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1 Técnicas Físicas aplicadas ao Estudo de Sistemas Biologicamente Relevantes Leandro R. S. Barbosa M. Teresa Lamy Thais A. Enoki Curso de Verão IFUSP 2011

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1

Técnicas Físicas aplicadas ao Estudo de

Sistemas Biologicamente Relevantes

Leandro R. S. Barbosa

M. Teresa Lamy

Thais A. Enoki

Curso de Verão

IFUSP

2011

2

Introdução à Fluorescência

M. Teresa Lamy

Grupo de Biofísica

IFUSP

Curso de Verão

IFUSP

2011

estrutura e

dinâmica

função

Técnicas espectroscópicas

Interação da radiação eletromagnética com a matéria

Absorção

Absorção/Emissão

Espalhamento

Em biomoléculas:

Luminescência Emissão de fótons de estados eletrônicos excitados

UV e visível

fluorescência singleto singleto

10-8 s

fosforescência tripleto singleto

10-3 - 100 s

Cromóforos - moléculas que absorvem luz

Fluoróforos - moléculas que fluorescem Geralmente possuem elétrons delocalizados/duplas

ligações/anéis

S0

S1

T0

Diagrama de Jablonski

cruzamento inter-sistema (fluor ~ 10

-9s)

fluorescência

absorção

(10-15s)

S2

conversão interna (~10-12s)

kNR

(fosf ~ 10-3s)

fosforescência

luz branca

sulfato de quinina, fluoresceína, rodamina, brometo de etídio

Fluorescência

espectros de emissão

luz UV

Fluorescência: primeiras observações

1565 infusão da madeira Lignum Nephriticum

(N. Monardes)

Herschel 1845 observação de fluorescência em uma

solução de quinino

água tônica

(Wikipedia)

Fluorescência: primeira observação rigorosa

Absorve luz no ultra-violeta: abs= 350 nm

Emite no visível: em= 450 nm Quinino

Stokes (1852)

9

Excitado

Fundamental em

Coordenada

Ene

rgia

abs

Fluoróforos naturais

(Lakowicz, 1999)

11

Green Fluorescent Protein (GFP)

Água-viva bioluminescente Aequorea victoria.

Cromóforo formado espontaneamente por enovelamento da cadeia

polipeptídica, e ciclização (Ser-65, Tyr-66, Gly-67)

Fluoróforos naturais em Proteínas

Inserção do gen para GFP em células e uso da proteína como sonda.

12

modelo semi-clássico radiação: onda EM matéria: estados quantizados de energia

Interação da radiação eletromagnética com a matéria

Interação de partícula com carga q e massa m com OEM

t

AE

AxB

gauge de Coulomb, no vácuo 0

0A.

]cce[)w(A)t,r,w(A

)wwtr.ksin()xk)(w(A2)t,r,w(B

)wwtr.ksin()w(wA2)t,r,w(E

)wwtr.kcos()w(A)t,r,w(A

)wwtr.k(i

o

o

o

o

onda plana monocromática

2Aqpm2

1 Η'

para um átomo hidrogenoide

r4

ZeAei

m2

1

o

22

e

Η

para campos fracos, desprezando termos em A2

.A

m

ei

r4

Ze

m2 eo

22

e

2

Η

Ho H’

perturbação

- Sistema de dois níveis

- Teoria de Perturbação em 1a ordem

- Em t = 0, sistema no estado a

a

b Pba Pab

baab

abab

2

a

r.ki

b

2

aboabab

WW

EE

.em

)(eA2

dt

dPW

w

w

Regra de Ouro de Fermi

emissão

estimulada

absorção

taxa de absorção

de radiação

)(A2)(I 2

o

2

o www

2

a

r.ki

b2

ba

ba

o

2

2

2

ba .e)(I

4

e

cm

4W

w

w

densidade de energia

Aproximação de dipolo elétrico

)wtr.k(i

o e)(A)t,r,(A www

2

baba

o

2

2

2

ba r)(I4

e

c3

4W

w

baab

2

abba

o

2

2

2

ba

rere

r.)(I4

e

c

4W

w

bababa

abba

1

ab

o

1

aba

r.ki

b

rimp

r)EE()i(r

],r[)i(r

rim

..e

w

H

aba

rki

b

rki

pi

e

e

rrr

krk

..

1

1211.

.

.

momento de dipolo elétrico de transição

para OEM não polarizada

abba

2

baba

bababa

BB

rB

)(IBW

w

coeficientes de Einstein para absorção e emissão estimulada de

radiação

bap

bar

Lei de Lambert-Beer

Espectroscopia óptica de absorção

Io It

y

y

dy

yCAI

Ilog

t

o

dy'C)y(I

)y(dI

concentração de moléculas

característica da molécula

yC'

ot eII

Absorbância =

taxa com que a energia é removida da radiação (absorvida)

dyBc

hN

)(I

)(dIaba

C

2

ab r

medidas de modelos

Wab

)(IBhNdt

)(dI

0NeN

N

)(IBhN)(IBhNdt

)(dI

aba

b

kT/)EE(

b

a

bababa

ba

Wba

Coeficiente de Einstein para a emissão espontânea

2

ba

2

2

2

ba

bababa

ro4

e

c3

4B

)(IBW

w

Taxa de transição induzida por unidade de densidade de

radiação incidente

A emissão espontânea pode ser deduzida da QED, ou da

elegante discussão feita for Einstein em 1916

Na

Nb Bab Bba Aba

Se existissem somente Bab e Bba,

no equilíbrio termodinâmico:

Na Bab I() = Nb Bba I()

Na = Nb

mas, kT/hkT/)EE(

b

a eeN

Nba

Postulou, portanto, a existência de Aba,

independente de I(), tal que:

Na Bab I() = Nb Bba I() + NbAba

Espectroscopia óptica de emissão

dt

dNAN b

bab

fluorescência

)(IB

A1

N

N

ba

ba

b

a

Considerando que as moléculas estão em equilíbrio com a radiação à temperatura T: I() = distribuição de Planck para o corpo negro

kT/h

33

ba

kT/h

ba

b

a ech8B

1eA1

N

N

33

baba ch8BA

Espectroscopia óptica de emissão

dt

dNAN b

bab

2

baba rB

baab rr

lembrando:

Aba kR

19

lâmpada

fotomultiplicadora

monocromador de emissão

monocromador de excitação

Fluorímetro de estado estacionário

375 400 425 450 475 500 525 550 575 600 625 6500.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

cm

-1)

15.416.016.717.418.219.120.021.022.223.525.0

Água

DLPC 20 oC

Inte

nsi

dad

e N

orm

ali

zad

a

nm)

26.7

C

O

N

CH3

CH3

Prodan

água DLPC 20 oC

amostra

Grande sensibilidade da fluorescência ao meio onde encontra-se o fluoróforo

375 400 425 450 475 500 525 550 575 600 625 6500.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

cm-1)

15.416.016.717.418.219.120.021.022.223.525.0

Água

Metanol

Acetonitrila

Diclorometano

Clorofórmio

Ciclohexano

Inte

nsid

ade

Nor

mal

izad

anm)

26.7

300 310 320 330 340 350 360 370 380 390 400 410 420 430 440 4500.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0 Água Metanol Acetonitrila Diclorometano Clorofórmio Ciclohexano

Ab

so

rbâ

ncia

No

rma

liza

da

nm)

Prodan

absorção emissão

Nome Fórmula m(D) n (g/cm3) f *

Ciclohexano C6H12 2.0 ~0 1.43 0.779 0.00

Clorofórmimo CHCl3 4.8 1.0 1.45 1.210 0.15

Diclorometano CH2Cl2 8.9 1.6 1.42 1.330 0.22

Acenonitrila C2H3N 36.6 3.9 1.34 0.786 0.30

Metanol CH3OH 33.0 1.7 1.33 0.790 0.31

Água H2O 78.9 2.7 1.00 1.000 0.32

12

1

12

12

2

n

nf

Longo tempo de vida do estado excitado

( ~ 10-9 s)

o espectro de fluorescência é muito

mais sensível ao meio do que o espectro de

absorção

(Lakowicz, 1999)

Grande sensibilidade da fluorescência ao meio onde encontra-se o fluoróforo

Por que estudar o efeito do solvente?

2

2

2

3emabs )(1n2

1n

12

1

ha

2)( mm

Usa o modelo de Clausius-Mosotti para molécula esférica

(r = a), polar, em dielétrico: = polarizabilidade eletrônica

e molecular n = polarizabilidade eletrônica

Modelo de Lippert - fluoróforo esférico

- solvente meio contínuo - não são consideradas interações moleculares

específicas

Auxiliar o estudo da estrutura do fluoróforo no

estado fundamental e excitado

Conhecer o microambiente onde se encontra o

fluoróforo - Trp em uma proteína:

exposto ao meio aquoso ou no seu interior?

- penetração de moléculas na

membrana lipídica

Modelos de membranas biológicas

vesículas unilamelares vesículas multilamelares

Sondas fluorescentes incorporam-se à bicamada lipídica

Estudo das interações: peptídeo/membrana proteína/membrana fármacos/membrana

DNA/membrana

400 420 440 460 480 500 520 540 560 5800.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.070

oC

60oC

50oC

40oC

30oC

no

rma

lize

d f

luo

resce

nce

in

ten

sity

(nm)

Fluoróforo em membranas lipídicas

DPPG

(Vequi-Suplicy, Benatti, Lamy , JF 2006)

exc = 340 nm

Tm ~ 41 oC

5-PCSL

DMPG

O

O

O

O

O

P

O

O

HO

O

HO

_

.

_ O

O

O

O

O

P

O

O

OONO

N(CH3)3+

16-MESLO

O

CH3

NO O

O_ N O

O

O

12- SASLH

HO COLESTEROL

5-PCSL

DMPG

O

O

O

O

O

P

O

O

HO

O

HO

_

.

_ O

O

O

O

O

P

O

O

OONO

N(CH3)3+

16-MESLO

O

CH3

NO O

O_ N O

O

O

12- SASLH

HO COLESTEROL

5-PCSL

DMPG

O

O

O

O

O

P

O

O

HO

O

HO

_

.

_ O

O

O

O

O

P

O

O

OONO

N(CH3)3+

16-MESLO

O

CH3

NO O

O_ N O

O

O

12- SASLH

HO COLESTEROL

Laurdan

C

O

N

CH3

CH3

Tm

300 330 360 390 420 450

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

a) Aqueous solution

I em (

no

rma

lized

)

(nm)

300 330 360 390 420 450

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

b) DMPG dispersion

I em (

no

rma

lize

d)

(nm)

exc = 296 nm 357 nm 342 nm

Estudo da interação peptídeo/membrana

3 C

C

CCH

NH

C

NH

O O

O

O

NN NH H H H

CH

OH

C C

2

H

H

H

CH

CH22

C CHH

OH

OO O

NNNH

H

HC

C

C

2

2CH

3

CCCH H

CH

CH

COO

2

2 CH2

N

C

OH HH

CC CNN

CH CH2 2

OO

H

H

CH

CH

N

NH

C

HHHCC

2

2

NN

NH

CCH H

OOH

C N

H

C

CH

CH

CH

CH

NH

H H

2

2

2

3

2

C

C C

OO

NNHH

CH

C

CH

2

2

3

C

O

NH

CH

Ser Tyr Ser Met Glu His Phe Arg Trp Gly Lys Pro Val

S

22

C

H3

(Fernandez et al., 2003)

-MSH

Y

Z

I ׀׀

I

X

Radiação polarizada

Absorção de foton: momento de dipolo é criado no fluoróforo (momento de dipolo de transição)

Anisotropia de fluorescência

Momento de Dipolo de Absorção

Momento de Dipolo de

Emissão

baab rere

Excitação é foto-seletiva

não ocorre absorção

absorção máxima

absorção cos2A

Campo Elétrico da luz

incidente

dipolo elétrico de absorção

abba rere

Anisotropia de fluorescência (experimento)

vhvv

vhvv

GII

GIIA

2

hh

hv

I

IG

II

IIA

2//

//anisotropia

experimental

Sensibilidade do detector à polarização

Anisotropia de fluorescência

Momento de Dipolo de Absorção

Momento de Dipolo de

Emissão

2

1cos3

5

2 2

0

A

Se a molécula está parada:

Ao anisotropia

fundamental

Se a molécula gira durante o tempo de vida do estado excitado:

Fornece informações acerca da mobilidade da molécula no meio.

Anisotropia de fluorescência

Dipolo de absorção

Dipolo de emissão t = 0

Dipolo de emissão t > 0

Despolarização da emissão:

mede movimento do fluoróforo

Emissão: tem componente perpendicular à absorção

II

IIA

2//

//anisotropia

Fluoróforo pode girar durante o tempo de vida do estado excitado

10 20 30 40 50 60 700.04

0.08

0.12

0.16

0.20

0.24

0.28 DLPC

DPPG

Em

=480 nm

an

iso

tro

py

Temperature (oC)

Anisotropia de fluorescência

Tm Laurdan em bicamadas lipídicas

DPPG

Tm ~ 41 oC

DLPG

Tm ~ 0 oC

34 0 20 40 60 80 100

1

10

100

1000

10000

c

ba

Co

nta

ge

ns

tempo (ns)

a - KKA-0

b - RKK3-0

c - RKK3-30

fotomultiplicadora

fotomultiplicadora

monocromador

amostra

Semi-espelho

Conversor tempo-amplitude

partida chegada

Fluorímetro com resolução temporal

Laser pulsado

35

0 500 1000 1500 2000

1

10

100

1000

10000

cont

agen

s

tempo (ns)

Cinética do decaimento do estado excitado

I(t) : função de decaimento, após excitação por um

pulso de luz

Fluorímetro com resolução temporal

Fluorescência resolvida no tempo

- kR decaimento radiativo

- kCI conversão interna

- kis cruzamento intersistemas

- kq (Q) supressão (quenching)

... outros processos

bqISCIR

b Nkkkkdt

dN

kT

Texp k/1

exp/t

bb e)0(N)t(N

0 10 20 30 40 50

100

101

102

103

104

Cou

nts

Time (ns)

-MSH

in water

Na

Nb kR

exp)(

t

etI

kNR

Aba kR

...)( 21

21

tt

eeAtI

0 20 40 60 80 100

10

100

1000

10000

Co

nta

gen

sTempo (ns)

Critério de ajuste: 2

Decaimentos complexos: multiexponencial

Fluorescência resolvida no tempo

0 10 20 30 40 50

100

101

102

103

104

Co

un

ts

Time (ns)

in DMPG

-MSH

in water

Interação Trp/membrana também pode ser monitorada pelo

aumento do tempo de vida do estado excitado do fluoróforo

i

ι)(

t

ietI

Texp k/1 qISCIRT kkkkk

Maior taxa de desexcitação não radiativa do fluoróforo

(conversão interna, kCI) por interação com moléculas de H2O

1

(ns) 2

(ns) 3

(ns)

em H2O 3.68 2.28 0.54

em DMPG 5.34 2.45 0.62

Em DMPG, maior exp e maior rendimento quântico

F = Iem/Iabs = kR/kT = exp/ R

fluorescência resolvida no tempo

Supressão de Fluorescência

Supressão Estática

Formação de complexos não fluorescentes

Supressão Dinâmica (ou colisional)

Colisões durante o tempo de

vida do estado excitado

F Q

F Q

F Q

F Q

F

Mede acessibilidade/distância do fluoróforo às moléculas supressoras

40

Supressão Colisional

Fluoróforo excitado interage (curto alcance) com átomo ou molécula supressora

F* Q F

Aumenta taxa de transições não-radiativas para o estado fundamental.

Diminui intensidade

Diminui tempo de vida

41

Supressão Colisional

F*

F* Q F

Stern-Volmer

Intensidade:

Fo = kR / (kR + kNR)

Tempo de vida:

o = 1/ (kR + kNR)

Intensidade:

F = kR / (kR + kNR+kq[Q])

Tempo de vida:

= 1/ (kR + kNR+kq [Q])

][10 Qkk

k

F

F

NRR

qo

42

][10 QKd

280 320 360 400 440

0

500

1000

1500

2000

2500

Em

issio

n Inte

nsity

Wavelenght (nm)

0 10 20 30 40 50

1

10

100

1000

10000

Counts

Time / ns

][10 QKF

FSV

oq

NRR

q

dSV kkk

kKK

Supressão Colisional

43

))((10

430 qfqf DDRRN

k

][10 QKd

oq

NRR

q

d kkk

kK

Supressão Colisional

Processo difusão

Taxa de colisões

o

dqo

Kkk

44

Supressão Colisional

- MSH em agregados micelares

Supressão por alquilpiridinio

6

5

4

3

2

1 N

CH2

CH3

( )n

n = 1,2,3,5,8 e 9

-MSH kq (108 M-1 s-1)

NEP+ NHP+ NDP+

tampão 117 88 50

SDS 7. 5 8.3 5.1

SDS-PEO 4.1 8.4 4.6

LUTROL 1.3 1.7 1.2

(A.P.Romani and A.S.Ito, Biophys Chem 2009)

agregados: menor difusão da sonda e do supressor

Fluorescência

Deslocamento espectral

Anisotropia de fluorescência

Intensidade de fluorescência

Tempos de vida de fluorescência

Tempos de correlação rotacional

Efeitos de solventes

Supressão de fluorescência

Transferência de energia

Excitação multi-fótons

Microscopia de fluorescência

Correlação de fluorescência

Detecção de Molécula Única

...

46

Agradecimentos especiais:

Amando S. Ito (FFCL-RP-USP)

Cássia Marquezin (IF-UFG)

Cintia C. Vequi-Suplicy (IFUSP)

47

Bibliografia

“Physics of Atoms and Molecules” B.H. Bransden, C.J. Joachain

“Principles of Fluorescence Spectroscopy”

J.R. Lakowicz

“Molecular Fluorescence: Principles and Applications” B. Valeur

- . Série dos livros de “Topics in Fluorescence Spectroscopy”

Ed. J.R. Lakowicz