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Teatro Nacional D. Maria II 2008 // A Guerra 01
de Carlo Goldoni
tradução José Colaço Barreiros
encenação e dramaturgia José Peixoto
cenografia João Rodrigues
figurinos João Rodrigues com a colaboração de Maria Duarte
desenho de luz Carlos Gonçalves
música Rui Rebelo
interpretada por Fernando Mota, Gonçalo Lopes, Paulo Curado,
Rui Faustino, Sofia de Portugal
movimento Kot-Kotecki
assistente de encenação Carla Carreiro Mendes
maquilhagem e cabelos Kiko Sarmento
com
Álvaro Corte Real [conde Cláudio] Elsa Valentim [Orsolina] Guilherme
Noronha [soldado 3] Jorge Baião [soldado 2] Jorge Silva [dom Cirillo] José
Russo [dom Segismondo] Juana Pereira da Silva [dona Florida] Luís Barros
[dom Faustino] Maria Marrafa [Lisetta] Mário Barradas [dom Egídio]
Patrícia André [dona Aspásia] Rui Nuno [dom fábio] Simon Frankel [dom
Ferdinando] Tiago Mateus [soldado 1] Victor Zambujo [dom Polidoro]
e
Carla Carreiro Mendes [camponesa 1] Gonçalo Ruivo [camponês 1] João
Patrício [camponês 3] Matilde Nicolau [camponesa 2] Ricardo Alves [cam-
ponês 2] Dinarte Clemente [porta-bandeira/ Évora] Victor Garcia [porta-ban-
deira/ Lisboa]
A Guerra
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A Guerra // Teatro Nacional D. Maria II 200802
TNDM II
direcção de cena Carlos Freitas
operação de som Sérgio Henriques
operação de luz Pedro Alves
maquinaria Rui Carvalheira
auxiliar de camarim Paula Miranda
RECREIOS DA AMADORA
operação de som Erik Kvehmstedt
operação de luz Jochen Pasternacki, Mário Pereira
CENDREV
direcção de cena e operação de luz António Rebocho
operação de som Pedro Bilou
maquinaria Tomé Baixinho, Tomé Antas, Paulo Carocho
auxiliar de camarim Vicência Moreira
co-produção
TNDM II, CENDREV - Centro Dramático de Évora, Teatro dos Aloés
M/12
Duração 120 minutos (c/intervalo)
TNDM II
SALA GARRETT
14 FEV A 02 MAR ‘08
RECREIOS DA AMADORA
5 a 9 MAR ‘08
TEATRO GARCIA DE RESENDE
12 a 29 MAR ‘08
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Teatro Nacional D. Maria II 2008 // A Guerra 03
Sinopse
Um exército invade uma região. As forças atacadas recolhem a uma fortaleza. Durante o
ataque a filha do general comandante das forças sitiadas é feita
prisioneira. A sua situação social determina que esteja retida nas instalações do
Comissário abastecedor dos exércitos
atacantes. Nesse mesmo local reúnem-se os jovens oficiais para beber e jogar. Entre
Florida, a jovem refém, e o tenente Faustino nasce uma paixão. Florida vive a inqui-
etação do desfecho da guerra, ou vence o pai defensor da fortaleza ou o exército do seu
apaixonado. Os interesses privados e os públicos opõem-se, mas também se opõem as
razões do coração. No meio do conflito manifestam-se
também os interesses postos em jogo na guerra - o patriotismo, a honra, a coragem, a
nobreza dos comportamentos de um lado, do outro a violência, o desrespeito pelas
pessoas, o oportunismo da ausência da lei e o império da força, o comércio e o
enriquecimento que os conflitos armados permitem aos menos escrupulosos. No meio
do conflito aparece uma classe
popular que ora é vítima, ora tenta
beneficiar da guerra. Uma comédia amarga com a guerra como protagonista que expõe
as virtudes e os defeitos dos seres humanos. Uma comédia do século XVIII que nos faz
reflectir sobre os nossos dias.
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A Guerra // Teatro Nacional D. Maria II 200804
"[Faustino] Está escrito no céu a
sorte das nossas armas. Podemos
ser vencedores, podemos acabar
por perder. É com indiferença que
vou ao encontro do destino, mas o
meu destino deixa-me mais indife-
rente que a fúria com que me
ameaçam os seus olhos. Dona
Florida, conserve por mim a bon-
dade com que suportou os meus
afectos; juro-lhe, que se sobreviver,
amá-la-ei sempre e farei tudo para a
tornar feliz.
[Florida] Que poder estranho têm
estas palavras sobre o meu
coração!"
In "A Guerra" de Carlo Goldoni,
Cena IX
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Teatro Nacional D. Maria II 2008 // A Guerra 05
O mundo como livroO MUNDO É UM BELO LIVRO, MAS É POUCO ÚTIL A QUEM NÃO O SABE LER.
Carlo Goldoni
Carlo Goldoni, eleito pelos românticos
oitocentistas um ícone vanguardista do
teatro, foi o autor escolhido por José
Peixoto que aqui nos apresenta uma peça
sobre a natureza da guerra e a necessidade
urgente da paz. Curiosamente, este
dramaturgo, que nos escreve em pleno
século XVIII, consegue reflectir, com
grande precisão, alguns dos problemas da
nossa actualidade e leva-nos a pensar, por
momentos, quão contemporânea é a sua
escrita. É este tempo, que é também um
pouco o nosso, que faz de Goldoni um
autor contemporâneo.
"A Guerra", apresentada na Sala Garrett do
Teatro Nacional, deve-se, sobretudo, à
grande persistência e amor pela obra de
Goldoni de José Peixoto. "Criadas para
Todo o Serviço", na passada temporada,
revelou ao público um autor que explora
como poucos a complexidade dos
comportamentos humanos revestidos de
uma comicidade única. O abandono do
divertimento fácil e da 'commedia dell'arte'
e a criação de um ambiente intimista que
confere o protagonismo às personagens
são características únicas no teatro de
Goldoni.
Mas mais atípica será esta peça, "A Guerra",
no universo do dramaturgo italiano,
revelando uma sua faceta menos
conhecida. Estreada em Veneza, no
Carnaval de 1760, "A Guerra" dá-nos um
Goldoni mais maduro, prestes a deixar
Itália e a partir para França. Esta é, portanto,
a última das suas comédias dedicadas a
temas militares e também a que os
assume de forma mais directa e não como
elemento circunstancial. O moralismo é
aqui substituído pela matéria dramática
que constitui as próprias acções bélicas
que envolvem as personagens. Esse é o
verdadeiro drama: onde acaba a guerra e
começa a paz?
Duas notas breves para referir a importância
para o Teatro Nacional em fazer parte de
um projecto em parceria com o CENDREV
e o Teatro dos Aloés e pelo facto de, neste
espectáculo, termos o privilégio de assistir à
actuação de Mário Barradas, personalidade
ímpar do teatro português. Tudo isto, em
conjunto com um elenco exemplarmente
dirigido por José Peixoto, faz desta peça
um momento único no Teatro Nacional.
Como bem diz José Peixoto, "um clássico
é uma árvore frondosa que tem muitos
frutos, mas que, uma vez por outra, pre-
cisa de ser podada para continuar a dar
frutos". Esse é o trabalho de um Teatro
Nacional, dos criativos, de todos nós
espectadores. Dar nova vida aos clássicos,
inscrevê-los na nossa vida porque deles
continuamos a colher ensinamentos, como
num grande livro que aprendemos a ler.
Carlos Fragateiro
Director Artístico do TNDM II
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A Guerra // Teatro Nacional D. Maria II 200806
"[Polidoro] O melhor casamento
desde mundo é quando o dinheiro
se casa com o dinheiro."
In "A Guerra" de Carlo Goldoni,
Cena VI
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Teatro Nacional D. Maria II 2008 // A Guerra 07
O teatro de Carlo Goldoni acompanha o
Cendrev desde 1979, ano em que
apresentámos "A Estalajadeira", seguindo-
-se o "O Amante Militar" em 1981;
"Zaragata em Chioggia" em 1991; "As
Manias da Vilegiatura" em 1992; "A Casa
Nova" em 1993 e o "Teatro Cómico" em
2002. Daí que o envolvimento da nossa
companhia nesta parceria com o Teatro
Nacional D. Maria II e o Teatro dos Aloés,
para celebrar os 300 anos do nascimento
deste genial autor, tenha merecido, natural-
mente, o nosso empenho e dedicação, por
forma a darmos a esta efeméride a dimen-
são e dignidade que a grandeza da sua
obra reclamam.
O projecto, que incluiu a organização de
uma exposição sobre a sua vida e obra, a
apresentação do espectáculo "Arlequim
Servidor de Dois Amos" numa encenação
de Filipe Crawford, a realização de uma
conferência organizada pela Universidade
de Évora e a tradução, edição e montagem
de duas das suas peças, "Criadas para todo
o Serviço", - que estreámos em Évora, onde
foi apresentada de 1 a 4 de Março de 2007,
em Lisboa de 8 a 18 de Março e na
Amadora de 21 de Março a 1 de Abril - e "A
Guerra", que agora estreia no Teatro
Nacional D. Maria II, espectáculo que
encerra o programa conjunto que, ainda
que não tenha alcançado todos os
objectivos definidos, teve seguramente o
mérito de confirmar a importância de um
teatro que, ao confrontar-nos com os grandes
temas da vida das pessoas, continua a
mobilizar o público em todo o mundo.
A construção do espectáculo "A Guerra"
Goldoni agora e sempre
traduziu-se numa experiência de trabalho
verdadeiramente particular. Desde logo,
por reunir capacidades e meios de três
diferentes estruturas do panorama teatral
nacional conferindo ao projecto condições
de produção e apresentação naturalmente
excepcionais, permitindo assim juntar uma
equipa alargada de profissionais de
diferentes gerações, que trouxeram ao
processo criativo dinâmicas que con-
tribuíram activamente para o resultado do
trabalho. Igualmente determinante, foi
termos contado com a direcção artística
de José Manuel Peixoto, não só pelo
profundo conhecimento que tem da obra
de Goldoni, mas também porque o colec-
tivo que se reuniu à sua volta assinala clara-
mente um reencontro com o seu próprio
percurso teatral, daí que tenhamos integra-
do o projecto com a maior satisfação.
A quem servirá a guerra para que, em
pleno século XXI, continue a destruir a vida
de milhares e milhares de inocentes provo-
cando igualmente a devastação das
próprias cidades com a perda irreparável
de valiosos testemunhos da História da
Humanidade? Quantas guerras mais serão
necessárias para terminar o flagelo?
Inquietação semelhante terá sentido
Goldoni conforme nos revela no texto em
que relata as motivações que o levaram a
escrever esta peça.
Goldoni trouxe à cena a guerra para recla-
mar a urgência da paz. Nós queremos ajudar
a cumprir esse propósito.
José Russo
Director Artístico do CENDREV
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A Guerra // Teatro Nacional D. Maria II 200808
"[Polidoro] Qual lavadeira! Você
agora é uma mercadora. O dinheiro
faz esquecer o passado. (…) Eu era
um pobre tambor. Passei a ajudante
de um vivandeiro; poupei dez escu-
dos, comprei um burro, e fiz negó-
cio na tropa. (…) Correu bem o
ganho, agi com prudência para os
generais gostarem de mim; soube
gastar com juízo, dei presentes nas
alturas certas, e por fim cheguei ao
posto de comissário de guerra. Ah,
o que me diz?"
In "A Guerra" de Carlo Goldoni,
Cena VI
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Teatro Nacional D. Maria II 2008 // A Guerra 09
O Jorge (Silva Melo), que está sempre
atento a estas coisas, telefonou-me dizen-
do que preparasse as minhas traduções
para editar.
Fiquei contente. Afinal 2007 não ia ser
como 1993.
Decidi, então, propor um espectáculo em
co-produção, porque sozinha a estrutura
onde trabalho não o podia fazer.
Primeiro propus "La Bottega Dell Caffé",
que ainda não tinha nome em português,
e que felizmente hoje já está em cena
noutro teatro, a um parceiro que não me
tomou muito a sério.
Depois imaginei que talvez o Teatro
Nacional D. Maria II estivesse interessado e
propus "Le Massère", "As Cozinheiras" ou
"As Criadas para Todo o Serviço", como
acabou por se chamar.
Entretanto, tinha passado "La Guerra" ao
Mário (Barradas), que também gosta de
Goldoni, que por sua vez interessara o
Centro Dramático de Évora nesse projecto.
Enquanto se avaliava a possibilidade
financeira de fazermos um espectáculo, a
direcção do Teatro Nacional propôs
comemorar o ano Goldoni fazendo dois
espectáculos produzidos pelas três estruturas.
Gostaria de partilhar convosco a minha
felicidade. Pensava que seria difícil fazer
uma montagem e subitamente surge a
hipótese de fazer duas. E não era para
menos, pois tratava-se de mostrar duas
facetas completamente distintas do autor.
"As Cozinheiras", que era um longo e
inteligente divertimento com um
inequívoco vínculo de classe; "A Guerra"
que era, como assinala a crítica, a mais
Quando dei conta que a passagem do
tricentenário do nascimento de Carlo
Goldoni estava para breve pus-me a
imaginar o que devia fazer para que esta
data não fosse como a de 93, em que
todo o mundo evocava Goldoni nos 200
anos da sua morte e entre nós só dois ou
três, e sempre os mesmos, se lembravam
do facto.
Os grandes autores deviam estar sempre
em cena, e Goldoni é, sem dúvida, um
grande dramaturgo e reformador, que
pode balizar a história do teatro como um
marco, dizendo-se hoje para referenciar a
evolução desta arte, antes ou depois de
Goldoni.
Não devia, assim, ser necessário esperar
pelas comemorações do nascimento ou
da morte para o vermos em cena ou o ler-
mos em português, autor que há duzen-
tos anos tanto foi feito, refeito e adaptado
ao gosto português, tendo até o nosso rei
encomendado uma obra sua.
Seria bom que Goldoni fosse conhecido
não só por ter escrito uma obra prima
como "Arlequim Servidor de Dois Amos",
que muito me diverte, ou outra
inteligente comédia como "A
Estalajadeira", de tanta actualidade, e que
felizmente continuam a ser feitas, mas
pelas suas mais de cem comédias que
constituem um imenso conhecimento
sobre os comportamentos humanos que
hoje são ainda um valioso manancial de
reflexão. Seria bom que não o confundis-
sem com a "Commedia Dell'Arte" que ele
com tanto empenho reformou tornando
o teatro desde então coisa nova.
Uma co-produção singular
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A Guerra // Teatro Nacional D. Maria II 200810
brechtiana das comédias de Goldoni e
algo muito diferente do que nos é
mostrado como o mais significativo deste
dramaturgo. Iniciar o ano do tricentenário
do seu nascimento com um espectáculo
e terminar com outro tão diferente seria
honrar Goldoni e o público como um e
outro merecem.
Para mim, era um empreendimento de
alto significado. Era juntar a Casa Mãe da
descentralização, e de muitos dos meus
projectos, ao Teatro Nacional do centro de
Lisboa, onde trabalhara uma única vez e
há 25 anos, com a descentralização que
Os Aloés, onde trabalho agora, tentam
levar a cabo na periferia. Era ultrapassar
divergências e conjugar esforços para
dar um contributo ao tal teatro "elitista
para todos".
Era reunir as diversas gerações com que
contactei no meu percurso teatral e as
diversas escolas que me moldaram e que
também ajudei a concretizar, num projecto
comum, sabendo que o que hoje nos
separa nos lugares, nas ideias ou nas
estéticas não nos impede de unir saber
e esforços, num trabalho feito com
prazer, para realizar o projecto que tem
que ser feito.
José Peixoto
Director do Teatro dos Aloés
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Teatro Nacional D. Maria II 2008 // A Guerra 11
O grande reformador da "commedia dell'arte" e um dos maiores dramaturgos do sécu-
lo XVIII nasceu em Veneza, em 1707, no seio de uma família burguesa. Pouco interessa-
do em medicina, profissão que o pai exercia, foi estudar filosofia no Colégio de Rimini
mas, em 1721, com apenas 14 anos, abandonou os estudos para seguir uma trupe de
comediantes. O teatro apaixonava-o: gostava de ver, de escrever e até de representar.
A morte do progenitor obrigou-o a ter vários empregos para garantir o seu sustento.
Em 1734, aos 27 anos, aceitou o cargo de poeta residente da companhia de teatro
lírico de Giuseppe Imer, para o qual escreveu interlúdios cómicos, tragédias e tragi-
comédias e, dois anos depois, à mercê do seu rendimento fixo, pôde casar-se com a fiel
Genoveva Nicoletta Conio. Mas foi só no ano de 1738, aos 31 anos, que Goldoni encontrou
a sua verdadeira vocação: as comédias. Nesse ano, escreveu a peça "Momolo Cortesan",
na qual o protagonista tinha o texto todo escrito.
Iniciava-se, assim, a renovação da "commedia dell'arte": até então, os papéis das personagens
principais eram improvisados e dependiam muito do talento dos actores. Goldoni pôs
a tónica no texto e desviou a atenção para a qualidade dos autores. Embora mantendo
as figuras tipo e a estrutura coreográfica da acção da "commedia dell'arte", aprofundou
a caracterização das personagens e empenhou-se em retratar a classe média da sua
época. Pelas peças de Goldoni perpassam, como em mais lado algum, a moral e os
costumes do século XVIII.
Em 1747, Goldoni conheceu Gerolamo Medebach, director da companhia Sant'Angelo
e aceitou o cargo de poeta residente da trupe. Finalmente, pôde dedicar-se inteiramente
ao teatro. Foi a época do seu apogeu: só na temporada de 1750-51 escreveu nada menos
do que 16 comédias. Até que, em 1753 (no mesmo ano em que escreveu "A Estalajadeira"),
e desentendendo-se com Medebach, decidiu abandonar a companhia e entrar para o
teatro San Luca, com o qual permaneceu dez anos, na qualidade de autor residente e
director de actores.
Alguns insucessos e uma disputa com o rival Carlo Gozzi, defensor de um teatro menos
popular e mais literário e elitista, acabaram por levar Goldoni a abandonar Veneza, em 1762,
e a partir para Paris, onde foi trabalhar para a Comédie-Italienne, para a qual escreveu peças
de sucesso seguro e onde se tornou professor de italiano das filhas de Luís XV. Aí escreveu
as suas "Memórias" (publicadas em 1787) e morreu, em 1793, quase na miséria, depois da
Revolução Francesa lhe ter retirado a pensão que o rei lhe tinha conferido.
BiografiaCarlo Goldoni
Veneza 1707- Paris 1793
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A Guerra // Teatro Nacional D. Maria II 200812
Carlo Goldoni
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Teatro Nacional D. Maria II 2008 // A Guerra 13
Aviso ao Leitor
É assim que começa a sátira de Salvator
Rosa, intitulada: "A Guerra". Assim
começarei eu este aviso ao leitor. No
Mundo inteiro não há senão armas. Entre
amigos, nas praças, nos salões, nas lojas,
só se ouve falar de guerra, e assim
veio-me a vontade de escrever uma
comédia intitulada "A Guerra". Ao princípio
senti-me um pouco embaraçado com a
escolha das nações beligerantes, temen-
do a indignação dos ardentes partidários
de cada uma das facções, mas depois
descobri a solução que poderão observar
nas últimas linhas da comédia. Nos meus
anos de juventude, tive a oportunidade
de conhecer a guerra de perto: não que
tenha exercido a profissão das armas,
graças aos céus tive todas as tentações
menos essa, mas pode estar-se informado
de qualquer coisa sem que se tenha feito
profissão dela, discutindo com aqueles
que a exercem, informando-se com
precisão sobre ela e reflectindo sobre
aquilo que se aprendeu, como eu tenho
hábito de fazer com tudo. Os que
percebem de Guerra julgarão se tratei
convenientemente do assunto, se estou
devidamente informado sobre os princí-
pios da honra que levam os valorosos a
"NO MUNDO INTEIRO NÃO HÁ
SENÃO ARMAS.
ARMA VIRUMQUE CANO.
AS DAMAS, OS CAVALEIROS,
AS ARMAS, OS AMORES.
CANTO AS ARMAS MISERÁVEIS,
BRINDO AO CAPITÃO."
correr para o perigo, se compreendo ver-
dadeiramente essa alegria, essa generosi-
dade, essa intrepidez que reina nos cam-
pos de batalha, que retempera a coragem
e faz com que não nos preocupemos com
os perigos, se consegui juntar com dis-
cernimento a paixão e o amor com os
deveres de um militar e se, para terminar,
dirigi críticas justas àqueles que, em qual-
quer circunstância, se aproveitam um
pouco mais do que deveriam. No que se
refere às operações militares, escolhi o assalto a
uma fortaleza, que é um dos mais interessantes.
Quando esta comédia foi representada,
achei por bem, para o prazer do especta-
dor, fazer intervir, junto dos assaltantes
como dos assaltados, a artilharia, as
investidas, os assaltos e os movimentos
das tropas, mas constatei que estas
operações são difíceis de executar em
cena e que, mal feitas, estragam mais do
que embelezam a representação.
Portanto, facilitei um pouco as coisas.
Algumas, suprimi-as completamente,
substituindo-as por narrativas curtas;
outras, aquelas cujo carácter espectacular
pode agradar sem obrigar os actores a
grandes proezas de execução, atenuei-as.
O desfecho é um dos mais felizes, pois é
coroado pela paz divina: desenlace que
desejo ardentemente ver chegar às guer-
ras que se desenrolam presentemente
pela Europa, se Deus quiser.
Carlo Goldoni
In “La Guerre, Comédie en trois actes”, Carlo
Goldoni, Éditions Circé, 1993, pp. 29-30
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José Peixoto
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Teatro Nacional D. Maria II 2008 // A Guerra 15
1 - Ter encenado recentemente Le Massère reavivou-me questões que transportava
desde outros trabalhos com textos de Carlo Goldoni: os limites ideológicos das suas
comédias observadas por um espectador de hoje ou em que medida se deixou ficar pri-
sioneiro do seu tempo tendo em conta as grandes problemáticas actuais.
Primeiro e antes de mais considero este autor um dos génios do teatro... e para durar,
por muito tempo.
A sua capacidade, se não científica pelo menos objectiva, de observar a realidade social
e as vivências humanas nas suas contradições, bem como a forma como usa o palco
como instrumento de análise ou laboratório de experimentação, faz do seu teatro uma
inesgotável fonte de ensinamentos sobre os comportamentos, previsão do desenvolvi-
mento das atitudes individuais e colectivas, até mesmo do devir histórico.
Goldoni na sua observação procurava a verdade e equacionava em cena um homem
credível, verosímil e capaz de ser verificado na realidade. Nada que fosse diferente do
real lhe interessava. A cena não era lugar de fantasias, mas o lugar da verdade e servia-
lhe para ajudar a mudar o Mundo.
Mas Goldoni não estava fora da História e se procurava agir sobre ela era inevitavel-
mente determinado pelo seu tempo.
Filho da burguesia tinha um compromisso com a sua classe e eventualmente um objec-
tivo - contribuir para que ela chegasse ao poder.
Talvez nada disto fosse uma consciência. É mesmo muito provável que não fosse. Mas
nas suas comédias zurzir a aristocracia, apresentada como improdutiva, perdulária,
inútil, oportunista, imoral e exploradora, é uma constante.
Do mesmo modo não se cansa de enaltecer a burguesia e as suas virtudes - o amor ao
trabalho, a capacidade de produzir riqueza, a moral, o bom senso, a poupança e não sei
quantas virtudes mais.
O povo foi surgindo aos poucos nos seus textos, estando cada vez mais presente e
autónomo, como uma realidade inultrapassável, acabando por impor-se na sua última
comédia veneziana "Le Baruffe Chiozzotte", antes do adeus definitivo à cidade natal em
"Una delle ultime sere di carnevale".
E se é verdade que termina, astutamente creio eu, as suas comédias "com fim feliz" e
com o restabelecimento de uma ordem social, fazendo concessões ao poder estabele-
cido e à classe dominante, já tinha dito no desenrolar da história o suficiente para fazer
Notas para a encenação de
“A Guerra”Para partilhar com os actores
Eventualmente com o público
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A Guerra // Teatro Nacional D. Maria II 200816
passar o fundamental da sua opinião sobre a natureza do tecido social denunciando os
interesses e tramóias das classes em confronto, jogos que ninguém ia esquecer apesar
do compromisso final.
E é essa dimensão do real que hoje mais nos interessa e é aí que está a sua modernidade.
Os modelos levados a cena nem sempre produzem a melhor imagem dessa classe em
ascensão. Mas Goldoni continua a ser fiel à realidade observada e à liberdade das per-
sonagens em cena. Nessas circunstâncias confronta os bons com outros que não o são
tanto, premiando os bons e castigando os maus, evidentemente.
Penso mesmo que ele pensa que este processo é educativo, estabelecendo um mode-
lo de uma moral de uma classe que procura uma nova ordem, uma outra organização
social, com uma nova ética, outros princípios e uma outra forma de estar no mundo.
E é quando se torna mais moralista, quando procura a resolução dos problemas sociais com
uma nova moral para uma outra sociedade, com inevitáveis concessões ao poder estabele-
cido no seu quadro histórico, que Goldoni se deixa ficar mais prisioneiro do seu tempo.
Nestas circunstâncias temos duas saídas: tentar mostrar hoje as razões das suas opções
ou apagar o "moralismo" que para o público de hoje não tem nenhum sentido.
Qualquer das soluções contêm riscos.
Fazer de Goldoni um autor do nosso tempo retirando - o do seu quadro histórico é um
absurdo porque Goldoni não é do nosso tempo. Fazê-lo um autor antigo é um mau
serviço prestado aos seus textos e à sua actualidade.
Procuro mostrá-lo na sua dimensão histórica e hesito sempre sobre o que suprimir e o
que conservar, atendendo a que trabalho para um público de hoje, com a dúvida de
não o ter compreendido integralmente e o risco de desfazer-me de coisas importantes
pela incapacidade de as tornar históricas.
Optei neste trabalho por não assumir aqui ou além pequenas frases no interior das falas
que me pareceram excessivamente explicativas, repetitivas, moralistas ou arcaicas na
construção e que não me pareciam fundamentais ao desenvolvimento da história ou à
compreensão dos comportamentos.
Suprimi algumas pequenas cenas ou parte delas que me pareciam travar o ritmo da
comédia ou que pareciam surgir apenas para fazer um ponto da situação.
Transformei em falas alguns " à partes" que me pareciam fora do projecto de verosimi-
lhança do autor, passando a comportamento o que era dito como verdade das perso
nagens que o à parte contem.
Fiz ainda das didascálias algumas falas para um hipotético autor que tudo controla ou
personagem que espia o que fazemos, seguindo os conselhos de Goldoni no prefácio
sobre aquilo que a cena teatral não pode mostrar.
Procurei compreender e conservei tudo o que me foi possível compreender como
objectivo do autor.
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Teatro Nacional D. Maria II 2008 // A Guerra 17
Os grandes textos resistem à manipulação que abusivamente se faz deles ou à distorção
do que eles querem dizer.
Caí na tentação de introduzir no texto de Goldoni três palavras que não eram dele, e o
texto, como todos os grandes textos, resistiu.
Ao fim de poucos ensaios as três palavras tinham sido expulsas.
2 - A descoberta de "A Guerra" foi para mim fascinante. Não era capaz de supor que
Goldoni tivesse escrito um texto desta natureza. Não é em nada semelhante ao que até
agora li. Diria mesmo que este texto serviu de modelo à "Mãe Coragem" de Brecht. Não
conta a história de ninguém em particular. A monstruosidade da guerra é a perso-
nagem central. As outras que aparecem e os seus comportamentos decorrem apenas
da guerra. Aqui as personagens não estão divididas entre bons e maus. Aqui todos
sofrem as consequências da guerra e todos são à vez vítimas ou beneficiários. Aqui não
há os senhores que exploram e o povo que é vítima. Aqui há uma análise crua do hor-
ror da guerra.
Desde a primeira cena fui capaz de identificar os comportamentos das personagens e
confrontá-los com a minha própria experiência da guerra. A sua actualidade é pertur-
badora.
Desde o primeiro momento considerei um texto obrigatório.
3 - Entre nós surge com certa regularidade o problema de se saber se o actor é um
criador. Todos os meus Mestres acham que o actor é um intérprete e que o grande
criador é o autor.
Não vou gastar o nosso pouco tempo nessa discussão que agora para mim não é fundamental.
Quando escolho um autor estabeleço com ele um vínculo de fidelidade. Procuro utilizar
da melhor maneira o que ele me oferece, a realidade social e histórica que me mostra,
as ideias, a reflexão, os objectivos, a palavra, a beleza, a dimensão poética.
O vínculo é uma atitude espontânea e natural. É uma identificação. Se não gostasse do
que diz escolhia outro.
Acho que o teatro é mais que um divertimento. Serve para ajudar a mudar o mundo. Os
autores realistas ajudam muito. Deve ser por isso que gosto de Goldoni. Sirvo-me do
que escreve e procuro servi-lo. Não o altero e aí está a minha fidelidade.
Mas sei também que o fenómeno teatral só acontece quando um actor interpreta um
autor diante de um espectador e por isso o actor não é de somenos importância.
Um actor em cena com toda a sua fidelidade ao autor, apenas com a sua presença física e
sem representar nada, começa logo a criar sinais que estão para além da escrita do autor.
Sei também que os actores dão à palavra escrita muito da sua alma e que as person-
agens criadas na cena levam muito da vida dos actores. Sem os actores a palavra escri-
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A Guerra // Teatro Nacional D. Maria II 200818
ta não passava de literatura.
Acho portanto que o teatro também é criação do actor. E o facto de o actor moldar em
si próprio a sua obra faz do teatro uma arte particular. Mas nenhum actor pode chegar a
cena e dizer: " Toma-me, eu sou a obra de arte", porque a obra de arte só se atinge depois
de muito trabalho, de muita hesitação, de muito fazer e refazer num caminho de incertezas.
Eu diria que sou um representante do autor que escolhe actores para o interpretar. Mas
da mesma maneira que me vinculo ao autor que escolhi, também me vinculo aos
actores que também são da minha escolha. Se não gostasse destes escolheria outros.
Não vou pedir que sejam diferentes do que são, vou pedir que façamos um percurso
juntos em busca dos desígnios do autor e enquanto são o que são - pessoas com
sensibilidade artística e a quem ofereço a minha lealdade neste processo em que
expõem os seus sentimentos e a sua vulnerabilidade. É com a matéria que os actores
produzem que faço o meu trabalho, seduzindo-os para o projecto do autor. Todo o
processo em contrário é uma fraude.
4 - O teatro que faz de conta que é verdade e não uma realidade pensada e programada
transforma-se rapidamente numa mentira. Portanto devemos dar aos espectadores a
consciência de que estamos no teatro.
Goldoni sobretudo nas "Memórias Italianas" tomos XI e XII relata-nos a sua experiência
da guerra como secretário do Residente de Veneza em Milão, quando assiste ao cerco
da cidadela pelas tropas "galo-sardas" em 1733.
Diz-nos também como recebia e tratava as informações dos espiões disseminados pelo
campo de batalha e como elaborava relatórios que fazia chegar superiormente,
informando Veneza.
Curiosamente utiliza no texto de "A Guerra" as mesmas palavras com que nas
"Memórias" descreve o campo e as batalhas, os comportamentos e os objectivos.
Testemunha e autor confundem-se.
Esta semelhança entre acontecimentos que Goldoni relata como testemunha do conflito
e o texto de "A Guerra" legitima introduzi-lo na cena, na figura de um oficial, como
observador - autor e responsável pelo desenrolar dos acontecimentos.
Este artifício permite-nos um teatro de contadores de histórias, com a consciência de
que é teatro e nunca com a pretensão de dizer que é real.
5 - Os marcos das estradas romanas marcam a distância de Roma, mas também mar-
cam a extensão das suas conquistas, da guerra e da morte.
Da destruição da guerra a mais violenta e nociva é a destruição humana. Por onde passa
a guerra nascem cemitérios.
J.Peixoto
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Teatro Nacional D. Maria II 2008 // A Guerra 19
"A Guerra". O título, directo, abrupto, espanta o público francês, habituado que está aos
"A Boa Filha", "A Esposa Prudente", "A Viúva Matreira", etc. E, de facto, "A Guerra" é uma
bomba no contexto das obras de Goldoni. Longe dos cafés, das lojas dos artesãos
venezianos, dos “campielli” , dos interiores domésticos, o leitor de "A Guerra" é precipitado
para o campo de batalha através de uma brecha aberta nos muros de uma fortaleza.
Mas "A Guerra" não é o simples pano de fundo para uma história de amor que tem um
final feliz, ela é o próprio objecto da peça, ou seja, não se trata de uma guerra mas de a
guerra. (…) Goldoni dá-nos aqui uma peça de grande força, de grande violência e de
um realismo extraordinário. No entanto, fá-lo sem carnificina, sem massacres em directo,
apenas algumas amostras das atitudes dos soldados em tempo de armistício, e sobretu-
do, um desencantamento distanciado. Eis o que caracteriza esta peça surpreendente.
O tom é dado logo na primeira cena, onde se vêem, coisa frequente em Goldoni, per-
sonagens a jogar às cartas. A situação é, no entanto, singular aqui, pois descobre-se
rapidamente que todos os homens presentes - militares - estão prestes a partir em com-
bate. Jogam às cartas a dinheiro no apartamento do Comissário de Armas, transforma-
do momentaneamente numa espécie de círculo de oficiais, entre dois assaltos. Desde
logo, a metáfora do jogo é lançada, o tom é anunciado: a mesa de jogo é o campo de
batalha, ganhar ou perder, vencer ou morrer são fruto do acaso mais do que da habili-
dade ou do que o valor, e a vida, em tempo de guerra, não podia ser mais precária. O
risco, a morte, o dinheiro, eis os eixos de "A Guerra", aos quais vem juntar-se, ainda na
cena de exposição, o amor. Jogo de amor e de acaso, de amor e de morte. Ficamos a
saber, com efeito, durante o desenrolar do jogo, a verdadeira situação 'corneiliana' em
que se encontram os dois jovens heróis da comédia: Dona Florida, jovem filha de Dom
Egídio, comandante das tropas cercadas, espanta-se que o seu apaixonado, Dom
Faustino, oficial dos assaltantes, esteja a jogar às cartas e a falar-lhe de amor, ao mesmo
tempo que se prepara para partir ao assalto, assalto esse no qual arrisca perder a vida ou
matar o seu sogro. (…)
Antes da batalha, (...) jogam às cartas, embriagam-se, no sentido literal e figurado, com
o jogo, embriagam-se, pura e simplesmente. (...) Anestesiar-se, beber bom vinho e,
naturalmente, fazer a corte às mulheres que estão presentes. Mas estes militares têm a
honra susceptível; antes de morrer na frente de combate, e entre duas partidas de car-
tas, porque não bater-se em combate por uma beldade, mesmo se estão estropiados e
agarrados às muletas como Dom Cirilo? (…)
Pela honra, travam-se duelos e é para cumprir com honra o seu dever de soldado que
Dom Faustino se dispõe a abandonar a amada, mesmo que talvez não a volte a ver ou,
pior, que lhe venha anunciar a morte do pai, Dom Egídio. (…) Esta noção de honra
Introdução
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A Guerra // Teatro Nacional D. Maria II 200820
militar pode fazer-nos sorrir, e provavelmente também deixou Goldoni perplexo, mas é
preciso lembrarmo-nos que os oficiais do século XVIII não podem fazer outra coisa
senão tentar sublimar uma existência que não escolheram: os membros mais jovens das
famílias, sabemo-lo, não tinham escolha possível, era a Igreja ou o Exército, e este é sem
dúvida o caso de Dom Faustino, assim como o foi de Dom Egídio, segundo testemunho
da filha (acto I, cena 8). (…)
O outro eixo de "A Guerra" é o dinheiro. Dentro da galeria de retratos militares apresen-
tados por Goldoni, intervém, a partir da segunda cena, uma personagem extraordinária
na figura do Comissário de Armas, Dom Polidoro, o tubarão dos comerciantes de
canhões. A infelicidade de uns faz a felicidade de outros: "Ah! A guerra é uma bela coisa",
é o grito que vem do coração de Dom Polidoro. Desde que dure, pois é graças à guer-
ra que Dom Polidoro conhece uma ascensão irresistível que o transforma, de modesto
tambor em almocreve e, finalmente, em Comissário de Armas.
(…)
Sexo e guerra, dinheiro e sentimento, não há lugar para as pombas em "A Guerra" de
Goldoni (…)
"A Guerra" foi representada pela primeira vez em Veneza, durante o Carnaval de 1760.
Goldoni contava muito com o efeito visual das operações militares, os efeitos especiais,
diríamos nós hoje. As suas expectativas foram, porém, goradas e a peça teve apenas um
magro sucesso (…). Ela teria muito mais êxito no estrangeiro, em Leipzig e em Viena, por
exemplo, onde foi representada em alemão em 1768, e em Weimar, em 1793, onde foi
precedida de um prólogo da autoria de Goethe.
Marie-France Sidet, "Introduction", in Carlo Goldoni “La Guerre, Comédie en
trois actes”, Éditions Circé, 1993
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Teatro Nacional D. Maria II 2008 // A Guerra 21
"O servidor de dois amos" foi uma das comédias de Goldoni mais representadas sob a
direcção de Giorgio Strehler, que se consolidou com esta obra desde 1947 (Milano,
Piccolo Teatro), para a retomar e representar perante o público em quase todas as
épocas teatrais durante muitos anos consecutivos.
De Strehler transcrevemos um trecho da conferência "Brecht e Goldoni" realizada em
Hamburgo no ano de 1972 por ocasião da entrega ao encenador do Prémio Goethe
Preis, e agora coligida em "Per un teatro umano. Pensieri scritti, parlati e attuati", org. de
Sinah Kessler, Feltrinelli, Milano, 1974. O autor estabelece uma comparação entre os dois
dramaturgos descobrindo - com um certo gosto pelo paradoxo da sua operação crítica
- algumas analogias entre a arte deles e a sua posição na história do teatro. Ambos
aderiram à "linguagem preexistente" mas na base da tradição chegaram a uma
"revolução seguinte"; se até "o sentido supranacional é diferente nos modos", igual-
mente é verdade que também é "equivalente em Goldoni e Brecht (...) pelo significado
metodológico e ideológico"; ambos tiveram de se confrontar com a realidade, o que
permite atingir "a analogia mais árdua e fascinante: isto é, a de carácter fundamental e
inequivocamente realista do valor estilístico do teatro goldoniano e brechtiano". O
teatro torna-se então, não um lugar fora e para além da história, mas sim parte inte-
grante do universo sociopolítico em que actuam "personagens totalmente humanas"
que permitem ao público reconhecer-se e conhecer-se.
Brecht e Goldoni representam dois pontos fixos no âmbito da minha investigação
teatral. No que diz respeito às relações com a sociedade do seu tempo, o sentido do seu
teatro no âmbito dos problemas que os seus tempos propunham, parecem-me - se
assim posso dizer - uma espécie de ponto de partida e ponto de chegada, o princípio e
o fim, o alfa e o ómega do capítulo da nossa história que se desenrola sob o signo da
hegemonia burguesa. Por isso eles são ao mesmo tempo próximos e distantes.
Como postulado desta investigação surge a afirmação que nos grandes momentos da
sua história (que coincidem sempre com os grandes momentos da História), quando o
teatro é chamado a significar a urgência de novos temas políticos e sociais, esta toma-
da de consciência e o consequente nascimento de um novo humanismo encontram no
realismo a sua linguagem mais consonante e natural. Mas esta linguagem realista não é
"única", não é um modo único de se exprimir. Aliás, essa linguagem pode assumir for-
mulações e formalismos diferentes conforme a situação contingente em que venha a
encontrar-se; mas comum a todas as suas formulações será sempre a metodologia da sua
abordagem da realidade; a direcção em que solicita a evolução social, o significado humanista
e historicista do seu assumir "o homem político" como medida de todas as coisas. (...)
Strehler e Goldoni
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A Guerra // Teatro Nacional D. Maria II 200822
Ambos estão enquadrados numa sociedade num momento plenamente penoso: para
Goldoni a passagem a um ordenamento e um costume burgueses; para Brecht o
momento em que o liberalismo que emergiu do século XIX enfrenta no nosso século a
sua primeira crise violenta. Mas sobretudo trata-se de acontecimentos que marcam
uma antecipação da tabela de marcha europeia: para Goldoni porque a Veneza do seu
tempo - embora assente em bases mercantis e ainda não industriais - realiza a formação
de uma sociedade burguesa avant la lettre, para Brecht porque a sua geração é a
primeira a ter de enfrentar a opção inesperada e dramática entre liberdade e ditadura,
nos termos extremos e violentos em que foi historicamente proposta. (...)
A história das reformas que Goldoni e Brecht - nas modalidades próprias e característi-
cas dos seus respectivos tempos - realizaram no teatro, não é mais do que a laboriosa
afirmação de um renovado realismo, a restauração da noção do "típico". Esta conquista
realiza-se com um procedimento dialéctico que tem como ponto de partida a situação
preexistente, que a nega rigorosamente, e constrói na tabula rasa assim criada um novo
e justo equilíbrio, um novo ponto de apoio. Sob este perfil o procedimento goldoniano,
que obriga as desenfreadas máscaras à íntima contradição de um texto escrito e pre-
cisamente formulado, corresponde perfeitamente à passagem brechtiana da anarquia
individualista do expressionismo ao rigor épico (isto é, narrativo) dos dramas didácticos:
em ambos os casos trata-se de passagens intermédias, limitadoras do discurso, ou -
melhor - ainda não explicativas de todas as suas possibilidades: quando Goldoni despe-
-as máscaras dos seus fatos e recupera o seu equivalente na realidade social do seu
tempo, e faz de Arlecchino já não o servo em abstracto, mas um servo, ou - precisa-
mente - o típico servo do seu mundo, e de Pantalone já não o mercador, mas um
mercador com nome e apelido concretos, Brecht também supera o esquematismo
didáctico do Lehrstück para devolver às personagens e a toda e qualquer outra
componente do facto aquela estrutura mais completa que nasce justamente da fusão
de conotações individuais, pessoais, psicológicas e da possibilidade de entrever nessas
conotações significados precisos e referências a realidades históricas e sociais
mais amplas.
G. Strehler, "Brecht e Goldoni" in “Per un teatro umano. Pensieri scritti par-
lati e ettuati”, a cura di Sinah Kessler, Feltrinelli, Milano, 1974, pp. 94-99,
passim.
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Teatro Nacional D. Maria II 2008 // A Guerra 23
É em Outubro de 1749 que nasce a primeira polémica em torno da obra de Goldoni:
protagonista, o Abade Pietro Chiari, poeta da companhia de San Samuele, expressão de uma
velha dramaturgia enfática e romanesca, autor naquele ano de um "Avventuriero alla moda",
contudo, espantosamente fracassado. (…) No momento em que algumas cidades europeias,
entre as quais Veneza, assistiam à afirmação de uma classe burguesa, artesanal e mercantil
como terceiro estrato entre o extremo do povo e da aristocracia, Carlo Goldoni é aquele que
de facto assume a tarefa de "criar" um teatro que reflicta as ideologias, os interesses, os proble-
mas, a sensibilidade da nova classe. A burguesia, sempre uma das estruturas mais importantes
da sociedade, exige agora um teatro feito à própria imagem e semelhança; e este teatro não o
pode encontrar na "commedia dell'arte". (…)
Goldoni não teoriza neste sentido a própria obra, porém, constrói uma dramaturgia que
responde, de facto, e com absoluta coerência ao desejo implícito deste novo público; que
reflecte o conhecimento, a estética e a ética (isto é, o gosto e a moral), que encontra no "padre
di famiglia" o seu herói positivo, e que ilustra e divulga as virtudes construtivas do bom senso,
da concretude, da prudência e continua dizendo: todas as virtudes, aureamente medíocres, da
burguesia na sua fase positiva e progressista. (…)
Dito isto, tudo parece que os conceitos que terão movido Goldoni na reforma são os da
verosimilhança dos eventos, da natureza e da credibilidade das personagens, da moralidade
educativa das histórias narradas, da decência da linguagem. (…) Quando Goldoni reivindica a
importância da "personagem", e faz dela o pilar do próprio teatro, remete o homem para o cen-
tro do universo teatral, libertando-o dos mecanismos da "commedia dell'arte" onde agora não
parecia mais do que um instrumento (…).
A principal preocupação ideológica e moral de Goldoni é - pura e simplesmente - a enunci-
ação e exaltação dos valores burgueses. Esta é a sua intenção "efectiva", para lá das intenções
"oficiais", com todo o significado profundamente revolucionário que o Poeta Goldoni desen-
volveu com absoluta coerência até às suas consequências extremas. Mas cada preocupação
programática - por muito positiva ou mesmo necessária - comporta pelo menos a possibili-
dade de um encontro com a verdade das coisas; e aqui se coloca novamente o problema do
não conciliar a rigorosa observação do Mundo e a oportunidade das coisas do dizer.
Nesta mais alta esfera, a resposta de Goldoni ao problema concilia o inconciliável com uma
"selecção da verdade" que lhe permite perseguir até às suas consequências extremas a análise
da realidade observada, sem mais se deparar com a necessidade ou oportunidade da menti-
ra. Eis porque Goldoni não quer ouvir falar os "pais dos filhos", porque às personagens negati-
vas dá quanto antes um contorno definido, porque organiza a própria realidade de forma a
que os vícios não manchem os verosímil virtuoso. A realidade que selecciona deve consentir
ao mesmo tempo a fidelidade à natureza e a moralidade da conclusão: pois o que importa é
o verosímil, e não o documento; a não-mentira - de um certo ponto de vista - e assim como a
verdade na sua integridade.
Luigi Lunari in Carlo Goldoni “La bottega del caffè”, Milano, Biblioteca Universale
Rizzoli, 1984, pp. 13-46.
Os anos da reforma
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Teatro Nacional D. Maria II 2008 // A Guerra 25
"[A] Guerra" estreou em Veneza no Carnaval de 1760. As questões militares foram
tratadas por Goldoni desde época precoce, mesmo que de modo relativamente super-
ficial, como no caso de "Il quartiere Fortunato", intercalado com música e estreado em
Rimini, em 1744, com música de Francesco Maggiore, mais conhecido por "Ciccio".
Viriam, em seguida, "L'Amante Militare" (1751) e "L'Impostore" (1754), elaboradas a partir
das suas recordações de Rimini ou de incidentes autobiográficos. "A Guerra" é, portan-
to, a última das suas comédias dedicadas a temas militares e também a que os assume
de forma mais directa e não como elemento circunstancial.
Se nos é permitido utilizar um conceito contemporâneo para definir uma obra do pas-
sado - prática esta que se deve arguir com suma prudência - poderíamos qualificar esta
comédia como a mais brechtiana das de Goldoni. Tanto as suas personagens grotescas,
a sua comicidade estridente, os seus discursos de analíticos raciocínios, como a própria
matéria dramática constituída pelas acções bélicas em que as personagens se vêem
imersas, assim o confirmam. Trata-se, sem dúvida, de uma experiência muito particular
nas tarefas cénicas seguidas pelo comediógrafo. Uma obra que se afasta das suas prefe-
rências substantivas e que por ele adquirem um carácter revelador relativo à observação
e compreensão do mundo por parte deste ilustrado que soube converter em teatro
tudo aquilo que a sua experiência vital lhe oferecia (…)".
Juan Antonio Hormigón, "Guerra y servidumbre" in Carlo Goldoni “La Criada
amorosa, La Guerra, La hostería de la Posta”, Madrid, Publicaciones de la
Asociacion de Directores de Escena de España, 1994, pp.15-16.
Guerra e submissão
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JOSÉ COLAÇO BARREIROS
tradução
Trabalhou, como tradutor, para diversas
editoras e instituições culturais. Fez leg-
endagem para a RTP, sobretudo de Italiano,
mas também de Francês e Espanhol. No
teatro, traduziu peças como "Novecentos - A
Lenda do Pianista sobre o Oceano", de
Alessandro Baricco, (Centro Dramático
Bernardo Santareno, Teatro de Vila
Real/Peripécia Teatro, Vila Real), "Uma
Mulher: Os Anos de Encanto", de Maricla
Boggio, "Nápoles Milionária", "A Arte da
Comedia" (Companhia Teatral do Chiado) e
"Filomena Marturano" (RTP) de Eduardo De
Filippo, "Um Suicídio Colectivo", de Peppino
De Filippo, (Companhia Teatral do Chiado),
entre outras. De Carlo Goldoni, traduziu
"O Campiello" (Teatro da Malaposta).
No TNDM II, assinou a tradução de "Senso",
de Camilo Boito (2005) e "Criadas para Todo
o Serviço", de Carlo Goldoni (2007, numa
co-produção com o CENDREV e o Teatro
dos Aloés).
Teatro Nacional D. Maria II 2008 // A Guerra 27
JOSÉ PEIXOTO
encenação
Actor e encenador, licenciou-se em História
mas iniciou uma carreira profissional em
teatro com Os Bonecreiros. Estagiou no
Théâtre de Gennevilliers, com Bernard Sobel,
e no Piccolo Teatro di Milano com Giorgio
Strehler. Esteve na equipa inicial do Centro
Cultural de Évora, bem como na Direcção do
Teatro Malaposta de 1987 a 1999. É co-fun-
dador do Teatro da Rainha e colaborou com
o Teatro Municipal de Almada e com o Novo
Grupo. Enquanto professor na Escola
Superior de Teatro e Cinema, leccionou
Interpretação e Teoria e Prática da
Encenação. Foi Presidente do Conselho
Científico e Director do Departamento de
Teatro e é co-fundador do Teatro dos Aloés,
onde trabalha desde 2000.
No TNDM II, dirigiu "Criadas para Todo o
Serviço", de Carlo Goldoni, por ocasião das
comemorações dos 300 anos daquele autor.
Curricula
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CARLOS GONÇALVES
desenho de Luz
Iniciou a sua actividade profissional em 1987
como Fotógrafo e em 1990 ingressou no
curso de Iluminação de Espectáculos do
IFICT - Instituto de Formação, Investigação e
Criação Teatral. Desde então tem estado
ligado à Direcção Técnica e Iluminação de
inúmeros espectáculos, colaborando com
diversas companhias, festivais, instituições e
criadores, podendo destacar-se: Direcção
Técnica do Festival Internacional de Outono
e do Festival Internacional de Humor de
Lisboa; Direcção de Iluminação do Anfiteatro
da Doca (Expo'98); Direcção de Iluminação /
Técnica do Festival RIR, Teatro da Trindade /
Inatel, Fundação Calouste Gulbenkian,
Companhia Nacional de Bailado, Festival
Jazz em Agosto, Festival de Música da Costa
do Estoril, ACARTE, P.O.N.T.I., Companhia
Olga Roriz, Companhia Clara Andermatt,
Danças na Cidade, O Rumo do Fumo, AAHA/
Museu das Crianças, Instituto Goethe, Ópera
de Pequim, Orquestra Sinfónica de Moscovo,
Teatro Negro de Praga, Els Comediants, La
Fura dels Baus, Companhia de Dança Ciudad
Sevilha, GTT (Grupo Teatro Terapêutico H.
A Guerra // Teatro Nacional D. Maria II 200828
Júlio de Matos), A Comuna, Artistas Unidos,
Teatro dos Aloés, Escola de Mulheres ou
Produções Fictícias. Colaborou também com
criadores como José Wallenstein, Rui
Mendes, António Feio/José Pedro Gomes,
Maria Emília Correia ou Gato Fedorento. No
campo da música, iluminou artistas como
Carlos do Carmo, Mafalda Veiga, João Pedro
Pais, Entre Aspas, Capela Real (Orquestra
Barroca Portuguesa), Carlos Bica ou Jorge
Palma, de entre muitos outros.
Enquanto formador, colaborou com enti-
dades como a Direcção Regional da Cultura
dos Açores, ART&CO ou Escola Superior de
Dança.
No Teatro Nacional D. Maria II, assinou recen-
temente o desenho de luz dos espectáculos
"Frozen", de Marcia Haufrecht, "Vermelho
Transparente", de Rui Mendes, e "A Minha
Mulher", encenação de Solveig Nordlund.
RUI REBELO
música original
Músico de formação, esteve, desde cedo,
ligado ao Teatro. Com formação clássica e de
jazz, passando pela música étnica, experi-
mental e tradicional portuguesa, tem desen-
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Teatro Nacional D. Maria II 2008 // A Guerra 29
volvido a sua actividade profissional como
multi-instrumentista, compositor, professor
e actor, trabalhando fundamentalmente
para teatro, dança e audiovisuais. A itinerân-
cia internacional tem pautado o seu trabal-
ho como músico e actor, tendo, nos últimos
anos, realizado mais de cem espectáculos
fora do País. Em Teatro, trabalhou com
Claude Krespin, Fernando Mora Ramos,
Francisco Salgado, François Berreur,
Franzisca Aarflot, João Azevedo, João Brites,
John Mowat, Jorge Silva Melo, José António
Pires, José Peixoto, Nuno Carinhas e Rui
Mendes, entre outros. Foi co-fundador da
Companhia do Chapitô e do Teatro dos
Aloés.
KOT-KOTECKI
movimento
Tem o Curso de Professor de Teatro promovi-
do pelo Ministério de Cultura da Polónia,
onde adquiriu a categoria "S" - atribuída pelo
Ministério da Cultura a quem, por mérito
profissional, tenha desenvolvido um traba-
lho reconhecido a nível nacional e interna-
cional. Tem ainda, uma especialização em
Pantomima e o Curso de Ballet (pela Escola
de Szczecin, Polónia) e o Curso de Formação
de Formadores promovido pela
Lusitanaforma. Na Escola Profissional das
Artes da Madeira, formou-se em Danças
Espanholas, Sevilhanas e Flamenco.
Na Polónia, foi consultor de Teatro e
Animação Cultural do Centro Cultural
Regional de Koszalin (de 1977 a 1988), direc-
tor e actor da Companhia de Teatro Blik (de
1976 a 1989), e desempenhou funções
como Professor e Director na instituição
"JUPY & KOT'S" - Traveling Theatre School
(entre 1976 e 1990). Em Portugal, tem exerci-
do a docência de várias disciplinas:
Expressão Corporal, Teoria e Prática Teatral e
Oficina Teatral (no Curso Profissional de
Teatro/Interpretação do Conservatório -
Escola Profissional das Artes da Madeira Eng.
Luíz Clode); Motricidade e Ciência do Corpo
e Oficina Teatral (na Escola Profissional de
Artes e Ofícios do Espectáculo de Lisboa -
Chapitô); Técnicas de Corpo (a alunos dos
cursos de formação actores da Escola
Superior de Teatro e Cinema) e Expressão
Dramática (na Escola Superior de Educação
Jean Piaget).
Foi orientador de workshops e acções de for-
mação em Estocolmo, Toronto, Reading,
Londres, Oxford, Locarno (Teatro Pavarento),
Santarém (Centro Cultural de Santarém),
Frankfurt (Gallus Theatre), Lisboa (Teatro
Espaço), Évora (Escola Profissional de Teatro)
e Funchal (Teatro Experimental do Funchal).
Orientou estágios e P.A.P. - Provas de Aptidão
Profissional no Chapitô e no Conservatório
da Madeira.
Como encenador, dirigiu espectáculos no
Teatro Blik, Polónia, e, em Portugal, levando à
cena textos de Helena Flor, Lyman Frank
Baum, Jean-Paul Sartre, Carlo Collodi, Maria
Clara Machado e Marivaux, para o Teatro
Espaço e para a Companhia de Teatro
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ÁLVARO CORTE REAL
actor
Actor residente do Cendrev - Centro
Dramático de Évora, desde 1976, tem sido
dirigido por encenadores como Mário
Barradas, Luís Varela, Alexandre Passos,
Manuel Guerra, Fernando Mora Ramos, José
Caldas, José Peixoto, Figueira Cid, Paulo
Alves Pereira, Paulo Lages, João Mota, Gil
Salgueiro Nave e Pierre Etienne Heymann. "A
Guerra" soma-se a outras peças de Carlo
Goldoni em que participou, tais como: "O
Amante Militar" (1981) e "As Manias da
Vilegiatura" (1992), com encenação de
Fernando Mora Ramos; "A Casa Nova" (1993),
encenada por Mário Barradas; "Teatro
Cómico" (2002), com encenação de Gil
Salgueiro Nave. Interpretou também peças,
entre outros, de Marivaux, Henrik Ibsen,
Armando Nascimento Rosa, António Lobo
Antunes, Lope de Vega, Gil Vicente, Almeida
Garrett, Anton Tchekov, Garcia Lorca, Luigi
Pirandello, August Strindberg, Bertolt Brecht,
Georg Büchner, Molière, William Shakespeare.
A Guerra // Teatro Nacional D. Maria II 200830
Experimental do Funchal. Foi director de
actores em vários espectáculos do Bando
(onde trabalhou textos de João Brites,
Miguel Torga, Raul Brandão, Pompeu José,
Manuel Teixeira Gomes, ou Alexandre
Pinheiro Torres) e fez direcção de actores nos
espectáculos: "Olharapos", de Cândido
Ferreira (Expo'98); "Noivado", de Almeida
Garrett, encenação de Márcia Rodrigues; e
"No Limiar da Loucura", de Michal de
Ghelderode, encenação de António Plácido
para a Companhia Teatro Experimental do
Funchal.
Assinou coreografias em "O Campiello", de
Carlo Goldoni, e "A Boda dos Pequenos
Burgueses" de Brecht, encenados por José
Peixoto no Teatro Malaposta (em 1997 e
1999, respectivamente); "Julieta e S. João", de
Natália Correia, encenado por João Mota na
Comuna (1999); "O Circo dos Bonecos", de
Óscar von Pfuhl, encenado por Eduardo Luiz
na Companhia de Teatro Experimental do
Funchal (2003).
No TNDM II, assinou a coreografia de
"Criadas para Todo o Serviço", de Carlo
Goldoni, encenado por José Peixoto e co-
produzido com o Teatro dos Aloés e o
Cendrev - Centro Dramático de Évora.
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Teatro Nacional D. Maria II 2008 // A Guerra 31
ELSA VALENTIM
actriz
Formou-se pela Escola Superior de Teatro e
Cinema, em 1993. Como actriz integrou o
elenco do Teatro da Malaposta (1994/98). Foi
assistente de encenação de Rogério de
Carvalho, José Peixoto e Paulo Matos. Como
encenadora assinou "As Troianas" (1994),
"Ciclo Inconsular" (1996) no Projecto Teatral,
e "Em Busca dos Lusíadas" (2005) e "Os
Malefícios do Tabaco/O Vrede Tabaka"
(2005), no Teatro dos Aloés. Fundou, junta-
mente com Patrícia Vasconcelos, a ACT -
Escola de Actores, da qual é directora
pedagógica e professora de Interpretação.
Faz parte da direcção do Teatro dos Aloés
desde a sua fundação, em 2000.
GUILHERME NORONHA
actor
Concluiu, em 1998, o Curso de Interpretação
da Escola Profissional de Teatro de Cascais.
Em 2001, termina o Bacharelato do curso de
Formação de Actores do Departamento de
Teatro da Escola Superior de Teatro e Cinema
e, em 2007, a Licenciatura em Formação de
Actores e Encenadores no mesmo esta-
belecimento. Estreou-se profissionalmente
no TEC - Teatro Experimental de Cascais, sob
a direcção de Carlos Avilez, em 1998, tendo
posteriormente trabalhado com o Bando
(sob a direcção de João Brites), Teatromosca
(dirigido por Pedro Alves e Paulo Campos
dos Reis) e em produções independentes de
criadores como Eduardo Alves, Filipe
Crawford, Madalena Vitorino, Mestre
Eugénio Roque, Guilherme Filipe, Jean Paul
Bucchieri, João Craveiro, Luca Aprea, Sara de
Castro e Ana Vicente, entre outros.
Integra também o elenco de outros espec-
táculos em digressão, como "A Commedia
que se Julgava que Estava Morta" e
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A Guerra // Teatro Nacional D. Maria II 200832
"Monstros às Escuras", da F.C. Produções. É
monitor no Centro de Pedagogia e
Animação do Centro Cultural de Belém.
Pertence à equipa de Esgrima Artística e
Acção Cénica do Mestre Eugénio Roque, no
Clube Duelo (Estoril). Participou nos
Campeonatos do Mundo de Esgrima
Artística, em 2001 e 2005 (França).
JORGE BAIÃO
actor
Tendo concluído, em 1988, o Curso de
Formação de Actores do Centro Cultural de
Évora, onde assistiu a ateliers conduzidos
por nomes como Filipe Crawford, Jane Birkin,
Castro Guedes, Artur Ramos ou Sara Barker,
frequentou ainda vários workshops e ofici-
nas de teatro dirigidas por Howard
Sonenklar, Polina Klimotskaya, António Calpi,
Marcia Haufrecht. Em 1998, fez um estágio
de especialização sobre "O Método", no
Common Basis Theatre, em Nova Iorque, e
observador no Actor's Studio. Entre 1988 e
2006, foi actor do elenco residente do
Cendrev, com experiência no ensino de
Expressão Dramática e Produção. Estreou-se
no teatro, em 1989, com a peça de Eduardo
di Fillippo, "Todos os Anos o Mesmo", a que
se seguiram peças como "As Manias da
Vilegiatura", de Goldoni, "Auto da Sibila
Cassandra", "Auto dos Físicos" e "Auto Pastoril
Português", de Gil Vicente, "Venda do Pão",
de Bertolt Brecht, "Guerras de Alecrim e
Manjerona", de António José da Silva, "A
Segunda Surpresa do Amor", de Marivaux,
"Um Inimigo do Povo", de Henrik Ibsen. Ao
longo da sua carreira, tem também realizado
vários espectáculos de rua, animações,
espectáculos para crianças e participações
em festivais de marionetas.
JORGE SILVA
actor
Frequentou a Escola de Formação de
Actores do Centro Cultural de Évora.
Trabalhou como actor profissional na
Companhia de Teatro de Braga, Teatro da
Malaposta, Artistas Unidos, Teatro Focus,
Teatro da Trindade, AkaTeatro e Teatro dos
Aloés. Interpretou peças de Alberto Adelach,
Albert Maltz, A. Ostrovsky, Aristófanes, Arthur
Miller, Athol Fugard, B. Brecht, Brian Friel,
Conor McPherson, Edward Bond, F. G. Lorca,
Goldoni, Gregory Motton, Hugo Claus, Karl
Valentim, Leandre Alain-Baker, Luigi Lunari,
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Teatro Nacional D. Maria II 2008 // A Guerra 33
Maeterlinck, Marivaux, Molière, Musset, Nigel
Williams, Robert Patrick, Ruzante, Sean
O'Casey, Shakespeare, Stephan Poliakov,
Tankred Dorst, Almeida Garrett, António
Macedo, Carlos Coutinho, Costa Ferreira,
Ernesto Leal, Gil Vicente, José Cardoso Pires,
Mário de Carvalho, Norberto D'Ávila, Renato
Solnado, Rui Guilherme Lopes ou Carlos J.
Pessoa, entre outros.
Trabalhou com encenadores como Ana
Nave, António Fonseca, Artur Ramos,
Bernard Sobel, Fernando Mora-Ramos, João
Lagarto, Joaquim Benite, José Peixoto, José
Martins, Luís Varela, Mário Barradas, Mário
Jacques, Pedro Carmo, Pedro Marques, Rui
Guilherme Lopes, Rui Madeira, Rui Mendes
ou Carlos J. Pessoa.
Em cinema, participou nos filmes: "Quando
Troveja", de Manuel Mozos; "Três Irmãos", de
Teresa Villaverde; "Adão e Eva" de Joaquim
Leitão; "O Homem da Meia-Vida", de António
Escudeiro; "Cavaleiros de Água Doce", de
Tiago Guedes de Carvalho; "Undo", de José
Filipe Costa; "Ao Fundo do Túnel", de João
Pupo e em vários filmes de alunos da Escola
Superior de Teatro e Cinema.
Em televisão, entrou em telenovelas
("Cinzas", "Verão Quente", "Vidas de Sal",
"Ganância" ou "Jardins Proibidos", entre
outras), sitcoms ("Sozinhos em Casa", "Sim Sr.
Ministro", "Os Imparáveis", "Nós os Ricos" e
outras) ou séries como "Médico de Família",
"Os Polícias", "A Raia dos Medos", "Capitão
Roby" ou "Jornalistas".
JOSÉ RUSSO
actor
Teve o primeiro contacto com o teatro em
1972, ligando-se ao Grupo Cénico da
Sociedade Joaquim António d'Aguiar e, mais
tarde, ao Grupo "A Plebe". Em 1977, ingres-
sou na Escola de Actores do Centro
Dramático de Évora, onde realizou a sua for-
mação como profissional de teatro. Em 1986,
estudou em Paris, como bolseiro do
Governo Francês, na área do Teatro. É actor
permanente da companhia do Centro
Dramático de Évora, integrando a sua
direcção desde 1990, e participou em peças
como: "A Estalajadeira", de Goldoni (1979); "O
Amante Militar", de Goldoni (1981); "Sem
Alterações", de Mário Barradas e Alexandre
Passos (1984); "Horácio", de Corneille (1985);
"O Doido e a Morte", de Raul Brandão (1985);
"Woyseck", de Büchner (1992); "As Manias da
Vilegiatura", de Goldoni (1992); "As Três
Irmãs", de Anton Tchekov (1998); "Porque é
que o meu nome há-de ser nomeado?", de
Bertolt Brecht (1998); "Fuenteovejuna", de
Lope de Vega (2003), entre outros. Encenou
os espectáculos "Kikerikiste", de Paul Maar
(1992), "Auto Pastoril Português", de Gil
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A Guerra // Teatro Nacional D. Maria II 200834
Vicente (1999), "Guerras do Alecrim e
Manjerona", de António José da Silva (2003),
"O Túnel dos Ratos", de Armando
Nascimento Rosa (2004) e "Farsa Chamada
Auto da Fama" (2005). Trabalha ainda com os
Bonecos de Santo Aleixo, desde 1983, e
coordena a organização da Bienal
Internacional de Marionetas de Évora, desde
o seu lançamento, em 1987.
JUANA PEREIRA DA SILVA
actriz
Formada pela ACT - Escola de Actores, fre-
quentou, em Paris, um atelier de teatro
dirigido por Jean-Paul Denizon. Estreou-se
profissionalmente nos palcos no espectácu-
lo "Alma em Lisboa", encenação de Paulus
Manker, numa produção austríaca protago-
nizada por Simone de Oliveira e apresentada
no Convento dos Inglesinhos (2003). Fez
"Paisagens Americanas", de Neil LaBute, no
Teatro Aberto, sob a direcção de João Lopes
e Rui Pedro Tendinha (2004). Em cinema, par-
ticipou no filme "Até Amanhã Camaradas",
de Joaquim Leitão (produção MGN Filmes,
2004) e em "Ruy Blas" de Jacques Weber
(2002). Em televisão, integrou o elenco das
telenovelas "Tu e Eu" (2006/2007) e "Mundo
Meu" (2005/2006), ambas produzidas pela
NBP para a TVI.
LUÍS BARROS
actor
Licenciado em Teatro (Formação de Actores/
Encenadores) pela Escola Superior de Teatro
e Cinema, tem também o Curso de
Interpretação da Escola Profissional de
Teatro de Cascais. Estudou Esgrima Artística
com o Mestre Eugénio Roque e frequentou
workshops de Técnica da Máscara com Filipe
Crawford e Teatro do Movimento com Luca
Aprea. Profissionalmente, estreou-se em
1997, no TEC - Teatro Experimental de
Cascais, com o espectáculo "Auto da Barca
do Inferno", de Gil Vicente, numa encenação
de Carlos Avilez, com quem voltou a traba-
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Teatro Nacional D. Maria II 2008 // A Guerra 35
lhar nos espectáculos: "Porquinhos da Índia"
(1998); "Casamento", de Witold Gombrowicz
(2003); "Indecência Flagrante", de Moises
Kaufman (2002); "Noite de Anões" e "Com a
Pistola de Antero", de José Jorge Letria, e
"Doce Pássaro da Juventude", de Tennesse
Williams (2004).
Em teatro, colaborou também com o Teatro
da Garagem e o Teatro Municipal Maria
Matos. Com o Teatro da Garagem interpre-
tou várias peças de Carlos J. Pessoa ence-
nadas pelo próprio: "Tríptico TEC" (co-pro-
dução TEC e Teatro da Garagem, 2001);
"Circo" (2003); "À Procura de Júlio César";
"Rosa da Mouraria" e "Caixa dos Segredos"
(2006). No Teatro Maria Matos, interpretou,
em 2001, "As Alegres Comadres", encenação
Guilherme Filipe, a partir da peça de William
Shakespeare.
Estreou-se como encenador com o espec-
táculo "Três Comédias de um Acto", adap-
tação das peças "Malefícios do Tabaco", "O
Urso" e "Pedido de Casamento" de Anton
Tchekhov (em 1999). Fez, também, assistên-
cia de encenação e produção, no espectácu-
lo "O Percevejo", de Vladimir Maiakovski,
encenado por Carlos Avilez em 2004.
Docente desde 2002, foi assistente do Prof.
Carlos Avilez na disciplina Teoria e Prática
Teatral na Escola Profissional de Teatro de
Cascais, passando a assumir o ensino da
mesma a partir de 2003.
Em televisão, para além de dobragens
(desde 2003) e publicidade, participou em
diversas produções nacionais como:
"Fascínios", "Ilha dos Amores", "Tempo de
Viver", "Aqui Não Há Quem Viva", "Dei-te
Quase Tudo", "Inspector Max", "Queridas
Feras", "Saber Amar" ou "Anjo Selvagem",
entre outras. Em 2005, integrou o elenco do
documentário "Sá Carneiro: Força de Viver",
produção RTP realizada por Rogério Borges.
No TNDM II fez "Real Caçada ao Sol", de Peter
Shaffer, encenação de Carlos Avilez (2000) e
"Criadas para Todo o Serviço", de Carlo
Goldoni, encenação de José Peixoto, numa
co-produção com o Teatro dos Aloés e o
Cendrev - Centro Dramático de Évora (2007).
MARIA MARRAFA
actriz
Tem o curso de formação de actores do
CENDREV - Centro Dramático de Évora.
Frequentou inúmeros workshops e ateliers
de formação, nomeadamente em Dança
(com Filipa Francisco e Graça Bessa),
Construção de Personagem (Antônio
Mercado), Movimento do Actor (Zerzy
Kllessyk e Sue Colgrave), Mímica (Júlio Castro
Novo), Corpo e Movimento (Jorge Sobral
Pinto), Canto (Octávio Martins) e Dicção
(Mário Barradas).
Estreou-se profissionalmente em 2000, nos
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A Guerra // Teatro Nacional D. Maria II 200836
espectáculos "Na Volta do Mar", de Gil
Vicente e Diogo de Couto (encenação de Gil
Nave) e "Dança de Roda", de Arthur
Schnitzler (encenação de Antônio Mercado).
Desde então, interpretou peças de Gil
Vicente ("Clérigo da Beira" e "Farsa Chamada
Auto da Fama"), Bertolt Brecht ("Venda do
Pão"), Molière ("As Artimanhas de Scapin"),
Luigi Pirandello ("O Barrete de Guizos"),
Martin McDonagh ("Rainha de Beleza"),
António José da Silva ("Guerras de Alecrim e
Manjerona"), Armando Nascimento Rosa ("O
Túnel dos Ratos", "O Eunuco de Inês de
Castro" e "Maria de Magdala"), Edward Bond
("O Crime do Século XXI"), Marivaux ("A
Segunda Surpresa do Amor"), Henrik Ibsen
("Um Inimigo do Povo"), Abel Neves ("Além
as Estrelas são a Nossa Casa") e John
Millington Synge ("O Valentão do Mundo
Ocidental").
Trabalhou sob a direcção dos encenadores
José Russo, Mário Barradas, Antônio
Mercado, Luís Varela, Paulo Lages, João Mota,
Pierre Etienne Heymann, Gil Salgueiro Nave.
Em 2004, integrou o elenco do espectáculo
"Autos da Revolução", a partir de textos de
António Lobo Antunes, e em 2005 par-
ticipou no filme "Take This Waltz", de
Florende Colombani, produzido pela
Madragoa Filmes.
MÁRIO BARRADAS
actor
O seu interesse pelo Teatro manifestou-se no
Liceu Nacional Antero de Quental, tendo
participado em récitas com textos Gil
Vicente, Camões, Castilho e Camilo.
Desenvolveu igualmente o gosto pela poe-
sia portuguesa, com os Trovadores, Camões,
Sá de Miranda, António Ferreira, Bocage e
outros. Em 1948, fixa-se em Lisboa onde se
licencia em Direito e fez inúmeros recitais de
poesia na Casa dos Estudantes do Império, e
noutros locais, com um repertório que
incluía António Nobre, Cesário, Álvaro de
Campos, Agostinho Neto, David Diop, Élu-
ard, Joaquim Namorado, Francisco José
Tenreiro, etc. Por essa altura aderiu ao MUD
Juvenil. A sua primeira encenação foi com a
peça "O Mestre Escola" do grande poeta da
Guiné Conacri Keita Fodeba, com tradução
de Mário Pinto de Andrade, apresentada no
Dia da Luta Anti Colonial, no Clube Marítimo,
em 1954. Em 1957, partiu para Timor, como
militar, onde montou "A Farsa de Mestre
Pathelin" e em 1962 para Moçambique,
onde fundou o Teatro de Amadores de
Lourenço Marques-TALM e onde, até Abril de
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Teatro Nacional D. Maria II 2008 // A Guerra 37
1969, montou e interpretou 19 textos de
teatro, entre os quais, Girandaux, Cervantes,
Lorca, O'Casey, Albee, Ghelderode, Brecht e
outros. Com uma bolsa da Fundação
Gulbenkian partiu para o Teatro Nacional de
Estrasburgo onde, em 1971, foi nomeado
professor assistente da respectiva Escola
Superior de Arte Dramática, tendo montado
"O Legado", de Marivaux. Toda a sua for-
mação e posteriores actividades centrou-se
no Realismo de raiz materialista e dialéctico.
No final de 1972, regressou a Lisboa, a con-
vite da Dr.ª Madalena Perdigão e assumiu,
até Abril de 1974, a condição de membro da
Comissão da Reforma do Conservatório
Nacional, que passou a dirigir. Ligou-se,
entretanto, aos Bonecreiros, onde encenou
"A Mosqueta", de Ruzante e "A Grande
Imprecação Diante das Muralhas da Cidade",
de Dorst, assim como "Noite de Guerra no
Museu do Prado", de Rafael Alberti. A partir
da segunda metade de 1974 iniciou, com
Norberto Ávila, a preparação da
Descentralização Teatral em Portugal e fun-
dou, com outros colegas, entre os quais o
encenador Luís Varela, em Janeiro de 1975, o
Centro Cultural de Évora, mais tarde Centro
Dramático de Évora - Cendrev. Em 1988 e 89
foi um dos fundadores do Teatro da
Malaposta em Odivelas, regressando a Évora
em 1990. Dirigiu cursos de formação e ence-
nou espectáculos em Viana do Castelo,
Porto, Braga, Vila Real de Trás-os-Montes,
Covilhã, Coimbra, nos Açores, e em inúmeras
localidades do Alentejo e Algarve. Montou e
interpretou textos de Aristófanes, Molière,
Corneille, Mérimée, Büchner, Marivaux,
Shakespeare, Goldoni, Turrini, Dorst, Bernard-
Marie Koltèz, de quem foi colega e amigo, Gil
Vicente (cerca de 12 textos), Sá de Miranda,
Garrett, Raul Brandão e muitos outros. Vive
actualmente em Lisboa, mantendo uma
ligação com o Cendrev, nomeadamente
através da revista "Adágio".
PATRÍCIA ANDRÉ
actriz
Iniciou a sua formação em 2001, na Escola
de Actores para Cinema e Televisão (ACT) e,
desde então, tem frequentado vários work-
shops conduzidos por Assumpta Serna,
Michael Margotta (Actor's Studio), José
Peixoto (Teatro dos Aloés), Vladislav Pazi,
Tiago Rodrigues (Teatro Maria Matos) e
Miguel Seabra. A sua carreira tem-se dividido
entre o teatro, o cinema e televisão. Desde
2003, participou nos seguintes espectáculos:
"XXX dos Fura dels Baus" (2003); "Nico.com"
(2003); "Alma em Lisboa" (2003); como assis-
tente de cena em "A Grande Imprecação", de
Tankred Dorst (2004); "O Urso", de Tchekov
(2005); "Em Busca dos Lusíadas" (2005);
"Geraldo de Carne e Osso", de Joaquim Paulo
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A Guerra // Teatro Nacional D. Maria II 200838
Nogueira (2006); "O Baile" (2006). Integrou o
elenco de várias séries da televisão por-
tuguesa “Quando os lobos uivam” e “João
semana”de F. Moita Flores e, no cinema, par-
ticipou em obras de Hugo Diogo, Carlos
Barros, Joaquim Leitão ("Até Amanhã,
Camaradas", 2004), Margarida Cardoso ou
Jacques Webber ("Ruy Blas", 2002).
No TNDM II, fez "A Rosa na Lata" (2003), leitu-
ra encenada de Filipa Guimarães, "4 à Pistola"
(2003), leitura encenada de Ruben Ferreira, e
"Criadas para Todo o Serviço", de Carlo
Goldoni (2007), espectáculo comemorativo
do tricentenário do autor.
RUI NUNO
actor
Foi co-fundador do Grupo de Teatro AQUILO,
onde participou, entre outras peças, em
"Mário, Eu Próprio, O Outro", de José Régio,
"Antes de Começar", de Almada Negreiros,
"Posição de Guerra", de Branquinho da
Fonseca e “O Desconcerto", de Jaime Salazar
Sampaio. Integrado na equipa permanente
do Centro Cultural de Évora, após ter feito o
Curso de Formação Teatral desta instituição,
faz parte, desde 1990, do Cendrev, onde,
como actor, foi dirigido por nomes, tais
como: António Mercado em "O Inimigo do
Povo", de Henrik Ibsen; Fernando Mora
Ramos em "A Ilusão Cómica", de Pierre
Corneille; "Eu, Feuerbach", de Tankred Dorst;
"O Homem, a Besta e a Virtude", de Luigi
Pirandello; "Envelhecer Diverte-me", de Jean
Pierre Sarrazac; por Gil Salgueiro Nave em
Lorca, "Lorca e Comédia Sem Título", de
Federico Garcia Lorca; Ambulância, de
Gregory Motton ou "Teatro Cómico", de
Goldoni; por Mário Barradas em "Esganarelo
ou O Cornudo Imaginário", de Molière; por
Paulo Alves Pereira em "Mein Kampf", de
Georg Tabori; por Pedro Alvarez-Ossório em
"Os Cornos de D. Frioleira", de Ramón del
Valle-Inclán; "Fuenteovejuna", de Lope de
Vega; por Paulo Lages em "O Eunuco de Inês
de Castro", de Armando Nascimento Rosa;
por Pierre-Etienne Heymann em "Borda
Fora"; de Michel Vinaver, "Venda do Pão",
Bertolt Brecht e ainda em encenações con-
juntas de Rosário Gonzaga e Victor Zambujo.
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Teatro Nacional D. Maria II 2008 // A Guerra 39
SIMON FRANKEL
actor
Bacharel em Formação de Actores pela Escola
Superior de Teatro e Cinema, onde trabalhou
sob a direcção de professores como Rogério
de Carvalho, João Brites, José Peixoto, Álvaro
Correia, Carlos Pessoa, José Jorge Duarte, Joana
Craveiro, Francisco Salgado, Pedro Matos, Luca
Aprea, Jean-Paul Bucchieri e Elsa Braga. Fez ate-
liers de formação com Martin Bartelt, Pepa
Diaz-Meco, Howard, Monica Calle e Mestre
Eugénio Roque.
Em teatro, destaca o monólogo "Nunca Serei
Bom Rapaz", de Jorge Jackson, encenação de
Joana Craveiro para o Teatro do Vestido; a peça
"Como Só Agora Reparo", encenada por David
Pereira Bastos e as colaborações com a com-
panhia Teatro Lanterna Mágica (onde fez vários
espectáculos infantis de bonecos) e com a
Associação Teatral Pouco Siso (espectáculos
para público juvenil).
Em televisão, participou na produção "O
Testamento", da RTP. Faz, desde 2006, dobra-
gens para os estúdios ON AIR, destacando os
filmes "Artur e os Minimeus", "Happy Feet",
"Alvim e os Esquilos", "Ant Bully", "O Gang do PI".
Deu aulas de expressão artística e dramática.
TIAGO MATEUS
actor
Começou o seu percurso no teatro em 1999.
Trabalhou com Ávila Costa nas peças "Às
Vezes Neva em Abril", de João Santos Lopes,
"O Incorruptível", de Hélder Costa, e "O
Iogurte", de sua autoria. Em 2002, ingressou
na Escola Superior de Teatro e Cinema, no
Curso de Formação de Actores.
Desde então, tem trabalhado com várias
companhias e interpretado peças de
inúmeros autores: fez "O Professor de Piano",
de Jaime Salazar Sampaio (em 2002, com o
Artecanes); "Andando Andando", de Teresa
Rita Lopes (2003, Farpasteatro); "Circo", de
Carlos J. Pessoa (2003, Teatro da Garagem);
"Amor-Perfeito", de Abel Neves" (2004, Teatro
da Malaposta) e "Memórias de um Animal
Intelectual" (2005, Pim Teatro, Évora).
Em 2005, trabalhou no Teatro Aberto ("A
Ópera de Três Vinténs", de Bertolt Brecht), no
Teatro da Malaposta ("Noise", de Alex Jones),
e, no ano seguinte, trabalhou no Teatro
Taborda ("À procura de Júlio César", de Carlos
J. Pessoa) e no Teatro da Trindade ("Erva
Vermelha", de Boris Vian, adaptado e encena-
do por Cristina Carvalhal). Com a Casa
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A Guerra // Teatro Nacional D. Maria II 200840
Conveniente participou nos espectáculos "A
Última Ceia" (a partir de "O Cerejal", de
Tchekov), encenado por Mónica Calle, e
"Como Só Agora Reparo", a partir de
"Gaspar", de Peter Handke, encenado por
David Pereira Bastos. Na Comuna, fez "A
Barca de Veneza para Pádua", encenação de
Luca Aprea.
Estreou-se como encenador em 2004, com o
espectáculo "A Pomba de Guernica".
No TNDM II, fez "Criadas para Todo o Serviço",
espectáculo de José Peixoto comemorativo
dos 300 anos de Goldoni e apresentado na
Politécnica em 2007.
VICTOR ZAMBUJO
actor
Tem o Curso de Formação de Actores da
Escola de Formação do Centro Cultural de
Évora, tendo também frequentado um curso
de Mimo e de Expressão Corporal (sob a ori-
entação de Júlio Castro Nuovo) e um atelier
de Alexander Technique (com Sara Barker). É
actor profissional desde 1976 e integra
actualmente o elenco residente do Centro
Dramático de Évora (Cendrev). Como actor,
interpretou textos de Artur Adamov, José
Régio, Shakespeare, Gil Vicente, Molière,
Kleist, Camões, Aristófanes, Gogol, Almeida
Garrett, Horvath, Sá de Miranda, Corneille, Ben
Jonson, Marivaux, Büchner, Brecht, Goldoni,
Valle-Inclán, Edward Bond, Pirandello, Lorca
ou Tchekov, entre muitos outros.
Assinou, desde 1988, diversas encenações, a
partir de textos de António Prestes, Gil
Vicente, Anrique da Mota, Karl Valentin ou
José Sanchis Sinisterra, fazendo também co-
direcção e assistências de encenação com
criadores como Artur Ramos, Mário Barradas,
Valentim Lemos ou Fernando Mora Ramos.
Orientou ateliers de Interpretação, Corpo e
Movimento, Improvisação e Arte do Actor
no Centro Cultural de Évora, foi correspon-
sável pelo projecto "Alviteatro" (formação de
novos públicos em meio escolar, promovido
pelo IPAE no Alvito), e leccionou na
Universidade de Évora, onde dirigiu as
cadeiras de Oficina Prática de Dramaturgia III
e Iniciação ao Teatro de Marionetas
(opcional), no âmbito da Licenciatura em
Estudos Teatrais.
Para além do seu apoio ao Teatro de
Amadores (na qualidade de responsável por
cursos de sensibilização e formação teatral),
tem coordenado acções de formação pro-
movidas pela Secretaria de Estado da
Juventude. Trabalha regularmente com os
Bonecos de Santo Aleixo e integra, desde
1987, a organização do BIME - Bienal
Internacional de Marionetas de Évora.
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Teatro Nacional D. Maria II 2008 // A Guerra 41
CARLA CARREIRO MENDES
actriz
Licenciada em Teatro (Formação de Actores)
pela Escola Superior de Teatro e Cinema, fre-
quentou o curso de Engenharia do
Ambiente na Universidade dos Açores.
Estuda Esgrima Artística com o Mestre
Eugénio Roque, frequentou um seminário
de Luminotecnia com o Professor Carlos
Cabral e participou no 1º Encontro de Teatro,
Lazer e Formação ministrado pela Escola do
Espectador - Teatro da Trindade/Inatel.
Estreou-se profissionalmente em Teatro em
1997, na peça "A Maluquinha de Arroios", de
André Brun, com encenação de Moisés
Mendes para o Grupo Pedra-Mó, companhia
com que colaborou até 2003. Com esse
grupo, interpretou textos de Federico Garcia
Lorca ("A Sapateira Prodigiosa", encenado
por Ruy de Matos, em 1998); Almeida Garrett
("Os Namorados Extravagantes", 1998);
Guilherme de Figueiredo ("Um Deus dormiu
lá em casa", 2000); e Anton Tchekov ("Um
Urso" e "Um Pedido de Casamento", 2003).
Desde então tem trabalhado em diversas
companhias de teatro, como o Teatro da
Trindade ou o Teatro da Garagem, ou em
estruturas como o Centro Cultural de Belém.
No Trindade, fez "As Lágrimas", adaptação da
peça "As Lágrimas Amargas de Petra von
Kant", de R.W. Fassbinder, encenação Paulo
Alexandre Lage; e com o Teatro da Garagem
fez "Seiva ou A Sobrevivência dos Cactos",
texto e encenação de Lucília Raimundo
(2005) e "À Procura de Júlio César", texto e
encenação de Carlos J. Pessoa (2006). No
CCB, participou no projecto "Passeio de
Cabeça Perdida", em colaboração com a
companhia Les Ateliers du Spectacle, sob a
direcção de Jean-Pierre Larroche (2005).
Em televisão, participou na telenovela "Últi-
mo Beijo" e faz, desde 2002, dobragens de
desenhos animados e voz off de séries para
a RTP, SIC e TVI.
No TNDM II, fez "Criadas para Todo o Serviço",
de Carlo Goldoni, numa encenação de José
Peixoto e em co-produção com o Teatro dos
Aloés e o Cendrev - Centro Dramático de
Évora.
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A Guerra // Teatro Nacional D. Maria II 200842
GONÇALO RUIVO
actor
Formado pela Escola Superior de Teatro e
Cinema (Licenciatura do Curso de Actores).
Como actor, trabalhou na Comuna - Teatro
de Pesquisa ("A Barca de Veneza para
Pádua"), no Teatro Maria Matos ("Hamlet"),
no Evoé Teatro ("Casal Aberto"), Teatro
Reviravolta ("Quem tem Farelos?") e no IFCT
("Ex Que Lecto"). Fez, ainda, "A Birra do
Morto", com encenação de Pedro Barão, "Um
Rio de Nuvens", com encenação de Lúcia
Maria. Para além de uma carreira no teatro
tem também colaborado em cinema em
diversos projectos.
No TNDM II, integrou, em 2006, o elenco de
"A Casa da Lenha", peça de António Torrado
encenada por João Mota e que homenagea-
va o compositor.
JOÃO PATRÍCIO
actor
Licenciado em Ciências da Comunicação
pela FCSH da UNL. (cinema). Pós-Graduação:
Artes e Discursos Emergentes.
UNL/Fundação Caloust Gulbenkian.
Ingressou, em 1989, no Teatro Aquilo, em
1989, como luminotécnico e sonoplasta na
produção "O Homem do VW Branco da
minha Juventude", de Katherine Axelrod. Em
1990, frequenta o workshop "Drama Criativo
e Movimento", com a companhia britânica
Travelling Circles Show, seguindo-se outros
workshops de interpretação, performance e
voz conduzidos por Filipe Crawford (1996),
Anthony Howell (1998), Sheley Hirsch, Jorge
Silva Melo, Luís Castro (2000). Participou
também no I Seminário para Jovens
Encenadores, patrocinado pela Fundação
Calouste Gulbenkian e organizado pelo
Teatro Nacional D. Maria II (2003). Como
actor, integrou produções como: "Uma Mão
Deslizante Sábia no Amor e Invisível", a partir
de Fernando Pessoa; "Van Gogh", de Vicente
Sanches (1992); "Quem Dorme sobre os
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Teatro Nacional D. Maria II 2008 // A Guerra 43
MATILDE NICOLAU
actriz
Fez o curso de formação de actores da ACT -
Escola de Actores para Cinema e Televisão.
Tem dividido a sua experiência profissional
entre o cinema e o teatro. Participou no tele-
filme "Love Online", de Mário Barroso, "O 8º
Pecado Capital", de Aloysyo Filho, "Amor
Fedra", de João Canijo. Em teatro, fez "O
Amor das Três Laranjas", no Teatro Ibérico e
Teatro da Trindade, "Shitómetro", apresenta-
do no Café-Teatro do Clube Estefânia, "O
Urso", de Tchekov, na Sociedade de
Guillherme Cossoul. Participou na radionov-
ela "A Paixão de Laura Maria".
Ciprestes", de Ivete K. Centeno (1994);
"Simple Simon", de Hans Christhian
Andersen; "Relação verdadeira da espantosa
fera que há tempos a esta parte tem apareci-
do em as vizinhanças", a partir de Mário
Cesariny; "Sancho Pança, Governador da Ilha
dos Lagartos", de António José da Silva;
"Golpes de Máscara". Em 1995, fundou o pro-
jecto Teatrinho do Lusco - Fusco, um projecto
itinerante de teatro de marionetas no qual par-
ticipou na peça "Os Dois Compadres". Desde
2005, colabora nos Programas "Ostras", "Sons
de Escape" e "Teatro sem Fios", na Antena 2,
com realização de Pedro Coelho. No cinema,
integrou o elenco dos filmes "Nós", de Cláudia
Tomaz (2001), "Até Amanhã, Camaradas", de
Joaquim Leitão (2004), "A Zona", de Sandro
Aguilar (2007) e da série francesa "Frank Riva"
(2004), Personagem secundária na série
“Conta-me como Foi” (2007).
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A Guerra // Teatro Nacional D. Maria II 200844
RICARDO ALVES
actor
Obteve, na Escola Superior de Teatro e
Cinema, o bacharelato em Formação de
Actores, em 2002, e, em 2006, a Licenciatura
em Teatro e Educação. Participou em
Workshops, Seminários e Festivais em diver-
sos países, frequentou a "Scuola e Teatro
Dimitri", em Verscio - Suíça e a "Vysoká Škola
Múzických Umení" (Escola Superior de
Música e Artes), em Bratislava - Eslováquia,
onde veio a leccionar a disciplina de Teatro e
Movimento. Trabalhou como actor em diver-
sas companhias, tanto em Portugal como no
estrangeiro e, mais recentemente, como
bailarino para a Companhia de Dança de
Almada. Fundou o Grupo de Teatro Menu4 e
Pouco Siso, onde trabalha actualmente.
Escreveu e encenou a maior parte dos tra-
balhos apresentados por estes grupos.
Lecciona também na disciplina de Expressão
Dramática para o primeiro ciclo escolar.
DINARTE CLEMENTE
figurante
Nascido em Santarém, em 1984, está a con-
cluir o curso de Engenharia Zootécnica na
Universidade de Évora. Tem colaborado em
várias áreas artísticas sendo esta, no entanto,
a sua primeira participação no mundo do
teatro.
VICTOR GARCIA
figurante
Tem formação em Técnicas Teatrais,
Luminotecnia e Projecção, e experiência
artística em várias áreas. Em dança, integrou
a companhia Nós Tradiçon (2000) e em cine-
ma entrou no filme "Ossos", de Pedro Costa
(2001). Trabalhou também em música, par-
ticipando na gravação do disco "Projecto
Inoxidável 2", do produtor DJ Kronic (2003) e
em vídeo, no clip musical "O Povo que Deus
não Vê", do 'rapper' Valete (2004).
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Teatro Nacional D. Maria II 2008 // A Guerra 45
direcção artística JOSÉ RUSSO E ROSÁRIO GONZAGA
secretária-geral MARLENE CHARNECA
direcção financeira MIGUEL CINTRA
direcção técnica JOÃO CARLOS MARQUES
departamento de comunicação ANA DOMINGUINHOS
equipa artística ÁLVARO CORTE REAL, ANA MEIRA, FIGUEIRA CID, ISABEL BILOU,
JOSÉ RUSSO, JORGE BAIÃO, MARIA MARRAFA, ROSÁRIO GONZAGA, RUI NUNO,
VICTOR ZAMBUJO
equipa técnica
chefe-maquinista/construção
ANTÓNIO GALHANO
chefe-electricista ANTÓNIO REBOCHO
operadores de luz/luminotécnicos ANTÓNIO REBOCHO, PEDRO BILOU
maquinistas PAULO CAROCHO, TOMÉ ANTAS, TOMÉ BAIXINHO
guarda-roupa VICÊNCIA MOREIRA
equipa administrativa
secretariado MARLENE CHARNECA, ANA DOMINGUINHOS
contabilidade ROSARIA ROCHA
apoio administrativo VICTOR FIALHO
recepção MARGARIDA RITA
bilheteira ANTÓNIO MANUEL CARMELO, MARIANA CARMELO
serviços de limpeza ANA LAMEIRO, TETYANA IVANOVA, FERNANDA ROCHINHA
CENDREV
Teatro Garcia de Resende
Praça Joaquim António de Aguiar
7000-510 Évora
Telef: (00351) 266703112
Fax: (00351) 266741181
www.cendrev.com
CENDREV - Centro Dramático de Évora
Ficha Técnica
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A Guerra // Teatro Nacional D. Maria II 200846
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
presidente CARLOS FRAGATEIRO
administrador JOSÉ MANUEL CASTANHEIRA
administrador AMADEU BASTO DE LIMA
assessoria da administração FERNANDA CARVALHO
secretariado CRISTINA PIMENTEL
direcção administrativa e financeira LUÍS GAIOLAS
contabilidade JOÃO MONTEIRO, ISABEL ESTEVENS, IDALINA FIALHO
compras EULÁLIA RIBEIRO
tesouraria IVONE PAIVA E PONA
recursos humanos ANTÓNIO MONTEIRO, MADALENA DOMINGUES
manutenção geral SUSANA COSTA, ALBERTINA PATRÍCIO, LUÍS SOUTA,
NUNO FERREIRA, VÍTOR SILVA
central térmica CARLOS HENRIQUES, CLÁUDIO LAUREANO, RUI COELHO
cabine eléctrica JOSÉ MÁRIO, ARLINDO SOBREIRO, AUGUSTO CRUZ
informática NUNO VIANA
auxiliares administrativos LUÍS FREDERICO, ROGÉRIO GARCIA
motorista RICARDO COSTA
Teatro Nacional D. Maria II, E.P.E.
Ficha técnica
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Teatro Nacional D. Maria II 2008 // A Guerra 47
director artístico CARLOS FRAGATEIRO
assessoria da direcção PEDRO MENDONÇA
direcção de produção
CONCEIÇÃO CABRITA
produção executiva ANA ASCENSÃO,
MANUELA SÁ PEREIRA
auxiliar/motorista CARLOS LUÍS
direcção técnica e de montagem
JOSÉ CARLOS NASCIMENTO,
VERA AZEVEDO
direcção de cena CRISTINA VIDAL,
ANA PAULA LOURENÇO,
CARLOS FREITAS, MANUEL GUICHO,
PAULA MARTINS, PEDRO LEITE
gabinete de apoio técnico
PAULO OLIVEIRA, PEDRO SILVA
pontos HELENA DIOGO, JOÃO COELHO
guarda-roupa ELISABETE LEITE,
GRAÇA CUNHA
adereços ILDEBERTO GAMA,
ABÍLIO GARCIA, ABRAÃO TAVARES,
VIRGÍNIA RICO
som RUI DÂMASO, ANTÓNIO VENÂNCIO,
SÉRGIO HENRIQUES
luz JOÃO DE ALMEIDA, DANIEL VARELA,
FELICIANO BRANCO, JOSÉ NUNO SILVA,
LUÍS LOPES, PEDRO ALVES
vídeo ANDRÉ TERESINHA, JOSÉ NEVES
carpintaria / maquinaria / montagem
VÍTOR GAMEIRO, JORGE AGUIAR,
MARCO RIBEIRO, PAULO BRITO, NUNO
COSTA, RUI CARVALHEIRA
manutenção electrónica MANUEL BEITO
manutenção mecânica de cena
MIGUEL CARRETO
comunicação e imagem JOANA ESTEVES
design gráfico
MARGARIDA KOL DE CARVALHO
fotografia MARGARIDA DIAS
assessoria de imprensa
PEDRO MENDONÇA
edições A. RIBEIRO DOS SANTOS,
MARGARIDA GIL DOS REIS (colab.),
RICARDO PAULOURO
livraria SANDRA SILVA, ANA GODINHO
biblioteca FERNANDA BASTOS
relações públicas e frente de casa
CARLA SANTOS, CONCEIÇÃO LUCAS,
DEOLINDA MENDES, FERNANDA LIMA,
JOANA MESQUITA
mecenato TERESA SERRÃO
bilheteira CARLOS MARTINS, RUI JORGE
serviço educativo RUI PACHECO
(PROJECTO CULTURA/EDUCAÇÃO)
recepção DELFINA PINTO,
ISABEL CAMPOS, LURDES FONSECA,
PAULA LEAL
técnicas de limpeza FLORINDA MARTINS,
ANA PAULA COSTA, CARLA TORRES,
ISABEL CANDEIAS, LUZIA MESQUITA,
SOCORRO SILVA
actores
ANTÓNIO BANHA, JOÃO GROSSO,
JOSÉ NEVES, LÚCIA MARIA, MANUEL
COELHO, MARIA AMÉLIA MATTA,
PAULA MORA
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A Guerra // Teatro Nacional D. Maria II 200848
[Co-produção]
Estrutura financiada por
[Apoios]
TNDM II
Teatro dos Aloés
CENDREV
Rádio Antena Sul, Rádio Nova Antena, Rádio Pal, Rádio Pax, Rádio Terra Mãe,
Rádio Voz da Planície e Rádio Voz do Alentejo.
[Agradecimentos]
TocáRufar
Miguel Peixoto
Instituto Italiano de Cultura de Lisboa
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