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8/3/2019 Temperamento e traos de personalidade
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Temperamento e traos de personalidade: uma abordagem histricaTemperament and dashes of personality: a historic apprach
Maria Cristina Chimelo Paim*Daniel Rossi**
Diesse Steyding Richter***
*Professora do Curso de Educao Fsica da ULBRA/SMEspecialista em Pesquisa: Aprendizagem Motora pela UFSMMestre em Desenvolvimento Humano: Psicologia do Esporte pela UFSMDoutora em Psicologia pelo Programa de Ps-Graduao em Psicologia da PUCRSCoordenadora do Grupo de Pesquisa em Conhecimento Psicolgico do Ser Humano e a sua relao com a prtica de atividades fsicas.**Aluno colaborador do Curso de Educao Fsica da ULBRA/SM. Bolsista de Iniciao Cientfica da FAPERGS.*** Aluna colaboradora do Curso de Educao Fsica da ULBRA/SM. Bolsista de Iniciao Cientfica do PROICT/ULBRA.
Introduo
Considera-se que a caracterstica mais notvel do Ser Humano a sua individualidade, e que todo o ser
humano portador de um gentipo singular, que faz com que jamais dois seres humanos (com possvel exceo
dos gmeos idnticos), tenham sequer a potencialidade de um desenvolvimento idntico, sobretudo quando a
todas essas diferenas genticas acrescentarmos as diferenas que ocorrero nos ambientes e nas experincias
de cada indivduo. Estas peculiaridades, ou seja, os traos de personalidade so perceptveis a partir das reaes
diferenciadas das pessoas no grupo, determinando assim o seu temperamento.
O entendimento deste tema oportuniza aos professores de Educao Fsica o conhecimento psicolgico dos
alunos, com a finalidade de promover um entendimento e crescimento pessoal, objetivando tambm que os
alunos e professores compreendam e aprendam a lidar com suas emoes, reaes e atitudes, no sentido de
contribuir para a melhoria da prtica de Educao Fsica Escolar. Para poder assim se utilizar de estratgias que
maximizem o processo de aprendizagem.
Desta forma o presente artigo de reviso, fruto de pesquisa que vem ancorando os estudos da autora sobre o
temperamento e traos de personalidade, h mais de cinco anos, tem como objetivo escrever, pensar e refletir
sobre o conhecimento psicolgico do ser humano, em especial ao entendimento dos traos de personalidade e
temperamento e sua relao com a atividade fsica e esportiva.
Abordagem histrica sobre os estudos do temperamento e traos de personalidade
A origem da Teoria da Personalidade deve-se aos mdicos e as exigncias das prticas mdicas, visto que aformao dos pioneiros nesse campo o resultado da combinao de suas teorias da personalidade com a
prtica psicoterpica como meio de tratamento de doenas mentais, na tentativa de entender tanto a natureza
bsica do Ser Humano quanto os desvios e as peculiaridades de seu sistema nervoso. medida que a psicologia
progride de uma anlise introspectiva da mente humana, para uma cincia do comportamento humano surge
necessidade do estudo da personalidade ser retirado do domnio mdico e psicoterpico para tornar-se parte
integral de uma psicologia cientfica. H tambm, os processos motivacionais, os quais de acordo com Machado
(1997) assumem um papel importante e decisivo para o ajustamento do Ser Humano ao meio. Essa relao pelo
interesse dos processos funcionais e motivacionais gera uma compreenso adequada do comportamentohumano que s ser possvel a partir do estudo da sua personalidade total.
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A Personalidade a sntese integral das atividades psquicas, e atributo caracterstico nico dos Seres
Humanos. Segundo Allport (1966), difcil dizer que um beb recm-nascido tenha personalidade, pois no tem
a organizao caracterstica de sistemas psicofsicos (o funcionamento da personalidade inseparvel corpo e
mente). Mas afirma que a personalidade comea no nascimento, que o beb tem uma personalidade potencial,
sendo quase inevitvel que certas capacidades se desenvolvam. Para o autor, so componentes da personalidade,
o fsico, o temperamento e a inteligncia, sendo esses considerados a matria prima da personalidade. Dentre os
trs, o fsico o mais ligado hereditariedade, mas existem muitos estudos que provam que as bases do
temperamento e da inteligncia so tambm determinadas geneticamente. Allport alerta que os trs fatores,
dentro de certos limites, so influenciados, durante a vida, pela nutrio, pela sade, pela doena e pelo
ambiente.
Segundo Kalinine & Schonardis Filho (1992), pode-se observar que a influncia das reaes comportamentais
na vida dos Seres Humanos e em seus destinos tem atrado a ateno dos cientistas. A mais antiga teoria
psicolgica de que se tem notcia , ao mesmo tempo, a que teve mais influncia atravs dos sculos. Segundo
Allport (1966), a teoria comea com a antiga crena grega, atribuda a Empdodes, do sculo V a. C., de que anatureza composta de quatro elementos, isto , ar, terra, fogo e gua. O segundo estgio da teoria foi
acrescentado porHipcrates, o pai da medicina, segundo o qual essa frmula para a natureza como um todo
(o macrocosmo) deve refletir-se na constituio do Ser Humano (o microcosmo). E esses elementos so
representados, no corpo humano, sob a forma de quatro humores. Se um humor predominasse no corpo,
deveramos esperar uma predominncia correspondente de um temperamento. A teoria foi mais bem elaborada
pelo mdico romano Galeno, no sculo II da era crist. Galeno via os humores como a raiz no apenas do
temperamento, mas tambm das doenas. Embora a cincia moderna tenha mostrado que as substncias
hormonais do corpo so mais numerosas e mais complexas do que o supunham os antigos, a idia de que otemperamento -que a base emocional da personalidade, seja condicionado pela qumica do corpo foi cada
vez mais confirmada pela pesquisa moderna.
Alm da idia a respeito da qumica do corpo, existe outra razo, ainda mais completa, que sustenta essa
teoria, so os quatro padres descritos pela teoria, pois so perfeitamente adequados para qualquer esquema
dimensional moderno de classificao do temperamento. verdade que os nomes dos temperamentos tm um
colorido qualitativo: colrico significa irascvel, sangneo significa esperanoso, melanclico significa tristee
fleumtico significa aptico. Mas esses coloridos qualitativos so coerentes com uma viso lgica e qualitativa
das possveis dimenses do temperamento (ALLPORT, 1966).
Segundo Petroviski (1985), o temperamento a caracterstica da personalidade que permite identificar as
peculiaridades dinmicas dos processos psquicos como intensidade, velocidade, cadncia e ritmo. Dois
componentes do temperamento, atividade e emocionalidade, esto presentes na maioria das classificaes e
teorias do temperamento. A atividade do comportamento caracteriza o grau de energia, de impetuosidade, de
velocidade, de inrcia e de lentido. A emocionalidade caracteriza as peculiaridades da transcorrncia das
emoes, dos sentimentos, dos estados de esprito e suas qualidades, como: o sinal (positivo/negativo) e a
modalidade (alegria, mgoa, medo, tristeza, clera, etc).
Segundo Anastasi (1972), so conhecidos trs sistemas bsicos para explicar a essncia do temperamento,
dos quais os dois primeiros tm somente interesse histrico. O primeiro sistema (humoral), o qual j foi citado
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anteriormente, liga o estado do organismo com a proporo dos sucos (os lquidos e humores) que circula pelo
organismo. Pela prevalncia dos tipos de lquidos que circulam pelo organismo, foram destacados os seguintes
temperamentos: sangneo; colrico; fleumtico e melanclico.
O segundo sistema (constitucional) se apia nas diferentes constituies do organismo, sua estrutura fsica,
propores de diferentes partes do corpo e propores de diferentes tipos de tecidos. A constituio o aspecto
fsico-morfolgico da personalidade. a estrutura ou arquitetura do corpo humano. O estudo da constituio
objetivo da Biotipologia, cincia que estuda os diversos tipos humanos com suas particularidades somticas e
psquicas, as quais se associam intimamente. Embora no haja unidade de doutrina relativamente classificao
dos tipos constitucionais, pode-se afirmar que h uma estreita relao entre a forma e o esprito, entre a figura e
o carter, entre o soma e a psique (ANASTASI, 1972).
A relao entre os traos fsicos e psquicos tambm tem sido considerada do ponto de vista de tipos
constitucionais. Na tentativa de simplificar as variaes, quase infinitas, observveis entre os indivduos,
estudiosos como Kretschemer e Sheldon propuseram certos tipos humanos bsicos. Um indivduo especfico podeento ser descrito mais ou menos se aproximando a um desses tipos. Estes tipos constitucionais so
apresentados como sendo uma caracterizao do indivduo, nos traos fsicos, intelectuais e emocionais, e no
so encarados como quaisquer qualidades isoladas do organismo (ANASTASI, 1972).
A tipologia constitucional representa uma abordagem ao estudo da relao entre caractersticas fsicas e
psicolgicas. As duas teorias mais aceitas e utilizadas so as de Kretschemer e Sheldon. Sendo que a mais
utilizada foi tipologia de Sheldon, a qual ns abordaremos a seguir.
Segundo Davidoff (1983), Sheldon defendia o ponto de vista de que as pessoas com um determinado tipo decorpo tendem a desenvolver tipos especiais de personalidade. Sheldon calculava que os seres humanos so
geneticamente dotados de caractersticas fsicas que determinam as atividades nas quais tendem a destacar-se e,
conseqentemente, as que julgam agradveis. Se um homem tem msculos fortes e bem desenvolvidos,
provavelmente ser bom para esportes e gostar deles, nos quais se empenhar. Os atributos corporais moldam
as expectativas dos outros tambm. As pessoas gordas, por exemplo, so imaginadas como joviais e de bom
temperamento.
Sheldon & Stevens (1942) analisaram o corpo de 4000 estudantes de College, atravs de observaopormenorizada de fotografias, sendo que cada pessoa foi fotografada desnuda e em pose padronizada nas
posies frontal, lateral e dorsal. As medidas foram tomadas diretamente das fotografias com compasso de
ponta de agulha. Procedimento paralelo foi observado para chegar-se aos componentes do temperamento. Em
primeiro lugar, o autor coligou uma lista de 650 traostemperamentais descritos na literatura, sendo que a sua
maioria se relaciona com a introverso e extroverso. Depois de adicionar algumas de suas prprias observaes,
reduziram a lista a 50 termos que pareciam compreender toda a categoria. Um grupo de 33 rapazes, foram
ento avaliados em uma escala de 7 pontos ( 1 ponto indica a presena mnima de um componente; 4 , o termo
mdio e 7, o mximo) para cada um desses 50 traos.
Assim o somatotipo de cada indivduo compe-se de trs nmeros que representam suas avaliaes em
endomorfia, mesomorfia e ectomorfia, respectivamente. Assim 7-1-1 representa endomorfia extrema; 6-2-2,
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endomorfia pronunciada; 4-3-3, endomorfia moderada; 1-7-1, mesomorfismo extremo; 1-1-7, ectomorfismo
extremo e 4-4-4, representa perfeito equilbrio dos trs componentes. Teoricamente, existem 210 combinaes
de somatotipos, mas, Sheldon descreve 88 somatotipos que foram realmente observados. O emprego de uma
escala de 7 pontos , naturalmente, arbitrrio e apenas uma questo de convenincia. As avaliaes se
basearam numa srie de 20 entrevistas intensivas efetuadas pelo investigador, durante um perodo de um ano, e
foram submetidos a observaes cotidianas. Todas as 1225 intercorrelaes entre os resultados dos 50 traos
foram computadas. Um estudo desta tabela de correlao sugeriu aos autores que os traos se dividissem em
trs aglomerados principais. Os autores ento mantiveram apenas os itens com correlao positiva de 0,60 ou
mais. Nesta base manteram-se 22 dos 50 traos originais. Em estudos subseqentes em maior nmero de
sujeitos, os investigadores se propuseram a redefinir os 22 traos iniciais e acrescentar outros que haviam
atingido o critrio de correlao acima exposto. A escala final desenvolvida por esta tcnica compreendeu 60
traos, 20 em cada aglomerado (ANASTASI, 1972).
A partir dessa anlise enumerou trs categorias de tipos somticos, com a seguinte nomenclatura:
Endomorfismo, Mesomorfismo e Ectomorfismo. Essa nomenclatura teve influencia da embriologia do ser humano.No embrio h trs camadas celulares concntricas e superpostas em volta de uma cavidade central: o
endoderma, desdobrando-se d origem aos rgos da vida vegetativa e nutritiva (vsceras digestivas); o
mesoderma forma o esqueleto e msculos; o ectoderma deriva a pele e o sistema nervoso. O sistema de
Sheldon foi originalmente elaborado com homens. A extenso do sistema para incluir as mulheres foi construda
mais tarde. Em seus estudos Sheldon registra que as mulheres tendem a ser mais endomrficas que os homens.
A semelhana destes somatotipos aos de Kretschemer aparente. O endomorfo predominante corresponde ao
tipo pcnico de Kretschmer, ao passo que o mesomorfo e ectomorfo predominantes representam os tipos
atlticos e leptossmico, respectivamente. O somatotipo descrito como 4-4-4, seria classificado como tipointermedirio ou misto no sistema de Kretschmer (ANASTASI, 1972).
Sheldon aps o estudo dos somatotipos realizou um estudo de correlao entre os componentes do fsico com
o temperamento, este foi observado num perodo de 50 anos, chegando s seguintes formas de fsico
relacionadas com o temperamento:
F: Endomorfo- gordas vsceras digestivas super desenvolvidas, predominam as formas arredondadas; T: Viscerotnico- expansivo apreciador de conforto, socivel. F: Mesomorfo- musculoso, predomina os tecidos sseos, atltico; T: Somatotnico- firme, afirmativo, corajoso, gosta de correr riscos. F: Ectomorfo- delgado, predominam as formas lineares, alto, magro, frgil, o que possu o maior
crebro, sistema nervoso sensvel;
T: Cerebrotnico- tendncia a retraimento, introverso, inibido, gosto pela solido e isolamento.O terceiro sistema liga os tipos de temperamentos com a atividade do sistema nervoso central. A teoria do
temperamento de PAVLOV a mais aceitvel pela sua aplicabilidade no esporte e pela influncia significativa
do tipo de sistema nervoso central nas peculiaridades dinmicas do comportamento do ser humano. Em meio dosculo XX Pavlov apud Kalinine & Schonardis Filho (1992), com base em outras investigaes sobre o
funcionamento do sistema nervoso nos animais, inclusive nos Seres Humanos, observou atravs do sistema
nervoso, a capacidade dos seres de adaptar-se em suas vidas ao ambiente em que vivem.
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Pavlov (1979), em seus estudos, identificou quatro tipos de sistema nervoso, e classificou-os de acordo com
trs peculiaridades bsicas do sistema nervoso central: a intensidade, neste caso o sistema nervoso pode ser
Forte ou Fraco; o equilbrio, o qual dividiu em sistema nervoso equilibrado e sistema nervoso desequilibrado e a
mobilidade ou a inrcia dos seus processos. Dessa forma, possvel dizer que h seres humanos com sistema
nervoso forte, mvel, mas desequilibrados, nos quais os dois processos so poderosos, mas a excitao
predomina sobre a inibio, que so os colricos, segundo Hipcrates, tipo excitvel e impulsivo. Os indivduos
com o tipo de sistema nervoso forte, equilibrado, mas inertes, so os fleumticos, calmos e lentos. Em seguida o
tipo forte, equilibrado, hbil, vivo e mvel, os sangneos. E finalmente um tipo fraco, sensvel, delicado, que
corresponde ao tipo melanclico de Hipcrates.
Tendo como base os estudos de Pavlov, autores como Merlin (1973); Rodionov ( 1973); Viatkin, (1978),
Petroviski (1985) desenvolveram estudos sobre as peculiaridades tipolgicas dos indivduos. Ancorada nesses
estudos a psicologia esportiva investiga a influncia das peculiaridades tipolgicas do atleta no seu desempenho
esportivo. As principais peculiaridades tipolgicas do sistema nervoso do homem, de acordo com os autores
acima citados, que tm maior influncia no desempenho esportivo so Fora dos Processos de Excitao doSistema Nervoso (FPE); Fora dos Processos de Inibio do Sistema Nervoso (FPI); Equilbrio dos Processos de
Excitao e Inibio do Sistema Nervoso (E), Nvel de Mobilidade (M) e Tempo de Reao (T).
De acordo com Petroviski (1985), a Fora dos Processos de Excitao do Sistema Nervoso do ser
humano uma das peculiaridades bsicas do sistema nervoso. Ela caracteriza o limite da capacidade de
trabalho das clulas nervosas do crtex e do encfalo, ou seja, a sua capacidade de suportar altos estmulos,
sem entrar no estado de inibio. A Fora dos Processos de Excitao do Sistema Nervoso do ser humano uma
peculiaridade que influi em todas as outras, e fator determinante no processo de desenvolvimento do
comportamento (MERLIN, 1973).
Por exemplo, pessoas cujo sistema nervoso tem alto nvel da fora dos processos de excitao se formam, na
maioria dos casos, pessoas corajosas, ativas, extrovertidas e autoconfiantes. Por outro lado, pessoas que tm
baixo nvel da fora dos processos de excitao do sistema nervoso, na maioria dos casos, se tornam
introvertidos, melindrosas, pouco ativas e pouco confiantes (MERLIN, 1973).
O processo de excitao surge somente com o nvel determinado do estmulo externo, na qual prevalece o
limiar absoluto de excitao sendo a peculiaridade de cada rgo do organismo. Os processos de excitao juntocom os processos de inibio formam a base da atividade de excitao, que caracteriza a fora do sistema
nervoso.
A Fora dos Processos de Inibio do Sistema Nervoso do Homem influi no comportamento do ser
humano e, caracteriza a sua capacidade de serem discreto em suas emoes, condutas, aes e relaes. A
inibio segundo Pavlov apud Petroviski (1985), um componente necessrio na atividade integral e de
coordenao do sistema nervoso. Os processos de inibio juntamente com os processos de excitao
asseguram a adaptao do organismo para o ambiente, que est em constante mudana.
O Nvel de Mobilidade do Sistema Nervoso uma das primrias propriedades do sistema nervoso, que
consiste na capacidade de reagir rapidamente s mudanas do ambiente (PETROVISKI, 1985). O nvel de
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mobilidade dos processos de excitao e inibio que ocorre no sistema nervoso caracteriza a facilidade para
passar de uma atividade para a outra com velocidade de adaptao s novas condies. Pessoas com alto nvel
de mobilidade do sistema nervoso possuem a capacidade de mudar suas atividades rapidamente sem perderem
o raciocnio, conseguem fazem duas ou mais tarefas ao mesmo tempo.
O Equilbrio dos Processos de Excitao e Inibio que ocorrem no sistema nervoso do homem uma
peculiaridade que se revela pela proporo entre os processos de excitao e dos processos de inibio
(PETROVSKI, 1985). A noo de equilbrio dos processos nervosos foi introduzida por Pavlov, e foi considerada
por ele, como uma das independentes peculiaridades do sistema nervoso e, formando junto com as outras
peculiaridades do sistema nervoso (fora e mobilidade) o tipo de atividade nervosa superior
O Tempo de Reao segundo Schmidt (1993), uma medida importante de desempenho, indicando a
velocidade e eficcia da tomada de deciso. O tempo de reao considerado tambm uma peculiaridade
tipolgica do sistema nervoso. Esta peculiaridade do ser humano caracteriza sua mobilidade (agilidade) e rapidez,
devendo ser bem desenvolvida nos atletas de atletismo de alto rendimento, da modalidade sprint, salto emaltura, salto em distncia e salto triplo, onde o tempo de reao simples se encontra entre 110-148 milsimos de
segundos (Rodionov apud MACHADO, 1998).
Kalinine (1994) esclarece tipos de sistema nervoso que podem influenciar na formao das peculiaridades
individuais e que mostram diferenas em relao s capacidades fsicas, segundo o autor as quatro categorias de
Pavlov, podem ser diferenciadas da seguinte forma:
Sangneo: onde os processos de excitao e inibio ocorrem no sistema nervoso de maneira forte,mvel e equilibrado, a sensibilidade tem nvel baixo;
Colrico: onde os processos de excitao e inibio ocorrem no sistema nervoso de maneira forte,mvel e desequilibrado, onde os processos de excitao prevalecem sobre os de inibio e a
sensibilidade tem nvel baixo;
Fleumtico: onde os processos de excitao e inibio ocorrem no sistema nervoso de maneira forte,porm inertes tendo o nvel de sensibilidade baixo;
Melanclico: onde os processos de excitao e inibio ocorrem no sistema nervoso de maneira fraca,tendo o nvel de sensibilidade muito alto;
Segundo Viatkin (1978), no esporte estes tipos de temperamento manifestam-se de maneira diferente. O
Sangneod preferncia para modalidades esportivas que exijam coragem, e ligadas com um alto nvel de
mobilidade. Facilmente se transferem de um exerccio para outro tipo de atividade, mas seu nvel de assiduidade
e de concentrao insuficiente, principalmente em atividades montonas. Durante a aprendizagem de
movimentos novos, os sangneos aprendem rapidamente, podendo executar com facilidade na primeira
tentativa, mas com erros. Seus resultados esportivos so estveis e como regras, nas competies apresentam
maior rendimento do que nos treinos, e tambm esto em estado de prontido para combate no incio de um
jogo. So atletas sociveis, autoconfiantes e possuem boa capacidade de trabalho.
O atleta Colricoda preferncia por modalidades esportivas com alto nvel de emoo (basquetebol, handebol,
saltos) e movimentos intensos e rpidos. Com prazer e paixo comea a praticar a modalidade esportiva
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escolhida, mas o entusiasmo logo desaparece. Os colricos executam a contragosto o trabalho exigido nos
treinamentos prolongados, principalmente os exerccios de fora e resistncia, mas possuem a capacidade de
repetir muitas vezes um exerccio perigoso e difcil, se provocado o seu interesse. Seus resultados nas
competies tm estabilidade insuficiente, com tendncia antes das competies de estar em estado de
hiperexcitao, o que freqentemente no os permitem a realizao plena de suas potencialidades nas
competies (VIATKIN, 1978).
No atleta Fleumticoa aprendizagem de movimentos acontece de forma mais lenta, mas depois de
aprendidos se destacam pelo alto nvel de solidez e conservadorismo. Preferem as modalidades esportivas que
consistam de movimentos calmos, uniformes e com tendncia para o desenvolvimento metdico das capacidades
fsicas e treinamento de movimentos esportivos de modo prolongado. Como regra estes atletas so persistentes
e perseverantes, com nvel de sociabilidade neutro. Seus resultados esportivos so estveis, imediatamente
antes da competio estes atletas esto em estado de combate.
Os atletas Melanclicoscaracterizam-se pela responsabilidade muito alta e com nvel de desenvolvimento dosanalisadores cinestsicos e percepo ttil refinada. O atleta melanclico tem uma insuficiente capacidade de
trabalho, pouca estabilidade contra estmulos externos e alto nvel de ansiedade provocando falta de confiana
em si mesmo. Atletas com este tipo de temperamento preferem atividades esportivas individuais, que no so
ligadas ao combate imediato como em equipes. Seus resultados so instveis, devido a alta angustia na vspera
das competies, onde este estado provoca o desenvolvimento do estado de apatia ao incio das mesmas,
dificultando o alcance de resultados elevados.
Em estudos realizados por (Kalinine & Giacomini, 1998), identificaram um quinto trao, que eles consideraram
como sendo a mistura de todos os outros quatro traos de temperamentos, o chamado de Intermedirio, na qual
se supem que a maioria das pessoas se encontre nesta quinta categoria. Nos atletas Intermedirios os
processos de exitao e inibio que ocorrem no sistema nervoso so mdios e a sensibilidade tem nvel mdio.
Atravs da educao, da influencia da cultura, podemos moldar temperamentos intermedirios. Por exemplo,
dependendo da educao recebida crianas com este temperamento podem ser: intermedirio com tendncias a
sangneo; intermedirio com tendncias a colrico; intermedirio com tendncia a fleumtico e intermedirio
com tendncia a melanclico. Com a maturidade estas pessoas aprendem a se conhecer e moldam o seu
temperamento conforme seu estilo prprio so pessoas com estabilidade emocional controlada e de fcil convvio.
Estudos realizados por Paim et al(2008 a), com estudantes do ensino mdio praticantes de diferentes
atividades fsicas no contexto escolar, foi encontrado ndices mdios que indicam que em mdia os estudantes de
ensino mdio que se envolvem com esportes coletivos como o handebol se encontram no temperamento
intermedirio, mostrando tendncia ao temperamento colrico e sanguneo. Esses achados corroboram com os
estudos realizados por Viatkin (1978) e Kalinine e Giacomini (1998).
A teoria do Trait (traos) outra teoria muito utilizada nos estudos sobre personalidade, seus prin cipais
representantes so: Allport (1966); Catell (1950; 1979) e Eysenck (1970; 1971). Na teoria do trait, a
personalidade de uma pessoa caracterizada pelo somatrio individual dos traos de personalidade, que so
interesse, atitudes, motivos, temperamento, entre outros (SAMULSKI, 2002).
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Os traos evoluem ao longo do tempo, com a experincia. Podem mudar medida que o individuo aprende
novas maneiras de se adaptar ao mundo (CLONINGER, 1999). Allport (1966) fazia uma distino entre traos
individuais que prprio de uma nica pessoa, e traos comuns, prprio de muitas pessoas, cada qual com um
momento diverso.
De acordo com Allport (1966), a unidade Bsica da personalidade denominada de trao. A enumerao dos
traos de uma pessoa fornece uma descrio da sua personalidade. No presente resgate histrico, buscamos a
teoria de Eysenck utilizada por Paim (2002). Eysenck foi um pesquisador que mais explorou em experimentos,
pesquisas e teorias os estudos das diferenas individuais. Para Eysenck a definio de personalidade a soma
total dos padres de conduta presente no organismo, determinada pela hereditariedade e pelo ambiente, os
quais se originam e desenvolvem mediante a integrao funcional dos setores formativos onde se organizam os
padres condutores.
A Teoria de Eysenck combina diversas linhas de pesquisa, tanto do prprio autor, como de outros autores.
Uma Teoria que influenciou muito as pesquisas de Eysenck foram s pesquisas do fisiologista russo Ivan Pavlov.Outra fonte, que influenciou a Teoria de Eysenck foi a Tipologia da personalidade de Jung. Inicialmente Jung
desenvolveu sua Teoria a partir de observaes psiquitricas e em uma descrio da personalidade em que
existe sempre uma espcie de equilbrio dos opostos. Quaisquer aspectos que sejam manifestos ou evidentes na
superfcie tm suas opostas contrapartes presentes no Inconsciente. Um desses pares a extroverso
introverso (SAMULSKI, 2002).
Segundo o mesmo autor Eysenck para melhor estudar o indivduo, utilizou-se da anlise fatorial e tambm se
baseou nos traos e tipos de personalidade. A partir da qual acredita ser capaz de predizer o comportamento
em uma vasta gama de variveis individuais e sociais. Dessa forma, Eysenck (1970) considerou esses achados
como uma dimenso da personalidade, e identificou o que segundo ele, seriam as duas dimenses primrias da
personalidade: extroverso e neuroticismo . O autor considera que estas dimenses so representativas da
atividade nervosa. Estabelece que extroverso seja um contnuo entre extroverso e introverso e o neuroticismo
um contnuo entre neuroticismo (instabilidade emocional) e estabilidade emocional (psicotismo). Estas
dimenses permitem essencialmente uma descrio do comportamento das pessoas. Estudos realizados por
Ucha (2002) confirmam a teoria de Eysenck, no que diz respeito dimenso neuroticismo. O autor concluiu que
existe uma relao entre neuroticismo e estabilidade emocional. Sendo a mesma inversamente proporcional, de
maneira que a um aumento do neuroticismo a uma diminuio do controle emocional.
Segundo Evans (1977); Eysenck (1970), as bases biolgicas para as tipologia extroverso - Introverso
descrita da seguinte forma: os introvertidos se caracterizam por alta estimulao cortical, o que faz com que
estes formem melhores respostas condicionadas e, segundo o autor, as respostas condicionadas so em parte
responsveis pela produo de desordens neurticas, pois estas so respostas emocionais condicionadas;
conseqentemente os introvertidos podem ser encontrados entre os neurticos. J com os extrovertidos, o
processo inverso, ou seja, estes condicionam muito pouco, porm, o comportamento socializado, segundo o
autor, se deve largamente a respostas condicionadas que adquirimos, sob o pretexto da conscincia, quandocrianas; por conseguinte, os extrovertidos, podem ser encontrados com padres de comportamento talvez no
muito aceitos pela sociedade.
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As dimenses primrias da personalidade, identificadas por Hans Eysenck, segundo Bischof (1977), pode ser
observada a seguir:
Introverso Extroverso Instabilidade Estabilidade Emocional
Pela curva de Gauss, os sujeitos normais se distribuem no centro, e os neurticos e psicticos em lados
opostos. No mbito social possvel caracterizar os extrovertidos como ativos, otimistas, impulsivos e capazes de
estabelecer facilmente os contatos sociais. Em contraste, os introvertidos esto caracterizados como reservados,
ansiosos, precavidos e com dificuldades para o estabelecimento de contatos sociais (Bakker; Whiting & Grug,
1993).
Estudos realizados por Paim et al(2008 b), com estudantes do ensino mdio praticantes de diferentes
atividades fsicas no contexto escolar, foi encontrado ndices elevados para a extroverso-introverso e uma
tendncia a instabilidade emocional para alunos que se envolvem com esportes coletivos como o handebol. Esses
achados reforam a que dizem Eysenck (1970); Evans (1977); Samulski, (2002) no que se refere modalidade
individual ou coletiva de atividades fsicas e esportivas, pois de acordo com os autores os praticantes de
modalidades individuais tendem mais a introverso menos motivada para contatos sociais, tem um nvel de
agressividade menor e parecem mais criativos do que atletas de modalidades coletivas, os quais tendem mais a
Extroverso e so mais motivados para estabelecer contatos sociais.
Segundo Telles (1982), a personalidade e todos os seus traos resultantes entendido aqui, como umacaracterstica duradoura do indivduo e que se manifesta na maneira consciente de comportar-se numa ampla
variedade de situaes, unem-se numa construo fsica nica- a pessoa. Cada indivduo tem uma constituio
fsica caracterstica; desta resulta seu temperamento. Destes dois, em contato com o meio fsico e social, surgem
o carter e grande parte dos restantes traos de personalidade. Tudo isso se harmoniza numa crescente
integrao em torno da parte subjetiva do eu. Do nascimento vida adulta, o indivduo vai estruturando
progressivamente as situaes do meio e reage s mesmas, de maneira padronizada, ajustando-se cada vez
melhor ao seu meio. Assim, a personalidade segundo Allport (1966), vem a ser a organizao dinmica dos
vrios sistemas fsicos, fisiolgicos, psquicos e morais que se integram, determinando a maneira pela qual oindivduo se ajusta ao ambiente.
Com base nos estudos abordados nessa reviso percebe-se que a atividade fsica ou esportiva muito
importante para o desenvolvimento da personalidade. Atravs do esporte pode se promover positivamente
disposio para o comportamento social, o equilbrio emocional, a motivao para o rendimento, a autodisciplina
entre outros. Para o rendimento esportivo tornam-se necessrias tambm caractersticas de personalidade como
capacidade de liderana, dominncia, extroverso e comunicao social (SAMULSKI, 2002). De posse desse
conhecimento os professores de Educao Fsica tm a oportunidade de entenderem psicologicamente seus
alunos e a partir desse conhecimento organizar suas aulas de acordo com as suas necessidades e preferncias
individuais de cada um, conseguindo assim maior envolvimento e motivao dos alunos para a prtica da
Educao Fsica escolar e os esportes.
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Sheldon classificou os tipos fsicos em:
Endomorfos: gordos, adiposos.
Mesomorfos: musculosos.
Ectomorfos: delgados.
Os endomorfos so viscerotnicos:afetivos, extrovertidos, sociveis, com um relaxamento geral,
voltados ao mundo, s coisas praticas.
Os mesomorfos so somatotnicos: agilidade, atividade, energia.
Os ectomorfos so cerebrotnicos: introverso, intelectualidade, autocontrole, tendncia ao esolamento,
sono deficiente.
Endomorfia centralizada no abdmen, e em todo sistema digestivo.Mesomorfia focalizada nos msculos, e no sistema sanguneo.
Ectomorfia relaccionada com o crebro e o sistema nervoso.
Geralmente ns temos todos os trs ou dois dos elementos na nossa constituio fsica, da mesma
forma como temos sistema digestivo, circulatrio e nervoso. Ningum simplesmente um endomorfo
sem ter outros componentes em graus variados.
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Fonte:http://pt.shvoong.com/social-sciences/psychology/1857583-tipologia-sheldon/#ixzz1cTN4DQye
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