para iPad, justificando suas principais funcionalidades e in-corporação em sua narrativa da comunicação as pos-sibilidades de interação que este dispositivo oferece.

Desta forma, o presente trabalho se mostra como um auxílio ao desenvolvimento de conteúdos próprios para esta nova mídia dentro da linguagem de revistas de moda, além de traçar transformações necessárias à comunicação tradicio-nal destas visando uma adaptação a este novo momento.

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os últimos tempos a tecnologia avançou consideravelmente e seus efeitos repercutiram em várias esferas da sociedade. Resultado de muitas transformações causadas pelo desen-volvimento tecnológico, a comunicação entre os indivíduos se

transformou de tal forma, que convencionou-se nomenclaturar o período pós-industrial a partir da década de 1980 de era da informação ou era digital.

O desenvolvimento da internet, a grande teia que interliga milhões de computadores no mundo todo, refletiu numa diminuição das barreiras físicas de acesso ao conhecimento e a percepção que temos do espaço ampliou-se, possibilitando-nos agilidade na troca de informação e uma fonte inesgotável de conteúdo jamais visto em toda a história.

Sua enorme gama de possibilidades transforma-se cada vez mais e ta-refas como pagar contas, comunicar-se com pessoas distantes, pesqui-sar assuntos diversos, ler livros e revistas, dentre muitas outras coisas, tornaram-se possíveis – em alguns casos, até mais viáveis - a partir do uso de um computador com acesso à rede.

Por estes e outros aspectos, percebemos como os paradigmas sociais sofreram impacto com o surgimento desta nova mídia. O computador tornou-se um dispositivo básico de sobrevivência no meio urbano para aqueles que desejam estar a par do que acontece ao seu redor. O surgi-mento de tal artefato vai muito além de uma mera ferramenta de auxí-lio às tarefas do cotidiano: ele se tornou uma realidade em nossas vidas.

Com a absorção do uso dos computadores em diversos segmentos da sociedade, este equipamento se mostrou de fundamental importância para o desenvolvimento da ciência e conhecimento além de suprir as necessidades humanas de comunicação como nenhum outro dispositivo fazia até então.

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CAPÍTULO

1O papel no mundotecnológico

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Ainda mais quando a Apple, famosa empresa de tecnologia e inovação americana, revolucionou o mercado ao adaptar a operação destas má-quinas a uma linguagem mais fácil de ser compreendida por um pú-blico não especializado em informática, criando pela primeira vez na história uma interface gráfica. Assim, o público que passou a manusear estes dispositivos cresceu vertiginosamente e a interação com foco vi-sual demonstrou o quanto poderia tornar mais facilitada a comunicação homem-máquina.

Objeto de estudo deste trabalho, O iPad, o mais recen-te lançamento da Apple, não fugiu à regra de polêmica que cada uma de suas criações geram quando chegam às prateleiras dos lojas de produtos eletrônicos. Trata--se de um dispositivo portátil que permite ao usuário acessar conteúdos multimídia, navegar na internet e principalmente, constituí-se como um grande facilita-dor na leitura de livros, revistas, jornais e demais ob-jetos facilmente classificados como produtos da mídia impressa. Sua inserção na vida cotidiana tem levan-tado diversos debates a respeito do futuro das mídias,

uma vez que seu uso e suas aplicações são muito úteis às necessida-des de trato com a informação do indivíduo contemporâneo. Verdade é, que este artefato representa muito mais que uma simples ferramenta tecnológica e há rumores que apontam que o iPad seja o principal de-sencadeador de uma série de transformações que culminariam em uma revolução em nossa sociedade: o desaparecimento da mídia impressa. Antes de nos lançarmos a acreditar que uma forma tão importante para a evolução da ciência e do conhecimento como fora a mídia impressa está fadada a desaparecer, precisamos analisar quais são as maiores limitações desta, que este novo dispositivo eletrônico supera e identi-ficar quais são as facilitações no processo de leitura, num sentido mais amplo da palavra, que este instrumento proporcionou. Sobretudo a isso, analisar as transformações que acontecem nestes antigos formatos para se adequarem a estes novos suportes, para poder justificar a eficácia de seu uso de acordo com o seu o contexto.

Fig. 1 - O reino do iPad

Capítulo 1 - O papel no mundo tecnológico

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Alguns estudiosos já enxergavam que em breve o modelo de livro im-presso iria tornar-se incapaz de suprir a velocidade que a troca de infor-mação teria necessidade no mundo contemporâneo. Walter Benjamim (1892 -1940), um dos grandes pensadores da modernidade, já profetiza-va que em breve surgiria uma nova forma de lidar com os livros. “Pode-mos supor que novos sistemas, com formas de escrituras mais versáteis, far-se-ão cada vez mais necessários, eles substituirão a maleabilidade da mão pela nervosidade própria dos dedos que operam comandos” (1977 apud MACHADO, 1997, p179). A coincidência destas afirmações com o presente momento em que vivemos merece muita atenção, já que uma das grandes inovações trazidas com o iPad seja a interação através de uma tela touch screen. No texto, “Fim do Livro?”, escrito por Arlindo Machado (1997), ele ex-plica que até um tempo atrás, o maior responsável pela difusão e trans-missão de conhecimento no mundo era o livro, o principal representante da mídia impressa. Sua origem na sociedade aconteceu por volta do séc. IV, quando criou-se o códice, um modelo de “livro” criado com a intenção de diferenciar os escritos sagrados da leitura pagã. Desde lá, uma série de pequenas adaptações foram sendo feitas em seu formato até que ele se tornasse conhecido por nós hoje, através do modelo tipo-gráfico de Guttemberg, criado em 1445. Machado ainda diz que mais tarde, no inicio do séc. XVIII, o mundo viu o surgimento da enciclopédia de Diderot, que consistia em um projeto com a intenção de dar conta do essencial acumulado em termos de co-nhecimentos até a época de sua publicação. O conceito de estruturação dos textos por ordem alfabética, índices de assuntos e palavras chaves introduzidos por ela já proporcionavam um novo sentido ao livro, orga-nizando o pensamento e propondo acesso ao conhecimento de forma não linear, a fim de dispor ao leitor somente o que este estivesse pro-curando.

Fig. 2 - Modelo de códice cristão

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Esta enciclopédia já demonstrava logo naquela época que esforços para tornar a leitura mais adequada ao seu tempo já vinham sendo feitos e que o formato tradicional de leitura de um livro estava sendo aos poucos repensado. É difícil imaginar o livro de outra forma, pois este modelo se mostrou tão prático e funcional por muito tempo, embora hoje, não esteja mais suprindo com eficiência as necessidades do indivíduo con-temporâneo, uma vez que a mídia impressa não encontra-se mais no centro de difusão de conhecimento.

Machado (1997, p.175) ainda questiona se nesta discussão não estamos restringindo o conceito de livro apenas à sua expressão tipográfica e que talvez o modelo gutemberguiano esteja fadado ao desaparecimento e não o livro ele próprio, já que nos acostumamos a chamar de livro, o que hoje é uma derivação do modelo do códice cristão.

Ele destaca que a maioria do legado que temos de pensadores como Marx, Husserl, Peirce, Eisenstein e tantos outros, tenham sido obtidos através de uma enorme quantidade de arquivos de anotações, denun-ciando que até mesmo a forma de propor novos conhecimentos possa estar ameaçada pelo formato de texto impresso linear. “Certamente, homens como esses eram férteis demais para publicar livros; as idéias jorravam de suas cabeças numa velocidade tal que era humanamente impossível dar-lhes acabamento final” (MACHADO, 1997, p.178).

Ele também levanta a questão se o conceito de “livro” - instrumento para dar consistência ao pensamento disperso e para ampliar o seu po-der de influência dentro de uma sociedade (MACHADO, 1997) - não poderia hoje estender-se aos filmes, vídeos, discos e muitos programas a que o sujeito contemporâneo tem acesso, já que estes instrumentos também são responsáveis na construção da perspectiva de cada um. Não podemos acreditar que a única fonte de transmissão de conhecimento seja provinda exclusivamente da leitura de textos. São inúmeras as for-mas que temos hoje de fixar um pensamento, seja através de filmes, mú-sicas, post de blog, twetts, entre outras coisas. Além disso, se tomarmos como base a definição clássica de texto que consiste em “uma cadeia de signos lingüísticos com regras combinatórias” (SANTAELLA, 2007, p.286), veremos que com o passar do tempo, o texto passou a estar pre-

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sente em diversos suportes de comunicação, como a verbal, a pintura, em fragmentos musicais, sinais de tráfego, cidades, vestimentas e etc. Mais tarde, ele ainda sofreu transformações que o fizeram se relacionar com imagens, movimentos, sons e músicas, transformando-o numa lin-guagem híbrida – a hipermídia.

Segundo Feldman, uma definição para o termo hipermídia consiste na “integração sem suturas de dados, textos, imagens de todas as espé-cies e sons dentro de um único ambiente de informação digital” (1995, apud SANTAELLA, 2007, p.317). Nicholas Negroponte (1995, p.19), um dos grandes estudiosos das transformações das mídias na década de 1990, conta que a hipermídia só se tornou possível porque no decorrer dos últimos tempos o vocabulário binário foi muito expandido para in-cluir bem mais do que apenas números e mesmo letras, digitalizando informações como sons, áudios, imagens e vídeos, reduzindo-os também a zeros e uns.

Ao possibilitar numa mesma mídia esses diferentes tipos de informação a hipermídia nasce da junção do hipertexto com a multimídia, referindo--se portanto “ao tratamento digital de todas as informações com a mes-ma linguagem universal, uma espécie de esperanto para as máquinas” (SANTAELLA, 2007, p .318)

Foi o escritor espanhol José Ortega y Gasset quem propôs em 1939 a ideia um tanto exótica de “livro-máquina”, tendo em vista as limitações que o formato de livro tradicional possuia:

O livro-máquina tem a finalidade de manter fora do homem, sem pre-juízo de sua energia mental e, ao mesmo tempo, à sua permanente disposição, as informações necessárias sobre as diversas ordens do pragmatismo humano. Algumas obras científicas alemãs e inglesas já são hoje verdadeiros aparatos que funcionam quase que automatica-mente, (sobretudo graças à refinada técnica de seus índices

(GASSET apud MACHADO, 1997, p.180).

Diante disto, a mídia digital, que é suporte para a maioria dos formatos da produção intelectual atualmente, configura-se como o principal ‘livro’

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contemporâneo e o computador como sendo o verdadeiro livro-máquina proposto pelo escritor. Ao ser transportada para o meio virtual, a leitu-ra sofre inúmeras transformações que a adequam ao momento em que estamos vivendo.

Pierre Lévy (1996, p. 35) define a leitura como sendo um processo abs-trato de dar sentido a algo e que este exercício será sempre atribuído a uma forma muito singular, pois ao percorrer um texto, cada indivíduo o relaciona com outros textos, imagens, sentimentos e tudo o mais que os constituem; seu próprio repertório é que fornece as premissas de com-preensão do material que tem em mãos.

Assim, ele defende que o esforço de conectar o texto em que se esta lendo a outros conteúdos é fundamental no processo de leitura, indepen-dentemente do meio que lhe serve de suporte, pois é o relacionamento destas informações que lhe garante uma maior compreensão do assunto abordado.

O texto quando lido em papel, apresenta-se isolado, estático; ele está integralmente manifesto, propondo apenas um percurso linear ao leitor e impossibilitando o enriquecimento da leitura com conteúdos adicio-nais, sendo esta uma grande barreira imposta pelo formato impresso de um livro a uma leitura mais ampla. Não que um leitor não possa coletar dados extraídos da leitura e pesquisá-los em um outro momento para dar continuidade ao estudo de determinado assunto, mas o tempo que se leva para tal, pode comprometer a velocidade que o trânsito de informação necessita atualmente.

Quando do seu surgimento, a internet não tinha as mesmas aplicações que se tem hoje e das inúmeras transformações que passou para que seu uso chegasse ao alcance do grande público – e este enxergasse utilidade em seu uso – foi a criação do hipertexto informático.

Os fatores que definem o hipertexto são muitos, mas de acordo com Lú-cia Santaella (2007, p.310), para sintetizá-los podemos enfatizar dois deles: sua alinearidade; por permitir que a sequência de leitura dos diferentes módulos que o compõe não seja fixa e a interatividade que

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propicia; é o usuário que determina que informação deve ser vista, em que sequência e por quanto tempo.

A função do hipertexto é exatamente a de eliminar as barreiras da conexão, ao ligar diretamente os termos e as ideias presentes no texto com outros materiais que possam embasá-los ou até mesmo subvertê--los, esta mídia viabiliza processos que ocorrem na mente durante a leitura. Além disso ilustrar como a tecnologia funciona a serviço das necessidades humanas, ainda nos mostra que ela baseia-se na virtuali-zação de funções cognitivas (LEVY, 1996, p.38).

A estrutura de texto em modelos de extensão da memória é não--linear, pois a sequência dos conteúdos é decidida pelo usuário e não mais pela arbitrariedade do autor de um livro, registrado no suporte impresso e obrigatoriamente linear. O usuário entra em um sistema de co-autoria do material que é exposto a ele. Ainda que ele não tenha o controle do conteúdo interno, a maneira com que é definida a sequência dos tópicos, interligando um conteúdo a outro em dife-rentes ordens, define e, por vezes, altera o próprio contexto

(BRAGA, 2007 apud SANTAELLA, 2007)

Neste cenário, o hipertexto figura como peça chave quando queremos falar da melhor adequação que a leitura de um livro ou revista é feita tendo o iPad como suporte. Uma vez que o texto alí presente já esteja vinculado aos conteúdos extras que apresenta, o ganho de agilidade na leitura é muito maior que o da mídia impressa. “A digitalização e as novas formas de apresentação do texto só nos interessam porque dão acesso a outras maneiras de ler e compreender” (LEVY, 1996, p. 40); o transporte da leitura para esta nova mídia não se caracteriza como um processo redundante, pelo contrário, ele é mais eficiente.

O texto virtualizado, além de ser essencialmente ligado a outros tex-tos através do hipertexto, ainda dispõe para o seu usuário percorrer a leitura que bem desejar, tornando “o leitor em tela mais ativo” (LEVY, 1996, p. 40). Isso representa uma vantagem não apenas em termos de eficiência na leitura, mas também, por forçar que o leitor aumente sua própria perspectiva, sendo mais questionador e crítico com o conteúdo que tiver contato. “O computador é um potencializador da informação.

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A tela é uma nova máquina de ler e toda leitura no computador é uma edição, uma montagem singular” (LEVY, 1996, p. 41).

a linguagem digital realiza a proeza de transcodificar quaisquer có-digos, linguagens e sinais, sejam estes textos, imagens, gráficos, sons e ruídos, processando-os computacionalmente e devolvendo-os aos nossos sentidos na sua forma original. Ele coloca todas as mídias numa única raiz; cria sintaxes híbridas. Antes, elas coexistiam, agora

se co-engendram. (SANTAELLA, 2007, p.293).

O mundo do hipertexto torna possível a leitura de textos tridimensio-nais, interativos, uma vez que já traz dentro de si, várias outras pos-sibilidades de leitura. Arlindo Machado (1997, p. 183) explica, que o hipertexto parece fazer ecoar a hipótese do Livre de Mallarmé surgido no século XIX: a ideia de um texto infinito, continuamente modificável pela interligação mundial de um número sempre crescente de outros textos. Este projeto não mais é visto como um sonho delirante, já que a rede hipertextual world wide web oferece as premissas para o Livre funcionar.

De fato, as novas mídias são vistas como a evolução do processo histó-rico do livro e consequentemente, possuem inúmeras vantagens quando comparadas a ele. O ato de tornar textos, imagens e inúmeras outras entidades em informações virtuais, dentro de um dispositivo digital, im-plicam em transformações substanciais na relação que temos com estes objetos no meio físico.

Pierre Levy diz que o significado da palavra “virtual” é popularmente confundido como sendo o antônimo da palavra “real”, mas explica que essa não é uma conclusão correta. Analisando as origens etimológicas deste termo, encontramos as seguintes definições: segundo a filosofia escolástica virtual é tudo aquilo que existe em potência, não em ato; e no latim: força; potência. Assim, o verdadeiro antônimo de virtual seria a palavra atual, o que já existe; o que é concreto.

O autor destaca que está implícito ao fato de existir de forma virtual um complexo problemático que gera coerções a este estágio de exis-tência. Essas coerções, os agentes externos que influenciam o processo

Capítulo 1 - O papel no mundo tecnológico

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de desenvolvimento neste modo, acabam por gerar o que ele chama de atualização, a resposta que um corpo virtualizado faz surgir na tentativa de solucionar esta problemática: “o virtual é como um complexo pro-blemático que deriva um processo de resolução: a atualização” (LEVY, 1996, p. 16).

Como a existência virtual sempre estará vinculada a um complexo pro-blemático, pois isto é uma condição essencial da virtualização, o objeto em questão deverá apresentar constantemente atualizações: funcionan-do no meio virtual, este objeto nunca será imaginado apenas sob a for-ma que é apresentado, suscitando novas possibilidades de sua própria existência. O autor ainda diz que “a virtualização é um dos principais ve-tores da criação de realidade” (LEVY, 1996, p. 18), pois é a partir desse esforço criativo (a atualização) que imaginamos novas possibilidades para as coisas que já existem e transformamos o meio em que vivemos.

Outro aspecto que a virtualização traz à tona é no sentimento de des-territorialização que temos ao lidar com um corpo virtualizado. Estan-do desvinculado do espaço temporal, ele nos estimula a pensar em sua contextualização, fazendo com que nossa análise enxergue as coisas sob uma maior perspectiva. Assim, isto torna a leitura mais interpretativa, já que tem o objetivo de localizar o seu tempo de origem. Este processo de identificar os objetos no espaço-tempo são caracterizados como o efeito moebius, conforme destaca Levy; “as coisas só tem limites claros no real. A virtualização põe em causa a identidade clássica, o pensamen-to apoiado em definições.[...] Por isso é sempre heterogênese” (LEVY, 1996, p. 25).

Com isto, o fato de algo existir no meio virtual, além de nos forçar a enxergar novas formas potenciais para a sua existência, nos liberta da maneira engessada de propor estas novas formas. A mídia digital pos-sibilita não só a transformação na leitura e sim um novo pensar diante de tudo com que lidamos virtualmente. Uma vez que diversas entidades da sociedade tenham criado suas representações dentro deste sistema, exemplos como a economia, o corpo, bem como o texto, a forma com que os conhecemos são submetidos a passagem à problemática. Assim, este

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processo resulta em uma atualização no meio físico, servindo-se como um meio de transformação da realidade.

Ao condensar numa única mídia as principais possibilidades de comuni-cação de nosso tempo, o iPad dispõe aos seus usuários as ferramentas necessárias para interagir no meio social de acordo com o contexto atual. Desta forma, não podemos encará-lo como um dispositivo vol-tado apenas ao entretenimento, já que sua utilização contribuí para a formação intelectual de um indivíduo e viabiliza sua participação na sociedade. Porém, é preciso que sua lógica de funcionamento esteja essencialmente vinculada a todas as novas possibilidades que a mídia digital oferece, senão, estaríamos anulando todo o potencial tecnológi-co que este dispositivo possuí, e consequentemente, sua razão de existir.

“Considerar o computador apenas como um instrumento a mais para produ-zir textos, sons ou imagens sobre suporte fixo (papel, película, fita magnéti-ca) equivale a negar sua fecundidade propriamente cultural, ou seja, o apa-

recimento de novos gêneros ligados à interatividade.” (LEVY, 1996, p.41)

Para a safra de livros, revistas e jornais que irão surgir tendo o iPad como suporte, será necessário que a experiência de uso acrescente no-vas formas de interação com o usuário leitor, diferentes das que já tive-mos contato com seus formatos impressos, por isso a importância de se estudar a linguagem deste sistema que está se formando. Os recursos multimídia serão fundamentais para o desenvolvimento desses conteú-dos, para assim, potencializar toda a informação que será transmitida através desta nova forma de comunicação.

Capítulo 1 - O papel no mundo tecnológico

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Situação atualdo mercado impresso

Era de se esperar que estas transformações que ocorreram na sociedade nos últimos tempos fossem influenciar o fun-cionamento do mercado editorial como até então o conhe-cíamos. Foi preciso que este setor inventasse alternativas

para adequar a sua operação às características do atual momento em que vivemos.

Assim, o mercado de produção impressa sofreu algumas mudanças que quebraram a lógica linear que antes existia, onde o autor junto a uma editora lançava um livro e as livrarias disponibilizavam-no para o gran-de público. Com as inúmeras facilidades que a rede dispõe na trans-missão de arquivos, são várias as possibilidades de fazer com que estas obras cheguem até o leitor final por vias que não físicas.

Os meios digitais são prodigiosos em aproximar as diversas partes do planeta e a velocidade com que qualquer tipo de dado viaja na rede é muito grande. Em alguns casos a troca de informações entre computa-dores é tão rápida que atinge a casa dos milissegundos. Na web, também não há barreiras geográficas ou distâncias físicas, um dos fatores mais agravantes na distribuição de livros impressos. Estima-se que 15% do preço de capa de um título represente os gastos com seu transporte, de acordo com matéria publicada na revista Época Negócios de março de 2010.

Mas de todas as transformações que vem acontecendo essa é somente uma pequena dimensão da mudança. Para entendê-la, podemos tomar como exemplo o caso da Amazon, que definitivamente estabeleceu um novo paradigma para a operação industrial e comercial nesse setor. Ao perceber que os livros ocupavam os primeiros lugares de produtos mais comercializados pela internet, a companhia de Jeffrey Preston Bezos decidiu qual seria seu nicho de atuação, criando um catálogo com mais de 1 milhãos de títulos, possível de se realizar somente no meio digital.

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36Capítulo 1 - Situação atual do mercado impresso

Com esse mesmo gigantismo, a Amazon posicionou-se no mercado edi-torial. Criou, nos últimos seis anos, novas frentes de negócios por todas as etapas da indústria do livro, oferecendo serviços como o BookSurge, que permite a impressão de títulos sob demanda, assim não é preciso mais mandar para o prelo um número exagerado de livros e vê-los en-calhar em depósitos. Esta é uma das maiores preocupações do formato tradicional do mercado impresso, onde toda edição implica riscos deste tipo. A empresa também oferece o CreateSpace, um programa que au-xilia autores, cineastas e músicos a produzir, divulgar e distribuir suas obras na rede, funcionando como um grande incentivador da produção independente.

Em 2008, a companhia de Bezos comprou a Audible.com, uma empresa de audiolivros, que desenvolve programas que instalados nos dispositi-vos, lêem (literalmente) o livro para o usuário. O recurso, embora sim-ples e comum, faz sucesso e algumas pesquisas indicam que pode ajudar na educação de crianças com problemas de aprendizado. No mesmo ano, a Amazon também comprou a AbeBooks, uma espécie de sebo onli-ne, e a Shelfari, uma rede social formada por leitores assíduos. Em abril de 2009, adquiriu a LexCycle, que criou o Stanza, um aplicativo para a visualização de livros no iPhone.

Bezos tem ainda um programa bastante inteligente, chamado Amazon Encore que de acordo com os dados das vendas do site, o sistema iden-tifica livros com bom potencial de mercado e os imprime numa nova edição. Para que essas obras entrem no radar do Encore, basta que tenham feito sucesso entre a audiência. O software coleta, diretamente entre os usuários, as informações sobre o que querem e o que conside-ram relevante.

A Google também criou outro grande projeto a fim de conseguir uma melhor adequação da mídia impressa aos tempos de hoje. Com a am-biciosa proposta de digitalizar todos os livros do planeta, até o final de 2009 a empresa já havia conseguido atingir a marca de 10 milhões de livros em seus bancos de dados. Para isso, os engenheiros da companhia chegaram até a criar um método específico de digitalização, em que mil páginas são escaneadas por hora. Dados apontam que, dos 55 milhões

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de títulos existentes no mundo, 10% representam o catálogo ativo das editoras, 15% caíram em domínio público e 75% – ou 40 milhões – são livros não mais comercializados, mas que ainda não estão em domínio público1. Estes dois últimos grupos foram os alvos da empresa para che-gar em tais cifras.

De todos os formatos da mídia impressa, o jornal é o que mais vem sendo prejudicado com a introdução dos novos dispositivos eletrônicos. Para citar um exemplo, em 2007, Rupert Murdoch, dono da News Corp., que reúne títulos como The Wall Street Journal (WSJ) e o britânico The Times, anunciou que pretendia liberar o acesso ao WSJ pela internet, dizendo preferir 15 milhões de leitores online em todo o mundo a 1 mi-lhão de assinantes da publicação online, que geram uma receita anual de US$ 65 milhões. Em maio de 2009, desistiu desta ideia e informou que todos os sites de sua empresa cobrariam pelas visitas. “A revolução digital abriu canais de distribuição novos e baratos. Mas a indústria que simplesmente dá seu conteúdo de graça está matando sua habilidade de produzir boas reportagens”, disse Murdoch2.

Recentemente, um conglomerado de oito publicações francesas, incluin-do os jornais “Le Figaro”, “Les Echos”, “L’Équipe” e outros, juntaram forças para tentar melhorar as condições impostas pela Apple na dis-tribuição de seus produtos na appStore, lançando um quiosque digital para vender edições individuais no iPad e que em breve oferecerá as-sinaturas e pacotes de produtos. Essas publicações alegam que o valor cobrado de comissão pela Apple de 30% nas vendas na AppStore – que se mantém rígida em relação a esta cobrança - deveria ser re-negociado com as editoras, que não tem condições de se manter neste cenário. Elas ainda disseram que não iriam oferecer seus produtos na nova loja digital da Apple, o Newsstand, espécie de banca virtual, enquanto não obtivessem grandes concessões.

Estes são só alguns dos efeitos que a mídia impressa vem sofrendo atu-almente. A inserção de novos dispositivos como o iPad neste cenário fa-vorece a criação de uma cobertura tendenciosa por parte da imprensa, ____________1 do Online Computer Library Center (OCLC);2 em reportagem de março de 2010 disponível no site da revista Época Negócios.

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gerando polêmica sobre o futuro das mídias. Que transformações estão ocorrendo na forma com que lidamos com veículos impressos de infor-mação, não há dúvida, mas seria precipitado afirmar que a sociedade está diante da era em que a informação será totalmente transmitida por meio de bits e não de átomos.

Na realidade quando surge um novo meio de comuni¬cação, ele não sustitui o anterior ou os anteriores, mas provoca uma reformu-lação no papel cultural que era desempenhado pelos precedentes

(SANTAELLA, 2007, p. 288)

É correto afirmar que com os inúmeros avanços que a tecnologia da informação vem tendo, no futuro, será possível adquirir um iPad, onde o usuário pode armazenar inúmeros livros, revistas, jogos e diversas outras coisas por um preço inferior ao da enciclopédia britânica, por exemplo. O valor monetário de uma única edição de muitas revistas impressas internacionais compradas no Brasil, em alguns casos chegam a custar o mesmo valor da assinatura anual de suas versões para o iPad.

Ao passo que isso demonstra uma clara constatação na facilidade que esses equipamentos trouxeram não só no uso, mas também no processo de produção e distribuição, visto que um livro requer uma tecnologia bem menor em sua confecção, não podemos inferir que ele se tornará totalmente obsoleto no futuro. Como disse, Negroponte (1995, p. 26), “o que teremos no futuro não será uma coisa ou outra, mas ambas”.

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Fig.3- A nova dinâmica domercado impresso, 2010.

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ara entendermos a atual conjuntura deste novo mercado que surgiu, é preciso analisar sua trajetória ao longo dos anos. Por mais que pareça que esses novos dispositivos eletrôni-cos tenham sido criados recentemente, o primeiro projeto de

equipamento data do fim da década de 1990, o que pode ser considera-da a pré-história deste setor.

Estes equipamentos não apresentavam funcionalidades como as dos tablets, hoje em dia, mas servem de parâmetros para entendermos o desenvolvimento desta nova mídia. Basicamente, o principal recurso da-queles dispositivos era facilitar a leitura de arquivos de textos. O Softbook, criação de uma empresa com o mesmo nome situada em Menlo Park e o Rocket eBook da NuvoMedia, de Palo Alto, aparelhos estes mais especificamente conhecidos como e-readers, foram os pri-meiros dispositivos lançados no mercado com a premissa de auxiliar na leitura de livros e textos. No entanto, quando foram lançados no mercado, o universo tecnológico ainda não estava em um nível de de-senvolvimento capaz de fornecer bases sólidas para que fosse possível serem aderidos por um número considerável de usuários. Os aparelhos pesavam mais de 1 quilo, aniquilando a possibilidade de tornarem-se portáteis, sua conexão funcionava de forma rudimentar, seus bancos de dados não eram elaborados adequadamente e além de tudo, eram tec-nologicamente precários. Sem contar no acervo limitado de títulos que possuiam, fator que impossibilitava as facilidades que eles propunham para o ato de ler. Os dois projetos não deram certo e hoje não se tem mais notícias deles.

O grande estopim do mercado de e-readers aconteceu em 2007 e não teve origem por empresas de inovação tecnológicas da região california-na, famosa por servir de berço para inúmeros projetos que mais tarde tornam-se negócios super rentáveis. Foi a Amazon, a gigante global do

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Fig.4 - Softbook eRocket eBook

Capítulo 1 - Muito antes do iPad

Muito antes do iPad

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Fig.5 - Kindle

comércio online, com faturamento anual de 24,3 bilhões de dólares que trouxe ao mundo o verdadeiro desencadea-dor desta nova plataforma de comunicação.

O kindle (termo que significa aceso ou iluminado, no sen-tido de inspirador) apresentou-se como uma ferramenta viável para suprir a falta de um e-reader com bom de-sempenho. Com características muito diferentes dos seus antecessores, como peso de apenas 292 gramas, capacida-de para armazenar 1,5 mil livros, conexão à internet por rede sem fio de terceira geração (3G) e com uma interface muito fácil de ser usada, ele rapidamente se tornou o principal ícone deste nicho de mercado. Seu acervo de livros disponibilizados para a compra, ultrapassam a marca de 420 mil nos Estados Unidos e 360 mil, no Brasil3.

Assim, o e-reader da Amazon tornou fácil, prática e estimulante a tare-fa de ler livros, jornais e revistas através de um dispositivo eletrônico. Hoje, ele domina amplamente o mercado de e-readers, com pelo menos 60% de participação, seguido pelos três dispositivos da Sony, chamados Pocket, Daily e Touch Edition, com 30%. Até hoje não foram divulgados números de quantas unidades a Amazon já vendeu de seu e-reader, mas estima-se que essa quantia esteja por volta de 3 milhões, das quais 500 mil foram comercializadas fora dos Estados Unidos.

Dados de 2010 da consultoria americana Forrester Research, especiali-zada em análise de mercado, indicam que 3% da população americana lê livros em computadores portáteis, como notebooks. Em contraparti-da, por enquanto, somente 1% utiliza e-readers. Mas entre esses dois grupos há uma diferença crucial. Quem usa o laptop, lê pouco e não paga nada pelo conteúdo, apenas o baixa na internet. Quem tem o leitor eletrônico, lê em média dois livros digitais por mês e sempre paga por isso. Isto demonstra que leitores de e-readers representam um grupo de consumidores em potencial.

____________3 segundo reportagem da revista Época NEGÓCIOS de março de 2010.

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42Capítulo 1 - Muito antes do iPad

empre que Steve Jobs, ex-CEO e um dos criadores da Apple, comunicava à imprensa que sua equipe desenvolveu um novo produto, jornalistas, empresários, designers e quaisquer indi-víduos ligados às tendências tecnológicas mundiais animam-

-se para descobrir o que virá de novo no mercado. Não é difícil que o produto gerado a partir de suas pesquisas, possa causar sérias mudanças na forma com que as pessoas interagem com seus aparelhos tecnológi-cos. Sua companhia consegue sintetizar em produtos as necessidades humanas de acordo com o contexto de seu tempo.

STablets

Não há dúvidas que a venda de e-books, as versões eletrônicas dos li-vros, sejam capazes de gerar grande rentabilidade. A própria Amazon vendeu mais títulos eletrônicos do que impressos, no final de 2009. Se-gundo Edward McCoyd, diretor de políticas digitais da Associação Ame-ricana de Editores (AAP, na sigla em inglês), a venda de livros digitais somava US$ 20 milhões em 2003 e alcançou quase US$ 350 milhões em 2009. “Acreditamos que a publicidade em torno do lançamento das três versões do Kindle tenha sido o principal fator para esse crescimen-to. Hoje, os e-books ainda representam uma fatia pequena do mercado americano de livros, que movimenta US$ 24 bilhões por ano. Abrange entre 1% e 2% do total. Mas suas vendas avançam a uma taxa de três dígitos ao ano” 4.

Que o Kindle conseguiu lugar de destaque neste cenário não há dúvidas, mas seu papel não foi tão revolucionário para o fênomeno capaz de mudar completamente os paradigmas que este trabalho pretende inves-tigar. Foi com a já famosa empresa de tecnologia Apple que os passos mais importantes no desenrolar destas preposições foram dados.

____________4 em entrevista à revista Época Negócios em março de 2010.

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Os primeiros computadores pessoais no mundo, até então eram usados apenas por pessoas muito experientes em sua operação, dado o nível de complexidade de manuseio desta nova ferramenta que ainda não apresentava suas vantagens de forma clara. Diante deste cenário, Apple lança aquele que se tornaria um dos seus maiores ícones. Em 1984 sur-ge o Macintosh, o primeiro computador que dinamizava e facilitava seu uso a partir de uma interface gráfica, diferente das monótonas linhas de código que eram presentes na maioria de PC’s daquela época.

Tal feito causou uma revolução no mercado informático, capaz de de-finir os parâmetros de interação que temos com nossos computadores pessoais até hoje. Prezando por um diálogo mais intuitivo com os usu-ários, o ato de utilizar um computador se tornou muito mais prazeroso e fez com que milhares de pessoas sem nenhuma experiência pudessem utilizá-los. Daí pra frente, praticamente todo o mercado passou a se basear neste grande feito para criar suas próprias versões de sistemas operacionais, explicitando todo o potencial do modelo proposto pela companhia de Jobs.

Já firmada no mercado como uma empresa de inovação, a empresa de Jobs obteve outros grandes cases de sucesso de produtos, com o iPod e o iPhone. É importante ressaltar que o furor que estes objetos causam ao serem inseridos no mercado atinge questionamentos das mais variadas espécies e o quanto a tecnologia esta a serviço de nossas necessidades.

Com o lançamento do iPad não foi diferente. As inúmeras novas ferra-mentas que este dispositivo trouxe, fizeram com que ele se tornasse o principal elemento de uma nova categoria de produtos, os tablets. Eles tem o potencial de unificar usos – e conteúdos – num só dispositivo.

Enquanto que o Kindle é uma ferramenta especialista em ler textos, o iPad é um generalista, faz tudo. O tablet da Apple reproduz o que se chama de conteúdo multimídia, que combina sons, imagens, vídeos, fotos e textos. Tal característica o torna especialmente atraente para alimen-tar a interação do usuário com qualquer tipo de informação.

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A mais nova geração de editores de textos já não pode mais ser en-carada como uma mera ferramenta para auxiliar a escrita, mas como uma mídia nova, completa em si mesma, uma vez que permite acres-centar aos textos um certo número de elementos audiovisuais (voz oralizada, música, imagens em movimento) já que não podem ser impressos em papel (MACHADO, 1997, p. 174).

O que torna o iPad tão atraente é sua experiência de uso, até então, diferente de qualquer outro produto disponível no mercado. Sua tela grande, sensível ao toque, com excelente qualidade de imagem e res-postas precisas aos comandos realizados em um sistema operacional simples e intuitivo é fascinante para pessoas de qualquer idade. Sua portabilidade também impressiona, já que um produto com apenas 605 gramas, tenha uma bateria capaz de durar 10 horas de uso, tempo muito maior que a de qualquer notebook.

Usuários foram questionados sobre quais são as três principais funções que procuram em um tablet. A maioria disse navegar na web, assistir a vídeos e jogar, revelando como os maiores atrativos que o iPad ofere-cem, estão na lista de prioridades dos usuários5.

A internet e seus conteúdos tem uma grande audiência, diversificada num emaranhado de produtos. O tablet, um item multi-plataforma, tem o potencial de concentrar a atenção de usuários desses aparelhos. Ele esta numa intersecção de eletrônicos: navega, roda jogos, filmes, pro-gramas de TV, mensagens e etc. Com isso, o potencial que possui de adesão é bastante amplo, pois seu campo de atuação não se limita a um tipo de usuário específico. Ou seja:

criar algo que integre tamanho leque de utilidades e seja um produto matador nas prateleiras equivale a encontrar o Santo Graal da ele-trônica de consumo. Lógico que esta tarefa não é nenhuma novidade para a Apple, que tem o hábito de realizar esse tipo de proeza (vide

o iPod e o iPhone). (RYDLEWSKI, 2010).

Esses aspectos, fizeram com que o iPad se transformasse no objeto de desejo do momento para a navegação na web, leitura de revistas e livros

Capítulo 1 - Tablets

____________5 segundo pesquisa feita pelo instituto Yankee Group em 2011.

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digitais, e para a diversão com vídeos e jogos em qualquer lu-gar. “A grande questão de toda nova tecnologia é o quanto ela será útil para o consumidor. O tablet já mostrou seu poten-cial” diz Rodrigo Ayres, geren-te de produto e inteligência de mercado da LG6.

Fig.6 - Steve Jobs no lançamento do iPad, 2010.

____________6 em entrevista à revista INFO exame de abril de 2011.7 segundo pesquisa da IDC, empresa líder em inteligência de mercado em 2011.

or mais que tenha dado o ponta-pé inicial neste novo cená-rio tecnológico, a Apple não está sozinha neste mercado, embora sua participação na venda de tablets seja de 69%7. Mas desde o primeiro semestre de 2011, as lojas foram to-

madas por um número muito grande de novas opções de tablets que tentam abocanhar um pedaço importante no mercado.

A principal ameaça ao atual monopólio do iPad veste a camisa do An-droid, o sistema operacional do Google. São aparelhos como o Galaxy Tab 10.1, da Samsung; o Optimus Tab, da LG; o Xoom, da Motorola e o mais recente de todos, o Kindle Fire da Amazon, que tentarão angariar parcelas do público usuário de tablets.

Este sistema consiste numa plataforma operacional muito adotada atu-almente no ramo de smartphones, celulares multifuncionais em que ta-refas básicas como fazer ligações para outros telefones é a menor de suas funções. Neste setor, a Apple é representada pelo seu iPhone, um dos únicos aparelhos desta categoria de produto que não utilizam o

PO mercado de tablets

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46Capítulo 1 - O mercado de tablets

Android como sistema operacional – marcas como BlackBerry e Nokia também possuem sistemas próprios.

Esse mercado também foi impulsionado com a chegada do iPhone em 2007 - embora ele não tenha sido o primeiro modelo de smartphone a surgir no mercado - e também há grande disputa entre os sistemas operacionais da Apple, o iOS e o Android, da Google. Além desses, o mercado ainda conta com outros sistemas de grande presença, como o RIM da BlackBerry e o Symbian, da Nokia, até pouco tempo atrás o mais popular, entre outros. Com a chegada do Android, foram vendidos 33,3 milhões de smartphone com seu sistema operacional no último trimestre de 2010, tornando-o mais popular no mundo8.

A tendência é que tablets e smartphones andem juntos. A pes-soa que começa a usar uma plataforma no celular se acostuma a ela e não quer lidar com outras interfaces em outros dispositivos. A Apple tem vantagem porque saiu na frente, mas isso não garante nada. O Android é um concorrente muito forte. Tem o Google por trás, é um modelo aberto e tem muita gente criando aplicativos

(GUENZBURGUER, 2011).

O Android é uma plataforma open source, tendo seu código aberto para que qualquer desenvolvedor que entenda sua linguagem de programa-ção, possa criar os aplicativos que bem entender e ainda comercializá-los para os milhões de outros usuários de smartphone no Android market.

Isto evoca um grande avanço na participação de um usuário comum no desenvolvimento da tecnologia, aludindo-nos à veracidade das teo-rias a cerca de inteligência coletiva de Pierre Lévy. O acesso às novas fontes de informação que encontram-se dissipadas em vários pontos da sociedade torna-se possível, não sendo mais adequado definir grandes instituições como os únicos vetores de informação no meio social. A par-ticipação na construção do conhecimento e na produção de conteúdo é democratizada. A lógica dessa estratégia é explicada pelo italiano Federico Casalegno, diretor do Laboratório de Experiência Móvel do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o MIT, um especialista na in-tersecção entre os mundos de átomos e digital.____________8 segundo matéria da revista GQ Brasil de março de 2011.

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47Design, interface, moda e iPad

Hoje, o ato de ler não pode mais ser traduzido como uma maneira de ter acesso a informações. As pessoas querem participar e produzir conteúdo, postar comentários em blogs e se envolver em grupos de discussão. (CASALEGNO, 2010)

Um exemplo, o aplicativo criado pelo garoto Robert Nay, de 14 anos que tirou o posto de maior número de downloads do Angry Birds, um dos mais populares jogos para smartphones que atingiu 140 milhões de downloads em abril de 2011. O Bubble Ball, um jogo simples em que o jogador tem o objetivo de conduzir uma bola de um ponto para outro com ajuda de princípios da física. No primeiro trimestre de 2011 ele obteve mais de 6 milhões de download na AppStore9.

Por mais que a Apple também possibilite aos próprios usuários de iPho-ne e iPad tornarem-se desenvolvedores de aplicativos para seu apare-lho, o fato dela cobrar 30% de comissão em todas as transações feitas pela AppStore, faz com que muitos desenvolvedores critiquem seu posi-cionamento monopolizador deste mercado. Também existe um controle muito rigoroso antes de um app poder ser comercializado e em alguns casos a empresa chega até a bloquear sua distribuição na AppleStore, como aconteceu com o Sony eReader, da Sony, ao tentar comercializar livros burlando o sistema de pagamento tradicional em que a Apple re-colhe sua parte nas vendas.

Apesar destes fatos, ainda assim o iOS (sistema operacional do iPad, Iphone e iPod) é a plataforma em que mais oferece aplicativos para os usuários, chegando a 456 mil contra 315 mil para Android, o segundo da lista. A Microsoft que está começando a investir no ramo, já conta com 35 mil programas em sua loja online10.

____________9 em notícia publicada no site uoltecnologia.com.br em 18 de janeiro de 2011;10 dados de acordo com pesquisa feita pela Research2guidance de setembro de 2011 pela.

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48Capítulo 1 - Por que o iPad?

onforme foi apresentado, o mercado de tablets vem se most-rando muito promissor e muitos outros aparelhos de diver-sas marcas serão lançados nos próximos meses, seja usando sistemas operacionais próprios, o que comprometeria seu

crescimento em razão da incompatibilidade de rodar um número con-siderável de aplicações, seja com o Android versão Honeycomb, voltado especificamente para tablets. Mesmo assim, focar as análises de revis-tas especificamente para iPad é a opção mais adequada porque este dis-positivo é atualmente o mais forte no mercado de tablets, além de ser o único a possuir número considerável de aplicativos de revistas de moda.

Apesar de todas as críticas que a Apple vem sofrendo em relação ao seu produto não possuir meios de compartilhamento de arquivo com outros dispositivos sem o seu intermédio, a AppStore hoje conta com mais de 139 mil aplicativos diferentes para iPad e grande parte de todas as re-vistas do mundo já possuem suas versões digitais para esta plataforma. Tal número é muito superior ao do seu principal concorrente, o sistema android, que possui pouco mais de duas centenas de aplicativos, reve-lando pouca adesão por parte dos desenvolvedores deste sistema12.

Desta forma, usar o iPad como principal instrumento dessa nova mídia se torna a melhor alternativa, visto que seu nível de desenvolvimento encontra-se à frente de seus concorrentes e a gama de aplicativos dife-rentes que ele dispõe permitem uma análise mais diversificada.

CPor que o iPad?

____________11 dados coletados em notícia publicada no site tecmundo em 1 de Julho de 2011.

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Design, interface, moda e iPad49

ntes de partir para a análise dos principais aplicativos de revista de moda para iPad é preciso entender qual a real função de uma publicação deste tipo e o que ela representa para a indústria do vestuário como um todo, bem como a

influência que exerce sobre o público leitor que é o consumidor final.

As primeiras revistas de moda a existir datam do séc. XIX. Naque-la época ainda não tinham um foco especificamente em moda como se existe hoje no mercado editorial. Na verdade, essas revistas enquadram-se mais na classe de revistas de assuntos femininos do que de moda propriamente dita, visto que o próprio mercado de moda ainda não funcionava com o mesmo calendário de esta-ções como se tem hoje. Muitas delas tinham tiragem limitadís-sima às mulheres da alta sociedade e sua periodicidade quase nunca era mensal. Os assuntos abordados incluíam temas como política, literatura, belas artes, teatro entre outros e a presença da moda em suas páginas falavam exclusivamente de coleções de alta costura.

Publicações como as americanas Harper’s Bazaar (1867) e Vogue (1892), são as mais conhecidas desta época e com o passar do tempo, outros títulos com dife-rentes focos e olhares sobre o universo feminino foram surgindo, como a francesa ELLE (1945). Em seu livro “Dicionário da Moda”, Marco Sabino (2007, p. 633) explica que naquela época a cobertura de moda que as revistas faziam, apenas divulgando a alta costura, “estava se tornando um problema devido à escassez de anunciantes”, o que até hoje é uma das principais fonte de receita de uma publicação. Assim, com o passar do tempo, esforços para tornar o público leitor mais amplo foram feitos e foi quando as publicações passaram a ampliar seu campo de ação e se

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Volume

1, n.49

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CAPÍTULO

2A revista de moda e o seu papel

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dedicar também a fazer pequenas matérias sobre roupas de preço mais acessível.

No Brasil, as primeiras publicações dirigidas às mulheres datam até um pouco tempo antes desse período, como é o caso da re-vista Espelho Diamantino (1827) que durou apenas um ano em circulação. Muito tempo depois, surgiram títulos como a Revista da Semana (1900 – 1959), Fon Fon (1907 – 1958), Jornal das Moças (1914 – 1961) e Revista Feminina (1914 – 1936), e Frou Frou, que foi lançada em 1923. Preocupações com a situação da mulher na sociedade começaram a entrar em pauta e nas seções

de moda, Sabino conta que o figurino era reprodu-zido dos estilos franceses a tal ponto de fazer com que as brasileiras sofressem complicações físicas em razão de usarem roupas não tão adequadas às carac-terísticas climáticas de nosso país, como o fato de incharem os dedos no verão por usarem luvas.

A partir de 1938, as ilustrações de Alceu Pena fa-ziam sucesso na revista O Cruzeiro e as garotas que

desenhava passaram a refletir não só a moda, mas também a fazer uma crônica social, trazendo um panorama da sociedade da época. Entre as décadas de 1980 e 1990 os títulos internacionais foram aportando por aqui e passando a dar uma cobertura mais profissional sobre o mercado.Nos anos mais recentes, com o amadurecimento do mercado de moda e adoção de calendários de lançamentos que fazem com que toda a indústria trabalhe desenvolvendo suas coleções para uma determinada estação, as revistas passaram a ter um enfoque maior na divulgação destes produtos. No texto “Os dois corpos de uma mulher: revistas de moda, consumismo e feminismo” escrito por Leslie W. Rabine, a autora destaca que:

ao mesmo tempo que essas revistas são bem conhecidas como ins-trumentos de capitalismo de consumo, quem não é leitor frequente-mente se surpreende ao saber que elas tem servido crescentemente de fórum para o feminismo norte-americano (e também para os mo-vimentos de direitos civis e ecológicos) durante os últimos vinte anos. (1994 apud BENSTOCK e FERRISS, 2002, p.71)

Fig.10 - Ilustrações deAlceu Pena, s/d.

Fig.9 - Revista Fon Fon, 1953.

Capítulo 2 - A Revista de moda e o seu papel

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Assim, a imprensa de moda passou a ter uma influência corportamental muito for-te e as mensagens presentes nas imagens que criava alcançavam questionamentos de nível artístico, tendo suas páginas ilustra-das por grandes fotógrafos como Man Ray, Helmut Newton, Irving Penn, Robert Map-plethotpe, Guy Bordain e até mesmo Andy Warhol, que no início de sua carreira era um ilustrador de moda. Na verdade, exis-tem diversas discussões a respeito da fotografia de moda, pois muitas vezes ao fazer críticas à sociedade vigente, por muitos é considerada mais como manifestação artística do que trabalhos publicitários, vide os fotógrafos David LaChapelle, Nick Knight, Steven Klein e etc. Para Deyan Sudjic, diretor do Design Museum de Londres, “a moda, apesar de se ter transformado num colosso industrial dominado por três ou quatro conglomerados, depende da arte, da fotografia e do cinema para suas referências visuais” (2010, p.138) ao que o autor depois explica que “Moda não é arte. Mas nunca antes a moda se esforçou tanto para sugerir que poderia ser.” (p.140). A verdade é que “na moda a mí-dia é o primeiro poder”! (CAL-DAS, 1999, p.51). A força insti-tucional que uma revista tem de determinar tendências é tão po-derosa a ponto de gerar um com-portamento de consumo total-mente moldado. A capa de uma revista de grande prestígio como a Vogue, por exemplo, pode in-fluenciar não só os consumidores, mas a indústria, o varejo, os esti-listas, etc. Tal fato se tornou mui-to evidente quando até mesmo a revista New Yorker, que não é especializada no assunto, dedicou

Fig.11 - David LaChapelle"Death by Cheeseburger", 2002.

Fig.12 - 'The Style Council' New Yorker, 7 nov 1994

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um número especial à moda, em novembro de 94 com o artigo intitulado “O conselho de estilo” (em tradução livre). Nele, traçava-se o perfil de editores de grandes veículos, como Suzy Menkes (International Herald Tribune e Times), André Leon Talley (Vogue), Franca Sozzani (Vogue Itália), que para o mercado tinham o mesmo status que os criadores de moda.

No cinema isso foi muito bem expressado no filme “O Diabo veste Pra-da” (2006), que conta as mazelas que a editora chefe da maior revista de moda do mundo submetia seus assistentes, mostrando como sua ação na revista faziam-na se transformar numa ditadora da beleza. O livro homônimo que deu origem ao roteiro deste filme, não por coincidência foi escrito por Lauren Weisberger, que anos antes havia trabalhado com Anna Wintour, mítica editora da revista Vogue americana.

Em texto publicado no site FFW.com.br, Érika Palomino, um dos maio-res nomes quando se fala de crítica de moda no Brasil, a jornalista explica que o papel deste trabalho serve essencialmente para nortear a indústria. O que não deixa de ser verdade, uma vez que aqueles que de-tém um olhar mais especializado e abrangente do mercado de moda po-dem julgar com mais propriedade o que realmente é novo e merece sua devida atenção para o desenvolvimento do setor. Mas ela diz também que atualmente, para o consumidor final tal consideração é irrelevante, uma vez que quem gosta de um estilista vai até sua loja e compra aquilo que lhe agrada.

Esse pensamento faz muito sentido se enxergarmos algumas transfor-mações que a tecnologia trouxe nos últimos tempos e que refletiram na dinâmica da moda. Antigamente, a fonte de informação da maioria das pessoas se concentrava essencialmente do que apreendiam dos grandes veículos, já que desfiles e semanas de moda sempre foram eventos ex-tremamente restritos a um público especializado. Com a internet, houve uma democratização ao acesso dessas informações e por mais que de-terminadas publicações expressem críticas muito fortes a uma coleção, o consumidor dispõe de meios a encontrar opiniões contrárias àquela. Em matéria publicada na revista ELLE Brasil de novembro de 2010, a publicação lista como um dos acontecimentos mais importantes para a

Capítulo 2 - A revista de moda e o seu papel

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moda na década de XX a influência que o street sty-le, ou a forma dominante com que as pessoas se ves-tem nas ruas, passaram a exercer sobre a indústria, influenciando até mesmo grifes de luxo a adotar tais padrões estéticos em suas passarelas.

A internet também ajudou na divulgação da moda, uma vez que as inúmeras fotos dos desfiles de outros países que eram compartilhadas apenas em caros catálogos, agora são disponibilizadas a poucos clicks em algum site especializado.

Além do mais, com surgimento dos inúmeros blogs de moda, a opinião dos leitores e do consumidor co-mum começou a ser muito mais valorizada pelas próprias marcas. Um caso muito curioso foi quando a grife de Christian Dior convi-dou a blogueira Tavi Gevinson de apenas 13 anos a assistir da pri-meira fila seu desfile de Alta Costura. A garota que foi ao evento com um imenso laço na cabeça e dificultou a visão de jornalistas que sentavam atrás dela gerou um grande rebuliço ao questionar sobre a importância que a opinião de blogueiros tinham para a indústria da moda.

Fato é, que a mídia digital causou uma grande mudança de paradigma na sociedade e já que a moda é um reflexo do que nela acontece, não teria como sair ilesa.

Fig.14 - Tavi eJohn Galliano, 2010

Fig.13 - Foto tirada por um jornalistano desfile da Dior, 2010.

Fig.15 - O blogueiro Bryan Boy e a poderosa editora Anna Wintour sentados na primeira fila do des-file da Dolce & Gabbana, 2010.

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omo disse Deyan Sudjic, a moda depende de outras lingua-gens para poder se expressar e encontrar inspiração para criar suas imagens e não é de hoje que a ligação entre moda e tecnologia vem acontecendo. Ligação essa que não

necessariamente quer dizer em otimizações nos processos industriais de confecção ou no desenvolvimento de tecidos tecnológicos, entre outras coisas, e sim em todas as etapas do setor.

Um dos estilistas contemporâneos de maior prestígio, Alexander Mc-Queen, foi responsável por diversas apresentações com recursos tecno-lógicos, fazendo alusão à presença da tecnologia na imagem de moda, além de possuir um design muito requintado fruto de sua experiência em grandes maisons francesas e inglesas. Sua coleção de primavera--verão de 1999 trazia ao palco uma modelo com um vestido branco que seria pintado alí mesmo por dois braços mecânicos, formando uma estampa inspirada em um quadro de Jackson Pollock. Em 2006, o es-

C

Video 1 - Alexander McQueen Spring/Summer 1999.

Capítulo 2 - A moda e o mundo tecnológico

A moda e o mundotecnológico

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tilista mais uma vez surpreende a todos ao colocar um dispositivo que reproduzia uma imagem holográfica da modelo Kate Moss no final de sua apresentação. E em seu último desfile em vida, com a elogiada co-leção de primavera-verão 2010 Plato’s Atlantis, McQueen colocou na passarela duas câmeras que se movimentavam parecendo dois tentácu-los, captavam imagens do desfile de inúmeros planos e transmitiam em tempo real para um telão e em um site na internet.

Hussein Chalayan é outro grande nome da vanguarda atual que mes-cla moda e tecnologia de uma forma um pouco diferente. Em um de seus desfiles, o estilista apresentou um vestido feito por luzes led e roupas que se articulavam para mudar de forma. Agora a presença tecnológica está inserida na roupa e não em um artifício para mostrá--la ou expressar a um cenário.

Outro exemplo muito interessante desta intersecção, vem sendo de-sempenhado pela Burberry e suas ações na internet. Com um dos e-commerce mais completos de uma única grife na rede, há várias temporadas ela transmite suas apresentações das semanas de moda em tempo real. Na última coleção, logo após o último modelo sair da passarela, as roupas do desfile já estavam sendo comercializá-las no site da empresa. Para enfatizar ainda mais o trench-coat como a peça ícone da marca, foi lançado um site de conteúdo colaborativo em que os consumidores postam suas fotos vestindo os seus casacos, o artofthetrench.com que funciona como uma rede social. Sem contar a

Video 2 -'THE WIDOWS OF CULLODEN',Alexander McQueen Autumm/Winter 2006/07

Foto 16 - 'Plato's Atlantis',Alexander McQueen Spring/Summer 2010.

Foto 17 - Vestido de LED, Hussein Chalayan, 2007.

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presença que ela vem adquirindo em outras rede sociais como o twitter e o facebook para aumentar seu público consumidor.

O resultado era de se esperar: de acordo com uma pesquisa desenvol-vida pelo Luxury Lab, da Universidade de Nova York, ela ocupa o topo do ranking das grifes de luxo mais influentes na internet e suas vendas aumentaram 29,5%, no primeiro trimestre de 201113.

Estes são só alguns dos exemplos do que a tecnologia e a mídia digital vem possibilitando no cenário da moda atualmente, porém, ainda existe um aspecto muito importante que essa junção vem possibilitando nos últimos tempos; a imagem em movimento.

Fig.18 - artofthetrench.com/, 2011.

Capítulo 2 - A moda no mundo tecnológico

____________13 segundo matéria publicada no site modaspot.abril.com.br em outubro de 2011.

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a temporada de primavera-verão 2012 a São Paulo Fashion Week, maior evento de moda da América Latina, exi-biu uma exposição de fotografias intitulada “Pretty Much Everything” onde estava exposto o trabalho do casal de fo-

tógrafos holandeses Inez Lansweerde e Vinodith Matadin. Eles que são atualmente os principais nomes da fotografia de moda mundial, tendo realizado campanhas publicitárias para as principais grifes do setor, em entrevista à revista FFW mag, quando perguntados o que consideravam o próximo passo para a concepção de imagens de moda, responderam que sem dúvidas o vídeo.

Pode parecer estranho pois por mais que o vídeo represente um avanço tecnológico em relação à fotografia, é uma linguagem que já existe há muitos anos. Acontece que para a moda, o vídeo, ou a imagem em movi-mento é um artifício até hoje pouco utilizado para a criação da imagem de moda, que se aproxima mais de uma intenção artística que publicitá-ria; ele passou a ser uma representação mais estética da moda, que não transmite apenas a roupa e sim um conceito e uma atmosfera.

Sendo a mídia impressa o prin-cipal meio de comunicação de moda até então, as principais marcas não ti-nham a possibi-lidade de usar o vídeo de seus desfiles para di-vulgar seus pro-dutos. Este fato

N

Vídeo 3 - " Vol de Jour - Chanel Spring/Summer 2010". Dir. Karl Lagerfeld

Moda e Vídeo

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pode ter várias razões sendo que a mais provável seja porque o princi-pal dispositivo para tal, a televisão, talvez não concentre o seu público alvo ou quem sabe até porque o custo de divulgação neste meio é muito elevado para o seu orçamento, ou por fim, por pura falta de vontade destas empresas. O que está querendo se mostrar aqui é que o vídeo por mais que estivesse ao alcance, estava sendo desconsiderado como uma plataforma para o desenvolvimento da estética da moda. Até a chegada da internet.

A rede trouxe imensa facilidade na divulgação da imagem em si e mais tarde com os avanços tecnológicos, do próprio vídeo, dando abertura para que as grifes pudessem se utilizar desta mídia para se expressar. Em entrevista ao programa IT Mtv em maio deste ano, o pesquisador de tendências Jackson Araújo definiu bem o que está acontecendo atu-almente, afirmando que:

a coisa mais importante para a moda sobreviver como moda é se aproximar das outras mídias e a grande sacada da moda foi utilizar o vídeo como plataforma de comunicação. Ele é mais convidativo para você [o consumidor] entender o universo que a moda, que aquela marca esta querendo passar. (ARAÚJO, 2011)

Assim, o que se viu acontecer de uns tempos pra cá foi a explosão de vídeos de moda na internet, sejam eles de curta, ou curtíssima metra-

Vídeo 4 - Prada S/S 11 ad campaign featuring Arizona Muse

Capítulo 2 - Moda e Vídeo

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gem. Neles existe uma narrativa diferente da presente em um desfi-le comum.

No Brasil, o estilista Alexandre Herchco-vitch decidiu explorar esta linguagem para mostrar outro olhar de sua coleção de rou-

pas, tanto masculina como feminina, criando dois vídeo, “Tóxico” e “In-sânia” ambos gravados em 2011 e dirigidos por Cristiano Metri.

Assim, este novo recurso para a comunicação de moda se tornou uma ferramenta tão importante para o mercado que em alguns casos passou até mesmo a substituir o formato tradicional de desfile, como fez a mar-ca de jeanswear nacional Ellus em janeiro de 2011, exibindo aos convi-dados presentes na sala seu desfile produzido em vídeo com tecnologia 3D com as peças de sua coleção.

Vídeo 5 - "Insânia ", 2011. Dir. Cristiano Metri.

Vídeo 5 - "Ellus Jeans Deluxe Inverno 2011". Dir. Marcelo Melo e Jacques Dequeker

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Já Gareth Pugh, premiado estilista britânico, em parceria com o estú-dio SHOWstúdio, do fotógrafo Nick Knight criou um vídeo onde explora as possibilidades de movimento das roupas que criou para sua coleção. Ao ser entrevistado pela jornalista Lilian Pacce para o programa GNT fashion em julho deste ano, disse que essa nova forma de comunicação possibilita que ele tenha maior controle da imagem que os espectado-res terão de seu produto.

Desta forma, percebe-se como a mídia digital também alterou a forma com que o mercado de moda funcionava desde então, incorporando ar-tifícios próprios de sua linguagem nesta indústria. Assim, o que podemos concluir é que no futuro, pensar em comunicação de moda sem adaptar--se a essa necessidade que agora ela possui da mídia digital, torna-se um fator limitador para o seu desenvolvimento.

Vídeo 6 - " Gareth Pugh S S 2011". SHOWstudio

Capítulo 2 - Moda e Vídeo

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ELLE USA - março 2011

edição da revista feminina ELLE de março não foi a primei-ra que a publicação lançou para iPad, mas esta possui alguns recursos diferentes das demais que merecem atenção. Para se ter acesso às versões da revista para o tablet da Apple, o

usuário precisa fazer o download do aplicativo gratuitamente na iTun-nes App Store. Ele serve de intermédio para que as edições de cada mês sejam armazenadas no aparelho, assim, ao tocar no ícone do aplicativo, o usuário é levado à área em que são exibidas todas as capas dos exem-plares disponíveis, tanto o atual como alguns de outros meses. Caso alguma edição já tenha sido adquirida, ela ficará cadastrada no perfil do usuário e disponível para a leitura em qualquer momento, mesmo sem acesso à internet. Cada edição da revista custa US$ 3,99 dólares.

Esta possibilidade de ter acesso a edições anteriores da revista no mes-mo lugar onde encontra-se a atual, representa um enorme vantagem em relação à versão impressa. O que anteriormente poderia levar dias para que o exemplar fora de circulação chegasse ao consumidor, fica agora disponível a qualquer momento e apenas a alguns toques de distância. Sem contar que não existe a possibilidade do número de revistas se esgotarem, já que na mídia digital a sua reprodução requer apenas a transmissão de um único arquivo.

A navegação da revista no tablet da Apple pode ser classificada em dois grupos de orientação, paisagem e retrato e cada um deles oferece uma experiência diferente. Quando visualizado em paisagem, o aplicativo da revista quase não apresenta características que explorem o potencial de interação do dispositivo, pois nesta orientação apenas se reproduz o conteúdo da revista impressa, contando com uma barra de navegação na parte inferior que serve de guia para localizar as demais páginas

AFig.19 - Ícone do app

e capa da revistaELLE USA mar,2011

Análise de aplicativos derevistas de moda para iPad

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da edição, exibindo uma miniatura de cada uma delas para serem pré--visualizadas.

Ler a revista neste formato no iPad se torna bastante cansativo, dado grande número de anúncios que a publicação veicula em suas páginas. No entanto, essa falta de recursos interativos é compensa-da quando utilizada a posição vertical para ler a revista.

Geralmente, a orientação vertical corresponde à totalidade das matérias e ao deslizar os dedos em movimentos horizontais sob a tela, trocam-se as reportagens. Este procedimento parece ter sido

adotado como padrão na leitura de um texto mais ex-tenso no iPad, desnecessário apenas quando o conteúdo acomoda-se completamente nos 10.2 polegadas da tela do tablet. É curioso observar que a revista não faz a tran-

Fig.20 - Telas do aplicativoELLE USA mar, 2011

Fig.21 - App ELLE USA, navegação entre páginas . Mar 2011.

Capítulo 2 - Análise de aplicativos de revistas de moda para iPad

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sição entre matérias com efeitos visuais que simulem o folhear de uma revista impressa.

Há um sumário no início do aplicativo que serve de atalho para se ter acesso aos conteúdos do aplicativo, destacando as principais matérias da edição e também um calendário com os principais eventos artísticos do mês em que o exemplar foi publicado, com fotos e releases. É impor-tante notar que a maioria dos conteúdos necessitam que o usuário toque em sua respectiva região na tela para ser exibido.

O aplicativo ainda conta com uma seção em que é possível criar looks com diversas peças de gran-des estilistas seleciona-das pelas editoras da re-vista. Caso haja interesse do leitor em comprá-las, basta clicar em um íco-ne que ele é direcionado para o site onde as peças estão disponíveis para venda.

Nesta edição, a grife de roupas de luxo Gucci é a única que está presen-te na publicidade de toda a versão interativa, o que faz com que a leitu-ra não seja interrompida para a visualização de uma grande quantidade de anúncios diferentes. Esta parece ser uma solução bastante eficaz tanto para a revista quanto para o anunciante, uma vez que não haja intervalos muito grandes entre as matérias e a marca consegue manter por maior tempo a atenção exclusiva dos leitores.

A forma que os anúncios estão presentes nessa versão é mais elabo-

Fig.22 - Sumário e criação de looks, app ELLE USA. Mar 2011.

Fig. 23 - "TAP to BUY", app ELLE USA. Mar 2011.

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rada e tem uma adequação maior às possibilidades que o iPad oferece, com a utilização de vídeos e interfaces inte-rativas. Ao invés de apresentar apenas fotos de sua atual campanha, como é comum em revistas de moda, a marca prezou por transmitir uma experiência mais dinâmica com o leitor. As poucas intervenções publicitárias que são fei-

tas durante a leitura da revista, acontecem após passar-se por 7 telas, surgindo páginas com vídeos ou algum artifício interativo. Uma delas consiste em um ambiente onde encontra-se o atual modelo da bolsa Jacket e logo abaixo, uma espécie de linha do tempo com um cursor posicionado no espaço que representa o ano 2011. Ao ser pres-sionado para a outra extremidade, a bolsa vai ao poucos se transforman-do até adquirir a forma de como era fabricada no ano de 1950, demons-trando as principais mudanças que sofreu para se tornar um produto com características de seu tempo. Este artifício parece evocar a história da grife que existe desde 1921, buscando uma maior aproximação com o leitor através de um dos seus produtos mais cobiçados.

O Aplicativo da versão nacional da ELLE custa US$6,99 e de acordo com a única edição gratuita disponível, parece não apresentar recursos relevantes de leitura.

Vogue USA - abril 2011

O download tanto do aplicativo que gerencia as edições, como elas pró-prias pode ser feito gratuitamente pelos usuários na AppStore, porém a revista norte americana parece não estar se importando muito com o iPad como suporte, uma vez que seu aplicativo não veicula matérias jor-nalísticas, nem editoriais de moda – a versão brasileira da revista ainda não possui aplicativo para iPad. Na verdade, só existem três edições que podem ser baixadas e nenhuma delas esta presente esses conteúdos.

Fig.24 - Bolsas Gucci, app ELLE USA. Mar 2011.

Capítulo 2 - Análise de aplicativos de revistas de moda para iPad

Fig.25 - Capa e AppVogue março, 2011.

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A edição utilizada para esta aná-lise foi a de abril de 2011 e é a mais recente. Logo no início da navegação surgem anúncios da marca Chloé, pois no sumário da revista percebe-se que o aplica-tivo foi oferecido pela mesma. Tendo Rihanna na capa, a edi-ção parece ser mais um mate-rial extra da revista, pois todo o seu conteúdo está relacionado à cantora, seja em matérias con-tando um pouco do seu perfil, em editorial fotografado por Annie Leibovitz ou depoimentos sobre ela de pessoas próximas. Ainda existe uma matéria feita pelo editor da vogue André Leon Tal-ley analisando o estilo da canto-ra e um vídeo com imagens de bastidores do ensaio fotográfico.

O aplicativo faz uso de bons re-cursos multimídia como os de-poimentos em áudio, com a uti-lização de vídeos e também em links que leva o usuário à iTunes para comprar o último álbum da cantora. A vogue parece não ter desenvolvido seu aplicativo com o interesse de reproduzir o con-teúdo da revista impressa.

Fig.26 - Telas do aplicativo Vogue, 2011.

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GQ USA - novembro 2011

Todas as revistas da Condé Nast, o maior conglomerado de publicações do mundo, possuem a maneira de distribuição muito parecida. Nelas o aplicativo da revista é adquirido gratuitamente e as edições das revis-tas custam em torno de US$3,99, como é o caso da GQ América. Ela dispõe de um layout adaptável aos dois formatos de leitura e também segue o padrão de deslize vertical para aprofundamento e horizontal para percorrer as páginas da revista.

Famosa por sua excelência gráfica e design sofisticado, a interface da GQ (bem como a de todas as revistas da Condè Nast), se destaca den-tre os demais aplicativos. As barras de navegação, localizadas no topo e na parte inferior da tela do iPad além de dispor de um guia de conte-

údos para que o usuário percorra as matérias da revista, permite a visualização do comprimento das páginas. Estas barras ainda oferecem o recurso similar ao “voltar” de um navegador web, que é muito útil no iPad, uma vez que os links das chamadas de capa e do sumário conduzem a uma leitura não-linear. Com um toque na tela, aparecem barras superiores e inferiores na tela do iPad que servem de referência para que o usuário se localize durante a navegação. As “páginas” do aplicativo possuem recursos visuais que auxiliam o entendimento da navegação, o que demonstra que foram desen-volvidas especificamente tendo o iPad em mente e não apenas copiadas do modelo impresso. Os editoriais de moda quase sem-pre tem vídeos com material extra de bastidores e depoimen-tos e a publicidade no aplicativo não chega a ser tão presente

Capítulo 2 - Análise de aplicativos de revistas de moda para iPad

Fig.27 - Capa, app e telas do aplicativo GQ US, 2011.

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como na revista impressa. A Revista GQ Brasil, embora seja publicada pela editora globo possui a mesma interface, diferindo apenas da versão americana no seu projeto editorial.

Nylon - novembro 2011

Com um valor um pouco inferior ao das demais revistas, por US$2,99 o usuário adquire uma edição da Nylon em seu aplicativo. Ela possui uma navegação adaptável aos dois formatos de utilização do iPad e também utiliza o padrão horizontal-vertical de leitura.

As barras de auxilio à nave-gação tem um recurso que divide os conteúdos da re-vista em seções que facilita a leitura por temas e nela ainda há com um ícone que direciona o usuário ao site da revista.

A revista Nylon possui uma seção onde apresenta no-vas bandas musicais e no aplicativo, esse conteúdo acompanha áudios e link para o site do artista em questão.

Existe também, um curto ví-deo de bastidor na matéria com a garota da capa e no mais, as páginas da revista sempre contam com o re-curso “tap for credits”,que necessita do simples toque do usuário para exibir algu-ma informação. Fig.28 - Capa, app e telas do

aplicativo Nylon magazine, 2011.

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Interview - outubro 2011

Tanto o aplicativo como as edições da revista Interview podem ser baixados gratuitamente no Appstore e seu ambiente de interação é bastante diferente do das outras revistas. Por não ser reconhecido como um aplicativo de revista impressa, ele não pode ser agrupado ao Newsstand, recurso que a própria Apple criou para organizar este tipo de conteúdo no iPad

A navegação no aplicativo acontece apenas na orienta-ção de retrato e só existe uma barra de navegação no topo da tela, onde o usu-ário pode transitar pela revista atra-vés de imagens ou pelo título da ma-téria. Ainda existe a possibilidade de fazer marcações nas páginas, recur-so simples mas ine-xistente na maioria dos aplicativos de outras revistas O aplicativo reproduz integralmente as páginas da revista impressa, salvo os créditos das fotos em que o usuário precisa clicar para serem revelados.

Capítulo 2 - Análise de aplicativos de revistas de moda para iPad

Fig.29 - Capa, app e telas do aplicativo Interview magazine, 2011.

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Além do ambiente de visualização da revista, ainda há uma seção de ví-deos de diversas edições anteriores que podem ser visualizados. Por não ser necessário fazer download desses arquivos, apenas utilizar acesso a internet, o aplicativo não exige muito espaço de memória do iPad dos seus usuários. Os vídeos estão divididos em várias categorias e todas eles foram desenvolvidos pela própria publicação.

Esquire - novembro 2011

O aplicativo da Esquire serve de intermédio para que o usuário baixe diversas edições da revista, que custam US$3,99, cada. Sua navegação também é orientada no sentido horizontal/vertical embora não possua um layout que se adapte ao formato paisagem. A barra de navegação da Esquire, localizada no topo da tela, apresenta um recurso bastante interessante onde oferece um índice de todo o conteúdo multimídia da edição, como os vídeos, áudios e as páginas interativas. Na parte infe-

rior, existe um guia com as fotos de todas as matérias da revista. A edição analisada trazia na capa a cantora Rihanna e até que a imagem apareces-se, um pequeno vídeo edito-rial era exibido. Este recur-so foi utilizado também para ilustrar uma matéria sobre quadrinhos. Nesta edição, haviam muitos testes que comparavam as respostas do usuário e mostravam o resul-tado alcançado.

Fig.31 - Telas do aplicativo da Esquire, 2011.

Fig.30 - Capa, app e imagem do vídeoEsquire março de

2011.

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A Esquire também oferece bastante conteúdo externo, como capítulos inteiros de livros citados pelo editor, link para compra de cds dos áudios presentes na edição, etc.

Nas primeiras páginas da revista, existe um menu fixo ao layout que serve de guia de localização de páginas que não permanece em toda revista. Isto confunde um pouco o usuário, uma vez que a revista parece ter acabado quando se esta no último tópico.

Capítulo 2 - Análise de aplicativos de revistas de moda para iPad

Fig.32 - Telas Esquire março de 2011.

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Vman - outubro 2011 Produzido pela Virgin Interactive Publising, o aplicatico da Vman pos-sui uma navegação um pouco diferente das demais revistas pra iPad, já que ela se dá apenas por deslizes horizontais e não possui na íntegra os textos que existem na versão impressa.

Barras de localização existem para ajudar o usuário saber em qual par-te da revista está, bem como um menu onde possa selecionar um capí-tulo específico da edição para ler.

Por focar apenas em seus editoriais fotográficos, a leitura se torna um pouco cansativa, salvo alguns momentos em que vídeos ou pequenos textos complementam uma imagem. A publicidade presente na edição de outubro de 2011 era exclusiva da marca de relógios Swatch e os anúncios apresentavam recursos mais dinâmicos que a própria interface da revista.

Nos editoriais em que há nudez, as fotografias acabam sendo censuradas em razão da Apple não permitir “por-nografia” na Apps-tore. Cada edição custa € 3,99.

Fig.33 - Capa e appVman outubro 2011.

Fig.34 - Telas Vman outubro 2011.

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Allure - novembro 2011

A Allure para iPad funciona do mesmo jeito que todas as outras publi-cações da editora Condé Nast: com um sistema de barras que orien-tam a posição na revista e os toques que revelam alguma informação a mais. Comprando uma edição digital por US$ 3,99, o leitor tem acesso a todo o conteúdo da revista impressa.

Embora a forma de leitura da revista impressa tenha permanecido na versão digital, ela se destaca por possuir um aplicativo para iPhone (e que pode ser utilizado no iPad) que funciona como um guia de compras, de centros de estética, etc. Apesar dele não ter sido de-senvolvido especificamente para iPad, proporciona uma expe-riência de uso apropriada para este dispositivo.

Dazed & Capítulo 2 - Análise de aplicativos de revistas de moda para iPad

Fig.35 - App, capa e telasAllure novemrbro de 2011.

Fig.36 - Telas Allure novembro de 2011.

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Dazed&Confused - novembro 2011

O aplicativo pode ser baixado gratuita-mente e cada edição custa € 2,39. A nave-gação nesta revista é bastante monótona, visto os poucos recursos que ela oferece para uma leitura mais dinâmica. Basica-mente, apenas três ações servem para lê--la: deslize horizontal; sucessão de pági-nas; deslize vertical aprofundamento em matéria; e toque, revelar créditos das rou-pas e fotos.

O aplicativo possui um sistema inteligen-te que agrupa as matérias por conteúdo, o que facilita a locali-zação de mate-rias específicas e a navegação por temas. Por se tratar de uma revista bastan-te conceitual e com grande prestígio, o uso do aplicativo se justifica devido às belas ima-gens que são produzidas em seus editoriais.

Fig.38 - Telas Dazed & Confused novembro de 2011.

Fig.37 - App e capaDazed & Confusednovembro de 2011.

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LOVE magazine

De todos os aplicativos analisados, este parece ser o que melhor atende as preposições deste trabalho. A LOVE é uma publicação britânica muito famosa entre o público especializado em moda. Ela é hoje uma das revistas mais conceituais no mercado de publicações de moda, com editoriais bastante co-mentados e que servem de inspiração para muitos fashionistas. Após fazer o download gratuito, a primeira impres-são ao utilizar este aplicativo, é de que há uma que-bra na forma com que a revista se mostra no iPad, sendo este o primeiro a apresentar um layout des-vinculado ao de uma revista impressa. O ambiente principal é divido em 12 retângulos ilustrados com

uma foto de cada conteú-do. A maioria deles consiste em vídeos-edi-toriais produzi-dos pela editora de moda Katye

Capítulo 2 - Análise de aplicativos de revistas de moda para iPad

Fig.39 - Capa, app, telas e imagem de vídeo aplicativo LOVE magazine, 2011.

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Grand em colaboração com cineastas e grifes. Um exem-plo é o vídeo Modelgeddon (2010), dirigido pelo diretor James Lima que tem no cast duas modelos brasileiras e todo o figurino assinado pela grife Versace, que o usuário pode visualizar os créditos quando toca a tela durante a exibição do filme. Além de o vídeo ser um dos próximos desafios à imagem de moda, como já afirmaram diversos profissionais da área, a publicidade neles presente através das roupas funciona como um atrativo a mais para que o leitor conheça a mensagem que o estilista quer passar com seu trabalho.

O aplicativo da LOVE ainda possui outros conteúdos como uma matéria narrada e vídeos feitos nos bastidores de um ensaio fotográfico para a revista impressa. É importante ressaltar que está publicação possui um número muito ex-tenso de matérias em sua versão impressa que não esta presente no aplicativo, demonstrando que o seu uso não substitui o da revista e sim, o complementa.

Fig.40 - Telas aplicativo LOVE magazine, 2011.

Vídeo 8 - “Modelgeddon”, 2010. Dir. James Lima.

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76Capítulo 3 - Aspectos relevantes no desenvolvimento de revistas para iPad

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CAPÍTULO

3Aspectos relevantes

no desenvolvimento derevistas de moda para iPad

esde o começo esse trabalho teve o objetivo de investigar quais foram as principais transformações que as revistas de moda sofreram ao serem transportadas para uma nova mí-dia, o iPad. Sendo assim, seria até mesmo prudente adequar

o termo usado, pois o que se analisou não foram as revistas de moda em si, e sim os aplicativos que reproduzem sua versão impressa para este dispositivo. Como citado anteriormente, logo quando o aparecimento de uma nova mídia, muitos aspectos de sua sucessora influenciam no desen-volvimento desta nova, justamente por seu estágio inicial ainda não ter muitas referências de sua gama de possibilidades. Por isso a importân-cia de analisar-se a linguagem destas novas revistas – ou aplicativos de revista – para uma melhor definição de suas principais funções.

Um dos primeiros aspectos a se levar em consideração de uma revista feita pra iPad é o método de distribuição da mesma. Reiterando ao que já foi posto, a mídia digital é prodigiosa em viabilizar isto, uma vez que o transporte de informação nela não tem o mesmo custo financeiro que teria no mundo físico; sem contar que a velocidade com que isso se dá é muito mais rápida que por vias físicas de transporte. Se considerarmos que no preço de uma revista comprada numa banca já está embutido o valor com despesas deste transporte, seria estranho aceitar o fato de que uma revista digital comprada na AppStore tivesse o mesmo valor que sua versão impressa. Este é um ponto a se pensar, pois o custo de uma revista digital não se justifica se equiparado ao de uma impressa. Isso sem contar que a versão digital elimina uma etapa extremamente grandiosa e de alto custo no processo de produção editorial, que é a própria impressão. Dos aplicativos que aqui foram analisados, quase todos custavam apro-ximadamente o mesmo valor da versão impressa da revista, que tem seu preço em volta de US$3,99. A única vantagem é quando se trata de

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78Capítulo 3 - Aspectos relevantes no desenvolvimento de revistas para iPad

uma revista internacional, pois seu valor impresso chega a ser até 10 vezes mais caro que o digital, dada as altas taxas de transporte que elas sofrem até chegar em território estrangeiro.

Uma questão de fundamental importância é relativa ao conteúdo que o aplicativo da revista deve conter. Este é um dos pontos que deve ser cuidadosamente definido, pois de acordo com o que foi analisado, parece ser o menos pensado. Uma ocorrência muito comum é o fato de todo os textos e matérias publicadas na versão impressa da revista serem dis-ponibilizados no aplicativo, o que parece um processo normal se pensar-mos no transporte da publicação a esta nova mídia. Mas isso não quer dizer que ela foi adapta a esta nova mídia. Uma vez que o aplicativo de determinada revista possui conteúdos extras e multimídias em relação a sua versão em papel e ainda possui todas as informações textuais e de conteúdo desta, em alguns casos, isso se torna um grande equívoco se a intenção da editora é aumentar o seu público e a tiragem de suas revistas impressas.

Oferecer o mesmo conteúdo em duas mídias distintas sendo que em uma delas existem materiais extras, fará com que os usuários-leitores mais atentos optem em utilizar apenas uma de suas versões; a mais comple-ta, a versão digital. Assim, será notório que o público leitor da revis-ta impressa diminuirá enquanto que o da digital aumentará. Caso esta não seja a intenção da revista, é necessário que se pense numa melhor forma de distribuir os conteúdos para cada um desses formatos, a fim de atender as expectativas de distribuição. Para Henry Jenkins (2009, p.138) “a redundância acaba com o interesse do fã e provoca o fracasso da franquia. Oferecer novos níveis de revelação e experiência renova a franquia e sustenta a fidelidade do consumidor”.

Isso faz com que pensemos se os longos textos que são publicados no formato impresso devam ser reproduzidos integralmente no aplicativo de uma revista. Não é novidade que os hábitos dos leitores de cada uma destas mídias são bastante distintos e dentro das redações jornalísticas existe a máxima de que textos extensos no ambiente digital acabam desestimulando o leitor. De acordo com Lúcia Santaella (2007, p.294), “o suporte em papel ainda parece ser o mais adequado para a leitura de

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um texto. Apenas mensagens breves são confortavelmente lidas em te-las de monitores”. O próprio Kindle da Amazon, que é mais voltado para leituras extensas, tem seu monitor adaptado a este tipo de interação, pois a alta luminosidade da tela de um iPad cansa os olhos quando em contato por muito tempo. Talvez este seja o trunfo para que o formato de livro impresso garanta sua sobrevivência neste cenário tecnológico, já em relação às revistas, isto pode não ser tão favorável:

O caso de artigos em revistas especializadas não é o mesmo que o dos livros, pois, como arquivos para informação e conhecimen-to, as revistas foram superadas pelos meios eletrônicos e, com a internet, foram também superadas como meios de distribuição

(SANTAELLA, 2007, p.296)

Sendo assim, a curadoria destes conteúdos configura-se como um dos mais importantes aspectos a se pensar para o aplicativo para iPad de uma revista. Talvez concentrar a produção editorial dentro das lingua-gens que são inviáveis de serem transmitidas pelo meio impresso, como reprodução de vídeos, sons e link a materiais complementares, seja a alternativa ideal para um funcionamento aliado ao formato impresso que a franquia da revista já possuí. Esta prática de criação de conteú-dos diferentes dentro de uma mesma “identidade projetual” não é nova e o termo que melhor lhe define é o de ‘transmídia’. Apesar de ser um conceito bastante recente, ele começou a surgir nos últimos anos com filmes e programas de televisão como Matrix (1999) e Lost (2004), que utilizavam mídias diferentes para desenvolver sua narrativa.

Henry Jenkins, em seu livro “Cultura da Convergência”, explica que:

uma história transmídia desenrola-se através de múltiplas platafor-mas de mídia, com cada novo texto contribuindo de maneira distinta e valiosa para o todo. Na forma ideal de narrativa transmídia, cada meio faz o que faz de melhor – a fim de que uma história possa ser introduzida num filme, ser expandida pela televisão, romances, qua-drinhos; seu universo possa ser explorado em games ou experimenta-do como atração de um parque de diversões. Cada acesso à franquia deve ser autônomo, para que não seja necessário ver o filme para gostar do game e vice-versa. (2009, p. 138)

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Para o espectador, não era necessário que acompanhasse todo o desen-volver da história em todas as mídias em que as informações do filme estavam presentes, como nos livros, revistas, site, jogos. Mas ao ter con-tato com o produto da franquia nestes outros suportes, descobria infor-mações complementares que não eram disponibilizadas em apenas uma mídia. Desta forma, a utilização de um formato não anulava ou tornava outro obsoleto, pois cada um deles oferecia uma informação diferente, que ao final, somava-se a um entendimento mais abrangente da história.

Com os aplicativos das revistas não deve-se pensar diferente. Eles tem que servir como meio de divulgação da própria versão impressa e dialo-garem com o conteúdo presente nela, despertando o desejo no leitor de acompanhar as duas versões. Um bom exemplo disso é o aplicativo da revista LOVE, que oferece apenas conteúdos que não estão presentes na revista comprada nas bancas, mas que fazem parte do universo e visão que a publicação possui sobre a moda.

Também é importante ressaltar que o meio digital oferece vias de di-vulgação e propagação num âmbito que custaria muito caro se feitas através de publicidade tradicional. Assim, caso a intenção da publicação seja aumentar seu público leitor, tornar o acesso um pouco mais facili-tado, como por exemplo não cobrar nada pela utilização dos aplicativos, seja um meio de angariar mais público para a própria revista impressa, que ainda corresponde à verdadeira forma de atuação de uma publicação.

A maioria das revistas veicula anúncios publicitários em suas páginas como forma de gerar receita e de acordo com o número de tiragem e seu público alvo, calcula-se quanto vale em média o espaço utilizado para divulgação de produtos em suas edições. Esta ainda é a forma pri-mordial de sustentação financeira de uma revista, que depende de anun-ciantes para que possa continuar existindo. Apesar da grande facilidade de acesso que a mídia digital trouxe a um público, na maioria das vezes, maior que o de assinantes e/ou leitores de uma publicação, a forma que ela tem de gerar receita com publicidade não é tratada da mesma forma. Muitas vezes o website de uma revista possui audiência superior à tiragem de sua versão impressa, embora não chegue a acumular nem mesmo a metade do que aquela em valor de publicidade.

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De acordo com estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)14, com dados coletados de mais de 1642 empresas em 2009, a televisão, seguida dos jornais e revistas impressas, são os meios de comunicação mais lucrativos e que respondem pela maior par-te dos gastos das agências de publicidade e propaganda no Brasil. Em outras palavras, a pesquisa revela que de cada R$ 100 gastos na promo-ção de serviços e produtos, R$ 76 são direcionados para essas mídias.

Os dados do estudo ainda mostram que a televisão, sozinha, movimenta 56,1% da receita total dessas empresas. A mídia impressa (jornais, re-vistas, listas e guias) corresponde a outros 20%. Rádio e mídia exterior (como outdoors e outros como pôsteres e anúncios em pontos de ônibus, por exemplo) ficam com 7%. Já a internet tem apenas 5,7% do fatu-ramento do setor, demonstrando como o mercado publicitário na web ainda não se encontra em um patamar equivalente ao das mídias mais tradicionais.

Esta forma de pensar presente no mercado até pode fazer sentido, mas possuí suas falhas. Lógico que ser exposto ao público que compra ou é assinante da revista, demonstra ser visto por pessoas com poder de com-pra maior em relação àquele que só acessa o site gratuitamente. Mas como medir quantitativamente a eficácia dessa forma de publicidade? Como saber efetivamente o quanto o valor investido em anúncio na re-vista impressa será revertido em vendas no produto anunciado? Sendo na web, existem ferramentas que possibilitam um controle de audiência a uma determinada página no site que esteja veiculada a pro-paganda de uma empresa anunciante e ainda é possível determinar, qual porcentagem dos leitores que acessaram aquela página clicaram no banner da empresa anunciante, por exemplo. Posteriormente, é possí-vel até mesmo indicar quantas vendas efetivas foram concretizadas por intermédio do anúncio – caso a empresa venda seus produtos pela inter-net. Assim, percebe-se que a mídia digital também tem suas vantagens em termos de divulgação publicitária, mesmo que não seja devidamente reconhecida no mercado. No iPad, esta maneira de publicidade se torna ____________14 dados de acordo com pesquisa divulgada pelo IBGE em 18 de nov de 2011 e publicada no site comunique-se.com.br no mesmo dia.

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ainda mais eficaz e quantificada.

A primeira coisa a se fazer quando se compra um iPad para poder utili-zá-lo, é registrar uma conta de usuário na iTunes App Store, sendo este o único meio de adquirir aplicativos, músicas, e etc. Uma das formas mais comuns na hora de registrar uma conta é vincular um cartão de crédito para poder efetuar compras nas lojas digitais da Apple. Desta forma, praticamente o número de todos os produtos vendidos da empre-sa – não só iPads, mas iPhones e iPod – significa em um consumidor em potencial que está a poucos clicks de efetuar uma compra.

Isto sugere que o público usuário de produtos da Apple, encontra-se num nível ainda maior de poder de compra que mesmo os leitores e assinan-tes das revistas, e logo, a exposição de publicidade a eles torna ainda maiores as chances de serem revertidas em compras. Um exemplo dessa enorme vantagem que o iPad dispõe para a publicidade, é o recurso “Tap to buy” presente no aplicativo da revista ELLE, que conecta a foto do produto com um link de um site que o venda na internet. Este recurso mostra-se muito útil ao possibilitar condições imediatas de adquirir os produtos mostrados na revista, uma vez que a versão impressa apenas dispõe do contato telefônico das empresas que os fabricam.

Segundo estudo realizado em 2010 pela Fecomercio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) em parceria com a e-bit, as compras pela internet já superaram as feitas em shoppings na cidade de São Paulo, o que demonstra a importância em se criar métodos mais práticos para efetuar compras na rede. Após o lançamento do iPad a Apple vem tendo um crescimento vertiginoso no mercado financeiro, chegando a ultrapassar até mesmo a companhia petrolífera Exxon Mobil Corp em valor de mercado, tornando-se a em-presa mais valiosa do mundo15. Dentre todos os aspectos levantados na linguagem dos aplicativos ana-lisados, o mais importante deles em relação à adaptação a esta nova mídia ainda não teve seu devido destaque. A maioria deles parece não se importar com o que conceito de interatividade realmente representa.____________15 segundo reportagem publicada no site da revista Info em 9 de agosto de 2011.

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No ensaio “Anjos interativos e retribalização do mundo. Sobre intera-tividade e interfaces digitais” escrito em 1997 por André Lemos, um dos grandes teóricos contemporâneos de cibercultura e interatividade, o autor se propõe a esclarecer a evolução da interface e as formas de interatividade com a inserção da tecnologia digital neste cenário.

Lemos explica que antes da revolução digital o conceito de interativida-de existia de duas formas;- interatividade técnica: interação homem-máquina, que o autor chama de “interação análogico-eletro-mecânica”; - interatividade social: presente entre a interação entre entidades que convivem em conjunto;

Para ilustrar este conceito, ele usa como exemplo o trânsito em uma cidade, pois o fluxo de automóveis depende de um sistema interativo, auto-organizante e participativo. Entre o motorista e o carro há a inte-ração mecânica (homem-máquina) e entre os carros na rua, a interação social, consistituindo em suma uma interação tecno-social.

Em seguida, Lemos explica que com o percurso tecnológico da televisão é possível enxergar a evolução da interação técnica em um aparelho de pouca interação social, sob o que ele classifica em níveis de interação:

- nível 0, a televisão em preto e branco com apenas um ou dois canais;- nível 1, com o controle remoto a telespectação adquire um pouco mais de autonomia com o “zappear” de canais, o que o autor diz ser a intera-ção antecessor da navegação WWW ou hipertextual;- nível 2, equipamentos invadem a televisão fazendo com que o teles-pectador se aproprie do objeto TV para outros fins (ver vídeos ou jogar) e das emissões (gravar e assistir programas na hora que quiser), insti-tuindo uma temporalidade própria e independente do fluxo das mesmas;- nível 3, sinais de uma interatividade de cunho digital, onde o usuário pode interferir no conteúdo das emissões a partir de telefones, fax ou e-mail;- nível 4, a chamada “Televisão Interativa” surge, possibilitando a parti-cipação, via telemática, ao conteúdo informativo das emissões em tem-po real (escolher ângulos e câmeras, por exemplo).

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Desta forma, percebemos que em cada nível acima, há um ganho de au-tonomia do espectador em relação à vizualização do conteúdo, e o autor explica em seguida que,

A revolução digital possibilita o que chamamos aqui de uma terceira interatividade, a interatividade de tipo “eletrônico-digital”. Podemos notar assim, que a interatividade se situa em três níveis não exclu-dentes: técnico “analógico- mecânico”, técnico “eletrônico-digital” e “social” (ou simplesmente “interação”). A interatividade digital é

um tipo de relação tecno-social, (LEMOS, 1997, p. 3)

“Essa nova qualidade da interatividade (‘eletrônico-digital’), como os computadores e o ciberespaço, vai afetar de forma radical a relação entre o sujeito e o objeto na contemporaneidade” (LEMOS, 1997, p. 4), e ainda, “a tendência do século XXI é ser o século da interatividade digital, cuja característica principal é a manipulação ‘hipertextual’ da informação”(LEMOS, 1997, p. 4)

André Lemos atribui a causa deste novo tipo de interação às facilidades na comunicação entre homens e máquinas digitais trazida com as metá-foras criadas com a interface gráfica, que servem de mediadoras entre o homem e a técnica, e ainda diz que nos

novos media digitais interativos, o que está em jogo é um ‘metade-sign’ [...] O ‘metadesign’ deixa livre o utilizador para que ele parti-cipe também do processo de concepção. Estabelece-se, dessa forma, um processo não-linear de concepção e de utilização (interatividade) dos conteúdos. [...] Num primeiro momento, os jornais migram para a Internet quase da mesma forma como eles são hoje no formato papel (simples transcrição eletrônica dos cadernos). Não funcionou. Eles começam então, a descobrir que esse é um mídia novo, exigindo novos formatos e novas formas de tratamento para a informação e para a interatividade. Um jornal no WWW, não é um jornal em papel visto numa tela. Ele tem que ser mais: oferecer “links”, propor leitu-ras não lineares, tornar disponível arquivos, estimular a participação do público, embutir recursos como som e imagens fixa e animada, etc. Não se trata mais de um “jornal”, como papel de embrulhar peixe(47), mas de um outro mídia, de natureza hipertextual.(LEMOS, 1997, p. 8)

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Assim a tecnologia digital permite ao usuário interagir não mais apenas com o objeto, seja ele uma máquina ou uma ferramenta, e sim com a informação, isto é, com o conteúdo a ser produzido. Se pensarmos que um aplicativo de revista de moda para ser interativo no nível explicitado deve permitir que os seus leitores-usuários transformem e colaborem no desenvolvimento do conteúdo da mesma, então fica claro que nenhum dos aplicativos que foram analisados no capítulo anterior tem esse tipo de propósito em vista.

Tais aplicativos sequer levam em consideração os principais aspectos técnicos de manuseio que o iPad dispõe aos seus usuários na interação com seus conteúdos. Na verdade, quando estas revistas dizem ter uma versão interativa para iPad, poderia-se comparar o nível desta interati-vidade quase que sendo o mesmo da revista impressa, que não permite ao leitor mais do que um estágio contemplativo de seu conteúdo. Muitas destas versões interativas sequer possuem a opção do usuário comentar a matéria ou compartilhá-la como normalmente existe nos sites das próprias revistas, demonstrando o quanto a versão para iPad se mostra apropriada de aspectos interativos inferiores até mesmo de um suporte anterior ao seu, que é o computador.

O que acontece é que o jeito de interagir com a revista no iPad é bas-tante diferente da forma que até então existia no manuseio de equipa-mentos digitais. Com a tela touch-screen, a experiência de uso de um dispositivo deste tipo tornou-se mais lúdica e intuitiva, o que por si só já é um atrativo a seu uso, mas não podemos permanecer neste nível superficial de contemplação e ignorar todo o potencial inovador que o iPad trouxe à comunicação.

Uma das características mais fortes do tablet da Apple trata-se da sua portabilidade. Uma vez que seu peso inferior ao de um notebook qual-quer, permite que o usuário o transporte com maior facilidade e a au-tonomia de sua bateria, que segundo a empresa, alcança aproximada-mente 10 horas de uso ininterrupto, este aparelho oferece uma gama de possibilidades que o computador comum, e mesmo o notebook, jamais ofereceu. Estas características não são exploradas em aplicativos que só oferecem textos, imagens e vídeos para o usuário visualizar.

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Sem contar o dispositivo integrado que possibilita coordenadas de geo--localização presente no tablet da Apple, que vem sendo largamente utilizado em aplicativos que visam uma interação com o espaço geográ-fico da cidade. Utilizar-se destes recursos para integrar a linguagem das revistas tendo o iPad como suporte se faz necessário caso a intenção seja desenvolver uma revista realmente criada para esta nova mídia. E ainda, somar a isso a participação dos usuários na construção do con-teúdo, mesmo que parcialmente, para que estes possam ser libertos da posição passiva que as mídias tradicionais – a impressa, por exemplo – lhes aprisiona.

O argumento, ou o discurso, da “comunicação interativa” pode ser dificilmente contornado com um discurso da “informação centraliza-da distribuída”, que caracterizou a cultura de massa e do espetáculo do século XX. Isso sem falar nas mudanças estruturais de produção e distribuição da informação causadas pela tecnologia digital nos jornais, nas emissoras de televisão, no radio, nas revistas, etc. A tec-nologia digital proporciona assim uma dupla ruptura: no modo de conceber a informação (produção por processos micro-eletrônicos) e no modo de difundir as informações (modelo “Todos-Todos”)

(LEMOS, 1997, p. 3)

Estes são alguns dos aspectos mais contundentes que uma linguagem própria de revista para iPad deve levar em conta. Claro que este esforço de identificar as novas possibilidades comunicacionais proporcionadas por esta nova mídia trazem a tona o questionamento se o produto a surgir diante disto possa ser considerado uma revista da forma que a co-nhecemos. Sendo assim, convém não se preocupar com o que o significa-do da palavra “revista” represente neste novo cenário e sim, se o papel que esta nova forma de comunicação a surgir atende as necessidades, vontades e possibilidades do usuário-leitor dentro deste novo contexto.

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iante do trabalho apresentado é possível perceber que o iPad configura-se como uma mídia extremamente útil no contexto contemporâneo de produção e transmissão de in-formação, com possibilidade de se transformar na principal

mídia de seu tempo. Com as inúmeras aplicações e funcionalidades que possui, ele engloba as maiores características que um dispositivo digital pode oferecer, além de atender as necessidades das diversas formas de interação que os usuários precisam atualmente.

Também foi possível notar a importância que as revistas de moda tem para o setor têxtil e como as características de sua produção neste con-texto tecnológico vem sendo transformadas. Ao buscar alternativas para o seu desenvolvimento em outras mídias, como foi apresentado com os inúmeros vídeos produzidos tanto por publicações como por empresas do setor, elas demonstram que esforços para adequar sua linguagem ao cenário atual estão ocorrendo. Estes acontecimentos ainda questionam se o suporte em meio impresso tem capacidade de atender todas as necessidades que a comunicação de moda tinha até tempos atrás e se o futuro das publicações depende desta mídia.

Com a análise dos aplicativos de revistas de moda existentes, percebe--se que muitos dos recursos que a hipermídia proporciona na comuni-cação foram apropriados, embora a forma com que ela se dá tanto com os usuários como a sua própria estrutura, pouco tenha se transformado. A linearidade que o modo de leitura impresso possui também foi pouco modificada, mesmo sendo transportada para o ambiente digital, fazendo nos pensar se de fato os aplicativos de revistas de moda que existem tenham sido realmente pensados para funcionar no iPad.

O que pode-se extrair disto é que na verdade o iPad vem sendo utilizado por estas publicações apenas como meio de reprodução do conteúdo

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Considerações Finais

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que existe na forma que até então atende as expectativas do que se convencionou ser na mídia impressa. O que mudou realmente foi a ex-periência que a utilização do iPad proporcionou na leitura do conteúdo produzido para a versão impressa das revistas.

Mas como a presente pesquisa mostra, existem inúmeros aspectos ine-rentes ao funcionamento deste dispositivo que não são levados em conta nesta experiência de leitura. Tal fato se torna um equívoco, pois deve-se ter em vista que essas características de interação do tablet são o fator que o distingue das mídias tanto impressas como digitais que ele sucede e que não proporcionam essas formas de interação.

Desconsiderar essas preposições é ignora todo o potencial inovador e que se soma ao desenvolvimento da tecnologia da informação que o iPad trouxe.

Considerações Finais

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