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© 1997-2010 www.guiarioclaro.com.br - 22.000 exemplares - distribuição gratuita ano 3 número 35 - setembro 2010

TELMO KEIM

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ano 3 número 35 - setembro 2010

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Nas trilhasVimos a Drops e adoramos....Eloá levou a revista para a faculdade em Piracicaba e fez o maior sucesso. No Boulevard em Rio Claro e também na Rádio Araras FM não foi diferente. Todo mundo com quem converso adora sua revista. Parabéns pelo belo trabalho!Sucesso sempre!Norma Barbosa - avó da cantora Eloá Leitão Cordeirópolis

Bom LeitorTenho recebido regularmente em minha casa a revista Drops e queriaparabenizá-los pela mesma, já que possui um editorial bem pautado einteressante para o bom leitor.Flavio Augusto Ferrazwww.timberfloor.com.br – Rio Claro

Olhar de carpinadorDepois de publicar na página 27, da edição de agosto, o texto “O quereres” de Caetano Veloso, vocês têm a obrigação de exercer a mais radical seletividade. Não é qualquer poema que pode ser publicado depois desse, excelente e lindo. Ótima escolha. Um abraço.Tom Zé -São Paulo

Nota do editorCaro Tom Zé, toda escolha tem seu momento. A música do Caetano, lançada em 1984, me fez ouvi-la muitas vezes seguidas para ser minimamente compreendida 26 anos depois. Que a simplicidade continue no seu caminho.

Escreva para a Drops. Queremos uma revista com a sua cara: [email protected]

E-mails

Editor-executivo: Carlos Marques

MTB 56.683 [email protected]

Editora-assistente: Lilian Cruz

[email protected]

Redação: Marcos Abreu, Rafael Moraes

e Cláudia do Canto [email protected]

Criação: Leonardo Hutter e Silvia Helena [email protected]

Atendimento: Thais Cuba e Raissa Belchior

[email protected]

Tecnologia da Informação: Elton Hilsdorf Neves

[email protected]

Financeiro: Neliane Favaretto

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Cadastro: Jair Senne

[email protected]

Edição e Produção: enfase - assessoria & comunicação

Avenida Sete, 540 - Andar Superior 13500-370 - Rio Claro/SP

Fone: 19 2111.5057

Impressão: Gráfica Mundo www.graficamundo.com.br

Tiragem: 22.000 exemplares

Distribuição gratuita nas cidades de Rio Claro, Araras, Piracicaba, Limeira,

Santa Gertrudes e Cordeirópolis.

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SumárioBazar ................................................6

Entrevista ......................................9

Gastronomia ...................19-24

Ensaio ...........................................27

Cultura ..................................... 33Música .........................................37Intercâmbio ........................... 39

Comportamento ................. 43Saúde ........................................ 47Contraponto .......................... 50

Editorial

Olivier Anquier em entrevista para a Drops

Foto: Telmo Keim

Simplesmente, uma dobraO que seria uma simples dobra no espaço? Uma es-quina, uma curva talvez. E no tempo? No tempo de uma vida, uma guinada, uma daquelas reviravoltas que nos faz sentir vivo novamente e contra as quais, normalmente, relutamos.

Ao contrário, predestinar-se parece ter se transfor-mado imperativo no mundo pós-moderno. Se você se perguntar como isso é possível, diria que basta olhar nossos comportamentos para perceber que cada vez mais tolhemos nossa espontaneidade. Em um mundo de projeções, pré-definir e quantificar objetiva fins, via de regra, entendidos como necessários.

E a vida, onde fica? Onde colocamos o simples fato de não determinarmos todas as variáveis e, em muitos casos, contarmos com a sorte? Nesse contexto, o que nos é dado parece ter se transformado em objeto de desejo, um desejo que nos dá a sensação de super-homens em constante vigília para enfrentar tudo e todos que ameacem nossos objetivos.

O pão, que do centeio deu forma à humanidade e, ain-da assim, continua a ser pão, ou a água, que quanto menos incomodada mais transparente, parecem não mais satisfazer nossas necessidades, do mesmo modo a sagacidade em vivermos o fortuito, o que nos é dado ao virar uma esquina, por exemplo, parece não mais chamar atenção.

Hoje, aquilo que está para além de uma dobra confi-gura-se num mundo de informações que induzem a repetições e a comportamentos previsíveis. No entan-to, pão ainda é pão, água é água. Simples, básicos e eficientes. Suficientes se não houvesse a falsa sensa-ção que podemos dominar nossas vontades.

Assim, na primavera de 2010, fechamos mais um ciclo de publicações. São três anos de edições da Drops e a sensação do esforço essencial, pois ele ainda se nutre de pão e água. Boa leitura!

Carlos Marques

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Bazar

Manusear ingredientes, prezar pela temperatura da bebida e preparar uma bela mesa, podem ser experiências repletas de saberes e sensações. A Drops traz utensílios especiais para complementar o momento de uma das ações mais essenciais do homem: comer

Elegância à mesa

As peças da linha Personalité da Tramontina são produzidas em aço inoxidável com acabamento fosco e ficam ainda mais sofisticadas com a aplicação de cristais Swarovski em diferentes cores. O design contemporâneo se une ao brilho das pedras e traz elegância à mesa.

Panela elétrica que faz comida boa

A panela elétrica 3 em 1 da Fagor é a ferramenta ideal para o preparo de arroz com apenas o toque de um botão, tem alta e baixa pressão para cozinhar os alimentos preservando suas cores e sabores característicos, permite ainda a programação slow cooker, flexível para até nove horas e meia, sem queimar nenhum ingrediente. Como requer o uso de pouco ou nenhum óleo, faz parte do cardápio para uma alimentação mais saudável.

R$ 536,40 www.chefscatalog.com

Preço sob consulta Loja Gallo Decorações Rio Claro 19 3524.4111 Piracicaba 19 3522.8915 www.gallodecor.com.br

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Receitas à mão

O Qooq é uma ferramenta com tecnologia touch-screen que fará sucesso em sua cozinha. Criado para auxiliar os aspirantes a cozinheiro e também os chefs mais exigentes, tem 500 receitas já inclusas e pode receber outras novas. Vídeos de instruções fazem parte do menu, além de cardápios e lista de compras. Com wi-fi incluído, permite acesso à estações de rádio e notícias do clima.

€ 400,00 Ainda não disponível no Brasil www.qooq.com

Na temperatura ideal

Os estilos e as formas de relacionamento são diversos, mas o vinho é uma grande paixão e merece cuidados para ser apreciado. A adega da Art des Caves possui termostato eletrônico que permite a programação da temperatura, termômetro digital e capacidade para 38 garrafas. Mede apenas 82 x 52 x 61 cm e tem acabamento externo em aço inox escovado.

R$ 4.601,00 www.maisondescaves.com.br

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Entrevista

De pão a padeiropor Rafael Moraes | fotos Telmo Keim

Nascido na França, Olivier Anquier escolheu o Brasil como sua casa. São mais de 30 anos de conquistas, descobertas e um legado familiar:

a arte de cozinhar

Se uma frase fosse suficiente para delinear a per-sonalidade inquieta de Olivier Anquier, seria pruden-te arriscar a seguinte citação: “Olivier não muda, ele é sempre diferente”. Modelo internacional, dono de restaurantes, padeiro, apresentador de televisão, cozi-nheiro, e acima de tudo, um apaixonado pelo Brasil.

Desde 1996, quando estreou na TV Record, Anquier apresenta ao público suas experiências culinárias, não como chef, mas como alguém que fez da cozinha a sua vida, seu trabalho e acima de tudo, uma experi-ência contínua.

Atualmente, Anquier apresenta do “Diário do Oli-vier” no canal pago GNT. A nova temporada traz um tempero que vai além dos condimentos habituais, pois desta vez as viagens, especialmente as que o remetem às origens francesas, têm como companhia sua filha Julia, de 16 anos.

Figura carismática, Anquier recebeu a Drops em seu restaurante L’Entrecôte de Ma Tante, localizado no Bairro do Itaim Bibi, em São Paulo. Num bate papo descontraído, o francês, que há 31 anos mora no Brasil, evidencia sua paixão pela cozinha e deixa claro que não é preciso nascer em nosso país para ser brasileiro.

“Sou mais que um brasileiro nato, pois não nasci aqui, eu escolhi viver aqui.”

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Entrevista

Na nova temporada de seu programa você viaja até suas origens na França em companhia de sua filha Julia. Como surgiu esse interesse, tanto seu como dela? Existe o contraste de gerações?Essas viagens eram algo que eu desejava fazer. Inicialmente, não contava com a presença de minha filha, mas já existia essa vontade de viajar pela França. Alguns telespectadores me conhecem desde 1996, mas não sabem exatamente de onde venho e de onde vem essa intimidade com o mundo da culinária. Essa viagem não é propriamente pela França, mas sim na minha França, a França da minha origem, das pessoas importantes para mim, para mostrar para o telespectador quem sou e, de certa forma, dar o caminho para eles entenderem como eu virei esse personagem e como passei a atuar nessa área no Brasil. Essa experiência foi dividida com a minha filha, pois há quatro anos eu havia feito uma viagem de moto com meu filho mais novo, o Hugo, que na época tinha oito anos. Isso gerou uma cobrança da parte dela, que também queria

fazer uma viagem nesses moldes e, de certa forma, quem provocou essa oportunidade foi ela e tudo acabou se encaixando. Emocionalmente foi muito gratificante e essa sensação foi multiplicada por cem. Pude contar minha origem ao telespectador com a presença de minha filha, porque isso remete às origens dela também e à história que existe entre nós.

Você chegou ao Brasil em férias aos 20 anos de idade e por aqui ficou. O que o Brasil te ofereceu que lhe cativou?A grande diferença é o contraste na maneira de viver, de se comportar, de enxergar e se relacionar, um estilo de vida que contrasta muito com minha origem e com a cultura de onde nasci, com a educação que tinha recebido até então e com a maneira de viver que eu tinha. Quando cheguei no Brasil, me deparei com uma comunicação, uma felicidade, uma tranquilidade, um carinho e uma generosidade, enfim, algo totalmente diferente daquilo que havia vivido até então. Aqui me encontrei e encontrei algo que

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procurei por toda a minha vida. É por isso que digo que sou brasileiro de origem francesa. Sou mais que um brasileiro nato, pois não nasci aqui, escolhi viver aqui e acredito que por ter feito essa escolha acabo dando mais valor ao país. Acredito que isso se traduz também através do trabalho que faço.

Depois de estabelecido no Brasil, como foi o processo entre o trabalho nos seus restaurantes, a idealização e a concretização de sua primeira padaria?Eu sou de família de padeiros. Não foi necessário sonhar em ter uma padaria, foi algo natural, devido às consequências da vida. Outros fatores decisivos foram a observação daquilo que faltava nessa área, e o que eu poderia trazer para somar, além de uma exigência pessoal, pois ao invés de ficar esperando alguém fazer ou não fazer aquilo que eu acreditava que faltava, eu decidi fazer. E também algumas coisas pessoais, como

o nascimento da minha filha, já que após o nascimento de um filho automaticamente você muda, você não percebe, mais muda sua maneira de pensar, de agir.

Quanto tempo demorou e qual foi a dificuldade de montar e treinar pessoal para que executassem suas receitas?A primeira coisa que fiz foi ir para a Austrália, até a padaria de minha mãe, para entender como funcionava a logística de produção. Fazer o pão eu já sabia, mas a solução de como fazer, sobre as especificações de como desenvolver 25 tipos de produtos, entre folheados, pães etc., eu precisei aprender. Foi um processo que demorou dois meses, pois quando temos fome de conhecimento, absorvemos rápido. Depois, quando voltei, as pessoas falavam: ‘Você está louco, não tem mão de obra qualificada, não tem matéria-prima de qualidade, o público não vai entender nada do que você vai fazer’. Matéria-prima de qualidade tem, os materiais que eu precisava já existiam, tanto é que os encontrei. Já a mão de obra foi mais difícil. Encontrar profissionais para produzir com qualidade um produto voltado para o povo, não havia. Algo

“Na França se encontra a mais sofisticada técnica culinária, a base da

cozinha, que é muito importante.”

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Entrevista

que a elite sempre teve. E então como fazer? É muito simples: você forma. A qualidade dessa mão de obra depende de como você se relaciona com essas pessoas. É necessário que se tenha respeito, que você transmita segurança. Em relação ao público, quando abri a minha primeira padaria, em 1995, não conhecia quase nada, por que não teve nenhum padeiro português que aceitasse sair da sua poltrona para fazer evoluir o mundo da panificação. Por que servir algo diferente se o pãozinho francês era suficiente? E, naquele momento, grande parte dos clientes não podia viajar para o exterior, já que a classe média não era tão favorecida, não podia nem mesmo sonhar em viajar. Aí, com o Plano Real, houve uma mudança radical na economia que favoreceu o acúmulo de referências.

Inaugurado em julho de 2009, o Bistrô L’Entrecôte de Ma Tante, oferece uma proposta diferenciada, a de servir um menu único. Salada de entrada com molho à base de mostarda, o entrecôte (corte francês, bovino e nobre) com o molho de sua tia Nicole e batatas fritas. Como surgiu essa ideia?A ideia desse estabelecimento surgiu a partir do momento que eu idealizei um local no qual as pessoas pudessem vir e se sentir como se estivessem comendo em minha casa. Além disso, as pessoas sempre vão aos mesmos restaurantes e pedem sempre os mesmos pratos, se mudam o cardápio, mudam de restaurante. Então, já que é assim mesmo, resolvi servir em minha casa apenas um menu, porque, inclusive, não sou chef sou cozinheiro. Então, pronto, um prato tradicional de família. Cada mãe mantém o segredo do seu molho, aquela velha história, ‘a minha mãe faz o molho melhor do que a sua’. Em suma, um molho tradicional. A receita é da minha tia e não de minha mãe, está na família há três gerações e ficou decidido que esse seria nosso molho ‘oficial’. Para quem recebo em minha casa, esse é um prato que satisfaz a todos. E é justamente essa maneira diferenciada de servir que me faz único.

A França é o berço de inúmeras técnicas

gastronômicas. Você acredita que a França realmente é o país no qual se encontram os melhores pratos?Na França se encontra a mais sofisticada técnica culinária, a base da cozinha, que é muito importante. O refinamento veio depois, as maneiras de se comportar e de apresentar não são francesas, elas vieram da Itália. Foi a Itália que introduziu isso na França, que aproveitou todo esse alicerce culinário e colocou as maneiras italianas, isso ocorreu na era renascentista, e, a partir daí, a França surgiu como referência para toda a área da gastronomia. Uma simbiose cultural.

Ao analisar toda essa herança gastronômica e cultural que a França emana, é possível traçar um paralelo com o que ocorre na cultura brasileira?O Brasil está em plena formação cultural, o país está em um ritmo condizente com a realidade de hoje, na qual as pessoas vivem com uma velocidade e intensidade muito grandes. As transformações que vêm acontecendo no Brasil nesses últimos 15 anos, a França - e toda a Europa - viveram em três séculos. O Brasil está em pleno desenvolvimento de sua história, consolidando sua sociedade, que evolui, está sendo esculpido devido à grande quantidade de informações e conhecimento que se tem hoje, algo que não acontecia antigamente.

Isso teria reflexo em uma exigência maior, por parte do público, em relação à comida?Não só em relação à comida, mas em tudo. Justamente por causa desse acúmulo de referências – e não existe evolução em uma sociedade sem acumular conhecimento próprio e de outras culturas, serve para que a população possa exigir e se inspirar. Hoje as pessoas buscam por qualidade e exigem coisas diferentes, porque têm conhecimento, já experimentaram em outros lugares e começam

“Existe apenas um ingrediente para se tornar um bom chef, ou um bom

cozinheiro, a VONTADE! ”

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Entrevista

a se questionar: ‘Por que aqui nós não temos essas coisas?’ É por isso que hoje tudo mudou, o pãozinho mudou, a gastronomia mudou.

Pela maior facilidade de encontrar informações, com diversos programas culinários na televisão, cursos de graduação e cursos livres sobre gastronomia, você acredita que hoje é mais fácil ser um bom cozinheiro?Os apetrechos sempre foram os mesmos. Talvez, exista hoje maior incentivo ao ato de cozinhar, mas na hora de fazer, o bife que se frita na frigideira é o mesmo. Com o tempo, passou a existir um charme maior na culinária, no âmbito da família, com os amigos. Os programas de televisão acabam por ajudar a quebrar o medo,

mas na hora de fazer, é você ali e pronto.

Você se autodenomina cozinheiro e não chef. Por não ter formação profissional nessa área (Olivier interrompe o entrevistador e brinca: Você quer dizer por não ter sofrido com a gastronomia?), você acredita que qualquer um pode se tornar um bom chef?Absolutamente! Existe apenas um ingrediente para se tornar um bom chef: vontade! Não se pode ficar preso às afirmações de que certa pessoa tem o dom e outra não, você tem o mesmo dom que eu. Se você quiser, você faz. Quando nasci, não sabia andar. Você sabia andar? Não sabia. Dois anos depois estava andando e todo mundo anda perfeitamente, ou alguém nasceu com o dom para andar?

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“A culinária não precisa ser algo sofisticado, é, na verdade, algo simples,

e no cotidiano as pessoas vão se ver obrigadas a encarar sozinhas a cozinha.”

O que separa o cozinheiro de um chef?O cozinheiro é uma pessoa que não tem compromisso, obrigações, não tem limites, o que o torna perigoso também. [risos]. Sua relação com a cozinha é com a cozinha de casa, da família, é uma cozinha da gente, uma prática acessível. Já a gastronomia é inacessível, o chef é uma pessoa que dedica a vida a estudar e conhecer as técnicas, pois é preciso muito estudo para se adquirir conhecimento. Disciplina e rigidez são a base para se tornar um grande chef. A gastronomia é um estudo hermético. A culinária é um Fusca e a gastronomia é a Ferrari. O Atala (Alex Atala, chef do restaurante D.O.M.) é um piloto de Fórmula 1 e eu um piloto de Fusca. Mas o importante mesmo é chegar ao mesmo lugar, que é criar prazer e emoção às pessoas ao oferecer aquilo que a gente prepara.

No dia a dia, com a correria, o ato de cozinhar acaba relegado. Você acredita que depois de um dia cansativo de trabalho, ainda sobra fôlego para encarar a cozinha?A culinária não precisa ser algo sofisticado. É, na verdade, algo simples e, no cotidiano, as pessoas vão se ver obrigadas a encarar sozinhas a cozinha. Ninguém tem grana para comer todo dia fora e dificilmente consegue pagar alguém para cozinhar todos os dias. Então, por não ter quem faça, ela começa a se aventurar na cozinha e isso é obrigatório, faz parte da sobrevivência. Quando as pessoas começam a morar fora de casa, elas começam a apresentar uma intimidade muito maior com essa situação, pois são pouquíssimas as pessoas que têm condições de ter alguém cuidando da casa e cozinhando integralmente. Comprar comida pronta também não é opção, já que é muito caro, o que faz o ato de cozinhar uma necessidade e parte da evolução de uma sociedade. Chega uma hora em que todo mundo vai ter que cozinhar. Eu não conheço ninguém que nunca cozinhou. Muitas vezes não é porque eles gostam, mas acabaram gostando, e por quê? Por uma questão de obrigação, uma realidade! Temos que comer e ninguém gosta de comer mal e é isso que significa sofisticar, significa ser coerente ao escolher coisas boas e experimentar, até produzir algo sensacional.

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Entrevista

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por Rafael Moraes | fotos Telmo Keim

A revista Drops adverte: Esse texto pode causar ondas de intenso calor, formigamento na língua e ardência nos lábios.

Para aqueles de paladar aguçado, algu-mas gotas ou pequenas porções salpicadas na comida fazem a diferença. A variedade de sabores, cores e formatos encantam e fascinam. Das adocicadas às aromáticas até às mais ou menos picantes.

A pimenta, um dos condimentos mais utilizados ao redor do mundo, presente em peso na culinária mexicana, tailandesa, indiana, na cozinha brasileira e em outros pratos étnicos, oferta sabor, substância

e charme a diversos preparos. Podendo ser consumida crua em sala-das, em refogados, cozida em caldeiradas ou outros guisados e também recheadas, assim como no pre-paro de doce de pimentas ou em bebidas especiais.

Na hora de provocar os sentidos, a co-meçar pelo paladar, uma pequena porção de pimentas pode acender paixões, des-pertar as papilas gustativas e transformar os preparos mais simples em um turbilhão de sensações.

In natura, em conserva, em vidros de molhos de todos os tipos, ardidas ou cheirosas, as pimentas são fundamentais na gastronomia moderna e acrescentam um sabor exótico e afrodisíaco, além de ser um elixir da saúde

Quintessência do sabor

Gastronomia

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Ardida e saborosaTanto as pimentas como os pimentões

pertencem à família Solanaceae, do gênero Capsicum, com mais de 150 variedades só no Brasil. Sua principal característica é o sabor picante que, como afirma a professora dou-tora Miriam Coelho de Souza, do Núcleo de Nutrição e Ciências & Tecnologia de Alimen-tos da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), “é relacionado ao teor de capsaici-na - um composto químico responsável pelo ardor da pimenta”.

No intuito de criar uma forma “científica” para medir o grau de ardência das pimentas, o químico Wilbur Scoville criou uma escala que leva seu nome e varia entre zero, não picante - representada pelo pimentão -, até o exorbitante valor de 16.000.000, o mesmo que ingerir a capsaicina pura. A Scoville Heat Units (SHU), como é chamada em inglês, re-presenta quantas porções de água devem ser adicionadas à pimenta até que ela não arda mais. Ou seja, para que um jalapeño, pimenta típica mexicana, não arda, deve-se adicionar entre 2500 e 8000 porções de água para cada porção equivalente de pimenta.

Além das propriedades gastronômicas, detalhes pouco divulgados ultrapassam o desafio do sabor marcante das pimentas. “Diversas delas são mais nutritivas que os pi-mentões. Geralmente as vermelhas possuem maior valor nutricional que as verdes. São boas fontes de antioxidantes, especialmente por conterem vitaminas A e C. As pimentas também contêm bioflavonóides, pigmentos vegetais que segundo pesquisas podem pre-venir o câncer”, afirma a nutricionista Simo-ne Ometto.

Outra vantagem em se ingerir esses frutos

são as propriedades analgésicas e energéti-cas, que favorecem a redução de coágulos no sangue (devido à função vasodilatadora), estimulam a produção de endorfina no cére-bro (hormônio que cria a sensação de bem-estar), além de antioxidantes, antiinflama-tórias e anticancerígenas. Algumas espécies apresenta cálcio, além de ferro e fibras.

DesmitificarA doutora em nutrição Miriam ressalta

que, ao contrário da crença popular, não há evidência de que o consumo moderado da pimenta possa causar úlceras ou produzir outros distúrbios digestivos, porém o exagero pode causar irritação no reto. Sobre possíveis danos à saúde, a nutricionista aponta que “a pimenta pode ser prejudicial se ingerida em grande quantidade, pois provoca o aumento das enzimas digestivas, inclusive as ácidas, o que agravaria a gastrite”.

Para aqueles que pensam que a pimenta-do-reino é um tipo de pimenta, ledo engano. Na realidade a pimenta-do-reino, também conhecida como pimenta-preta, difere das verdadeiras pimentas porque o componente causador do ardor não é a capsaicina e, sim, o alcalóide piperina, encontrado na família de plantas Piperaceae, que não se enquadra na categoria de frutos, como as genuínas pi-mentas.

É no pó da pimenta-do-reino crua ou pré-moída que o alerta ganha repercussão, “elas contêm aflatoxinas e o composto N-nitroso, ambos carcinogênicos. Além disso, o excesso de pimenta-do-reino moída pode aderir à parede do estômago e causar problemas de queimação estomacal e, até mesmo, agravar ou causar úlceras”, sinaliza a nutricionista Simone.

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Vitaminas presentes em todas as pimentas (exceto a pimenta-do-reino)

A - Combate radicais livres, ajuda na formação dos ossos e da pele, e nas funções da retina;

B1 - Atua no metabolismo energético dos açúcares;

B2 - Atua no metabolismo de enzimas e na proteção do sistema nervoso;

C - Fortale o sistema imunológico, combate radicais livres e aumenta a absorção do ferro pelo intestino;

E e licopeno – antioxidantes;

PP (ou niacina) - responsável pela manutenção da pele, proteção do fígado e regulação da taxa de colesterol no sangue;

Os capsaicinóides influenciam na liberação de endorfinas, causando uma sensação de bem-estar muito agradável, percebido pela elevação do humor. Também há evidências que o consumo de pimenta é benéfico para quem tem enxaqueca.

Devido às inúmeras espécies de pimenta e suas ardências características, os aventu-reiros e degustadores podem se banquetear e descobrir os diversos graus de pungência desse condimento através de um método menos ardoroso, isto é, analisando a Escala de Scoville, que mede o grau de “calor” das pimentas. Ou, do jeito mais prazeroso: ex-perimentando algumas variedades.

HOT TIPUma dica importantíssima: Em caso de grande ardor causado pela pimenta, a ingestão de leite irá ajudar a anular a queimação.

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Escala Scoville Valor Scoville Tipo de Pimenta 15,000,000 16,000,000 Capsaicina Pura

5,000,000 5,300,000 Spray de pimenta

50,000 100,000 Pimenta Malagueta

30,000 50,000 Pimenta Cayenne, e Pimenta Cumari

2,500 8,000 Pimenta Jalapeño e Molho de Pimenta Tabasco

0 Pimentão

Ingredientes

• 2 limões rosa• 1 pimenta dedo-de-moça• Quanto baste de pinga (boa)• Quanto baste de açúcar ou adoçante• Quanto baste de gelo

Caipirinha de Pimenta Por Miriam Coelho

Modo de fazer

Fazer suco dos limões, colocar no copo com açúcar ou adoçante a gosto, depois acrescentar a pinga. Mexer bem. Fazer alguns cortes na pimenta e juntar com o limão, mexer mais um pouco e acrescentar o gelo. Servir em seguida.

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Todo dia é dia de Pizzapor Rafael Moraes | fotos Telmo Keim

Difundida na cozinha mundial, com sabores tradicionais ou inovadores, as redondas conquistam paladares diversificados

Uma olhada ao redor e pronto: a sensa-ção é de estar em casa. Os detalhes do am-biente formado por tijolos aparentes e arcos que separam os antigos aposentos dão o tom ao estabelecimento, rústico e fino ao mesmo tempo.

Mesas cobertas com as familiares toalhas quadriculadas e garrafas de vinho decora-das com delicadas flores, panelas e outros adornos. A sensação ao adentrar o recinto é a de percorrer uma autêntica Villa Ita-liana. Ao alcançar o interior do salão, uma área descoberta e com mesas espalhadas, salpicadas de luz, o sem-número de lâmpa-das coloridas, proporcionam clima festivo e descontraído.

Como toda boa casa italiana, a Bella Capri Pizza & Pasta se vale de um dos pratos mais tradicionais da península: a pizza - uma combinação elementar, mas que traduz toda a paixão e dedicação que os italianos consagram à cozinha.

Antes da estrela principal, um olhar para a adega com diversos rótulos nacionais e

importados, afinal um bom jantar pede um bom vinho. Ao alcance, a mesa de frios com delícias importadas como queijos, pães e embutidos, cum-pre seu papel quando o assunto é despertar a fome e deixa no ar o convite para iniciar um ato prazeroso de jantar.

Entretanto, ao invés de atacar o buffet, existem outras maneiras de começar a ex-plorar o delicioso mundo das pizzas, como a Burrata: uma combinação inusitada de massa fina assada, tempera-da de duas formas diferentes, algumas fatias com azeite, parmesão e gergelim e outras com molho de tomate especial, aliche, parmesão, azeitonas e orégano, tudo coroado com o ingrediente que dá nome à entrada, a Burrata, uma bolota de mussarela de búfala cre-mosa e molhadinha.

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Manjare!Com o apetite devidamente atiçado, é

hora de conhecer as joias da casa. Em re-lação às diversas opções do cardápio, fica a dúvida de sempre: qual delas escolher? Como apreciador dessas delícias redondas, a escolha não poderia ser mais acertada: os sabores clássicos.

A começar pela mãe de todas, a receita que deu origem para um mundo de com-binações e sabores, a Marguerita. Pedida obrigatória, que representa com maestria o universo das redondas, a Marguerita é pre-parada com molho de tomate, mussarela de búfala, rodelas de tomate, manjericão fres-co salpicado com parmesão, azeitonas pre-tas e orégano. Essa “entidade” das massas faz a combinação perfeita entre cremoso e crocante, passando pela suave acidez do molho de tomate e finalizada com sabo-rosas azeitonas, que dão o toque de sal ao preparo.

Com massa levemente crocante, mas não tostada, a segunda revelação da noite foi a saborosa Peperoni que, ao unir o tradicional molho de tomates especiais, mussarela, pe-peroni fatiado, cebola, azeitonas sem caroço e orégano, cria um prato levemente picante, devido ao peperoni e às cebolas, mas permi-te que o queijo e o tomate forneçam uma harmonização de sabores sem igual.

E para finalizar a incursão nas pizzas, uma combinação tradicional, com um toque re-paginado. A Romana Speciale, que, como todas as pizzas do cardápio, também leva o molho de tomates especiais, brinca com as rodelas de tomate e mussarela, corta-das na mesma proporção e guarnecidas de aliche importado e manjericão fresco. Traz ainda uma finalização com azeitonas pretas e orégano. O salgado e o ácido, texturas e aromas, tudo equilibrado em cada pedaço.

Antes que a noite seja dada como encer-rada, uma bela surpresa chega à mesa, o Spaghetti di Mare. Combinação leve, incri-velmente aromática e de contrastes únicos. O espaguete, aliado aos camarões e lulas re-fogados em azeite extravirgem com cebolas e puxado no alho - com um toque sutil de vinho branco - leva tomates picados para dar cor e sabor, assim como a textura e cor-po do creme de leite fresco que se trans-forma em uma fina película sobre a massa, tudo coroado com salsinha fresca.

Ingredientes selecionados e de primeirís-sima qualidade, sabores clássicos e contem-porâneos são brindados por um serviço co-ordenado, disposto em um ambiente mais que convidativo, agradável e belo. Elemen-tos capazes de transformar qualquer noite em uma experiência única, digna do nome da casa.

www.bellacapri.com.brBella Capri Pizza & Pasta Rio Claro: 19 3532.3003Limeira: 19 3443.8138

A empresária Renata Belini, sócia proprietária da Bella Capri Rio Claro

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Desacelere por Lilian Cruz | fotos Telmo Keim

Confiante na força de seu cavalo, o senhor José há de chegar em seu destino

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Na busca de um fôlego diante da rotina, nos deparamos com um conceito desto-ante de tudo que a modernidade parece querer oferecer: a simplicidade. Recorren-do à etimologia, a palavra simples é for-mada por duas outras de origem latina e querem dizer sin (único) e plex (dobra), ou seja, uma só dobra.

Buscamos a filosofia: “ser simples é ser básico, ações básicas, funcionamento bá-sico”, explica a filósofa e terapeuta Regina Favre, que agarra o slogan “menos é mais”

para traduzir o comportamento eficaz e elegante ao agir. “A ação eficiente é aquela que faz a vida funcionar e não a ação or-namental”.

Pensamos em sugerir um ‘passo a passo’, uma ‘receita’ ou uma ‘técnica possível’ para se encontrar a simplicidade. Mas percebe-mos que tudo seria complicado demais. Então, decidimos presentear nossos leitores com um simples olhar sobre o belo, aquele que está no cotidiano e que tantas vezes olhamos, mas nada vemos.

Há fases em que a vida parece complexa. Especialistas afirmam que a complexidade veio para ficar e que a tendência é que ela aumente. Para prosseguir, que tal simplificar?

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Respirar fundo e ver-se integrado em um complexo maior.

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Como da filosofia não saímos ilesos, Regina Favre relembra Nietzsche e o conceito de amor fati. “Vivemos em um mundo em que o excesso de antecipação nos empobrece na capacidade de viver o que é trazido pela vida”. Então, por que não desfrutar dos ciclos do tempo?

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Que abram as cortinas!por Claudia do Canto e Gilberto Algarra

O teatro movimenta a cultura do interior paulista e abre oportunidades para artistas e público ‘experimentarem’ um

universo que transcende o cotidiano

O dramaturgo Bertolt Brecht (1898-1956) dizia que se alguém quisesse ser feliz a vida toda deveria escolher algo de que gosta e fazer disso a sua profissão. É exatamente o que fazem os profissionais das artes cê-nicas no Brasil. Uma legião de entusiastas que se equilibram entre as dificuldades do financiamento do setor e a recompensa dos aplausos.

Se, em outros tempos, estar distante das capitais representava limitação de horizontes, hoje a cena cultural do interior paulista pro-porciona terra fértil para ideias, encenações e empreitadas em nome de uma arte que atrai cada vez mais público para os teatros.

É o que sente o ator José Antônio da Sil-va, o Antônio Chapéu, ao considerar que o crescimento na área das artes aconte-

ce em nível nacional. “O ‘boom’ das artes movimenta a economia do país. Pesquisas relatam que atividades relacionadas à área artística estão entre as que mais empregam e remuneram”, diz Chapéu. “Você sai para assistir a uma peça de teatro, você abastece o carro, compra uma roupa nova. Após o término do espetáculo, você sai para comer um lanche ou uma pizza. Quer dizer: é o teatro movimentando capital. Quem mexe com economia está olhando para isso hoje e as empresas estão investindo um dinheiro alto nas produções culturais. O país está re-descobrindo as artes”, afirma.

Em Araras, a atriz e diretora artística do Centro de Pesquisa Teatral Claque, Monique Emanuele Lopes, também sente que, de al-guns anos para cá, não apenas as artes cê-

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ArarasNo Centro Cultural, amplamente refor-

mado de Araras, ensaia o grupo Claque. Em busca de novas linguagens para as monta-gens teatrais, os dez artistas são mais que meros realizadores. Assim, “as montagens acabam sendo fruto de um processo criati-vo e de estudos”, conta Monique Emanuele Lopes, atriz e diretora artística do Centro de Pesquisa Teatral (CPT).

‘Na estrada’ desde 1990, o Claque des-tacou-se na região pela formação de ato-res e fomentadores culturais. Além disso, o grupo também recebeu muitos prêmios, entre eles o de melhor espetáculo do Mapa Cultural Paulista - Fase Estadual 99, com a peça “Contando e Cantando Zumbi”.

Grupo de teatro “Claque”, de Araras, há 20 anos transformando a cultura

Protagonistas da rota caipira

Cultura

Limeira

Em busca de um teatro que também englobe outras manifestações artísticas, a Companhia de Limeira Pêlo de Gato Preto legitima a ideia de que as diversas formas de expressão podem caminhar juntas. “O que procuramos são propostas com temáticas relevantes e um trabalho que envolva a fusão de outras áreas”, explica Tatiana Alves, atriz e produtora do grupo.

Formada em 2002, a Cia. tem no repertório espetáculos como “Os Saltimbancos”, musi-cal de Chico Buarque de Holanda.

Cia. Pêlo de Gato Preto, de Limeira, em busca de novas expressões artísticas

foto: JB Anthero

nicas, mas toda forma de arte passou a ser valorizada como consequência das mudan-ças sócio-culturais pelas quais o país vem passando. Mas observa que “ainda temos um longo caminho, pois falta oportunida-

de de formação específica e de qualidade, além de incentivos e maior divulgação de leis como a Rouanet (lei de incentivo à cul-tura). Mas, o importante é que o teatro está vivo e recuperando seu lugar de destaque”.

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Cultura

Rio ClaroPresente na história do teatro está a atriz e

diretora teatral Cláudia Schurmann, que en-sina teatro há quase dez anos no Sesi de Rio Claro. Claudia incentivou muitos alunos que de início tinham no teatro um hobby. Ajudou a organizar a primeira Mostra Cena Livre em Rio Claro.

O grupo permanente de artes cênicas do Sesi se desvinculou, pois o Curso Livre de Teatro passou por uma reformulação, que não abre mais espaço para a construção de um grupo teatral exclusivamente do Sesi. “A permanência de mais tempo no grupo foi perdida. Por outro lado, agora o curso está bem mais focado”, conta Cláudia. No entanto, o Sesi de Rio Claro contribui signi-ficativamente com a programação cultural da região, com atrações de todo o Brasil.

A Cia. de Teatro Quanta também brinda a cena teatral de Rio Claro desde 1997. Para manter a arte presente no município, os sete integrantes do grupo promovem mensal-mente o “Quanta Cultura na Praça”, que tem

Terra onde o peixe para

O auge do grupo Andaime de teatro, da Unimep começou com uma declaração de amor ao rio de Piracicaba na peça “Lugar onde o peixe para!”. “Algumas pessoas falam que assisti-la mudou suas vidas ou que até as fizeram ingressar no mundo do teatro. Mas nem nós do Andaime temos a real dimensão do que é o ‘Peixe’”, relembra José Antônio, conhecido como Antônio Chapéu.

Piracicaba tornou-se polo cultural e re-ferência para a região. Com oito grupos de teatro na cidade, em 2010, eles se reuniram em um encontro promovido pela Associação Piracicaba de Teatro (Apite!) e encenaram a questão: “O que estamos fazendo para o nosso teatro se manter vivo?” Lívia Foltran Spada, membro do colegiado da Apite!, acre-dita que “não depende só do artista, mas de um conjunto de fatores, como formação do público e de uma política cultural pública”. Assim, o movimento se constrói e se conso-lida. Prova dessa edificação é o Festival Na-cional de Teatro de Piracicaba (Fentepira) que ocorrerá entre 20 e 28 de novembro, em sua 5ª edição.

Grupo Andaime, de Piracicaba, e os espetáculos que mudaram vidas!

foto: Fábio Mendes

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Curso Livre de Teatro do Sesi de Rio Claro,porta de entrada para o mundo do teatro

foto: Luccas Di Callore

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Cia. Quanta espalha alegria na praça pública de Rio Claro

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como iniciativa a fusão da cultura popular. “Reunimos vários artistas populares e nos apresentamos no Jardim Público”, diz Aline Arins, atriz e professora de teatro. Com uma desenvoltura particular para a atuação, os atores do Quanta ainda assumem a interpre-tação dos personagens do grupo de cinema de Rio Claro Kino-Olho e atualmente partici-pam de um longa-metragem.

Coração de ator

Plínio Marcos, autor de peças teatrais, considera a “essência” do ator a de um ser capaz de despertar o ser humano da apatia cotidiana e “aí inquietá-lo e comovê-lo para as lutas comuns da libertação”. Em sintonia com as palavras de Plínio, para Chapéu o “teatro é a possibilidade de reatar o contato com o Divino” e o que lhe motiva a continuar essa empreitada “é a possibilidade de criar uma obra de arte que toque o coração para construir um mundo mais justo e fraterno”.

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Rápido, sem frescurasPor Lilian Cruz | Fotos América - Agência Experimental de Comunicação das Faculdades Claretianas

Power acordes sem abrir mão da reflexão, a banda Delunes sintetiza tudo em alto e bom som. A Drops inova e lança o download gratuito do último álbum da banda,

EP 20001 HZ, confira

Música

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Não são coloridos. Na toada hardcore melódica há mais que acordes pulsantes. Há inspirações estancadas por Chuck Berry, Ra-mones e Millencolin. Até Alfred Hitchcock e seus frenéticos pássaros negros.

São reais. Nas letras, há mais que rimas, há a tradução de alguns sentimentos que exploram sonhos muitas vezes inalcansá-veis. Não há contos de fadas ou esperan-ças enfadonhas. “Nada vai dar certo / Eu não acredito em final feliz” faz desmoronar receitas prontas de autoajuda. “Gostamos

de brincar com os sentidos das palavras e expressões, isso deixa o resultado aberto e quem decide sobre o que estamos falando é quem está escutando”, ressalta o vocalista Ti Oliveira.

Não são amadores. Ultrapassaram os 60 mil plays na página no Myspace e arran-caram elogios de Fernanda Takai e Fabrizio Martinelli. Em seis anos de estrada, deixaram os rastros dos pátios de uma antiga escola estadual do interior de São Paulo para mar-carem festivais nacionais como Toshiba Pla-net, Banda Antes MTV e faixa Zero KM, do canal Multishow.

São inovadores. Não se acomodam como a denúncia do verso “sua vida passiva em frente à televisão”. Já adotaram instrumen-tos não convencionais como escaletas e metalofone e apostam na Internet com sua nuvem infinita de arquivos e, ali, distribuem conteúdo para todos os palcos. Com a reali-dade aumentada, escancaram a senha para o download de músicas do novo trabalho EP 20001 HZ, que conta com o set list ‘Last Cigarrete’, ‘Pássaros’ e ‘A.P.C.J.’, além do punk ‘Eu não acredito em final feliz’.

São jovens. Nascidos na segunda metade da década de 80, ecoam que “a liberdade é a beleza de viver”. A voz de Ricardo Oliveira - o Ti, a bateria de Rafael Beltrame - o Shell, o som grave do baixo de Felipe Teixeira - o Flip e os riffs das guitarras de Antonio Ar-changelo - o Boo e Sergio Michelin - o Serj formam a banda Delunes. Simples, rápida e sem frescuras.

Com uma webcam instalada em sua CPU, acesse bit.ly/Delunes e posicione o gráfico dessa foto e ganhe download das músicas do EP 20001 HZ da banda Delunes.

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Intercâmbio

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Big Sisterpor Lilian Cruz | fotos de arquivo pessoal de Beatriz Reginatto e divulgação

‘Ter entre 18 e 26 anos, ensino médio completo e carteira de motorista. Ser sol-teira e ainda não ter filhos. Apresentar in-glês para conversação. Gostar de criança e estar disposta a novos desafios’. Os re-quisitos básicos poderiam indicar atuação no mercado local. Porém, o endereço de trabalho é uma cidade no interior do Te-xas ou na cosmopolita Nova Iorque, Es-tados Unidos. Caso prefira, há vagas na França, Holanda, Áustria ou Alemanha. Do francês, au-pair significa ‘ao par’, ou seja, intercâmbio em igualdade de condições

e o trabalho remunerado para cuidar de crianças em outros países desponta como oportunidade para vivenciar outras cultu-ras e aprimorar a nova língua. “Antes de entrar na universidade, preferi viver essa experiência”, conta Beatriz de Matteo Re-ginatto, 21 anos, direto da Califórnia, nos Estados Unidos. Há quatro meses insta-lada na casa da família Schwalm, Beatriz cuida de dois meninos, um de três anos e um bebê de oito meses. “De segunda, quarta e sexta, levo Geo, o mais velho, para a escola no período da manhã e fico com o

Amadurecer enquanto cuida de crianças, o programa de au-pair é a oportunidade de vivenciar experiências em outros países e ainda ser remunerada por isso

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Hóspede especialA família Schwalm diz que é a segunda

vez que abre as portas de sua casa para abrigar uma au-pair, “Queremos que nos-sos filhos estejam familiarizados com ou-tros idiomas e culturas. Nossa primeira au-pair era chinesa e nosso filho já se interessa pela cultura asiática. Agora, com a Beatriz é a chance de nossas crianças aprenderem um pouco da cultura do Brasil e terem uma certa imersão na linguagem, para que sejam capazes de falar o português com sotaque adequado quando crescerem”, aponta a analista de vendas Joy Dakin Schwalm, mãe de Geo e Liam. Outro fator relevante é a es-cassez de mão de obra para o trabalho que alguns países enfrentam. Com carga horária de 30 a 45 horas semanais e remuneração média de 65 euros por semana na Europa e US$ 195 por semana nos EUA, o progra-ma torna-se atraente financeiramente para

bebê Liam, em casa. Nas manhãs de terça, o Geo tem natação e, de quinta, ginásti-ca. O Liam vai à natação de sexta. Levo-os de carro ou a pé, quando é mais próximo. Todos os dias eles tiram soneca de duas horas”. Ler para as crianças, cuidar de seus pertences, acompanhar as refeições são outras tarefas que a au-pair deve exercer durante o programa. Neste exercício prá-tico de responsabilidade se encontra um

dos benefícios a longo prazo. Os dias úteis lotados de horários fixos e compromissos são brindados com finais de semana livres. “Saio com minhas amigas, vou ao cinema e visito cidades vizinhas. Às vezes, faço ca-minhadas sozinha para relaxar. Está sendo um ótimo momento. Além das minhas res-ponsabilidades, também tenho tempo para mim”, revela Beatriz. Sentir saudade de quem fica no Brasil é assunto recorrente entre as participantes de programas como esse, mas Beatriz encontrou a solução quando bate um homesick (saudades de casa). “Recursos como o Skype e o Nextel me deixam em contato com minha família e amigos de Rio Claro. A gente sente de deixar a família e amigos, mas, ao mesmo tempo, temos nossa recompensa, aprender efetivamente uma nova língua, ser respon-sável, ou seja, amadurecer”.

Intercâmbio

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Beatriz com Geo e Liam nos Estados Unidos

muitas jovens. A au-pair tem direito a um quarto na casa, refeições e um curso de até US$ 500 pago pela família, além de duas semanas de férias remuneradas no ano.

Nos Estados Unidos, a prática é am-parada por um visto especial do tipo J-1, fornecido para aproximadamente 15 mil estrangeiras durante o período de um ano, renovável por um ano e obtido após entre-vistas e análise de documentos nas Embai-xadas Americanas.

Jovens do sexo masculino também po-dem se candidatar, porém, as ofertas de vagas são escassas e há exigências especí-ficas para trabalhos com crianças na área de esportes, além de exigir melhor nível de inglês. Para todos os casos, os procedi-mentos devem ser feitos por intermédio de uma agência especializada, associada ao IAPA (International Au Pair Association), órgão reconhecido internacionalmente que congrega os direitos das au-pairs e os dados das famílias hospedeiras. Há taxas de inscrição e manutenção do programa. Para conhecer mais detalhes do progra-ma e quais as agências associadas visite www.iapa.org

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Tudo em um só lugarpor Alessandra Morgado – especial para a Drops | fotos Telmo Keim

Para a maioria das pessoas, a correria in-sana para dar conta dos compromissos nos obriga a aproveitar os horários de folga com certa racionalidade, encaixando sempre uma coisa ou outra nesses intervalos. Como dar conta da compra do presente esquecido, pa-gar boletos e ainda dar aquela olhada básica nas vitrines sem o estresse do trânsito? En-quanto se espera os teletransportes, o jeito é recorrer aos shoppings, que vêm ganhando fôlego no interior com a proposta de “ter de tudo no mesmo lugar”.

A ideia, que pode parecer vanguardista, não é nova. O primeiro centro comercial

Ar-condicionado, segurança, estacionamento, serviços e variedade de produtos em um único endereço. O shopping center - que um dia foi praia de paulistas - conquista o público do interior e atrai investimentos para terras caipiras

Acima , vista do Shopping Piracicaba

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surgiu no século 10 a.C., o Grande Bazzar era no território do atual Irã e tinha uma grande estrutura coberta. Depois dele, há registros do Oxford Coverd Market (Mer-cado Coberto de Oxford) aberto em 1774 e que funciona até hoje. O primeiro shopping americano, com definição mais próxima da atual, foi o Providence Arcade, construído em 1828 em Rhode Island nos EUA. A fór-mula se expandiu pelo mundo e chegou ao Brasil na década de 1960 com as inaugu-rações do Shopping do Méier no Rio de Ja-neiro e da primeira unidade do Iguatemi da Faria Lima, em São Paulo.

Na região, os shoppings de Piracicaba, Li-meira e Rio Claro recebem, juntos, em média, 1,4 milhão de visitantes por mês com um conjunto de lojas e serviços, no conforto do ar-condicionado e do estacionamento, coisa rara atualmente. A demanda é tanta que esse tipo de empreendimento cresce na região.

Com 144 lojas, o Shopping Piracicaba tem o único cinema 3D da região e 1.200 lugares, recentemente, passou por reforma para dar mais conforto aos cinéfilos amantes das te-lonas. Perto de 600 mil pessoas passam por lá todo mês. A praça de alimentação ganhou novos ares sem perder a ‘cara de Piracicaba’. O projeto virou benchmark na rede da ad-ministradora BR Malls, segundo o gerente de marketing Eduardo Picino, 31, que prevê ampliações para breve.

Uma pesquisa indicou que a vocação do Shopping Piracicaba é proporcionar bons momentos para seus frequentadores. Algo como local para o café com um amigo, lazer com a família ou mesmo um almoço de fe-riado. “Procuramos trazer lojas que os con-sumidores pedem e fazer um mix que aten-da ao público de toda a região”, disse Picino. Como regra, promoções e eventos tornam o local atrativo para passeio e compras.

Corredores dos Shopping Pátio Limeira

Comportamento

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Atraídos pelo estômagoAs áreas de alimentação são vedetes nesse

tipo de empreendimento e foco de expan-sões. O Shopping Center Rio Claro criou uma área moderna e agradável onde é possível encontrar pratos para os mais diversos pa-ladares. “A nova praça aumentou em 30% a circulação de veículos. Aqui você tem um local agradável onde pode estacionar com tranquilidade e lojas de marca onde pode en-contrar roupas, calçados e alimentação. Ou seja, é um espaço para a família”, disse An-tonio Carlos Araújo, gerente geral do Shop-ping Center Rio Claro, administrado pela AD. O empreendimento recebe 325 mil pessoas por mês, mas espera aumento no público e para isso também já prevê ampliar o esta-cionamento como parte da estratégia para a chegada de outras lojas âncoras. Atualmente são 85 lojas, sendo oito âncoras, mais cinco salas de cinema e 750 vagas para estacionar.

Em Limeira passam pelo Shopping Pátio, no Centro, 500 mil pessoas por mês, e uma proposta de expansão prevê mais um piso de lojas e um centro comercial com acesso pelo shopping. Hoje, 103 lojas, sendo três âncoras são referência do projeto. “A ideia é transformá-lo em centro comercial de refe-rência”, explica o gerente Pedro Alliegro Filho,

da administradora AD. A previsão é inaugu-rar a praça de alimentação com 760 lugares em outubro.

Na vertente das expansões, o Shopping Happy Day, de Araras, será revitalizado para abrigar mais lojas, praça de alimentação e entretenimento, segundo Renato Alliegro, diretor da Fleury Alliegro, empresa que admi-nistra o local. A proposta ainda está em fase de projeto.

Concorrência virtualAs ciberlojas não assustam as administra-

doras, que apostam na tradição do atendi-mento personalizado e no vetor de cresci-mento capital-interior. “O cliente ainda gosta de pegar o produto, conversar com o vende-dor, ter contato”, diz Araújo.

Ele afirma que o comércio virtual vem crescendo, concorre com o varejo e até com as redes de hipermercados, mas acredita que o setor de shoppings ainda tem muito para expandir, principalmente em cidades de porte médio. Alliegro Filho, do Shopping Pátio Limeira, disse que no interior o consu-midor ainda tem uma certa desconfiança e prefere ver o produto para comprar, o que já não ocorre com tanta frequência nas capi-tais. “A concorrência direta deve ocorrer no futuro”, conclui.

Nova praça de alimentação do Shopping Center Rio Claro

Comportamento

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Saúde

Detalhe que faz diferença por Lilian Cruz | fotos Telmo Keim

A ginecomastia - crescimento das mamas nos homens - pode representar alterações que vão além da estética

O termo ginecomastia vem do grego “mama feminina” que se refere ao aumento da mama masculina de causa benigna

Aos 17 anos ele não aceitava convites para ir à piscina ou à praia, porque tirar a camisa em público era um pesadelo. Enquanto co-legas observavam os contornos das garotas, ele se olhava no espelho e sofria em silên-cio ao ver que suas mamas se destacavam. Constrangido, projetava os ombros para frente, na intenção de esconder o relevo in-comum para jovens como ele.

As lembranças não se tratam de ficção, estão marcadas na memória de um homem, que hoje, aos 28 anos, relembra a angús-tia de ver “peitos” no seu corpo. “Não sen-tia dor. Os desconfortos eram psicológicos mesmo, tinha vergonha de tudo, era mui-to tímido e vários amigos tiravam sarro de mim”, conta.

O distúrbio, que deixou mágoas no pas-sado do nosso entrevistado, não é tão raro e pode ser parte da realidade de alguns ho-mens. “A ginecomastia – aumento da mama em indivíduos do sexo masculino – ocorre em 48% a 64% dos meninos na puberdade, em cerca de 40% dos idosos e está presente em 60% a 80% dos recém-nascidos”, contabili-za o médico formado pela USP e especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Antônio José Pádua.

A ginecomastia pode ser fisiológica e ocorrer em determinadas fases da vida em que há um desequilíbrio natural da propor-ção de hormônio masculino e feminino no homem: pós-nascimento, puberdade e en-velhecimento. A disfunção também pode ser patológica, resultado de uma anomalia causada pela ingestão de drogas ou me-dicamentos, ou desencadeada pela cirrose hepática, hipogonadismo, tumores testi-culares ou disfunções na tireóide. Pode ser ainda consequência de sobrepeso.

Geralmente, sua regressão é espontânea e ocorre em três ou quatro meses. Porém, há casos em que o aumento da mama persiste e se continuar estável depois de seis meses a um ano, uma investigação sobre a causa merece atenção, especialmente em ado-lescentes, que passam a desenvolver defesas para esconder as saliências, reprimindo emoções ou alterando a postura, para mascarar o relevo das mamas.

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O primeiro passo é procurar um médico endocrinologista capaz de investigar o qua-dro clínico (história do paciente e aspecto físico) e exames laboratoriais que podem de-terminar as causas da ginecomastia.

Nos casos de ginecomastias patológicas e medicamentosas, o simples tratamento da doença associada e a interrupção do medica-mento ou droga, podem ser suficientes para a regressão do tamanho da mama. Porém, a chance de regressão diminui considera-velmente nos casos em que a ginecomastia possui mais de um ano de evolução.

“Quando a ginecomastia puberal persiste por 1 ou 2 anos e é importante, trazendo problema estético e/ou emocional, indica-se a cirurgia”, comenta o endocrinologista Pádua. O procedimento, feito por cirur-giões plásticos gabaritados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, exige métodos específicos para reduzir o acú-mulo de gordura,

pela técnica da lipoaspiração ou através de uma incisão dentro da aréola para cessar a ação da glândula mamária. Para otimizar os resultados, o pós-operatório requer cuidados como limitação de determinados movimen-tos e o uso de cinta compressora.

Embora muitas vezes postergado, pela característica benigna das saliências, o tra-tamento pode representar algo além da mudança estética, como relata o rapaz que atualmente tem a ginecomastia apenas na lembrança. “Hoje sou outra pessoa em tudo. Sou muito mais confiante em todos os as-pectos da minha vida. Sou um homem nor-mal e encaro a vida de peito aberto”. Literal-mente.

Saúde

Peitoral

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Efeito colateral

De acordo com o Dr. Jeser Rodrigues de Castro, residente da Unicamp, alguns medicamentos e drogas estão atrelados às causas da ginecomastia:

• Estrogênios (constantes em anticoncepcionais)

• Androgênios (esteróides anabolizantes)

• Anti-hipertensivos como captopril e espironolactona

• Antidepressivos tricíclicos

• Anfetaminas

• Maconha e heroína

Em estudo

Rumores apontam o consumo exagerado de derivados de soja como um possível causador da ginecomastia. Entretanto, o endocrinologista Pádua faz a ressalva que esse assunto é bastante polêmico. “A soja contém em sua composição fitoestrogênios, substâncias semelhantes ao hormônio feminino humano; esses fitoestrogênios teriam a capacidade de se ligar aos receptores hormonais femininos e desencadear efeitos semelhantes a eles. Porém, ainda não há consenso sobre o assunto. É preciso aguardar estudos científicos confiáveis para se chegar à conclusão se há ou não relação do uso da soja com a manifestação da ginecomastia”, completa o médico.

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Contraponto

Gastronomia e Slow Food por Margarida Nogueira

A gastronomia aí está desde remotas eras. Ultimamente, parece que ficou mais visível, mais comentada. Há um interesse crescen-te e generalizado por tudo o que se refere ao assunto: é charmoso conhecer iguarias exóticas, analisar sabores, perceber aromas, degustar vinhos, preparar uma receita dife-rente, surpreender o paladar com novas e in-trigantes texturas e por que não, ser um chef, profissional ou de fim de semana.

A gastronomia é o estudo da relação entre a cultura e a comida. O termo gastronomia tem sido empregado referindo-se tão somente ao ato de cozinhar, às artes culinárias. Mas isso é só a ponta do iceberg desta ciência que une componentes culturais tão diversos, tendo como eixo a comida.

Descobrir, degustar, expe-rimentar, pesquisar, cuidar, compreender, escrever são atividades ligadas à gastro-nomia. E a comida envolve também a literatura, as artes plásticas, a música, a dança. E ainda a matemática, física, química, história, geogra-fia, biologia, agronomia e mais antropologia, psicologia, filosofia, sociologia! Enfim a gas-tronomia é um prato fascinante.

Quando vejo uma bela mesa, cheia de qui-tutes, preparada para uma festa ou mesmo em um restaurante acontece comigo algo quase inevitável: passa na minha cabeça como que um mini making of daquela preparação toda: quem pegou aquela lagosta, como? Quais as inúmeras pessoas que colheram uma por uma as florezinhas do açafrão, que intrépida sertaneja subiu ao mais alto galho da árvore para colher o melhor umbu?

Intelectuais da terra - é como, carinhosa-

mente, Carlo Petrini, fundador do Slow Food se refere a esse enorme contingente, a esse diversificado batalhão de trabalhadores, gen-te quase sempre simples, cada um num canto do mundo, cuidando daquilo que é sua tra-dição, sua identidade e que para deleite geral vai chegar às mesas, às nossas mesas...

A filosofia do Slow Food está ligada ao prazer da boa mesa, mas vai muito, muito além. As ações e projetos desse movimento internacional vem sendo guiadas por um novo conceito de gastronomia que une ética e prazer.

É a ecogastronomia que vem para celebrar a diferença dos sabores,

incentivar a produção artesa-nal de alimentos, proteger as tradições regionais, os pequenos produtores, as propostas sustentáveis para a pesca e para a criação de

animais, mas principalmente para respeitar a dignidade cul-

tural da alimentação .Segundo Petrini, “a verdade é que o

alimento pode e deve ser um prazer, mas co-mer é também um ato agrícola: selecionando alimentos de boa qualidade, produzidos com critérios de respeito pelo ambiente e pelas tradições locais, favorecemos a biodiversida-de e uma agricultura justa e sustentável.”

Para esse gastrônomo é impossível ignorar as fortes relações entre prato e planeta, entre natureza e bem comer, filosofia e ação, tradi-ção e tecnologia. A ideia é aprender a usar a comida para criar felicidade... para todos!Margarida Nogueira é consultora gastronômica, líder do primeiro Convivium Slow Food organizado no Brasil, no Rio de Janeiro. Também é membro do júri internacional para o Prêmio Slow Food pela Defesa da Biodiversidade.Mais informações em www.slowfoodbrasil.com

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