77
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA LEONARDO SOUSA CARVALHO ESTUDO COMPARATIVO ENTRE CARGA TÉRMICA DETALHADA E SIMPLIFICADA PARA CLIMATIZAÇÃO AMBIENTAL Salvador 2009

Tcc - Leonardo Carvalho

Embed Size (px)

DESCRIPTION

refrigeração ar condicionado carta psicometrica

Citation preview

Page 1: Tcc - Leonardo Carvalho

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

LEONARDO SOUSA CARVALHO

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE CARGA TÉRMICA

DETALHADA E SIMPLIFICADA PARA CLIMATIZAÇÃO

AMBIENTAL

Salvador 2009

Page 2: Tcc - Leonardo Carvalho

LEONARDO SOUSA CARVALHO

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE CARGA TÉRMICA

DETALHADA E SIMPLIFICADA PARA CLIMATIZAÇÃO

AMBIENTAL

Trabalho de conclusão de curso apresentado à disciplina ENG034 – Trabalho de Conclusão de Curso, Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, para a obtenção do título de Engenheiro Mecânico. Orientador: Prof. Marcelo José Pirani

Salvador 2009

Page 3: Tcc - Leonardo Carvalho

TERMO DE APROVAÇÃO

LEONARDO SOUSA CARVALHO

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE CARGA TÉRMICA DETALHADA E

SIMPLIFICADA PARA CLIMATIZAÇÃO AMBIENTAL

Trabalho de conclusão de curso aprovado como requisito parcial para obtenção do título de engenheiro mecânico, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora:

_______________________________________________________ Marcelo José Pirani – Orientador

Doutor em Engenharia Mecânica, Universidade Federal de Itajubá, UNIFEI, Brasil. Engenheiro Mecânico, Universidade Federal da Bahia – UFBA

_______________________________________________________ Thamy Cristina Hayashi

Doutora em Engenharia Mecânica, Instituto Superior Técnico, Portugal. Engenheira Mecânica, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC

_______________________________________________________

Abel Ribeiro de Jesus Mestre em Administração Profissional – UFBA Doutorando em Engenharia Industrial – UFBA

Engenheiro Mecânico, Universidade Federal da Bahia – UFBA

Salvador, 15 de dezembro de 2009

Page 4: Tcc - Leonardo Carvalho

A

Meus Pais e meu irmão, que me apoiaram desde o início do curso, me

suportando e me ajudando no que eu precisava e me levando a mais uma vitória

na minha vida.

Page 5: Tcc - Leonardo Carvalho

AGRADECIMENTOS

Por ordem de prioridade...

A Deus, por ter me ajudado em mais uma etapa de minha vida, me levando a

conclusão desde trabalho.

A meus pais, por terem sido o suporte ao longo de toda a minha vida, seja nos

momentos tristes ou alegres.

A meu irmão, por estar sempre disposto a me ajudar em todas as áreas da minha

vida, sendo um irmão fiel e companheiro.

Ao pessoal da igreja, que me ajudou de forma direta e indireta em todas as

etapas de minha vida.

Aos amigos que formei na universidade, que mutuamente fomos crescendo e

amadurecendo ao longo da vida acadêmica em especial: Fábio Campos, Bruno

Bittencourt, Leonardo Pimentel, Overlach Campos e Marcelo Dantas.

Ao professor orientador Marcelo José Pirani por transmitir seus conhecimentos

acadêmicos para me orientar neste trabalho de conclusão de graduação de curso

em Engenharia Mecânica.

Page 6: Tcc - Leonardo Carvalho

RESUMO

Este trabalho compara a carga térmica detalhada e simplificada para climatização ambiental cujo estudo de caso é um quarto residencial. A metodologia empregada no trabalho é baseada inicialmente em uma revisão bibliográfica sobre os princípios que envolvem a refrigeração e ar condicionado. Posteriormente fez-se um cálculo detalhado do dimensionamento da carga térmica do recinto com dados referentes ao Manual da Carrier e da Norma NBR 16401, com enfoque em condicionamento de ar para aparelhos de janela e parede. Também foram feitos os cálculos por outros três métodos, porém mais simplificados e com menos parâmetros de entrada. O primeiro conforme o catálogo de aparelhos de janela, o segundo retirado do site da Carrier, chamado de dimensionador virtual e o terceiro retirado do site da Inovar Ar Condicionado. Por último fez a análise dos resultados obtidos variando o número de pessoas para todos os métodos e concluiu-se que para o ambiente estudado o método simplificado, cujos resultados mais se aproximam do método detalhado, foi o método do dimensionador virtual. Palavras-chave: Carga térmica. Métodos de cálculo. Ar Condicionado.

Page 7: Tcc - Leonardo Carvalho

ABSTRACT

This review compares the detailed and simplified thermal charge for environmental acclimatization from a residential room. The methodology in this case study is an initial bibliographic review about the principles of air-conditioning and refrigeration. Lately a calculation based on Carrier Manual and NBR 16401 (air-conditioning and windows and walls devices) show us a thermal charge detailed from the residential room. Also, three more simplified calculations were used in this study of case(first from a window device catalog, second from Carrier web site called “Dimensionador Virtual” and third from Inova Ar Condicionado web site). At last, the results were analyzed and concluded that the simplified method was the method of “Dimensionador virtual”. Key-words: Thermal charge. Calculation method. Air Conditioning.

Page 8: Tcc - Leonardo Carvalho

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Carga térmica x Hora solar ..............................................................................49

Tabela 2 – Dados para seleção do equipamento.............................................................54

Tabela 3 – Cargas térmicas calculadas através dos diferentes métodos ....................61

Tabela 4 – Aparelhos selecionados....................................................................................61

Page 9: Tcc - Leonardo Carvalho

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Diagrama de Mollier ...........................................................................................18

Figura 2 – Mecanismos de transferência de calor ...........................................................19

Figura 3 – Transferência de calor por condução: a) Placas planas b) Cilindro...........19

Figura 4 – Carta psicrométria ..............................................................................................23

Figura 5 – Fatores que afetam o conforto térmico ...........................................................24

Figura 6 – Sistema de refrigeração.....................................................................................26

Figura 7 – Diagrama de Mollier do sistema de refrigeração...........................................26

Figura 8 – Funcionamento do compressor alternativo (esquerda) e de palhetas (direita).....................................................................................................................................28

Figura 9 – Processo de compressão no ciclo teórico ......................................................28

Figura 10 – Condensador duplo tubo (esquerda) e condensador carcaça e tubo (direita).....................................................................................................................................29

Figura 11 – Processo de troca térmica no condensador.................................................30

Figura 12 – Evaporador carcaça e tubo.............................................................................30

Figura 13 – Processo de troca térmica no evaporador ...................................................31

Figura 14 – Válvula de expansão termostática.................................................................32

Figura 15 – Válvula de bóia .................................................................................................32

Figura 16 – Processo no dispositivo de expansão...........................................................32

Figura 17 – Sistema de ar condicionado padrão ..............................................................34

Figura 18 – Carta psicrométrica e fator de calor sensível (FCS) ...................................40

Figura 19 – Representação esquemática do “by-pass” de ar ........................................41

Figura 20 – Sistema de ar condicionado padrão ..............................................................43

Figura 21 – Local do recinto de estudo de caso...............................................................45

Figura 22 – Dimensões do recinto ......................................................................................46

Figura 23 – Condições do ar exterior .................................................................................51

Figura 24 – Condições internas do recinto ........................................................................52

Figura 25 – Sistema de ar condicionado do estudo de caso..........................................54

Figura 26 – Cálculo de carga térmica simplificado...........................................................56

Figura 27 – Dimensionador Virtual .....................................................................................57

Figura 28 – Dimensionador Virtual para 5 pessoas .........................................................58

Figura 29 – Cálculo da Carga térmica pelo Inovar Ar Condicionado ............................59

Figura 30 – Cálculo da Carga térmica pelo Inovar Ar Condicionado para 5 pessoas59

Page 10: Tcc - Leonardo Carvalho

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................12

2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS ........................................................................14

2.1 INTRODUÇÃO............................................................................................14

2.2 DEFINIÇÕES ..............................................................................................14

2.3 1ª LEI DA TERMODINÂMICA.....................................................................16

2.4 DIAGRAMA DE MOLLIER ..........................................................................18

2.5 PRINCÍPIOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR.......................................18

2.5.1 Transferência de calor por condução ..............................................19

2.5.2 Transferência de calor por convecção ............................................20

2.5.3 Transferência de calor por radiação ................................................21

2.5.4 Coeficiente global de transferência de calor...................................21

2.6 PSICROMETRIA.........................................................................................22

2.6.1 Definições fundamentais...................................................................22

2.6.2 Carta Psicrométrica ...........................................................................23

2.7 CONFORTO TÉRMICO ..............................................................................24

2.7.1 Conceito .............................................................................................24

2.7.2 Fundamento teórico ..........................................................................24

3 O SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO ...................................................................26

3.1 INTRODUÇÃO............................................................................................26

3.2 CICLO DE REFRIGERAÇÃO POR COMPRESSÃO DE VAPOR...............27

3.3 COMPONENTES DO SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO .............................27

3.3.1 Compressores....................................................................................27

3.3.2 Condensadores..................................................................................29

3.3.3 Evaporadores .....................................................................................30

3.3.4 Dispositivos de expansão.................................................................31

4 CARGA TÉRMICA E SELEÇÃO DO AR CONDICIONADO .............................33

4.1 INTRODUÇÃO............................................................................................33

4.2 TEMPERATURA DE BULBO SECO, ÚMIDO e UMIDADE RELATIVA ......34

4.3 TRANSMISSÃO DE CALOR PELA INSOLAÇÃO.......................................35

4.4 TRANSMISSÃO DE CALOR NA PAREDE EXTERNA E TELHADO..........36

4.5 TRANSMISSÃO DE CALOR NO VIDRO, PAREDE E PISO INTERNOS...37

4.6 ILUMINAÇÃO..............................................................................................37

4.7 CARGA DE OCUPANTES ..........................................................................38

4.8 CARGA DE MOTORES ELÉTRICOS.........................................................38

4.9 EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS.............................................................38

4.10 CALOR DO AR EXTERIOR PARA RENOVAÇÃO......................................39

4.11 VAZÃO DE AR INSUFLADO NA SALA ......................................................40

4.12 POTÊNCIA FRIGORÍFICA..........................................................................41

4.13 FATOR DE BY-PASS E TADP ......................................................................41

4.14 REPRESENTAÇÃO DOS PROCESSOS NO SISTEMA DE AR CONDICIONADO ..................................................................................................43

5 ESTUDO DE CASO: COMPARATIVO ENTRE CARGA TÉRMICA DETALHADA E SIMPLIFICADA ..............................................................................45

5.1 DADOS DO RECINTO................................................................................45

5.2 DETERMINAÇÃO DA CARGA TÉRMICA DETALHADA............................46

5.2.1 Carga térmica devido à diferença de temperatura no recinto........47

5.2.2 Carga térmica devido à iluminação..................................................49

5.2.3 Carga térmica devido a equipamentos eletrônicos ........................49

Page 11: Tcc - Leonardo Carvalho

5.2.4 Carga térmica devido à quantidade de pessoas.............................49

5.2.5 Calor sensível total no recinto..........................................................50

5.2.6 Calor latente total no recinto ............................................................50

5.2.7 Carga térmica associada à vazão de ar exterior para renovação..51

5.2.8 Carga térmica total do recinto ..........................................................52

5.2.9 Cálculo da vazão de ar ......................................................................53

5.2.10 Determinação do ponto de mistura..................................................53

5.2.11 Determinação do Fator de By-pass..................................................53

5.2.12 Dados para seleção do equipamento...............................................54

5.2.13 Carga térmica variando o número de pessoas ...............................54

5.3 DETERMINAÇÃO DA CARGA TÉRMICA SIMPLIFICADA.........................56

5.3.1 Método proposto no pelo catálogo da Carrier ................................56

5.3.2 Método pelo dimensionador virtual .................................................57

5.3.3 Método proposto na página da Inovar Ar Condicionado ...............58

6 ANÁLISE DOS RESULTADOS .........................................................................60

7 CONCLUSÃO ....................................................................................................62

REFERÊNCIAS.........................................................................................................64

APÊNDICE A – Cálculo da carga térmica no EES ................................................66

APÊNDICE B – Sistema de ar condicionado do estudo de caso ........................68

ANEXO A – Tabelas do Manual da Carrier ............................................................69

ANEXO B – Tabela da NBR 16401..........................................................................74

ANEXO C – Tabelas extraídas de PIRANI, 2004....................................................75

Page 12: Tcc - Leonardo Carvalho

12

1 INTRODUÇÃO

O sistema de condicionamento de ar tem fundamental importância na vida

humana, pois está vinculado ao conforto térmico do homem.

Segundo o “site” (http://www.historiadetudo.com/ar-condicionado.html),

durante muito tempo, o homem pensou em maneiras de amenizar os efeitos do

calor. Invenções mais antigas, como ventiladores, abanadores e até o uso do gelo

em larga escala faziam parte dos métodos para amenizar a temperatura em um

ambiente. No início da década de 90, em Nova York, a empresa Sackett-Wilhelms

Lithography and Publishing Co viu que seu trabalho ficava prejudicado no verão,

pois o calor fazia com que os papéis absorvessem a umidade do ar, tornando as

escritas borradas e escuras. Assim, a empresa contratou o engenheiro formado pela

Universidade de Cornell, Willis Carrier, para desenvolver uma forma de solucionar a

situação. O engenheiro desenvolveu, em 1902, um processo que resfriava o ar,

fazendo-o circular por dutos resfriados artificialmente, o que também era capaz de

reduzir a umidade. Este foi o primeiro ar-condicionado contínuo por processo

mecânico da história.

O dimensionamento da carga térmica de ar condicionado é baseado na zona

de conforto térmico humano. Sendo assim, foram criadas normas e manuais para tal

dimensionamento (CARRIER AIR CONDITIONINIG COMPANY, ABNT NBR 16401,

entre outros), sendo um cálculo de grande complexidade devido à existência de

muitas variantes para cada recinto a ser climatizado. Devido a estas variantes,

provocando uma demanda de tempo para determinar a carga térmica necessária

para cada ambiente, os catálogos dos equipamentos de ar condicionado passaram a

fornecer um cálculo mais simplificado, direto e funcional, que permitiu assim uma

aceleração no processo de determinação da carga térmica.

O tema abordado neste trabalho surgiu, devido ao autor do trabalho de

conclusão de curso já ter estagiado na área de refrigeração e ar condicionado por

um período de 10 meses na empresa “Casa do Ar”. Também pelo fato do tema

escolhido ter sido aproveitado durante o curso de Engenharia Mecânica e

consequentemente, ter transmitido um grande interesse tanto para o autor do

trabalho acadêmico, quanto para o orientador.

Este trabalho tem por objetivo comparar os resultados obtidos do

dimensionamento da carga térmica de um recinto das duas formas abordadas

Page 13: Tcc - Leonardo Carvalho

13

anteriormente (detalhada e simplificada), baseadas no (CARRIER AIR

CONDITIONING COMPANY, 1983), nos catálogos, no dimensionador virtual da

Carrier e do site da Inovar Ar Condicionado para ser observado se existem

imprecisões nos cálculos simplificados, bem como as vantagens e desvantagens de

sua utilização.

A metodologia empregada no trabalho se baseia em inicialmente aplicar as

revisões bibliográficas sobre os princípios que envolvem a refrigeração e ar

condicionado, posteriormente estima-se a carga térmica por duas abordagens:

detalhada e simplificada, para um quarto residencial para 2 e 5 pessoas. O método

detalhado é feito pelo (CARRIER AIR CONDITIONING COMPANY, 1983), já os

simplificados são feitos pelo catálogo da Carrier, dimensionador virtual da Carrier e

pelo “site” da Inovar Ar Condicionado. Em seguida, fizeram-se as análises dos

resultados obtidos em todos os métodos e obtiveram-se as conclusões necessárias

para o trabalho.

O capítulo 2 abordará todo embasamento teórico que circunda os cálculos da

carga térmica, definições importantes para a área de refrigeração e ar condicionado

(fundamentos da termodinâmica, transferência de calor, psicrometria). Já o capítulo

3 mostrará o funcionamento de todo o sistema de refrigeração, bem como seus

equipamentos, ciclo de refrigeração, entre outros.

Por conseguinte, no capítulo 4 desenvolver-se-á todos os cálculos

necessários para a estimativa da carga térmica de qualquer ambiente (carga térmica

devido à iluminação, troca térmica nas paredes, seleção do aparelho de ar

condicionado, entre outros). O capítulo 5 traz o estudo de caso para um determinado

recinto, com todos os seus cálculos desenvolvidos para o dimensionamento

detalhado. No capítulo 6, é realizado o cálculo da carga térmica por três métodos

simplificados, pelo catálogo de aparelho de janela, pelo dimensionador virtual da

Carrier e pelo “site” da Inovar Ar Condicionado.

No capitulo 7 é feita a análise dos resultados obtidos dos capítulos 5 e 6

analisando os custos da seleção do equipamento, enquanto que o capítulo 8 traz as

conclusões das análises obtidas.

Depois dos capítulos, são apresentadas as referências utilizadas para a

produção do trabalho e os anexos com as tabelas do Manual da Carrier, o

psicrométrico do estudo de caso, a tabela retirada de (PIRANI, 2004) e a tabela da

NBR 16401.

Page 14: Tcc - Leonardo Carvalho

14

2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS

2.1 INTRODUÇÃO

Para a estimativa da carga térmica detalhada de ar condicionado, pelo

manual da Carrier, é necessário entender alguns conceitos fundamentais, esses

conceitos envolvem os fundamentos da termodinâmica (1ª lei da termodinâmica) e

os fundamentos da transferência de calor (condução, convecção e radiação).

2.2 DEFINIÇÕES Antes de serem definidos os fundamentos envolvidos no cálculo, algumas

definições são de extrema importância para o entendimento. Segundo (MARQUES,

2006), tem-se as seguintes definições:

• Propriedades termodinâmicas - São características macroscópicas

de um sistema, como: volume, massa, temperatura, pressão etc.

• Estado Termodinâmico - Pode ser entendido como sendo a condição

em que se encontra a substância, sendo caracterizado pelas suas propriedades.

• Processo - É uma mudança de estado de um sistema. O processo

representa qualquer mudança nas propriedades da substância. Uma descrição de

um processo típico envolve a especificação dos estados de equilíbrio inicial e final.

• Ciclo - É um processo, ou mais especificamente uma série de

processos, onde o estado inicial e o estado final do sistema (substância) coincidem.

• Substância Pura - É qualquer substância que tenha composição

química invariável e homogênea. Ela pode existir em mais de uma fase (sólida,

líquida e gasosa), mas a sua composição química é a mesma em qualquer das

fases.

• Temperatura de saturação - O termo designa a temperatura na qual

se dá a vaporização de uma substância pura a uma dada pressão. Essa pressão é

chamada pressão de saturação para a temperatura dada. Assim, para a água

(utiliza-se a água para facilitar o entendimento da definição dada acima) a 100 ºC, a

pressão de saturação é de 1,01325 bar. Para uma substância pura há uma relação

definida entre a pressão de saturação e a temperatura de saturação correspondente.

Page 15: Tcc - Leonardo Carvalho

15

• Líquido Saturado - Se uma substância se encontra como líquido à

temperatura e pressão de saturação, diz-se que ela está no estado de líquido

saturado.

• Líquido Sub-resfriado - Se a temperatura do líquido é menor que a de

saturação, para a pressão existente, o líquido é chamado de líquido sub-resfriado

(significa que a temperatura é mais baixa que a de saturação para a pressão dada),

ou líquido comprimido, (significando ser a pressão maior que a pressão de saturação

para a temperatura dada).

• Título (x) - Quando uma substância se encontra parte líquida e parte

vapor, na temperatura de saturação (isto ocorre, em particular, nos sistemas de

refrigeração, no condensador e no evaporador), a relação entre a massa de vapor e

a massa total, isto é, a massa de líquido mais a massa de vapor, é chamada de título

(x).

• Vapor Saturado - Se uma substância se encontra completamente

como vapor na temperatura de saturação, é chamado de vapor saturado, e neste

caso o título é igual a 1 ou 100%, pois a massa total é igual à massa de vapor.

• Vapor Superaquecido - Quando o vapor está a uma temperatura

maior que a temperatura de saturação é chamado vapor superaquecido. A pressão e

a temperatura do vapor superaquecido são propriedades independentes, e neste

caso, a temperatura pode ser aumentada para uma pressão constante. Em verdade,

as substâncias que são chamadas de gases são vapores altamente superaquecidos.

• Volume de controle – O tamanho e a forma do volume de controle

são arbitrários e podem ser definidos de modo que a análise a ser feita seja a mais

simples possível. A superfície do volume de controle pode ser fixa ou móvel,

entretanto, o movimento desta deve ser referenciado em relação a algum sistema de

coordenadas. (WYLEN, 2003).

Massa, calor e trabalho podem atravessar a superfície de controle, e a massa

contida no volume de controle, bem como suas propriedades, podem variar ao longo

do tempo (WYLEN, 2003).

Page 16: Tcc - Leonardo Carvalho

16

2.3 1ª LEI DA TERMODINÂMICA A 1ª lei da termodinâmica engloba propriedades físicas indispensáveis para

sua definição, essas propriedades são: temperatura, pressão, volume específico,

massa específica, energia interna e entalpia.

As definições de energia interna e entalpia podem ser definidas segundo

(MARQUES, 2006):

Energia Interna (u). É a energia que a matéria possui devido ao movimento

e/ou forças intermoleculares. Esta forma de energia pode ser decomposta em duas

partes:

a) Energia cinética interna: relacionada à velocidade das moléculas;

b) Energia potencial interna: relacionada às forças de atração entre as

moléculas.

As mudanças na velocidade das moléculas são identificadas,

macroscopicamente, pela alteração da temperatura da substância (sistema),

enquanto que as variações na posição são identificadas pela mudança de fase da

substância (sólido líquido ou vapor).

Entalpia (h). Na análise térmica de alguns processos específicos,

freqüentemente são encontradas certas combinações de propriedades

termodinâmicas. Uma dessas combinações ocorre quando se tem um processo a

pressão constante, resultando a combinação u + pv. Assim é conveniente definir

uma nova propriedade termodinâmica chamada entalpia, a qual é representada pela

letra h. Matematicamente, tem-se:

pvuh += (2.1)

A primeira lei da termodinâmica estabelece que, durante qualquer ciclo

percorrido por um sistema, a integral cíclica do calor é proporcional a integral cíclica

do trabalho (WYLEN, 2003), ou seja, se baseia no “princípio da conservação de

energia” dentro de um sistema termodinâmico.

De acordo com (WYLEN, 2003), o balanço de energia estabelece que, para

um determinado intervalo de tempo, o somatório dos fluxos de energia entrando no

volume de controle, é igual ao somatório dos fluxos de energia saindo do volume de

controle mais a variação da quantidade de energia armazenada pelo mesmo,

durante o intervalo de tempo considerado. Matematicamente, tem-se:

Page 17: Tcc - Leonardo Carvalho

17

t

EEE vc

saient

∆+=∑∑

..

(2.2)

Sendo:

Eent – energia que entra no volume de controle;

Esai – energia que sai do volume de controle;

Evc – energia armazenada no volume de controle;

∆t – intervalo de tempo considerado.

É importante ressaltar que, do ponto de vista termodinâmico, a energia é

composta de energia cinética (Ec), energia potencial (Ep) e energia interna (U). A

energia cinética e a energia potencial são dadas pelas equações (2.3) e (2.4),

respectivamente, e, conforme mencionado anteriormente, a energia interna está

associada ao movimento e/ou forças intermoleculares da substância em análise

(WYLEN, 2003).

2

²mvEc = (2.3)

mgzE p = (2.4)

Onde:

m – Massa do sistema;

v – Velocidade do sistema.

g – Aceleração da gravidade;

z – Cota (elevação) com relação a um referencial adotado para o sistema.

Entre as formas de energia que podem atravessar a fronteira de um volume de

controle, isto é, entrar ou sair do volume de controle, estão incluídos os fluxos de

calor (,

Q ), os fluxos de trabalho (.

W ) e os fluxos de energia associados à massa

atravessando estas fronteiras. Uma quantidade de massa em movimento possui

energia potencial e energia cinética. Além disso, como geralmente o fluxo mássico

(.

m ) é gerado por uma força motriz, há uma outra forma de energia associada ao

fluxo, a qual está relacionada com a pressão. Esta última forma de energia é

chamada de trabalho de fluxo, sendo dada pelo produto da pressão pelo volume

específico do fluído. Assim, após algumas simplificações, a primeira lei da

termodinâmica pode ser escrita como (WYLEN, 2003):

Page 18: Tcc - Leonardo Carvalho

18

∑∑∑∑ +

++=

+++

....

2

²

2

²Wgz

vhmgz

vhmQ

saient

(2.5)

2.4 DIAGRAMA DE MOLLIER Segundo (MARQUES, 2006), as propriedades termodinâmicas de uma

substância são freqüentemente apresentadas, além das tabelas, em diagramas que

podem ter por ordenada e abscissa, temperatura e entropia, entalpia e entropia,

pressão absoluta e volume específico ou pressão absoluta e entropia.

O diagrama de Mollier apresenta em sua abscissa a entalpia (h) e na sua

ordenada a pressão absoluta (P), sendo utilizadas para representar as propriedades

de fluidos frigoríficos, pois representa de forma clara o ciclo termodinâmico de

refrigeração, mostrando o estado físico do fluido em cada etapa do ciclo. Na figura 1

pode-se ver a representação do diagrama de Mollier e as regiões dos diferentes

estados físicos e suas propriedades.

Figura 1 – Diagrama de Mollier

Fonte: Pirani, 2004

2.5 PRINCÍPIOS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR Para cálculo da carga térmica, é importante o conhecimento dos princípios de

transferência de calor.

Page 19: Tcc - Leonardo Carvalho

19

Calor é energia térmica em trânsito devido a uma diferença de temperaturas

no espaço (INCROPERA, 2008). Essa transferência de calor pode ser de três tipos:

condução, convecção e radiação. A figura 2 mostra os três tipos de transferência de

calor.

Figura 2 – Mecanismos de transferência de calor

Fonte: Incropera, 2008

2.5.1 Transferência de calor por condução Quando existe um gradiente de temperatura em um meio estacionário, que

pode ser um sólido ou fluido, a transferência de calor ocorre por condução

(INCROPERA, 2008). A condução pode ser vista como a transferência de energia

das partículas mais energéticas para as menos energéticas de uma substância

devido às interações entre partículas (INCROPERA, 2008). A figura 3 mostra dois

tipos de superfícies ocorrendo transferência de calor por condução.

Figura 3 – Transferência de calor por condução: a) Placas planas b) Cilindro

Fonte: Incropera, 2008

Page 20: Tcc - Leonardo Carvalho

20

Para o cálculo da transmissão de calor por condução, para placas planas e

cilindro, tem:

x

TkAQ

∆−=

.

(Placas planas) (2.6)

∆=

1

2

.

ln

2

rr

TkLQ π (Cilindros) (2.7)

Sendo:

.

Q – fluxo de calor [W];

k – condutividade térmica [W/m.k];

A – área normal ao fluxo de calor [m²];

T∆ – diferença de temperatura [K];

x∆ – espessura da placa [m];

1r – raio interno do cilindro [m];

2r – raio externo do cilindro [m];

L – comprimento do cilindro [m]

2.5.2 Transferência de calor por convecção A convecção se refere à transferência de calor que ocorre entre uma

superfície e um fluido em movimento quando eles estiverem a diferentes

temperaturas (INCROPERA, 2008). A convecção abrange dois mecanismos, o

primeiro é a transferência de energia devido ao movimento molecular aleatório e o

segundo é devido ao movimento global (macroscópico) do fluido.

O tratamento tradicional para os problemas envolvendo convecção consiste

em definir um coeficiente de transferência de calor por convecção, ou somente

coeficiente de convecção (h), de tal forma que se tenha a seguinte equação

(INCROPERA, 2008):

TAhQ ∆= ...

(2.8)

Sendo:

.

Q – o fluxo de calor [W];

A – área normal ao fluxo de calor [m²];

Page 21: Tcc - Leonardo Carvalho

21

T∆ – diferença de temperatura [K];

h – coeficiente de convecção [W/m².K].

2.5.3 Transferência de calor por radiação De acordo com (INCROPERA, 2008), todas as superfícies com temperatura

não nula emitem energia na forma de ondas eletromagnéticas, Desta forma, na

ausência de um meio interposto participante, há transferência de calor líquida, por

radiação, entre duas superfícies a diferentes temperaturas.

Segundo (INCROPERA, 2008), a transferência de calor por radiação se dá

como resultado do deslocamento de fótons de uma superfície para outra. Ao atingir

uma superfície, esses fótons podem ser absorvidos, refletidos ou transmitidos. A

energia irradiada por uma superfície é definida em termos do seu poder emissivo, o

qual, para um radiador perfeito (corpo negro), é dado pela equação (2.9), onde T é a

temperatura do corpo e σ é a constante de Stefan-Boltzman (5,669 x 10-8 W/m².K4).

O calor trocado entre duas superfícies pode ser calculado pela seguinte

fórmula: 4

TEn σ= (2.9)

)(4

2

4

121

.

TTAQ −=→

σε (2.10)

Sendo:

ε – emissividade

1T – temperatura da superfície

2T – temperatura da superfície vizinhança

A – área da superfície

2.5.4 Coeficiente global de transferência de calor Um parâmetro importante que será usado para o cálculo da carga térmica é o

coeficiente global de transferência de calor (U), é um fator que facilita cálculo da

transferência de calor, pois quando há uma combinação de troca térmica por

condução e convecção, este parâmetro associa esta combinação, segundo a

equação (2.11), abaixo:

Page 22: Tcc - Leonardo Carvalho

22

TUAQ ∆=.

(2.11)

2.6 PSICROMETRIA

2.6.1 Definições fundamentais

De acordo com (PIZZETI,1970), a psicrometria é o estudo das misturas de ar e

de vapor de água. Nos sistemas de ar condicionado o ar não pode ser considerado

seco, mas sim como uma mistura de ar e de vapor d’água, resultando daí a

importância da psicrometria. Em alguns processos a água é removida do ar,

enquanto em outros é adicionada.

A psicrometria possui parâmetros essenciais para o cálculo da carga térmica

que, a partir deles podem definir a zona de conforto térmico humano. Esses

parâmetros são:

• Pressão parcial – a pressão que ele exerceria se ocupasse sozinho um

volume igual ao da mistura, na mesma temperatura.

• Ar seco – é a mistura de todos os gases do ar atmosférico, com exceção do

vapor d’água.

• Ar não saturado e ar saturado – ar não saturado é a mistura de ar seco e

vapor de água superaquecido, e ar saturado é a mistura de ar seco e de vapor de

água saturado.

• Umidade absoluta – é definida como a razão entre a massa de vapor e a

massa de ar seco.

• Umidade relativa – é definida como a relação entre a pressão parcial do

vapor de água na mistura e a pressão de saturação correspondente à temperatura

da mistura.

• Entalpia específica do ar úmido – a entalpia de uma mistura de gases é

igual à soma das entalpias dos componentes da mistura. Assim, para o ar úmido, a

entalpia é igual à soma das entalpias do ar seco e do vapor de água.

• Volume específico do ar úmido – é definido como a razão entre o volume da

mistura em m³ e a massa de ar seco em kg.

• Temperatura de bulbo seco – é a temperatura indicada por um termômetro

comum, não exposto à radiação.

Page 23: Tcc - Leonardo Carvalho

23

• Temperatura de bulbo úmido – Se o bulbo de um termômetro for coberto

com uma mecha de algodão saturado com água, a sua temperatura descerá

primeiro rapidamente e depois lentamente até atingir um ponto estacionário. A leitura

neste ponto é chamada de temperatura de bulbo úmido do ar.

• Temperatura de orvalho – é a temperatura na qual o vapor de água se

condensa, ou solidifica, quando resfriado a pressão e umidade absoluta constante.

2.6.2 Carta Psicrométrica

A carta psicrométrica é a representação gráfica dos parâmetros mencionados

anteriormente, sendo de extrema importância para a visualização da zona de

conforto térmico para o condicionamento do ar, e assim, definir o ciclo de ar

condicionado. A figura 4 apresenta uma carta psicrométrica.

Figura 4 – Carta psicrométria Fonte:Manual da Carrier, 1983

Page 24: Tcc - Leonardo Carvalho

24

2.7 CONFORTO TÉRMICO

Para determinação da carga térmica necessária para o ambiente em estudo, é

necessário entender o conceito de conforto térmico e seu fundamento.

2.7.1 Conceito

De acordo com (PIZZETI, 1970) conforto térmico é definido como condições

ambientais de temperatura e umidade que proporcionam sensação de bem-estar às

pessoas que ali estão. Na figura 5 pode-se ver os fatores que influenciam o conforto

térmico humano

Figura 5 – Fatores que afetam o conforto térmico

Fonte: PIZZETI, 1970

2.7.2 Fundamento teórico

A zona de conforto térmico a ser definida, é de extrema dificuldade, pois

depende de parâmetros de sensação de conforto que variam em relação ao

Page 25: Tcc - Leonardo Carvalho

25

indivíduo e ao ambiente em que ele vive dificultando definir o limite entre o

desconforto e conforto humano.

Existem, atualmente, vários índices ou critérios que estimam a região de

conforto térmico, sendo estimados por pesquisadores estrangeiros e brasileiros, que

procuram buscar a zona ideal de conforto térmico para o brasileiro, dentre deles tem-

se: Diagrama Bioclimático dos Irmãos Olgyay, as Zonas de Conforto de Givoni e a

Norma ASHARE 55.

Basicamente o conforto térmico é afetado pelos seguintes fatores:

temperatura, umidade, circulação do ar, radiação de superfícies vizinhas, odores,

poeiras e ruído.

Já os parâmetros básicos de condicionamento de ar são: temperatura do ar,

temperatura das superfícies circundante, umidade do ar e velocidade do ar e pureza

do ar.

Page 26: Tcc - Leonardo Carvalho

26

3 O SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO

3.1 INTRODUÇÃO Um sistema de refrigeração tem por objetivo a retirada de calor de um

determinado ambiente, produto ou pessoa através da troca de calor entre o ar ou

água que se encontra no meio a ser refrigerado e o fluido refrigerante que se

encontra no ciclo de refrigeração.

O processo de transferência de calor no sistema de refrigeração é obtido

através do ciclo de refrigeração, em que o fluido refrigerante, que passa de forma

contínua na tubulação faz a troca térmica com o ambiente externo. Para tal fato são

necessários alguns componentes essenciais para que o ciclo seja mantido e sempre

haja a troca térmica de calor. Esses componentes são: evaporador, compressor,

condensador e dispositivo de expansão que podem ser vistos na figura 6.

Figura 6 – Sistema de refrigeração

Fonte:PIRANI, 2004.

Figura 7 – Diagrama de Mollier do sistema de refrigeração Fonte: PIRANI, 2004.

Page 27: Tcc - Leonardo Carvalho

27

3.2 CICLO DE REFRIGERAÇÃO POR COMPRESSÃO DE VAPOR O ciclo teórico tem por objetivo representar um ciclo ideal que se aproxime do

real para ser usado como comparação. A figura 6, representa o sistema de

refrigeração por compressão de vapor e seus principais componentes, seguido da

figura 7 que é o ciclo teórico representado no plano Pxh do diagrama de Mollier.

Os processos envolvidos no sistema de refrigeração, de acordo com a figura

6, podem ser definidos como:

• Processo 1→2. Esse processo ocorre no compressor em que o vapor

saturado que sai do evaporador passa a ser comprimido no compressor

aumentando a pressão, tornando o vapor superaquecido. Para ocorrer tal

processo é necessário do trabalho externo no compressor.

• Processo 2→3. Esse processo ocorre no condensador, em que o vapor

superaquecido que sai do compressor faz a troca térmica no condensador à

pressão constante, resfriando-se até o ponto 3, chamado de líquido saturado.

• Processo 3→4. Esse processo ocorre no dispositivo de expansão, em que o

líquido saturado vindo do condensador sofre uma diminuição de pressão,

sendo um processo isoentálpico (entalpia constante) e irreversível (entropia

na saída diferente da entrada), saindo na forma de vapor úmido do dispositivo

de expansão.

• Processo 4→1. Ocorre no evaporador, sendo um processo de transferência

de calor a pressão constante, conseqüentemente a temperatura constante,

desde vapor úmido (estado 4), até atingir o estado de vapor saturado seco.

3.3 COMPONENTES DO SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO O sistema de refrigeração é constituído basicamente por 4 componentes

principais, que permitem que o ciclo de refrigeração funcione continuamente. São

eles:

3.3.1 Compressores

A finalidade dos compressores no sistema de refrigeração é de aumentar a

pressão do fluido frigorífico através do trabalho de compressão.

Os compressores são classificados segundo sua forma de compressão

podendo ser: alternativos, scroll, centrífugos, de parafuso e palhetas. São

Page 28: Tcc - Leonardo Carvalho

28

classificados também segundo a sua disposição: herméticos, semi-herméticos e

abertos. Para a escolha do melhor compressor para determinado sistema frigorífico

alguns fatores são levados em consideração como: características do fluido

refrigerante e potência teórica de compressão necessária para atender a carga

térmica do ambiente a ser resfriado. Na figura 8 são mostrados dois tipos de

compressores.

Figura 8 – Funcionamento do compressor alternativo (esquerda) e de palhetas (direita)

Fonte: Stocker, 1985

A potência teórica de compressão, segundo (STOCKER, 1985) é a

quantidade de energia por unidade de tempo que deve ser fornecida ao refrigerante,

no compressor, para se obter a elevação de pressão necessária do ciclo teórico. É

obtida através da aplicação da 1ª lei da termodinâmica no compressor em regime

permanente, considerando um processo adiabático reversível e desconsiderando as

variações de energia cinética e potencial, como pode ser visto na figura 9.

Figura 9 – Processo de compressão no ciclo teórico

Fonte: Pirani, 2004

)( 12 hhmW fc −= & (3.1)

Onde:

cW – Trabalho teórico de compressão

fm& – fluxo de massa do refrigerante no sistema

1h – entalpia na entrada do compressor

Page 29: Tcc - Leonardo Carvalho

29

2h – entalpia na saída do compressor

3.3.2 Condensadores Os condensadores, como o próprio nome diz, têm a função de condensar o

fluido refrigerante que sai do compressor na forma de vapor superaquecido,

transformando-o em líquido saturado ou comprimido, na sua saída.

Os condensadores são trocadores de calor constituídos por serpentinas de

tubos ou placas por onde passa o fluido refrigerante, permitindo a troca de calor

entre o meio em que se encontra o aparelho e o fluido refrigerante.

Estes trocadores de calor podem ser classificados segundo o meio a ser

refrigerado, como condensadores resfriados a ar ou resfriados a água. Também

podem ser classificados segundo a sua disposição, como: condensador de duplo

tubo, carcaça e serpentina, carcaça e tubo, de placa e evaporativos. A aplicação

para cada tipo de condensador depende de fatores como: temperatura de

condensação, temperatura de evaporação, entre outros. A figura 10 apresenta os

condensadores de duplo tubo e de carcaça e tubo.

Figura 10 – Condensador duplo tubo (esquerda) e condensador carcaça e tubo (direita) Fonte: PIRANI, 2004.

O fluxo de calor pode ser determinado através de um balanço de energia no

volume de controle. Assim, considerando o regime permanente, tem-se (PIRANI,

2004):

Page 30: Tcc - Leonardo Carvalho

30

Figura 11 – Processo de troca térmica no condensador

Fonte: PIRANI, 2004

)( 32 hhmQ fc −= & (3.2)

Onde:

cQ – Calor rejeitado pelo fluido refrigerante

3h – entalpia na saída do condensador

3.3.3 Evaporadores

Os evaporadores têm a finalidade de transformar o fluido refrigerante no

estado de vapor úmido em vapor saturado (ou superaquecido), através da troca

térmica entre o fluido refrigerante e o meio a ser refrigerado.

Assim como os condensadores, eles são constituídos de serpentinas de tubos

por onde passa o fluido refrigerante para permitir a troca térmica deste com o meio

em que se encontram os evaporadores.

Podem ser classificados quanto ao sistema de alimentação como secos ou

inundados. Podem ser classificados também quanto ao fluído a resfriar, como:

evaporadores para ar, líquidos e de contato. São também classificados quanto a sua

disposição: carcaça e tubo, carcaça e serpentina, cascata, de placas e de contato. A

figura apresenta um evaporador carcaça e tubo.

Figura 12 – Evaporador carcaça e tubo

Fonte: PIRANI, 2004

Page 31: Tcc - Leonardo Carvalho

31

Para a seleção dos evaporadores os fatores que são levados em

consideração são: temperatura de condensação, temperatura de evaporação, fluido

refrigerante e carga térmica desejada.

A carga térmica desejada no evaporador, usando a 1º lei da termodinâmica,

considerando regime permanente, pode ser determinada considerando a entalpia do

fluido refrigerante, como mostrado na figura 13.

Figura 13 – Processo de troca térmica no evaporador

Fonte: PIRANI, 2004

)( 41 hhmQ fo −= & (3.3)

Onde:

oQ – carga térmica

4h – entalpia na entrada do evaporador

3.3.4 Dispositivos de expansão

Em um sistema de refrigeração, os dispositivos de expansão têm a função de

reduzir a pressão do refrigerante desde a pressão de condensação até a pressão de

vaporização. Outra função desses dispositivos é a de regular a vazão de fluido

refrigerante para atender a carga térmica do ambiente a ser refrigerado.

Os principais tipos de dispositivos de expansão são: válvula de expansão

termostática, válvula de expansão eletrônica, válvula bóia e o tubo capilar. Alguns

deles podem ser vistos nas figuras 14 e 15.

Page 32: Tcc - Leonardo Carvalho

32

Figura 14 – Válvula de expansão termostática

Fonte: PIRANI, 2004

Figura 15 – Válvula de bóia

Fonte: PIRANI, 2004

Nos dispositivos de expansão, para o processo teórico, o volume de controle da

figura 16 é considerado adiabático, ou seja, a energia (entalpia) que entra no

dispositivo é igual à energia que sai, logo, aplicando a 1ª lei da termodinâmica,

desconsiderando a energia potencial e cinética e considerando regime permanente,

se chega na equação (3.4).

Figura 16 – Processo no dispositivo de expansão

Fonte: PIRANI, 2004.

43 hh = (Processo adiabático) (3.4)

Com o sistema de refrigeração definido, com seus componentes principais e

ciclo de refrigeração é possível definir os parâmetros necessários para o cálculo da

carga térmica e para a seleção do equipamento de ar condicionado.

Page 33: Tcc - Leonardo Carvalho

33

4 CARGA TÉRMICA E SELEÇÃO DO AR CONDICIONADO

4.1 INTRODUÇÃO

A estimativa da carga térmica desenvolvida neste trabalho é baseada no Manual

da Carrier (Handbook of Air Conditioning System Design) e na Norma brasileira NBR

16401, que fornece os dados necessários para a estimativa em âmbito nacional das

condições externas e interna ao ambiente a ser estimado. As tabelas utilizadas neste

trabalho do Manual da Carrier e da NBR 16401 (tabela C.1) estão em anexo.

A necessidade de conforto humano e necessidade de condições requeridas de

algum processo ou produto são as funções básicas para o condicionamento de ar.

Primeiramente, devem ser definidas as características do recinto a ser

calculado, que são, em geral, as seguintes:

• Orientação do ambiente (posição geográfica, sombreamento, insolação);

• Tipo de recinto (residencial, escritório, hotel, entre outros);

• Dimensões físicas do ambiente (altura, comprimento e largura);

• Tipo de materiais utilizados (tipos de tijolo, janela, telhado ou laje, entre

outros);

• Condições exteriores (tipo de fachada, cores, sombras);

• Equipamentos (quantidade e potência);

• Pessoas (quantidade, sexo);

• Iluminação (tipo e quantidade);

• Portas (localização e quantidade).

Todos estes aspectos são importantes, pois influenciam diretamente nos fatores

da carga térmica do recinto, que são:

• Temperatura de bulbo seco, úmido e umidade relativa;

• Transmissão de calor pela insolação;

• Transmissão de calor na parede externa e telhado;

• Transmissão de calor no vidro, parede e piso internos;

• Iluminação;

• Carga de ocupantes;

• Carga de motores elétricos;

• Equipamentos eletrônicos;

Page 34: Tcc - Leonardo Carvalho

34

• Calor de ar exterior para renovação.

De acordo com (PIRANI, 2004), de maneira geral, as instalações de ar

condicionado podem ser compostas por: equipamento que promove o

condicionamento do ar, dutos de insuflamento de ar nos recintos, dutos para retorno

do ar dos recintos; dutos de exaustão de ar; e dutos de renovação de ar. Na Figura

17 é apresentado o desenho esquemático de uma instalação de ar condicionado.

Figura 17 – Sistema de ar condicionado padrão

Fonte: PIRANI, 2004.

Para este trabalho, somente serão determinados os dados necessários para a

seleção do equipamento que são: vazão do ar insuflado na sala, potência frigorífica,

fator de by-pass e a temperatura do ponto de orvalho do evaporador (TADP).

4.2 TEMPERATURA DE BULBO SECO, ÚMIDO e UMIDADE RELATIVA

Após definidas as características do recinto, devem ser definidas as

temperaturas de bulbo seco e de bulbo úmido externas e a temperatura de bulbo

seco e umidade relativa do ambiente a ser condicionado.

Para as condições externas utiliza-se a tabela B.1 (em anexo) da norma NBR

16401, que, a partir da região e cidade escolhida definem a TBS e TBU nas

condições externas para verão.

Já as condições internas para verão são definidas pela norma NBR 16401 2ª

parte.

Page 35: Tcc - Leonardo Carvalho

35

4.3 TRANSMISSÃO DE CALOR PELA INSOLAÇÃO

De acordo com (CARRIER, 1983), a radiação solar que chega à superfície

externa, radiação solar extraterrestre, varia ao longo do ano devido à inclinação do

eixo da terra e da variação da distância sol-terra.

A insolação para o ambiente se dá através da presença dos vidros das janelas

no recinto que permitem a entrada da radiação solar no ambiente, essa insolação é

definida pela sigla (It) e pelas tabelas da Manual da Carrier é possível dimensionar o

valor da insolação.

Primeiramente, utilizando a tabela A.2 do Manual da Carrier, se deve entrar com

a latitude em que o ambiente se encontra e a fachada (orientação) em que a janela

com vidro se encontra e escolhendo o maior valor nesta latitude e fachada,

determina-se o valor máximo de It e o mês de maior insolação.

Pela tabela A.3 com a latitude do ambiente, o mês, a orientação do vidro e o

valor da insolação, encontra-se a hora solar de maior insolação. Com este valor de

insolação, compara-se com as insolações para as demais horas para se determinar

a de maior insolação (It).

Depois de encontrado a insolação através dos vidros a uma determinada hora,

se faz à correção da TBS e TBU pela tabela A.1 (em anexo), tendo a variação de

temperatura diária da região em que se encontra o recinto e a hora solar vista

anteriormente, determina-se o fator de correção do TBS e TBU. Outra correção se

faz também pela tabela A.3 (em anexo), com janelas com esquadria de alumínio,

poluição, neblina, altitude, ponto de orvalho e se for latitude sul no mês de dezembro

ou janeiro.

Definida a insolação, calcula-se a área envidraçada (A), o fator de redução (φ) e

o fator de armazenamento do vidro (a).

O fator de redução do vidro é encontrado em uma das tabelas do Manual da

Carrier que é determinado pelo de tipo vidro e tipos de persianas e toldo utilizados

na área envidraçada. O fator de armazenamento é encontrado também pelas

tabelas do Manual da Carrier, e pelo tipo de tela utilizado, a orientação e o peso da

superfície determinam esse fator.

Com estes parâmetros determina-se a transmissão de calor devido a insolação

pelos vidros, dada por:

Page 36: Tcc - Leonardo Carvalho

36

aAIQ t ... ϕ= (4.1)

Somada a esta transferência de calor, calcula-se também a transferência de

calor devido a diferença de temperatura na parede pela equação (2.11), sendo o ∆T

a diferença entre a temperatura externa e a da sala.

4.4 TRANSMISSÃO DE CALOR NA PAREDE EXTERNA E TELHADO Segundo (CARRIER, 1983), a técnica para o cálculo desta componente de carga

térmica é baseada no conceito de TEMPERATURA SOL-AR. A temperatura sol-ar é

a temperatura do ar exterior, que na ausência de todas as trocas radiantes, seria

capaz de fornecer um fluxo de calor ao recinto condicionado igual ao que existem na

realidade, devido à combinação da radiação solar incidente, das trocas radiantes

com o meio ambiente, e das trocas convectivas com o ar exterior.

Para o cálculo da transmissão de calor na parede externa e teto, primeiramente

definem-se os coeficientes globais de transferência de calor (U) para ambos que

estão associados ao tipo de parede e teto utilizado. Caso não seja fornecido este

coeficiente, as tabelas do Manual da Carrier, dispõe desses valores a partir do tipo

de parede utilizado (com sua espessura e peso) no ambiente.

Depois de definido este coeficiente, calcula-se a área da parede externa.

Aplicando a equação (2.11), determina-se a transferência de calor na parede, sendo

que neste caso:

)(. esem

m

sese TT

R

RbTTT ∆−∆+∆=∆=∆ (4.2)

Na equação (4.2):

∆Te Diferença de temperatura equivalente para o mês, hora do dia e latitude

considerada;

∆Tes Diferença de temperatura equivalente para a mesma parede ou telhado na

sombra e hora do dia desejado, corrigido, para as condições de projeto,

dados fornecidos pela tabela A.5 e A.6 do Manual da Carrier para parede

externa e telhado respectivamente;

Page 37: Tcc - Leonardo Carvalho

37

∆Tem Diferença de temperatura equivalente para a parede ou telhado exposto ao

sol e hora do dia desejado, corrigido, para as condições de projeto.

Rs Radiação solar máxima através de vidros para a fachada da parede ou para a

horizontal, no caso de telhados, para o mês e latitude desejados (Tabela A.2);

Rm Radiação solar máxima através de vidros para a fachada da parede ou para a

horizontal, no caso de telhados, para o mês de para janeiro, 40º S (para o

hemisfério norte devem ser utilizados os valores relativos a julho a 40ºN)

b Coeficiente que considera a coloração da parede exterior. Assim, para

paredes escuras (azul escuro, verde escuro, marrom escuro, etc.) b é igual a

1,0. Para paredes de cor média (verde claro, azul claro, etc.) b é igual a 0,78,

e para paredes claras (creme, branco,etc.) b é igual a 0,55.

Vale ressaltar que, essa fórmula é utilizada para corrigir e adequar ao recinto

utilizado à variação de temperatura equivalente das tabelas de A.5 e A.6 que são

fornecidos apenas para paredes e tetos de cor escura, 35º C de temperatura

exterior, 27 ºC da temperatura interior, 11ºC de variação de temperatura exterior em

24 horas, mês de julho e 40ºde latitude sul.

4.5 TRANSMISSÃO DE CALOR NO VIDRO, PAREDE E PISO INTERNOS

A equação utilizada para determinar a troca de calor pela parede interna, vidro

interno e piso é a mesma, pois são baseadas no mesmo princípio, da simples

transmissão de calor entre o meio externo e a sala, já vista pela equação (2.11). Já

os coeficientes globais são encontrados a partir dos tipos de paredes, vidros e pisos

utilizados no recinto, podendo ser encontrados pelas tabelas do anexo C.

4.6 ILUMINAÇÃO

A iluminação utilizada no recinto pode ser de dois tipos: fluorescente e

incandescente.

A carga térmica para iluminação por lâmpadas fluorescentes é dada por:

86,0.).1( LPrnQ += [kcal/h] (4.3)

Page 38: Tcc - Leonardo Carvalho

38

Já para as lâmpadas incandescentes é dada por:

86,0.. LPnQ = (4.4)

Onde:

n número de lâmpadas;

PL potência da lâmpada, em watts;

r porcentagem de calor dissipado pelos reatores, sendo:

r = 0,250 para reatores eletromagnéticos;

r = 0,075 para reatores eletrônicos.

4.7 CARGA DE OCUPANTES A carga térmica de ocupantes é dada pela NBR 16401, pelo calor sensível e

latente liberado pelas pessoas em um determinado tipo de recinto, para uma

determinada temperatura de bulbo seco das condições internas.

4.8 CARGA DE MOTORES ELÉTRICOS

A carga térmica (calor sensível) em kcal/h considerando motor elétrico e

máquina dentro do recinto é dada por:

η

641.HPQ = (4.5)

Sendo:

HP Potência do motor [hp];

η Rendimento do motor.

4.9 EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS

Segundo (PIRANI, 2004), a potência nominal de todos os equipamentos

eletrônicos existentes no ambiente, tais como, máquinas de escrever, equipamentos

de som e vídeo, computadores, impressoras, entre outros, deverá ser considerada

como carga térmica sensível para o ambiente. Assim o ganho de calor é dado por:

Page 39: Tcc - Leonardo Carvalho

39

86,0.,∑=i ieqPQ [kcak/h] (4.6)

Onde:

Peq,i Potência nominal do equipamento i, em Watts.

4.10 CALOR DO AR EXTERIOR PARA RENOVAÇÃO

Outra carga térmica importante é causada pela vazão de ar exterior para

renovação. Segundo (PIRANI, 2004), é possível definir a vazão para cada tipo de

ambiente, a partir do número de pessoas que se encontram no recinto.

Obtendo a partir da condição exterior a massa específica e a entalpia externa e

da condição interior a entalpia interna encontradas pelo psicrométrico, tem-se a

carga térmica devido a vazão de ar exterior para renovação:

).(. salaextext hhVQ −= ρ& [kcal/h] (4.7)

Onde:

V& Vazão de ar de renovação [m³/h];

extρ Massa específica do ar exterior [kg/m³];

exth Entalpia do ar exterior;

salah Entalpia do ar do recinto.

Com todos os parâmetros da estimativa de carga térmica detalhada e com os

dados necessários para a seleção do equipamento de ar condicionado é possível

fazer o cálculo do estudo de caso do trabalho acadêmico.

Page 40: Tcc - Leonardo Carvalho

40

4.11 VAZÃO DE AR INSUFLADO NA SALA

Para o cálculo da vazão de ar insuflado na sala deve-se obter a carga térmica

sensível total nela, considerando as perdas do ventilador e dos dutos (para este

trabalho considerou 5% para ambos), a massa específica do ambiente (encontrada

pelo psicrométrico), a temperatura do recinto, o calor específico e a temperatura de

insuflamento.

A temperatura de insuflamento é obtida determinando o valor do fator de calor

sensível (FCS), que é a razão do calor sensível total pela soma do calor sensível

total e o calor latente total. Com este valor, se determina a inclinação da reta que

passa pelo ponto no psicrométrico das características do recinto (condições internas

do ambiente), e juntamente com a umidade relativa do insuflamento (para este

trabalho considerou-se 90%), se encontra a temperatura de insuflamento. A figura 18

mostra a carta psicrométrica com o “multiplicador m” (está circulado) que é o FCS

que define a inclinação da reta referida.

Figura 18 – Carta psicrométrica e fator de calor sensível (FCS)

Fonte: PIRANI, 2004.

Com estes dados é possível determinar a vazão de ar insuflado na sala, dada

por:

)(. 'sipsala

sensível

salaTTc

QV

−=

ρ& [m³/h] (5.1)

Page 41: Tcc - Leonardo Carvalho

41

Sendo:

Qsensível Calor total sensível [kcal/h];

iρ Massa específica da sala [kg/m³];

pc Calor específico do ar insuflado [kcal/kgºC];

iT Temperatura da sala [ºC];

'sT Temperatura do insuflamento [ºC].

4.12 POTÊNCIA FRIGORÍFICA

A potência frigorífica é a própria carga térmica total do recinto, sendo o

somatório do calor sensível total com o calor latente total, podendo ser dada em

[BTU/h], [TR] e [kcal/h].

4.13 FATOR DE BY-PASS E TADP

De acordo com (PIRANI, 2004), uma forma de analisar o processo de

resfriamento e desumidificação é considerar que somente uma parcela do ar sofre

resfriamento (figura 19). Esta parcela esta em contato direto e uniforme com a

superfície de resfriamento e, portanto, estando na mesma temperatura superfície

dessa superfície, e deixa a serpentina à temperatura (Td) A outra parcela do ar não

sofre resfriamento (ar de by-pass).

Figura 19 – Representação esquemática do “by-pass” de ar

Fonte: PIRANI, 2004

O fator de “by-pass” é determinado pela seguinte relação:

am

as

hh

hhFBP

−= ' (5.2)

Page 42: Tcc - Leonardo Carvalho

42

Sendo:

hs’ Entalpia do ar no ponto de insuflamento [kcal/kg];

ha Entalpia do ponto de orvalho [kcal/kg];

hm Entalpia da mistura [kcal/kg].

A entalpia do ar de insuflamento é determinada juntamente com a

temperatura de insuflamento já visto anteriormente, através do psicrométrico. A

entalpia da mistura é facilmente encontrada aplicando a primeira lei da

termodinâmica (conservação da energia) no condicionador de ar da figura 17, tem-

se:

mieiiee hmmhmhm ).(.. &&&& +=+ (5.3)

Sendo:

em& Massa específica do ar externo [kg/m³];

he Entalpia do ar externo [kcal/kg];

im& Massa específica do recinto [kg/kcal];

hi Entalpia do recinto [kcal/kg];

hm Entalpia da mistura [kcal/kg].

Como:

Vm && .ρ= (5.4)

Substituindo 5.4 em 5.3, encontra-se:

miieeiiieee hVVhVhV )...(.... &&&& ρρρρ +=+ (5.5)

Sendo:

eρ Massa específica do ar exterior [kg/m³];

eV& Vazão do ar exterior [m³/h];

iρ Massa específica do ar exterior [kg/m³];

iV& Vazão de ar insuflando no recinto [m³/h].

Page 43: Tcc - Leonardo Carvalho

43

Como os dados relativos à condição do ar exterior e no interior do recinto são

encontrados através do psicrométrico é possível determinar a entalpia da mistura.

A partir do valor de hm encontra-se na carta psicrométrica a condição da

mistura. Traçando-se uma reta a partir correspondente à mistura, passando pelo

ponto de insuflamento, a temperatura correspondente ao ponto onde a reta corta a

linha de saturação (UR = 100%) é o ponto de orvalho do evaporador, determinando

assim a temperatura e a entalpia do ponto de orvalho (Ta e ha).

Desta forma determina-se o fator de By-pass.

4.14 REPRESENTAÇÃO DOS PROCESSOS NO SISTEMA DE AR CONDICIONADO

Baseado na figura 18 se chega ao seguinte sistema de ar condicionado:

Figura 20 – Sistema de ar condicionado padrão

Fonte: PIRANI, 2004

Sendo

i Ar na condição do recinto;

e Ar na condição externa;

m Ar na condição de mistura do ar de retorno e de renovação;

s’ Ar na condição de insuflação após sair do condicionador;

ms′ Evolução do ar na serpentina;

s′i Evolução do ar no interior do ambiente condicionado;

Page 44: Tcc - Leonardo Carvalho

44

s’ Condição em que o ar é insuflado (saída do condicionador);

a Ponto de orvalho da condição de operação (ADP).

Page 45: Tcc - Leonardo Carvalho

45

5 ESTUDO DE CASO: COMPARATIVO ENTRE CARGA TÉRMICA DETALHADA E SIMPLIFICADA

O estudo de caso em questão se baseia no cálculo detalhado da carga térmica,

já mencionado anteriormente, em comparação com o dimensionamento da carga

térmica simplificada encontrada pelo catálogo de aparelhos de janela, pelo

dimensionador virtual fornecidos pela Carrier e para o Inovar Ar Condicionado para o

mesmo recinto. Também serão comparadas as cargas térmicas variando o número

de pessoas, para fazer uma análise mais precisa do problema.

5.1 DADOS DO RECINTO

Os dados do ambiente considerado no estudo de caso são indicadas a seguir.

Trata-se de um quarto residencial (número 09 da figura 21) localizado no 2°

andar de um prédio de fachada externa branca. O ambiente está na cidade de

Salvador, Hemisfério Sul (12º58’16’’ de Latitude – nível do mar) cujas condições

externas para projeto estão conforme a tabela B.1 da NBR 16401 (32 ºC BS e 26 ºC

BU), sendo a variação da temperatura diária (daily range) de 10 ºC e a variação de

temperatura anual de 20 ºC. O telhado e o piso são feitos de laje simples com taco e

os andares de cima e de baixo não são condicionados, os tijolos nas paredes são

maciços de 14 cm de espessura. A iluminação é incandescente contendo apenas 2

lâmpadas de 60 W. No ambiente não existem janelas e os ambientes vizinhos não

são condicionados. Considerando as condições ideais da sala de 24 ºC BS e 50 %

UR (segundo a NBR 16401). A quantidade máxima admitida nesse recinto é de 2

pessoas, possuindo apenas uma televisão LCD de consumo de 198 W e suas

dimensões são indicadas na figura 21.

Figura 21 – Local do recinto de estudo de caso

Fonte: http://2.bp.blogspot.com/_F7hiD_Pv9po/Rkn0-9DLGKI/AAAAAAAAAJg/TXueusHhTHU/s400/planta+original.jpg

Page 46: Tcc - Leonardo Carvalho

46

Figura 22 – Dimensões do recinto

5.2 DETERMINAÇÃO DA CARGA TÉRMICA DETALHADA

Com a orientação das paredes definidas pela figura 22 é possível determinar a

transferência de calor máxima de todas as paredes, encontrando a hora solar que

apresenta maior transferência de calor.

A parede leste é a que apresenta insolação direta do sol, logo, para esta

parede, considerando latitude de 10º sul, pela tabela A.2, tem-se:

Mês de maior insolação na parede: Setembro e Março.

Insolação máxima: 2./444 mhkcalI t =

Page 47: Tcc - Leonardo Carvalho

47

Hora do dia de insolação máxima: 8h da manhã (tabela A.2).

A correção da TBS e TBU das condições externas devido a insolação na

parede leste é feita pela tabela A.1, neste caso para às 8:00 h e uma amplitude

térmica diária de 10º é -7,4 para o TBS e -2,0 para o TBU, logo:

(TBS)corrigido = 32 – 7,4 = 24,6 ºC

(TBU)corrigido = 26 – 2,0 = 24,0 ºC

A correção para temperatura externa de projeto não será considerada neste

trabalho, pois a variação de temperatura anual é 20 °C.

5.2.1 Carga térmica devido à diferença de temperatura no recinto

• Insolação e transmissão na parede leste

A parede leste faz troca térmica com o ambiente externo, logo aplicando as

equações 2.11 e 4.2, tem-se:

U=1,42 kcal/h.m².ºC (parede com tijolo furado com 25 cm de espessura,

tabela A.8)

A=13,5 m²

b= 0,55 (parede de coloração clara)

Rs = 444 kcal/h.m² (pico de insolação para a fachada leste, 10ºS, em 22 de

março e 22 de setembro, tabela A.2).

Rm = 444x1, 07 kcal/h.m² (pico de insolação para a fachada leste, 40ºS, em 21

de janeiro e 1,07 é o fator de correção para janeiro, tabela A.3).

TUAQPL

∆=.

)(. esem

m

sese TT

R

RbTTT ∆−∆+∆=∆=∆

∆Tes e ∆Tem devem ser corrigidos em função da amplitude diária e da

diferença (Text − Tint ) às 15:00 h, através da Tabela A.7. Assim, para:

(Text − Tint ) = 32-24 = 8 ºC

∆Tdia = 10 ºC

A correção de ∆Tes e ∆Tem é igual a +0,3.

∆Tes e ∆Tem são retirados da tabela A.5 para:

∆Tes: Fachada sul, hora desejada (8:00 h), peso da parede 300 kg/m²

(paredes de tijolos furados 20 cm) é igual a -2,2°C.

Page 48: Tcc - Leonardo Carvalho

48

∆Tem: Fachada leste, hora desejada (8:00 h), peso da parede 300 kg/m²

(paredes de tijolos furados 20 cm) é igual a 0°C.

Logo:

(∆Tes)corrigido = -2,2+0,3 = -1,9 ºC e (∆Tem)corrigido = 0+0,3 = 0,3 ºC

Logo o calor trocado nesta parede é:

7692,0)9,13,0(07,1444

444.55,09,1 −=++−=∆=∆

xTT e

hKcalQPL

/7,147692,0.5,13.42,1.

−=−=

• Transmissão de calor através de partes internas

As partes internas encontradas para este recinto são:

Paredes Norte e Sul

As paredes norte e sul possuem os mesmos valores de carga térmica, pois

possuem a mesma área de troca térmica, mesmo coeficiente global e suas

vizinhanças não são condicionadas, logo aplicando a equação (2.11), tem-se:

U = 1,42 kcal/h.m².°C (parede interna 25 cm, tabela A.7)

A = 9 m²

Te = 24,6 ºC

hkcalQQPSPN

/7,7)246,24.(9.42,1..

=−==

Parede Oeste

A parede oeste se diferencia das paredes norte e sul somente pela área de

troca térmica, logo:

U = 1,42 kcal/(h.m².°C)

A = 13,5 m²

hkcalQPO

/5,11)246,24.(5,13.42,1.

=−=

Piso e Teto

O piso e o teto possuem também os mesmos valores de carga térmica, logo:

U = 2,00 kcal/h.m².°C (laje simples com tacos, tabela C.1 em anexo)

A = 13,5 m²

hkcalQQTP

/2,16)246,24.(5,13.00,2..

=−==

Logo a carga térmica total devido a diferença de temperatura para 8:00 h da

manhã é:

Page 49: Tcc - Leonardo Carvalho

49

hkcalQQQQQQQ PSPNPLPOpTTOTAL /5,44.......

=+++++=

Aplicando o mesmo método para os demais horários, encontra-se na tabela 1:

Tabela 1 – Carga térmica x Hora solar

Parede Leste Parede Sul Parede Oeste Piso Parede Norte Teto Total08:00 -14,74 7,67 11,50 16,20 7,67 16,20 44,4909:00 105,20 21,73 32,59 45,90 21,73 45,90 273,0010:00 160,10 35,78 53,68 75,60 35,78 75,60 436,5011:00 170,60 51,12 76,68 108,00 51,12 108,00 565,5012:00 175,20 66,46 99,68 140,40 66,46 140,40 688,6013:00 126,00 80,51 120,80 170,10 80,51 170,10 748,0014:00 113,40 95,85 143,80 202,50 95,85 202,50 853,8015:00 117,70 102,20 153,40 216,00 102,20 216,00 907,5016:00 123,00 95,85 143,80 202,50 95,85 202,50 863,50

Hora Solar

Carga térmica devido a diferença de temperatura (Kcal/h)

Pela tabela 1, percebe-se que a hora do dia que apresenta a maior carga

térmica é 15:00h, logo será utilizado esse horário para o cálculo. Para este horário,

tem-se:

(TBS)corrigido = 32 – 0 = 32,0 ºC (tabela A.1)

(TBU)corrigido = 26 – 0 = 26,0 ºC (tabela A.1)

5.2.2 Carga térmica devido à iluminação

O quarto utiliza apenas 2 lâmpadas incandescentes de 60 W, logo utilizando a

equação (4.4), tem-se:

hkcalQi

/2,10386,0.60.2.

==

5.2.3 Carga térmica devido a equipamentos eletrônicos

Existe no recinto apenas um equipamento eletrônico (TV LCD), que rejeita

para o ambiente 198 W de potência, logo aplicando a equação (4.6):

hkcalQE

/28,17086,0.198.

==

5.2.4 Carga térmica devido à quantidade de pessoas

Page 50: Tcc - Leonardo Carvalho

50

Pela tabela C.2 do anexo para o ambiente de um apartamento é possível

determinar os valores do calor latente e sensível para cada pessoa, para uma TBS =

24 ºC nas condições internas do recinto. Logo para 2 pessoas, encontra-se:

• Calor sensível

SnQSP

..

= [kcal/h] (6.1)

Sendo:

n: número de pessoas

S: Calor sensível (neste caso é 61 kcal/h)

Então:

hkcalQSP

/0,122.

=

• Calor latente

LnQLP

..

= [kcal/h] (6.2)

Sendo:

L: Calor latente (para este cálculo é 52 kcal/h)

Então:

hkcalQLP

/0,104.

=

5.2.5 Calor sensível total no recinto

O calor sensível total do recinto é dado por:

TOTALiESPTOTALSQQQQQ

....

.

.

+++= (6.3)

hKcalQTOTALS

/0,13035,9072,1033,1700,122.

.

=+++=

Considerando as perdas de 5% do ventilador e 5% dos dutos:

hKcalxQTOTALS

/3,14330,13031,1.

.

==

5.2.6 Calor latente total no recinto

Page 51: Tcc - Leonardo Carvalho

51

O calor latente total, neste caso, é igual ao calor latente das pessoas no

ambiente, ou seja:

hkcalQQLPTOTALL

/104.

.

.

==

Considerando um fator de segurança de 5 %, tem se:

hkcalxQTOTALL

/2,10910405,1.

.

==

5.2.7 Carga térmica associada à vazão de ar exterior para renovação A renovação de ar no recinto é importante para que o ar interno seja sempre

reciclado, para que o ar interno não se torne viciado em CO2, porém essa renovação

gera carga térmica também. A tabela C.3, do anexo, define para residências uma

vazão de ar recomendável de 35 m³/(h.pessoa), logo para duas pessoas tem-se:

hmxV renovação /³70352.

==

Pelo psicrométrico (extraído do site do laboratório de sistemas térmicos:

http://www2.pucpr.br/educacao/lst/software_psico_prop1.html), tem-se, as condições

externas às 15:00 h ( 32º C BS e 26º BU), que são apresentadas na figura 23.

Figura 23 – Condições do ar exterior

Fonte: http://www2.pucpr.br/educacao/lst/software_psico_prop1.html

Page 52: Tcc - Leonardo Carvalho

52

Para as condições internas (24 ºC BS e UR = 50%), tem-se:

Figura 24 – Condições internas do recinto

Fonte: http://www2.pucpr.br/educacao/lst/software_psico_prop1.html

Aplicando-se a equação (4.7), obtém-se a carga térmica devido à renovação

do ar:

he = 80.28/4,18 = 19,21kcal/kg

hi = 47,79/4,18 = 11,43 kcal/kg

ρe = 1/(890,61x10-3) = 1,123 m³/kg

ρi = 1/(854,4x10-3) = 1,170 m³/kg

hkcalQ renovação /6,611)43,1121,19.(123,1.70.

=−=

5.2.8 Carga térmica total do recinto

Com todas as cargas térmicas já calculadas do recinto, determina-se a

potência do condicionador necessária para este ambiente:

STOTALLTOTALrenovaçãoTR QQQQ....

++= (6.4)

hBtuhKcalQTR

/0,8542/1,21542,1093,14336,611.

==++=

Page 53: Tcc - Leonardo Carvalho

53

5.2.9 Cálculo da vazão de ar

Para a determinação da vazão de ar insuflado no recinto é necessário

encontrar o FCS, que é dado por:

93,03,14332,109

3,1433..

.

=+

=

+

=

LTOTALSTOTAL

STOTAL

QQ

QFCS

Entrando com FCS no psicrométrico obtêm-se as propriedades do ponto de

insuflamento, para UR = 90%:

Tins = 14,2 º C

hins = 38/4,18 = 9,09 kcal/kg

Aplicando a equação (5.1) é possível determinar a vazão de ar necessária na

sala:

hmTTc

QV

inssalapsala

sensível

sala /³9,520)2,1424.(24,0.17,1

3,1433

)(.=

−=

−=

ρ&

5.2.10 Determinação do ponto de mistura

Aplicando a equação (5.5), encontra-se a entalpia da mistura:

miieeiiieee hVVhVhV )...(.... &&&& ρρρρ +=+

mh).43,11.9,520.17,170.123,1(43,11.9,520.17,121,19.70.123,1 +=+

hm = 12,32 kcal/kg

Entrando com entalpia de mistura no psicrométrico, o ponto que toca o

segmento de reta que liga as condições externas às condições internas é o ponto de

mistura. Por conseguinte é possível obter também pelo psicrométrico o ponto de

orvalho do evaporador:

TADP = 12,2 ºC hADP = 35/4,18 = 8,37 kcal/kg

5.2.11 Determinação do Fator de By-pass

Pela equação (5.2) determina-se o fator de By-pass:

18,037,832,12

37,809,9' =−

−=

−=

am

as

hh

hhFBP

Page 54: Tcc - Leonardo Carvalho

54

5.2.12 Dados para seleção do equipamento

Com todos os cálculos já desenvolvidos as características do equipamento a

ser selecionado devem atender as seguintes exigências, apresentadas na tabela 2.

Tabela 2 – Dados para seleção do equipamento Vazão de Ar 520,9m³/hPotência Frigorífica 8542 Btu/hFator de Bypass 0,18TADP 12,2 ºC

O aparelho de janela que atende as especificações acima, que é um dos

produtos da Casa do Ar é o Miniflex, cuja capacidade é de 10000 Btu/h, que poder

ser encontrado no catálogo da Carrier do site da Casa do Ar. Já os aparelhos de

Split a serem utilizados podem ser os que têm potência frigorífica de 9000 Btu/h,

podendo ser entre os produtos da Casa do Ar: o Split Springer Miniflex, Split Carrier

e o Split Maxiflex.

A figura 25 representa o sistema de ar condicionado no psicrométrico para o

estudo de caso (o psicrométrico mais detalhado se encontra no apêndice B).

Figura 25 – Sistema de ar condicionado do estudo de caso

5.2.13 Carga térmica variando o número de pessoas Fazendo os mesmos cálculos visto anteriormente e aumentando para 5

pessoas no recinto, obtém-se a seguinte carga térmica:

hkcalxQSP

/305615.

==

Page 55: Tcc - Leonardo Carvalho

55

hkcalxQLP

/260525.

==

hkcalxQTOTALS

/6,16341,10,14865,9072,1033,170305.

.

==+++=

hkcalQQLPTOTALL

/0,2730,260.

.

.

===

hBtuhKcalQTR

/8,9989/2,25190,2736,16346,611.

==++=

Page 56: Tcc - Leonardo Carvalho

56

5.3 DETERMINAÇÃO DA CARGA TÉRMICA SIMPLIFICADA

Neste trabalho serão aplicados três métodos de determinação da carga

térmica simplificada, um é baseado no catálogo de aparelhos de janelas da Carrier,

o outro é baseado no dimensionador virtual do site da Carrier e o último é extraído o

cálculo do site da Inovar Ar Condicionado.

5.3.1 Método proposto no pelo catálogo da Carrier

A carga térmica simplifica pode ser calculada segundo o catálogo da figura 26

para aparelhos de janela.

Figura 26 – Cálculo de carga térmica simplificado

Fonte: http://www.casadoar.com/pdfs/ap_janela_silentia.pdf

O quarto possui uma área de 13,5 m², recebe o sol da manhã (insolação na

parede leste) e contém 2 pessoas no recinto, logo a carga térmica total para este

ambiente é:

Page 57: Tcc - Leonardo Carvalho

57

hBTUxQTR

/11200600210000.

=+=

O aparelho de janela que atende esta especificação é o Springer Miniflex de

12000 Btu/h que apresenta menor consumo.

Fazendo a mesma consideração, mas considerando 5 pessoas no recinto,

tem-se:

hBTUxQTR

/13000600510000.

=+=

5.3.2 Método pelo dimensionador virtual

Utilizando agora o método pelo dimensionador virtual, obtém-se os seguintes

resultados para 2 pessoas no recinto, apresentados na figura 27.

Figura 27 – Dimensionador Virtual Fonte: http://www.springer.com.br

Pelo método do dimensionador virtual, a carga térmica para o mesmo recinto

pela figura acima foi:

hBtuQTR

/8577.

=

Como o aparelho definido pelo dimensionador virtual não está na lista dos

produtos da Casa do Ar, os melhores equipamentos a serem utilizados são os

mesmos especificados para no cálculo da carga térmica teórico.

Utilizando o mesmo programa para o mesmo recinto, aumentando para 5

pessoas no ambiente, tem-se pela figura 28:

Page 58: Tcc - Leonardo Carvalho

58

Figura 28 – Dimensionador Virtual para 5 pessoas

Fonte: http://www.springer.com.br

Logo:

hBtuQTR

/9777.

=

5.3.3 Método proposto na página da Inovar Ar Condicionado Aplicando o método encontrado pelo site da empresa Inovar Ar Condicionado,

encontram-se os resultados apresentados pela figura 29, para o ambiente contendo

apenas 2 pessoas:

Page 59: Tcc - Leonardo Carvalho

59

Figura 29 – Cálculo da Carga térmica pelo Inovar Ar Condicionado Fonte: http://www.inovararcondicionado.com.br/

hBtuQTR

/11400.

=

Repetindo-se o cálculo, considerando 5 pessoas no recinto estudado, tem-se os

resultados apresentados na figura 30:

Figura 30 – Cálculo da Carga térmica pelo Inovar Ar Condicionado para 5 pessoas

Fonte: http://www.inovararcondicionado.com.br/

hBtuQTR

/13200.

=

Page 60: Tcc - Leonardo Carvalho

60

6 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os três métodos vistos anteriormente produzem resultados distintos no

dimensionamento da carga térmica, pelo fato dos parâmetros utilizados para os

cálculos serem diferentes para o mesmo ambiente.

A potência frigorífica encontrada pelo método detalhado é, dentre todos, o que

considera o maior número de parâmetros envolvidos no cálculo da carga térmica

(tipos e localização das paredes, tipo e quantidade de iluminação, entre outros).

Comparando o valor encontrado para este método, se percebe que o cálculo feito

pelo catálogo de aparelhos de janela determina um valor superdimensionado da

carga térmica tanto para 2 como para o caso com 5 pessoas (para analisar variando

o calor latente), sendo assim, retirando o calor do ambiente mais rapidamente,

fazendo com o que o aparelho ligue e desligue com mais freqüência, podendo

reduzir o tempo de vida útil do aparelho. Além disso, o cliente adquire um aparelho

mais do que precisa para o seu recinto, devido ao superdimensionamento. Outro

fator negativo de utilizar esse método é que, não especifica (tanto ele, quanto os

outros dois métodos simplificados) a vazão de ar, o fator de by-pass e a temperatura

do ponto de orvalho do evaporador que constituem junto com a potência frigorífica a

seleção do equipamento ideal para o recinto.

Já pelo dimensionador virtual, alguns parâmetros utilizados são diferentes do

anterior, sendo que a diferença encontrada para o dimensionamento teórico do

recinto de estudo, foi mínima, não apresentando nenhuma distinção na seleção do

equipamento tanto, mesmo variando o calor latente (variação do número de

pessoas). Sendo assim, é o método que mais se aproxima do cálculo detalhado para

o ambiente de estudo e ainda sugere o condicionador para o ambiente estudado,

como foi visto na figura 30.

Já o último método, proposto na página da empresa Inovar Ar Condicionado,

mostrou resultados superdimensionados e em concordância com os resultados

obtidos através do método proposto no catálogo da Carrier, não sendo assim um

bom método a ser empregado. A tabela 3 apresenta as cargas térmicas através dos

métodos estudados.

Page 61: Tcc - Leonardo Carvalho

61

Tabela 3 – Cargas térmicas calculadas através dos diferentes métodos

Método UtilizadoCarga térmica para 2 pessoas (Btu/h)

Carga térmica para 5 pessoas (Btu/h)

Teórico 8542 9989Dimensionador Virtual 8577 9777Catálogo da Carrier 11200 13000Inovar Ar Condicionado 11400 13200

A tabela 4 apresenta a seleção do condicionador com seus respectivos

preços e cargas térmicas (fornecidos pela Casa do Ar) para cada método

empregado, para ter uma melhor idéia da importância do dimensionamento correto

da carga térmica.

Tabela 4 – Aparelhos selecionados

Método Utilizado AparelhosPotência

Frigorífica (Btu/h)Valor (R$)

Springer MiniMax 10000 1052,00

Split Maxiflex 9000 1236,00

Split Toshiba 9000 2680,00

Split Carrier 9000 1230,00Catálogo e Inova Ar

CondicionadoSpringer MiniMax 12000 1390,00

Detalhado e Dimensionador Virtual

Segundo a tabela 4 nota-se que o melhor aparelho a ser utilizado visando o

custo benefício é o aparelho de janela Springer MiniMax por apresentar baixo custo

de aquisição do aparelho e não necessitar de uma mão de obra especializada para

instalar o equipamento, por ser um aparelho de janela.

Page 62: Tcc - Leonardo Carvalho

62

7 CONCLUSÃO

O trabalho de conclusão de curso apresenta o estudo comparativo do

dimensionamento da carga térmica para aparelhos de janela e parede por duas

abordagens, detalhada e simplificada. A detalhada é baseada no Manual da Carrier,

em que são utilizados diversos parâmetros de carga térmica e da seleção do

equipamento. Já os métodos simplificados sugeridos neste trabalho são três:

catálogo da Carrier, dimensionador virtual e extraído do “site” da Inovar Ar

Condicionado. Os resultados de todos os métodos são calculados e comparados

para um quarto residencial.

O trabalho pode transmitir uma abrangência maior da necessidade do

comparativo entre os cálculos da carga térmica detalha e simplificada, servindo de

análise o estudo de caso para um quarto residencial, pois existem no mercado vários

tipos de cálculos simplificados que devem ser analisados com certos critérios, para

não haver superdimensionamento da carga térmica.

Os resultados demonstraram que para este recinto o método baseado nos

catálogos da Carrier e o método do site da Inovar Ar Condicionado produzem

resultados superdimensionados em relação ao cálculo detalhado. Isto (como foi visto

anteriormente) pode diminui a vida útil do aparelho, pois ele irá retirar calor do

ambiente interno mais rapidamente e assim, (devido à presença do sensor de

temperatura) o equipamento irá ligar e desligar com mais freqüência. Contudo, o

método aplicado pelo dimensionador virtual da Carrier obteve resultados mais

próximos para a potência frigorífica do equipamento em relação ao detalhado, sendo

ainda o resultado encontrado mais rapidamente. Isto se deve ao fato de mesmo

variando o número de pessoas no ambiente, os resultados obtidos são bem

próximos do método detalhado.

Portanto, o engenheiro responsável pelo dimensionamento da carga térmica

deve ficar atento a todos os métodos existentes, sejam em catálogos, programas

encontrados e desenvolvidos para os parâmetros que estão sendo adotados, pois

pode produzir resultados precisos ou não. Em casos em que o processo exige um

controle apurado das condições do ambiente a ser climatizado, o método de cálculo

dever o detalhado e não os simplificados.

Page 63: Tcc - Leonardo Carvalho

63

Para trabalhos futuros, sugere-se fazer o cálculo da carga térmica por mais

métodos detalhados e simplificados, para se ter uma análise mais precisa dos

resultados. Além disso, podem ser escolhidos ambientes para estudos de casos

maiores e com mais parâmetros no dimensionamento da carga térmica (janelas,

aparelhos que dissipam calor, entre outros). Assim o trabalho terá muito mais

precisão na análise final dos resultados.

Page 64: Tcc - Leonardo Carvalho

64

REFERÊNCIAS

ABNT NBR 1601. Instalações de ar-condicionado – Sistemas centrais e

unitários. Primeira edição 04.08.2008.

APOLLO11.COM. Latitude e longitude das cidades brasileiras. 2001. Disponível

em:

<http://www.apolo11.com/latlon.php?uf=ba&cityid=5>. Acesso em: 12 out. 2009.

CARRIER AIR CONDITIONING COMPANY, “Manual de Aire Acondicionado”,

Marcombo Boixareu Editores, 1983.

CASA DO AR. Aparelhos de janela e split. Disponível em:

<http://www.casadoar.com.br>. Acesso em: 20 out. 2009.

CONSTRUCLIMA. Carta psicrométrica para o nível do mar. Disponível em:

<http://www.construclima.com.br/pdf/10.pdf>. Acesso em 15 nov. 2009.

HISTÓRIA DE TUDO. História do Ar Condicionado. 2009. Disponível em:

<http://www.historiadetudo.com/ar-condicionado.html>. Acesso em: 10 set. 2009.

INCROPERA, DE WITT. Fundamentos de Transferência de Calor e Massa, 6ª

edição, Rio de Janeiro, LTC, 2008.

INOVAR AR CONDICIONADO. Cálculo da Carga Térmica. 2006. Disponível em:

<http://www.inovararcondicionado.com.br>. Acesso em 26 nov. 2009.

LABORATÓRIO DE SISTEMAS TÉRMICOS, Carta Psicrométrica 2007. Disponível

em:

<http://www2.pucpr.br/educacao/lst/software_psico_prop1.html>. Acesso em: 02 nov.

2009.

Page 65: Tcc - Leonardo Carvalho

65

MARQUES, M., HADDAD, J., MARTINS, A. R. S., “Conservação de Energia -

Eficiência Energética de Equipamentos e Instalações”, 3a Edição, Eletrobrás,

Procel Educação, UNIFEI, FUPAI. Itajubá, 2006. Vol. 1, 597 páginas.

PIRANI, MARCELO JOSÉ. Apostila de Refrigeração e Ar Condicionado. 2004.

PIZZETTI, “Acondicionamiento del Aire y Refrigeración”, Editoral Interciencia,

Costanilla de Los Angeles, 15, Madrid-13, 1970.

SPRINGER CARRIER. Dimensionador Virtual. Disponível em:

<http://www.springer.com.br/springer/site/dimensionador/dimensionador.asp>.

Acesso em: 10 nov. 2009.

STOECKER, W. F., E JONES, J. W., “Refrigeração e Ar Condicionado”, Editora

Mcgraw-Hill do Brasil, 1985.

VIDAL, RICARDO. Arquitetura e Urbanismo. 2007. Disponível em:

<http://2.bp.blogspot.com/_F7hiD_Pv9po/Rkn0-

9DLGKI/AAAAAAAAAJg/TXueusHhTHU/s400/planta+original.jpg>. Acesso em 01

nov. 2009.

VIEIRA, SÔNIA CHAGAS. Manual de Estilo Acadêmico. 2ª edição revista e

ampliada, 2003.

WYLEN, SONNTAG. Fundamentos da Termodinâmica, tradução da sexta edição

inglesa: Euryale de Jesus Zerbini, São Paulo: Edgard Blücher, 2003.

Page 66: Tcc - Leonardo Carvalho

66

APÊNDICE A – Cálculo da carga térmica no EES

Segue abaixo todo cálculo desenvolvido no programa EES (Engineering

Equation Solver).

Page 67: Tcc - Leonardo Carvalho

67

Segue abaixo a tabela 1 do trabalho calculada pelo EES:

Page 68: Tcc - Leonardo Carvalho

68

APÊNDICE B – Sistema de ar condicionado do estudo de caso

Page 69: Tcc - Leonardo Carvalho

69

ANEXO A – Tabelas do Manual da Carrier

Tabela A.1: Correções para a temperatura externa de projeto em função da hora considerada.

Tabela A.2: Insolação através do vidro (kcal/h.m²)

Page 70: Tcc - Leonardo Carvalho

70

Tabela A.3: Insolação através dos vidros para 10°S (kcal/h x m² de abertura)

Page 71: Tcc - Leonardo Carvalho

71

Tabela A.4: Insolação através dos vidros para 40°S (kcal/h x m² de abertura)

Page 72: Tcc - Leonardo Carvalho

72

Tabela A.5: Diferença equivalente de temperatura (°C). Válida para paredes em sol ou sombra, de cor escura, 35 °C de temperatura exterior,27 °C de

temperatura interior, 11 °C de variação de temperatura exterior em 24 horas, mês de julho e 40o de latitude

sul.

Tabela A.6: Correção das diferenças equivalentes de temperatura

Page 73: Tcc - Leonardo Carvalho

73

Tabela A.7: Correção das diferenças equivalentes de temperatura.

Tabela A.8: Coeficientes globais de transmissão de calor (paredes).

[kcal/h.m2.°C]

Page 74: Tcc - Leonardo Carvalho

74

ANEXO B – Tabela da NBR 16401 Tabela B.1: Dados de projeto para a cidade de salvador

Page 75: Tcc - Leonardo Carvalho

75

ANEXO C – Tabelas extraídas de PIRANI, 2004 Tabela C.1 - Coeficientes Globais de Transmissão de Calor (U), em

[kcal/h.m².°C], para tetos e pisos.

Tabela C.2: Calor liberado por pessoas (kcal/h)

Page 76: Tcc - Leonardo Carvalho

76

Tabela C.3: Ar exterior para renovação

Page 77: Tcc - Leonardo Carvalho

77

CARVALHO, Leonardo Sousa. Estudo comparativo entre carga térmica

detalhada e simplificada para climatização ambiental. 2009. 76 f. Trabalho de

Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Mecânica) – Escola Politécnica,

Universidade Federal da Bahia, Salvador.

Autorizo a reprodução deste trabalho para fins de comutação

bibliográfica desde que com a devida referência.

Salvador, dezembro de 2009.

Leonardo Sousa Carvalho