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INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTOEDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI
FACULDADES IDEAU
TÉCNICA ANATÔMICA DE DIAFANIZAÇÃO EM EXEMPLAR DERHAMDIA QUELEN
DALLAGNOL, Eliara Florinda¹[email protected]
BORGHETTI, Isabela1¹[email protected]
GROFF, Amanda Luiza¹[email protected]
RAMPI, Daniela Luisa¹[email protected]
FACCIN, Ângela²[email protected]
MAHL, Deise Luiza²[email protected], Franciele²
[email protected], Morgana Karin²
[email protected], Elisandra Andréia²
[email protected], Filipe²
¹ Discentes do Curso (nome do Curso), Nível Y 2016/1- Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS.² Docentes do Curso (nome do Curso), Nível Y 2016/1 - Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS.
RESUMO: O presente artigo científico trata da realização de uma técnica que torna os tecidos diáfanos, usadaem organismos menores para manter a posição original de ossos e cartilagens, neste caso. O animal escolhidopara o estudo é o jundiá (Rhamdia quelen), por ser um peixe de couro, favorecendo a aplicação do método. Essaespécie é da ordem siluridae, que não apresentam escamas e possuem prolongamentos na face que seassemelham a bigodes. O processo de diafanização envolveu a fixação do peixe em formol, sua desidratação emetanol, coloração, maceração por enzima e preservação em glicerina, com o uso de materiais como bisturi,pinças, proveta, recipiente e equipamento de proteção. Este trabalho realizou-se durante as aulas de anatomia ehoras livres das alunos envolvidas, na residência de uma delas e no laboratório de preparação do campus III doInstituto de desenvolvimento educacional do Alto Uruguai (Faculdades IDEAU). Durante o trabalho teóricotambém pesquisou-se os hábitos do R. quelen em habitat natural, bem como sua criação em cativeiro, paracomplementar o trabalho. O trabalho final ficará à disposição para estudo no laboratório de anatomia do campusIII.
Palavras-chave: esqueleto, cartilagem, peixe, diafanização. .
ABSTRACT: This scientific paper discuss about the realization of a technique that turns the tissues intodiaphanous, which is used in smaller organisms to maintain the original position of bones and cartilage in thiscase. The chosen animal for this study is the catfish (Rhamdia quelen), as a leather fish, favoring the methodapplication. The order specie’s is Siluridae, that doesn’t have scales and have face extensions that resemblemustaches. The diaphanized process involved the fixing of the fish in formalin, dehydration in ethanol, coloring,maceration by enzyme and preservation in glycerin, with the use of materials such as scalpel, tweezers, cylinder,
__________________________________________________________________________________________Mostra de Iniciação Científica e Mostra de Criação e Inovação – ISSN: 2316-1566 – Getúlio Vargas – RS – Brasil 1
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container and protective equipment. This work was developed during anatomy classes and the free time of thestudents involved on the residence of one of them and also on the campus III preparation laboratory of Institutode Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai (Faculdades IDEAU). During the theoric work it was alsoresearched the habits of R. quelen in natural habitat also its captive breeding to complement the work. The finalwork will be available for study in the campus III anatomy laboratory.
Keywords: barebone, cartilage, fish, diaphanization .
1 INTRODUÇÃO
A técnica de diafanização consiste em tornar transparente os tecidos dos organismos,
principalmente amostras microscópicas. Somada à técnica de coloração de ossos e cartilagens,
apresenta, em vertebrados, uma série de vantagens, entre as quais, manter o esqueleto intacto
e preservar sua posição original, tornando possível o estudo das complexidades esqueléticas¹.
O procedimento escolhido para a realização da diafanização baseou-se no trabalho de
mestrado de Pedro Ivo Molina Pellicano, que usou o protocolo de Taylor e Van Dyke como
orientação. O primeiro passo é a fixação em formol do exemplar, depois, desidratação em
álcool e coloração por azul de anilina simultaneamente, sendo tamponado após por bórax,
para seguir para maceração com hidróxido de potássio e clareamento por peróxido de
hidrogênio. Em seguida, há a coloração por vermelho de alizarina, e a continuação do
processo de maceração para, então, a peça ser imersa em concentrações crescentes de glicerol
para sua total preservação.
O organismo escolhido para este estudo foi um exemplar de peixe da espécie Rhamdia
quelen, popularmente conhecido por Jundiá, pelo fato de não possuir escamas, o que facilitou
a aplicação da técnica. Rhamdia quelen é um peixe onívoro que se alimenta de crustáceos,
peixes, detritos orgânicos, insetos e restos vegetais. Costuma viver em locais profundos e com
pouca incidência de luz, se escondendo entre pedras e troncos apodrecidos. Pode chegar a ter
um metro de comprimento e pesar três quilos (GOMES et al, 2000). Essa espécie habita
regiões abrangidas pelo clima neotropical, que vai do sul da América do Norte à América do
Sul (ANZA, 2006).
O cultivo do Rhamdia quelen ainda é limitado, porque, apesar de possuir uma ótima
carne com baixo teor de gordura e poucos espinhos, há muitos aspectos da espécie a serem
estudados para que haja segurança em expandir sua criação, mesmo sendo uma espécie
promissora por ser rústica, de rápido crescimento e fácil reprodução (GOMES et al, 2000).
Além do cultivo comercial de Rhamdia quelen, sua pesca é popular e faz parte da renda de
pequenas famílias de pescadores. __________________________________________________________________________________________
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Este trabalho teve como objetivo corar regiões específicas de um peixe da espécie
Rhamdia quelen, como esqueleto e cartilagens, através da técnica de diafanização, permitindo
observar as estruturas estudadas sem danificar as demais.
2 MATERIAL E MÉTODOS (Pode conter subtítulos)
Os animais estudados foram coletados no pesque pague Nossa Senhora Aparecida, em
Passo Fundo/RS, e encaminhados ao Hospital Veterinário São Francisco, em Getúlio
Vargas/RS. As eutanásias foram realizadas num recipiente de água e gelo e, logo após, os
exemplares do espécime Rhamdia quelen passaram pela pesagem e medição, atingindo o peso
de 1.100 kg e 1.500 kg e 42 cm e 45 cm, respectivamente.
Depois de serem eutanasiados em água gelada, os exemplares foram colocados em
recipiente plástico com uma solução de 20L, sendo 80% água e 20% formol, onde
permaneceram por quatro dias, para uma melhor fixação. Passado este período, os espécimes
foram retirados e lavados em água corrente para remover o excesso de formol. (Figura 1) Em
seguida, foi feita a evisceração e a imersão das peças anatômicas em etanol (4:6 v/v) durante
36 horas para desidratação.
Figura 1: Exemplares de Rhamdia quelen utilizados neste estudo Fonte: Própria
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Após estes procedimentos, foram submetidos à imersão em uma solução de ácido
acético glacial, composta por etanol (C2H6O) agregado ao corante azul de anilina, para a
coloração de seus tecidos cartilaginosos, ficando imersos por aproximadamente 24 horas.
Posteriormente o material sofreu neutralização de pH através de uma solução saturada
de borato de sódio (bórax), o qual ficou agindo durante dois dias. O passo seguinte foi a
realização do clareamento das peças anatômicas por meio da solução de água oxigenada
(H2O2) em 10 volumes e Hidróxido de potássio (KOH) a 0,5% por 12 horas, sendo
importante notar que, na realização desta etapa, o material foi mantido a luz natural.
Em seguida foi realizada a digestão dos tecidos restantes, pela solução de pepsina
(20g) e borato de sódio tamponado por um período de 24 a 48 horas. Após estes
procedimentos, as peças anatômicas foram imersas em uma nova solução de hidróxido de
potássio (KOH) 0,5% em conjunto com o corante alizarina red-s (2g) no tempo de 24 horas,
para a coloração óssea das peças anatômicas. Após serem retirados, os exemplares foram
lavados em água corrente e imersos em proporções crescentes de glicerol e KOH 0,5%, (4:6
v/v, 1:1 v/v, e 7:3 v/v) permanecendo por um período de 12 horas em cada solução. A última
etapa se deu através da imersão em glicerol puro, sendo mantido neste meio para sua
preservação, assim podendo ser utilizado em estudos anatômicos por demais estudantes.
Após o término do estudo, a peça foi destinada ao laboratório de anatomia do campus
III do Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai (Faculdade IDEAU).
3 RESULTADOS E ANÁLISE
3.1 Comparações
3.1.1 Discussão em comparação ao artigo base de Pellicano
O trabalho de Pellicano, feito em sua pós-graduação em 2007, visou identificar
anatomicamente os nervos do plexo braquial, bem como suas estruturas microscópicas nas
extremidades distais dos nervos, para então avaliar suas respostas a diversos estímulos e
indicar a presença de terminações sensoriais, usando em sua pesquisa exemplares de Pipa
carvalhoi, um anfíbio que é endêmico do Brasil.
Seu trabalho, assim como esse, visava a observação, embora a técnica de diafanização
fosse apenas um de seus caminhos para tal fim, pois aplicou também a dissecação e a
microscopia. Usou cerca de 23 indivíduos de P. carvalhoi, dividindo-os entre as diferentes
técnicas.
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A diafanização realizada por Pellicano teve em comum com este trabalho o fato de ter
visado observar as estruturas ósseas e cartilaginosas, embora tendo sido realizada em uma
espécie diferente, bem como a técnica utilizada para tornar os tecidos diáfanos, que é
conhecida como protocolo de Taylor e Van Dyke.
3.1.2 Discussão em relação ao artigo “Diafanização em peixe com hidróxido de
potássio”
O trabalho realizado no referido artigo utilizou para a técnica de Diafanização um
exemplar de Rhamdia quelen, e, assim como este, visava observar as estruturas do Jundiá sem
prejudicar sua organização original.
Mas há diferenças entre as técnicas utilizadas entre as duas aplicações da técnica em
Rhamdia quelen, que foram a utilização do hidróxido de potássio para maceração sem o uso
da pepsina para acelerar o processo, bem como o uso do xilol para transparecer os tecidos no
trabalho comparado, e a substituição do mesmo pela combinação de enzimas, borato de sódio,
peróxido de hidrogênio e hidróxido de potássio.
3.2 Materiais utilizados
3.2.1 Borato de sódio
Borato de Sódio ou Bórax é um composto de sais que tem utilização em várias áreas.
A indústria de vidro utiliza para ajudar na transparência e resistência ao calor, é utilizado na
fabricação de esmaltes e fertilizantes, também podendo ser utilizado para a conservação de
plástico e madeira. Funciona como condicionador de água, sendo utilizado na lavagem de
roupas auxiliando na remoção de manchas. Além de ser utilizado na indústria, em uso
doméstico e cosméticos, ele também pode ser utilizado para auxiliar na neutralização do pH².
Seu manuseio exige atenção para que não seja ingerido, inalado ou absorvido pela pele
por contato. Caso seja ingerido pode causar náuseas, vômitos e espasmos musculares,
diarreia, letargia, depressão circulatória, depressão do sistema nervoso central, choque, dano
renal e coma logo levando à morte. No caso de inalação causa danos no sistema respiratório e
em contato com os olhos ou a pele causa irritação. A exposição contínua causada por
absorção ou ingestão anorexia, vômitos, perda de peso, diarreia leve, convulsões e anemia.
Deve ser manipulado fazendo o uso de avental manga longa, luvas, máscara e óculos de
segurança³.
3.2.2 Peróxido de hidrogênio
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Popularmente conhecido por água oxigenada, o peróxido de hidrogênio é uma solução
aquosa clara que pode ser utilizada como agente descolorante ou oxidante, nas indústrias
químicas, eletrônicas e têxtil, no tratamento de água e de metais, entre outros.
É um composto químico altamente concentrado e extremamente corrosivo4, por isso é
classificado como perigoso conforme resolução 420 de 12 de fevereiro de 2004 da Agência
Nacional de Transportes Terrestres (D.O.U. 31 de maio de 2004). Portanto, seu manuseio
deve ser feito com uso de jaleco, óculos de proteção e luva evitando o contato com a pele, em
local arejado, longe de calor excessivo e produtos não compatíveis, com garantia de ter água
em abundância por perto em caso de acidentes. Em caso de ingestão pode levar à morte.
Quando inalado causa grande irritação no sistema respiratório. E, por ser extremamente
corrosivo, não é indicado que tenha contato com a pele.
3.2.3 Hidróxido de potássio
Também conhecido como hidrato de potássio, o hidróxido de potássio apresenta-se em
forma de cristais e é utilizado em indústria e aplicações específicas. Geralmente é utilizado
em função da sua acidez e corrosividade. É utilizado na produção de biodiesel, fabricação de
sabões moles, como eletrólito (em baterias alcalinas baseadas em níquel-cádmio) e na
produção de sais e outros elementos. Na aplicação específica é utilizado em laboratórios
especialmente para limpezas e também possui aplicação no diagnóstico laboratorial de
micoses5.
Seu manuseio deve ser feito com uso de jaleco, luvas e óculos de proteção. Quando
inalado pode causar irritação de média a grave no trato respiratório. Em contato com a pele
pode causar corrosão, a gravidade da lesão varia de acordo com o tempo de contato. Quando
ingerido causa a corrosão das membranas mucosas, podendo causar perfuração do esôfago e
estômago, náuseas, fortes dores abdominais podendo acarretar a morte até as primeiras 24
horas após ingestão. Quando entra em contato com os olhos causa forte dor e também
queimaduras.
3.2.4 Pepsina
A pepsina é uma enzima em pó, obtida através da mucosa gástrica de bovinos, ovinos
e suínos. Tem como função quebrar as proteínas em peptídeos mais simples, os aminoácidos.
Na indústria química, ela é encontrada na forma de um pó branco, levemente amarelado,
amorfo, ou em pó cristalino; ambas as formas são facilmente solúveis em água.
Deve ser manipulada com uso de luvas e jaleco. Quando inalada pode causar irritação
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no trato respiratório, como pode não causar nenhum dano. Quando ingerida pode causar
alergias, em grandes quantidades pode causar desordem no sistema gastrointestinal. Em
contato com os olhos pode causar irritação, e em contato com a pele além da irritação pode
causar queimaduras e vermelhidão.
3.2.5 Glicerol
Popularmente conhecido como glicerina, o glicerol é um composto atóxico de grande
utilidade para fabricação de muitos produtos. Sua produção ganha destaque como subproduto
na fabricação do biodiesel. A produção da glicerina segue processos poucos complexos e
geralmente ocorre por vias fermentativas e químicas, porém se a produção do biodiesel
continuar crescendo futuramente se tornará a principal fonte de glicerina6.
Sua manipulação deve ser feita com uso de luvas, jalecos e óculos de proteção.
Quando ingerida por acidente causa náusea e vômitos. Quando inalada causa tosse e irritação.
Em contato com os olhos causa vermelhidão e fortes dores e em contato com a pele causa
ressecamento.
3.2.6 Formol
O formol ou formaldeído é uma solução aquosa de aspecto incolor e límpido, de forte
odor e irritante7. É um composto orgânico altamente tóxico, utilizado como desinfetante,
conservante, na fabricação de resinas sintéticas, tintas, vidros, espelhos, plásticos, cosméticos,
explosivos e até mesmo para vários produtos químicos, incluindo produtos de higiene pessoal.
Devido à sua grande toxidade, sua manipulação deve ser realizada com extremo
cuidado fazendo o uso de máscaras e luvas adequadas, jalecos e óculos de proteção. Quando
inalado pode causar dores de garganta, falta de ar, tosse e irritação no trato respiratório
podendo causar edemas pulmonares e pneumonia. Se ingerido pode causar fortes dores
abdominais, náuseas, vômitos intensos e diarreia. Em grandes quantidades causa queda na
temperatura corporal, fortes dores no trato digestivo, vindo a causar também respiração
superficial, pulso fraco inconsciência, podendo levar à morte. Em contato com a pele provoca
irritação, queimaduras e dor. Quando absorvido pela pele tem efeitos parecidos com os da
ingestão8.
3.2.7 Etanol
Também conhecido como ácido etílico, o etanol é um líquido claro com odor
característico que tem utilização na fabricação de vários produtos como bebidas alcóolicas,
desinfetantes, artigos de higiene pessoal, combustíveis, entre outros produtos. Também
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participa da síntese de outras substâncias químicas. Não é um produto tóxico, e sua inalação
não causa maiores danos. Quando ingerido pode causar náusea, vômitos, dificuldade na fala,
apagões, entre outros efeitos, considerando a quantidade ingerida. Em contato com a pele
pode produzir ressecamento e queimaduras. Recomenda-se a manipulação diante do uso de
luvas e jalecos9.
3.3 O peixe Rhamdia quelen
3.3.1 Habitat natural
A ordem dos Siluriformes, popularmente identificada pelos peixes bagre, jundiá e
peixe-gato (catfish), tem como uma de suas espécies o Rhamdia quelen (Figura 2). Sua
família é a Pimelodidae. Esta espécie habita áreas profundas de corpos de água doce, com
fundo arenoso ou lamacento, próximas a margens e vegetação. Possuem hábitos noturnos em
busca de alimentos e permanecem escondidos entre pedras e troncos apodrecidos durante o
dia (GOMES et al. 2000). Também podem ser avistados logo após a chuva, à procura de
alimentos, pois a precipitação faz revolver as águas, deixando o alimento facilmente acessível
como, também, deixa a água turva, dificultando a visão dos predadores e favorecendo a sua
visão, pois eles têm preferência por ambiente com pouca incidência luminosa. Quando
expostos a constante incidência luminosa, estudos demonstram uma maior tendência à
agressividade, uma vez que foram observadas deformidades em suas nadadeiras.
De alimentação onívora, os Jundiás nutrem-se a partir da ingestão de pequenos peixes,
crustáceos, insetos, restos vegetais e detritos orgânicos. Sendo, assim, considerada uma
espécie generalista em relação ao consumo de alimentos. Em relação à suas medidas, a fêmea
costuma ser maior que o macho, atingindo até 67 cm em comparação aos 52 cm máximos de
um macho. Isso pode ser explicado pelo fato de os machos iniciarem sua produção de sêmen a
partir de 120g, dispendendo parte de sua energia para as atividades reprodutivas. Ao contrário
das fêmeas, que amadurecem somente após o primeiro ano de vida. Ambos podem atingir até
3kg. A expectativa de vida das fêmeas também é maior, vivendo cerca de 21 anos e os
machos apenas 11. Ambos os sexos atingem a maturidade sexual por volta de 1 ano de idade
e estão potencialmente aptos para reprodução ao atingirem, respectivamente, machos e
fêmeas, 16,5 cm e 17,5 cm.
Essa espécie é ovulípara no habitat natural e, quando prontos para desova, grandes
cardumes procuram lugares de água rasa, limpa, pouco corrente e com fundo pedregoso. Os
ovos são demersais e não aderentes. __________________________________________________________________________________________
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Há um bom sincronismo entre machos e fêmeas na hora da desova, que ocorre logo ao
amanhecer. (GODINHO et al., 1978; ANDREATTA, 1979). O período reprodutivo e os picos
de desenvolvimento gonadal podem variar a cada ano de um lugar para outro (MARDINI, et
al. 1981). Seu comportamento reprodutivo se assemelha ao de muitas espécies de água doce.
Esta espécie não possui cuidado parental.
Figura 2: Peixe Rhamdia quelen Fonte: http://www.cpt.com.br/cursos-criacaodepeixes/artigos/peixes-de-agua-doce-do-brasil-jundia- rhamdiaquelen
3.3.2 Produção em cativeiro
No ano de 2000 foram produzidas 176,531 toneladas de peixes a partir da aquicultura,
sendo 132,989 toneladas provenientes de cultivo e, deste, 1,4% correspondiam a Rhamdia
quelen. Apresentando grande importância econômica no sul do Brasil, devido a sua
rusticidade e boa aceitação pelo mercado consumidor, pois possuem carne com ótimo sabor e
textura, bem como alto rendimento de carcaça. Toleram as baixas temperaturas do estado e no
verão apresentam bom crescimento, podendo pesar de 600 a 800 gramas em oito meses.
Atingem a maturação gonadal a partir de 17°C e seus picos de desova ocorrem na primavera e
no verão.
No processo de crescimento e engorda, destacam-se pela rapidez com que atingem a
medida de 800 a 1000 gramas, comparado a outras raças de peixe. E, só então, após atingirem
essa média, a velocidade do processo de crescimento declina. Essa precocidade de
desenvolvimento do Rhamdia quelen torna sua criação rentável, o que atrai a indústria de
beneficiamento e filetagem.
Desenvolvem-se bem numa ampla faixa de temperatura, podendo ser cultivados em
águas frias durante o inverno (a 8°C) até águas quentes no verão (a 30°C) sem apresentarem
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problemas. No entanto, deve-se prestar atenção em doenças ocasionadas pelo inverno. Um
exemplo é o íctio, que pode surgir com o manejo de redes nessa época fria do ano, então se
sugere que o emprego da rede seja evitado, a não ser que seja para a comercialização do lote
completo.
O manejo de seus cardumes é considerado fácil devido a docilidade desse peixe, que
se deixa pegar sem muita resistência. Também possui um ferrão menos agressivo comparado
ao de outros jundiás.
Em relação a sua alimentação, aceita bem a ração desde alevino, facilitando a criação.
No inverno, continua alimentando-se bem e ganhando peso.
Atualmente o mercado presa pela venda do Jundiá (Figura 3) por ser um peixe bem
aceito pela população e liderar as vendas quando comparado à Carpa Húngara. Mesmo os
menores exemplares são bem aceitos pelos consumidores por ter bom rendimento de carcaça.
O ramo da aquicultura no Rio Grande Do Sul se torna pouco rentável por ser um estado
tradicionalmente consumidor de carne vermelha. A única época de maior rentabilidade é a
semana santa.
Figura 3: Peixe Jundiá em cativeiro Fonte: http://www.cultivandoaguaboa.com.br/noticias/pesquisadores-unem-forcas-para-melhorar-producao-dejundia-em-tanques-redes
CONCLUSÃO __________________________________________________________________________________________
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Ao fim do trabalho, os objetivos foram concluídos, através da interação de
conhecimentos teóricos e práticos adquiridos ao longo dos meses de aula, sendo possível o
uso da peça em estudos anatômicos.
Durante a manipulação do peixe foi observada suas estruturas anatômicas e a
distribuição de seus órgãos, que foram retirados e analisados pelas alunas.
Ao longo da pesquisa prática, a teórica também foi desenvolvida, proporcionando
conhecimento em diversas áreas como aquicultura, anatomia e fisiologia, enriquecendo a vida
acadêmica.
REFERÊNCIAS
PELLICANO, Pedro I. M. Morfologia do plexo braquial e das extremidades digitais dePipa carvalhoi. 34 pgs. Departamento de ciências fisiológicas, Universidade de Brasília,Brasília, 2007.
GOMES, Levy C.; GOLOMBIESKI, Jaqueline I.; GOMES, Adriana R.C.;BALDISSEROTTO, Bernardo; BIOLOGIA DO JUNDIÁ Rhamdia quelen (TELEOSTEI,PIMELODIDAE). Ciência rural, Santa Maria, v. 30, n. 1, p. 179-185, 2000.
VIEIRA, Luciléia G. Ontogenia dos ossos do esqueleto da Tartaruga-da-Amazônia(Podocnemis Expansa). 169 pgs. Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade federal deUberlândia, Uberlândia, 2008.
ARTICO, Lucas; BORTOLI, Lucas Gusso; BREGALDA, Junior; LAGO, Daniela M;SORANSO, Jean P. Diafanização em peixe com hidróxido de Potássio.
¹LOIACONO, Cesar A.; Diafanização com KOH e coloração por Alizarina RED-S. Disponívelem: . Acesso em: 21 de outubro de 2015.
²DENEEN, Patrícia. Para que o pó de bórax é utilizado? eHow Brasil. Disponível em:http://www.ehow.com.br/borax-utilizado-sobre_73564/. Acesso em 20 de outubro de 2015.
³INSTITUTO OSWALDO CRUZ. Borato de sódio. 2003.
4SOUZE, Rui. Peróxido de hidrogênio. Saúde perfeita. Disponível em:<http://saudeperfeitarfs.blogspot.com.br/2009/09/peroxido-de-hidrogenio-2.html>. Acesso em 20de outubro de 2015.
5HIDRÓXIDO de potássio. Disponível em:<https://sites.google.com/site/scientiaestpotentiaplus/hidroxido-de-potassio>. Acesso em: 20 deoutubro de 2015.
6LORENA, Suzana. Glicerina. InfoEscola. Disponívelem:<http://www.infoescola.com/compostos-quimicos/glicerina/>. Acesso em 20 de outubro de2015. __________________________________________________________________________________________
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7FORMOL. Elekeirós. Disponívelem:<http://www.elekeiroz.com.br/PT/produtos/boletins/Formol.pdf> . Acesso em 20 de outubrode 2015.
8MARTINEZ, Maria. Formol. InfoEscola. Disponívelem:<http://www.infoescola.com/compostos-quimicos/formol/>. Acesso em: 20 de outubro de2015.
9JUNDIÁ cinza: como um bom bagre cresce bem e encanta piscicultores do sul. Panorama daaquicultura. Rio de Janeiro, n. 58, abr 2000. Disponívelem:<http://www.panoramadaaquicultura.com.br/paginas/Revistas/58/jundia.asp> . Acesso em: 16de outubro de 2015.
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