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SISTEMA AGROINDUSTRIAL DA CACHAÇA DE ALAMBIQUE ESTUDO TÉCNICO DAS ALTERNATIVAS DE APROVEITAMENTO DA CANA-DE-AÇUCAR Belo Horizonte - MG Junho / 2004

Tecnologia Da Cana Sebrae

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SISTEMA AGROINDUSTRIAL DA

CACHAÇA DE ALAMBIQUE

ESTUDO TÉCNICO DAS ALTERNATIVAS DEAPROVEITAMENTO DA CANA-DE-AÇUCAR

Belo Horizonte - MGJunho / 2004

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Presidente do Conselho Deliberativo

Luiz Carlos Dias Oliveira

Diretor Superintendente Diretor de Desenvolvimento e Administração

Edson Gonçalves de Sales Luiz Márcio Haddad Pereira Santos

Diretor de Comercialização Gerente de Planejamentoe Articulação Regional e DesenvolvimentoSebastião Costa da Silva Marise Xavier Brandão

Equipe Técnica / Sebrae - MGRogério Galuppo Fernandes (Coordenação)Cláudio Wagner de CastroPriscilla Magalhães Gomes LinsRuy Xavier Pinto NetoFranklin Ireno Aquino (Estagiário)

Consultor TécnicoEduardo Antônio Pinto Campelo

Estudo Técnico / Universidade Federal de LavrasProf. Luiz Antônio de B. AndradeGustavo H. N. de Andrade (Bolsista)

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SUMÁRIO

1 – Introdução ....................................................................................................... 06

2 – Matéria–prima ................................................................................................. 09

  2.1 – Custo de produção ............................................................................... 11

3 – Rapadura ......................................................................................................... 12

  3.1 – Processo de fabricação ........................................................................ 14

  3.2 – Fluxograma de fabricação .................................................................... 17

  3.3 – Aplicabilidade do subproduto ............................................................. 18

  3.4 – Investimentos complementares........................................................... 18

  3.5 – Receitas X Despesas ............................................................................ 19

4 – Melado ............................................................................................................. 20

  4.1 – Processo de fabricação ........................................................................ 21

  4.2 – Fluxograma de fabricação .................................................................... 22

  4.3 – Aplicabilidade do subproduto ............................................................. 23

  4.4 – Investimentos complementares........................................................... 23

  4.5 – Receitas X Despesas ............................................................................ 24

5 –Açúcar mascavo .............................................................................................. 25

  5.1 - Processo de fabricação ......................................................................... 26

  5.2 – Fluxograma de fabricação .................................................................... 28

  5.3 – Aplicabilidade do subproduto ............................................................. 29

  5.4 – Investimentos complementares........................................................... 29

  5.5 – Receitas X Despesas ............................................................................ 30

6 – Considerações pertinentes à produção de rapadura, melado e açúcar mascavo ................................................................................................................ 317 – BRIX ................... ............................................................................................. 33

8 – Sacharina ........................................................................................................ 34

  8.1 – Processo de preparação ...................................................................... 34

  8.2 – Fluxograma de preparação .................................................................. 36

  8.3 – Aplicabilidade do subproduto ............................................................. 37

  8.4 – Investimentos complementares .......................................................... 37

9 – Cana-de-açúcar enriquecida com uréia e fonte de enxofre ....................... 38

  9.1 – Processo de preparação ...................................................................... 38

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  9.2 – Fluxograma de preparação .................................................................. 40

  9.3 – Aplicabilidade do subproduto ............................................................. 41

  9.4 – Investimentos complementares .......................................................... 41

10 – Forragem pura de cana picada ................................................................... 43

  10.1 – Processo de preparação .................................................................... 43

  10.2 – Fluxograma de preparação ................................................................ 44

  10.3 – Aplicabilidade do subproduto ........................................................... 45

  10.4 – Investimentos complementares ........................................................ 45

11 – Bagaço tratado ............................................................................................. 46

  11.1 – Processo de preparação .................................................................... 46

  11.2 – Fluxograma de preparação ................................................................ 47  11.3 – Aplicabilidade do subproduto ........................................................... 48

  11.4 – Investimentos complementares ........................................................ 48

12 – Outros sub-produtos de cana-de-açúcar ................................................... 49

  12.1 – Ponta de cana ...................................................................................... 49

  12.2 – Vinhaça ................................................................................................ 49

  12.3 – Composto ............................................................................................ 50

13 – Considerações finais ................................................................................... 5214 – Bibliografia ................................................................................................... 53

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APRESENTAÇÃO

De acordo com dados do Diagnóstico da Cachaça de Minas Gerais, elaborado pelo

Sebrae Minas, pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimentode Minas Gerais – SEAPA, pela Organização das Cooperativas do Estado de MinasGerais – OCEMG e pela Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais –FAEMG, o nosso Estado conta hoje com 8.466 alambiques.

O estudo mostra que 38,6% desses estabelecimentos trabalham exclusivamentecom mão-de-obra familiar, o que nos permite concluir que mais de 3.000 famíliasmineiras têm como principal fonte de receita a produção e a comercialização dacachaça. Porém, é importante considerar que apenas 15,2% dos alambiques geramrenda a partir da fabricação de outros produtos oriundos da cana-de-açúcar, aexemplo da rapadura (12,75%), melado (1,5%), açúcar mascavo (0,75%) e álcoolcombustível (0,25%).

O Diagnóstico também aponta uma forte correlação entre a produção de cachaça ea exploração da pecuária leiteira nas propriedades rurais mineiras. Nessasfazendas, o aproveitamento da cana-de-açúcar para a alimentação animal seconstitui em uma importante alternativa, em função dos baixos custos e da facilidadede manejo.

Com o Estudo Técnico das Alternativas de Aproveitamento da Cana-de-Açúcar ,o Sebrae Minas e seus parceiros, em especial o Sebrae Nacional e o

SINDBEBIDAS, esperam contribuir com informações que subsidiem o uso alternativoda cana-de-açúcar nas propriedades rurais que têm como base econômica aprodução de cachaça, possibilitando maior retorno da atividade produtiva e maior renda familiar.

O SEBRAE, como verdadeiro parceiro dos brasileiros, aposta no melhor aproveitamento da cana-de-açúcar e no incentivo à fabricação de produtosderivados, contribuindo para a geração de novas fontes de trabalho e maior qualidade de vida para o produtor de cachaça de alambique de Minas Gerais.

Luiz Carlos Dias Oliveira

Presidente do Conselho Deliberativo

Sebrae - MG

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6BIBLIOTECA ON LINE 

1 - INTRODUÇÃO

 Atualmente, com a falta de recursos que garantam a manutenção competitiva do

trabalhador rural no campo, torna-se necessária a apresentação de soluções para o

desenvolvimento de atividades periféricas, correlacionadas à atividade principal

desenvolvida na propriedade rural.

 A cultura da cana-de-açúcar se faz muito presente no estado de Minas Gerais, tendo

em vista seu amplo leque de possibilidades de utilização. Além da produção da

cachaça de alambique, famosa em todo país e caracterizada como um produto

tipicamente mineiro, a cana-de-açúcar é utilizada na fabricação de açúcar e álcool,

bem como na alimentação animal.

Entretanto, deve-se observar que a cultura da cana-de-açúcar não se restringe

apenas aos fins mencionados . A receita econômica oriunda da cultura da cana-de-

açúcar pode ser agregada com a produção de rapadura, melado e açúcar mascavo,

dentre outros subprodutos, além de sua utilização contribuir com a redução de

custos inerentes à condução de outras atividades agropecuárias, a exemplo do uso

de compostos orgânicos para adubação.

Contudo, não basta apenas a vontade e a tradição para se inserir de forma

competitiva nestas atividades, sendo necessário o conhecimento das técnicas de

produção e da estrutura de custos relacionados.

O presente estudo tem como objetivo apresentar aos produtores de cachaça a

viabilidade técnica, econômica e financeira da diversificação do aproveitamento da

cana-de-açúcar, com a produção de rapadura, açúcar mascavo, melado, sacharina,

forragem e composto orgânico, visando ao aumento da receita de seus

estabelecimentos e a redução de custos operacionais. Os resultados econômicos

apresentados foram construídos com base em pesquisas de preços de compra de

insumos e de venda dos produtos acabados nos municípios do entorno de Lavras,região sul de Minas Gerais, podendo ser extrapolados para a estrutura de preços de

outras regiões.

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7BIBLIOTECA ON LINE 

O trabalho estabelece como ponto de referência a fabricação de subprodutos da

cana-de-açúcar em uma propriedade rural hipotética, que conta com um alambique

com capacidade de produção de 200 litros de cachaça por dia, durante 150 dias de

safra. Considerando os índices técnicos habituais observados na região Sul de

Minas Gerais, onde foi feita a pesquisa de preços, esta unidade de produção

demandaria 2 toneladas de cana / dia, ou 300 toneladas de cana para suprir suas

necessidades durante toda a safra. Partindo-se de uma produtividade de 80

toneladas de cana / hectare na região, a área demandada seria de 3,75 hectares,

mais 20% de reposição anual, totalizando 4,5 hectares de área plantada de cana-de-

açúcar.

Este manual se desenvolve a partir da caracterização de cada subproduto,

abrangendo os processos de produção, aplicabilidade, investimentos

complementares necessários e balanço de receitas e despesas decorrente da sua

fabricação.

No entanto, no tocante à comercialização de cada subproduto, o produtor deverá

observar os critérios legais preconizados para esta operação. Muito embora a maior parcela destes produtos seja comercializada em feiras e mercados do interior, é

importante observar que a  produção da rapadura, melado e açúcar mascavo

obedece o Regulamento Técnico sobre Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas

Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Produtores / Industrializadores de

 Alimentos, aprovado pela Portaria nº 326 da Secretaria de Vigilância Sanitária do

Ministério da Saúde, de 30 de julho de 1997. Maiores considerações a respeito

deste dispositivo legal podem ser acessadas através do Serviço de RespostaTécnica (SRT) / Ponto de Partida, do Centro de Documentação e Informação (CDI)

do Sebrae Minas.

É necessário que a unidade produtora esteja em conformidade com as exigências

formais da legislação perante os órgãos fazendários e de meio ambiente. O registro

no Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI também é fundamental para

aquele produtor que deseja comercializar o seu produto com marca própria.

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8BIBLIOTECA ON LINE 

Os tributos aos quais o produtor está legalmente sujeito na exploração desta

atividade econômica são:

a) Tributos Federais: IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica), IPI (Imposto sobre

Produtos Industrializados), PIS ( Contribuição para o Programa de Integração

Social), COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) e a

CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido);

b) Tributo Estadual: ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços);

c) Tributo Municipal: ISSQN (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza);

d) Contribuições Previdenciárias: INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social). O

imposto é recolhido sobre a folha de pagamento de segurados empregados eretirada pró-labore de sócios e administradores, mais pagamentos efetuados a

prestadores de serviços autônomos).

No caso dos pequenos produtores, foco deste estudo, inseridos em pequenos

mercados regionais, vale a orientação de buscar respaldo junto às prefeituras

municipais no sentido de se resguardarem quanto à obediência dos procedimentos

legais para a comercialização dos subprodutos oriundos do uso alternativo da cana-de-açúcar. Também é importante a dica de se procurar contadores idôneos para

orientação quanto aos tributos inerentes à fabricação de cachaça e outros derivados

da cana-de-açúcar.

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9BIBLIOTECA ON LINE 

2 – MATÉRIA-PRIMA

Qualquer que seja a finalidade de uso, a cana-de-açúcar deverá estar madura e

recém cortada por ocasião de seu processamento. O tempo entre o corte e a

moagem não deve ultrapassar 48 horas, sendo que para a produção de cachaça

este tempo não deve ser superior a 24 horas. A cana-de-açúcar deve estar limpa,

livre de matéria estranha vegetal ou mineral e sadia, isenta de doenças,

principalmente a podridão vermelha internamente nos colmos, o que provoca a

inversão de sacarose e a perda de qualidade dos produtos finais.

Para a fabricação de cachaça artesanal, rapadura, açúcar mascavo, melado,

forragem e outros produtos, a cana-de-açúcar deve ser cortada e despalhada sem o

uso de fogo, tomando-se o cuidado de realizar o corte dos colmos bem rente ao

nível do solo, não deixando “tocos” e aproveitando melhor a matéria-prima, uma vez

que a base do colmo é a parte mais rica em sacarose. Esta prática evita, ainda, a

emissão de brotações aéreas, uma vez que é desejável que a rebrota ocorra abaixodo nível do solo, com a conseqüente emissão de novas raízes.

Embora em pequena escala, algumas regiões apresentam ainda o plantio da cana

caiana, muito exigente em solo, clima e muito susceptível às principais doenças da

cultura. Atualmente, predomina o cultivo de variedades híbridas, melhoradas

geneticamente, menos exigentes, mais resistentes às doenças e muito mais

produtivas, destacando-se aquelas variedades que possuem a sigla RB (Repúblicado Brasil), produzidas pelo PLANALSUCAR, Programa Nacional de Melhoramento

da Cana-de-Açúcar, coordenado pelas universidades públicas federais de ensino

superior e a sigla SP (São Paulo), produzidas pela COOPERSUCAR, Cooperativa

dos Produtores de Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo.

Para a obtenção de derivados da cana-de-açúcar de qualidade reconhecida, torna-

se necessário que a variedade apresente, dentre outras, as seguintes

características:

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•  Boa produtividade de colmos por hectare;

•  Alto teor de sacarose;

•  Teor de fibra da cana médio / baixo;

•  Resistência às principais doenças e pragas;

•  Fácil despalha;

•  Resistência ao tombamento;

•  Boa adaptação a diferentes tipos de solos e climas;

•  Ausência de florescimento;

•  Boa brotação de soqueiras;

•  Rápido crescimento inicial e fechamento;

•  Ausência de joçal (pêlos lignificantes nas bainhas das folhas);

•  Ausência de rachaduras;

•  Ausência de brotações laterais;

•  Período de utilização industrial longo (maior tempo de corte);

Não existe uma variedade que possua todas estas características. Todas elas

apresentam algum defeito ou discordância em relação a alguns dos pontos acima

mencionados. Um maior número de qualidades em relação aos defeitos é que torna

recomendável uma variedade para o plantio em determinada região.

 Além disso, para a produção da cana-de-açúcar de boa qualidade em toda a época

de safra, que vai de maio a dezembro na região Sul de Minas Gerais, deve-se optar 

pelo plantio da cana de ano e meio, ou seja, o plantio deve ocorrer nos meses de

 janeiro, fevereiro ou março de um determinado ano e sua colheita ocorrer em

meados do ano subsequente, utilizando-se pelo menos uma variedade de

maturação precoce (a ser colhida nos meses de maio e junho), uma variedade de

maturação média (a ser colhida de julho a setembro) e uma variedade de maturação

tardia (a ser colhida de outubro a dezembro).

 Algumas destas variedades, indicadas para o plantio em Minas Gerais, são:

•  Variedades precoces: SP 80-1842, RB825336, RB765418, RB855156 e

RB855453;

•  Variedades médias: RB 855536, RB 855113, SP79-1011, CB45-3 e RB739735;

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•  Variedades tardias: RB72-454, RB 785148, SP 79-2313 e SP 79-6162.

 As mudas destas variedades devem ser provenientes de viveiros, pois apresentam

maior vigor e sanidade, podendo ser adquiridas em instituições de ensino

(Universidade Federal de Viçosa, por exemplo) ou em usinas e destilarias do estado

de Minas Gerais.

Entretanto, outras variedades já cultivadas na região não devem, a princípio, ser 

descartadas. O processo ideal de implantação de novas variedades em determinada

região é o plantio de uma pequena área, observando-se seu comportamento e

características, aumentando com o tempo a área daquelas variedades que se

destacam e substituindo gradativamente as variedades tradicionais que se

mostrarem menos produtivas.

2.1 - CUSTO DE PRODUÇÃO

 A tabela 1 mostra o custo de produção da tonelada da cana-de-açúcar com o

rendimento de 80 toneladas por hectare. Para o cálculo do custo da terra, poderá ser 

considerado o seu custo de oportunidade, ou seja, o valor que o proprietário

receberia pela mesma caso fosse arrendá-la para terceiros. Para facilitar a projeção

do custo da tonelada de cana, o custo da terra foi incluído em “Outros custos”.

TABELA 1 – Custo de produção da tonelada de cana-de-açúcar com rendimento de 80 ton / ha.

Atividade R$Depreciação de máquinas e equipamentos 2,00

Operações mecanizadas 4,30

Operações manuais (mão-de-obra) 5,75

Insumos 5,50

Impostos e taxas 3,25

Outros custos (incluindo o custo da terra) 2,20

Total 23,00

  Fonte – Universidade Federal de Lavras - UFLA

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12BIBLIOTECA ON LINE 

3 - RAPADURA

 A rapadura é um produto sólido, de sabor doce, obtido pela concentração a quente

do caldo da cana-de-açúcar, sua principal matéria-prima.

O produto, feito de mel de engenho, algumas vezes também chamado de

"raspadura" (palavra provinda do verbo raspar), origina-se da crosta de açúcar presa

às paredes das tachas, retirada pela raspagem e moldada como tijolos.

 A fabricação da rapadura iniciou-se nas Canárias, ilhas espanholas do Atlântico,

possivelmente no século XVI, constituindo-se não apenas em guloseimas, mas em

uma solução prática de transporte de alimento em pequena quantidade para uso

individual. Como o açúcar comumente ficava úmido e com aspecto melado, o

ladrilho de rapadura acompanhava o viajante carregado na sacola, por ser de fácil

transporte e possibilitar prática acomodação, além de resistir durante meses às

mudanças atmosféricas.

 A rapadura é um produto muito procurado por consumidores que apreciam seu

sabor e suas qualidades nutricionais. Contudo, poucos produtores ainda exploram

este subproduto da cana-de-açúcar, sendo que a maioria deles desenvolve esta

atividade de maneira bastante empírica.

Em função de suas qualidades nutricionais, a rapadura tem sido utilizada como

complemento da alimentação de populações mais carentes, a partir de sua adiçãonas cestas básicas de alimentação e na merenda escolar, principalmente na região

nordeste do Brasil.

 A Tabela 2 mostra as características nutricionais da rapadura comparadas às do

açúcar refinado.

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TABELA 2 – Valor nutritivo da rapadura comparado ao do açúcar refinado

Para cada 100 gramas Açúcar Refinado Rapadura

Carboidratos em g

Sacarose 99,6 72,0 a 78,0Frutose - 1,5 a 7,0

Glucose - 1,5 a 7,0

Minerais em mg

Potássio 0,5 a 1,0 10,0 a 13,0

Cálcio 0,5 a 5,0 40,0 a 100,0

Magnésio - 70,0 a 90,0

Fósforo - 20,0 a 90,0

Sódio 0,6 a 0,9 19,0 a 30,0

Ferro 0,5 a 1,0 10,0 a 13,0Manganês - 0,2 a 0,5

Zinco - 0,2 a 0,4

Flúor  - 5,3 a 6,0

Cobre - 0,1 a 0,9

Vitaminas em mg

Provitamina A - 2,00

Vitamina A - 3,80

Vitamina B1 - 0,04

Vitamina B2 - 0,06

Vitamina B5 - 0,01

Vitamina B6 - 0,01

Vitamina C - 7,00

Vitamina D2 - 6,50

Vitamina E - 111,00

Vitamina PP - 7,00

Diversos

Proteína em mg-

280 Água em g - 1,50 a 7,00

Calorias 384 312  Fonte: Universidade Federal do Ceará - NUTEC

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14BIBLIOTECA ON LINE 

3.1 - PROCESSO DE FABRICAÇÃO

 A matéria-prima e a moenda a serem utilizadas na produção da rapadura são as

mesmas empregadas no processo de produção da cachaça. A cana-de-açúcar deve

ser bem despontada e o palmito totalmente retirado. Deve também se apresentar 

limpa, a partir da retirada de todas as folhas laterais dos colmos que, depois de

cortados e transportados, deverão ser mantidos em galpões cobertos, cujo piso não

venha a sujar a cana com a terra.

Procede-se, então, a moagem dos colmos, tomando-se o cuidado de ajustar bem os

componentes da moenda, possibilitando um bom rendimento do caldo. Em média,

se consegue extrair cerca de 500 litros de garapa para cada tonelada de cana-de-

açúcar moída, que renderão de 70 a 100 kg de rapadura, ou de 100 a 150 rapaduras

de 650 gramas cada.

O caldo extraído deve ser peneirado com peneira de malha fina, de inox, cobre ou

mesmo nylon, para a retirada das impurezas grosseiras. Após este processo, ocaldo é deixado em repouso por aproximadamente 15 minutos para decantação das

impurezas remanescentes, antes de ser colocado nos tachos de cobre para ser 

aquecido. No momento do aquecimento outras impurezas emergem e devem ser 

retiradas com o auxílio de uma concha ou de uma escumadeira. É importante

salientar que a retirada das impurezas (folhas, bagacilho, proteínas coaguladas e

ceras, dentre outras) é crucial para a produção de uma rapadura de qualidade e de

coloração mais clara e atrativa. Esta remoção deve ser feita de forma completa,cuidadosa e contínua até que o caldo comece a ferver.

Na fase de fervura do caldo, algumas impurezas se aglutinam nas partes mais frias

do tacho, já que durante o processo o fogo não apresenta uma chama uniforme.

Deve-se ficar atento para que estas impurezas sejam totalmente removidas.

O caldo entra, então, na fase de perda contínua de água, transformando-se numlíquido cada vez mais amarelado e espesso. Quando se vai atingindo esta fase final,

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15BIBLIOTECA ON LINE 

o uso de um termômetro pode indicar o término do cozimento. Em geral, o final do

cozimento se processa entre 114º e 120º C.

Genericamente, as pequenas propriedades não possuem termômetros e os

produtores de rapadura visualizam o momento final do cozimento através da

obtenção do ponto de bala, procedimento que se consiste na adição de algumas

gotas do xarope em um prato de água fria. Ao ser manuseada, a massa resultante

vai tomando a consistência de bala. Este é um dos sinais de que o cozimento

chegou ao final, além do descolamento fácil da massa das laterais e do fundo do

tacho.

 Após o final do cozimento, a massa cozida é retirada do tacho com o auxílio de uma

concha e é colocada em cochos de madeira, e agitada com o uso de uma régua de

madeira ou de uma espátula, até que atinja condições de se modelar a rapadura.

Na fase de resfriamento é que são acrescentadas substâncias que podem agregar 

valor ou, simplesmente, diferenciar o produto final. Os principais produtos acrescidos

à massa são: amendoim, coco, mamão, abóbora, leite, dentre outros. No caso doamendoim e do coco, os mesmos deverão ser torrados antes de sua adição à massa

da rapadura em sua fase de resfriamento. No caso da abóbora e do mamão, estes

devem ser primeiramente ralados.

Com o auxílio de uma concha, a massa é transferida para formas que conferem a

modelagem do produto. Após o resfriamento, a rapadura deve ser embalada de

forma a não deixar que fique ar entre sua superfície e a embalagem, para não haver perda de qualidade do produto final.

 Atualmente, a rapadura é comercializada em formato de tijolos, normalmente de 600

a 1200 gramas, ou de tabletes de 25 a 50 gramas, embalados em caixinhas de

papelão, filmes plásticos e em papel de bala, que se constituem em uma opção

moderna de consumo do produto.

Para a embalagem do tijolo são utilizados sacos plásticos ou caixa de papel tipo

triplex. Para um consumo mais rápido, é recomendado o uso da embalagem plástica

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16BIBLIOTECA ON LINE 

mas, para um período maior entre a produção e a comercialização, podem ocorrer 

bolores na superfície da rapadura. Na hora de comercializar, o produtor de rapadura

deve tomar algumas iniciativas, hoje exigidas pelo mercado consumidor. Assim, as

rapaduras devem ser embaladas individualmente, constando no rótulo todas as

informações exigidas pelos órgãos responsáveis pela fiscalização de produtos

alimentícios, a exemplo do nome do fabricante, datas de produção e validade,

composição básica, etc. Maiores considerações a respeito das exigências da

Secretaria de Estado de Vigilância Sanitária para a rotulagem podem ser acessadas

através do Serviço de Resposta Técnica (SRT) do Centro de Documentação e

Informação (CDI) do Sebrae Minas.

Em relação à conservação, é importante que as rapaduras fiquem em locais

ventilados e secos, distantes do piso dos depósitos e de suas paredes, normalmente

em prateleiras de madeira.

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17BIBLIOTECA ON LINE 

3.2 - FLUXOGRAMA DE FABRICAÇÃO

CORTE DA CANA-DE-AÇÚCAR

LIMPEZA DOSCOLMOS

AQUECIMENTO

LIMPEZA DOCALDO

EXTRAÇÃO DOCALDO

EMBALAGEM EARMAZENAMENTO

BATEÇÃO ERESFRIAMENTO

CONCENTRAÇÃOFINAL

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18BIBLIOTECA ON LINE 

3.3 - APLICABILIDADE DO SUBPRODUTO

 A rapadura encontra-se amplamente difundida no território mineiro, sendo

considerada como o principal produto alternativo da cana-de-açúcar e muito bem

aceita pelo mercado consumidor. Contudo, com a crescente busca de qualidade por 

parte dos consumidores, os produtores devem buscar aperfeiçoar suas técnicas de

produção.

 A venda deste produto é feita em lojas de produtos naturais, armazéns,

supermercados, bares, padarias e demais lojas afins. Outro aspecto relevante é que

a venda, na maioria dos casos, é feita diretamente do produtor ao consumidor.

 A maior procura na região Sul de Minas Gerais, onde foi realizada a pesquisa, é por 

rapaduras mistas (adicionadas de amendoim, coco, mamão, abóbora ou outra

substância que confira sabor diferenciado à rapadura). No entanto, a rapadura pura

também apresenta excelente demanda. A rapadura pura pode ser dissolvida em

água de boa qualidade, própria para o consumo humano, e ser empregada na

fabricação da cachaça. Neste caso, a rapadura funciona como reserva ouestocagem do açúcar que será fermentado para a obtenção da cachaça, ampliando

assim o período de produção do alambique em determinada safra.

3.4 - INVESTIMENTOS COMPLEMENTARES

 A Tabela 3 mostra os investimentos necessários para a adaptação do alambique

visando a produção da rapadura:

TABELA 3 – Investimentos para adaptação do alambique para a produção da rapadura

Item R$

Construção de um forno de alvenaria 1.200,00

Compra de tacho de cobre 300,00

 Aquisição de materiais diversos (utensílios de cozinha, etc) 100,00

 Aquisição dos cochos e formas de madeira 150,00

Custo total de adaptação 1.750,00  Fonte: Universidade Federal de Lavras – UFLA

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3.5 - RECEITAS X DESPESAS

 A Tabela 4 apresenta os custos de produção (fixo e variável) de uma rapadura de

650 gramas, pura ou mista:

TABELA 4 – Custos de produção de rapadura de 650 gramas

ItensCusto de produçãode 1 rapadura pura

R$

Custo de produçãode 1 rapadura mista

R$

Custo total de produção 0,58 0,70Custo fixo de produção 0,07 0,07

Depreciação dos equipamentos 0,03 0,03

Utilização da terra 0,02 0,02

Remuneração do capital investido 0,02 0,02

Custo variável de produção 0,51 0,63

Custo da cana 0,08 0,08

Custo da mão-de-obra 0,23 0,23

Custo de embalagem 0,05 0,05

Custo de outros materiais - 0,12Outros custos 0,15 0,15

  Fonte: Universidade Federal de Lavras - UFLA

Na região de Lavras - MG, onde foi realizada a pesquisa, os preços médios pagos

aos produtores foram R$ 1,00 para as rapaduras puras. Como, em média, uma

tonelada de cana moída com uma extração de 50% produz de 70 a 100 kg de

rapadura, ou seja, de 100 a 150 rapaduras de 650 gramas, o faturamento obtido

através desta venda varia entre R$ 100,00 e R$ 150,00. Descontando-se os custos

de produção, o lucro bruto com a venda acima mencionada varia de R$ 42,00 a R$

63,00 por tonelada de cana para as rapaduras puras, ainda não se considerando os

impostos que incidem sobre a venda do produto.

No caso das rapaduras mistas, que obtiveram preço médio de R$ 1,50 no mercado

considerado, uma tonelada de cana moída irá gerar um faturamento entre R$ 150,00e R$ 225,00. O lucro bruto, neste caso, variou entre R$ 80,00 e R$ 120,00, não

considerados os impostos incidentes.

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4 - MELADO

O melado pode ser definido como um xarope do caldo de cana-de-açúcar,

concentrado, purificado e livre de partículas grosseiras em suspensão e se constitui

em um produto de boa aceitação pelos consumidores e de importância econômica

para algumas regiões de Minas Gerais. Entretanto, a produção de melado ainda é

pouco explorada pelos produtores de cana-de-açúcar, mas é uma opção para quem

 já estiver inserido na produção de cachaça e de rapadura de cana-de-açúcar.

Em razão de suas propriedades, nas regiões interioranas, o melado é recomendadomedicinalmente nos casos de anemia e prisão de ventre. É laxante e também

favorece o crescimento dos ossos e dos dentes. A Tabela 5 apresenta o valor 

nutritivo do melado.

TABELA 5 – Valor nutritivo do melado (para cada 100 gramas)

Elementos Valores

Calorias 348,2 Kcal

 Água 13 g

Carboidratos 86,7 g

Proteínas 0,2 g

Gorduras 0,02g

Sais minerais 0,05 g

Vitamina A 15 UI

Vitamina B1 8 mcg

Vitamina B2 156 mcg

Vitamina B5 0,2 mgCálcio 591 mg

Fósforo 123 mg

Ferro 22,3 mg  Fonte – Universidade Federal do Ceará - NUTEC

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4.1 - PROCESSO DE FABRICAÇÃO

 As operações envolvidas na produção do melado são as mesmas empregadas na

fabricação da rapadura. A retirada das impurezas é conseguida pela aplicação das

mesmas técnicas de limpeza descritas na produção de rapadura. Assim, antes de

ser moída, a cana deve passar por um processo de limpeza, permitindo um caldo

extraído isento de impurezas como barro e palha, dentre outras. Os colmos devem

ser moídos em uma moenda bem ajustada, o que possibilita um bom rendimento do

caldo, na base de 500 litros de garapa para cada tonelada de cana processada.

O caldo, peneirado para a retirada de impurezas grosseiras, é aquecido até a

temperatura de 70ºC, adicionando-se de 0,40 a 0,75 gramas de ácido cítrico (tipo

alimentício) por litro de caldo. Isto é feito para evitar a cristalização da sacarose que

ocorre no processo de produção de rapadura. O caldo é então colocado em repouso

por cerca de 30 minutos para a decantação das impurezas, podendo-se adicionar de

0,2 a 0,4 gramas de cal por litro de caldo, para melhorar sua purificação.

O caldo, logo após o repouso, é colocado em tachos de cobre ou ferro para ser aquecido em fornalhas de tijolo. Neste momento, outras impurezas emergem e

devem ser retiradas com o auxilio de uma concha ou de uma escumadeira. É

importante salientar que a retirada destas substâncias, que emergem no

aquecimento do caldo, é crucial para a produção de um melado de qualidade e com

a coloração mais clara, evitando-se ainda o acúmulo destas impurezas no fundo das

garrafas usadas como embalagem, o que pode desvalorizar o produto.

O caldo em aquecimento vai se concentrando rapidamente até atingir o ponto

desejado. Quando é formado um grande número de bolhas pequenas no xarope,

temos o ponto de “meladinho”. Quando estas bolhas tornam-se maiores é que se

tem o ponto de melado. Com uma escumadeira, verifica-se o corrimento do xarope

que se torna mais lento e viscoso. Ressalta-se que, com boa prática, o produtor 

consegue elaborar um melado de qualidade e com pouca variação de sabor.

O melado é colocado em recipientes resistentes de plástico ou de vidro, de 500 ou

de 1000 ml para ser armazenado ou comercializado.

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4.2 – FLUXOGRAMA DE FABRICAÇÃO

CORTE DA CANA-DE-AÇÚCAR

LIMPEZA DOS COLMOS

PRÉ-AQUECIMENTO

LIMPEZA DO CALDO

EXTRAÇÃO DO CALDO

CONCENTRAÇÃO FINAL ( MELADO)

AQUECIMENTO

ADIÇÃO DE CAL (OPCIONAL)

ADIÇÃO DE ÁCIDO CÍTRICO (ALIMENTÍCIO)

REPOUSO (30 MINUTOS)

EMBALAGEM

ARMAZENAMENTO E COMERCIALIZAÇÃO

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4.3 - APLICABILIDADE DO SUB PRODUTO

O melado é um produto que possui um grande potencial de crescimento, uma vez

que ainda tem seu consumo pouco difundido. Cabe ao produtor estabelecer 

mecanismos que atraiam os consumidores a experimentar o melado, uma

sobremesa excelente e facilmente acessível. O melado também é muito apreciado

quando consumido com angu de fubá de milho, prato típico dos mineiros.

 A venda deste produto é feita em lojas de produtos naturais, feiras livres, armazéns,

supermercados, bares, padarias e demais lojas afins, podendo ser comercializado

diretamente do produtor ao consumidor. Também neste caso, deve-se observar as

considerações referentes à legislação para produção e comercialização de produtos

alimentícios, a exemplo do descrito no tópico introdutório deste estudo.

4.4 - INVESTIMENTOS COMPLEMENTARES

 A Tabela 6 demonstra os investimentos necessários para a adaptação do alambique

para a produção de melado:

TABELA 6 – Investimento para a produção de melado

Item R$

Construção de um forno de alvenaria 1.200,00Compra de tacho de cobre 300,00

 Aquisição de materiais diversos (utensílios de cozinha, etc) 700,00

Custo total de adaptação 2.200,00  Fonte – Universidade Federal de Lavras - UFLA

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4.5 - RECEITAS X DESPESAS

Os custos de produção (fixo e variável) de um litro de melado, são apresentados na

Tabela 7:

TABELA 7 – Custos de produção de 1 litro de melado

Itens CustoCusto total de produção R$ 0,49

Custo fixo de produção R$ 0,09

Depreciação dos equipamentos R$ 0,05

Utilização da terra R$ 0,02

Remuneração do capital investido R$ 0,02

Custo variável de produção R$ 0,40

Custo da cana R$ 0,10

Custo da mão de obra R$ 0,23

Custo de embalagem R$ 0,02

Outros custos (ácido cítrico) R$ 0,05Fonte – Universidade Federal de Lavras - UFLA

Na região de Lavras – MG, onde foi realizada a pesquisa, o preço médio pago aos

produtores é de R$ 0,80 por litro de melado. Considerando que a quantidade de

melado que se pode produzir a partir de uma tonelada de cana moída varia entre 84

e 103 litros, o faturamento decorrente desta operação varia de R$ 67,20 a R$ 82,40.

Descontando-se os custos de produção, o lucro bruto com a venda acima

mencionada irá variar entre R$ 26,04 e R$ 31,93 por tonelada de cana-de-açúcar 

moída, ainda não se considerando os impostos que incidem sobre a venda do

produto.

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5 - AÇÚCAR MASCAVO

 Até o final do século passado, o açúcar mascavo se constituía no principal derivado

da cana-de-açúcar e o Brasil em seu principal produtor mundial. A partir de inícios

do Século XX, a produção do açúcar mascavo declinou, sendo substituída

gradativamente pelos açúcares brancos, cristal ou refinado. Na década de 50, a

fabricação de açúcar mascavo se tornou insignificante e o mesmo passou a ser 

produzido em pequena escala, não mais com vistas à comercialização.

Em Minas Gerais, a fabricação do açúcar mascavo é uma atividade desenvolvida

desde o período colonial e, hoje, está sendo incrementada pelo alto valor nutritivo e

econômico que o produto apresenta.

O consumo do açúcar mascavo tem crescido devido à valorização de produtos

naturais, especialmente sem aditivos químicos. Pela sua composição, que o torna

um alimento altamente nutritivo, pode substituir com vantagens o açúcar cristal e o

refinado na alimentação diária da família, como também ser usado na merenda

escolar. A Tabela 8 compara o valor nutritivo do açúcar refinado e do açúcar 

mascavo.

TABELA 8 – Valor nutritivo do açúcar mascavo comparado ao do

açúcar refinado (para cada 100 gramas)

ElementosAçúcar refinado

Açúcar mascavo

Energia 387 Kcal 376 KcalCarboidratos 99,9 g 97,3 g

Vitamina B1 - 0,010 mg

Vitamina B2 0,020 mg 0,010 mg

Vitamina B6 - 0,030 mg

Cálcio 1 mg 85 mg

Magnésio - 29 mgCobre 0,040mg 0,300 mg

Fósforo 2 mg 22 mg

Potássio 2 mg 346 mg  Fonte – Universidade Federal do Ceará - NUTEC

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O açúcar mascavo é constituído por aglomerados de sacarose, glicose, frutose e

demais substâncias que são provenientes do caldo extraído da moagem da cana-de-

açúcar e que são formados após o resfriamento do xarope altamente concentrado.

 A cor do açúcar mascavo é normalmente função do tipo de cana colhida, que varia

do marrom claro ao marrom escuro. Todavia, a limpeza do caldo durante a fervura é

fator fundamental para a obtenção de um produto mais puro e claro. A mesma deve

ser efetuada com a utilização de fogo forte, sendo a espuma resultante retirada com

o auxílio de uma escumadeira, operação que deve ser repetida até a limpeza total

do caldo.

Têm-se dois tipos de açúcar mascavo, produzidos de forma artesanal em pequenas

propriedades. O tipo granulado ou batido é o mais usual, produzido por um maior 

número de produtores e que apresenta maior procura e interesse do mercado

consumidor. Já o açúcar mascavo tipo cristalizado demanda maiores investimentos

em equipamentos, a exemplo de centrífugas e secadores, tais como os utilizados em

grandes usinas de açúcar. Desta forma, o presente estudo enfocará o processo de

produção do açúcar mascavo tipo granulado ou batido, mais acessível ao público

alvo deste trabalho.

5.1 - PROCESSO DE FABRICAÇÃO

O processo de produção do açúcar mascavo, do tipo granulado ou batido, é similar 

ao empregado na produção da rapadura. A diferença está apenas na temperatura

final da concentração, que deve ser maior para o açúcar mascavo. Antes de ser 

moída, a cana-de-açúcar deve passar por um processo de limpeza, permitindo que o

caldo extraído seja isento de impurezas como barro, palha e bagacilho, dentre

outras.

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O caldo extraído, peneirado para a retirada das impurezas grosseiras, é colocado

em repouso para a decantação de impurezas menores, sendo então transferido para

um ou mais tachos assentados em uma fornalha de alvenaria, para ser aquecido

com a queima de lenha ou bagaço. Neste momento, outras impurezas emergem e

devem ser retiradas com o auxilio de uma concha ou de uma escumadeira. É

importante salientar que a retirada das substancias que emergem no aquecimento

do caldo é crucial para a produção de um açúcar mascavo de qualidade e com a

coloração mais clara.

Quando o caldo começa a apresentar uma maior consistência e uma coloração

amarelada, tem-se a aproximação do ponto final de cozimento . O momento final éobservado através do aspecto do caldo (amarelado e espesso) e através do uso de

termômetros que indicam a temperatura que o caldo apresenta. Em geral as

pequenas propriedades não possuem termômetros e os produtores visualizam o

momento final do cozimento através da obtenção do ponto de bala dura,

procedimento que consiste na retirada de uma colher de caldo e a colocação de

algumas gotas em um prato de ferro ou alumínio com água fria. A massa resultante

se transforma em uma bala de consistência dura, vítrea e quebradiça, indicando ofinal do cozimento. O cheiro de queimado também serve para indicar o final do

cozimento. A prática, aqui, é muito importante.

 Após o final do cozimento, a massa é retirada do tacho com o auxilio de uma concha

e colocada em cochos de madeira, masseiras ou gamelas, onde é agitada com o

auxílio de uma espátula de madeira ou sarrafo. Com a bateção, a massa se resfria e

solidifica, assumindo a condição de grânulos bem finos e secos, que devem ser peneirados para extrair um produto homogêneo. Os grânulos que não passam pela

peneira devem ser moídos em desintegradores (tipo forrageiro) e novamente

peneirados.

O açúcar mascavo, depois de concluído o processo, deve ser embalado em sacos

de polipropileno, pesado e armazenado em locais livres de umidade e calor em

excesso, aguardando o momento de consumo ou comercialização. Recomenda-se a

utilização de estrados ou grades e o empilhamento com espaço entre as

embalagens.

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5.2 - FLUXOGRAMA DE FABRICAÇÃO

CORTE DA CANA-DE-AÇÚCAR

LIMPEZA DOS COLMOS

AQUECIMENTO

LIMPEZA DO CALDO

EXTRAÇÃO DO CALDO

PENEIRAMENTO DOS GRÂNULOS

MOAGEM DOS GRÂNULOS MAIORES QUENÃO PASSAM PELA PENEIRA

PENEIRAMENTO DOS GRÂNULOS OBTIDOS

CONCENTRAÇÃO FINAL

BATEÇÃO E RESFRIAMENTO

ENSACAMENTO

ARMAZENAMENTO

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5.3 - APLICABILIDADE DO SUBPRODUTO

O açúcar mascavo batido ou granulado é um produto muito atrativo e em franca

expansão, tanto no mercado interno como no mercado externo, devido ao sensível

aumento de demanda por produtos naturais.

 A venda deste produto, normalmente, é feita em sacos de 20 a 25 kg para lojas de

produtos naturais, armazéns, supermercados, bares, padarias e demais lojas afins,

que o fracionam em embalagens menores para a venda ao consumidor final.

5.4 - INVESTIMENTOS COMPLEMENTARES

Os investimentos necessários para a adaptação do alambique para a produção de

açúcar mascavo batido ou granulado são apresentados na Tabela 9:

TABELA 9 – Investimentos necessários para a adaptação do alambique

para a produção de açúcar mascavo

Item R$

Construção de um forno de alvenaria 1.200,00

Compra de tacho de cobre 300,00

 Aquisição de utensílios de cozinha 200,00

 Aquisição de cochos de madeira 300,00Custo total de adaptação 2.000,00

  Fonte – Universidade Federal de Lavras - UFLA

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5.5 - RECEITAS X DESPESAS

 A Tabela 10 apresenta o custo de produção de um quilo de açúcar mascavo batido

ou granulado:

TABELA 10 – Custos de produção de 1 quilo de

açúcar mascavo

Itens CustoCusto total de produção R$ 0,67

Custo fixo de produção R$ 0,08Depreciação dos equipamentos R$ 0,03

Utilização da terra R$ 0,03

Remuneração do capital investido R$ 0,02

Custo variável de produção R$ 0,59

Custo da cana R$ 0,15

Custo da mão de obra R$ 0,23

Custo de embalagem R$ 0,03

Outros de outros materiais R$ 0,05

Outros custos R$ 0,13 Fonte – Universidade Federal de Lavras - UFLA

Na região de Lavras – MG, onde foi realizada a pesquisa, o preço médio pago aos

produtores é de R$ 1,50 por quilo de açúcar mascavo. Considerando que a partir de

uma tonelada de cana-de-açúcar se produz entre 80 e 100 quilos de açúcar 

mascavo batido ou granulado, o faturamento decorrente desta venda varia entre R$

120,00 e R$ 150,00. Descontando-se os custos de produção, o lucro bruto com aoperação acima mencionada irá variar entre R$ 66,40 e R$ 83,00 por tonelada de

cana-de-açúcar moída, ainda não se considerando os impostos que incidem sobre a

venda do produto.

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6 - CONSIDERAÇÕES PERTINENTES À PRODUÇÃO DERAPADURA, MELADO E AÇÚCAR MASCAVO

O que se apresenta neste estudo diz respeito à produção de rapadura, melado e

açúcar mascavo de forma artesanal, utilizando-se os equipamentos mais simples e

práticos possíveis, procurando atender os pequenos produtores de cachaça que

atuam em regime de economia familiar.

Entretanto, como é sabido, existem vários equipamentos modernos, maissofisticados, que podem ser utilizados nos processos de produção, tais como

caldeiras, aquecedores, batedores mecânicos, evaporadores, decantadores,

centrifugadores, etc, mas que não foram levados em conta neste estudo. De

maneira geral, este modelo de produção é adotado por empresas especializadas na

fabricação destes produtos, diferentemente dos produtores de cachaça que desejam

um melhor aproveitamento de seu alambique, possibilitando renda alternativa e

atendimento de necessidades de consumo da própria família.

 As características artesanais dos produtos considerados, a facilidade de acesso aos

mesmos, os baixos custos relacionados e, principalmente, o seu valor nutritivo,

indicam um grande potencial de crescimento no mercado consumidor.

Porém, de acordo com dados do Diagnóstico da Cachaça de Minas Gerais (Sebrae

Minas, FAEMG, OCEMG e SEAPA / 2001), apenas 15,2% dos alambiques mineiros

fabricam algum subproduto da cana-de-açúcar a partir da atividade de fabricação da

cachaça. A rapadura aparece como principal subproduto, fabricada em 13,4% dos

estabelecimentos.

O principal destino destes produtos é o consumo próprio, observado em 60% dos

estabelecimentos que os produzem. Deve-se ressaltar que, no referido Diagnóstico,

a produção da rapadura, melado e açúcar mascavo foi considerada uma atividade

complementar à produção de cachaça, o que justifica o consumo próprio. O mercado

principal destes produtos é abastecido com regularidade por produtores

especializados.

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Vale ressaltar, também, que este trabalho não pretende se constituir como um

manual técnico de fabricação dos subprodutos considerados. Seu principal objetivo

é orientar o produtor de cachaça quanto às possibilidades de ampliação de renda,

tendo como base a produção de cachaça. Portanto, vale a orientação de que os

interessados em ingressar na atividade procurem orientação técnica competente,

como por exemplo nos escritórios regionais da EMATER – MG.

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7 - BRIX

 A colheita da cana-de-açúcar deve ocorrer entre 12 e 14 meses após o plantio ou

corte, período em que a planta atinge o seu ponto de maturação, indicado pelo teor 

de sólidos solúveis no caldo. O Brix mede a porcentagem de sólidos solúveis

existentes em um líquido açucarado, podendo ser determinado através do

refratômetro ou, na sua falta, com o uso de um aerômetro de Brix, instrumento

comum nos alambiques. Neste caso, recomenda-se colher de 12 a 18 canas, ao

acaso, extraindo seu caldo, que será usado para a leitura no aparelho, que deverá

indicar um valor mínimo de 18 graus Brix. À medida em que a cana envelhece, a

tendência normal é de aumento do Brix, que poderá atingir 22 ou 23 graus,

dependendo da variedade, época do ano e região

Portanto, torna-se fundamental para um bom rendimento na fabricação de rapadura,

melado ou açúcar mascavo que a cana-de-açúcar seja colhida em estágio ideal de

maturação, utilizando-se da leitura do Brix como indicador do momento de se

realizar o corte e a moagem da cana.

Em todos os processos, ocorre a concentração dos açúcares do caldo. A Tabela 11

apresenta os valores de Brix para o caldo de cana madura e para cada um dos

subprodutos aqui considerados

TABELA 11 – Teor de brix para o caldo e subprodutos

da cana-de-açúcar 

Produto Brix (Graus)

Caldo de cana madura 18 a 23

 Açúcar Mascavo 91 a 93

Rapadura 88 a 89

Melado 74 a 78  Fonte – Universidade Federal de Lavras - UFLA

 As considerações a respeito do período de corte também são válidas para o uso da

cana-de-açúcar para alimentação animal. A partir deste ponto, serão feitas

considerações a respeito desta modalidade de utilização da cana, que tem grande

importância econômica para a exploração pecuária no estado de Minas Gerais.

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8 - SACHARINA

 A associação da produção de cachaça com a pecuária, seja ela de leite ou de corte,

se mostra uma atividade comum no estado de Minas Gerais. A cana-de-açúcar se

caracteriza como uma excelente forrageira para alimentação do gado, quando usada

com critério. Porém, sabe-se que ela não é um alimento completo. Para corrigir a

deficiência de proteína e de minerais e, ainda, possibilitar a armazenagem,

principalmente das sobras de cana-de-açúcar que às vezes ocorre na propriedade, a

sacharina é uma opção interessante de utilização.

 A sacharina consiste no enriquecimento da cana-de-açúcar triturada (colmos e

pontas, livre de palhas secas) com uréia e mistura mineral, sendo que o material

seco pode ser armazenado por até seis meses.

 A sacharina tem sido indicada para a alimentação de rebanhos em pequenas

propriedades rurais, uma vez que sua produção é feita de forma simples e

artesanal.

8.1 - PROCESSO DE PREPARAÇÃO

 A cana-de-açúcar, com pontas e livre de palhas secas, deve ser desintegrada em

partículas de 4 a 8 mm e, logo em seguida, deve ser espalhada em um terreiro,

manualmente ou com auxílio de máquinas, numa espessura de 3 a 5 cm.

Para cada tonelada de cana fresca desintegrada deve ser adicionado, de um modo

bem uniforme sobre a camada esparramada no terreiro, 15 kg de uréia, 5 kg de

mistura mineral e 2 kg de sulfato de amônio. Após este procedimento, com o auxílio

de uma enxada, deve-se misturar bem a camada de cana enriquecida com os

produtos adicionados.

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Depois de se proceder a mistura, deve-se fazer uma camada grossa (20 cm) para

que a temperatura e a umidade sejam adequadas para que haja fermentação do

material. Esta camada deve ser movimentada várias vezes durante o dia para que o

oxigênio entre no meio da cana e o processo de fermentação seja acelerado.

Dois dias depois de iniciado o processo, dever ser feita uma nova camada bem fina

(3 cm) no terreiro para a completa secagem do produto. Passado esse período, a

sacharina pode ser armazenada em sacos ou a granel, em local seco, por até seis

meses.

Deve-se ressaltar que a cana-de-açúcar deve estar madura por ocasião do corte. Sefor uma variedade de maturação precoce, a sacharina poderá ser feita nos meses de

maio e junho. Caso seja uma variedade de maturação média, o período apropriado

para a produção é de julho a setembro e, caso a variedade seja tardia, o ideal será

produzi-la entre os meses de outubro e dezembro.

Vale a ressalva de que é importante a consulta a um técnico em alimentação animal,

zootecnista, médico veterinário ou agrônomo, para formulação de dietas nutricionaispara o rebanho. Tal orientação pode ser dada nos escritórios regionais da EMATER

 – MG.

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8.2 - FLUXOGRAMA DE PREPARAÇÃO

COLHEITA DA CANA-DE-AÇÚCAR

RETIRADA DA PALHA SECA DOS COLMOS

ADIÇÃO DE URÉIA, MISTURA MINERAL ESULFATO DE AMÔNIO

DISTRIBUIÇÃO NO TERREIRO(CAMADA FINA)

DESINTEGRAÇÃO DOS COLMOS E PONTASVERDES

SECAGEM

DISTRIBUIÇÃO NO TERREIRO(CAMADA FINA)

FERMENTAÇÃO

MISTURA

DISTRIBUIÇÃO NO TERREIRO(CAMADA GROSSA)

ARMAZENAMENTO

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8.3 - APLICABILIDADE DO SUBPRODUTO

 A sacharina vem despertando grande interesse por parte de pequenos produtoresrurais, já que se constitui em um alimento mais completo que a cana-de-açúcar pura,

permite o armazenamento por até seis meses e elimina o risco das intoxicações que

podem ocorrer quando se faz uso da mistura tradicional de cana-de-açúcar com

uréia.

 A mistura apresenta como composição média 87% de matéria seca, 14% de

proteína bruta, 3,5% de proteína verdadeira e 62% de fibra detergente neutro. Amesma pode ser usada como um substituto parcial (50 a 70 %) do concentrado

fornecido a bovinos, tanto animais jovens como vacas em lactação, de acordo com

orientação do técnico em nutrição animal.

8.4 - INVESTIMENTOS COMPLEMENTARES

Levando-se em conta que na propriedade já existem disponíveis o desintegrador e o

terreiro, os investimentos necessários para a obtenção da sacharina são apenas

para a compra dos insumos (uréia, mistura mineral e sulfato de amônio) e de mão-

de-obra de preparo. O quadro a seguir demonstra o custo de produção de uma

tonelada de sacharina.

TABELA 12 – Custos de produção de 1 tonelada de sacharina

Item Quantidade R$ / kgValor total

R$Cana-de-açúcar 1000 kg 0,023 23,00

Uréia 15 kg 2,00 30,00

Mistura mineral 5 kg 1,70 8,50

Sulfato de amônio 2 kg 2,25 4,50

Subtotal 66,00

Mão de obra 14,00

Valor total 80,00  Fonte – Universidade Federal de Lavras - UFLA

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9 - CANA-DE-AÇÚCAR ENRIQUECIDA COM URÉIA E

FONTE DE ENXOFRE

Uma outra opção para o uso da cana de açúcar para alimentação animal é a sua

mistura com uréia e fonte de enxofre na dieta do gado de leite ou corte, seja

confinado ou em pastoreio, principalmente durante o período seco do ano.

É uma tecnologia relativamente simples, que requer reduzido investimento doprodutor e que vem sendo bastante difundida pela EMBRAPA - Gado de Leite,

sediada em Coronel Pacheco - MG.

9.1 - PROCESSO DE PREPARAÇÃO

O primeiro passo é a mistura da uréia com uma fonte de enxofre, na base de nove

partes de uréia e uma parte de sulfato de amônio, ou oito partes de uréia e duas

partes de sulfato de cálcio. Pode ser preparada em quantidades suficientes para

alimentar o rebanho por vários dias, guardando-se a mistura em sacos plásticos em

local seco e fora do alcance dos animais.

Uma vez colhida a cana madura (colmos e folhas verdes, inclusive o ponteiro), ela é

picada no momento de ser fornecida aos animais, evitando a fermentação

indesejável, que irá reduzir o consumo.

Na primeira semana de fornecimento da cana-de-açúcar enriquecida (período de

adaptação), a quantidade a ser usada é de 0,5% da mistura uréia + fonte enxofre na

cana, ou seja, para cada 100 kg de cana picada adicionar 500g da mistura, diluída

em quatro litros de água.

Da segunda semana em diante (período de rotina), a quantidade a ser usada é de

1% da mistura uréia + fonte de enxofre, diluída em quatro litros de água. Seguindo o

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exemplo anterior, a partir da segunda semana, para cada 100 kg de cana-de-açúcar 

deve ser adicionado 1 kg da mistura uréia + fonte de enxofre diluído em 4 litros de

água.

 A diluição da mistura em água é indicada para facilitar e assegurar a incorporação

uniforme da mistura à cana picada. Com o auxílio de um regador, esta solução é

distribuída por cima da cana picada no cocho de fornecimento aos animais e

rapidamente revolvida com as mãos, visando a uma mistura homogênea antes de

ser consumida, evitando-se os riscos de intoxicação pelo aumento da concentração

da uréia em alguma parte do cocho.

Depois do período de adaptação pode-se fornecer a mistura da cana-de-açúcar com

uréia à vontade, eliminando-se sobras no cocho do dia anterior, para que também

não ocorra a concentração de uréia, o que pode trazer problemas de intoxicação aos

animais.

Mais uma vez, vale a ressalva de que é importante a consulta a um técnico em

alimentação animal, zootecnista, médico veterinário ou agrônomo, para formulaçãode dietas nutricionais para o rebanho, podendo o produtor procurar o escritório da

EMATER – MG para obter tal informação.

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9.2 - FLUXOGRAMA DE PREPARAÇÃO

MISTURA URÉIA + FONTE DE ENXOFRE

ENSACAMENTO E ARMAZENAMENTO

DESINTEGRAÇÃO DA CANA

RETIRADA DA PALHA SECA DOS COLMOS

COLHEITA DA CANA DE AÇÚCAR

ELIMINAÇÃO DAS SOBRAS NO COCHO

FORNECIMENTO AOS ANIMAIS

MISTURA NO COCHO

DISTRIBUIÇÃO NO COCHO

ADIÇÃO DA MISTURA DILUÍDA DE URÉIA +FONTE DE ENXOFRE

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9.3 - APLICABILIDADE DO SUBPRODUTO

O fornecimento da cana-de-açúcar picada no cocho e enriquecida com a mistura

uréia + fonte de enxofre para o gado de leite ou corte, durante o período seco do

ano, pode alimentar animais em confinamento ou em pastejo, com suplementação

concentrada, dependendo das limitações econômicas ou das conveniências para o

produtor rural.

Esta tecnologia é muito simples, facilmente adotada e com baixa demanda de capital

para sua implementação.

9.4 - INVESTIMENTOS COMPLEMENTARES

Levando-se em consideração que na propriedade já existe a disponibilidade de uma

picadeira de cana-de-açúcar, os investimentos necessários serão apenas a compra

de uréia, fonte de enxofre e mão de obra de preparo, resultando no custo de

produção apresentado nas Tabelas 13 e 14.

TABELA 13 – Custos de produção de 1 tonelada de cana-de-açúcar 

enriquecida com uréia e fonte de enxofre (sulfato de amônio)

Item Quantidade R$/kgValor total

R$

Cana-de-açúcar 1000 kg 0,023 23,00

Uréia 9 kg 2,00 18,00

Sulfato de amônio 1 kg 2,25 2,25

Mão de obra 10,00

Total 53,25  Fonte – Universidade Federal de Lavras – UFLA

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TABELA 14 – Custos de produção de 1 tonelada de cana-de-açúcar 

enriquecida com uréia e fonte de enxofre (sulfato de cálcio)

Item Quantidade R$/kg Valor totalR$

Cana de açúcar 1000 kg 0,023 23,00

Uréia 8 kg 2,00 16,00

Sulfato de cálcio 2 kg 2,30 4,60

Mão de obra 10,00

Total 53,60  Fonte – Universidade Federal de Lavras - UFLA

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10 - FORRAGEM PURA DE CANA PICADA

 A cana-de-açúcar, como forragem tropical, merece destaque pelo enorme potencial

para produção de matéria seca e energia por unidade de área. Ao contrário de

outras forrageiras, que geralmente reduzem o valor nutritivo com o avançar da idade

da planta, a cana conserva seu valor por períodos relativamente prolongados,

facilitando, desta forma, sua utilização em períodos de escassez mais acentuada de

forragem, normalmente nos meses de julho e agosto.

Entretanto, deve ser ressaltado que a cana-de-açúcar não é um alimento completo,

havendo a necessidade de complementação protéica e mineral na alimentação do

gado leiteiro ou de corte.

10.1 - PROCESSO DE PREPARAÇÃO

 A cana-de-açúcar é cortada madura, fazendo-se o corte bem rente ao solo. Em

seguida é feita a despalha das folhas secas, levando-se a cana integral (colmos,

folhas verdes e ponteiros) para a picadeira. A cana fresca é picada e o material é

fornecido no cocho para o gado. A sobra da cana picada no cocho do dia anterior 

deve ser eliminada.

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10.2 - FLUXOGRAMA DE PREPARAÇÃO

COLHEITA DA CANA-DE-AÇÚCAR

RETIRADA DA PALHA SECA

FORNECIMENTO AOS ANIMAIS

DISTRIBUIÇÃO NO COCHO

DESINTEGRAÇÃO DA CANA

ELIMINAÇÃO DAS SOBRAS NO COCHO

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10.3 - APLICABILIDADE DO SUBPRODUTO

Principalmente no período da seca, quando não se dispõe de outras forragens, a

cana-de-açúcar tem sido utilizada como forrageira na alimentação do gado.

Entretanto, a exploração máxima de seu potencial como alimento volumoso depende

de sua suplementação com outras fontes protéicas e minerais, de modo que os

níveis de produção sejam compatíveis com uma exploração racional

10.4 - INVESTIMENTOS COMPLEMENTARES

Levando-se em conta que na propriedade já existe picadeira, não há necessidade de

investimentos complementares para a produção de forragem pura de cana picada,

devendo ser contabilizada a mão-de-obra necessária à tarefa. O custo de produção

de uma tonelada de cana-de-açúcar picada é apresentado na Tabela 15.

TABELA 15 – Custo de produção de cana-de-açúcar 

Item Quantidade R$

Cana de açúcar 1000 kg 23,00

Mão de obra 5,00

Total 28,00  Fonte – Universidade Federal de Lavras - UFLA

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11 - BAGAÇO TRATADO

O bagaço da cana-de-açúcar pode ser utilizado na alimentação do gado bovino.

Entretanto, há necessidade de suplementação alimentar e / ou tratamento em

função do baixo consumo, afetado principalmente pela baixa quantidade de proteína

e alta quantidade de fibra. Com isto, o nível máximo de participação do bagaço nas

rações tem sido de 25%.

Para melhorar seu aproveitamento o bagaço, é submetido à hidrólise, que consiste

na aplicação de alta temperatura e alta pressão ao mesmo, antes de ser fornecido

aos animais. Entretanto, este procedimento só tem sido feito em grandes destilarias

de álcool e usinas de açúcar.

Um tratamento que pode ser feito no bagaço nas pequenas propriedades rurais,

melhorando sua digestibilidade, diz respeito a adição de hidróxido de sódio (NaOH).

11.1 - PROCESSO DE PREPARAÇÃO

Uma vez obtido o bagaço, através da moagem dos colmos de cana-de-açúcar, ele é

tratado com NaOH, diluindo-se de 4 a 6 kg de hidróxido de sódio em 100 litros de

água. Em seguida, rega-se a massa de bagaço na proporção de 1 litro da mistura

para cada quilo de bagaço, promovendo-se a seguir a mistura manual do composto

para uma boa homogeneização. O produto deve ser deixado em repouso por 24

horas, antes de ser fornecido aos animais.

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11.2 - FLUXOGRAMA DE PREPARAÇÃO

COLHEITA DA CANA-DE-AÇÚCAR

DESPONTA E DESPALHA LATERAL

TRATAMENTO COM NaOH

BAGAÇO

MOAGEM

FORNECIMENTO AOS ANIMAIS

MISTURA

REPOUSO DE 24 HORAS

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11.3 - APLICABILIDADE DO SUBPRODUTO

 A sobra do bagaço que não é utilizado na queima em fornalha, pode ser aproveitada

na alimentação do gado bovino, resolvendo, inclusive, problemas de espaço no pátio

do alambique. Para melhorar sua digestibilidade, entretanto, este bagaço deve ser 

tratado com NaOH (hidróxido de sódio), sendo que a utilização do produto obtido

deve ficar restrita a quantidades máximas entre 20 e 30% da matéria seca fornecida

aos animais diariamente.

11.4 - INVESTIMENTOS COMPLEMENTARES

Considerando que se tem disponível o bagaço, oriundo da moagem da cana-de-

açúcar para a fabricação de cachaça, há necessidade, apenas, da aquisição do

hidróxido de sódio (fonte de NaOH) a ser misturada, além do gasto da mão-de-obra

no preparo. O custo de produção de uma tonelada de bagaço tratado é apresentado

na Tabela 16.

TABELA 16 – Custos de produção de 1 tonelada de bagaço tratado

Item Quantidade TotalBagaço 1000 kg 0,00

Soda 50 kg 85,00

Mão de obra 10,00

Total 95,00 Fonte – Universidade Federal de Lavras - UFLA

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12 - OUTROS SUBPRODUTOS DA CANA-DE-AÇÚCAR

12.1 - PONTA DE CANA

 A ponta de cana-de-açúcar que fica sobre o terreno após a colheita pode ser 

aproveitada na alimentação do gado bovino, constituindo-se num alimento volumoso

de qualidade razoável, principalmente no período de seca. Pode ser picada e

fornecida aos animais, enriquecida com suplemento protéico (farelo de soja ou

algodão). Esta ponta de cana também pode ser picada junto com capim para ensilar,

na base de 20% do peso total.

12.2 - VINHAÇA

 A vinhaça, ou vinhoto, subproduto da fabricação da cachaça, pode ser aplicada nas

soqueiras de cana-de-açúcar, na base de 100 m3/ha, em substituição à adubação

química. É um adubo orgânico líquido que pode ser aplicado por meio de caminhão-

tanque, tanque tracionado por trator, sulcos de infiltração ou aspersão.

Um uso alternativo da vinhaça seria o produto in natura  na alimentação animal,

recomendável, entretanto, apenas para o gado adulto. A vinhaça é colocada em

tambores, onde é consumida pelos animais. Entretanto, deve ser ressaltado que a

vinhaça, no estado natural, apresenta teores de matéria seca extremamente baixos

de 4 a 6 %, o que se constitui em uma limitação do ponto de vista nutricional.

Trabalhos detectaram efeitos benéficos da vinhaça líquida em substituição à água

para bovinos em confinamento, com consumo diário de 18 a 22 litros por animal.

Ressalta-se que, para adubação ou alimentação animal, a utilização da vinhaça

deverá ser orientada por um técnico da área.

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12.3 - COMPOSTO

O composto orgânico é o produto da fermentação de todos os resíduos vegetais que

sobram na produção da cachaça. Podem ser usados o bagaço da cana-de-açúcar,

as ponta, cinzas resultantes da queima do bagaço e vinhaça, além de outros

produtos disponíveis na propriedade como, por exemplo, o esterco de curral.

Quando bem fermentado (3 a 6 meses), o composto pode então ser usado na

adubação da própria cana-de-açúcar, eliminando-se a adubação nitrogenada e

reduzindo-se a adubação fosfatada e potássica.

 A composição do composto é bastante variável, em razão da diversidade de

materiais e proporções utilizadas no seu preparo. De qualquer forma, a utilização de

compostos nas pequenas propriedades constitui-se em prática viável e

recomendável.

Uma fórmula utilizada para a produção do composto é a disposição em pilhas de 2 a

3 partes de bagaço de cana para cada parte de esterco bovino. Pode-se adicionar 3% de fosfato natural à mistura, devido ao baixo teor de fósforo no esterco e no

bagaço de cana. Após a mistura do material e montagem da pilha, observar se há

aumento da temperatura, indicando a ocorrência de fermentação. Se a temperatura

não subir dentro de 24 horas, desmanche a pilha e adicione um pouco mais de

esterco, repetindo a operação.

Informações importantes para preparação do composto:

•  Picar os resíduos de 3 a 5 cm;

•  Montar as pilhas sobre pedaços de madeira, como galhos, gravetos e estrados;

•  Inserir pedaços de bambu ou canos durante a montagem, retirando-os em

seguida deixando canais de ventilação;

•  Revirar a pilha periodicamente, aos 15 e aos 30 dias após a montagem e mais

duas vezes ao final do processo;•  Molhar a pilha na montagem e nos reviramentos, a cada camada depositada,

sem encharcamento. Na prática, observa-se o teor de umidade apertando o

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composto com as mãos, sentindo que o mesmo está úmido mas sem

escorrimento de água;

•  O tempo de duração do processo é muito variável, situando-se, em média, entre

80 e 120 dias.

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13 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

 A produção de cachaça se constitui em importante fonte de renda para diversas

propriedades rurais de Minas Gerais. Em função da matéria-prima utilizada, a cana-

de-açúcar, o produtor de cachaça e sua família têm à disposição uma infinidade de

alternativas de produção, considerando a infra estrutura básica já instalada na

propriedade.

 A adaptação de um alambique para a produção de rapadura, melado e açúcar 

mascavo, dentre outros produtos, é de fácil implementação e custos relativamente

baixos. A alternativa de renda complementar e a possibilidade de enriquecimento da

dieta diária da família justificam os esforços no sentido de produzi-los.

No tocante ao manejo do gado bovino, a cana-de-açúcar permite praticidade no

fornecimento da alimentação volumosa , também a baixos custos relativos. Como é

freqüente a associação da produção da cachaça com a exploração pecuária, o uso

da cana-de-açúcar como fonte de alimento para o gado confere melhor utilização

dos recursos produtivos, como a terra, insumos e mão-de-obra e,

conseqüentemente, redução do custo de produção de ambas as atividades.

Por sua vez, a utilização da adubação orgânica proveniente do uso da cana-de-

açúcar também representa grande vantagem para o produtor, permitindo a melhoria

das condições de estrutura e fertilidade do solo, refletindo positivamente naprodutividade da lavoura.

Pelo exposto, a exploração de atividades complementares à produção da cachaça

são alternativas interessantes para o produtor e sua família, sendo fundamental, no

entanto, o planejamento do negócio.

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14 - BIBLIOGRAFIA

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