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CICLO DE EXPOSIÇÕES Temas de Saúde, Farmácia e Sociedade

Temas de Saúde, Farmácia e Sociedade...A história dos medicamentos é longa e é coincidente com a história da farmácia e das artes de curar. Podemos dividi-la em várias etapas

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CICLO DE EXPOSIÇÕES

Temas de Saúde, Farmácia e Sociedade

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FORMAS E FORMATOS DOS MEDICAMENTOS: a evolução das formas farmacêuticas

Julho — Novembro de 2015

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Os medicamentos são apresentados ao público com uma determinada forma.

Para se chegar a esse formato, a essa forma final, designada habitualmente,

por forma farmacêutica há um longo processo de investigação e um rigoroso

processo de produção. Essa forma final é designada por forma farmacêutica.

Pode definir-se forma farmacêutica do seguinte modo:

“Estado final que as substâncias ativas ou excipientes apresentam depois de

submetidas às operações farmacêuticas necessárias, a fim de facilitar a sua

administração e obter o maior efeito terapêutico desejado” (Decreto-Lei nº

176/2006 de 30 de Agosto).

Substância ativa é “qualquer substância ou mistura de substâncias destinada a

ser utilizada no fabrico de um medicamento e que, quando utilizada no seu

fabrico, se torna um princípio ativo desse medicamento, destinado a exercer

uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica com vista a restaurar,

corrigir ou modificar funções fisiológicas ou a estabelecer um diagnóstico

médico” (Decreto-Lei nº 176/2006 de 30 de Agosto).

Excipiente é “qualquer componente de um medicamento, que não a substância

ativa e o material da embalagem” (Decreto-Lei nº 176/2006 de 30 de Agosto).

As operações farmacêuticas são operações de transformação dos

constituintes do medicamento na forma final.

Há medicamentos que podem ser obtidos artesanalmente (medicamentos

manipulados), mas a maioria é obtida industrialmente (medicamentos

industrializados ou especialidades farmacêuticas).

Pode definir-se medicamento como: “toda a substância ou associação de

substâncias apresentada como possuindo propriedades curativas ou

preventivas de doenças em seres humanos ou dos seus sintomas ou que possa

ser utilizada ou administrada no ser humano com vista a estabelecer um

diagnóstico médico ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou

metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas” (Decreto-Lei

nº 176/2006 de 30 de Agosto).

Também há medicamentos para plantas e todos os outros animais para além do

homem. Por isso os medicamentos para aplicação nos humanos designam-se

por medicamentos de uso humano.

Os medicamentos têm uma longa história e as formas farmacêuticas têm-se

alterado ao longo do tempo. Há formas farmacêuticas que se extinguiram,

outras que se têm modificado, outras recentes e outras absolutamente

contemporâneas.

A farmacopeia é um livro oficial que normaliza e regulamenta medicamentos,

matérias-primas, reagentes e técnicas operatórias.

A atual farmacopeia oficial portuguesa Farmacopeia Portuguesa IX (2008)

apresenta as seguintes formas farmacêuticas:

—Adesivos transdérmicos;

—Bólus de libertação pulsátil;

—Cápsulas (duras, moles, libertação modificada, gastro-resistentes, hóstias);

—Comprimidos (não revestidos, revestidos, efervescentes, solúveis,

dispersíveis, orodispersíveis, de libertação modificada, gastro-ressistentes, para

utilizar na cavidade bucal, liofilizados orais);

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—Espumas medicamentosas;

—Gomas para mascar medicamentosas;

—Granulados (efervescentes, revestidos, de libertação modificada, gastro-

resistentes);

—Lápis;

—Pós cutâneos;

—Pós orais;

—Pré-misturas para alimentos medicamentosos para uso veterinário;

—Preparações auriculares (preparações líquidas para instilação ou

pulverização auricular, preparações auriculares semi-sólidas, pós auriculares,

preparações líquidas para lavagens auriculares, tampões auriculares);

—Preparações bucais (soluções para gargarejar, soluções para lavagem da

boca, soluções gengivais, soluções bucais e suspensões bucais, preparações

bucais semi-sólidas, preparações líquidas para instilação bucal ou pulverização

sub-lingual, pastilhas e pastilhas moles, comprimidos para chupar, comprimidos

sub-linguais e comprimidos bucais, cápsulas bucais, preparações muco-

adesivas);

—Preparações farmacêuticas pressurizadas;

—Preparações líquidas orais (soluções, emulsões e suspensões orais; pós e

granulados para soluções ou suspensões orais; pós para gotas orais; xaropes;

pós e granulados para xaropes);

—Preparações nasais (preparações líquidas para instilação ou pulverização

nasal; pós nasais; preparações nasais semi-sólidas; soluções para lavagem

nasal);

—Preparações oftálmicas (colírios; soluções para lavagem oftálmica; pós para

colírios e pós para soluções para lavagem oftálmica; preparações oftálmicas

semi-sólidas; insertos oftálmicos);

—Preparações para inalação (preparações líquidas para inalação; pós para

inalação);

—Preparações para irrigação;

—Preparações parentéricas (preparações injetáveis; preparações para

perfusão; preparações para injeção ou para perfusão após diluição; pós para

injeção ou para perfusão; geles injetáveis; implantes);

—Preparações retais (supositórios; cápsulas retais; soluções, emulsões e

suspensões retais; pós e comprimidos para soluções e suspensões retais;

preparações retais semi-sólidas; espumas retais; tampões retais);

—Preparações semi-sólidas cutâneas (pomadas, cremes, geles, pastas,

cataplasmas, emplastros medicamentosos);

—Preparações vaginais (óvulos; comprimidos vaginais; cápsulas vaginais;

soluções, emulsões e suspensões vaginais; comprimidos para soluções ou

suspensões vaginais; preparações vaginais semi-sólidas; espumas vaginais;

tampões vaginais medicamentosos);

—Tampões medicamentosos.

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A história dos medicamentos é longa e é coincidente com a história da farmácia

e das artes de curar. Podemos dividi-la em várias etapas.

O período mágico-religioso

Há milhares de anos o homem, para curar doenças e ferimentos, tirava partido

de práticas mágico-religiosas e preparava mezinhas com produtos naturais.

Misturava produtos vegetais, animais e minerais para preparar as mezinhas –

era o primórdio do medicamento.

Prática farmacêutica e papiro egípcio com receitas médicas

O mais antigo documento escrito que faz referência à preparação de

medicamentos são as tábuas (de argila de Nippur) na antiga Mesopotâmia (c.

3000 a.C.).

Os testemunhos do Antigo Egito chegaram sobretudo através de papiros sendo

um dos mais relevantes o Papiro de Ebers (1500 a.C.). Os egípcios também se

dedicaram muito às práticas cosméticas e higiénicas e à mumificação.

Quando alguém sofria de prisão de ventre basta-lhe trincar algumas sementes e

engoli-las com cerveja para expulsar as fezes do corpo (Papiro de Ebers).

O rícino favorecia o crescimento do cabelo às mulheres. Indicava-se esmagar a

planta, amassá-la e misturá-la com gordura. A mulher devia aplicá-la, ela

mesma, sobre a sua cabeça (Papiro de Ebers).

O óleo de rícino, extraído das sementes, servia para ungir as feridas que

segregavam um líquido nauseabundo (Papiro de Ebers).

Recipiente de acondicionamento de formas medicamentosas pastosas e cosméticas

S Etapas da história da farmácia e do medicamento

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As inovações de Galeno na Antiguidade – a originalidade galénica

Galeno (131-200 d.C.) natural de Pérgamo foi um médico prestigiado, que

sistematizou pela primeira vez as matérias-primas necessárias à preparação

dos medicamentos e a sua preparação como nunca tinha sido feito. Foi para

Roma e foi médico do Imperador. Galeno concebia os medicamentos e a arte

de os preparar em função da teoria dos humores proveniente da Grécia Antiga,

de Hipócrates. Galeno é considerado o “Pai da Farmácia”. Os medicamentos

galénicos tiravam partido das drogas (matérias-primas) existentes na Europa e

na bacia do Mediterrâneo e de purgas, sangrias e clisteres.

Galeno descreveu perto de 500 fármacos vegetais e outros da natureza animal

e mineral. Estudou as suas propriedades terapêuticas, classificou-os e

sistematizou-os.

Exemplos de formas farmacêuticas utilizadas por Galeno: Cozimentos, Infusões,

Pastilhas, Pílulas, Electuários, Pós, Supositórios, Enemas, Cataplasmas,

Clisteres, Clisteres vaginais, Linimentos, Cosméticos, Colutórios, Etc.

Ficaram para a história medicamentos como:

Terra sigilada: foi um medicamento popular na antiguidade e que perdurou até

ao século XVI. Era uma amálgama de argila, gravada com uma imagem. A

recolha da argila era feita de acordo com rituais próprios e, por isso, tinha

propriedades medicinais.

Teriaga: foi um medicamento que ficou famoso e que terá sido fabricada

inicialmente pelo rei Mitrídades VI, rei do Ponto, com o seu médico pessoal. A

fórmula terá chegado a Roma e um dos médicos de Nero, Andrómaco,

melhorou a fórmula e a teriaga tomou o nome de “Teriaga de Andrómaco”. Era

composta por 64 constituintes sendo o mais importante carne de víbora. Era

muito usada para o tratamento da mordeduras de cobra. Gradualmente foi

ganhando popularidade e foi muito usada até final do século XVIII. Em muitas

cidades como Veneza, Montpellier e Toulouse era preparada na rua à vista de

todos.

Terra sigilada e recipientes para unguentos

O período medieval: a influência árabe e o papel dos conventos na preparação dos medicamentos A influência árabe fez-se sentir muito fortemente na Europa. Os árabes

divulgaram as práticas de alquimia e defendiam uma farmácia voltada para o

laboratório. Influência decisiva do cristianismo e dos conventos. Neles havia

hortos botânicos para cultivo de plantas medicinais e boticas para a preparação

de medicamentos. Surgem as primeiras autorizações para a arte de preparar os

medicamentos em estabelecimento próprio — as boticas. Fundação das

primeiras Universidades. As destilações começavam a vulgarizar-se, bem como

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o dourar e pratear as pílulas. As teriagas, os electuários e os elixires são formas

farmacêuticas típicas do mundo medieval.

Farmácia árabe

Neste período, com frequência havia a mistura do mágico-religioso na

preparação e aplicação dos medicamentos. Amuletos, talismãs e plantas

consideradas mágicas também eram aplicados para prevenir ou curar doenças.

Macerados, infusões, electuários, elixires, emplastros, fumigações (muito

utilizadas no período da peste) eram algumas das formas farmacêuticas

utilizadas e muitas vezes sujeitas a benzeduras antes da sua aplicação.

Pedro Hispano (1215-1277), o Papa João XXI, português, na obra Tesouro dos

Pobres inscreve inúmeros medicamentos utilizados na época.

Aplicação de medicamentos

Botica medieval e selo dos CTT alusivo a Pedro Hispano, onde se podem ver medicamentos acondicionados e Pedro Hispano a fazer um tratamento ocular

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Os descobrimentos no século XVI e suas repercussões na farmácia: o fascínio pelas drogas exóticas e pela medicação química Até ao século XVI, a farmácia europeia era sustentada nas doutrinas humorais

de Galeno, tirando partido de drogas vegetais conhecidas na Europa e bacia do

Mediterrâneo com recurso a purgas, sangrias, clisteres e dietas apropriadas. A

expansão europeia pelo Oriente e pela América proporcionou a chegada à

Europa de drogas desconhecidas de grande interesse terapêutico e comercial.

Dá-se a fundação da farmácia química por Paracelso (1493-1541).

Entre finais do século XV e finais do século XVIII, os medicamentos eram

preparados: de acordo com a tradição galénica clássica, com novas drogas

provenientes do continente americano e do Oriente e de acordo com os novos

parâmetros da farmácia química.

Laboratório de alquimia ilustrado na obra de Hieronymus Burnschwig e botica do Renascimento (século XVI)

Desenvolvem-se laboratórios, mas também herbários e muitos estudos

relacionados com a história natural. O aparecimento da imprensa com

Gutenberg proporcionou a expansão do saber através dos livros impressos.

Botica do Renascimento com representação de medicamentos acondicionados (século XVI)

Selo dos CTT alusivo à obra de Garcia d’Orta, Colóquios dos Simples e recipiente de acondicionamento de medicamentos e representação da obra de Monardes (século XVI)

onde se abordam as drogas americanas

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O final da vigência galénica: a preparação para a vinda de novos medicamentos Ao longo dos séculos XVII e XVIII as inovações terapêuticas provenientes da

América e do Oriente foram sendo introduzidas na terapêutica europeia. São

publicados tratados botânicos, farmacêuticos e farmacopeias com estas

inovações botânicas e farmacêuticas.

A revolução química de Lavoisier (1743-1794) e a revolução botânica de Lineu

(1707-1778) influenciam a farmácia. Afirmação da higiene pública. Surgem as

primeiras farmacopeias oficiais e o primeiro medicamento preventivo, a vacina

contra a varíola. Em finais do século XVIII assiste-se ao final da vigência do

galenismo.

Botica e recipiente para acondicionamento de medicamentos pastosos

Em finais do século XVII e inícios do século XVIII a farmácia congregava:

—Purgas, sangrias, clisteres e remédios vegetais descritos por Galeno;

—Medicamentos químicos;

—Águas mineromedicinais;

—Drogas americanas;

—Rudimentos de injecções endovenosas;

—Rudimentos de transfusões sanguíneas.

Pharmacopea Lusitana (1ª farmacopeia portuguesa, 1704)

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Pharmacopeia Geral (1ª farmacopeia oficial portuguesa, 1794)

Fórmula de Infusão de quina da Pharmacopeia Geral (1794) e selo português com recipientes de acondicionamento de medicamentos (século XVIII)

Da arte farmacêutica à ciência farmacêutica: novos formatos para os medicamentos A descoberta dos primeiros princípios ativos no início do século XIX e permitiu

obter novos medicamentos. Durante o século XIX, a análise química, a química

orgânica e outros ramos da química permitiram obter novos medicamentos. O

arsenal terapêutico alargou-se. Desenvolvimento da fisiologia experimental, da

farmacologia experimental e da terapêutica experimental. A farmácia e a

preparação dos medicamentos são sustentadas em bases científicas de acordo

com os mais avançados processos de método científico consolidados no século

XIX. A preparação dos medicamentos assume-se como uma atividade

sustentada em bases científicas.

No início do século XIX, são descobertos inúmeros princípios ativos o que abriu

as portas ao isolamento de muitos deles ao longo do século XIX.

Alguns exemplos de princípios ativos:

Narcotina (Derosne, 1803), Morfina (Serturner, 1805), Cinchonina (Gomes,

1810), Emetina (Caventou, 1817), Veratrina (Meisner, 1818), Estricnina

(Pelletier e Caventou, 1818), Brucina (Caventou, 1819), Cafeína (Runge, 1820),

Quinina (Pelletier e Caventou, 1821), Atropina (Mein, 1831), etc.

Surgem diversas inovações farmacêuticas tecnológicas:

Moinho de Menier, tambor de pulverização de Petit, modificações profundas nos

tamises (Fischer e Harris), banho-maria a temperatura constante (Wurzer),

aperfeiçoamento de pílulas e de piluladores, revestimento de pílulas com

gelatina (Garot, 1838), outros revestimentos de pílulas.

Os utensílios farmacêuticos apresentam dimensões bastante mais reduzidas.

Karl Mitscherlich (1805-1871) funda a farmacologia experimental e Paul Erlich

(1854-1915) a terapêutica experimental.

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No final do século XIX, começam a surgir e consolidam-se indústrias

farmacêuticas de grandes dimensões. Assiste-se à industrialização do

medicamento.

Surgem as primeiras indústrias, por exemplo: Merck, Bayer, Parke-Davis,

Sandoz, Ciba, etc.

Aparecem novas formas farmacêuticas como comprimidos, drageias, injetáveis

e melhoria das cápsulas.

Surgem novos excipientes, como é caso dos derivados do petróleo: vaselina,

parafina, etc.

Prensa para sucos e máquina de comprimir manual (início do século XX)

Surgem novos aparelhos para a produção artesanal e industrial dos

medicamentos. O modo de produção e a descoberta de princípios ativos

condicionam as formas e os formatos dos medicamentos.

As tradicionais formas farmacêuticas, milenares, vão chegando ao seu termo.

Algumas extinguiram-se como foi o caso dos ceratos, dos cerotos, das

espécies, dos electuários, dos ripos, das confeições, dos bolos, dos chocolates,

dos cigarros, dos vinhos, dos vinagres, etc.

Outras renovaram-se, como foi o caso das pomadas, dos elixires, das

emulsões, dos linimentos, dos colírios, dos xaropes, dos enemas, etc. Outras

passaram a ter pouca representatividade: caso das pílulas, das poções, etc.

Surgem outras ao longo do século XIX e consolidam-se no século XX, resultado

das inovações científicas e tecnológicas: foi o caso dos comprimidos, das

cápsulas, dos injetáveis e de todas as variantes destas formas farmacêuticas.

Publicidade a duas formas farmacêuticas que hoje não são usadas: cigarros medicinais e vinhos medicinais (A Medicina Contemporânea, 1915 e 1921)

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A revolução farmacológica do século XX, a industrialização e a difusão do medicamento no mundo contemporâneo No século XX, os avanços provenientes de diferentes áreas laboratoriais

fizeram-se sentir na farmácia. Melhoramento de alguns grupos medicamentosos

e surgimento de novos grupos. Difusão das matérias-primas sintéticas e dos

princípios ativos sustentados na síntese química. Melhoramento das formas

farmacêuticas já existentes e surgimento de novas formas farmacêuticas.

Expositor de medicamentos no 1º Congresso Nacional de Farmácia (Lisboa, 1927)

O medicamento é um produto que foi sujeito a um longo tempo de investigação,

baseado em rigorosos critérios científicos e de segurança, tutelado por normas

jurídicas e regulamentos, e normas éticas, que obedece a controlo económico,

que contribui para o bem-estar individual e cujos efeitos na sociedade são

evidentes.

Medicamentos variados (anos 60 do século XX)

Os medicamentos têm aumentado a esperança de vida da população. Graças

aos medicamentos muitas doenças incuráveis hoje têm cura. Os medicamentos

apresentam além da função terapêutica curativa, funções preventivas e de

diagnóstico. A sua introdução no organismo e os seus efeitos estão

relacionados com as suas formas e os seus formatos, adequados a cada via de

administração, à finalidade a obter e ao efeito terapêutico pretendido.

Mistura de diferentes formas farmacêuticas sólidas (século XXI)

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Aerossoles são formas farmacêuticas correspondentes a um sistema

pressurizado que existe dentro de uma embalagem geralmente de alumínio

munida de uma válvula. No interior da embalagem existe uma fase interna

líquida ou sólida com as substâncias medicamentosas e uma fase externa

gasosa – gás propelente. Ao agitar-se a embalagem, as duas fases misturam-se

e o medicamento é pulverizado para o exterior. Dentro da embalagem a pressão

é muito elevada. Deve-se agitar a embalagem antes de se carregar na válvula,

para que haja mistura das duas partes. Como a pressão no interior é muito

grande, o gás ao pressionar-se a válvula, sai com enorme intensidade com as

substâncias medicamentosas misturadas. O arrefecimento da embalagem após

a agitação tem que ver com o consumo de energia que se verificou na

passagem do estado líquido a gasoso.

Na Farmacopeia Portuguesa IX (2008), os aerossoles estão incluídos nas

preparações farmacêuticas pressurizadas. São definidas como “preparações

dispensadas em recipientes especiais contendo um gás sob pressão e uma ou

várias substâncias ativas. São libertadas do recipiente através de uma válvula

apropriada sob a forma de um aerossole (dispersão de partículas sólidas ou

líquidas num gás; as dimensões das partículas são apropriadas ao uso

pretendido) ou de um jato líquido ou semi-sólido como, por exemplo, uma

espuma. A pressão necessária para garantir a projeção da preparação é

produzida por gases propelentes adequados. As preparações farmacêuticas

pressurizadas apresentam-se sob a forma de soluções, emulsões ou

suspensões e destinam-se à aplicação local na pele ou nas mucosas, nos

diferentes orifícios do organismo, e para inalação”. As preparações líquidas para

inalação podem ser administradas através de inaladores pressurizados e por

nebulizadores.

Equipamento para produção industrial de aerossoles

Esquema de aerossoles

Exemplo de aerossole

Aerossoles

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As cápsulas são formas farmacêuticas muito difundidas a partir do século XIX.

As cápsulas são constituídas por um invólucro, habitualmente de duas partes,

de natureza, formas e dimensões variadas. No seu interior encontramos as

substâncias medicamentosas. O invólucro pode, nalguns casos, ser único.

As cápsulas mais antigas eram designadas por hóstias. O seu invólucro era de

amido. Em 1872, Limousin e Toiray conceberam um aparelho pioneiro para a

sua produção e que foi depois melhorado por Digne.

As hóstias amiláceas tiveram divulgação significativa até meados do século XX.

Gradualmente foram sendo substituídas por cápsulas gelatinosas mais

ajustadas à produção industrial.

As cápsulas que hoje são mais utilizadas são as cápsulas duras. Terá sido

Lehuby, em 1846, a obter as primeiras cápsulas deste tipo à base de tapioca e

depois de geleia de carragenina. Em 1848, Murdock preparou as primeiras

cápsulas à base de gelatina. Desde então as cápsulas têm sido melhoradas a

nível do invólucro e adaptadas ao mundo industrial.

A Farmacopeia Portuguesa IV (1935) referia que as cápsulas gelatinosas que

contivessem óleos, essências e outros líquidos designavam-se por pérolas.

A Farmacopeia Portuguesa IX (2008) define cápsulas como: “preparações

sólidas constituídas por um invólucro duro ou mole, de forma e capacidade

variáveis, contendo geralmente uma dose unitária de substância(s) ativa(s).

Destinam-se à administração por via oral”. Há cápsulas duras, moles, de

libertação modificada, gastro-resistentes, hóstias.

Máquina atual de fabrico de cápsulas

Equipamento para fabrico de cápsulas amiláceas

Exemplos de cápsulas

Cápsulas

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A palavra colírio vem do grego kollyrion que pode significar bálsamo

oftálmológico ou bálsamo em sentido geral. Kollyrion é o diminutivo de kollyra

que podia significar biscoito. Parece que alguns dos colírios iniciais tinham o

formato de um dedo e que inicialmente poderiam ser medicamentos que se

introduziam em cavidades do corpo humano e nas mucosas. São utilizados

colírios desde a Antiguidade, entre gregos e romanos.

Parece ter sido apenas no século XIX que os colírios passaram a ser

exclusivamente para aplicação no globo ocular. Era vulgar fazer-se uma divisão

entre colírios secos (pós muito finos), colírios líquidos, colírios moles e colírios

gasosos para aplicação no globo ocular.

Atualmente os colírios são preparações líquidas para aplicação no globo ocular

e que necessitam de precauções específicas na sua preparação a nível

industrial relacionadas com a isotonia, o pH, a esterilidade, a limpidez, precisão

da sua composição e a osmolaridade.

Na Farmacopeia Portuguesa IX (2008) os colírios incluem-se no grupo das

“Preparações oftálmicas” que são “preparações líquidas, semi-sólidas ou

sólidas, estéreis, destinadas a serem aplicadas no globo ocular e/ou nas

conjuntivas ou a serem inseridas no saco conjuntival”. Esta farmacopeia define

colírios da seguinte forma: “soluções ou suspensões estéreis, aquosas ou

oleosas, contendo uma ou várias substâncias ativas e destinadas à instilação

ocular. Os colírios podem conter excipientes destinados, por exemplo, a ajustar

a tonicidade ou a viscosidade da preparação, a ajustar ou estabilizar o pH, a

aumentar a solubilidade da substância ativa ou a estabilizar a preparação. Estes

excipientes não prejudicam a ação medicamentosa pretendida nem, nas

concentrações adotadas, provocam irritação local significativa”.

Produção de colírios em indústria farmacêutica

Máquina industrial para produção de colírios

Exemplos de colírios atuais

Colírios

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Em 8 de Dezembro de 1843, o inglês Brockedon registou a patente da invenção

dos comprimidos. A descoberta manteve-se sem grande divulgação até ao

início dos anos 70 do século XIX. Nesta década, Dunton, MacFerran e,

sobretudo, Rosenthal, na Alemanha, aperfeiçoaram as máquinas de

compressão.

O comprimido resulta da compressão de misturas de pós que contém

adicionada substâncias que favorecem a aglutinação. As primeiras máquinas de

fabrico de comprimidos eram totalmente manuais. A primeira terá surgido em

1875, inventada por Remington. Hoje há máquinas industriais de fabrico de

comprimidos.

A British Pharmacopoeia de 1865 publicou a primeira monografia oficial de

comprimidos. Após a I Guerra Mundial (1914-1918) os comprimidos tiveram

grande expansão. Em Portugal, foram inscritos pela primeira vez em

farmacopeias oficiais na Farmacopeia Portuguesa IV (1935).

A Farmacopeia Portuguesa IX (2008) define comprimidos como: “preparações

sólidas contendo uma dose de uma ou de várias substâncias ativas. São obtidos

aglomerando por compressão um volume constante de partículas ou por um

outro processo de fabricação apropriado como a extrusão, a moldagem ou a

liofilização. Os comprimidos são destinados à via oral. Alguns são deglutidos ou

mastigados, outros são dissolvidos ou desagregados em água antes da

administração e outros devem permanecer na boca para aí libertarem a

substância ativa”. Há actualmente diversos tipos de comprimidos: não

revestidos, revestidos, efervescentes, solúveis, dispersíveis, orodispersíveis, de

libertação modificada, gastro-resistentes, para utilizar na cavidade bucal,

liofilizados orais.

Dddddddd

Exemplo das primeiras máquinas de fabrico de comprimidos (final século XIX-início do século XX)

Máquina de compressão alternativa para fabrico de comprimidos. Manesty Machines, Ltd (meados do séc. XX)

Exemplos de comprimidos

Comprimidos

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Elixir (do árabe Al-Ikseer) é uma forma farmacêutica muito antiga semelhante às

poções mas com grande quantidade de álcool que pode ultrapassar os 50%. É

portanto uma forma farmacêutica líquida de composição complexa, edulcorada

e aromatizada, habitualmente açucarada e glicerinada, e com um ou mais

fármacos na sua composição. Destina-se à via oral.

É uma forma farmacêutica muito antiga e atualmente menos usada. Ficou

famoso o Elixir da longa vida ou Elixir da imortalidade, um medicamento que era

muito investigado pelos alquimistas na Idade Média.

Os elixires ou produtos semelhantes são muito referidos em diversas mitologias.

Na Europa, acreditava-se que o Elixir da longa vida podia ser obtido através da

Pedra filosofal. A obtenção da Pedra Filosofal era um dos principais objetivos

dos alquimistas medievais. O seu objetivo era transformar qualquer metal em

ouro e também transmutar seres vivos.

A primeira farmacopeia oficial portuguesa — Pharmacopeia Geral (1794) —

inscreve várias fórmulas de elixires, muito semelhantes a tinturas. Na

Farmacopeia Portuguesa IV estão descritos o Elixir Paregórico e o Elixir de

açafrão composto.

Actualmente são muito usados os designados elixires dentífricos. A

Farmacopeia Portuguesa IX inscreve um conjunto soluções para lavagem da

boca, soluções para gangarejar, soluções gengivais, etc.

Alquimista a trabalhar na preparação do elixir da longa vida

Exemplos de elixires atuais

Elixir

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Emulsão (do latim emulgeo) significa na sua origem mungir. Isto porque as

emulsões apresentam habitualmente um aspecto leitoso. As emulsões são

constituídas por duas fases, oleosa e aquosa, que se pretendem misturar. As

primeiras emulsões conhecidas correspondiam a processos naturais de

dispersão de substâncias oleosas em substâncias aquosas.

Em 1674, foi comunicado à Royal Pharmaceutical Society a obtenção de uma

emulsão para utilização medicinal. Foi Grew o seu inventor. A emulsão era

constituída por amêndoas e água. Ao longo do século XVIII as emulsões

começaram a ser mais divulgadas e foram integradas em diversas farmacopeias

fórmulas com emulsões. A dificuldade em misturar óleos com líquidos aquosos

era ultrapassável com a adição de substâncias que favorecessem essa

dispersão. Assim houve investigação sobre essas substâncias que favoreciam

essa dispersão — os agentes emulsivos ou emulsionantes.

Ficaram famosos os estudos do farmacêutico inglês French que utilizou gema

de ovo, goma arábica, goma adraganta, xaropes variados, mel e mucilagens

diversas na preparação de emulsões. A primeira farmacopeia oficial portuguesa

– a Pharmacopeia Geral (1794) inclui duas fórmulas de emulsões: a Emulsão

arábica e a Emulsão comum. Ao longo do século XIX, as emulsões foram alvo

de investigações diversas.

No século XX, o estudo das emulsões foi intensamente realizado. Além da parte

tecnológica que foi muito estudada as emulsões beneficiaram do aparecimento

de agentes tensioativos (que funcionam como agentes emulsionantes ou

emulsificantes) de origem sintética que aumentaram as potencialidades das

emulsões. Os cremes são sistemas de emulsões.

Exemplo das primeiras máquinas de fabrico de comprimidos (finais século XIX-início do século XX)

Emulsificador (1919)

Esquema simplificado de preparação de uma emulsão

Exemplos de medicamentos em forma de emulsão

Emulsão

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Os enemas também são designados por injeções retais ou clisteres. São formas

farmacêuticas líquidas ou bastante fluidas destinadas a serem administradas no

reto. Podem ter ação local no reto ou no cólon, ou podem incluir substâncias

destinadas a absorção. Podem administrar-se desde alguns mililitros até 3 litros.

Os micro-enemas ou micro-clisteres apresentam um volume máximo de 50 ml.

A sua utilização é muito antiga e foram muito divulgados. Juntamente com os

purgantes e as sangrias, a introdução de produtos líquidos no reto era

recorrente. Hipócrates recomendava a utilização de clisteres. Na Índia, Patanjali

(200 a.C.), pioneiro do yoga, achava que os clisteres purificavam o organismo.

No Egito antigo, a ave sagrada Íbis aplicava, segundo a tradição, clisteres com o

seu grande bico.

A partir do século XVII os enemas ou clisteres ficaram muito vulgarizados na

Europa. Em França a sua utilização foi muito frequente; o médico do rei Luis XIII

(reinou entre 1610 e 1643) aplicou-lhe 212 clisteres. Luís XIV (1643-1715)

durante o seu reinado terá aplicado mais de 2000 clisteres e as damas

chegavam a aplicar mais do que um clister perfumado por dia. O célebre escritor

francês Molière caricaturou bem a medicina do seu tempo não faltando a

insistente alusão aos clisteres.

Os clisteres ou enemas continuam a ser hoje muito aplicados. Das antigas

cânulas em madeira, depois a seringas e dispositivos em vidro, passou-se a

dispositivos de borracha e plástico com irrigador, tubo e cânula com torneira que

permitem a administração retal do líquido ou fluido.

Seringa em marfim do Sri Lanka (século XVII para aplicação de clisteres)

Aplicação de clister (século XVII)

Exemplo de micro-enema

Enema

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Os medicamentos injetáveis para administração parentérica começaram a ser

estudados de forma consistente no século XIX, após no século XVII se terem

realizado algumas experiências com pouco sucesso.

Por vezes consideravam-se injetáveis os produtos que se administravam pelas

cavidades naturais do corpo humano. Mas esses não eram injetáveis

parenterais. Em 1836, Lafargue e Tabourin começaram a administrar

medicamentos sólidos e pastosos através de uma incisão na pele tirando partido

de um pequeno objeto cortante – uma lanceta.

Wood em 1853 começou a realizar alguns estudos e em 1856 injetou uma

solução de sulfato de atropina tirando partido de uma seringa inventada por

Pravaz. Em 1886, Limousin propôs o acondicionamento dos injetáveis em

pequenos recipientes (ampolas de vidro) e esterilização pelo calor.

A Pharmacopéa Portugueza (1876) inscreve injetáveis sem serem esterilizados.

Os injetáveis, dada a sua via de administração, devem ser estéreis e devem

obedecer a outras características como: ser isotónicos, terem pH perto da

neutralidade e serem apirogénicos. A Farmacopeia Portuguesa IV (1935)

passou a incluir diversas formúlas de injetáveis como, por exemplo, o Soluto

injectável de cloridrato de morfina ou o Soluto injetável de hipofisina. Há

injectáveis de grande volume e de pequeno volume.

A Farmacopeia Portuguesa IX (2008) define injetáveis como “soluções,

emulsões ou suspensões estéreis. São preparadas por dissolução,

emulsificação ou dispersão das substâncias ativas, e eventualmente de

excipientes, em água para preparações injetáveis, num líquido não aquoso

estéril apropriado ou numa mistura destes dois líquidos”.

Unidade de enchimento de injetáveis numa indústria farmacêutica portuguesa dos anos 60 do século XX

Injetável de pequeno volume

Soro fisiológico

Injetáveis

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Ao longo da história dos medicamentos, as formas e os formatos dos

medicamentos foram-se modificando muitas deixaram de existir como, por

exemplo, os electuários, teriagas, oximeis, confeições, loochs ou lambedores,

rypos, ceratos, cerotos, unguentos, etc. Outras continuaram com modificações,

como é o caso das pomadas, xaropes, colírios, etc. Outras ainda deixaram de

ter a projeção de outros tempos como é o caso das pílulas. Com o mundo

industrial farmacêutico surgiram e consolidaram-se outras formas farmacêuticas

muito relacionadas com a produção industrial dos medicamentos, como

cápsulas, comprimidos, injetáveis e nos finais do século XX e no século XXI

podemos falar das novas formas farmacêuticas.

As modificações realizadas nas formas farmacêuticas ao longo da história têm

a ver com as necessidades de antigas e novas patologias e funcionamento do

organismo humano, com novas descobertas científicas e tecnológicas, com a

descoberta o melhoramento de novos materiais (tecnologia dos polímeros). A

investigação em novas formas farmacêuticas constitui uma área de significativo

investimento científico, tecnológico, económico e de recursos humanos. Várias

das novas formas farmacêuticas proporcionam uma significativa melhoria

terapêutica em doenças que necessitam de um tratamento continuado, o que

proporciona uma melhoria do tratamento e da esperança de vida.

Exemplos de novas formas farmacêuticas: sistemas osmóticos; sistemas

matriciais; sistemas gastro-retentivos; sistemas transdérmicos; hidrogeles e

oleogeles; micro e nanopartículas biomacromoleculares; lipossomas; micro e

nanoemulsões; nanopartículas lipídicas; formas farmacêuticas de libertação

modificada (por ativação de pró-fármacos, por inclusão do fármaco em

ciclodextrinas, por ativação externa).

Atuação de comprimidos de ação prolongada

Medicamento com sistema transdérmico

Novas formas farmacêuticas

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Os óvulos são formas farmacêuticas de forma ovóide para serem introduzidos

na cavidade vaginal. Na literatura estrangeira também se designam por

supositórios vaginais, bolas vaginais, cones vaginais, pessários e pessi. São

ovóides, de consistência firme com peso que varia entre os 2 e 16 g.

Hipócrates e outros autores da Antiguidade já referiam os óvulos. Além das

funções medicinais os óvulos podiam ter funções abortivas. Apesar de terem

sido formas farmacêuticas muito usadas terão caído nalgum esquecimento e em

meados do século XIX tiveram um novo incremento utilizando massas ocas de

gelatina com goma nas quais eram introduzidas as substâncias

medicamentosas. Hoje estas substâncias são incorporadas nas massas.

Nos finais do século XIX começou a ser utilizada nos óvulos a glicerina

gelatinada. O modo de preparação dos óvulos é muito semelhante ao dos

supositórios. A primeira farmacopeia portuguesa a incluir os óvulos foi a

Farmacopeia Portuguesa IV (1935), introduziu “Óvulos de bitiol”.

A Farmacopeia Portuguesa IX (2008) inclui os óvulos nas preparações vaginais.

Estas definem-se como: “preparações líquidas, semi-sólidas ou sólidas

destinadas a serem administradas por via vaginal, geralmente para uma ação

local. Contêm uma ou várias substâncias ativas num excipiente apropriado”. A

farmacopeia define óvulos da seguinte forma: “preparações sólidas unidose.

São de forma variável, mas geralmente ovóide; o volume e a consistência estão

adaptados à administração por via vaginal. Contêm uma ou várias substâncias

ativas dispersas ou dissolvidas numa base apropriada que é, segundo os casos,

solúvel ou dispersível na água, ou funde à temperatura corporal”. Além dos

óvulos, existem outras preparações vaginais.

Moldes para óvulos

Moldes atuais para óvulos

Exemplos de outras preparações vaginais: espuma vaginal e creme vaginal

Óvulos

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A palavra pastilha tem origem no latim pastillus cujo significado é pequeno bolo.

Habitualmente a designação de pastilhas era dada às formas farmacêuticas de

forma cilíndrica achatada, obtidas a partir de uma massa relativamente

consistente resultante da mistura de pós com vinhos ou vinagres medicinais.

Ao longo da história as pastilhas foram-se modificando na sua constituição. O

açúcar começou a entrar gradualmente na sua preparação e começaram a ser

consideradas pastilhas, as formas farmacêuticas compostas por açúcar e

substâncias medicamentosas aromáticas. Noutras circunstâncias as pastilhas

eram formas farmacêuticas constituidas por mucilagens e gomas.

No século XIX, houve a influência inglesa e norte-americana no fabrico das

pastilhas e a influência sul-europeia, nomeadamente francesa. A influência

inglesa referia a elevada proporção de açúcar, gomas, gelatina e glicerina na

sua constituição. A influência francesa e sul-europeia vulgarizava as pastilhas

contendo elevadas percentagens de goma. Até à segunda metade do século XX

podemos referir quatro tipos base de pastilhas: com açúcar e mucilagens; com

grande percentagem de gomas; com açúcar e sem mucilagens; com gelatina.

A Farmacopeia Portuguesa IX (2008) refere que as pastilhas e as pastilhas

moles “são preparações sólidas apresentadas em formas unitárias e destinam-

se a serem chupadas ou a desagregarem-se lentamente na boca de modo a

exercerem geralmente uma acção local na cavidade bucal ou na garganta.

Contêm uma ou várias substâncias ativas, geralmente num excipiente

aromatizado e açucarado. As pastilhas são preparações duras obtidas por

moldagem. As pastilhas moles são preparações moles e maleáveis obtidas por

moldagem de misturas contendo gomas ou polímeros naturais ou sintéticos e

edulcorantes”.

Prensa para pastilhas

Exemplos de pastilhas

Pastilhas

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A palavra pílula tem origem no latim pílula que é o diminutivo de pila que

significa bola, algo de redondo. Em português usa-se o termo pílula ou pírola.

As pílulas caracterizam-se por serem formas farmacêuticas esféricas, de

elevada consistência, com peso aproximado de 20 centigramas de peso e um

diâmetro de 6 a 8 milímetros. Destinam-se a ser administradas por via oral,

deglutidas sem mastigação.

As pílulas são formas farmacêuticas muito antigas, hoje pouco produzidas

industrialmente. Os árabes foram os primeiros a revestir pílulas com ouro ou

prata procedendo ao dourar ou pratear das pílulas. Esta situação levou a uma

expressão popular “dourar a pílula” que significa dar uma melhor aparência a

uma situação ou conversa menos agradável. Os comprimidos vieram tirar,

gradualmente, o lugar às pílulas enquanto forma farmacêutica no arsenal

medicamentoso.

Desde muito cedo as farmacopeias inscreveram as pílulas nas suas fórmulas.

Até ao século XX as pílulas eram produzidas manualmente em instrumentos

apropriados designados por piluladores. Industrialmente as pílulas podiam ser

produzidas por processos diversos como compressão ou gotejamento.

Não se deve confundir pílulas com as vulgarmente designadas pílulas

contracetivas. Estas são, na realidade, comprimidos revestidos. Ficaram

célebres algumas formas farmacêuticas deste género como foi o caso das

Pílulas de Alho Rogoff, à venda com muita frequência, até um passado recente

nas farmácias de oficina, às quais se apresentavam propriedades relevantes no

combate ao reumatismo, hipertensão arterial e diversas patologias

cardiovasculares.

Equipamento para fabrico de pílulas

Exemplo de pílulas

Embalagem das Pílulas de alho Rogoff

Pílulas

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A poção (do latim potionis) é uma forma farmacêutica líquida de composição

muito complexa, edulcorada e aromatizada. Habitualmente apresenta na sua

composição um solvente aquoso, uma ou mais substâncias edulcorantes e um

ou mais fármacos. A poção é uma forma farmacêutica muito antiga,

administrada às colheres e atualmente não tem grande utilização.

Na Idade Média os alquimistas dedicaram-se muito ao fabrico de poções, e

ficaram muito conotadas com as atividades de bruxaria e feitiçaria. Atribuiam-se

às poções, propriedades muito para além das propriedades dos medicamentos.

Ficaram muito conhecidas as poções do sono, do amor, entre outras.

As poções foram incluídas desde muito cedo nas farmacopeias oficiais. Ficou

muito conhecida a Poção de Todd que era equivalente à Poção alcoólica de

canela e que era utilizada como tónico.

Em Portugal, a Farmacopeia Portuguesa IV (1935) inclui duas fórmulas de

poções: a Poção alcoólica de açafrão composta e a Poção alcoólica de canela.

Na literatura, no teatro e no cinema são várias as referências a poções para a

execução de práticas de bruxaria para o bem e para o mal. Assim aconteceu em

Tristão e Isolda; em O médico e o monstro; em Macbeth; em Harry Potter. Mais

recentemente em jogos electrónicos como Minecraft e Final Fantasy também há

alusão às poções.

Nas famosas histórias de banda desenhada do Asterix e Obelix, a poção mágica

é referida muitas vezes. Obelix ficou muito forte porque, quando era pequeno,

caiu no recipiente onde preparavam a poção mágica que o druida Panoramix

preparava.

Poção do amor do pintor Evelyn De Morgan (1855-1919)

Severus Snape, personagem da obra Harry Potter, conhecido como “Mestre das Poções” (“Potion’s Master”)

O druida Panoramix a preparar a sua poção mágica

Poção

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O termo pomada provem do italiano pomata que por sua vez deriva de pomo, ou

do latim, de pomum que significa fruta. Sabe-se hoje que muitas pomadas

antigas tinham por base o puré de maçã.

Há conhecimento de utilização de pomadas de 2500 a.C a 1500 a.C. As

pomadas eram medicamentos pastosos produzidos à base de gorduras de

origem animal. Algumas das referências mais antigas das pomadas dividiam-

nas de acordo com a sua consistência ou capacidade de amolecimento ao

contactar com a pele.

Ficaram conhecidas as malagma (de malasso, que significa amolecer) e o

keroma (de keros, que significa cera) constituídas sobretudo por ceras. Galeno

propôs a introdução de óleos vegetais como o azeite na preparação das

pomadas.

Até ao século XIX, as pomadas mantiveram-se sem inovação significativa. A

entrada de novos excipientes derivados do petróleo e sintéticos, adicionados a

excipientes clássicos proporcionou o aparecimento de novas formas pastosas e

extinção de formas pastosas milenares.

Na Farmacopeia Portuguesa IX (2008) as pomadas incluem-se no grupo de

preparações semi-sólidas cutâneas que são “formuladas de modo a

promoverem a libertação local ou transdérmica das substâncias ativas; são

igualmente utilizadas devido à sua ação emoliente ou protetora”. Incluem:

pomadas; cremes; geles; pastas; cataplasmas; emplastros medicamentosos.

Loções e linimentos são formas semi-sólidas também muito usadas.

Equipamento atual de preparação de formas farmacêuticas semi-sólidas

Exemplos de formas farmacêuticas semi-sólidas: pomada, creme, gel, pasta, linimento

Pomadas

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Os supositórios (do latim suppositum - colocado por baixo e torus - fragmento)

são formas farmacêuticas de natureza sólida, formados por uma massa que

contém os princípios ativos dissolvidos ou dispersos. Destinam-se a

administração retal. O seu formato e dimensão são adequados ao reto. A massa

funde-se em contacto com a mucosa retal. O seu peso varia entre 2-3 g e a

dimensão é de cerca 3,5 cm x 1,2 cm.

No famoso Papiro de Ebers (1500 a.C.) os supositórios já eram referenciados.

Os grandes autores da Antiguidade como Hipócrates, Dioscórides e Galeno já

referiam também os supositórios. Alguns dos supositórios mais antigos que se

conhecem eram constituídos por fragmentos de madeira, de talos de couves, de

metais ou de cornos de animais que eram cobertos com substâncias

medicamentosas.

Em 1762, foram pela primeira vez referidos supositórios de manteiga de cacau e

depois com sebo e outras gorduras, cera branca, cera amarela e mel cozido.

Nos anos 30 do século XIX começou a vulgarizar-se a manteiga de cacau

sustentada em estudos científicos. A partir dos anos 60 do século XIX,

começaram-se a misturar nas massas dos supositórios os princípios ativos.

A primeira farmacopeia oficial portuguesa a inscrever supositórios foi a

Farmacopeia Portuguesa IV (1935). A Farmacopeia Portuguesa IX (2008) define

supositórios do seguinte modo: “preparações sólidas unitárias. A forma, o

volume e a consistência são adaptados à administração por via rectal. Contêm

uma ou várias substâncias activas dispersas ou dissolvidas num excipiente

simples ou composto que, conforme os casos, é solúvel ou dispersível em água

ou funde à temperatura corporal”.

Máquina para fabrico de supositórios por compressão (1919)

Moldes para produção de supositórios

Exemplos de supositórios

Supositórios

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A teriaga foi um medicamento que ficou famoso na Antiguidade e na Idade

Média. Também ficou conhecido como triaca ou teriaca. Terá sido fabricado

inicialmente pelo rei Mitrídades VI, rei do Ponto, juntamente com o seu médico

pessoal, no século II a.C.

Mitrídades estava empenhado em estudar antídotos contra envenenamentos.

Conta a história que Mitrídades depois de derrotado pelo general romano

Pompeu, tentou suicidar-se com veneno. Mas como estava protegido contra

qualquer tóxico, devido aos estudos que foi fazendo com venenos em si próprio,

teve que pedir a um dos seus militares para que o matasse com uma espada.

Celso, no século I a.C. inseriu na sua obra De Medicina um preparado a que

chamou mithridatium.

A fórmula terá chegado a Roma e um dos médicos de Nero, Andrómaco, no

século I, melhorou a fórmula e a teriaga tomou o nome popular de “Teriaga de

Andrómaco” ou “Teriaga Magna”. No século II, ficou famosa a Teriaga de

Galeno. O Antidotarium Nicolai Salernitanus no século XI também referia a

teriaga como um medicamento importante.

A teriaga era composta por 64 constituintes sendo o mais importante carne de

víbora. Era muito usada para o tratamento de mordeduras de cobra. Pensa-se

que seria uma forma de electuário.

Em muitas cidades europeias como Veneza, Montpellier e Toulouse era

preparada na rua à vista de todos. Gradualmente a teriaga foi ganhando

popularidade e foi muito usada até final do século XVIII e ainda em alguns anos

do século XIX. Os avanços que se verificaram no domínio da química

contribuíram para que a teriaga deixasse de ser utilizada e se tivesse

demonstrado a sua inoperância.

Captura de víboras para a preparação da teriaga

Preparação da teriaga na Idade Média

Recipientes para acondicionamento de teriaga

Teriaga

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A palavra xarope vem do árabe de charab que significa bebida. Pode ser

proveniente do francês sirop ou do italiano sciroppo que por sua vez têm origem

no latim sirupus ou syrupus. Na sua origem xarope era uma forma farmacêutica

com muito açúcar na sua composição.

Os xaropes são formas farmacêuticas muito antigas e tradicionalmente estavam

ligados a esta forma farmacêutica outras formas farmacêuticas como os melitos,

os oximelitos e os loochs ou lambedores.

Os melitos eram considerados formas farmacêuticas líquidas com uma

consistência próxima dos xaropes devido a uma grande quantidade de mel

dissolvido num meio de natureza aquosa. Os oximelitos eram semelhantes aos

anteriores mas com adição de vinagre. Os loochs, de origem árabe, resultavam

da adição aos xaropes de outras substâncias como mucilagens, gema de ovo,

óleos e outras substâncias, ficando muito próximo do electuário; os loochs

também se designavam por lambetivos ou lambedores porque se lambiam.

A Farmacopeia Portuguesa IX (2008) define xaropes como “preparações

aquosas caracterizadas pelo sabor açucarado e consistência viscosa. Podem

conter sacarose em concentração pelo menos igual a 45 por cento m/m. O

sabor açucarado pode igualmente ser conferido por outros polióis ou

edulcorantes. Contêm geralmente aromatizantes ou outros agentes de sabor.

Cada dose de uma preparação multidose é administrada com um dispositivo

que permite medir a quantidade prescrita. Este dispositivo é geralmente uma

colher ou um copo, para volumes de 5 ml ou múltiplos de 5 ml”. Os xaropes para

diabéticos não podem ser produzidos com sacarose. Por isso, desde há vários

anos existem xaropes produzidos sem açúcar, mas com substitutos para

poderem ser tomados por diabéticos.

Produção de xaropes em indústria farmacêutica, anos 60 do século XX

Produção atual (2004) de xaropes (Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos)

Exemplo de xarope

Xaropes

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Referências

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Ficha técnica da exposição

Coordenação

Célia Cabral e João Rui Pita

Apoios

PEST-OE/HIS/UI0460/2014 Bolsa de Pós-Doutoramento SFRH/BPD/68481/2010

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Próximas exposições

50 anos da introdução do plano nacional de vacinação em Portugal (1965-2015)

A colecção de estampas de plantas medicinais do património histórico-farmacêutico da

Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra

Das plantas aromáticas e medicinais aos óleos essenciais

A farmácia na I Guerra Mundial (1914-1918)

Publicidade farmacêutica antiga

Pesquisar e dosear: o controlo analítico e a saúde privada e pública