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TCC - Manipilador Telescópico

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Manipuladores Telescópicos ou Telehandlers são equipamentos de elevação de carga autopropelidos.

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Page 1: TCC - Manipilador Telescópico

Curso de Design

André Ricardo Moschen

MANIPULADOR TELESCÓPICO: O DESIGN APLICADO

EM BENS DE CAPITAL

Caxias do Sul

2010

Page 2: TCC - Manipilador Telescópico

ANDRÉ RICARDO MOSCHEN

MANIPULADOR TELESCÓPICO: O DESIGN APLICADO

EM BENS DE CAPITAL

Caxias do Sul

2010

Trabalho de conclusão de curso

apresentado à Faculdade da Serra

Gaúcha – FSG, como parte das

exigências do Curso de Design com

Linha de Pesquisa em Interfaces

Tecnológicas para obtenção do

título de Bacharel.

Orientador: Ms. Gabriel Bergmann

Vieira.

Page 3: TCC - Manipilador Telescópico

André Ricardo Moschen

MANIPULADOR TELESCÓPICO: O DESIGN APLICADO

EM BENS DE CAPITAL

Trabalho apresentado e aprovado pela Banca Examinadora em 07 de dezembro de 2010.

______________________________________________ Prof. Ms. Gabriel Bergmann Vieira - Orientador

______________________________________________ Prof. Ms. Paulo Klafke – Arguidor I

______________________________________________ Prof. Ms. Lucimara Ballardin – Arguidor II

Page 4: TCC - Manipilador Telescópico

Agradeço em primeiro lugar a Deus que

iluminou o meu caminho durante esta difícil

etapa. Agradeço à minha esposa Fabiana e

a meu filho Lucas que me apoiaram nos

momentos de dificuldades. Agradeço,

também, à minha mãe e aos meus irmãos

pelo incentivo, em especial à Juliana

Page 5: TCC - Manipilador Telescópico

Dedico esta obra a meu avô Ângelo

Celestino Fiório, cuja trajetória é um

exemplo de trabalho, dedicação e alegria,

transmitidos ao longo de toda a sua vida

aos seus filhos, netos e bisnetos.

Page 6: TCC - Manipilador Telescópico

“Eu que não me sento no trono de um

apartamento, com a boca escancarada,

cheia de dentes, esperando a morte

chegar.”

Raul Seixas

Page 7: TCC - Manipilador Telescópico

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9

2 ESTRUTURA DO TRABALHO .............................................................................. 13

3 RERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................ 14

3.1 GUINDASTES ..................................................................................................... 14

3.2 MANIPULADORES TELESCÓPICOS ................................................................ 15

3.3 ERGONOMIA E POSTO DE TRABALHO ........................................................... 18

4 METODOLOGIA ................................................................................................... 24

4.1 MÉTODO DE PESQUISA .................................................................................. 24

4.2 PROCEDIMENTO DE PESQUISA ..................................................................... 29

5 APLICAÇÃO DO MÉTODO PROJETUAL ........................................................... 30

5.1 PREPARAÇÃO .................................................................................................. 30

5.2 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS ......................................................................... 42

5.3 AVALIAÇÃO DAS ALTERNATIVAS .................................................................... 46

5.4 REALIZAÇÃO ..................................................................................................... 47

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 57

REFERÊNCIAS BIBLIGRÁFICAS ........................................................................... 58

APÊNDICE ............................................................................................................... 62

Page 8: TCC - Manipilador Telescópico

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01 – Guindaste montado sobre caminhão.................................................. 14

FIGURA 02 – Manipulador telescópico ou telehandler............................................. 15

FIGURA 03 – Plataforma de trabalho aéreo............................................................. 17

FIGURA 04 – Áreas de alcance em cabines............................................................. 20

FIGURA 05 – Área visual e superfície de trabalho.................................................... 22

FIGURA 06 – Manipulador telescópico analisado..................................................... 31

FIGURA 07 – Estrutura de um manipulador.............................................................. 36

FIGURA 08 – Materiais e processos......................................................................... 37

FIGURA 09 – Esboços iniciais.................................................................................. 42

FIGURA 10 – Esboços de detalhes.......................................................................... 43

FIGURA 11 – Alternativas de pára-lamas................................................................. 44

FIGURA 12 – Ilustrações da geometria escolhida.................................................... 45

FIGURA 13 – Malha gráfica e proporções harmônicas............................................. 47

FIGURA 14 – Zonas de alcance................................................................................ 48

FIGURA 15 – Faróis de rodagem.............................................................................. 49

FIGURA 16 – Cabine de operação............................................................................ 50

FIGURA 17 – Painel de controle............................................................................... 51

FIGURA 18 – Comando do equipamento.................................................................. 52

FIGURA 19 – Partes principais do produto............................................................... 54

FIGURA 20 – Partes principais da cabine................................................................. 54

FIGURA 21 – Representação virtual frontal.............................................................. 55

FIGURA 22 – Representação virtual traseira............................................................ 56

Page 9: TCC - Manipilador Telescópico

LISTA DE TABELAS

TABELA 01 – Método projetual de Löbach............................................................... 28

TABELA 02 – Comparativo entre fabricantes de manipuladores.............................. 33

TABELA 03 – Classificação categorial de guindastes.............................................. 34

TABELA 04 – Itens da lista de restrições.................................................................. 39

TABELA 05 – Itens da lista de requisitos.................................................................. 41

Page 10: TCC - Manipilador Telescópico

LISTA DE QUADROS

QUADRO 01 – Evolução dos guindastes.................................................................. 32

QUADRO 02 – Linha de produtos Caterpillar............................................................ 35

QUADRO 03 – Linha de manipuladores telescópicos............................................... 35

QUADRO 04 – Relação entre implementos e suas funções..................................... 37

QUADRO 05 – Principais funções e uso do produto................................................. 53

Page 11: TCC - Manipilador Telescópico

LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

FOPS – Falling Object Protective Structure (estrutura protetora para queda de

objetos)

MTE – Ministério do Trabalho e Emprego

NR – Norma Regulamentadora

PTA – Plataforma de Trabalho Aéreo

ROPS – Roll-Over Protective Structure (estrutura protetora para tombamentos)

SIT – Secretaria de Inspeção do Trabalho

USPA – United States Patent Application (Requerimento Americano de Patente)

Page 12: TCC - Manipilador Telescópico

RESUMO

Manipuladores telescópicos são produtos de bens de capital utilizado em indústrias,

mineradoras, empresas de eletrificação, telefonia, fazendas e construção civil, que

possuem relevante interrelação com o usuário. No Brasil, o processo de concepção

desse tipo de produto poucas vezes conta com a participação de designers,

geralmente ficando a cargo de engenheiros. Este trabalho descreve o processo

projetual de um manipulador telescópico concebido e conduzido por designer

através da aplicação de método específico.

Palavras-chave: Design; manipulador telescópico; telehandler; guindaste; bens de

capital.

Page 13: TCC - Manipilador Telescópico

ABSTRACT

Telehandlers are capital goods products used in industries, mining companies,

electrification, telecommunications, farming and civil construction, with relevant

interrelation with the user. In Brazil, a few times the design process of such products

has participation of designers, generally leaving it to the engineers. This paper

describes the design process of a telescopic handler designed and conducted by the

designer through the application of specific method.

Keywords: Design; manipulador telescópico; telehandler; guindaste; bens de capital.

Page 14: TCC - Manipilador Telescópico

9

1. INTRODUÇÃO

Automóveis, mobiliário, jóias, roupas, peças gráficas, embalagens, objetos de

decoração e eletro-eletrônicos são alguns produtos encontrados no mercado e

concebidos ou com a participação em alguma etapa de um profissional de design.

São bens duráveis, não duráveis e serviços desenvolvidos para satisfazer as mais

diversas necessidades humanas, sejam elas pessoais ou profissionais. E dentro

dessa diversidade de produtos estão os bens de capital, produtos de investimento

com considerável valor agregado, adquiridos por empresas dos mais diversos

segmentos para aumentar a sua produtividade, competitividade e prover maior

margem de lucro.

O Design, intrinsecamente inserido no nosso cotidiano e presente na concepção da

maioria dos produtos encontrados no mercado, pode também ser utilizado como

ferramenta no desenvolvimento de bens de capital, por este se tratar de um produto

industrial que tem uma relação direta com o ser humano que o controla.

Este trabalho irá tratar de questões relacionadas à aplicação do design como

ferramenta de projeto de manipuladores telescópicos, buscando o posicionamento

do designer junto às demais frentes atuantes no desenvolvimento deste complexo

produto, a partir da pesquisa de referenciais, da aplicação de método projetual

específico e do interrelacionamento entre este e profissionais de diversas outras

áreas.

Objetiva-se, portanto, se desenvolver o projeto de design de um manipulador

telescópico, demonstrando-se a sua importância na concepção do produto em

atividades multidisciplinares.

Também objetiva-se:

Desenvolver o projeto de design de um produto de alta complexidade

utilizando-se método específico;

Restabelecer as prerrogativas da profissão;

Page 15: TCC - Manipilador Telescópico

10

Propor uma solução para suprir as necessidades do mercado através do

conhecimento dos problemas enfrentados pelos usuários, considerando

fatores antropológicos e antropométricos, além das normas vigentes no

país;

Analisar a possibilidade de utilização de materiais alternativos e

ecologicamente corretos, equacionando materiais e técnicas fabris para

efetivamente se obter um produto tangível;

Buscar relacionar o produto com possíveis periféricos, tornando este uma

solução genuinamente versátil e que possa ser utilizado em diversas

situações.

A exemplo de produtos de origem estrangeira é possível que Designer conceba

qualquer produto de grande porte, atuando, não somente na geração de alternativas

conceituais, mas conduzindo o projeto através metodologia específica orientada pela

ótica do Design como gestão.

Quando se ouve falar em equipamentos de elevação de carga, imediatamente cria-

se uma relação direta com a Engenharia Mecânica e aplicações de leis da física.

Porém, se for considerado que esses produtos têm interrelação com seres humanos,

então há, também, a necessidade da intervenção de um profissional de design, fato

que abre uma oportunidade do Profissional de Design apropriar-se das prerrogativas

da sua profissão.

O Design, no desenvolvimento de novos produtos, ainda é pouco explorado no

Brasil. Em uma pesquisa feita junto a diversas agências de emprego de Caxias do

Sul, Moschen (2007) constatou a pouca presença de profissionais de design

inseridos no mercado de trabalho, principalmente no segmento de bens de capital da

chamada linha amarela. Isso acontece porque a maioria dos produtos ainda é

fabricada sem a utilização do Design como processo projetual. No caso dos veículos

industriais, que são bens de capital, o Designer é solicitado no estágio final do

projeto, e, muitas vezes, apenas para estilizá-lo ou solucionar problemas de estética

que poderiam ser evitados antes.

Page 16: TCC - Manipilador Telescópico

11

Devido à cultura de valorização de produtos importados sobre os produtos nacionais,

as empresas brasileiras acabam por estabelecer uma cultura de reprodução que,

segundo Bonsiepe (1978), é o resultado da ausência de desenvolvimento de

estratégias pro ativas de desenvolvimento de produtos.

Na revista IVT – Industrial Vehicle Tecnology, Joos (2010), aponta o designer Vrisère

como experiente no mundo do design de veículos industriais. Ele relata que este

profissional teve a iniciativa de montar uma equipe de Designers e Engenheiros para

desenvolver projetos de veículos industriais com grande acuracidade. Os projetos

começam com simples esboços, passam por ilustrações mais elaboradas, são

modelados tridimensionalmente e chegam até a etapa de produção de mocapes.

Entende-se por acuracidade a relação que existe entre o que foi desenhado e o

resultado final ou produto pronto.

“Quando se fala em um produto atrativo, raramente

nos referimos ao seu som, cheiro ou paladar. A

percepção humana é amplamente dominada pela

visão e, quando se fala no estilo do produto, referimo-

nos ao seu visual, pois o sentido visual é

predominante sobre os demais sentidos. A

atratividade de um produto depende, então,

basicamente do seu aspecto visual” (Baxter, 1998,

p.25).

Outra consideração relevante é o fato de Caxias do Sul, considerada o segundo pólo

metal mecânico do país, comportar uma grande quantidade de empresas fabricantes

de produtos de bens de capital e a tendência de crescimento neste setor ser

crescente. Conforme matéria escrita por Hunoff (2010) e publicada no Jornal do

Comércio, os principais fabricantes de implementos rodoviários da linha pesada do

Rio Grande do Sul, responsáveis por 67% da produção nacional, acreditam que o

ano será de início de um ciclo de recuperação gradual e consistente, com média

anual de 5% a 8% até 2015. Esta visão está sustentada na convicção de

recuperação contínua da economia interna, das obras para a Copa do Mundo e para

os Jogos Olímpicos e da retomada de mercados no exterior. A produção de bens de

capital registrou em setembro de 2009 um aumento de 5,8% ante o mês de agosto,

Page 17: TCC - Manipilador Telescópico

12

resultado bem acima da média da indústria (0,8%) e a sexta taxa positiva

consecutiva ante o mês anterior.

Verifica-se, portanto, a existência de vários fatores que caracterizam a construção

deste projeto, que incluem a necessidade, o método, o desenvolvedor e o produto.

Page 18: TCC - Manipilador Telescópico

13

2. ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está constituído sobre quatro pilares. Inicialmente serão reunidas as

informações coletadas em pesquisa para serem utilizadas na identificação,

delimitação e contextualização do problema, incluindo gestão e metodologia

projetual. Após serem submetidas a analises, essas informações serão processadas

e formarão a diretriz norteadora do projeto. Em seguida aplicar-se-á um método

projetual de design específico que, por sua vez, conduzirá o processo de design por

todas as etapas pertinentes ao projeto, incluindo preparação, análise das

informações e geração de alternativas, encerrando em uma proposta virtual e física

do produto. A seqüência a ser seguida está representada na figura abaixo:

01 02 03 04

PESQUISA ANÁLISE APLICAÇÃO DO

MÉTODO PROPOSTA

O método projetual que será utilizado neste trabalho foi analisado dentro de uma

pesquisa de metodologia de quatro autores da área de design, cujo critério de

seleção deu-se devido à relação entre a natureza do produto e o referido método.

Page 19: TCC - Manipilador Telescópico

14

3. REFERENCIAL TEÓRICO

Para construção e delimitação do projeto foi necessário se buscar conhecimento em

temas relacionados a equipamentos de elevação de carga e outros temas, como

materiais, normas regulamentadoras e ergonomia.

3.1. GUINDASTES

Guindastes são máquinas destinadas à elevação de cargas em espaços restritos.

Segundo Ferreira (1999), muitos são concebidos de acordo com o trabalho e o local

de operação. Estes equipamentos, movidos a vapor, sistemas hidráulicos ou força

manual são amplamente utilizados em construções, indústrias, mineradoras e redes

de distribuição de telefonia e eletricidade. Os guindastes hidráulicos (fig. 01) são

rápidos e silenciosos, portanto, os mais utilizados.

Figura 01: Guindaste montado sobre caminhão. Fonte: Rudenko (1976).

No Brasil existem diversas normas relacionadas a equipamentos de elevação e

movimentação de cargas e pessoas. A Associação Brasileira de Normas Técnicas

através da norma ABNT NBR 14768 (2001), determina quais itens configuram um

guindaste hidráulico. Segundo a norma, guindastes são destinados a movimentar

cargas nos planos horizontal e vertical, através de extensões telescópicas com

acionamento hidráulico ou mecânico.

Page 20: TCC - Manipilador Telescópico

15

3.2. MANIPULADORES TELESCÓPICOS

Os manipuladores telescópicos, ou telehandlers (fig. 02), são definidos por

fabricantes de guindastes (M&T, 2009), como máquinas autopropelidas 1, dotadas

de tração e direção nas quatro rodas. Possuem uma lança telescópica onde se

podem montar diversos acessórios, como garfos, guinchos, ganchos, conchas,

plataformas e uma série de outros implementos específicos para atender as diversas

necessidades nos canteiros de obras. Os telehandlers têm um amplo espectro de

aplicação. Em função das suas características de tração e direção nas quatro rodas,

eles podem ser utilizados em locais com terreno irregulares ou locais confinados,

que exijam alta capacidade de realizar manobras. Sua lança extensível permite não

apenas o levantamento a lugares altos, como nas operações realizadas pelas

empilhadeiras, como também oferecem um excelente alcance horizontal. Isso

permite que o operador vença qualquer obstáculo e seja capaz de alcançar

facilmente os materiais estocados em obras, transportar materiais vindos de outras

obras, realizar deslocamentos de máquinas, etc. São freqüentemente utilizados em

manutenções industriais e usinas, instalações, montagens e diversas outras

aplicações.

Figura 02: Manipulador telescópico. Fonte: United States Patent Application (2005).

1 Autopropulsão: Propriedade que certos veículos têm de se impelirem por seus próprios meios.

Page 21: TCC - Manipilador Telescópico

16

Na United States Patent Application 20050016946 (2005), requerida por Daniel E.

Davis, telehandler é composta por uma estrutura, motor, transmissão, eixos, lança,

estabilizadores, cabine de operação, gancho, cabo de aço, dispositivos de

segurança, componentes elétricos e componentes hidráulicos e opcionais.

Manipuladores telescópicos, classificados como equipamentos de elevação de

carga, são também passíveis de legislações, normas regulamentadoras e normas

técnicas. Segundo o Código de Defesa do Consumidor (apud Regazzi, 2000, p. 17),

“se existirem normas técnicas para qualquer produto colocado no mercado de

consumo, é obrigatória a conformidade destes produtos com os requisitos da norma,

sob pena de responsabilidade para o fornecedor”. As normas ABNT NBR 14768 -

requisitos para a fabricação de guindastes articulados e ABNT NBR-13129 - Cálculo

da carga do vento em guindastes são exemplos de normas aplicáveis aos

telehandlers.

Assim como as empilhadeiras convencionais, os manipuladores telescópicos não

podem transitar em rodovias estaduais, federais nem em vias urbanas. Segundo

Figlié (2010), equipamentos como empilhadeiras não são emplacadas, portanto não

tem licenciamento para trânsito em vias públicas. Porém, o trânsito em canteiros de

obra, portos e mineradoras é permitido, desde que seja concedida uma licença do

sinalizador (giroflex), um equipamento emissor de luz de alerta colocado no teto do

veículo acompanhado de sinalizadores sonoros.

3.2.1. Plataforma de Trabalho Aéreo - PTA

Plataformas de trabalho aéreo são equipamentos utilizados para elevar pessoas em

locais altos. O Ministério do Trabalho (2010), através da NR-18 de 1978, indica que

PTA é um equipamento móvel, autopropelido ou não, dotado de uma estação de

trabalho (cesto ou plataforma) e sustentado em sua base por haste metálica (lança)

ou tesoura, capaz de erguer-se para alcançar o local de trabalho elevado. A figura

03 mostra uma PTA fabricada pela JLG.

Page 22: TCC - Manipilador Telescópico

17

Figura 03: Plataforma de trabalho aéreo. Fonte: Catálogo de produtos JLG (2010).

Possuem requisitos mínimos de segurança elaborados e fiscalizados pelo Ministério

do Trabalho, como dispositivo de nivelamento no posto de trabalho, cinto de

segurança, guarda-corpo rígido e painel de comando com botão de parada de

emergência. Também são requisitos um dispositivo de emergência que possibilite

baixar o trabalhador até o solo em caso de pane, sistema sonoro, proteção contra

choques elétricos e placas de aviso. Esta última especificação se aplica às PTAs

para serviços em instalações elétricas energizadas. A Portaria N.º15 dessa norma

deixa claro que é proibido transportar pessoas em equipamentos de guindar não

projetado para este fim, desde a data de publicação do documento.

Page 23: TCC - Manipilador Telescópico

18

3.3. ERGONOMIA E POSTO DE TRABALHO

A Ergonomia está presente nos estudos da relação que existe entre o homem, a

máquina e o meio-ambiente. Para Iida (2005, p.2), “Ergonomia é o estudo do

relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento e ambiente e,

particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia

na solução dos problemas surgidos desse relacionamento”. A Antropometria, parte

da Ergonomia que trata das medidas físicas do corpo humano é utilizada para

estabelecer dimensões cada vez mais detalhadas e confiáveis. Segundo o autor, as

diferenças antropométricas podem ser facilmente comprovadas com as máquinas e

equipamentos importados, os quais não se adaptam aos operadores brasileiros.

Mesmo protegidos em uma estação de trabalho, muitos operadores sofrem

acidentes, inicialmente atribuídos à falta de atenção ou negligência do próprio

operador. Segundo Iida (2005), isso pode acontecer devido a uma série de decisões

anteriores que criaram condições para ocorrer o acidente. Para prever práticas

seguras no projeto, o Designer deve primeiramente identificar todas as situações de

risco. Também pode utilizar-se de pesquisas com usuários e relatórios de acidentes

de empresas que utilizam este produto ou similar. Um estudo específico para

medidas de emergência também são importantes, como medida remediável. Assim

como a redução do número de movimentos contínuos, a redução de ruídos pode

ajudar a reduzir o risco de lesões e danos ao operário. Segundo a norma NR-31

(apud M&T, 2010, p.40), “um operário não pode ser submetido a ruídos acima de

85db”.

Trabalhar sentado reduz a fadiga. Para Ivergård e Hunt (2009) é mais fácil para um

operador trabalhar sentado, podendo usar ambos os pés simultaneamente,

desenvolver maior força com as pernas, usar os pedais mais rapidamente e operar

vários controles com um ou ambos os pés. Na literatura existem recomendações

diversas sobre altura de superfícies de trabalho. Isto é porque, por vezes, as alturas

de homens e mulheres são diferenciadas. De um modo geral, a superfície de

trabalho deve estar alguns centímetros mais baixa do que a altura do cotovelo.

Page 24: TCC - Manipilador Telescópico

19

Nos equipamentos de elevação de carga, o posto de trabalho dos operadores é a

cabine de operação. Essas cabines podem ser abertas, com toldos ou fechadas e,

quanto à proteção, podem ser FOPS (Falling Object Protective Structure), com

proteção contra objetos em queda, como pedras ou ROPS (Roll-Over Protective

Structure), com proteção ao operador em caso de tombamento.

Para se obter uma cabine de operação ergonômica, a determinação das dimensões

internas é importante na fase de projeto. Fontana (2005, p.33), em uma avaliação

ergonômica de projetos de cabines de operação, citou pontos importantes que

devem ser observados no projeto. Segundo o autor, para determinar a ergonomia de

uma cabine, “deverão ser coletadas medidas das distâncias entre o assento e os

órgãos de comando nas dimensões x, y e z e comparadas em um gráfico

escalonado contendo as áreas de máximo e ótimo acesso aos comandos, de acordo

com as características antropométricas dos usuários”. Em uma avaliação

ergonômica, o autor coletou dados com o assento nos limites próximo, médio e

extremo, com referência no painel de controle, obtendo o seguinte resultado:

Ótimo: comando situado na região de ótimo acesso nos dois planos.

Muito bom: comando situado na região de ótimo em um plano e de máximo

no outro plano.

Bom: comando situado na região de máximo nos dois planos.

Regular: comando situado na região de máximo em um plano e fora no outro

plano.

Ruim: comando situado em região externa aos dois planos.

Fontana (2005) adotou padrões antropométricos americanos como a referência para

a comparação com as médias da população dos operadores brasileiros. Ocorreram

diferenças para o comprimento do pé e braço, largura do pé e para o assento-

cotovelo. O comprimento e a largura do pé influenciam no tamanho que os degraus

de acesso devem ter. O alcance do braço e da mão interfere no posicionamento dos

controles manuais. Os acionamentos mais freqüentes devem ser posicionados

dentro da área de alcance normal, delimitada pelo raio de alcance da mão. Os

controles acionados esporadicamente devem estar dentro da área de alcance

Page 25: TCC - Manipilador Telescópico

20

máximo. Na figura 04 o autor define distâncias de alcance a partir de um dispositivo

que determina o ponto de referência do assento.

Figura 04: Áreas de alcance em cabines. Fonte: Fontana (2005).

Para Fontana (2005, p.46) “o posicionamento vertical dos comandos é definido

também em função do comprimento do braço. Eles devem estar localizados de

forma que o operador consiga alcançá-los sem sair de sua posição normal. A

distância vertical máxima do nível do ombro do operador até o comando deve ser

igual ao comprimento do braço. O apoio do assento é uma medida que influencia na

definição do comprimento do assento do operador.” O autor ainda acrescenta,

salientando que o “comprimento do assento deve ser tal que possibilite o

acionamento dos pedais de freio e acelerador de maneira rápida e com o mínimo de

Page 26: TCC - Manipilador Telescópico

21

esforço, sem que o operador tenha que sair de sua posição normal.” Se essas

especificações não forem seguidas, o operador terá que sair de sua posição normal

de trabalho para poder acionar os controles mais distantes, obrigando-o a se

movimentar com maior freqüência e esforço e perdendo o apoio do encosto do

assento. O autor utilizou um percentil 95. Dessa forma, os componentes do posto de

operação passíveis de regulagem quanto ao posicionamento vertical e horizontal,

como o volante de direção, joysticks e o banco, devem permitir um maior intervalo de

regulagem.

3.3.1. Elementos de informação

A semântica especifica o que os caracteres significam. Segundo Openshaw e Taylor

(2006), utilizam-se uma noção de códigos como um conceito geral. Por convenção o

design de dispositivos de informação convencional utiliza dois tipos de códigos para

cobrir todos os símbolos e caracteres:

Códigos não figurativos, que consistem de vários elementos de pequeno

porte. Os elementos individualmente não têm qualquer significado em si, mas

quando combinadas têm significados inequívocos. A forma mais comum de

códigos não figurativos são números e letras.

Códigos figurativos (símbolos), que são aqueles projetados de modo a ter um

significado próprio, sem necessidade de ser combinado com outros símbolos.

Tais códigos podem ser concretos ou abstratos. Os códigos concretos imitam

o que eles simbolizam (por exemplo, um pedestre atravessando o sinal é

representado por um desenho estilizado de uma pessoa caminhando). Os

códigos abstratos simbolizam conceitos abstratos (por exemplo,

"Cristianismo", representada por uma cruz).

Ambos os códigos figurativos e não figurativos são utilizados em aplicações do

processo industrial. O código figurativo concreto deve se parecer com a máquina

que eles representam e o código abstrato deve ser usado para representar os

eventos reais que ocorrem durante o processo. A escolha dos mais diferentes tipos

de instrumentos disponíveis depende da informação que será apresentada e como

ela será utilizada. Para Ivergard e Hunt (2009), os instrumentos de monitoramento

Page 27: TCC - Manipilador Telescópico

22

são visuais e podem ser analógicos, os que utilizam ponteiros e mecanismos, ou

digitais, os que utilizam sinais eletrônicos, recursos de luz de sinalização e monitores

de vídeo. O painel de controle, segundo os autores, deve ser dividido em dois

subgrupos:

Dispositivos de informações gerais, estáticos e dinâmicos, devem fornecer

uma visão geral do equipamento, como estatística e diagramas, assim como

botões que podem ser manipulados, como luzes de farol, por exemplo.

Dispositivos de informações específicas, estáticos e dinâmicos, oferecem

informações mais detalhadas.

A distância máxima de visualização depende o tamanho da informação mostrada.

Conforme Ivergård e Hunt (2009), toda a informação visual importante e que é

utilizada frequentemente deve estar na área visual mais confortável. A área de visão

máxima (fig. 05) é a área em que o operador vê rapidamente, pois nessa área

nenhum músculo é movido, somente os olhos.

Figura 05: Área visual e superfícies de trabalho. Fonte: Ivergård e Hunt (2009).

Superfícies de trabalho e controles devem ser colocadas dentro de fácil e confortável

alcance. Isto significa ter uma área limitada em altura, largura e profundidade, dentro

da quais os controles mais importantes e superfícies de trabalho devem ser

Page 28: TCC - Manipilador Telescópico

23

colocados. Segundo Ivergård e Hunt (2009), a maioria dos tipos de controle precisa

de bastante espaço para a realização de diversas tarefas, além das tarefas de

controle como tal. Uma das necessidades, por exemplo, escrever, local para

acomodar manuais, café e bebidas. A altura da superfície de trabalho é da maior

importância, se o operador trabalha em pé ou sentado. Uma superfície de trabalho

incorreto resultados altura em que o operador assumindo uma postura ruim, o que,

em curto prazo, é cansativo e, em longo prazo pode causar danos permanentes.

Os autores ainda analisaram o brilho da imagem e relação de contraste, que deve

ser selecionado com base na adaptação média da aplicação específica. Quanto

maior o nível de adaptação, mais clara a imagem que é necessária. O nível de

adaptação é resultado de uma série de fatores diferentes, incluindo o nível de luz

ambiente, fatores de reflexão sobre as superfícies do campo de visão, luminância e

diferentes fontes de luz no campo de visão. Como regra geral, o brilho da imagem

deve ser de pelo menos ao nível de médio de luminância no campo de visão, desde

que uma relação de contraste pode ser suficientemente obtida.

Quanto às distâncias de visualização, os autores acordam que são muitas vezes

determinadas por restrições físicas, como distância ou altura dos consoles no posto

de trabalho. Idealmente, o tamanho do display deve ser selecionado de acordo com

a quantidade de informações necessárias e exigido ou a distância de visualização

disponível. Quanto mais informações com uma distância dada, maior é a imagem

necessária. A seleção do tamanho do display deve ser considerada caso a caso.

Certas informações são mais bem transmitidas utilizando-se sinais sonoros.

Conforme Ivergård e Hunt (2009), quando é um sinal de perigo o operador não

necessita ver de onde vem o sinal nem olhar constantemente para um determinado

local. Auxilia se o operador não tem experiência com códigos de mensagem.

Também garante a percepção quando são necessárias duas formas de

comunicação. Os sinais sonoros podem ser usados para prever algum evento futuro,

por exemplo, o início de uma contagem regressiva ou em situações de estresse,

quando existe a possibilidade do operador esquecer-se de algo.

Page 29: TCC - Manipilador Telescópico

24

4. METODOLOGIA

4.1. MÉTODO DE PESQUISA

A oposição excludente entre métodos qualitativos, que, segundo Oliveira (2000), são

racionais e subjetivos, e métodos quantitativos, que são mais experimentais e

objetivos, remonta o fim da idade média, com o Renascimento e o movimento

Iluminista-cartesiano.

A primeira regra do pensamento cartesiano “consistia

em nunca aceitar algo como verdadeiro sem conhecê-

lo evidentemente como tal.” (Descartes, apud Brod,

2009.

Conforme Oliveira (2000), o método quantitativo mensura o objeto, enquanto o

método qualitativo mensura categorias e atributos, tais como qualidade, relação,

ação, paixão, hábitos e preferências. Pode-se afirmar que a análise pode ser

unificada quando correlacionam uma causa e um efeito. A inclusão de outras

variáveis nesta relação exigirá análise multivariada para a mensuração do problema.

Para o autor, o método quantitativo está associado ä experimentação e manipulação

de um objeto estudado em uma população ou universo. Por limitações técnicas

geográficas ou financeiras pode-se trabalhar com amostragem.

Fontana (2005) utilizou método quantitativo para avaliação ergonômica e

antropológica de forwarders e skiders. Após a identificação dos equipamentos que

seriam avaliados, o autor realizou medidas a partir do ponto de referência do

assento do operador, utilizando um dispositivo de simulação, considerando o

acréscimo de um peso médio de 75 kg, considerada média dos operadores

brasileiros. Foram coletadas medidas de três posições distintas, classificadas como

próximo, médio e extremo em relação ao painel de operação. Para determinar as

medidas antropométricas dos 34 operadores avaliados o autor utilizou uma ficha de

registro para valores antropométricos. Na avaliação das variações utilizou percentis

Page 30: TCC - Manipilador Telescópico

25

nos níveis 5, 50 e 95%. O posicionamento visual dos instrumentos e do campo visual

de trabalho também foi analisado.

“Se um designer quiser saber por que os objetos são

como são, deve examiná-lo sob todos os aspectos

possíveis [...] como a funcionalidade,

manuseabilidade, a cor, a forma, o material de que

são feitos e assim por diante” (Munari, 2005, p.96).

Para Demo (2000) o que torna uma tese mais científica não é a discussão teórica

interminável, mas as provas apresentadas dentro do contexto de certa hipótese. O

que conta é a argumentação lógico-experimental menos a virtuosidade conceitual.

Metodologicamente falando, o experimento busca fazer relações seguras entre

causa e efeito. Fazer dados também é manipular a realidade. Acreditar demais em

dados, ainda mais sem entender muito bem o que aquilo representa, pode ser até

irresponsável. É importante haver alternativas de coleta de dados e análises, pois é

relativamente fácil de manipular números para enxergar o que se quer.

Conforme o autor, a manipulação de dados em empresas pode ter fins comerciais e

políticos. Acaba tornando-se um grande negócio, pois muitas vezes são analisadas

pequenas fatias de mercado para definir o comportamento de um país inteiro, ou

ainda, utiliza-se de uma pequena amostra estratégica para garantir maior

representatividade.

Análises podem ser feitas através de comparação de produtos de concorrentes,

entre si sob o ponto de vista do consumidor e sob o ponto de vista técnico. Segundo

Baxter (1998), na primeira análise a avaliação é feita pelo consumidor conforme os

requisitos do consumidor. Na outra análise uma equipe técnica avalia o produto com

relação aos requisitos técnicos. As avaliações dos consumidores não devem ser

alteradas arbitrariamente, pois são obtidas de pesquisas de mercado. Com a

aplicação dessa técnica, o autor defende que os requisitos do consumidor podem

ser transformados em técnicas específicas do projeto. A especificação deve incluir

aspectos tecnológicos não perceptíveis pelo consumidor, como processo de

fabricação, distribuição e manutenção.

Page 31: TCC - Manipilador Telescópico

26

Metodologia é o estudo dos métodos, técnicas e ferramentas e de suas aplicações à

definição. O método projetual é um processo pelo qual o designer chega a uma

solução, utilizando técnicas projetuais convenientes para auxiliar no processo de

desenvolvimento do projeto. Segundo Gomes, Pereira e Schlemper (2010), os

métodos projetuais de desenvolvimento de produtos são utilizados para orientar e

prever questões em torno dos produtos existentes. Não existe um método único que

atenda a todas as situações possíveis. O designer deve escolher o método conforme

cada situação diferente.

A metodologia projetual não pode ser confundida com receita de bolo, que, segundo

Gomes (2001), quando seguida, proporciona um resultado previamente

estabelecido. Para os autores, os métodos projetuais servem para auxiliar no

desenvolvimento de produtos, mas não são absolutos em todos os casos. Com

muito critério e conhecimento, o método pode ser modificado, para que se possa

descobrir algo que o melhore.

O método adotado neste trabalho, segundo Löbach (2008), determina todos os

passos a serem seguidos no projeto. É composto de quatro etapas: preparação,

geração de alternativas, seleção e produção.

Fase 1: Preparação

O ponto de partida é a descoberta de um problema e se esse problema pode ser

resolvido através do Design Industrial. É importante recolher todas as informações

possíveis acerca do produto. Essas informações serão utilizadas no processo de

solução do problema. Na análise da necessidade verifica-se a importância da

solução, que varia conforme investimentos necessários. A análise da relação social

estuda o público-alvo, assim como a análise da relação com o meio ambiente estuda

o local que o produto será usado e o impacto ambiental devido ao uso. Pode ser

feita uma análise do desenvolvimento histórico para extrair informações úteis para o

novo produto, uma análise de mercado, aonde se busca equivalências com outros

produtos existentes, para aplicação de melhoramentos. Esta análise comparativa

analisa deficiências e determina valores.

Page 32: TCC - Manipilador Telescópico

27

Utilizam-se técnicas como análise funcional, estrutural e benchmarking. Na análise

da função estuda-se a forma com que o produto trabalha e suas características

técnicas. A análise estrutural tem o objetivo de trazer à luz a concepção do produto,

suas peças e montagens e a possibilidade de uni-las ou racionalizá-las. A análise de

configuração estabelece detalhes formais, como cores, texturas, etc. Dentro da

análise do problema verificam-se materiais e processos de fabricação, além de

patentes, normas e legislação aplicáveis. Na análise de sistema de produtos verifica-

se a influencia de cada parte do sistema. Com base nos dados coletados e

analisados, as informações são discutidas, preferencialmente em grupo. O objetivo

dessa discussão é esclarecer o problema e chegar a um consenso. O

estabelecimento dos fatores de influência determina o processo criativo para a

solução do projeto.

Fase 2: Geração

É a fase de produção de idéias segundo as análises feitas. Nesta fase a mente deve

trabalhar livremente para gerar o maior número de alternativas possível. A utilização

de métodos facilita a resolução de problemas mediante atividades dirigidas e

controladas. Nesta etapa é importante separar a fase analítica da fase criativa. A

preocupação com as restrições inibe o processo criativo. A técnica dessa fase é a

associação livre de idéias sem julgamentos. Em intervalos de descanso a mente

continua processando o problema de forma inconsciente. É importante fazer

esboços de detalhes das alternativas mais promissoras.

Fase 3: Avaliação

Nesta etapa inicia-se o processo de seleção das idéias concebidas. O designer

seleciona a melhor solução conforme os critérios de aceitação do novo produto.

Podem-se utilizar técnicas de decisão entre outras. Avaliam-se a importância do

novo produto para o usuário e para o êxito financeiro da empresa.

Fase 4: Realização

É a última etapa do processo de materialização da alternativa. Deve ser revisada,

aperfeiçoada e até combinada com outras alternativas. A alternativa final é

convertida em um protótipo, com estrutura e dimensões físicas. O resultado é um

Page 33: TCC - Manipilador Telescópico

28

modelo visual com desenhos necessários e textos explicativos. Esta documentação

é levada à direção da empresa aonde é feita uma avaliação definitiva. A direção

decide se o produto entra em produção ou não.

Na tabela abaixo estão relacionadas as fases do processo de desenvolvimento de

produto segundo Löbach (2008):

Tabela 01: Método projetual de Löbach. Fonte: Löbach (2008).

Fase Processo de solução do problema Processo de desenvolvimento do produto

Análise do problema Análise do problema de design

Conhecimento do problema Análise da necessidade

Coleta de informações Análise da relação social homem-produto

Análise das informações Análise da relação produto-ambiente

Desenvolvimento histórico

Análise do mercado

Análise da função

Análise estrutural

Análise da configuração (funções estéticas)

Análise de materiais e processos de fabricação

Patentes, legislação e normas

Definição e clarificação do problema e Análise de sistema de produtos

definição dos objetivos Distribuição, montagem, serviço a clientes, manutenção

Descrição das características do novo produto

Exigências para com o novo produto

Geração de alternativas Alternativas de design

Escolha dos métodos de solucionar problemas Conceitos do design

Produção de idéias Alternativas de solução

Geração de alternativas Esboços de idéias, modelos

Avaliação das alternativas Avaliação das alternativas de design

Exame das alternativas Escolha da melhor solução

Processo de seleção Incorporação das características ao novo produto

Processo de avaliação

Realização da solução do problema Solução de design

Realização da solução Projeto mecânico

Nova avaliação da solução Projeto estrutural

Configuração dos detalhes (raios, elementos de manejo, etc.)

Desenvolvimento de modelos

Desenhos técnicos, desenhos de representação

Documentação do projeto, relatórios

Pre

para

ção

Geração

Avaliação

Realização

Page 34: TCC - Manipilador Telescópico

29

4.2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

As informações necessárias para orientar o projeto aqui apresentado foram

coletadas no projeto de pesquisa, análise do problema e na etapa de coleta de

informações deste trabalho. Foram selecionados diversos temas de material de

pesquisa em potencial, os quais foram relacionados para posteriormente serem

consultados. As fontes dos temas pesquisados permeiam livros de design e

metodologias de autores consagrados, sites de fabricantes de manipuladores

telescópicos e equipamentos de elevação de carga e peças, revistas especializadas,

normas do Ministério do Trabalho e Emprego e da Associação Brasileira de Normas

Técnicas. Também foram feitas análises de materiais e peças utilizadas em veículos

automotores.

As informações coletadas no procedimento de pesquisa foram utilizadas para

auxiliar na concepção do projeto, na tomada de decisões, na descrição das

características e exigências para com o novo produto.

Page 35: TCC - Manipilador Telescópico

30

5. APLICAÇÃO DE MÉTODO PROJETUAL

Pela particular possibilidade de se tornar um produto fabricável, as alternativas não

serão apenas de cunho conceitual, mas terão o objetivo de conduzir o processo

projetual, tanto no campo do Design como nas áreas de Engenharia. Para auxiliar a

representação virtual, após a escolha da melhor alternativa e definição da geometria

do produto, o desenho será modelado tridimensionalmente, orientada pelos esboços

preliminares e pela lista de requisitos e restrições. Serão feitas representações da

parte externa, assim como do interior da cabine. Na etapa final serão gerados

desenhos de representação bidimensional e tridimensional, elaboração da proposta

de produto ilustrada, acompanhada de uma maquete em escala a ser definida

conforme disponibilidade dos materiais.

5.1. PREPARAÇÃO

Na primeira etapa do processo de design de manipuladores telescópicos foram

agrupadas as etapas de coleta e análise da necessidade e do problema. Por ser um

equipamento que não é fabricado no Brasil, percebeu-se a necessidade de adequá-

lo às normas regulamentadoras brasileiras. Como exemplo, analisou-se a NR-17,

que trata sobre a ergonomia em postos de trabalho e a NR-18, que trata da

segurança das pessoas que trabalham na construção civil.

Na identificação do problema se verificou a existência de problemas de ergonomia

em cabines de operação de outros tipos de equipamentos. Através de uma coleta de

informações sobre esse tipo de produto, buscou-se conhecer e classificar o produto

a partir de análises históricas e comparativas, além de literatura específica

disponibilizada por fabricantes de equipamentos de elevação de carga e peças, com

o objetivo de se entender como esses produtos são construídos, como eles

funcionam e quais funções desempenham. Também foram analisadas normas

aplicáveis ao produto, para que este pudesse comportar o maior número de funções.

Page 36: TCC - Manipilador Telescópico

31

Como no Brasil os equipamentos de elevação de carga, como o apresentado na

figura 06, raramente contam com a participação de designers na concepção do

produto, essa carência se reflete nas funções de uso e estética analisadas.

Figura 06: Manipulador telescópico analisado. Fonte: Manual de operação Genie (2009).

Equipamentos como os manipuladores telescópicos são utilizados na agricultura,

gerando mais alimentos. Regiões com recursos minerais também podem ser

beneficiadas com a utilização de equipamentos dessa natureza. O aço, que

corresponde a uma grande porcentagem de toda a matéria prima utilizada na

fabricação do produto, é 100% reciclável. Dessa forma, ao final da sua vida útil, este

produto pode ser desmontado e vendido como sucata, definido este um produto

reciclável. Com relação à emissão de CO² na atmosfera, os equipamentos

autopropelidos dispõem de motores Euro 5, menos poluentes, que utilizam um

sistema de pós-tratamento no escape.

5.1.1. Desenvolvimento histórico

Os guindastes eram conhecidos pelos Romanos e tiveram largo emprego na idade

média. Segundo consta na Enciclopédia Mirador (1992) foi na Revolução Industrial

Inglesa do século XVIII que seu uso se generalizou. Para a análise do

desenvolvimento histórico dos manipuladores telescópicos foram pesquisados os

diferentes tipos de guindastes fabricados nas últimas décadas. Utilizou-se o banco

de dados da United States Patent Application como referência, que apresenta

diversos equipamentos patenteados nos Estados Unidos e que estão disponíveis

Page 37: TCC - Manipilador Telescópico

32

para consulta no site Patents Online (quadro 01). Para obtenção dessas informações

foram pesquisadas as palavras Crane, Forklift e Telehandler, cujas traduções

equivalem a guindaste, empilhadeira e manipulador telescópico, respectivamente.

Identificaram-se, também, a nacionalidade dos seus inventores nos últimos quarenta

anos.

1969 guindaste

U.S.

1973 guindaste Inglaterra

1974 guindaste

U.S.

1983 guindaste

França

1991 guindaste

U.S.

1998 guindaste

U.S.

2000 guindaste escavador

China

2001 guindaste

Áustria

2002 telehandler

França e U.S.

2003 telehandler

Itália

2003 telehandler

U.S.

2004 Empilhadeira

U.S.

2005 guindaste

Japão

2006 guindaste Alemanha

2007 guindaste Alemanha

2008 empilhadeira

Alemanha

2009 guindaste

Japão

2010 máq. construção

Alemanha

Quadro 01: Evolução histórica dos guindastes. Fonte: Patents On Line (2010).

5.1.2. Análise de mercado

Na análise de mercado buscou-se reunir informações sobre produtos similares e

atuais. Esta análise tem o objetivo de conhecer melhor os produtos dos possíveis

concorrentes e auxiliar no processo de elaboração da lista de requisitos. Foram

analisadas as características técnicas de cinco fabricantes de manipuladores

telescópicos, agrupadas na tabela 02.

Page 38: TCC - Manipilador Telescópico

33

Tabela 02: Comparativo entre fabricantes de manipuladores telescópicos. Fonte: Material de pesquisa (2010).

FabricantesTerex Genie

GTH 5519

Catterpillar

TH255JLG 619 A AUSA T204H

New Holland

LM 732

Alcance máximo vertical (m) 5.790 5.600 5790 4200 7130

Alcance máximo horizontal (m) 3.350 3.250 3150 1000 1350

Altura (m) 1.930 1.920 2350 1995 2400

Largura (m) 1.800 1.816 2100 1595 2340

Comprimento (m) 3.840 3.658 4300 3464 5125

Distância entre eixos (m) 2.320 2.286 2800 1910 3010

Distância ao solo (m) 0.330 0.279 0,44 0,34 0,42

Pneus12 x 16.5 in, 10

ply

12 x 16.5 in, 10

ply405 170-20

10 175 15,3

(14pr)405 170 x 24

Capacidade máxima de elevação (kg) 2500 2500 2585 2000 3200

Capac. elevação à altura máxima (kg) 1995 2000 1814 2000 2000

Capac. elevação no alcance máx. (kg) 862 839 1000 1000 900

Velocidade (km/h) 24.1 26 32 24 40

Torque (Draw bar pull) (kg) 4225 x 5000 x 2520 1400rpm

Força do balde (Break out force) (kg) 3674 x 3480 x x

Raio de giro (mm) 3350 3200 3700 2900 3400

Motor63 hp

(47.0 kW)

84 hp

(63 kW)

100 hp

(74,6kw)

49,6 hp

(36,5kw)

95hp

(71kw)

Transmissão Hydrostatic hidrostática hidrostática 2v powershift

Fluxo hidráulico (lpm) 70 x x x 130

Pressão hidráulica (bar) 270 x x 240 240

Sistema Elétrico 12V x 12V x x

Alternador 95 amp x 95 x x

Bateria720 CCA at

0°F (-18°C)x 850 x x

Capacidade do tanque hidráulico (litros) 62 64 x 70 110

Capacidade do sistema hidráulico 95 x x x x

Capacidade do tanque de combustível 60 106 x 65 125

Peso standard (kg) 4450 4899 6078 4050 7200

4 eixos direcionais 4 4 2 4 4Circuito hidráulico auxiliar sim sim sim sim xJoystick `1 1 1 1 1Botão de parada de emergência sim sim sim sim simPainel com iluminação sim sim sim x simIndicador de ângulo da lança sim sim sim x simCinto de segurança sim sim sim sim simIndicador de momento de carga sim sim sim x simFaróis de trabalho sim sim sim sim simFaróis de rodagem sim sim sim sim simLanterna de freio sim sim sim sim sim

Cabine fechada sim sim sim sim simSaída de emergência sim sim x x xAquecedor sim sim x sim simAr condicionado sim sim sim sim simAssento regulável sim sim sim sim simLuz de marcha a ré sim sim sim sim simHorímetro sim sim sim x sim

Concha sim sim 1,5m³ x simPorta pallets sim sim sim sim sim

Broca perfuratriz x x x x x

Gancho de carga sim sim sim x x

Garra x sim sim x x

Manipuladores Telescópicos (Telehandlers)

DIMENSÕES

DESEMPENHO

ACESSÓRIOS

MECANISMOS

CAPACIDADES

CARACTERÍSTICAS

OPCIONAIS

PESOS

Page 39: TCC - Manipilador Telescópico

34

5.1.3. Análise da função

Os equipamentos de elevação de carga podem ser classificados, entre outras, por

categoria e uso. Rudenko (1976) classificou os principais tipos de máquinas de

elevação e movimentação de carga (tabela 03). Através dessa classificação foram

analisadas as funções desempenhadas por diversos tipos de equipamentos,

dependendo de sua natureza física, estrutural e funcional.

Classificação por categoria

Máquinas de elevação Guindastes Elevadores

Macacos

Talhas

Talhas portáteis

Carrinhos de talhas

Talhas elétricas

Mono vias elétricas

Teleférico Monotrilho

Guincho

Carrinhos de guindaste

Guindaste giratório estacionário

Guindaste móvel sobre trilho

Guindaste sem trilhos

Guindaste locomotiva e esteira

Guindaste móvel de guia

Guindaste tipo ponte

Guindaste de cabos

Guindaste flutuante

Elevadores de cabina

Talhas pneumáticas portáteis

Empilhadeiras manuais

Elevadores verticais de

caçamba

Elevadores tipo mastro

Funiculares

Classificação por uso

Guindaste giratório

estacionário

Guindaste

móvel sobre

trilho

Guindaste

sem trilhos

Guindaste

locomotiva e

esteira

Guindaste tipo

ponte

Lança segura Montados no teto

Sobre carros

manuais Ferrovias Ponte 1 viga

Por cabos Velocípedes

Sobre carro

motorizado Esteira Ponte 2 vigas

Rolante de parede Torre De carro Pórtico e semi

Coluna giratória Pórtico Trator Transf.carga

Coluna fixa

Plataforma giratória

Derricks

Gruas transbordo

Em balanço

Tabela 03: Classificação categorial dos guindastes. Fonte: Rudenko (1976).

Page 40: TCC - Manipilador Telescópico

35

Fabricantes de equipamentos de elevação e movimentação de carga classificam

seus equipamentos conforme a função. No exemplo do quadro 02 a classificação da

linha de produtos Catterpillar (2010) auxilia a delimitar a linha de produtos.

Tratores de esteira Motoniveladoras Escavadeiras Minicarregadeiras

Tratores florestais Screiperes Caminhões mineradores

Retro-escavadeira

Tratores de rodas Compactadores Carregadeiras de rodas Carregadeiras de

esteiras

Multi carregadeiras Manipuladores telescópicos

Aplainadores Pavimentadoras

asfálticas

Rolo Compactadores sobre

rodas Elphinstone

Caminhões chassi rígido

Quadro 02: Linha de produtos Catterpillar. Fonte: Portfolio Catterpillar (2010).

No exemplo a seguir, classificação da linha de manipuladores telescópicos

Caterpillar. Esta classificação auxilia a delimitar as características técnico-funcionais,

além de posicionar o produto dentro de cada linha.

6840 kg 7470 kg 9260 kg 11300 kg

Quadro 03: Linha de manipuladores telescópicos. Fonte: Portfolio Catterpillar (2010).

A classificação categorial evidencia as principais diferenças entre os diversos tipos

de equipamentos. Também é possível, a partir das análises feitas, que as

Page 41: TCC - Manipilador Telescópico

36

configurações sejam compartilhadas entre os produtos analisados de forma que

possam ser utilizadas no projeto do manipulador telescópico.

5.1.4. Análise estrutural

A análise estrutural possibilita conhecer e entender como um manipulador

telescópico é construído e descobrir como os problemas foram resolvidos a partir de

outros produtos analisados. Utilizou-se esta análise para identificar as diferentes

partes e sistemas que compõem o produto. A figura 07 exemplifica as partes mais

relevantes de um manipulador telescópico.

Figura 07: Estrutura de um manipulador. Fonte: Manual Genie (2009).

A classificação das peças que formam os conjuntos pode ser baseada na análise

estrutural, onde os itens são agrupados em conjuntos e subconjuntos. Esta

classificação facilita o gerenciamento do projeto no processo produtivo.

5.1.5. Análise da configuração

Os manipuladores telescópicos encontrados no mercado são equipamentos

versáteis, pois permitem o acoplamento de implementos para realização de diversos

tipos de trabalhos. Movimentação de carga, serviços de manutenção, trabalhos no

campo, como remoção de adubo e empilhamento de feno e sacarias são algumas

das atribuições dadas a esses equipamentos, tanto em terrenos irregulares, quanto

1

2

3

4

5

6

7

8 9

101. Garfo

2. 2° braço

3. 1° braço

4. Motor

5. Cabine

6. Trem de força

7. Chassis

8. Pára-lama

9. Eixo dianteiro

10. Eixo traseiro

Page 42: TCC - Manipilador Telescópico

37

em locais confinados. No quadro 04 estão relacionados os implementos utilizados

em manipuladores telescópicos. O acréscimo de implementos ainda não utilizados

aumentaria a gama de aplicabilidade do produto, diferenciando-o dos demais.

Implemento Função Local de uso

Gancho Elevação de cargas Mineradoras, indústrias, pistas de

automobilismo. Porta pallet Empilhamento

Fábricas, fazendas, depósitos,

construtoras. Pinça Transporte de feno Fazendas

Concha Remoção Mineradoras, depósitos, fazendas

(adubo). Plataforma Elevação de

pessoas

Redes de eletrificação, telefonia e

mídia. Quadro 04: Relação entre implementos e suas funções. Fonte: Material de pesquisa (2010).

5.1.6. Análises de materiais e processos de fabricação

Os processos de fabricação estão intrinsecamente ligados aos materiais os quais

este tipo de produto é fabricado. A matéria-prima mais utilizada é o aço de alta

resistência, presente na estrutura base, motor, trem de força e lança (fig. 08).

Fibra de vidro

Vidro

Borracha

Aço

Aço

Moldagem

Conformação e usinagem

Extrusão/vulcanização

Laminação/têmpera

Corte/soldagem

Figura 08: Materiais e seus processos. Fonte: Manual Genie (2009).

Quanto maior a resistência do aço, maior deve ser o maquinário para processá-lo.

Em contrapartida, o uso de aços mais resistentes permite a redução na espessura,

proporcionando menor peso bruto ao equipamento e maior capacidade de elevação.

Outros aços de menor resistência são empregados nos fechamentos, tubos

Page 43: TCC - Manipilador Telescópico

38

estruturais e cilindros. Outra matéria prima utilizada é a fibra de vidro. Este matéria é

utilizada na carroceria. A grande versatilidade desse material permite moldagem de

superfícies irregulares, porém com a necessidade de se desenvolver um molde para

fabricação da peça. Materiais como a fibra natural podem ser utilizadas no interior da

cabine para a confecção do painel, console e acabamentos. A parte interna do

compartimento do motor possui uma manta para isolação do calor e ruídos.

5.1.7. Patentes, legislação e normas

Dentro dessa etapa foram verificadas as normas pelas quais o projeto deverá ser

submetido. A Norma regulamentadora NR-12 estabelece as medidas de segurança a

serem adotadas em relação à operação e manutenção de máquinas e

equipamentos, visando à prevenção de acidentes do trabalho. A norma

regulamentadora NR-18 determina as condições de trabalho de operários na

construção civil e deixa claro que não é permitida a elevação de pessoas em

equipamentos de guindar não projetados para esse fim. Isso deve ser considerado

se houver a intenção de se elevar pessoas.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas, através da NBR 14631, especifica os

requisitos mínimos para a fabricação e utilização de cestas aéreas em redes

energizadas e na NBR 14768 especifica os requisitos mínimos para a fabricação de

guindastes articulados. Baseado nessas normas, o produto poderá ser utilizado para

elevação de pessoas e cargas sob quaisquer circunstâncias.

Outra questão importante é fazer o cadastro do produto no site do BNDES. Este

banco financia, via Finame, equipamentos para pessoas jurídicas com juros menores

se comparado com outras linhas de financiamento. O equipamento deve ter no

mínimo 60% de material nacional. Para o cadastro é necessário enviar uma ficha de

especificações técnicas, acompanhada de um desenho com as principais dimensões

do produto.

5.1.8. Exigências para com o novo produto

As restrições de projeto são dadas pelas normas e em função da concepção

mecânica, que inclui o sistema hidráulico, pneumático e elétrico, além do cálculo

Page 44: TCC - Manipilador Telescópico

39

estrutural e do uso de itens padronizados, como no caso do trem-de-força2. Também

se tornarão restritos os itens adjacentes da carenagem, devido à própria geometria.

Conforme especificado na NR-26, o equipamento deverá ser pintado na cor amarela.

Para fins de definição formal, determinaram-se, na tabela abaixo, os itens que

deverão obrigatoriamente fazer parte do produto como referência dimensional:

Item Referência

Eixos direcionais Dana 300K60 planetário

Transmissão Dana 8-75 agricultural

Motor 80 kW - 778 x 705 x 503 Euro V – NAV Internacional

Pneus 12 x 16.5 off-road – Watts Industrial Tyres

Assento do operador Grammer S2/418M

Tabela 04: Itens da lista de restrições. Fonte: Material de pesquisa (2010).

Deverão ser observadas e seguidas as seguintes normas:

ABNT NBR 14631 – Requisitos para Cestas Aéreas Isoladas

ABNT NBR 14768 – Requisitos para guindastes hidráulicos

ABNT NBR 7195 – Cores para Segurança

NR-12 – Máquinas e Equipamentos - peças móveis

NR-17 – Ergonomia

NR-18 – Condições de Trabalho na Construção Civil – PTA

NR-26 – Sinalização de Segurança – cores

NR-31 – Segurança e Saúde no Trabalho - ruídos

5.1.9. Descrição das características do novo produto

O equipamento, por ser autopropelido, possibilitará o transporte de cargas com

movimentação simultânea. Conceber o produto de tal forma que as capacidades e

alcances sejam iguais ou superiores aos outros equipamentos analisados. A lança

deverá fica centralizada e apoiada no eixo traseiro. Ambos os eixos são direcionais e

de tração. Os pneus utilizados devem ser do tipo fora-se estrada. O motor deverá

2 Conjunto mecânico formado pelo motor, eixos e transmissão.

Page 45: TCC - Manipilador Telescópico

40

estar localizado no lado direito do equipamento e deverá ficar protegido por

carenagem resistente e com material isolante termo-acústico. A cabine deverá ser

colocada no lado esquerdo.

Utilizar aço com alto limite de escoamento nas lanças para reduzir o peso e

aumentar o alcance, levando em conta que o equipamento deverá se movimentar

com carga suspensa. A plataforma aérea deverá ser isolada e fechada com

comando próprio. O raio de operação, alcances, cálculo estrutural e de estabilidade,

sistemas mecânicos e dimensões definitivas deverão ser determinadas pela

Engenharia. Acrescentar valores estéticos como faróis, lanternas e pára-choques.

Considerar que o produto seja de uso prático, com comandos e mostradores de fácil

acesso. O campo de visão e alcance no posto de trabalho deverá ser ajustável.

Levar em conta que o produto será utilizado em diversos e diferentes locais,

geografias e climas. Considerar ainda que seja utilizado em locais que exigirão

estabilidade, resistência e segurança, elevando pessoas e transportando cargas em

movimento. A cabine de operação deverá ser ROPS, possuir giroflex, ser fechada,

ergonômica, confortável e de fácil acesso e limpeza. Garantir a funcionalidade e a

versatilidade através da variação de implementos acopláveis, como gancho, porta-

pallets, concha, broca perfuratriz e plataforma de trabalho aéreo.

Levar em conta que o produto seja concebido dentro de uma estrutura unificada e

harmônica entre estrutura, cabine, carenagens e peças adjacentes, com o mínimo

de tubos e mangueiras aparentes. Utilizar o máximo de componentes nacionais, de

forma que se possa comercializar via Finame. Prover fácil acesso à manutenção e

limpeza da cabine são alguns dos itens críticos que devem ser levados em conta na

manutenção. Um plano de manutenção indicando períodos de inspeção,

lubrificação, troca de óleo e filtros deverão ser indicados no manual de manutenção

do equipamento. Dever-se-á tomar em conta o leadtime, que é o tempo de reposição

das peças, principalmente dos itens importados, quando houver. As principais

características técnicas estão indicadas na tabela 05. Os itens com valores

aproximados (<,> e ±) serão submetidos a estudos de engenharia.

Page 46: TCC - Manipilador Telescópico

41

DIMENSÕES

Alcance máximo vertical (mm) >7200

Alcance máximo horizontal (mm) >3500

Altura (mm) ±2000

Largura (mm) ±1800

Comprimento (mm) <4000

Distância entre eixos (mm) ±2100

Distância ao solo (mm) ±350

DESEMPENHO

Capacidade máxima de elevação (kg) >2500

Capacidade de elevação à altura máxima (kg) >1900

Capacidade de elevação no alcance máximo (kg) >1000

Raio de giro (mm) <3600

CARACTERÍSTICAS

4 eixos direcionais 4x4x4 Redução do raio de operação

Circuito hidráulico auxiliar Acoplamento de acessórios

Botão de parada de emergência Norma NR-18 e NR-12

Painel com iluminação e som Ivegard e Hunt (2009)

Cinto de segurança NR-12

Indicador de momento de carga ABNT 14768

Faróis de rodagem Trabalho noturno ou confinado

Lanterna de freio Sinalização

Cabine fechada Proteção quanto à poeira, clima e ruídos

Ar condicionado Conforto térmico

Assento regulável NR-17

Luzes de alerta e avisos sonoros Para deficientes auditivos

Estribos Facilitar o acesso

Quebra-mato dianteiro Fixar carga

Comandos com alavancas Facilidade para manusear

IMPLEMENTOS E ACESSÓRIOS

Concha Movimentação de areia, brita, terra solta, granulados

Porta pallets Carga e descarga de pallets, cimento, tijolos,

Broca perfuratriz Perfuração de solo para eletrificação

Gancho de carga Elevação e movimentação de cargas diversas

Pinça para feno Armazenamento de feno, colheita

Plataforma de elevação Elevação de pessoas em redes eletrificadas ou não

Tabela 05: Itens da lista de requisitos Fonte: Material de pesquisa (2010).

Page 47: TCC - Manipilador Telescópico

42

5.2. GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS

O principal desafio foi o de se conseguir uma ilustração que possibilitasse transmitir

a idéia do produto. Foram feitos diversos esboços (fig. 09) com o objetivo de

entendimento da própria geometria que o produto teria, até que se encontrasse a

forma a ser seguida, ainda que desprendida de restrições, mas espacial do produto.

Figura 09: Esboços iniciais. Fonte: Elaborado pelo autor.

Esboços iniciais dos componentes da cabine (fig. 10) foram necessários para

localizar a distribuição dos elementos, tais como assento, painel e console. Um

esboço do painel permitiu a necessidade da distribuição dos elementos por áreas,

de forma que os componentes monitorados constantemente pudessem ficar dentro

da zona de alcance angular, assim como os componentes de acionamentos

ficassem dentro das áreas de alcance bom e ótimo.

Page 48: TCC - Manipilador Telescópico

43

Inicialmente especulou-se a possibilidade de se utilizar um joystick para controle dos

acionamentos, mas, devido ao pequeno número de funções, acabou-se por optar

por um comando de três alavancas.

Figura 10: Esboços de detalhes. Fonte: Elaborado pelo autor.

Algumas restrições de projeto foram surgindo na etapa de geração de alternativas,

se fazendo necessário o retorno à lista de requisitos para acréscimo de mais itens. A

totalidade de esboços e ilustrações geradas nesta fase será apresentada juntamente

com este projeto.

A partir da compreensão da forma é que se iniciou a colocação de requisitos, a

posição de componentes como lança, cabine e motor. Embora a dimensão exata

destes itens, incluindo pneus e faróis ainda havia sido levada em conta, manteve-se

a relação de proporção, a partir da análise de mercado. Em toda essa etapa utilizou-

se de processo de retroalimentação, com afastamentos e reaproximação, com

objetivo de deixar a mente trabalhando por incubação. Os afastamentos permitiram o

Page 49: TCC - Manipilador Telescópico

44

envolvimento em outras atividades, necessárias à otimização do tempo. Uma das

atividades foi a busca de rodas em lojas de brinquedos para serem utilizadas no

mocape, o que tornaria a sua fabricação mais prática.

Foram geradas alternativas de pára-lamas (fig. 11) e do painel de instrumentos,

embora a escolha do modelo a ser utilizado fosse deixado para a etapa de

modelagem tridimensional computadorizada. Para escolha dos faróis e lanternas

foram feitas simulações com faróis de cinco automóveis e a definição também

deixada para ser feita na etapa seguinte.

Figura 11: Alternativas para pára-lamas. Fonte: Elaborado pelo autor.

A cada desenho gerado foi surgindo uma melhor definição da geometria através do

refinamento das linhas. Este trabalho encerrou em uma ilustração que se considerou

ideal, aonde se definiu a posição dos principais elementos da composição. Em

seguida esta ilustração foi colorida para melhor compreensão do volume e da

profundidade (fig. 12). Foram utilizadas duas perspectivas, uma dianteira e uma

traseira. Isso seria necessário para proceder para a próxima fase, embora alguns

itens ainda não estavam definidos, como faróis, lanternas, estribo e pára-choques.

Page 50: TCC - Manipilador Telescópico

45

Figura 12: Ilustrações da geometria escolhida. Fonte: Elaborado pelo autor.

Page 51: TCC - Manipilador Telescópico

46

5.3. AVALIAÇÃO DAS ALTERNATIVAS

Na etapa de avaliação levaram-se em conta as alternativas geradas, a lista de

requisitos, baseada no resultado do trabalho de pesquisa e a lista de restrições,

segundo informações fornecidas por Manfro (2010), que permeiam as condições

técnicas básicas. As informações das listas contribuirão para que o projeto tenha a

máxima acuracidade do projeto mecânico, hidráulico e elétrico, além de processos

de manufatura e promoção.

Além da função estética do produto, haja vista este ser um diferencial de mercado

considerou-se trabalhar com outras percepções, utilizando-se de tecnologias e

recursos a favor da segurança, materiais alternativos e texturas e dispositivos de

inteligência artificial que “dialoguem” com o operador, desde que este possa assumir

o controle se a máquina responder de forma inadequada. Como exemplo, um

dispositivo para alertar o operador quando o equipamento está chegando no limite e

um outro que, quando acionado, permite que o equipamento realize um esforço

extra, trazendo “estados emocionais” à máquina e aproximando a sua relação com o

operador. Essas alternativas, ainda que importantes e diferenciadas, dependem da

avaliação de um técnico especializado em eletrohidráulica.

Um produto versátil, com um posto de trabalho confortável, protegido contra o calor,

a chuva e a poeira, criam uma relação amigável entre o usuário e a máquina.

Verificou-se a possibilidade de utilização de itens automotivos para a concepção do

projeto. Foram analisados diversos tipos de faróis, pára-lamas, estribos e lanternas,

além de características próprias de veículos fora-de-estrada. Um dos critérios para a

seleção de itens automotivos foi a probabilidade de encontrá-los como peças de

reposição.

Na avaliação ficou constatado que o problema detectado poderia ter uma grande

diversidade de soluções estéticas e técnico-informacionais. Ficou determinado que o

aspecto estrutural dos manipuladores telescópicos de mercado deveria ser mantido

(semântica do produto) para o projeto ser, em seguida, submetido à avaliação

específica de profissionais especializados.

Page 52: TCC - Manipilador Telescópico

47

5.4. REALIZAÇÃO

A fase de realização da solução caracterizou-se por transformar a alternativa

escolhida em um produto definido, através de desenhos de fabricação seguidos de

mocape. A partir de esboços preliminares e desenhos ilustrativos desenhou-se a

vista lateral sobre uma malha gráfica, para se obter uma proporção harmônica (fig.

13). As dimensões da lateral foram ajustadas dentro da proporção áurea.

Figura 13: Malha gráfica criada a partir de retângulos e proporções harmônicas. Fonte: Elaborado a partir de Brod Jr. (2009).

Na vista lateral considerou-se a medida de entre-eixos, o diâmetro dos pneus e a

altura da cabine, especificados na etapa de definição do problema. Não foram

considerados aqui faróis e lanternas, embora se percebesse que haveria conflitos

dimensionais dependendo do item utilizado.

Na definição do posto de trabalho, o interior da cabine foi dividido em três partes:

assento do operador, painel de instrumentos e console de comando. O assento do

operador possui regulagens de altura e ajustes do encosto. O console do comando,

fixado junto à estrutura do assento, possui ajuste linear horizontal.

Page 53: TCC - Manipilador Telescópico

48

40

0

20

0

020

0

40

0

60

0

80

0

10

00

12

00

1000

800

600

400

200

0

200

400

O curso linear horizontal e vertical do assento e do apoio do braço permite ajustar o

alcance aos comandos, volante e pedais independentemente do perfil

antropométrico do operador. Os assentos encontrados no mercado, como Grammer

(2010), possuem diversos níveis de regulagem.

O painel foi desenhado para que os elementos de monitoramento ficassem dentro

do ângulo de visão ótimo, sem afetar a visibilidade do operador. Os botões de

acionamento foram colocados dentro da zona de alcance do braço. Os pedais de

aceleração e freio também ficaram dentro da zona de alcance ótima. Na figura 14

utilizou-se uma malha baseada em Fontana (2005).

Figura 14: Zonas de alcance em milímetros. Fonte: Elaborado a partir de Fontana (2005).

Feitos os devidos ajustes de proporção e configuração, foram colocadas cotas para

dimensionar o produto e facilitar a localização de seus componentes para a etapa de

modelagem tridimensional computadorizada. As cotas também foram utilizadas para

avaliar as dimensões finais do equipamento antes de entrar na próxima fase. Esta

representação bidimensional também pode ser utilizada como parâmetro para

cálculos de estabilidade pelo departamento de engenharia.

25°

30°

máxima

ótima

máxima

600mm 900mm

Page 54: TCC - Manipilador Telescópico

49

A modelagem tridimensional iniciou-se a partir das dimensões definidas na malha

gráfica. As peças fabricadas, tais como carenagem, lanças e cabine foram

desenhadas conforme os esboços e dimensionadas conforme a malha. As peças

padronizadas, como pneus e eixos, foram dimensionadas conforme as

especificações dos fabricantes, com o objetivo de manter a proporção harmônica e a

acuracidade do projeto.

Durante a modelagem da carenagem definiu-se quais faróis e sinaleiras seriam

utilizados, partindo-se das dimensões de diversas peças analisadas e da coerência

formal entre estes e a geometria da carenagem. Após a escolha, estes foram

copiados para o ambiente tridimensional para serem montados virtualmente na

carenagem, que precisou ser ajustada de forma que ficassem integradas ao

conjunto. O pára-choque dianteiro e traseiro e pára-lamas (fig. 15) também foram

definidos nessa etapa, a partir dos esboços manuais.

Figura 15: Posicionamento do farol de rodagem. Fonte: Elaborado pelo autor.

Na etapa de modelagem tridimensional também foi feita a parte interna da cabine

(fig. 16). As dimensões do assento foram fornecidas pelo fabricante. Todo o interior

da cabine foi modelado baseado nas ilustrações prévias, medidas da malha gráfica e

Page 55: TCC - Manipilador Telescópico

50

alcances. Um boneco antropométrico virtual foi incluído para orientação e melhor

compreensão da disposição dos elementos.

O assento e o comando, com regulagens no plano horizontal e vertical permitem

ajustes independentemente do perfil antropométrico do operador.

Figura 16: Cabine de operação. Fonte: Elaborado pelo autor.

O painel de controle foi elaborado para acomodar componentes de controle e

monitoramento do equipamento e permitir o fácil acesso e visualização. Foram

determinadas seis áreas para agrupar componentes segundo a sua função (fig. 17).

Esta definição foi necessária porque neste projeto não são conhecidos os itens do

painel de controle e será conhecida somente após avaliação do circuito elétrico,

hidráulico e pneumático.

Na área 1 ficarão os botões de acionamento que são feitos de dentro e de fora do

equipamento, como faróis de rodagem, faróis de trabalho e pisca-alerta. Na área 2

estão o velocímetro e o tacômetro. A área 3 está reservada para o monitor de

controle de carga, que pode ser um computador de bordo com a função de indicar o

peso da carga içada, distância, altura, entre outras. Na área 4 estão os indicadores

de estado e luzes de aviso. A área 5 contém os botões de acionamento do

Page 56: TCC - Manipilador Telescópico

51

equipamento, como limpadores e ar condicionado e o botão de parada de

emergência. A área 6 está reservada para armazenamento do manual de operação,

planos de carga e documentos diversos.

Os dispositivos e mostradores que utilizarão códigos figurativos e não figurativos,

assim como sinais sonoros, deverão ser submetidos a análises posteriores.

1

2

3

4

5

6

1 -

2 - Controlador do motor

3 - Monitor de carga

4 - Indicadores

5 - Acionamentos gerais

6 - Guarda documentos

Acionamento faróis

Figura 17: Painel de controle. Fonte: Elaborado pelo autor.

Os itens das áreas 2, 3 e 4 foram posicionados em pontos mais altos para favorecer

a visualização. Os itens das áreas 1 e 5 estão posicionados em pontos que

favorecem o alcance do braço.

O comando hidráulico é composto por alavancas ladeadas por apoios fixos.

Inspiradas em técnicas utilizadas por baixistas, que apóiam a mão pelo polegar para

obtenção de maior sensibilidade e firmeza, esse sistema de apoio permite um

controle mais preciso (fig. 18).

Possui um dispositivo que alerta quando o equipamento começa a chegar ao seu

limite máximo de esforço, acompanhado de um sinal sonoro. Ao perceber esse sinal

o operador pode solicitar um sobre esforço do equipamento, pressionando o botão

Page 57: TCC - Manipilador Telescópico

52

chance, que libera o comando para mais 10% de carga, diminuindo a velocidade. As

dimensões do comando hidráulico são definidas pelo fabricante.

Figura 18: Comando do equipamento. Fonte: Elaborado pelo autor.

Para se determinar quantas alavancas de comando seriam necessárias foram feitas

combinações com alguns implementos (quadro 05). Determinou-se, então que

seriam necessárias três alavancas, sendo:

A primeira para a elevação da lança;

A segunda para a extensão da lança;

A terceira para diversas funções, dependendo do implemento utilizado.

Com esse estudo definiram-se as características multifuncionais do produto.

Page 58: TCC - Manipilador Telescópico

53

1 – Elevação 2 – Extensão

3 - Movimentação de terra, areia, brita, adubo

3 - Perfuração de solo

3 - Movimentação de pallets 3 - Elevação de pessoas em eletrificação,

telefonia e manutenção

3 - Movimentação de feno, lenha e troncos de madeira

3 - Implantação de postes

3 - Elevação de cargas diversas

Quadro 05: Principais funções de uso do produto. Fonte: Elaborado pelo autor.

Com o modelo tridimensional definido, partiu-se para a geração de vistas ortogonais,

com cotas das principais dimensões, para serem utilizadas na apresentação do

produto e no desenvolvimento do cálculo final de estabilidade e estrutural. O

desenho com dimensões gerais do produto estão contidas na ficha técnica de

produto, apêndice 1.

Page 59: TCC - Manipilador Telescópico

54

A figura 19 apresenta uma vista isométrica com indicação das principais partes que

compõem o novo produto. Foram utilizados faróis do Chevrolet Celta e lanternas do

Fiat Brava. Itens como lança, cabine, carenagens, estribo e pára-choque deverão ser

fabricados. A figura ainda representa o compartimento do motor e baterias.

Figura 19: Partes principais do novo produto. Fonte: Elaborado pelo autor.

Na figura 20 estão representadas as dimensões e os itens que estão contidos no

interior da cabine. Painel, acabamentos e forrações deverão ser fabricados.

Figura 20: Partes principais da cabine. Fonte: Elaborado pelo autor.

Os itens do painel de comando serão definidos após definições multidisciplinares.

Page 60: TCC - Manipilador Telescópico

55

Finalmente foram feitas representações tridimensionais computadorizadas do

modelo (fig. 21 e 22), geradas por diversos ângulos, para serem utilizadas na

apresentação do produto. Nas imagens foram aplicadas cores, texturas, luz, sombra,

reflexo e transparência. Utilizou-se a nomenclatura “Carrau” e “Toggo” para simular a

marca e o modelo do equipamento.

Figura 21: Representação virtual frontal. Fonte: Elaborado pelo autor.

A ilustração mostra a homogeneidade criada entre carenagem, faróis e pára-lamas.

Page 61: TCC - Manipilador Telescópico

56

Na vista da traseira percebe-se o impacto visual das sinaleiras em conjunto com a

carenagem. O compartimento do motor está simetricamente alinhado à porta de

acesso à cabine. A articulação da lança é feita por um cilindro hidráulico na parte

inferior e a extensão por cilindros hidráulicos alocados no interior das lanças.

Figura 22: Representação virtual traseira. Fonte: Elaborado pelo autor.

Nessas ilustrações utilizou-se um gancho de carga, podendo este acessório ser

substituído por outros implementos. Os pára-lamas são simétricos e podem ser

fabricados com a mesma matriz.

Page 62: TCC - Manipilador Telescópico

57

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Manipuladores telescópicos são produtos de grande complexidade, cujo processo de

desenvolvimento é alinear e multidisciplinar, devendo ser tratado em equipe. Isso

ficou constatado pela necessidade de aprofundamento na etapa de pesquisa de

mercado, que normalmente é feita pelos departamentos de Marketing das empresas

assim como as restrições do produto com relação às normas, cálculos estruturais, de

estabilidade e processos de fabricação e controle de qualidade determinados pelas

equipes de Engenharia.

Além das funções prático-funcionais, valores estéticos e simbólicos podem ser

explorados pelo Design, trazendo aos equipamentos de movimentação de carga um

diferencial que pode ser utilizado como argumento de venda, da mesma forma que

se utiliza em automóveis.

A aplicação de métodos de Design em projetos de bens de capital tem a vantagem

de poder oferecer uma solução em tempo relativamente curto. O método, embora

não possa contemplar todas as etapas necessárias no desenvolvimento desse tipo

de produto, tem a habilidade de definir a real necessidade e delimitar e equacionar

os parâmetros do projeto, considerando as necessidades do cliente e do usuário, as

exigências legais e ambientais, o posicionamento e a potencialidade dos

profissionais envolvidos e a estrutura física dos fabricantes. Nesse contexto o

designer tem a possibilidade de conceber uma idéia de produto com grande

acuracidade e conduzir o projeto metodicamente ou ainda conceber um projeto

conceitual, mais superficial e, portanto, mais ousado.

Para estudos futuros de projetos de Design de manipuladores telescópicos e bens

de capital, pesquisas sobre outros temas podem contribuir com o aperfeiçoamento

do trabalho, como ergonomia cognitiva, que pode contribuir com a melhoria na

visualização e a compreensão dos instrumentos do painel de controle; simbiose e

inteligência artificial, que podem ser utilizadas na comunicação homem-máquina,

tanto em operações quanto na parte de manutenção.

Page 63: TCC - Manipilador Telescópico

58

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Page 67: TCC - Manipilador Telescópico

62

APÊNDICE

Ficha técnica de produto

Manipulador telescópico

Toggo 2.5

APRESENTAÇÃO

O Manipulador Telescópico Toggo 2.5 é um equipamento autopropelido, prático e

versátil para elevação e transporte de cargas com movimentação simultânea.

Configurados para atender as exigentes normas de segurança brasileiras, são

equipados com o sistema Indicador de Momento da Carga, que gerencia a operação

de elevação e descida de carga e garante uma operação simples e segura. O

comando hidráulico de três alavancas é provido de sistema inteligente, que vibra no

momento em que o equipamento está chegando ao limite, protegendo o operador e

a máquina contra avarias.

A sua estrutura, com lança fabricada em aço com alto limite de escoamento, fica

apoiada sobre eixos tracionados por motor Euro V, permitindo total mobilidade ao

equipamento, mesmo com carga içada. O sistema de eixos com total tração e

direção nas quatro rodas, associados aos pneus do tipo off-road e à sua altura em

relação ao solo permitem que seja utilizado em qualquer tipo de terreno, como

mineradoras, fazendas, construção civil, portos, manutenção, logística, publicidade,

eletrificação e telefonia, com muita praticidade, manobrabilidade e segurança.

O acoplamento de implementos auxiliares como gancho, porta-pallets, concha, broca

perfuratriz e plataforma de trabalho aéreo aumentam a sua gama de funções,

garantindo total funcionalidade e versatilidade do produto, elevando cargas e

pessoas com total segurança garantida por normas de segurança do país.

Page 68: TCC - Manipilador Telescópico

63

A cabine confortável e ergonômica, com ampla visibilidade e de fácil manutenção

permite um dia de trabalho sem cansaço produzido pela rotina diária, mantendo o

operador livre de calor, poeira e condições climáticas desfavoráveis. Vidros escuros

diminuem ruídos e reflexos internos, facilitando a leitura dos indicadores luminosos.

Dispositivos e acionamentos estrategicamente dispostos no painel de controle

permitem uma visualização rápida e dinâmica, eliminando o cansaço do trabalho

diário. O comando com sistema de vibração, que alerta o operador quanto ao limite

do equipamento, associado ao botão chance, que permite que o equipamento

realize um esforço extra, trazem maior segurança ao equipamento e ao operador.

Todo o painel e forrações internas da cabine são fabricados com fibras naturais, que

reduzem o impacto ambiental, criando um ambiente agradável.

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS

DIMENSÕES

Alcance máximo vertical (mm) 7500

Alcance máximo horizontal (mm) 3800

Altura (mm) 2137

Largura (mm) 2120

Comprimento (mm) 2932

Distância entre eixos (mm) 2049

Distância ao solo (mm) 506

DESEMPENHO

Capacidade máxima de elevação (kg) 2580

Capacidade de elevação à altura máxima (kg) 1950

Capacidade de elevação no alcance máximo (kg) 950

Velocidade (km/h) 25

Raio de giro (mm) 3600

CARACTERÍSTICAS

4 eixos direcionais 4x4x4

Transmissão automática

Circuito hidráulico auxiliar

Botão de parada de emergência

Painel com iluminação e som

Page 69: TCC - Manipilador Telescópico

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Cinto de segurança

Indicador de momento de carga

Faróis de trabalho

Faróis de rodagem

Lanterna de freio

Cabine fechada

Ar condicionado

Assento regulável

Luzes de alerta e avisos sonoros

Estribos

Quebra-mato dianteiro

Gancho de reboque

Saída de emergência

Comandos com alavancas

Indicadores do motor

Horímetro

IMPLEMENTOS OPCIONAIS

Concha

Porta pallets

Broca perfuratriz

Gancho de carga

Pinça para feno

Plataforma de elevação

NORMAS E REGULAMENTAÇÕES

O manipulador telescópico Toggo 2.6 está em conformidade com as seguintes

normas brasileiras:

ABNT NBR 14631 – Requisitos para Cestas Aéreas Isoladas

ABNT NBR 14768 – Requisitos para guindastes hidráulicos

ABNT NBR 7195 – Cores para Segurança

NR-12 – Máquinas e Equipamentos

NR-17 – Ergonomia

NR-18 – Condições de Trabalho na Construção Civil

NR-26 – Sinalização de Segurança

NR-31 – Segurança e Saúde no Trabalho

Page 70: TCC - Manipilador Telescópico

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DIMENSÕES