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Tema Para Debate Publico - MPD

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    SUMRIO EXECUTIVO

    Volvidos quase dez anos desde a sua aprovao, a Agenda 2025Estratgias e Viso da Nao, continua

    um documento de referencia na definio das prioridades da Nao. No entanto, neste mesmo perodo,

    muitos outros desafios endgenos e exgenos se colocam ao Pais. Desafios no apenas de ponto de vista

    econmico, social ou politico, mas mesmo em termos de consenso sobre a Viso e Estratgia de

    crescimento e desenvolvimento. Sem pretendermos ser exaustivos, podem-se mencionar alguns

    elementos;

    a) Por exemplo, a nvel internacional, o impacto da crise financeira obriga ajustamentos das estratgias de crescimento e desenvolvimento; que resultaro na tomada de medidas para atenuar o custo de vida;

    b) A nvel nacional, do ponto de vista econmico e social, argumentos importantes encontram-se na

    necessidade de reverter os lentos progressos que se registam na reduo dos nveis de incidncia da pobreza;

    c) A analise aos recentes resultados do Relatrio de Avaliao da Implementao do PARPA II (RAI)

    e os Resultados da Avaliao do III Inqurito aos Agregados Familiares (IAF) e o Censo Geral da

    Populao e Habitao (2007) justificam que, a par das intervenes padro em curso, novas abordagens consistentes com os novos desafios, por forma a promover o desenvolvimento econmico e social;

    d) Por outro lado, a nvel do sector publico, as reflexes sobre o Sistema Nacional de Planificao,

    do Cenrio Fiscal de Mdio Prazo, sustentam a necessidade de ajustar a Estratgia de Desenvolvimento.

    Este documento, com um horizonte temporal de 20 anos, dever constituir plataforma orientadora

    importante para intervenes de mdio prazo, emanadas atravs de diversos documentos, incluindo, os

    Planos Quinquenais de Governo, Politicas e Estratgias Sectoriais, todos assentes no Sistema Nacional

    de Planificao e com um Programa Integrado de Investimento Publico, como mecanismos de

    materializao da viso.

    Uma viso clara com uma perspectiva de longo prazo, com programas e investimentos coerentes so a

    chave para o desenvolvimento do Pas. A limitao na harmonizao de estratgias sectorias, provincias, o sector privado, informal, os media, as instituies acadmicas, politicas, e financeiras e a

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    sociedade civil em geral serve como barreira para o alcane de qualquer objectivo. A ausncia de

    sinergias multidisciplinares, tanto como no desenho das estrategias politicas e na sua implementao, enfraquecem qualquer organizao do processo de desenvolvimento, com desafios complexos. Esta falha institucional destabiliza o avano no alcane dos objectivos nacionais. Esta limitao enfraquece tambem a capacidade de mobilizar e organizar a participao das comunidades locais, o sector privado, as instituies publicas, os jovens, etc. Para colmatar estes desafios sistemticos, a EDEN pretende

    desenhar um plano que tenha a capacidade de comunicar na sua simplicidade: a inteno do Pas, o tipo de Nao que desejamos e como pretendemos chegar l.

    A viso da Estratgia que Moambique seja, um pas seguro, prspero, sustentvel, competitivo,

    assente numa economia industrializada, com um rendimento mdio que garente uma redistribuio da

    riqueza e um bem estar social.

    A industrializao dever nesse contexto constituir um factor de fora para novas dinmicas econmicas,

    aumento da produo e produtividade e competitividade econmica do pas, atravs da criao de novas

    capacidades e padres de desenvolvimento econmico, e que vai permitir as ligaes mais slidas e

    eficientes na economia como um todo.

    Esta viso ser alcanada atravs da promoo da industrializao e competitividade econmica e ter

    como reas chave as seguintes:

    1. Desenvolvimento da industrializao e da competitividade da economia 2. Desenvolimento do capital humano, investigao cientfica e inovao 3. Desenvolvimento das infra-estruturas e do planeamento territorial

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    CARACTERIZAO GEOGRFICA DE MOAMBIQUE

    Moambique fica situado na costa oriental da frica Austral, entre as latitudes 10 27N e 26 52S. Possui

    uma rea de 799.380 Km2, dos quais cerca de 2.515 Km2 martima e 6.960 corresponde a parte

    terrestre. Faz fronteiras, a norte com a Tanznia, a oeste com Malawi, Zmbia, Zimbbwe e frica do Sul,

    e a sul com Suazilndia. Apresenta uma faixa costeira a leste do territrio e banhado pelo oceano ndico,

    numa extenso de 2.470 quilmetros, desde a foz do Rio Rovuma at Ponta de Ouro com Ilhas ao longo

    da costa. Observa-se uma diversidade de zonas agro-ecolgicas na extenso costeira.

    Por razes geogrficas, econmicas e histricas, as provncias distribuem-se por trs grandes regies: a

    regio Norte, que compreende as provncias de Niassa, Cabo Delgado e Nampula; o Centro, com as

    provncias da Zambzia, Tete, Manica e Sofala e a regio Sul, que inclui Inhambane, Gaza, Maputo

    Provncia e Maputo Cidade.

    A zona norte do Pas constituda por uma grande formao montanhosa em que as maiores elevaes

    se situam ao longo da margem leste do Vale do Rift da frica Oriental. A regio central dominada pelo

    Vale do Baixo Zambeze. Junto ao delta, o vale caracterizado por plancies enquanto que no interior, na

    provncia de Tete, as margens do vale so montanhosas. A zona sul do Pas, (a sul do Rio Save)

    constituda por uma vasta plancie litoral limitada por formaes montanhosas ao longo da fronteira

    ocidental.

    O clima do Pas predominantemente tropical hmido, com duas estaes: fresca e seca, e quente e

    hmida. Sua localizao geogrfica facilita a ocorrncia sistemtica e de forma cclica de desastres

    naturais no que tange as cheias e secas, incluindo ciclones.

    Moambique apresenta uma grande variedade de solos, sob influncia marcada das condies geolgicas

    e do tipo de climas caractersticos do pas. Predominando a regio norte os solos de fertilidade mdia e no

    sul os solos arenosos de baixa fertilidade, intercalados com plancies de aluviais altamente frteis. No que

    concerne vegetao, destacam-se essencialmente trs espcies: a floresta densa, a floresta aberta e a

    savana, enquanto que tem a zonas restritas aparece o mangal. Contudo, predomina savana em grande

    parte dp territrio moambicano. O pas conta com mais de 100 bacias hidrogrficas, cerca de 1.300 lagos

    e 10 barragens, com capacidade de armazenamento de 430.000 m3 de gua.

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    A precipitao mdia anual varia da evaporizao potencial que de 1.280mm e as regies de menor

    deficit de gua localizam-se ao sul do rio Save, na parte norte da provncia de Manica e no Sul da

    provncia de Tete. Com essas caractersticas o risco de perdas de colheitas na agricultura de sequeiro

    excede aos 50% na regio do Sul do rio Save, atingido mais de 75% na provncia de Gaza. As regies

    Norte e Sul so favorveis agricultura de sequeiro, onde o risco de perda de colheitas menor cerca de

    5% a 30%.

    A populao total estimada em cerca de 23 milhes de habitantes, dessa populao 54% considerada

    pobre e com elevado ndice de seroprevalncia, isto , portadores de vrus do HIV/ SIDA. Esta populao,

    predominantemente rural, encontra-se distribuda em dez provncias, com um total de 128 distritos e 33

    municpios/autarquias em um Pas multicultural cuja lngua oficial portugus, com apenas 5% da

    populao conste como lqgua materna, pois coexiste com diversas lnguas nacionais e dialectos falados

    no pas de origem Bantu. Das diversas lnguas faladas no pas, as que se destacam enquanto lngua

    materna so: EmaKua (1/3 da populao); Xisena (1/4 da populao); Xitsonga (1/5 da populao) e

    Xitswa (1/8 da populao).

    Actualmente, 70% da populao em Moambique vive em zonas rurais e a maioria depende da agricultura

    de subsistncia (INE, 2010). Apesar dos esforos notveis para resolver a questo, a produtividade

    agrcola extremamente baixa combinada com uma alta vulnerabilidade dos choques climticos, o que

    significa que grande nmero da populao sofre de insegurana alimentar crnica. A alta taxa de

    seroprevalencia, considerada uma das maiores do mundo, bem como a alta incidncia de outras doenas,

    tais como, a malria, a tuberculose (TB) e doenas derivadas da agua pioram estas condies. A

    persistente desigualdade do gnero significa que as mulheres e as crianas so maiores vitimas da

    pobreza, insegurana alimentar e doenas de forma desproporcionada. Simultaneamente, desde as

    primeiras eleies multipartidrias em 1994, Moambique tem usufrudo de um perodo de estabilidade

    poltica durante o qual se tem verificado o aprofundamento da democracia.

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    CAPTULO I

    1. INTRODUO

    Cada povo tem o direito e o dever de visionar um futuro que integra as suas aspiraes e sonhos. Foi isso, o que os moambicanos fizeram ao longo do processo da elaborao da Agenda 2025. Assim, exprimiram as suas ideias e sugeriram solues os camponeses, operrios, estudantes, crianas, mulheres, jovens e idosos, acadmicos, peritos, funcionrios, religiosos e demais cidados.

    Importa, no entanto, sublinhar que muito embora a Viso se configure como elemento fulcral que nortear as aspiraes e os sonhos, ela permanecer letra morta se no forem implementadas as estratgias de desenvolvimento, instrumento vital para a concretizao da Viso nacional compartilhada luz do cenrio desejvel e realstico. Agenda 2025, Pg. 9.

    A formulao da Estratgia Nacional de Desenvolvimento resulta da necessidade de assegurar a

    operacionalizao da Agenda 2025, atravs da implementao de um conjunto coordenado de actuaes

    que, permitem que num horizonte de 20 anos Moambique assegure um crescimento econmico sustentvel clere e robusto, atravs de polticas integradas e forte coeso social que garantam o bem-estar social.

    Para a prossecuo dos principais objectivos da viso, a Estratgia Nacional de Desenvolvimento actuar

    nos seguintes domnios:

    Desenvolvimento do capital humano atravs de aces ligadas ao processo de formao tcnico-

    cientifica do cidado, acesso aos bens alimentares em quantidade e qualidade adequadas e

    prestao de servios de sade e estabelecimento de um sistema de proteco social justo e

    eficaz;

    Planificao territorial e desenvolvimento de infraestruturas atravs da planificao do uso racional

    e sustentvel da terra e estabelecimento de infraestruturas de suporte a agricultura, a indstria,

    transporte e outros servios, com nfase para as Tecnologias de Informao e comunicao.

    Promoo da industrializao e da competitividade econmica atravs da maximizao da adio

    de valor aos produtos nacionais, estabelecimento da indstria pesada e criao de um ambiente

    de negcios que propocie uma maior competitividade da economia;

    A operacionalizao da Estratgia Nacional de Desenvolvimento ser assegurada pelo respectivo Plano

    de aco, e outros Planos Operacionais de curto e mdio prazo.

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    1.1. Enquadramento

    A Estratgia Nacional de Desenvolvimento estabelece a viso e as grandes metas estratgicas para o

    Pas para um perodo de 20 anos servindo para nortear as polticas do governo e assegurando coerncia

    nas suas aces para atingir as metas estabelecidas.

    A elaborao da Estratgia Nacional de Desenvolvimento surge tambm no contexto da reforma do

    Sistema Nacional de Planificao que tem como um dos objectivos, a reduo do nmero de instrumentos

    de planificao existentes no pas, garantindo a articulao entre os mesmos e, acima de tudo, a ligao

    entre as actividades planificadas com os recursos oramentados e os resultados a serem alcanados.

    Neste sentido, a estratgia Nacional de Dsenvolvimento um documento fundamental no Sistema

    Nacional de Planificao, servindo como documento orientador do desenvolvimento e reflectindo as

    aspiraes de toda a sociedade moambicana. Assim, a Estratgia Nacional de Dsenvolvimento serve

    como referncia nos seguintes instrumentos: (i) Planos estratgicos sectoriais e territoriais, que

    normalmente tm um horizonte temporal de cerca de 10 anos e estabelecem metas especficas; (ii) Planos

    globais de aco e de investimento, que duram at 5 anos (actualmente o PQG, PARP e Cenrio Fiscal do

    Mdio Prazo) e (iii) Planos de implementao especficos, que duram 1 ano, actualmente o Plano

    Econmico e Social e Oramento do Estado (de cada ano).

    A Estratgia Nacional de Desenvolvimento establece as estratgias principais do governo, seus focos de

    aco e, da, as metas de longo prazo. Cabe aos sectores traduzir a Estratgia Nacional de

    Desenvolvimento em planos mais detalhados e aces especficas.

    Com este documento no se pretende uma exaustiva lista dos desejos do governo. Pelo contrrio, um

    documento orientador que indica as linhas estratgicas de primeira importncia. Outros dominios recebem

    menos discusso no por serem irrelevantes mas para assegurar um enfoque claro.

    A base de evidncia no qual este documenta se baseia inclue instrumentos como: A Agenda 2025, os

    Objectivos de Desenvolvimento do Milnio, o Plano Prospectivo Indicativo, o Plano Estratgico e Indicativo

    da SADC; o Mecanismo Africano para a Rviso de Pares; as Estratgias sectoriais e Territoriais, a

    Terceira Avaliao da Pobreza, entre outros instrumentos.

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    1.2 Metodologia

    A elaborao da estratgia Nacional de Desenvolvimento resulta de um exerccio de operacionalizao da

    agenda 2025, que privilegia uma abordagem integrada de desenvolvimento voltada para a priorizao das

    aces com base na identificao das principais potencialidades do Pas.

    O processo de elaborao da Estratgia Nacional de Desenvolvimento iniciou nos finais de 2010 e

    obedeceu a uma metodologia participativa, que consistiu no envolvimento dos diversos actores de

    desenvolvimento a nivel nacional.

    O processo da elaborao da estratgia abedeceu a vrias etapas, nomeadamente:

    (i) Consulta, que permitiu identificar as aspiraes e os sonhos dos Moambicanos sobre o tipo

    de Pas que pretendemos ter nos proximos 20 anos;

    (ii) A anlise documental, que permitiu aferir onde estamos, onde queremos chegar e como fazer

    para chegar l. Esta anlise baseou-se na anlise situacional do Pas, onde foi possvel

    identificar os elementos de fora, bem como os constrangimentos e os desfios que se nos

    impom como nao, para alcanarmos o patamar desejado;

    (iii) E finalmente a interaco com os sectores e outros segmentos da sociedade, para assegurar

    que as reflexes feitas ao nivel dos grupos de trabalho, esto alinhadas com os instrumentos

    de gesto vigentes no Pas, que se encontram em processo de implementao.

    No que diz respeito ao processo de consulta, a auscultao foi feita a vrios nveis, com destaque

    para: os Conselhos Consultivos ao nvel do Governo central; consultas ao nvel provincial, que

    envolveu os membros do governo bem como a sociedade civil; conselhos Municipais da Cidade de

    Maputo e Matola; e outras instituies como o caso do Banco de Moambique e das Universidades

    Eduardo Mondlane e Pedaggica. Ao nivel da cidade de Maputo realizou-se ainda encontros com os

    acadmicos bem como um seminrio que contou com a sociedade civil no geral.

    Em relao a consulta documental, os principais documentos consultados foram os seguintes: a

    Agenda 2025; o Plano Quinquenal do Governo; os Planos Estratgicos Sectoriais e Territoriais; o

    Plano de Aco Para Reduo da Pobreza; o Plano Prospectivo Indicativo; os Planos de

    Desenvolvimento Espaciais; os Relatrios do Mecanismo Africano para Reviso de Pares; o Plano

    Estratgico Indicativo da SADC entre outros instrumentos. O processo de consulta bem como a

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    anlise documental permitiram definir as linhas de orientao estratgica que nortearam a presente

    estratgia de Desenvolvimento.

    CAPTULO II

    2.1. DIAGNOSTICO

    2.1.1. Desenvolvimento socio-econmico

    Mocambique tem registado um crescimento econmico mdio anual do PIB de 8% durante o periodo

    1993-2010. O forte crescimento real do PIB desde 2000 tem sido impulsionado por fortes investimentos

    em grandes projectos, especialmente nos sectores de minarao. O crescimento econmico foi

    acompanhado pelo desenvolvimento de um ambiente macroeconmico estvel e previsvel.

    Apesar da recente crise financeira e da correspondente crise de alimento, que impactaram de forma

    contida e parcial na economia do pais devido a canais de transferncias limitados, o Pais continuou a

    mostrar um crescimento economico relativamente forte, onde o PIB cresceu em 6,7% em 2010

    representando uma expanso da economia na ordem de 0,3%, quando comparado com o crescimento

    registado em 2009.

    Tabela: Indicadores Economicos, 2003-2010

    Indicador 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Crescimento real do PIB (%) 6,5 7,9 8,4 8,7 7,3 6,8 6,4 6,7 Inflacao (%) 13,5 12,6 6,4 13,2 8,2 10,3 3,3 12,7 PIB per capita (USD) 256,9 301,6 334,5 352,8 398,7 476,9 453,9 457

    Fonte: INE

    No entanto, a pobreza continua muito generalizada em Moambique, no obstante o crescimento

    sustentado do PIB na ltima dcada. A taxa de pobreza da populao caiu de 69,4% em 1997 para 54,7%

    em 2010, mas a situao estagnou e as disparidades regionais permanecem muito altas. Por isso, a

    estratgia do governo para a reduo da pobreza est focada na criao de empregos, aumentando a

    produo agrcola e reforando o capital humano.

    A estrutura econmica de Moambique oferece um bom potencial nos sectores ainda no desenvolvidos

    (no que concerne ao sectores primrios), e o desafio para o futuro ser o desenvolvimento de indstrias

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    com base nos recursos naturais (particularmente a explorao mineira) e o turismo. Contudo, para

    explorar o potencial da economia, o Governo tem de melhorar as infra-estruturas, incrementar a eficincia

    da administrao pblica, e manter a estabilidade macroeconmica do pas.

    2.1.2 Populao: Comportamento dos principais indicadores

    A populao moambicana tem vindo a crescer a um ritmo considerado imcompativel com o ritmo de

    desenvolvimento do pas. Em 1997, o pas possuia cerca de 16,075 milhes de habitantes, tendo

    aumentado para 23,049 milhes em 2007, prevendo - se que esta tendncia de crescimento se mantenha

    nos prximos anos, devendo atingir os 29,310 milhes de habitantes em 2020.

    A taxa de fecundidade alta (em relao a taxa de reposio ideal que de 2,1), actualmente de 5.5

    (Censo 2007), prevendo-se que continue com a tendncia crescente, podendo atingir 6.3 nos proximos

    anos. Esta elevada taxa de fecundidade, resultado do elevado crescimento da populao a uma taxa de

    2.7%.ao ano.

    A mortalidade infantil tem vindo a reduzir satisfatoriamente. Dos actuais 133/1000 nados vivos, esta

    poder atingir os 84.8/1000 nados vivos nos prximos anos, o que indica melhorias no sistema de sade.

    A Esperana de vida da populao moambicana esta a aumentar, dos actuais 47.3 anos, esta poder

    atingir os 52.9 anos nos prximos anos, prenuciando-se melhorias na qualidade de vida da populao.

    Estando a populao moambicana a crescer a uma taxa de 2.7% ao ano, a Estratgia Nacional de

    Desenvolvimento preocupa-se com as implicaes deste crescimento para o desenvolvimento economico

    do Pas, uma vez que o aumento da populao, no acompanhado pelo corresponde em termos de

    recursos, exerce presso sobre o governo que muitas vezes se vm obrigados a desviar recursos para a

    construo de condies bsicas de vida da populao em crescimento.

    Nesse sentido, os assentamentos humanos e um melhor ordenamento do territrio devem ser

    considerados na estratgia Nacional de desenvolvimento tendo em conta a populao em crescimento.

    A Estratgia Nacional de Desenvolvimento, dever procurar atraves das aces de desenvolvimento que

    preconiza, influenciar as tendncias dos principais elementos da dinmica demografica, nomeadamente a

    fecundidade (natalidade), a mortalidade e as migraes. Por outro lado dever contribuir para a elevao

    do grau de conhecimento da populao (reduo do analfabetismo), como forma de aumentar a

    participao e usufruto pelas pessoas das oportunidades que o pas oferece aos seus cidados.

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    2.13 Anlise Swot

    Moambique um Pas relativamente jovem, com uma estabilidade poltica e macro-econmica

    assinalvel, e com com um ambiente favorvel para atrair investimentos. A existencia de recursos naturais

    em abundncia, bem como uma populao economicamente activa predominantemente jovem constituem

    uma oportunidade para a atraco de investimentos estrangeiros. Contudo, a prevalncia ainda elevada

    de doenas endemicas como a malria e o HIV/SIDA, bem como as altas taxas de analfabetismo, aliadas

    a fraca rede de infraestruturas que ligam o Pas, podem constituir uma ameaa para o desenvolvimento do

    Pas. Por outro lado, a dependncia do financiamento externo e a vulnerabilidade do Pas face as

    mudanas climticas devido a sua localizao junto a costa constituem um grande desafio para o

    governo.

    Estes e outros aspectos que espelham a situao global de Moambique podem ser resumidos, atravz da

    anlise SWOT, que consiste na identificao dos pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameas

    do Pas, que a seguir se apresentam:

    FORA FRAQUEZAS

    Estabilidade poltica e Macro-econmica no Pas.

    Melhorias significativas na gesto das Finanas Pblicas do Pas, proporcionando uma maior confiana na gesto de receitas pblicas;

    Diversidade de Condies Agroecolgicas e climatricas (Zonas Agroecolcicas com potencial de Produo) e reas de desenvolvimento industrial (matrias primas, mo-de-obra, etc.)

    Abundncia de terra e clima favorvel para a explorao de biocombustveis.

    Aumento de receitas provenientes das Royalty Mineral (receitas pblicas podem ser usadas para financiar programas pertinentes de desenvolvimento)

    Baixa Densidade da populao (existncia de terra disponvel para a industrializao)

    Potencial em Recursos Naturais e Energticos

    Deficincias e limitado controlo na Gesto de Polticas Macroeconmicas fraca participao social

    Desenvolvimento limitado dos sistemas de gesto das Finanas pblicas e, particularmente da gesto e administrao das receidas pblicas;

    Baixa taxa de poupana bancria, o que limita o investimento domstico.

    Fraca produo e produtividade industrial e agrcola resultante do tipo de actividades dominantes no Pas e, disponibilidade e acesso creditos s actividades de risco

    Infra-estrutura industrial inadequada para o

    crescimento das indstrias. Uma orientao das exportaes

    moambicanas para matrias-primas em bruto, o que resulta em desvantagens na

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    (Minerais, energias renovveis, nomeadamente solar, elica e hdrica;

    Corredores de desenvolvimento que facilitam o acesso aos pases do interior (portos, aeroportos, vias-frreas, estradas e pipelines)

    localizao geoestratgica do Pas; Existncia de uma populao activa,

    maioritariamente jovem

    Fortes e Contnuos Investimentos nos Sectores sociais (Sade, Educao, Aco Social);

    Boas relaes externas (com pases vizinhos e parceiros de cooperao).

    cadeia de valores e competitividade econmica a nvel regional e internacional;

    Ausncia de um Plano Director para orientar a explorao e uso dos recursos;

    Fraca qualidade de formao sobretudo em reas tcnicas e cientficas

    Elevados ndices de doenas endmicas como a malria e o HIV-SIDA

    Fraca capacidade de coordenao e de implementao de polticas e de prestao de servios Pblicos;

    Dfice estrutural na balana comercial (importador lquido de produtos de primeira necessidade);

    OPORTUNIDADES AMEAAS

    Capacidade de Gesto de polticas Macroeconmicas e manuteno e Consolidao da paz

    Desenvolvimento de mercados agricolas e mobilizao de recursos para a produo agricola e indiustriais;

    Fluxo de investimentos de multinacionais no sector dse recursos minerais (prospeco, explorao e transformao de gs natural, petrleo e Minrios);

    Mercado a nvel da regio para exportao de energia

    Reformas em curso no ambiente de negcios para incentivar o investimento privado;

    A descoberta de novos jazigos de recursos (minerais e hidrocarbonetos);

    Crescente demanda na explorao de recursos naturais existentes no Pas (carvo, areias pesadas e outros);

    Investimentos pblicos em infra-estruturas e servios bsicos;

    Desenvolvimento urbano, e crescente procura de padres de vida;

    Maior integrao da economia moambicana nas economias regional e africana;

    Aumento dos fluxos de turismo que resultam na procura por espaos residenciais e de negcios

    Instabilidade Macroeconmica internacional e Social , Choques externos (volatilidade dos preos, taxas de juro e de Cmbios) tendo como algumas das consequncias o agravamento do dfice comercial externo do Pas e subida do custo de vida e Convules sociais;

    Mudanas climticas Choque de Mercados ( preo de mercadorias

    e materias primas) e Concorrncia de economias com potencial em recursos naturais

    Falta de clareza na estrutura de mercado de energia pode retrair os investimentos por parte das empresas geradoras de energia

    Expatriao de Capitais e refluxo de investimentos no sector de recursos naturais;

    Negociao de contratos de concesso que no so vantajosos para o estado e para o Pas.

    Extensivo e desordenado crescimento urbano (comprometendo os recursos naturais e a qualidade de vida das populaes );

    Prevalncia elevada de doenas e epidemias (malria, HIV/SIDA etc;

    Migrao ilegal Choques no Crescimento dos rendimentos e

    crises financeiras que reduzem o poder aquisitivo dos paises e consequente abrandamento da actividade turstica

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    2.1.4 Transformar as Vantagens Comparativas de Moambique em Vantagens Competitivas

    No mbito da integrao regional (SADC) e internacional (Resto do Mundo), podem ser identificadas

    algumas vantagens comparativas, tais como: (i) A localizao geoestratgica de Moambique na regio da

    frica Austral; (ii) Os Corredores de Desenvolvimento que compem infra-estruturas de transportes e

    comunicao como portos, estradas, oleoduto, gasoduto e linhas frreas que possibilitam a ligao de

    Moambique com os pases do hinterland; (iii) O sector de energia possui potencialidades em recursos

    naturais, que podem transformar Moambique num pas com abundncia de energia elctrica e a preos

    competitivos na regio: em carvo mineral energtico e metalrgico existente na Provncia de Tete; o gs

    natural de Pande e de Temane, na Provncia de Inhambane; as barragens de Cahora Bassa com um

    potencial de 2,075 megawats dos quais s cerca de 15% so consumidos pelo pas, entre outros. Para

    alm dos recursos j em explorao existem projectos promissores, tais como: barragem hidroelctrica de

    Mpanda Nkuwa na Provncia de Tete, central Trmica na base de Coque ligado a explorao do carvo

    mineral da CVRD com uma capacidade de 1000-2000 MW, Central Trmica na provncia de Maputo

    (Moamba) com uma capacidade de 1000 MW, a possibilidade de explorao de petrleo na Bacia do

    Rovuma em Cabo Delgado e lanamento de programas de produo de Biocombustveis atravs do etanol

    e biodiesel, a partir, principalmente, da cana de acar e jatropha, respectivamente, entre outras matrias-

    primas.

    A localizao de Moambique junto a costa do oceano ndico e a disponibilidade de terra arvel, gua

    (vales do Zambeze, Limpopo) e as condies climatricas constituem um enorme potencial para produo

    agrcola e pesqueira. Por outro lado, a existncia da maior fauna costeira de explorao do camaro de

    alta qualidade ao nvel da frica Austral (banco de Sofala) bem como existncia de condies naturais

    para a atraco de turistas em todas pocas do ano para o tradicional turismo de praia, reserva, parques e

    outras reas de lazer fazem de Moambique um destino turstico privilegiado e torna o Pas, uma

    referncia ao nvel do continente africano.

    O pas tido como modelo de diplomacia pragmtica e de diversificao, tanto a nvel de sucesses

    pacficas dos presidentes da Repblica, como na relao entre a oposio e governo, e no ptimo clima e

    vontade poltica de orientar a economia para o melhor caminho.

  • 14

    A integrao regional em que o pas se encontra pressupe uma expanso do mercado nacional para um

    mercado nico regional que vai integrar 200 milhes de potenciais consumidores da regio austral de

    frica, o que pode contribuir para a atraco de IDE;

    A existncia de Zonas francas Industriais como de Matola e Nacala, com incentivos fiscais que possibilitam

    a reduo dos custos de implementao dos projectos, dos custos de produo e o repatriamento de

    dividendos um dos factores preponderantes para a atraco dos investidores estrangeiros.

  • 15

    CAPTULO III

    3. Orientao Estratgica

    3.1. Modelo de Desenvolvimento assente na industrializao

    Conceito

    No contexto desta estratgia, entende-se industrializao como um processo de transformao da base

    estrutural e das dinmicas scio econmicas de acumulao, atravs do qual: (i) As conquistas da cincia

    e tecnologia so aplicadas a todas as esferas de organizao das cadeias de produo e valor; (ii) A

    qualidade dos factores de produo se desenvolve substancialmente; (iii) Estes factores so transferidos

    para outros sectores e processos de maior produtividade e sinergias; e (vi) A sociedade evolui do auto

    emprego para processos dominantemente sociais, colectivos e cooperativos de trabalho.

    Portanto, pretende-se que a industrializao seja um processo de transformao estrutural, econmica e

    social, e no apenas a substituio do trabalho manual pelo mecanizado ou instalao de uma indstria

    isolada.

    Os ganhos da industrializao podem ser usados como parte de uma estratgia para promover um

    crescimento e desenvolvimento integrado e sustentvel, dadas as ligaes que podem ser estabelecidas

    entre o processo (indstria, agricultura, pesca, tecnologia, recursos minerais, comrcio, etc.) e a economia:

    Fonte: Weiss (1985).

    A principal caracterstica da industrializao a aplicao cada vez maior e extensiva de novas

    tecnologias, conhecimentos e formas de organizao nas actividades econmicas.

  • 16

    Para o caso de Moambique, espera-se que a industrializao d os seguintes resultados:

    O aumento de produtividade laboral. Isto quer dizer que, em mdia, cada pessoa econmicamente

    activa produz (rende) mais dentro de um igual perodo de trabalho.

    O escalamento da cadeia de valor em diversos produtos e sectores. Isto significa que os produtos que

    eram vendidos sem ou com pouca transformaco (e.g., em bruto), passam a ser transformados dentro

    do pas assim ganhando um maior preo no mercado internacional.

    O nascimento de novos produtos e actividades econmicas.

    A entrada competitiva de produtos e servios Mocambicanos em mercados regionais e internacionais.

    A criao de postos emprego numa escala grande, e a gerao de novos investimentos domsticos e

    estrangeiros.

    Natureza da industrializao

    importante salientar que a nossa definio de industrializao no se restringe a actividades especificas,

    tal como a industria pesada. Ao contrrio, a natureza de industrializao almejada relevante a todos os

    sectores econmicos. No ramo agrcola, por exemplo, realiza-se a industrializao atravs de ganhos

    significativos de produtividade baseados em novos tecnologias ou mtodos, bem como o movimento para

    novos produtos e a sua posterior transformao (acrscimo de valor no agro-processamento).

    Outros aspectos da forma de industrializao almejada merecem meno. Primeiro, deve-se dar nfase

    nas exportaes. Isto porque o mercado externo oferece oportunidades maiores para a expanso.

    Tambm interaco a nvel internacional promove a aprendizagem e experincias em novas tecnologias e

    conhecimento. A longo prazo, estes so crticos para alcanar altos nveis de competitividade.

    Segundo, a industrializao em Moambique deve apostar nas tecnologias e actividades que so

    intensivas em mo de obra. Nesta fase de desenvolvimento, e de modo a evitar o crescimento de

    desigualdade, critico que as melhorias econmicas sejam partilhadas por todos. Ademais, a criao de

    novos postos de emprego essencial para fazer face as tendncias demogrficas.

    Terceiro, o papel do governo durante o processo de industrializao crucial mas no deve assumir

    exclusividade. A posio tomada aqui que a industrializao depende do esforo de todos os

    Moambicanos. No a responsabilidade nica do estado. Todavia, o governo tem papeis chaves como:

    (i) impulsionador; (ii) regulador; e (iii) agente econmico prprio. So vrios os bens e servios pblicos

    que podem estimular a industrializao. Exemplos concretos incluem infra-estruturas econmicas pblicas

  • 17

    de alta qualidade; um ambiente legal e fiscal transparente, previsvel e facilitador de novos

    empreendimentos; programas credveis de controlo de qualidade (certificao, acreditao, medio etc.);

    e investimentos na pesquisa e divulgao de conhecimento cientifico. So bens pblicos tambm as

    actividades que experimentam e exploram as vantagens do pas em novos produtos e actividades

    econmicas. Assim, o governo possui uma posio mpar para assumir alguns riscos econmicos. Estes

    elementos so elaborados nos seguintes captulos.

    Finalmente, os recursos naturais do pas devem servir como uma fonte de gerao de riqueza para todos.

    Isto , devem ser explorados cautelosamente e de forma sustentvel para que os seus excedentes

    assegurem a transformao econmica do pas nos termos acima indicados. Visto desta forma, os

    recursos naturais podem servir como uma alavanca rumo a industrializao. Assim, os riscos relacionados

    com a explorao de recursos naturais, inclusive efeitos macroeconmicos nefastos e a partilha injusta de

    rendimentos, devem ser encarados seriamente.

    3.2. Viso da Estratgia

    A viso da Estratgia que Moambique seja, um pas seguro, prspero, sustentvel, competitivo,

    assente numa economia industrializada, com um rendimento mdio que garente a redistribuio da

    riqueza e um bem estar social.

    3.3. Princpios e Valores

    Os princpios preconizados na estratgia so:

    Eficincia

    Transparncia

    Equidade Social

    Sustentabilidade

    Responsabilizao

  • 18

    3.4. Valores

    Os principais valores da actividade governativa baseiam-se na Constituio da Repblica

    (Artigo 11):

    Consolidao da unidade nacional;

    Edificao de uma sociedade de justia social e a criao do bem-estar material, espiritual

    e de qualidade de vida e dos cidados;

    Promoo do desenvolvimento equilibrado, econmico, social e regional do pas;

    Defesa e promoo dos direitos humanos e da igualdade dos cidados perante a lei;

    Reforo da democracia, da liberdade, da estabilidade social e da harmonia social e

    individual;

    Promoo de uma sociedade de pluralismo, tolerncia e cultura de paz;

    Desenvolvimento da economia e o progresso da cincia e da tcnica; e

    Afirmao da identidade moambicana, das suas tradies e demais valores scio-

    culturais.

    3.5. Pressupostos

    Os principais pressupostos da estratgia so:

    Papel do Estado :

    Incentivar o desenvolvimento do sector privado e laisser-faire

    Corrigir as falhas do mercado;

    Assegurar o fornecimento de bens pblicos;

    Garantir a Segurana Pblica;

    Contribuir para a equidade econmica e social;

    Assegurar a arrecadao eficiente de receitas;

    Papel do sector privado:

  • 19

    Operar num sistema competitivo;

    Criar emprego;

    Investir na investigao e desenvolvimento;

    3.6. OBJECTIVO ESTRATGICO GERAL

    Reduzir a pobreza dos actuais 54% para 20% em 2035 e Melhorar as Condies de Vida da populao, atravs da Industrializao da Economia.

    3.7. REAS CHAVE

    As principais reas a serem consideradas para responderem ao objectivo da estratgia so:

    Desenvolvimento da industrializao e da competitividade da economia

    Desenvolvimento do Capital humano, investigao cientfica e inovao

    Desenvolvimento das infra-estruturas e promoo do planeamento territorial

    DESENVOLVIMENTO DA INDUSTRIALIZAOE DA COMPETITIVIDADE DA ECONOMIA A industrializao dever desempenhar um papel fundamental na dinamizao e modernizao da

    economia, impulsionando o seu crescimento e transformao qualitativa. Isto , a indstria dever

    funcionar em estreita ligao com os demais sectores. Deste modo, a industrializao contribuir para a

    valorizao dos recursos naturais, para o equilbrio nas trocas com o exterior, para a satisfao das

    necessidades bsicas, para a promoo do uso e desenvolvimento de novas tecnologias e para multiplicar

    ligaes e efeitos dinmicos de transformao social que so capazes de gerar ganhos sustentveis de

    desenvolvimento.

    A viso estratgica da industrializao que esta vai impulsionar e promover suas ligaes com o

    desenvolvimento econmico, atravs de uma indstria nascente, permitindo o crescimento endgeno da

    produtividade industrial (a partir do aumento das qualificaes e pela sua organizao, a especializao e

  • 20

    o estabelecimento de redes de fornecedores e o progresso tecnolgico para o aumento da capacidade

    produtiva) e, influenciando o aumento da produtividade nos outros sectores (a partir de ligaes

    monetrias, aumento da capacidade produtiva pela reduo dos custos e elevao da qualidade e a

    absoro da mo-de-obra).

    A existncia de recursos minerais, energticos e hdricos, a potencialidade para explorao de recursos

    agrcolas, pecurios, pesqueiros e florestais, e para instalao de indstrias com efeito multiplicador nas

    reas de construo e energia, bem como a existncia de trs grandes corredores regionais de comrcio e

    transporte e vrios portos martimos para o escoamento da produo coloca o pas numa situao

    privilegiada na regio e no mundo.

    O pas ir apostar em indstrias transformadoras essenciais para o processamento dos recursos agrcolas,

    pesqueiros e florestais, por causa do seu potencial na gerao de emprego, e em indstrias intensivas em

    capital, na explorao e processamento de recursos minerais e energticos, privilegiando em ambos casos

    o equilbrio ecolgico e a preservao do meio ambiente, atravs da adopo de tecnologias limpas.

    Potencial em Recursos naturais

    Potencialidades no Sector Agrcola (agricultura e pecuria) e no Sector de Pesca:

    o pas possui cerca de 36 milhes de terra arvel subutilizada (apenas 12% est a ser cultivada), com

    solos frteis sob influncia de condies geolgicas (vales em plancies) e de clima (predominantemente

    tropical hmido com precipitao adequada) propcios para a prtica da agricultura.

    Conta com 3 milhes de hectares de potencial de irrigao, estando apenas 120.000 hectares irrigados

    neste momento. Existem mais de 100 bacias hidrogrficas, cerca de 1.300 lagos e 10 barragens, com

    capacidade de armazenamento de 430.000 m3 de gua.

    As culturas alimentares e a pecuria, as culturas de rendimento, como as oleaginosas, os biocombustveis,

    os frutos tropicais e as plantaes florestais, apresentam um potencial considervel de expanso e de

    maior produtividade.

    O pas localiza-se na costa oriental de frica, banhado pelo oceano ndico, com uma linha de costa de

    cerca de 2.770 Km de extenso. Existem trs bancos grandes ou importantes do ponto de vista ecolgico,

  • 21

    a saber: a Baa de Delagoa, no sul, o Banco de Sofala no Centro e o Banco de So Lzaro, no norte. A

    costa caracterizada por uma ampla diversidade de habitats e de biodiversidade, com espcies

    endmicas e em vias de extino; e por recursos diversos, que inclui as pescarias, fauna e flora costeira.

    O principal desafio passa por aumentar os nveis de produo da agricultura, pesca, pecuria e florestas

    para o nvel comercial, de forma racional e sustentvel. Existem oportunidades claras para o aumento da

    produo agrcola e pesqueira. O crescimento do sector agrcola e pesqueiro ser determinado pelo

    incentivo produo agrcola familiar e pesqueira artesanal, e sua transformao em agricultura e pesca

    comercial, atravs da expanso dos servios de assistncia tcnica, disponibilizao de insumos, acesso

    ao financiamento, integrao em mercados, e adopo de novas tecnologias, que ter impacto positivo

    sobre a produo, gerao de emprego, rendimento e receitas fiscais.

    Neste perpesctiva, ser necessrio alinhar as perspectivas do governo, do sector privado e dos parceiros

    de cooperao para identificar estratgias de interveno e ultrapassar os principais desafios, envolvendo

    todos os intervenientes na cadeia de valor dos produtos agrcolas e pesqueiros, em particular os

    pequenos produtores.

    Potencialidades em Recursos Minerais e para a produo de Energia:

    O elevado potencial em recursos minerais, sobretudo carvo de alta qualidade e em hidrocarbonetos como

    o gs, tem sido reconhecido internacionalmente e est a despertar o interesse de investidores de quase

    todo o mundo. O pas possui quantidades considerveis de recursos minerais, dos quais a maior parte

    ainda no foram efectivamente explorados:

    Bacias sedimentares de grande espessura com perspectivas para a ocorrncia de

    petrleo ou gs - o campo de gs de Pande foi descoberto em 1961, seguido das

    descobertas de gs em Bzi (1962) e Temane (1967). Actualmente existem pesquisas de

    petrleo Sofala, Cabo Delgado e Zambzia.

    Os projectos de reas Pesadas de Nampula, e a sua existncia em Inhambane e Gaza.

    Os projectos de explorao de Carvo Mineral em Tete.

    Projectos de explorao de Tentalite na Zambzia.

    Ocorrncia de Ouro e pedras preciosas e semipreciosas em Manica e Nampula.

  • 22

    Os resultados do programa de mapeamento Geolgico recm concludo destacam

    algumas reas potenciais em Recursos Minerais valiosos. Trata-se de reas cobertas

    pelas rochas supracustais das formaes geolgicas que ocorrem na Provncia de

    Manica, onde existe potencialidade da ocorrncia de Kimberlite e Lamproitos (rochas

    hospedeiras de Diamantes), Ouro, Metais de Base, Urnio e Platinoides, e pelos granitos

    do complexo de Bru, potenciais para ocorrncia de pegmatitos, hospedeiros de pedras

    semi-preciosas, estanho, tungstnio, nibio e tentalo.

    Houve, no passado, alguma produo de carvo em Moatize, de ouro em Manica,

    calcrios em Montepuez, tantalite na Zambzia, grafites em Ancuabe, cobre e bauxite em

    Manica, bentonite em Maputo, gemas e pedras semipreciosas, etc.

    O sector de energia possui potencialidades em recursos minerais e hdricos, que podem transformar Moambique num pas com abundncia de energia elctrica e a preos competitivos

    na regio, tais como:

    O carvo mineral energtico e metalrgico existente na Provncia de Tete (maior reserva

    de carvo de coque e de alta qualidade).

    O gs natural de Pande e Temane na Provncia de Inhambane.

    As barragens de Cahora Bassa com um potencial de 2,075 megawats dos quais s cerca

    de 15% so consumidos pelo pas.

    Projectos em curso e potencialidades: construo da barragem hidroelctrica de Mpanda

    Nkuwa na Provncia de Tete, central Trmica na base de Coque ligado a explorao do

    carvo mineral da CVRD com uma capacidade de 1000-2000 MW, a inteno

    manifestada para construo de uma Central Trmica na provncia de Maputo (Moamba)

    com uma capacidade de 1000 MW, a possibilidade de explorao de petrleo na Bacia do

    Rovuma em Cabo Delgado e lanamento de programas de produo de Biocombustveis

    atravs do Etanol, Jatropha e outros.

    inteno do pas reter e absorver os benefcios resultantes da explorao dos seus recursos naturais,

    para que estes contribuam para a reduo da pobreza e desenvolvimento do pas. Neste mbito, figuraram

    os seguintes desafios para o pas:

    a) Acumulao de Capital necessrio para o processo:

  • 23

    Desenvolver capacidade financeira para financiar uma participao significativa na estrutura accionaria

    destes projectos

    Criao de Infra-estrutura e Desenvolvimento Institucional:

    Um estudo recente do Instituto Fraser, no Canad, concluiu que a probabilidade da riqueza mineral de

    um pas ser uma bno dos recursos ou uma maldio dos recursos depende da qualidade das

    suas instituies.

    necessrio melhorar o ambiente de negcios e desenvolvimento um sector privado cada vez mais

    forte e agressivo capaz de intervir em projectos de grande dimenso ao longo da cadeia de produo

    e comercializao do gs natural. Em relao ao ambiente de negcios muito importante adoptar

    uma abordagem estratgica de desenvolvimento de infra-estruturas e servios bsicos de acordo com

    a cadeia de produo e valor dos recursos para reduzir os custos de produo e atrair investidores.

    Alm disso, as infra-estruturas e servios necessrios para tornar os projectos de explorao mineral

    bem sucedidos tambm ajudaro no desenvolvimento de sectores no mineiros, como os da

    agricultura, da electricidade e do transporte.

    b) Transformao e Formao de Mercados:

    O pas deve desenvolver sinergias a montante e a jusante dentro da explorao dos recursos naturais,

    bem como, ligaes destes sector com o resto da economia, ou seja, o pas deve possuir uma carteira

    de projectos associados a explorao dos recursos naturais bastante diversificada (industrias ligeiras,

    pesadas, empresas de prestao de servios e de distribuio, instituies de ensino, etc).

    c) Mo-de-obra nacional qualificada e especializada:

    O pas deve formar tcnicos qualificados e especializados. Em relao a este assunto, foi avanado

    que j existem esforos em curso, nomeadamente estudantes nacionais a serem formados no

    estrangeiro nas diversas reas e em diferentes graus acadmicos, e tambm existe a possibilidade de

    se criar um instituto para formar tcnicos nacionais qualificados e especializados. A concretizao

    deste objectivo ir permitir que o pas adquira capacidade tcnica e financeira para realizar estudos de

    viabilidade (tcnico, financeiro, econmico e social, e ambiental), para fiscalizar projectos de grande

    dimenso e para negociar acordos de explorao. A capacidade tcnica e tecnolgica tambm pode

    ser transferida atravs dos parceiros estrangeiros.

    c) Incentivos:

  • 24

    A poltica de incentivos (ou subsdios) deve ser alocada racionalmente, tendo em conta a natureza e a

    cadeia de valor de cada projecto, e os objectivos a alcanar.

    A competitividade da Economia O aumento da competitividade da economia moambicana deve estar centrado no seguinte:

    O ambiente econmico do pas deve compensar os efeitos adversos das flutuaes cambiais

    no actual ciclo de crescimento econmico, atravs da promoo e estmulo aos ganhos na produtividade (melhoramentos na tcnica e tecnologias de produo, fornecimento e disponibilizao de crditos para a aquisio de factores de produo mais eficientes e eficazes) e na qualidade (unidades de certificao tcnica e tecnolgica e de regulamentao monitoria e controle de

    qualidade) dos produtos e servios empresas.

    Promover vanos significativos nos sectores de infra-estrutura (criao de condies infra-

    estruturais de apoio - electricidade, comunicaes, gua, saneamento, educao (treinamento e

    desenvolvimento do capital Humano) e na inovao tcnica e tecnolgica.

    Fonte: Competitive Advantage of Nations, Michael Porter; Anlise da Bain

  • 25

    A questo do aumento da competitividade em Moambique dever estar direccionada para que sejam

    resolvidas questes estruturais da economia, atravs da

    Arquitectura de um ambiente institucional e de infra-estruturas para servir as empresas e o sector

    privado;

    No que concerne ao desenvolvimento e potenciamento da cadeia de Valor das reas potenciais

    de Moambique, permitir a maior presena estatal, a transformao privilegiando a produo de

    contedo local, a formao de clusters e permitir a internacionalizao das empresas;

    Relativamente a gerao e transferncia de conhecimento, dever-se- apostar na transferncia

    de tecnologias e incentivar as empresas a investirem na pesquisa e desenvolvimento;

    O factor humano figura-se muito importante neste processo, carecendo por isso, de um

    desenvolvimento de programas de capacitao e criao de universidades em reas tcnicas e

    com melhor qualidade.

    Aces Prioritrias:

    Desenvolver competitividade industrial e regional disponibilizar infra-estrutura e capacidade

    de formar redes; facilitar e incentivar melhorias no sistema de inovao;

    Garantia a estabilidade das variveis macroeconmicas que afectam a competitividade das

    empresas (estabilidade da taxa de juros e de cmbio, balana comercial e de pagamentos bem como

    a dvida pblica);

    Gerir as capacidades da sociedade de realizar consensos para conseguir alcanar os objectivos

    definidos conjuntamente.

    DESENVOLVIMENTO DO CAPITAL HUMANO, INVESTIGAO CIENTIFICA E INOVAO

    O pas s poder alcanar as suas metas de desenvolvimento, com pessoas capacitadas, saudveis e

    que se sentem parte integrante da agenda de desenvolvimento.

    O desenvolvimento econmico e o desenvolvimento humano co-existem e so quase mutuamente

    dependentes. O quadro de crescimento deve ser concebido de uma maneira que capte essa correlao.

    A alocao de recursos deve ser feita em funo das prioridades que possam alavanar outras reas e

    produzir rapidamente recursos a serem alocados nas areas que no tiverem sido consideradas na primeira

    fase.

  • 26

    Neste contexto, o desenvolvimento do capital humano (e cientifico) servira como a base para o

    desenvolvimento industrial.

    O objecto principal do desenvolvimento humano da Estratgia ser a enfse em formar e produzir quadros

    que devem responder e colmatar as necessidades das reas prioritrias de desenvolvimento. Assim, a

    estratgia Nacional de Desenvolvimento prioriza o desenvolvimento de capacidades tcnicas atravs da

    criao de uma escola de formao profissional financiada pelo sector privado, a jusante das industrias

    com o seguinte perfil:

    Formao de tcnicos bsicos nas reas de interesse das industrias a montante e a jusante, 5

    anos; Formao de tecnicos mdios nas reas de interesse das industrias a montante e a jusante, 10

    anos; Formao de tcnicos supeiores nas reas de interesse das industrias a montante e a jusante 10

    anos; Expanso da escola para trs pontos do pais, norte, centro e sul em funo das reas de

    interesse a montante e a jusante, 20 anos.

    O investimento no capital humano tem como resultados: (a) o uso mais eficiente de recursos existentes

    publico ou privado - na prestao de servios e no alcance dos objectivos do governo (b) criao de

    novos contedos de conhecimento relevantes para as prioridades sociais e economicas identificadas nos

    documentos estrategicos (c) apoio mais consistente no avano para uma economia do conhecimento,

    criando novos mercados e infrastruturas, que por fim resultara na (d) competitividade que resulta do

    melhoramento da eficiencia (o como fazer) interna e externa e (e) industrializao que resulta da criao

    e aplicao de conhecimento que constituem a viso global de desenvolvimento da Estratgia.

    Para o alcance desses resultados o governo dever focalizar nos seguintes objectivos:

    (a) desenvolvimento do conhecimento e a sua cadeia de valor, que requer o estimulo de pesquisas

    relevantes e inovao direcionada para as prioridades identificadas (infrastruturas, recursos

    minerais e as industrias priorizadas).

    (b) O desenvolvimento industrial e as suas cadeias de valores promover inovao nas industrias

    priorizadas desenvolvidos atravs de clusters de inovao industrial em areas especificializadas

  • 27

    Contudo, o desenvolvimento do Capital Humano no diz respeito apenas formao das pessoas para

    participarem no processo produtivo, mas sobretudo os factores que directamente influenciam na

    capacidade do homem ter uma vida de qualidade, ser saudvel e participar activamente na vida da

    comunidade.

    O Desenvolvimento do Capital humano e Investigao Cientifica na Estratgia Nacional de

    Desenvolvimento pressupem a realizao de investimentos e intervenes nas reas da Agricultura,

    Habitao e Emprego como forma de assegurar condies bsicas de vida dos cidados; bem como nas

    reas da Sade e Proteco Social.

    Considerando que grande parte de cidados do pas, no possui condies de por si prprios assegurar

    uma vida decente e digna para si e seus dependentes, o pas deve garantir a proteco social dos

    segmentos da populao mais vulnerveis por razes relacionadas com as condies de extrema pobreza

    e deficincias que diminuem ou retiram na totalidade a capacidade de trabalhar ou produzir os meios para

    o seu sustento, atravs de esquemas de proteco social sustentveis.

    DESENVOLVIMENTO DAS INFRA-ESTRUTURAS E PROMOO DO PLANEAMENTO TERRITORIAL

    O planeamento territorial diz respeito as aces levadas a cabo pelo Governo com vista a melhorar o uso

    e aproveitamento da terra atravs da consolidao do processo de zoneamento como factor determinante

    na identificao de reas especificas para a implantao de centros urbanos, industriais, plos de

    desenvolvimento, reservas naturais e outras infra-estruturas.

    Um deficiente sistema de planificao territorial pode comprometer o desenvolvimento de infra-estruturas

    criando sobreposies e zonas de conflito entre os vrios projectos, e, consequentemente, retrair os

    investimentos. Sendo assim, as infra-estruturas correctamente planificadas constituem um elemento

    primordial para dinamizar o desenvolvimento nacional, na medida em que permitem fornecer servios de

    qualidade e reduzir os custos de produo.

    Deste modo, torna-se necessrio Implementar a lei de ordenamento territorial, o mapeamento,

    zoneamento agrrio e cadastro das terras; Efectuar o mapeamento das zonas de risco a calamidades

    naturais e sobretudo demarcar talhes para reassentar as populaes deslocadas quer pelo clima, quer

    por razes de carcter scio-cultural.

  • 28

    Um potencial investimento no mapeamento poder contribuir para identificar as principais intervenes e

    polticas, de modo a promover a utilizao eficaz dos recursos e produzir um maior impacto. Este

    mapeamento poder fornecer informaes valiosas para orientar o tipo de intervenes em reas

    geogrficas especficas. Atravs deste seria possivel identificar indicadores por exemplo, a nvel municipal

    tais como: (i) incidncia da pobreza, (ii) o potencial rendimento econmico, (iii) a eficincia produtiva, e (iv)

    o custo de acesso aos mercados. Com isso, reas de alto e baixo impacto podem ser identificados, e

    tambm que tipo de interveno (infra-estrutura, servios, conhecimento, articulao, assistncia social,

    etc) mais adequado para essa rea. Com base nessas informaes, uma tipologia eficaz e priorizao

    de intervenes pode ser desenvolvida.

    Em relao as infra-estruturas, as fraquezas nos transportes e na logstica tem sido um grande desafio

    para o Pas. Uma Infra-estrutura adequada com particular nfase na logstica: servios de energia,

    transporte e outros podem facilitar a distribuio de produtos (ou servios) e a produo a baixos custos.

    essencial que a vantagem competitiva que o pas tem na produo de bens no seja afectada pelos

    custos logsticos de transporte de mercadorias da fbrica at o destino ou por uma oferta de electricidade

    pouco confivel. H dois subcomponentes neste elemento. Um deles o hardware de custos logsticos,

    que se refere a ter uma infra-estrutura fsica razovel de estoque e de qualidade necessrios para

    transportar mercadorias de forma eficaz, isto , estradas, portos, aeroportos e ferrovias. Outra

    subcomponente o software de custos logsticos e refere-se a existncia do conjunto de servios

    associados e processos necessrios para se mover e comrcializar os bens de forma eficaz. Eles incluem:

    processos e procedimentos aduaneiros; licenas e taxas, regulamentos, inspees e certificados;

    embalagem; acesso s instalaes essenciais; terminais secas e logstica, apoio tecnolgico; operadores

    multimodais; disponibilidade de cadeia de frio, hubs e servios silo, corretores etc consolidada.

    Uma vez que para a Estratgia, o desenvolvimento das infra-estruturas constitui um elemento crucial,

    ateno especial deve ser dada ao aumento dos investimentos em infra-estruturas, uma vez que os gastos

    nessa componente esto muito aquem do desejado. Estes investimentos devem priorizar:

    Infra-estruturas Ferrovirias, Rodovirias, areas, e martimas:

    Desenvolvimento de infraestruras ferrovirias para o escoamento dos produtos das zonas de extracao para as zonas de produo e das zonas de produo para as zonas de consumo;

    Desenvolvimento de Infraestrutras rodovirias para o escoamento dos produtos a montante e a jusante como complemento das ferrovirias e martimas;

  • 29

    Desenvolvimento de infraestruturas Martimas para o transporte de produtos acabados para o mercado, 5-10 anos, lingotes, 10-20 anos, viaturas e outros produtos acabados.

    Estabelecimento de um programa nacional de conservao de gua, com metas claras

    para melhorar a eficincia do uso da gua (para abastecer os centros urbanos e

    industriais) e criao de novos sistemas de irrigao;

    A construo de infra-estrutura para transformar o gs natural liquefeito e actividade de

    explorao acelerada suficiente para encontrar matrias-primas de gs domstico.

    A melhoria dos assentamentos informais.

  • 30

    CAPTULO IV

    3.1. METAS E INDICADORES

    A Estratgia Nacional de Desenvolvimento desenhado num momemento em que Moambique ainda

    apresenta um potencial consideravel para acelerar o crescimento econmico. Mas este potencial vai ser

    condicionado a existncia duma slida estabilidade macroeconmica, pois um quadro macroeconmico

    slido, boa definio de politicas macro e microeconmicas, boa regulamentao financeira so a base

    para um crescimento robusto.

    A estratgia encontrar um equilibrio entre estabilidade macroeconomica, crescimento economico robusto

    e sustentavel, e o continuo esforo para alcanar as metas de desenvolvimento social, sem no entanto

    abandonar a viso da erradicao da pobreza. Para que tal acontena o governo continuar a enverdar

    esforos para:

    Mobilizar recursos financeiros para promover investimentos publicos em sectores estrategicos

    sem perder de vista questes relacionadas com o crowding out dos investimentos privados e a

    sustentabilidade da divida;

    Prosseguir uma politica monetria e cambial, atravs do Banco de Moambique, orientada para a

    manuteno de niveis baixos e estaveis de inflao a mdio e longo prazo, evitando, no entanto,

    estabilidade no crescimento econmico, taxas de juros e na taxa de cmbio.

    3.2. Metas e indicadores por Prioridades, at 2035

    3.2.1. Metas e indicadores globais

    PIB per capita para cerca de USD 5 mil (dos cerca de USD 500 hoje)

    Mdia de Anos de Escolaridade:

    Esperana de vida a Nascena para 64 anos (dos actuais 52)

    Indice de Pobreza para 20% (de 54% hoje);

    Peso da indstria transformadora no PIB para 20% (dos actuais 14%)

    Indice de competitividade para 50 (dos actuais 129)

  • 31

    3.2.1.1. Desenvolvimento da industrializao e da competitividade da economia Melhorar o Doing Business, melhorar a classificao para a posio 40 (dos 126 hoje), ou

    seja estar no ranking top cinco dos pases da frica Subsariana;

    Quintuplicar as exportaes de USD 2.454.110.900 (18.7% do PIB);

    Aumentar a participao das exportaes de outros produtos para alm dos mega-projectos;

    Aumentar o investimento do sector privado de 7,88% do PIB para 20% do PIB;

    Optimizao do aproveitamento dos recursos naturais

    Reduzir a taxa de desemprego para um dgito (de 21% hoje); Aumentar os investimentos em Parcerias Pblico Privadas de 1% do PIB para 2,5% do PIB

    (estimativas);

    Triplicar o valor acrescentado na agricultura a partir de USD 2.822.185.332;

    Aumentar a percentagem de terra cultivada de 15,64% para 50%;

    Aumentar a parcela de terra irrigada de 3,1% para 30%;

    3.2.1.2. Desenvolvimento do Capital Humano e a Investigao Cintifica

    Atingir 95% de concluso da educao primria;

    Aumentar o acesso a gua potvel a 97% (de 47% hoje)

    Aumentar inscries no ensino secundrio para 75% (de 43% hoje) e as taxas de

    concluso segura acima de 90% (particularmente para as meninas);

    Erradicar a malria;

    Reduzir as taxas de HIV abaixo de 5% (de 14% hoje);

    Reduzir as taxas de mortalidade infantil luz a 2% (a partir da 141,9 hoje)

    Taxa de mortalidade infantil (43.9)

    Indice de Gini para 40% (dos )

    Teste Internacional (Leitura, Artmtrica e Escrita)

  • 32

    3.2.1.3. Desenvolvimento das infra-estruturas e do planeamento territorial Aumentar os investimentos em infra-estrutura global de 2,5% do PIB para 8%;

    Aumentar a Cobertura dos Consumidores de Energia taxa de eletrificao para 80%

    (dos 18% hoje);

    Melhorar a conectividade fsica do pas, tendo desenvolvido totalmente os trs

    corredores leste-oeste (Beira, Nacala e Maputo) e um corredor Norte-Sul (rodovirio e

    ferrovirio) , e trs dos portos com eficincia / operacional indicadores pelo menos

    igual mdia dos portos Sul-Africana;

    CAPTULO V

    4. Factores Chave de Sucesso

    4.1. Revoluo Cultural

    Uma abordagem da planificao que integra o aspecto da cultura, ajuda a garantir que as estratgias de

    desenvolvimento possam criar um ambiente verdadeiramente propcio. O ambiente propcio, geralmente

    indica que o impacto de uma interveno depende do grau em que as estruturas sociais, as comunidades

    e as pessoas sejam receptivas a uma mudana particular. Por outro lado, a ausncia de um ambiente

    favorvel, pode minimizar o impacto de um investimento bem como diminuir os resultados esperados.

    Combinar a componente cultural, permite examinar o papel dos valores, comportamentos e pressupostos

    nas decises de polticas e programas. Permitem ajudar as entidades responsveis pela concepo de

    programas a avaliar se as actuais politicas empoderam as pessoas e se estas mesmas pessoas se

    apropriam dos programas de desenvolvimento, ou se estas levam excluso de alguns indivduos e

    comunidades, enquanto favorecem outros.

    Os hbitos culturais de um pas determinam as polticas de desenvolvimento desse mesmo pais. So os

    valores culturais que determinam os nveis de inspirao econmica de um pas, dai que, no desenho de

    estratgia de desenvolvimento, deve se considerar os seguintes nveis de influncia dos hbitos culturais:

  • 33

    participao activa das populaes/comunidades no processo de desenho das estratgias de

    desenvolvimento para conhecer melhor os seus anseios e seus problemas que desejariam ver

    resolvidos, bem como, a necessidade de incorporar os seus usos e costumes,

    Conhecer os seus interesses porque, a manifestao cultural pode ser uma base a favor,

    indiferente ou contra o processo de desenvolvimento que se pretende atingir.

    Como orientao estratgica necessrio que se desenhe um modelo de revoluo cultural que

    envolva os sectores da cultura, educao, igreja, lideres comunitrios, rgulos, organizaes sem fins

    lucrativos nacionais, de modo a que estejam todos engajados em campanhas que contribuam para

    uma revoluo da mentalidade, como uma abordagem que orienta para o desenvolvimento, partindo

    da responsabilidade individual no desenvolvimento da sua vila.

    4.2. Boa governao e Reforo da soberania

    De modo a garantir o fortalecimento das instituies democrticas e do Estado de Direito, o Estado deve incentivar a cultura de integridade, iseno, transparncia eficcia e eficincia na prestao do servio pblico1.

    Neste contexto, a Melhoria do acesso e a qualidade de prestao de servios pblicos aos cidados em toda a extenso territorial, o Combate a corrupo nas instituies pblicas, a Descentralizao e a Consolidao do Estado Democrtico de Direito constituem prioridades do Pis.

    A estratgia nacioanl de desenvolvimento considera a prestao de contas e o aumento da transparencia a todos os nveis como condies primordiais para o alcance do objectivo preconizado.

    Por outro lado, a participao do cidado na na formulao, implementao, monitoria e avaliao de planos de desenvolvimento a todos nveis mostra-se enssencial para o sucesso da aco governativa.

    4.3. Macroeconomia e Finanas Pblicas

    1 O momento actual crucial, quer do ponto de vista da reforma do sector pblico quer do combate corrupo, pois os documentos orientadores destes dois processos encontram-se no fim da sua vigncia, estando, por isso, em curso a elaborao das novas abordagens que iro orientar estas duas reas. De facto, a Estratgia Global da Reforma do Sector Pblico (EGRSP) 2001-2011 est no seu derradeiro ano de vigncia e a Estratgia Anti-Corrupo (EAC) 2006-2010 terminou no final do ano transacto.

  • 34

    1. Previses e Metas Macroecmicas

    2. Durante o perodo 2011-2035 prev-se um crescimento mdio anual de cerca 8.7%. Os sectores

    da Agro-pecaria, Indstria, Transportes e Comunicao, Construo e da Electricidade e gua

    sero os que mais contribuiro no crescimento previsto, devido aos elevados investimentos

    previstos para estes sectores. Espera-se que em 2035 o PIB percapita seja o duodcuplo ( cerca

    de USD 5,141) dos USD 427 de 2010.

    3. No que concerne a inflao espera-se que este se situe a um digito, situando-se em mdia nos

    6% ao ano durante o perodo 2011-2035.

    4. No sector fiscal, espera-se que as receitas do estado tenham uma tendncia crescente e se

    situem em mdia em 20% do PIB e os Recursos Externos em 7% do PIB mas com tendncia

    decrescente.

    5.

    6. No sector externo preve-se que o dfice da Balana comercial reduza dos actuais 10% do PIB

    para um supervit de 6.2% do PIB em 2035.

    Tabela 1: Previso dos Principais Indicadores Macroeconmicos de Moambique

  • 35

    7.

    2010 2025 2035Sector Real Real Taxa de Crescimento Real (% ) 6.8 10.4 8.8 PIB Nominal (Milhes de USD) 9,580.34 59,410.46 213,622.15 PIB Per Capita (USD) 457.20 1,791.40 5,140.90 Inflao Mdia Anual (% ) 12.70 5.10 5.20 Populao (Milhares de Individuos) 22,417 33,165 41,554 Da qual (15 a 59 anos) 11,200 17,687 23,042 Da qual Economicamente Activa 10,282 16,236 21,152 Esperana Mdia de Vida ao Nascer (Anos) 52 59 64 Taxa de Mortalidade Infantil 88 59 44 Sector Fiscal ( em percentagem do PIB) Recursos Internos 20.0 20.5 23.0 Receitas do Estado 20.3 20.2 22.8 Crdito Interno (0.3) 0.3 0.2 Recursos Externos 12.7 6.5 4.7 Donativos 8.6 3.7 2.7 Crdito 4.2 2.8 2.0 Despesas 32.3 33.1 32.4 Despesas Correntes 19.1 14.0 10.1 Despesas de Investimentos 13.2 19.1 22.3 Sector Externo ( em percentagem do PIB)Balana Comercial (10.4) 4.3 6.2 Exportaes 23.4 24.1 18.7 Importaes 33.8 19.8 12.5

    Projeces

    As projeces apresentados acima assentam nos seguintes pressupostos:

    a) Crescimento e Estabilidade da Economia Mundial; b) Melhoria contnua do Ambiente de Ngocios em Moambique; c) Estabilidade Macroeconomica e Politica e d) Crescimento Contnuo e Estvel do Investimento Directo Estrangeiro.

    8. Politicas Macroeconmicas

    8.1. Politica Fiscal e Gesto de Finanas Pblicas

    O governo contiuar a fazer a Reforma Fiscal para o alcance dos seguintes objectivos principais:

    a) Aumentar a arrecadao de receitas de uma forma sustentvel e justa;

    b) Modernizar e fortalecer a administrao tributria,

  • 36

    c) Desenvolver tecnologias de informao e comunicaes, que permitam melhorar os processos de

    gesto tributria

    No mbito da Gesto de Finanas Pblicas, o governo procurar:

    a) Melhorar processos de planificao e oramentao pblicos para que sejam mais integrados,

    eficazes e eficientes.

    b) Garantir a afectao de recursos pblicos para reas prioritrias fundamentais para a reduo da

    pobreza por forma a contribuir para o alcance dos Objectivos do Milnio;

    c) Garantir a transparncia na gesto dos bens pblicos.

    8.2. Poltica Monetria e Cambial

    A politica monetria ser orientada no sentido de garantir uma estabilidade de preos, entendida como

    uma inflao baixa e estvel, no entanto sem por em causa o objectivo de promover um crescimento

    econmico robusto. Adicionalmente ser orientada para o alcance dos seguintes objectivos:

    Consolidar a Estabilidade Macroeconmica: A manuteno de um baixo nvel de inflao concorre para: (i) estimular a realizao de novos investimentos privados, seja nacionais ou

    estrangeiros; (ii) melhorar o ambiente de negcios; (iii) alocar de forma eficiente os recursos

    disponveis na economia; (iv) melhorar a distribuio do rendimento; e (v) manter o poder de

    compra dos consumidores.

    Competitividade Externa: O Banco de Moambique promove a competitividade externa atravs da poltica cambial.

    Bancarizao: No que concerne a bancarizao o Banco continuar a envidar esforos na promoo da expanso dos servios financeiros pelo territrio nacional.

    O Banco de Moambique continuar a seguir um regime cambial flutuante para permitir ajustamentos da

    economia choques reais do sector externo. Neste sentido continuar a restringir as suas intervenes no

    mercado cambial interbancrio para conter as voltilidades da taxa de cmbio e para garantir reservas

    internacionais que cubram no minimo seis meses de importaes.

  • 37

    5. POLTICAS CHAVE

    Competitividade econmica;

    Poltica industrial;

    Formao tcnico- profissional e vocacional

    Ligaces entre os grandes investimentos e os produtores locais

    Programao de investimentos pblicos

    Gesto macroeconmica de recursos provenientes da explorao dos recursos naturais;

    Inovao tecnolgica e cientfica

    Reviso da politica aduaneira para garantir a protecao da industria interna durante os primeiros 5

    anos

    Facilidades de credito ao nacionais para garantir a sua actuao a jusante das grandes industrias

    6. INVESTIMENTOS CHAVE

    Dado os recursos limitados de que o Pas dispe, o princpio para os investimentos chave em

    Moambique ser a selecco de um determinado nmero de sectores e / ou de reas especficas para

    avanar, com base em um conjunto de critrios, tais como as possibilidades de sucesso, a relevncia

    estratgica para o pas, as oportunidades existentes, os sinais de sucesso, as dotaes j existentes, os

    recursos do setor privado, a vontade de se envolver por parte dos governos provinciais e, particularmente,

    o impacto sobre o emprego (trabalho/sectores intensivos em mo-de-obra deve ser uma prioridade).

    Nesse sentido, as grandes reas a serem consideradas sero:

    Grandes projectos de investimentos (barragens, centrais trmicas)

    Investimentos em recursos minerais e petrolferos

    Abordagem dos corredores de desenvolvimento (estradas, pontes, aeroportos, portes,

    Reservas sustentveis de gua

    Os investimentos em centrais trmicas e sobretudo em infra-estruturas devem levar em considerao

    a criao de uma indstria transformadora que ir concorrer para a transformao dos recursos, cujos

  • 38

    os benefcios devero se reverter para financiar reas prioritrias de desenvolvimento como o caso

    do sector agrrio.

    8. MECANISMOS DE IMPLEMENTAO

    1. Operacionalizao A Estratgia Nacional de Desenvolvimento ser materializada atravs dos instrumentos

    constantes no Sistema Nacional de Planificao.

    2. Monitoria e Avaliao A monitoria da Estratgia Nacional ser feita atravs do Plnano Qquinquenal do Governo, do

    Plano Eeconmico e Social e do Plano Integrado de Investimentos. A avaliao da estratgia ser

    com base em inqueritos, tais como:

    o QUIBB (Questionrio de indicadores bsicos de bem estar) o IOF (Inqurito ao oramento Familiar) o MICS (Iqurito dos Indicadores Multiplos) IDS (Inqurito Demografico de Sade)

    9. RISCOS

    Factores de risco

    Polticos o Vontade politica o Falta de sensibilidade da oposio para apoio a agenda ao Governo o Influencia externa

    Culturais o Mudana de mentalidade o Accoes combinadas e orientadas para os resultados o Fobia pela riqueza, nos termos da abordagem feita no mbito das barreiras ao

    desenvolvimento de uma classe media Financeiros

    o Dependncia externa Externos

    o concorrncia externa e bloqueio ao desenvolvimento o Ameaa na regio

  • 39

    o Ameaa no mundo

    Institucionais o Abordagem sectorial vs abordagem integrada

    Factores de resilincia ao risco

    Clareza de objectivos Clareza da viso Boa governao e transparncia Clareza de politicas orientadas para os resultados Comprometimento de todos Estabelecimento de parecerias e proteco do sector privado nacional Investigao e pesquisa orientada para a aplicao de tecnologias concorrenciais e amigas do

    ambiente.