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M A R Ç O 2013 FILARMÔNICA E VOCÊ unidos pela música

Temporada 2013 | Março

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Filarmônica e vocêunidos pela música

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Ministério da Cultura e Governo de Minas apresentam

foto de capa andré fossatiilustrações Mariana siMões

pág. 7Nobre Kabbalah*

Dutilleux Tout un monde lointain*

Rimsky-Korsakov Sheherazade

SÉRIE allEgRo07 de marçoFabio mecheTTi, regenteanTonio meneSeS, violoncelo

pág. 19Zare Green Flash*

Mendelssohn concerto para violino e piano em ré menor

Brahms / Schoenberg Quarteto com piano em sol menor*

SÉRIE VIVaCE19 de marçoroSSen milanov, regente convidadoanThony FlinT, violinoeduardo hazan, piano

pág. 35Stravinsky Jeu de cartesR. Strauss morte e Transfiguração

Tchaikovsky concerto para piano nº 1 em si bemol menor

SÉRIE allEgRo28 de marçoFabio mecheTTi, regentevladimir FelTSman, piano

*Primeira audição em Belo Horizonte.

S U M Á R I O

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Caros amigos e amigas,Iniciamos o mês de março com a presença, mais uma vez, de um de nossos mais ativos e importantes colaboradores, o violoncelista Antonio Meneses. Depois de haver participado como solista de nossa primeira turnê internacional, Antonio Meneses volta a Belo Horizonte para executar uma das mais desafiadoras peças para violoncelo e orquestra do século XX. Composta pelo francês Henri Dutilleux para o genial Mstislav Rostropovich, Tout un monde lontain define a linguagem especial deste compositor como herdeiro inequívoco da tradição francesa de Ravel, Debussy, Messiaen, no que tange à sonoridade orquestral e ao impecável artesanato técnico e expressivo utilizado. Além da primeira audição da obra em Belo Horizonte, a Filarmônica executa a rica e exótica Scheherazade, de Rimsky-Korsakov, e Kabbalah, de Marlos Nobre, obra energética e brilhante de um dos mais importantes compositores contemporâneos brasileiros.

Pela primeira vez em Belo Horizonte, o regente búlgaro Rossen Milanov introduz uma obra do norte-americano Roger Zare e uma rara adaptação para orquestra, feita por Schoenberg, do Quarteto com piano em sol menor de Brahms. No mesmo programa ouviremos o charmoso e raramente executado Concerto para violino e piano de Mendelssohn, com a participação de Eduardo Hazan e nosso spalla Anthony Flint.

Para concluir este mês de intensas atividades receberemos um dos mais importantes pianistas russos da atualidade, Vladimir Feltsman, executando o sempre popular Concerto nº 1 de Tchaikovsky. Digno de especial atenção é o balé escrito por Igor Stravinsky para Balanchine, em coreografia baseada num jogo de pôquer. Pouco tocada, essa peça é imbuída de refinamento, inteligência e humor.

Tenham todos um excelente concerto.

Fabio Mechettidiretor artístico e regente Titular

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fabioMechettid i r e T o r a r T í S T i c o e r e G e n T e T i T u l a r

Natural de São Paulo, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde sua criação, em 2008. Por esse trabalho, recebeu o XII Prêmio Carlos Gomes/2009 na categoria Melhor Regente brasileiro. É também Regente Titular e Diretor Artístico da Orquestra Sinfônica de Jacksonville (EUA) desde 1999. Foi Regente Titular da Orquestra Sinfônica de Syracuse e da Orquestra Sinfônica de Spokane, da qual é, agora, Regente Emérito.

Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego foi Regente Residente.

Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.

Realizou diversos concertos no México, Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu as Orquestras Sinfônicas de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Regeu também a Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia, a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia, e a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá.

Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia, particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg, Suécia. Recentemente fez sua estreia na Finlândia dirigindo a Filarmônica de Tampere. Em 2013, estreou na Itália conduzindo a Orquestra Sinfônica de Roma.

No Brasil foi convidado a dirigir a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre e Brasília e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Trabalhou com artistas como Alicia de Larrocha, Thomas Hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros.

Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmen, Don Giovanni, Cosi fan Tutte, Bohème, Butterfly, Barbeiro de Sevilha, La Traviata e As Alegres Comadres de Windsor.

Fabio Mechetti recebeu títulos de Mestrado em Regência e em Composição pela prestigiosa Juilliard School de Nova York.

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SÉRIE allEgRo

grande teatro do Palácio das artes, 20h30

07mar q u i n t a

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programa

Marlos NOBRE Kabbalah, op. 96 [10 min]PriMeira audição eM Belo Horizonte.

Henri DUTILLEUX Tout un monde lointain [30 min]ÉnigmeRegardHoules MiroirsHymnePriMeira audição eM Belo Horizonte.

anTonio meneSeS solista

intervalo

Nikolai RIMSKY-KORSAKOV

Sheherazade, op. 35 [42 min]Largo e MaestosoLentoAndantino quase allegrettoAllegro molto

Fabio mecheTTi, regenteanTonio meneSeS, violoncelo

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antoniomeneses

Antonio Meneses nasceu em 1957 em Recife, em uma família de músicos. Começou a estudar violoncelo aos dez anos. Aos 16 anos conheceu o famoso violoncelista italiano Antonio Janigro, que o convidou a frequentar as suas aulas em Düsseldorf e, mais tarde, em Stuttgart. Em 1977, ganhou o 1º Prêmio no ARD Concurso Internacional de Munique e, em 1982, o 1º Prêmio e Medalha de Ouro no Concurso Tchaikovsky, em Moscou.

Apresenta-se regularmente com as mais importantes orquestras do mundo, como a Filarmônica de Berlim, a Sinfônica de Londres, a Sinfônica da BBC, a Orquestra do Concertgebouw de Amesterdã, a Sinfônica de Viena, a Filarmônica theca, a Filarmônica de Moscou, a Filarmônica de São Petersburgo, a Filarmônica de Israel, a Orchestre de la Suisse Romande, a Orquestra da Rádio da Baviera, a Filarmônica de Nova York, a National Symphony Orchestra e a Sinfônica NHK de Tóquio, entre outras. Colaborou com os maestros Herbert von Karajan, Riccardo Muti, Mariss Jansons, Claudio Abbado, André Previn, Andrew Davis, Semion Bychkov, Herbert Blomstedt, Gerd Albrecht, Yuri Temirkanov, Kurt Sanderling, Neeme Järvi, Mstislav Rostropovich, Vladimir Spivakov e Riccardo Chailly.

Antonio Meneses é convidado frequente do Festival Pablo Casals, Porto Rico, festivais de Salzburgo, Lucerna, Viena, Berlim, Festival de Primavera, Praga, Mostly Mozart, Nova York, Festivais La Grange de Meslay e Colmar, França. Como camerista, colaborou com os quartetos Emerson, Vermeer, Amati e Carmina. Desde outubro de 1998 é membro do Beaux-Arts Trio.

Entre suas gravações destacam-se obras de Brahms e Strauss para Deutsche Grammophon, com a violinista Anne-Sophie Mutter, Herbert von Karajan e a Orquestra Filarmônica de Berlim; obras de Eugene D’Albert e David Popper com a Orquestra Sinfónica de Basileia; Carl Philip Emanuel Bach, com a Orquestra de Câmara de Munique (Pan Classics); obras de J. S. Bach, Tchaikovsky, Schumann e Schubert. De Villa-Lobos gravou os Concertos e a Fantasia para Violoncelo e Orquestra, além da obra completa para violoncelo e piano, com Cristina Ortiz (Pan Classics). Sua mais recente gravação contém obras de Schumann e Schubert com Gérard Wyss ao piano (AVIE).

Antonio Meneses orienta cursos de aperfeiçoamento na Europa, nas Américas e no Japão e é professor no Conservatório de Berna, Suíça. O artista toca um violoncelo de Alessandro Gagliano feito em Nápoles, 1730.

9Série alleGro, 07 de março

Nunca é demais ressaltar as qualidades do violoncelista antonio Meneses: volume

sonoro do tamanho da sala, técnica perfeita, elegância estilística e raro senso de diálogo

camerístico com a orquestra.Folha de São Paulo, BraSil.

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nobre

Nascido em Recife, Pernambuco, Marlos Nobre começou seus estudos musicais aos cinco anos de idade. Em 1959 recebeu seu primeiro prêmio, Músicas e músicos do Brasil, promovido pela Rádio MEC. Tal reconhecimento atrai o jovem compositor para São Paulo, para o círculo de Koellreutter e Guarnieri. Desenvolvendo-se rapidamente, em 1963 parte para Buenos Aires com bolsa da Fundação Rockefeller. Ali, por aproximados dois anos, aperfeiçoa-se no Instituto Torcuato di Tella. Nesse período, o contato com Ginastera, Messiaen, Dallapiccola e Malipiero o aproxima das vanguardas e suas mais novas técnicas composicionais. Em Tanglewood, Estados Unidos, a relação com Bernstein, Goehr e Schuller foi marcante e memorável.

Inumeráveis prêmios e condecorações, cargos administrativos e pedagógicos garantiram a Marlos Nobre um lugar de destaque no cenário musical, consagrando-o como figura de rara versatilidade. Compositor, pianista e regente, protagonizou momentos singulares da história da música brasileira. Foi o primeiro brasileiro a reger a Royal Philharmonic Orchestra de Londres, além de conjuntos como a Orchestre de la Suisse Romande, a Orchestre Philharmonique de l'ORTF de Paris ou a Orquestra Filarmónica Del Teatro Colón. Foi o primeiro compositor residente do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, o mais tradicional dos festivais brasileiros de música.

Foi também para a 35ª edição do Festival de Campos do Jordão que Marlos Nobre compôs Kabbalah, por encomenda do maestro Roberto Minczuk. A obra, dedicada a Minczuk, foi estreada pela Orquestra Acadêmica do festival em 23 de julho de 2004. De acordo com o compositor, Kabbalah representa um amadurecimento em sua forma de estruturação lógica do material e em seu trabalho de orquestração. Um conjunto restrito de intervalos gera toda a obra, enquanto a orquestração é a mais ampla já usada por ele. A complexidade e riqueza de timbres resulta, paradoxalmente, numa sonoridade equilibrada em que a massa orquestral robusta soa clara, quase transparente. A peça é pensada em dois níveis complementares: um rigorosamente matemático, responsável pela elaboração formal da peça em suas micro e macroestruturas, a partir de números cabalísticos; outro intuitivo, reflexo de “inspiração momentânea”, trabalho de elaboração de acidentes de percurso, de estados bruscos da imaginação, de sugestões inconscientes. A essência rítmica da obra jorra do contínuo choque de tensões e relaxamentos. Os metais narram o tema principal, o “tema da kabbalah”, em dois momentos culminantes. O final traz à tona todos os elementos anteriormente utilizados, fundindo-os numa explosão sonora.

À época da composição da obra, Marlos Nobre encontrava-se fascinado pelos preceitos fundamentais da “Kabbalah” – em hebraico, “o que é recebido”. É a partir do ideal de desejo cabalístico, luz e energia, que o autor constrói toda a obra. Nela, o início representa a luz, seu desenvolvimento, a energia. A cabala é a fonte de energia e conhecimento que revela aos homens os caminhos do conhecimento divino. Em Marlos Nobre, ela é a sonoridade da imaginação e da inspiração, vias de acesso, para o artista, aos valores ocultos do universo.

a cabala é a fonte de energia e conhecimento que revela aos homens os caminhos do conhecimento divino. Em Marlos Nobre, é a sonoridade da imaginação e da inspiração, vias de acesso, para o artista, aos valores ocultos do universo.

Kabbalah, op. 96(2004)

instrumentação: 2 piccolos, 2 flautas, 3 oboés, 3 clarinetes, clarone, 2 fagotes, contrafagote, 6 trompas, 4 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, 2 harpas, piano, cordas.

braSil, 1939

igor reynerPianista, mestre em música pela universidade Federal de minas Gerais

marlos

Para ouvir

cd orquestra acadêmica – Festival internacional de inverno de campos do Jordão – roberto minczuk, regente – 2006 (gravado em 2004) – catálogo: lmcd 0291

Para LEr

José maria neves – música contemporânea brasileira – ricordi – 1981

11Série alleGro, 07 de março

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DutiLLeuX

Fruto de um trabalho persistente e de qualidade excepcional, a produção de Dutilleux impõe-se entre as principais da música contemporânea, tanto para a crítica mais tradicionalista como para as vanguardas. Seu catálogo, pouco numeroso, é composto de obras-primas, cada uma delas meticulosamente pensada e cinzelada com refinamento. Entretanto, sua recepção ocorreu lentamente – talvez pelo temperamento independente e recluso do compositor, que sempre se negou a participar de movimentos e grupos estéticos. Em 2005, aos 89 anos, Dutilleux tornou-se o terceiro compositor francês (após Olivier Messiaen e Pierre Boulez) a receber o cobiçado prêmio Ernst von Siemens, pelo conjunto de sua obra.

Aos dezessete anos, incentivado pelo avô materno, organista e professor de música, Dutilleux ingressou no Conservatório de Paris, onde obteve os primeiros prêmios de Harmonia, Contraponto e Fuga. Em 1938 ganhou o Prêmio de Roma, mas ficou poucos meses na Villa Médicis (o Prix de Rome era uma bolsa de estudos concedida por concurso a jovens compositores franceses que passavam um período compondo, hospedados na Vila Médicis, sede da Academia da França, em Roma). Embora continuasse compondo regularmente, só em 1948 publicou seu opus 1 — a Sonata para Piano — após ter destruído suas composições anteriores. O cargo de diretor das Ilustrações Musicais da Radiodiffusion Française lhe permitiu, por dezoito anos, um convívio

enriquecedor com diversas tendências artísticas. Em 1961, a convite de Alfred Cortot, lecionou Composição na École Normale de Musique e, entre 1970 e 1984, no Conservatório de Paris.

Para Dutilleux, o processo criador pode transformar-se em um ritual, uma forma de cerimônia religiosa, pois implica uma epifania – quando uma ideia se revela luminosa e, por algum segredo, se impõe sobre as outras. Convivendo, assim, com o sagrado, o mistério, a magia, o artista prioriza a emoção e cultiva a curiosidade pelo inusitado. No plano técnico, Dutilleux valoriza o trabalho artesanal, “se possível diário”, com a preocupação de inserir o pensamento musical em uma estrutura bem definida (ainda que contrária a qualquer organização pré-fabricada). Como norma, adota “a necessidade absoluta da escolha e da economia dos meios, sempre visando o que se pode chamar a Alegria do Som”.

A grande sensibilidade harmônica, a busca de novos recursos expressivos e o gosto detalhista de sua orquestração fazem de Dutilleux um herdeiro direto da tradição de Dukas, Debussy e Ravel. Outras influências para sua música incluem obras literárias ou pictóricas que lhe servem frequentemente de fonte poética, embora o compositor se declare avesso a qualquer vestígio de “mensagem” ou “programa”. Assim, ao dar o subtítulo de “A noite estrelada” para a obra Timbres, Espaço e Movimento (1978), Dutilleux não tentou “reproduzir” sonoramente a pintura homônima de van Gogh, “apenas reviver e prolongar suas ressonâncias oníricas”. No caso dos concertos, as fontes são literárias. O Concerto para violino, “L’arbre des songes” (1985) é uma meditação sobre o silêncio, o tempo e a memória, musicalmente traduzida em um estudo da percepção de estratos temporais múltiplos, conceito elaborado pelo compositor após a leitura de À la recherche du temps perdu, de Marcel Proust.

Quanto ao Concerto para Violoncelo e Orquestra, Dutilleux inspirou-se em Les fleurs du Mal de Baudelaire. Inicialmente a ideia surgira para um balé solicitado pelo Ministério Francês dos Assuntos Culturais. O projeto oficial não se efetivou, mas, fascinado pelo universo do poeta, o compositor não renunciou à sua inspiração. Quando o amigo e legendário

tout un monde lointain(1970)

instrumentação: piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, clarone, 2 fagotes, contrafagote, 3 trompas, 2 trompetes, 2 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, celesta, cordas.

França, 1916

henri

Para ouvir

cd henri dutilleux: concertos; orchestral works – mstislav rostropovich, violoncelo – orchestre de Paris – Serge baudo, regente – emi classics/emi records ltd. – 2008

Para LEr

François-rené Tranchefort – Guide de la musique Symphonique – librairie arthème Fayard – 1986

charles baudelaire – as flores do mal – ivan Junqueira, tradutor – editora nova Fronteira/coleção Saraiva de bolso – 2012

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O violoncelo identifica-se com o poeta e serve-lhe de guia, em sua busca de evasão, conduzindo-o através de fantásticas paisagens orquestrais, luminosas ou noturnas.

Série alleGro, 07 de março

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Paulo Sérgio MalheiroS doS SantoSdoutor em letras, Professor da escola de música da uemG, autor do ensaio Músico, doce músico fo

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violoncelista russo Mstislav Rostropovitch lhe encomendou um concerto, Dutilleux o escreveu sobre o conceito baudelairiano de “evasão”. Em As flores do Mal, para se curar do doloroso tédio (o spleen) inerente à vida humana, o poeta recorre sucessivamente à Poesia, ao Amor, à contemplação da cidade, à comunhão com seus semelhantes, aos paraísos artificiais dos vícios e até à magia negra, ao fascínio do Mal. Todas essas tentativas se mostram inúteis, e as possibilidades terrestres esgotadas. Resta ao poeta a Evasão, a grande viagem para outro mundo, à procura do Desconhecido – “Tout un monde lointain”, Todo um mundo distante.

O concerto divide-se em cinco partes, alusivas aos versos de Baudelaire:

enigma – Na natureza estranha e simbólica...

olhar – O veneno que escorre dos teus olhos, dos teus olhos verdes, lagos onde minha alma treme e se vê ao avesso.

Marulho, ondas – Você contém, mar de ébano, um resplandecente sonho de velas, de remadores, de flâmulas e de mastros.

espelhos – Nossos dois corações serão amplas tochas que refletirão suas luzes duplas nos nossos dois espíritos, esses espelhos gêmeos.

hino – Guarde os teus sonhos, os sábios não os têm tão belos quanto os loucos.

A obra, introspectiva e secreta, não apresenta os convencionais diálogos entre a orquestra e o solista, característicos da forma concertante. O violoncelo identifica-se com o poeta e serve-lhe de guia, em sua busca de evasão, conduzindo-o através de fantásticas paisagens orquestrais, luminosas ou noturnas. Valendo-se de seus recursos virtuosísticos, percorre caminhos sinuosos por um mundo sonoro inusitado, lírico e fascinante.

O concerto foi estreado por Rostropovitch em julho de 1970, no Festival de Aix-en-Provence, com a Orquestra de Paris regida por Serge Baudo.

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RIMSKY-KORSAKOV

Nos anos 1860/70 Rimsky-Korsakov fez parte do Grupo dos Cinco, formado por jovens compositores que se reuniam frequentemente em casa de Mily Balakirev, para estudar música. Eram eles: Alexander Borodin, César Cui, Modest Mussorgsky e o próprio Rimsky-Korsakov. Após sua dissolução, um novo grupo pouco a pouco se formou em torno do rico comerciante e mecenas Mitrofan Belyayev o qual, a partir dos anos 1880, recebia nas noites de quarta-feira alguns dos maiores artistas de São Petersburgo. O grupo, conhecido como Círculo Belyayev, tinha Rimsky-Korsakov como seu líder musical. Belyayev, que publicava e divulgava as obras dos compositores com seu próprio dinheiro, sem se preocupar com o retorno financeiro, criou em 1886 a série Concertos Sinfônicos Russos, destinada a permitir que os jovens compositores russos tivessem suas obras sinfônicas executadas. Para essa série Rimsky-Korsakov compôs algumas de suas obras mais conhecidas: o Capricho espanhol (1887), Sheherazade (1888) e A grande páscoa russa (1888).

Sheherazade é a protagonista das Mil e uma noites, coletânea de contos populares medievais da Ásia ocidental e meridional, originalmente escritos em árabe. Desde que foram traduzidos para o francês, pela primeira vez, no início do século XVIII, esses contos passaram a ser considerados na Europa como a representação máxima do fantástico mundo da fábula oriental. Algumas são populares ainda hoje, como Simbad, o marujo, Aladim e a lâmpada

maravilhosa e Ali-Babá e os quarenta ladrões. As fábulas são ligadas, entre si, por meio de um conto base: o sultão, traído por sua primeira esposa, manda executá-la e decide casar-se com uma jovem virgem a cada noite, fazendo executá-la no dia seguinte para se prevenir de uma futura infidelidade. Sheherazade, filha mais velha do vizir, decide casar-se com o sultão. Na noite de núpcias, conta-lhe uma estória cujo final é deixado para a noite seguinte, a fim de que o sultão tivesse que adiar a sua execução para saber o desfecho. Na noite seguinte, tão logo ela termina a estória, começa imediatamente outra, sem terminá-la. E assim, sucessivamente, Sheherazade prende o sultão por mil e uma noites até que, como prova de afeição, ele perdoa-lhe a sentença, e ela lhe apresenta os três filhos que, nesse período, dera à luz.

Para dar vida às incríveis fábulas das Mil e uma noites e, ao mesmo tempo, preservar o colorido russo, Rimsky-Korsakov explorou ao máximo os timbres da orquestra. Ao evitar a mera combinação de folclore com música erudita, ele se livrava de dois possíveis erros: o de degenerar a obra em amadorismo, ao amarrá-la à entonação folclórica; e o de sacrificar a própria entonação folclórica para adequá-la às demandas artísticas. A decisão que tomou foi de capturar a substância folclórica – melódica e rítmica – e preservá-la em sua essência, sem adequá-la a parâmetros composicionais eruditos, tais como harmonia, contraponto e forma. A matéria bruta restaria praticamente intocada, e a ênfase seria dada ao colorido orquestral.

Nas palavras do compositor, a suíte sinfônica Sheherazade foi inspirada “em imagens singulares e episódios separados das Mil e uma noites, espalhados pelos quatro movimentos da suíte. Como ligação entre esses quadros criei os breves trechos para violino solo, que são atribuídos à sultana Sheherazade”. Sua estreia se deu em 3 de novembro de 1888, na série Concertos Sinfônicos Russos, em São Petersburgo, sob a regência do compositor.

rúSSia, 1844 - 1908

nikolai

Para ouvir

rimsky-Korsakov: Shéhérazade; russian easter overture; capriccio espagnol – Philadelphia orchestra – eugene ormandy, regente – Sony classical – 1966

Para LEr

nikolai rimsky-Korsakov – ma vie musicale – Pierre lafitte – 1914

richard Taruskin – on russian music – berkeley – university of california Press – 2009

sheherazade(1888)

instrumentação: piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas.

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Para dar vida às incríveis fábulas das mil e uma noites e, ao mesmo tempo, preservar o colorido russo, Rimsky-Korsakov explorou ao máximo os timbres da orquestra.

guilherMe naSciMentodoutor em composição, professor da escola de música da uemG e da Fea, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e Música menor

Série alleGro, 07 de março

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SÉRIE VIVaCE

grande teatro do Palácio das artes, 20h30

t e r ç af e i r a

programa

Roger ZARE Green Flash [10 min]PriMeira audição eM Belo Horizonte.

Felix MENDELSSOHN

concerto para violino e piano em ré menor [22 min]AllegroAndanteAllegro

anThony FlinT eduardo hazan solistas

intervalo

Johannes BRAHMS Quarteto com piano nº 1 em sol menor, op. 25 [23 min]Orquestrado por Arnold SchoenbergAllegroIntermezzoAndante con motoPrestoPriMeira audição eM Belo Horizonte.

roSSen milanov, regente convidadoanThony FlinT, violinoeduardo hazan, piano

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rossenmilanov

Rossen Milanov é reconhecido como “um dos mais promissores na nova geração de regentes” (Seattle Times). É Diretor Titular da Orquestra Sinfônica do Principado de Astúrias, regente associado da Orquestra da Filadélfia e seu Diretor Artístico no The Mann Center for the Performing Arts, além de Diretor Artístico da Sinfônica de Princeton. Entre outros, Milanov colaborou com solistas como Joshua Bell, Yo-Yo Ma, Midori, Itzhak Perlman e André Watts.

Na América do Norte, Rossen Milanov apresentou-se com a Sinfônica Nacional, Orchestra of St. Luke’s, Rochester Philharmonic, St. Paul Chamber Orchestra e sinfônicas de Baltimore, Columbus, Charlotte, Fort Worth, Indianápolis, Jacksonville, Memphis, Milwaukee, Nova Jersey, Oregon, Pasadena, Québec, San Antonio, Seattle e Vancouver.

Em outros países, Milanov conduziu as sinfônicas de Aalborg, da BBC, de Lucerne, da Nova Zelândia, de Tenerife e de Tokyo; as filarmônicas de Belgrado, Buenos Aires e Rotterdam; Komische Oper, Sinfônica Nacional de Latvia, Orchestre de la Suisse Romande, Orquestra Nacional do México, Residentie Orkest/The Hague, Royal Scottish National Orchestra, Osesp e Scottish Chamber Orchestra. Em turnês regulares à Ásia dirigiu as filarmônicas da China, de Hong Kong e de Seul, a NHK Symphony e a Sinfônica de Singapura.

Comprometido com o apoio a jovens músicos, Milanov é Diretor Musical da orquestra profissionalizante Symphony in C e da New Symphony Orchestra, ambas em sua cidade natal, Sofia, na Bulgária. Participa regularmente de produções nos institutos de música Curtis e Weill, realizou turnês com as orquestras jovens da Austrália e da Nova Zelândia e foi diretor musical da Sinfônica Jovem de Chicago.

Em 2012 lançou sua primeira gravação comercial com a Orquestra da Filadélfia – A Grand Celebration: The Philadelphia Orchestra Live with the Wanamaker Organ at Macy’s Center City. Com a mesma orquestra possui outras gravações disponíveis on line. Gravou obras de Alla Pavlova com a Filarmônica de Moscou (Naxos) e a ópera Postcard from Morocco, de Argento, com o teatro de ópera do The Curtis Institute of Music (Albany).

Rossen Milanov estudou regência na The Juilliard School, no The Curtis Institute of Music, Duquesne University e Bulgarian National Academy of Music. Foi regente titular da Bulgarian National Radio Orchestra e recebeu o Prêmio Bulgarian Ministry por sua Contribuição Extraordinária à Cultura Búlgara. Em 2005 foi escolhido o Músico Búlgaro do Ano.

21Série vivace, 19 de março

Do podium, Rossen Milanov projetou uma visão musical clara. Seu forte conceito

interpretativo ressoou.The PhiladelPhia inquirer, eSTadoS unidoS

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anthonyFlint

Anthony Flint iniciou os estudos musicais em sua Inglaterra natal, mas mudou-se para o Canadá bem jovem, dando sequência à sua formação no Royal Conservatory of Music de Toronto, onde estudou violino com David Mankovitz e piano com Patricia Holt. Completou sua educação musical graduando-se pela Universidade de Indiana (Bloomington, EUA) com a mais elevada distinção depois de ter estudado com os professores James Buswell, Larry Shapiro, Franco Gulli e Joseph Gingold.

Sua trajetória como spalla começou ainda na adolescência em Spoleto, Itália, liderando a Orquestra de Ópera de Gian Carlo Menotti no Festival dei Due Mondi. Depois da graduação, Flint foi indicado para liderar várias orquestras no Canadá e nos Estados Unidos, incluindo a CJRT Radio Symphony em Toronto e a Orquestra de Illinois em Chicago.

De 1989 a 2012, atuou como Primeiro Violino da Orchestra della Svizzera Italiana, em Lugano, cidade do Sul da Suíça. Simultaneamente, passou dez temporadas como Primeiro Violino convidado da orquestra alemã West Deutsches Rundfunk e cinco temporadas como spalla convidado da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, Osesp. Apresentou-se também junto à Sinfônica de Bournemouth, à BBC Scottish and English National Opera no Reino Unido, à Orquestra Gulbenkian (Lisboa) e à Orquestra de Câmara de Zurique. Em março de 2012, Anthony Flint assumiu a posição de spalla da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.

Flint vem desenvolvendo também uma ampla carreira como solista e músico de câmara. É através da música de câmara, com a qual tem uma longa paixão, que tem levado ao público interpretações com artistas internacionalmente renomados como Vladimir Viardo, Jean Bernard Pommier, Bruno Pasquier, Yuri Bashmet, Wolfgang Boettcher, Wen Sinn Yang, Max Rabinovitz e Stephen Swedish.

Além das suas atividades como spalla da Filarmônica de Minas Gerais, Anthony Flint continua a apresentar-se regularmente como violinista do Trio Ceresio, seu grupo de longa data baseado em Lugano.

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...seguro no palco, ele exibiu a habilidade e precisão que têm dado a este artista tantos

elogios e premiações ao redor do mundo.ToronTo STar, Canadá

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eduardoHazan

Eduardo Hazan nasceu em Santos e estudou no Brasil, Áustria, França e Estados Unidos. Diplomou-se pela Academia de Música de Viena com nota máxima, por unanimidade. Em 1976 obteve o Mestrado na Universidade de Indiana, Estados Unidos, quando recebeu o cobiçado Performer’s Certificate, raramente outorgado.

Além de atuar em várias cidades brasileiras, apresentou-se na Áustria, Inglaterra, França, Espanha e Portugal. Enviado pelo Itamaraty, atuou também em vários países sul-americanos.

Eduardo Hazan foi premiado em três concursos internacionais, entre eles o Marguerite Long Thibaud (Paris, 1963), Vianna da Motta (Lisboa, 1964) e o Concurso Internacional do Rio de Janeiro (1965).

Entusiasta da música de câmara, divide suas atividades de concertista com as de professor.

Foi um dos professores fundadores da Fundação de Educação Artística de Belo Horizonte e lecionou por vinte anos na Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais. Em sua carreira, encontrou dezenas de alunos brilhantes, muitos dos quais se tornaram excelentes pedagogos.

Hazan gravou seis discos, sendo um deles em duo com o flautista Andersen Viana, tocando MPB. Publicou o trabalho O piano, alguns problemas e possíveis soluções e escreveu outro livro ainda não editado.

Em 2012 recebeu o título de Comendador pela Ordem do Mérito Cultural Carlos Gomes.

25Série vivace, 19 de março

É raro encontrar-se um pianista tão sensível.Gerd STark, ClarineTiSTa do quinTeTo de SoProS de Munique

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Zare

O compositor revela um processo composicional pouco usual. Quando compõe, não dispensa muito tempo planejando a música, suas estruturas, o caminho a ser percorrido. Toma fôlego e escreve do primeiro ao último compasso. Não se sente confortável diante de estruturas pré-planejadas, paredes pré-fabricadas. Quer que a música flua organicamente, de um lugar a outro, no tempo e no espaço. Seu modelo: a natureza.

Roger Zare ainda terminava a graduação em música, na University of Southern California, quando compôs Green Flash, em 2006. Logo no ano seguinte, a obra foi estreada pela USC Thornton Symphony, sendo regida por Donald Crockett, seu professor de composição. Green Flash recebeu os importantes prêmios da Broadcast Music, Inc. e da American Society of Composers, Authors and Publishers. Uma de suas obras mais representativas, ela é uma eloquente confissão musical de seu fascínio pela natureza e pelas ciências, em especial astronomia e meteorologia. A identificação do compositor com a natureza e as ciências ultrapassa a busca por compreensão e expressão da organicidade – cerne de seu processo composicional –, alcançando a superfície de vários de seus trabalhos, nos quais os títulos revelam a fonte da inspiração musical: Aerodynamics, LHC, Pulmonary suite, On the electrodynamics of moving body, Geometries, Nothern Lights. Em meio à poética de Zare, Green Flash é a maturação de sua voz como

compositor orquestral, é a apropriação de algo que lhe parece pertencer, algo como uma herança natural ou, nas palavras de Christopher Rouse, algo que corre em suas veias.

A inspiração dessa peça, revelada pelo título, é o brilho verde ou raio verde. Trata-se de um fenômeno óptico que ocorre ao nascer ou ao pôr do sol, caracterizado por uma pequena mancha verde acima do astro, visível apenas por pouco segundos. Após observar o fenômeno pela primeira vez, em 2005, na Flórida, Zare soube que deveria capturar esse efêmero e misterioso momento em uma obra musical. Green Flash é um poema sinfônico. Narra o espaço de um dia numa sucessão de cenas, do nascer ao pôr do sol. Cada cena sugere uma iluminação característica, “nuvens e cores”, nas palavras do compositor. A primeira, o amanhecer escuro, lúgubre, que gradualmente se ilumina. A cena seguinte traz a neblina espessa de uma manhã opaca. A terceira captura os cirros delgados se contorcendo numa dança pelo céu. A penúltima cena é uma tempestade violenta e rápida que deságua na cena final, o pôr do sol. Apenas nos últimos segundos da obra seu sentido se completa: o raio verde torna-se audível através de um glockenspiel, alojado fora do palco, e do soar de harmônicos nas violas.

Longe de afiliações estéticas ortodoxas, Roger Zare pensa cada obra como um universo em si, como um espaço para investigar novas formas de expressão. Mais que o domínio ou a formulação de uma linguagem musical definitiva, o jovem compositor encanta-se pelas possibilidades de convergência entre ideias sonoras e visuais. Se em Green Flash a série harmônica é explorada em blocos melódicos ou harmônicos, o que realmente o ocupa é saber como essa sonoridade sugere cores, efeitos de luz, numa transposição complementar de sua experiência inicial: aquela na qual um feixe verde de luz lhe soou como uma obra musical.

Uma das obras mais representativas de Zare, Green Flash é uma eloquente confissão musical de seu fascínio pela natureza e pelas ciências, em especial astronomia e meteorologia.

green Flash(2006)

instrumentação: 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, clarone, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, piano, celesta, cordas.

eSTadoS unidoS, 1985

roger

Para visitar E ouvir

www.rogerzare.com

(O autor, muito jovem, ainda não tem gravações e publicações sobre sua obra)

27Série vivace, 19 de março

igor reynerPianista, mestre em música pela universidade Federal de minas Gerais

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menDeLSSoHn

O Concerto Duplo para violino e piano, escrito por Mendelssohn aos 14 anos, é prova incontestável do desenvolvimento musical que ele atingira precocemente. A riqueza cultural e financeira de sua proeminente família judeu-luterana é algo relevante – sua residência era um dos centros musicais de Berlim, mas esse fato não basta para elucidar o progresso fenomenal que nele fora revelado. Em poucos anos, seu mestre na composição, Carl Zelter, nada mais tinha para ensinar-lhe: “proclamo-o independente, em nome de Mozart, de Haydn e do velho pai Bach.” Schumann anunciara Mendelssohn como “o Mozart do século dezenove” e, com sensibilidade, notara sua maturidade artística surgir “como uma flor desabrochada”. Mendelssohn começara a compor aos nove anos e, aos doze, já afirmava seu estilo ao iniciar o conjunto de Doze Sinfonias para cordas. Aos treze, escrevera o primeiro Concerto para violino, dedicado ao professor Eduard Ritz, e, no ano seguinte, o magnífico Concerto Duplo, estreado por Ritz, ao violino, e Mendelssohn, ao piano, numa apresentação privada. Ambos os concertos, escritos na austera tonalidade de ré menor, não possuem número de opus e não foram publicados até a segunda metade do século XX. Redescobertos recentemente, eles vêm, merecidamente, estabelecendo seu lugar nos programas das salas de concerto.

Mendelssohn foi um bom violinista e, ainda que preferisse tocar viola a tocar violino,

obteve grande sucesso com obras para este instrumento, principalmente com o seu último concerto, que figura entre os três mais populares do gênero. Porém, foi como executante de órgão e piano – seu instrumento favorito – que ele alcançou notoriedade. A ideia de unir instrumentos tão diversos – violino e piano – como solistas em um concerto com orquestra fora inovadora, visto que, provavelmente, eram desconhecidas as raras incursões no gênero realizadas por Haydn e Mozart.

O equilíbrio e a clareza conseguidos pelo compositor adolescente são insuperáveis. A obra possui passagens virtuosísticas para os dois instrumentos e é engenhosamente estruturada, permitindo a cada um brilhar à sua própria maneira. Além do emprego da técnica de escrita fugata, herança da devoção pela música de Bach, Mendelssohn utiliza também recursos incomuns, como um apaixonado recitativo de violino acompanhado de tremolos no piano, sem orquestra, na seção central do primeiro movimento. Por todo o concerto, os solistas dialogam por meio de imitação e contracanto, brincam com pequenos ornamentos e correm de mãos dadas pelas escalas e arpejos.

A similitude entre Mendelssohn e Mozart – no talento prodigioso e na obra variada e extensa – foi acompanhada pelo destino da curta existência: Mozart faleceu aos 35 anos e Mendelssohn, aos 38. O virtuosismo de Paganini, a estrutura de Beethoven e o espírito de Bach convivem no universo de Mendelssohn, intimamente iluminado pela inocência, alegria e simplicidade, onde lucidez e adequação vestem melodias apaixonadas do início ao fim. É Felix – feliz, em latim, que, nascido há mais de duzentos anos, ainda revela em sons sua paixão pela vida.

Por todo o concerto, os solistas dialogam por meio de imitação e contracanto, brincam com pequenos ornamentos e correm de mãos dadas pelas escalas e arpejos.

concerto duplo para violino e piano em ré menor(1823)

instrumentação: cordas.

alemanha, 1809 – 1847

felix

29Série vivace, 19 de março

Para ouvir

cd Felix mendelssohn: concertos para violino, piano e orquestra de cordas (1988) – orpheus chamber orchestra – martha argerich, piano – Gidon Kremer, violino – deutsche Grammophon – 1989

Para LEr

attila c. Sampaio e dietmar holland – Guia básico dos concertos – ed. civilização brasileira – 1995

Marcelo corrêamestre em Piano pela uFmG, pianista e professor da escola de música da uemG

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braHmS

Em 1853 Brahms chegava à casa de Robert Schumann com uma carta de recomendação do violinista Joseph Joachim. Impressionado com o talento do compositor de vinte anos, Schumann logo publicou um artigo na revista Neue Zeitschrift für Musik prenunciando um futuro promissor para o jovem Brahms e recomendando ao público seguir de perto seus passos, principalmente quando começasse a compor suas grandes obras corais e orquestrais. O empenho de Schumann, apesar de ajudar Brahms a se tornar rapidamente conhecido na Alemanha, acabou assustando-o imensamente, pois temia não ser capaz de atender às expectativas. Somente duas décadas depois, com o Réquiem Alemão e a primeira sinfonia, ele foi capaz de comprovar seu grande talento como compositor.

Seu Quarteto com piano nº 1 é, no entanto, uma obra de juventude, composta quando Brahms contava apenas 28 anos e ainda tentava se firmar no cenário musical germânico. Trata-se de obra grandiosa, que viria a ser reconhecida como uma das obras-primas da música de câmara universal. A estreia aconteceu no mesmo ano da composição, em Hamburgo, com Clara Schumann ao piano. Brahms, feliz com o resultado, resolveu utilizar o Quarteto como cartão de visitas ao decidir tentar a sorte em Viena. Em 16 de novembro de 1862 ele o executou ao piano, com membros do Quarteto Hellmesberger. Tratava-se da primeira

apresentação de Brahms em Viena, como pianista e compositor. O público recebeu a obra com frieza, a crítica especializada foi extremamente dura.

O quarteto para piano é uma composição de câmara que emprega um piano e três outros instrumentos, geralmente um trio de cordas (violino, viola e violoncelo). Os três quartetos para piano que Brahms compôs ao longo de sua vida possuem exatamente essa instrumentação, assim como os de Mozart, Beethoven, Mendelssohn e outros.

De maio a setembro de 1937, quarenta anos após a morte de Brahms, Arnold Schoenberg orquestrou o Quarteto com piano nº 1, estreado naquele mesmo ano pela Orquestra Filarmônica de Los Angeles. Sua intenção era “permanecer estritamente no estilo de Brahms e não ir mais longe do que ele mesmo teria ido se ainda vivesse.” Schoenberg obteve resultado excelente, principalmente por contribuir para ressaltar as qualidades orquestrais do quarteto. Embora sem alterar sequer uma nota do original, utilizou alguns efeitos que dificilmente teriam sido escolhidos por Brahms. O resultado final, antes de tudo, é uma obra-prima, que se sustenta por seus próprios méritos.

No entanto, por que um compositor de vanguarda do início do século XX escolheria orquestrar uma peça de câmara romântica, composta quase oitenta anos antes? Talvez porque – embora Brahms, no século XIX, fosse considerado um compositor conservador, e Schoenberg, no século XX, um revolucionário – ambos tinham muita coisa em comum. Ambos eram compositores que se percebiam totalmente inseridos na tradição musical germânica, ambos olhavam constantemente para o passado e tentavam criar algo novo a partir dessa tradição. No fundo, ambos eram conservadores e revolucionários, ao mesmo tempo. A percepção de quão moderna era a música de Brahms era, de certa forma, compartilhada no meio musical alemão do início do século XX. A Schoenberg coube a tarefa de difundi-la no resto do mundo, através de uma palestra proferida em 1933, no centenário de nascimento de Brahms, e publicada em 1947 sob o título “Brahms, o progressivo”.

Por que um compositor de vanguarda do início do século XX escolheria orquestrar uma peça de câmara romântica, composta quase oitenta anos antes? [...] No fundo, ambos eram conservadores e revolucionários, ao mesmo tempo.

Quarteto com piano nº 1 em sol menor, op. 25Orquestração de Arnold Schoenberg(1861)

instrumentação: piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 3 clarinetes, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.

alemanha, 1833 – ÁuSTria, 1897

johannes

31Série vivace, 19 de março

Para ouvir

cd brahms: The piano quartets, op. 25, 26 & 60 – emanuel ax, piano – isaac Stern, violino – Jaime laredo, viola – yo-yo ma, violoncelo – Sony classical – 1991

cd Schoenberg: Five pieces for orchestra; cello concerto (after monn); Piano Quartet (brahms orch. Schoenberg) – london Symphony orchestra – Philharmonia orchestra – robert craft, regente – naxos – 2006

Para LEr

arnold Schoenberg – Style and idea: selected writings – university of california Press – 2010

charles rosen – arnold Schoenberg – university of chicago Press – 1996

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guilherMe naSciMentocompositor, professor da uemG e da Fea, autor dos ensaios Os sapatos floridos não voam e Música menor fo

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Brahms foi uma constante fonte de inspiração para Schoenberg, por ser capaz de desenvolver uma forma musical a partir de meios extremamente econômicos. Geralmente, a quantidade de material musical que Brahms utilizava em uma peça era muito pequena. O início de uma obra continha, basicamente, todo o material que seria trabalhado. Obviamente Brahms não inventou esse processo de composição. Johann Sebastian Bach já compusera muitas de suas obras a partir de um material temático coeso, assim como Beethoven, Liszt e muitos outros. Brahms, no entanto, utilizou tal processo de um modo que não fora empregado na música de câmara da época. No Quarteto com piano nº 1, por exemplo, ele extrai um fragmento temático da abertura e o expande incessantemente por variação contínua. Dito de outra maneira, ele sujeita seu material temático a transformações tão logo o introduz. Toda vez que é ouvido o mesmo material, ele está ligeiramente diferente. Isso lhe permitia criar estruturas formais maiores e incrivelmente inovadoras.

O Quarteto com piano nº 1 possui quatro movimentos. O Allegro lembra a música sinfônica de Brahms. Nele o compositor modifica consideravelmente a tradicional forma sonata com uma dramaticidade singular que nos leva do trágico ao doce, em poucos segundos. O Intermezzo é um movimento em três partes, com uma seção central animada, envolvida por duas seções misteriosas. No Andante con moto, movimento também composto de três partes, a triste melodia das seções externas é contraposta a uma marcha militar graciosa na seção central. O Rondo alla Zingarese, com seu caráter efervescente, é a primeira aparição do caráter cigano húngaro nas obras de Brahms. A energia dos seus ritmos dançantes foi responsável pela grande popularidade desse quarteto até os dias de hoje.

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SÉRIE allEgRo

grande teatro do Palácio das artes, 20h30

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programa

Igor STRAVINSKY Jeu de cartes [23 min]I. Moderato assai – TranquilloII. Marcia – Variazioni 1-5 – Coda – Marcia III. Valse – Presto – Tempo del principio

Richard STRAUSS morte e Transfiguração, op. 24 [23 min]

intervalo

Piotr Ilitch TcHAIKOVSKY

concerto para piano nº 1 em si bemol menor, op. 23 [32 min]Allegro non troppo e molto maestosoAndantino semplice – Prestissimo Allegro con fuoco

vladimir FelTSman solista

Fabio mecheTTi, regentevladimir FelTSman, piano

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vladimirFeltsman

O pianista e regente Vladimir Feltsman é um dos músicos mais versáteis e engajados de nosso tempo. Seu vasto repertório engloba a música do Barroco ao século XXI. Ele tem se apresentado com todas as grandes orquestras norte-americanas e nos mais prestigiosos palcos e festivais ao redor do mundo.

Nascido em Moscou em 1952, Feltsman estreou com a Filarmônica de Moscou aos 11 anos de idade. Em 1969, ingressou no Conservatório Estadual de Música Tchaikovsky a fim de estudar piano sob a orientação do professor Jacob Flier. Ele também estudou Regência nos conservatórios de Moscou e Leningrado (atual São Petersburgo). Em 1971, venceu o Grand Prix na Competição Internacional de Piano Marguerite Long em Paris, seguida por uma extensa turnê pela União Soviética, Europa e Japão.

Um educador dedicado de jovens músicos, o artista detém a Distinguished Chair de Professor de Piano na Universidade do Estado de Nova York em New Paltz e é membro da Faculdade de Piano do Mannes College of Music na cidade de Nova York. Também em New Paltz, é fundador e Diretor Artístico do International Festival-Institute PianoSummer, um programa de treinamento intensivo para estudantes avançados de piano que atrai os principais jovens talentos de toda parte do mundo.

Feltsman tem uma extensa discografia lançada pelos selos Melodiya, Sony Classical, Musical Heritage Society e Nimbus, incluindo oito álbuns com peças de J. S. Bach compostas para instrumentos de teclados, as últimas cinco sonatas de Beethoven, além de suas sonatas Moonlight, Pathetique e Appassionata. Gravou ainda obras para piano solo de Schubert, Schumann, Chopin, Liszt, Brahms, Tchaikovsky, Mussorgsky, Messiaen e Silvestrov, bem como todos os concertos de Bach, Brahms, Chopin, Tchaikovsky, Rachmaninoff e Prokofieff.

Seu mais recente projeto, Masterpieces of the Russian Underground, revela um panorama da música russa contemporânea através de uma pesquisa sem precedentes de peças para piano e câmara de 14 compositores diferentes, de Shostakovich aos dias atuais. Em janeiro de 2003, Masterpieces... foi apresentado com grande êxito pela Sociedade de Música de Câmara do Lincoln Center, prestigiosa organização nova-iorquina.

Vladimir Feltsman é um cidadão norte-americano. Ele e sua esposa Haewon vivem no Norte de Nova York com quatro cães.

37Série alleGro, 28 de março

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Parte considerável do crédito deve ir para Vladimir Feltsman, que foi extraordinariamente atento e ágil,

brilhante na cor, puro na definição, exato na alta velocidade e completamente relaxado todo o tempo, como se pudesse deixar seus dedos lidarem com o trabalho por si mesmos.

Paul GriFFiThS, new York TiMeS

Page 21: Temporada 2013 | Março

STRAVINSKY

A estreia do balé Jeu de cartes realizou-se no Metropolitan Opera House, de Nova York, em abril de 1937, sob a direção do compositor. Pela primeira vez um bailado de Stravinsky não estreava em Paris. Na capital francesa, somente a música fora apresentada e, na ocasião, o compositor declarou que seus bailados possuíam “sua natural razão de ser musical e que por isso podiam ser interpretados e apreciados em concerto, libertos do contexto coreográfico ou lírico e independentemente dele”.

As obras coreográficas de Stravinsky estão entre as mais representativas do seu gênio e revelam o melhor de seu talento orquestral. Libertas de suas incertas carreiras cênicas, algumas se tornaram peças fundamentais do repertório sinfônico moderno e não se pode mais negar a influência decisiva que exerceram sobre a música contemporânea.

Com três grandes balés sinfônicos – O pássaro de fogo, Petrushka e A sagração da primavera –, Stravinsky se impôs, entre 1910 e 1913, como um dos criadores mais radicais do século XX, consolidando algumas de suas pesquisas inovadoras – a valorização dos instrumentos de sopro e de percussão, a justaposição de melodias, o politonalismo, a poderosa engrenagem rítmica e a simplificação sistemática da construção musical.

Ao longo de sua carreira, a insaciável curiosidade musical de Stravinsky estabeleceu uma forma muito particular de comunicação

com um abrangente legado de gêneros e períodos históricos diversos – do canto gregoriano ao jazz, de Guillaume de Machault a Anton Webern. Visando o que havia de prospectivo nesse acervo, o compositor soube dele extrair consequências musicais imprevisíveis e personalíssimas. Os bailados acompanharam as várias etapas criativas do compositor, com a multiplicidade de seus estilos e tendências estéticas. Por exemplo, em Renard (Raposa), de 1915, encontram-se recitativos acompanhados, no estilo da Ars Nova medieval, enquanto A História do soldado (1918) inclui em seus números um tango, um paso doble e um ragtime. No precioso Orfeu (1947), a perfeição suprema da antiguidade grega associa-se à escolha dos modelos – Monteverdi (1567-1643) e Anton Webern (1883-1945). O último balé de Stravinsky, Agón (Combate, em grego), escrito em 1957, consagra a adesão do compositor à escrita dodecafônica (visualmente traduzida em doze bailarinos) e, ao mesmo tempo, celebra o universo modal, evocado pelo ritmo de danças antigas, como a branle, a galharda ou a sarabanda.

Durante uma viagem aos Estados Unidos, em novembro de 1935, Stravinsky recebeu de George Balanchine, coreógrafo do American Ballet, a encomenda de um novo bailado. Tendo total liberdade para escolher o tema, o compositor, que apreciava muito certos jogos de azar, encontrou no pôquer inspiração para Jeu de cartes, cujo libreto elaborou com seu filho Teodoro e o amigo M. Malaiev. Os dançarinos representam um curinga e as sequências dos quatro naipes. A partitura articula-se em três movimentos – três “jogadas” –, mas o jogo é feito sem interrupção, de forma que a música pareça fluir de um só fôlego. As diversas combinações entre as cartas oferecem ricas possibilidades coreográficas e composicionais, com a vantagem, segundo Stravinsky, de eliminar os tutus, assim como os pas-de-deux e outros números do tradicional balé romântico. As habituais intrigas amorosas são substituídas por uma batalha – o Curinga vilão, que complica as partidas trapaceando e pretendendo substituir qualquer outra carta, no final será derrotado por um royal flush de copas. Tendo em vista a crise política europeia, o compositor vislumbrou certo simbolismo nessa disputa entre as cartas e

Jeu de cartes(1936/1937)

instrumentação: 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.

rúSSia, 1882 – eSTadoS unidoS, 1971

igor

Para ouvir

cd Stravinsky: later ballets – Philharmonia orchestra – robert craft, regente – naxos international – 2007

Para LEr

robert Siohan – Stravinsky – éditions du Seuil – Solfèges – 1980

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ao longo de sua carreira, a insaciável curiosidade musical de Stravinsky estabeleceu uma forma muito particular de comunicação com um abrangente legado de gêneros e períodos históricos diversos.

Série alleGro, 28 de março

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Paulo Sérgio MalheiroS doS SantoSdoutor em letras, Professor da escola de música da uemG, autor do livro Músico, doce músico

acrescentou à partitura uma epígrafe, retirada da fábula de La Fontaine, Os lobos e as ovelhas: — como poderá haver paz, se não podemos confiar em nossos inimigos? Pois no mau que se diz arrependido não se deve acreditar antes de uma boa prova.

Em dezembro de 1935, de volta a Paris, entusiasmado com o argumento, o compositor anotou sete temas, escolhendo um como a assinatura musical da peça. Elemento unificador, esse alegre “motivo dos trombones” assinala o começo de cada uma das três jogadas e reaparece na conclusão do jogo. Seguindo o princípio aleatório sugerido pelo jogo das cartas, Stravinsky combina eventualmente, ao longo de todo o bailado, várias ideias melódicas, rítmicas e harmônicas. Ocasionais soam também as citações de vários compositores, em reminiscências que vão de Beethoven a Ravel, passando por J. Strauss e Rossini. No entanto, não se trata de simples colagem ou de um previsível pout-pourri – a originalidade típica de Stravinsky permanece intacta e seu jogo sempre pode surpreender.

A primeira jogada compreende um Pas d’action, a Dança do Curinga, uma Valsa e uma Coda. Em alguns momentos, o desenho das linhas melódicas lembra e homenageia Tchaikovsky.

A segunda “mão” tece uma série de cinco Variações sobre uma marcha cujo tema reaparece, brevemente, antes de um Final bastante desenvolvido. A quarta variação inclui o tema de O morcego, de Johann Strauss.

A última jogada apresenta uma Valsa-minueto (com reminiscências de La valse de Ravel); um Presto, correspondente ao combate entre as Espadas e as Copas (com o tema da abertura do Barbeiro de Sevilha); e a Dança final, celebrando o triunfo do naipe de Copas, com uma orquestração fulgurante.

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Page 23: Temporada 2013 | Março

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Richard Strauss é hoje considerado, com Gustav Mahler, um dos maiores representantes do romantismo alemão pós-Richard Wagner. No século XIX, o que os alemães tinham como “Grande Arte” era a música sinfônica, em oposição à música operística italiana e ao estilo cosmopolita parisiense. Para os alemães, a tradição musical germânica iniciava-se em Johann Sebastian Bach (então conhecido como autor essencialmente de música instrumental) e compreendia as obras de Haydn, Mozart, Beethoven, Schubert, Mendelssohn, Schumann, Brahms e Wagner (os dramas musicais wagnerianos eram considerados óperas no espírito sinfônico de Beethoven).

Nos anos 1890 a 1910, Strauss, Max Reger e Arnold Schoenberg eram os compositores mais inovadores da música germânica (Mahler, à época, era aceito primordialmente regente de sucesso, e não como grande criador). No entanto, a partir de 1910, o idioma musical tornou-se de tal forma complexo que esses compositores precisaram escolher os caminhos que tomariam: Strauss (Der Rosenkavalier, 1911) e Reger (Variações Mozart, 1914) recuaram e voltaram-se para a música tradicional, enquanto Schoenberg (Pierrot lunaire, 1912) deu um passo para entrar na música contemporânea.

As primeiras composições de Richard Strauss foram para solistas e pequenos grupos. Nos anos 1880 iniciou a fase das composições orquestrais, em que se inserem seus poemas sinfônicos. Compôs dois ciclos de poemas sinfônicos.

O primeiro, nos anos 1880, compreende os poemas da juventude (Macbeth, Don Juan e Morte e Transfiguração), época em que o compositor estava imbuído da doutrina de Schopenhauer. O segundo, nos anos 1890, compreende os poemas da fase madura (Till Eulenspiegel, Assim falou Zaratustra, Don Quixote e Uma vida de herói), quando Strauss afastou-se da visão metafísica de Schopenhauer e abraçou a doutrina ateísta de Nietzsche.

O poema sinfônico é um gênero orquestral em que um poema ou um programa fornecem a base para a narrativa musical. Mesmo tendo esse ponto de partida, a obra musical deve ser consistente e perfeita em si, e nunca dependente do texto literário. Em outras palavras, independentemente do fato de ter sido, ou não, inspirada por uma ideia extramusical, a boa música deve conter, em si, uma lógica musical que não necessite de apoios externos. Assim são os poemas sinfônicos de Richard Strauss.

Morte e Transfiguração foi escrito em 1888/1889. Até esse momento os conhecimentos musicais de Strauss eram estritamente clássicos. Nas palavras do compositor: “eu cresci apenas com Haydn, Mozart e Beethoven, e cheguei até Brahms através da música de Mendelssohn, Chopin e Schumann”. Só em 1885 ele foi apresentado às obras de Liszt e Wagner e à doutrina de Schopenhauer, pelo compositor Alexander Ritter.

Morte e Transfiguração busca revelar, através da música, os últimos momentos de vida de um artista, sua batalha para manter-se vivo, suas lembranças e sua chegada ao outro mundo. Uma vez pronta a obra, Strauss pediu a Ritter que escrevesse um poema explicitando as ideias que tinham inspirado a composição. O poema, que deveria ser impresso junto à partitura, serviria como uma espécie de guia para o ouvinte. Strauss regeu a primeira audição no dia 21 de junho de 1890, no Festival de Eisenach. A apresentação apenas confirmou a carreira de sucesso do compositor, que se iniciara dois anos antes, com Don Juan.

Strauss compôs dois ciclos de poemas sinfônicos. Nos da juventude, o compositor estava imbuído da doutrina de Schopenhauer. Nos poemas da fase madura, abraçou a doutrina ateísta de Nietzsche.

Morte e transfiguração(1889)

instrumentação: 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, clarone, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.

alemanha, 1864 - 1949

richard

Para ouvir

richard Strauss: metamorphosen; Tod und verklärung – berliner Philharmoniker – herbert von Karajan, regente – deutsche Grammophon – 1983

Para LEr

michael Kennedy – richard Strauss: man, musician, enigma – cambridge university Press – 2006

charles youmans (ed) – The cambridge companion to richard Strauss – cambridge university Press – 2010

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guilherMe naSciMentocompositor, professor da uemG e da Fea, autor dos ensaios Os sapatos floridos não voam e Música menor

Série alleGro, 28 de março

Page 24: Temporada 2013 | Março

TCHAIKOVSKY

Um toque imperativo de quatro trompas em uníssono, em quatro notas, contrapostas por poderosos acordes da orquestra preparam o ouvinte para o célebre tema da mais popular obra do gênero, reconhecida como “concerto para piano por excelência”. Logo aos primeiros esboços do Concerto, Tchaikovsky declarara: “estou forçando meu cérebro para solucionar passagens de piano”. Assim como Mozart, seu compositor predileto, ele considerava que a execução da parte solo de um concerto deveria superar em brilho e virtuosidade o solo instrumental de outros gêneros musicais. E dera um passo adiante ao estabelecer a necessidade de superação em cada obra de cada compositor que se aventurasse ao gênero concerto. Tchaikovsky ampliou a definição do termo concerto – traduzível do italiano como acerto ou concordância – para "embate". Em suas próprias palavras, o novo gênero, passado de dueto a duelo, reúne dois adversários: “de um lado a orquestra, com toda a sua força e inesgotável riqueza de colorido; de outro o piano, um adversário menor, porém forte de espírito, que sairá frequentemente vitorioso se estiver nas mãos de um talentoso executante”. E completou: “nesse círculo há muita poesia e uma grande quantidade de tentadoras possibilidades de combinação”.

Tchaikovsky escreveu três concertos para piano e orquestra, sendo o último incompleto, e um Concerto-Fantasia. Inspirado no virtuosismo do discípulo Sergei Taneyev, escreveu o

Concerto nº 1 e dedicou-o ao pianista Nikolai Rubinstein, fundador do Conservatório de Moscou. Rubinstein, que dez anos antes havia convidado o compositor a assumir o cargo de professor naquela instituição – hoje Conservatório Tchaikovsky –, demonstraria logo que a homenagem não fora a mais acertada. Suas críticas foram tão severas, que Tchaikovsky viria a guardar cada palavra: “meu concerto era de difícil execução e absolutamente sem valor; determinadas passagens eram lugares-comuns, outras de tal forma amadorísticas que de maneira alguma teriam salvação. Em seu todo a obra era má, trivial e vulgar. Eu havia roubado isto e aquilo, deste e daquele; duas ou três frases eram, infelizmente, boas; o resto poderia ser jogado fora ou ser radicalmente reescrito”. Amargamente decepcionado, o compositor alegou: “não trocarei uma única nota!”, e assim fez. Viria, sim, a trocar a dedicatória, redirecionada ao grande regente Hans von Bülow, discípulo e genro de Franz Liszt. Von Bülow estreou a obra em Boston, Estados Unidos, em 1875, e mais tarde na Alemanha, conferindo ao concerto o status de obra-prima cosmopolita. Sucesso absoluto em todo o mundo até hoje, a obra suscitou de Von Bülow os mais entusiásticos elogios ao compositor: “Estou orgulhoso com a honra que o sr. me conferiu ao dedicar-me essa obra de arte magnífica, arrebatadora em todos os sentidos. As ideias são tão originais, tão generosas, tão cheias de força, e os detalhes, cujo grande número não prejudica a clareza e a unidade da obra, tão interessantes! A forma é tão perfeita, tão madura (...)". E mais adiante: "Fiquei aturdido ao desejar acompanhar todos os detalhes de sua composição, cuja qualidade me dominou, assim como a todos a quem foi apresentada e que a receberam entusiasticamente; com a mesma intensidade desse entusiasmo desejo apresentar-lhe minhas congratulações”.

“Estou orgulhoso com a honra que o senhor me conferiu ao dedicar-me essa obra de arte magnífica, arrebatadora em todos os sentidos.” Hans von Bülow

concerto para piano nº 1 em si bemol menor, op. 23(1874)

instrumentação: 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, cordas.

rúSSia, 1840 - 1893

piotr ilitch

Para ouvir

cd martha argerich: Tchaikovsky 1 (Gravado ao vivo em 1980) – orquestra Sinfônica da rádio bávara – Kirill Kondrashin, regente – martha argerich, piano – Philips – 1995

Para LEr

alexander Poznansky – Piotr Tchaikovsky: biografia – G. ermakoff casa editorial – 2012

45

Marcelo corrêamestre em Piano pela uFmG, pianista e professor da escola de música da uemG

Série alleGro, 28 de março

Page 25: Temporada 2013 | Março

Olá, assinantebem-vindo(a) à temporada 2013

Esta página é sua! Nela são publicadas novidades e informações sobre apresentações e tudo o que envolve a Filarmônica.

Você também tem outros canais de comunicação:

[email protected] 3219-9009 (Assessoria de Relacionamento, de segunda a sexta, de 9 a 18h)

Saiba tudo sobre a sua

Fil

arm

ônica

Se você não puder ir a algum concerto, doe seu ingresso para estudantes de música de escolas parceiras. É simples: basta você mandar um e-mail ou telefonar com 24 horas de antecedência. Esse é o tempo mínimo necessário para que possamos concretizar sua doação.

Veja como o seu ingresso pode ser importante para outra pessoa:

o Programa Ingresso Solidário da Filarmônica é fantástico! Assisti aproximadamente a dez concertos da Filarmônica,

todos viabilizados pelo programa. a música não pertence a ninguém, ninguém pode dominá-la. E permitir que todos, em

especial os estudantes de música, desfrutem dessa divindade, é um ato de graça e humanidade sem medidas.

Fazer com que todos possam ter acesso à música é um tesouro e uma alegria muito grande.

Muito obrigada.

TAMIRES DA SILVA MIRANDA22 anoS, eSTudanTe de múSica da Fundação de educação arTíSTica.

ingreSSo Solidário

Page 26: Temporada 2013 | Março

hyu-kyung JUNGviolinoSeul, Coreia do Sul

a música para mim significa a ausência de fronteiras – sejam elas espaciais ou temporais.

através de conselhos de um amigo de minha família, professor de violino em uma universidade em Seoul, comecei logo jovem a querer ser musicista. mais tarde considerei seguir um outro caminho, que me parecia bastante promissor também. mas, nesse meio tempo, percebi que não podia me afastar da música. Toda a minha atenção acabava sempre se voltando a ela.

márcio CECCONELLOviolinoCaxias do Sul, Brasil

é uma das maneiras mais belas que o homem tem de se manifestar, de se comunicar artisticamente. viver e trabalhar com música, para mim, é uma necessidade vital, como respirar e comer...

escolhi a carreira de músico quando percebi que podia fazer daquilo que mais gostava uma profissão que me proporcionasse boa qualidade de vida.

ana ZIVKOVICviolinoBelgrado, Sérvia

música para mim é uma forma de expressar minhas emoções e personalidade. acho que todo músico é um espelho para os sentimentos que fazem parte de uma cena musical.

comecei a tocar violino seguindo os caminhos da minha irmã mais velha. ela tinha cinco anos e eu, três. um dia meus pais perceberam que era mais fácil nos levar juntas para a escola de música, assim ninguém ficava em casa triste. minha irmã foi minha inspiração e a responsável por eu tocar até hoje.

martha de moura PACíFICOviolinoBelo Horizonte, Brasil

a música sempre fez parte da minha vida. desde quando estava na barriga da minha mãe, já ouvia meus pais tocando, pois eles sempre trabalharam com orquestra. e assim tomei gosto pela música, não podendo fazer outra coisa!

a música para mim significa trabalho, comprometimento, expressividade, arte, envolvimento. mas é um mundo tão infinito e maravilhoso que levamos a vida inteira estudando e aprendendo.

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leonardo OTTONIviolinoNiterói, Brasil

música para mim é um canal de comunicação fantástico, porque, através da interpretação de obras geniais de grandes compositores, posso passar uma mensagem para o público, atingindo diversos tipos de emoção em comum.

Sempre quis fazer minha carreira profissional na música. Toda minha história de vida teve música envolvida, desde a geração anterior à de meus pais.

luka MILANOVICviolinoBelgrado, Sérvia

música é tudo o que você quiser que ela seja: companheira nos momentos solitários, o tempero sensual na hora do amor, o velho amigo que nos leva a relembrar dos tempos passados; o insuperável catalisador das emoções mais sinceras.

estar no processo criativo da música significa a oportunidade de criar e projetar as mensagens emocionais que, dignas de ser sentidas, justificam o nosso lugar na humanidade: o do artista.

marija MIHAJLOVICviolinoBelgrado, Sérvia

meus primeiros passos na música foram brincando com minixilofone e cantando em um coral escolar. aos nove anos conheci meu primeiro professor, que me ensinou as técnicas do violino e como amar a música. minha família foi o principal apoio nesta caminhada, enfrentando junto comigo todos os desafios.

dei a volta ao mundo com música, fiz amigos em todos os cantos tocando nas orquestras jovens e grupos de câmara. Para mim, a música é uma paixão que irá durar para sempre.

arthur TERTOviolinoBelo Horizonte, Brasil

a música é uma arte onde podemos manifestar valores, afetos, costumes e culturas as mais diversas, utilizando-nos de um bem comum – o som – como comunicação.

o que me levou a seguir a carreira de músico foi o fato de que nela encontrei a melhor forma de me exprimir e interpretar o mundo.

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DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR

FaBio MecHetti

REGENTE ASSOCIADO

Marcos araKaKi

PRIMEIROS VIOLINOS

anThony FlinT spallarommel FernandeS concertinoana zivkovicarthur vieira Tertobojana Pantoviceliseu martins de barroshyu-Kyung Jungmarcio cecconellomateus Freirerodolfo marques Toffolorodrigo bustamanterodrigo de oliveiraluiza anastácio ****Tiago Paganini ****

SEGUNDOS VIOLINOS

Frank haemmer *leonidas cáceres **Gláucia de andrade borgesJosé augusto de almeidaJovana Trifunovic leonardo ottoniluka milanovicmarija mihajlovicmartha de moura Pacífico radmila bocevTiago ellwangervalentina Gostilovitch

VIOLAS

João carlos Ferreira *roberto Papi **cleusa de Sana nébiasFlávia mottaGerry varonaGilberto Paganini marcelo nébiasnathan medinaKatarzyna druzd William martins

VIOLONCELOS

robson Fonseca ***matthew ryan-Kelzenberg *** elise Pittenger **ana isabel zorro camila Pacíficocamilla ribeiroeduardo Swertslina radovanovic Pablo de Sá ****

CONTRABAIXOS

colin chatfield *nilson bellotto ** brian Fountain hector manuel espinosamarcelo cunhavaldir claudinoPablo Guiñez ****

FLAUTAS

cássia lima*renata Xavier **alexandre bragaelena Suchkova

OBOÉS

alexandre barros *ravi Shankar **israel Silas munizmoisés Pena

CLARINETES

marcus Julius lander *ney campos Francoalexandre Silva matteo ricciardi ****Jovany Gomes ****

FAGOTES

catherine carignan * andrew huntrisscláudio Freitas ****

TROMPAS

alma maria liebrecht *evgueni Gerassimov **Gustavo Garcia Trindade José Francisco dos Santoslucas Filho Fabio ogata

TROMPETES

marlon humphreys *erico oliveira Fonseca **daniel lealWellington moura ****

TROMBONES

mark John mulley *Wagner mayer **renato lisboa

TUBA

eleilton cruz *

TÍMPANOS

Patricio hernández Pradenas*

PERCUSSãO

rafael alberto *daniel lemos **Werner SilveiraSérgio aluottoJohn boudler ****Fernando rocha ****

HARPA

Giselle boeters *marcelo Penido ****

TECLADOS

ayumi Shigeta *

GERENTE

Jussan Fernandes

INSPETORA

Karolina lima

ASSISTENTE

ADMINISTRATIVO débora vieira

ARQUIVISTA

Sergio almeida

ASSISTENTES

ana lúcia KobayashiJônatas reis Klênio carvalho

SUPERVISOR DE

MONTAGEM

rodrigo castro

MONTADORES

carlos natanaelJussan meireles

DIRETORIA EXECUTIVA

direTor PreSidenTe

diomar Silveira direTor adminiSTraTivo-Financeiro

Tiago cacique moraesdireTora de comunicação

Jacqueline Guimarães FerreiradireTor de marKeTinG e relacionamenTo

Gustavo Gomide direTor de Produção muSical

marcos Souza

EQUIPE TÉCNICA

GerenTe de comunicação

merrina Godinho delgadoGerenTe de Produção muSical

claudia Guimarães aSSeSSora de ProGramação muSical

carolina debrot ProduToreS

luis otávio amorim narren Felipe

analiSTaS de comunicação

andréa mendesmarciana Toledo

mariana Garcia analiSTa de marKeTinG de relacionamenTo

mônica moreiraanaliSTa de marKeTinG e ProJeToS

mariana TheodoricaauXiliar de Produção

lucas Paiva

EQUIPE ADMINISTRATIVA

analiSTa adminiSTraTivo

eliana SalazaranaliSTa Financeiro

Thais boaventuraanaliSTa de recurSoS humanoS

Quézia macedo SilvaanaliSTa conTÁbil

Graziela coelhoSecreTÁria eXecuTiva

Flaviana mendes auXiliareS adminiSTraTivoS

cristiane reisJoão Paulo de oliveira

vivian FigueiredorecePcioniSTa

lizonete Prates SiqueiraauXiliar de ServiçoS GeraiS

ailda conceiçãomenSaGeiro

Jeferson Silvamenor aPrendiz

Pedro almeida

CONSULTORA DE PROGRAMAberenice menegale

* cheFe de naiPe ** aSSiSTenTe de cheFe de naiPe *** cheFe/aSSiSTenTe SubSTiTuTo **** múSico convidado

F i c h a T é c n i c a

inStituto CuLturaL

fiLarmôniCa

orqueStra fiLarmôniCaDe minaS geraiS Março 2013ConCErtos Para a JuvEntudE

Realizados em manhãs de domingo, são concertos dedicados aos jovens e às famílias, buscando ampliar e formar público para a música clássica. As apresentações têm ingressos a preços populares e contam com a participação de jovens solistas.Local: Teatro Sesc Palladium Horário: 11 h Datas: 14 de abril / 26 de maio 11 de agosto / 15 de setembro 27 de outubro / 17 de novembro

CLássiCos no ParquE

Realizados em parques e praças da Região Metropolitana de Belo Horizonte, proporcionam momentos de descontração e entretenimento, buscando democratizar o acesso da população em geral à música clássica.

ConCErtos didátiCos

Concertos destinados exclusivamente a grupos de crianças e jovens da rede escolar, pública e particular, bem como a instituições sociais mediante processo de inscrição junto ao Centro de Formação Artística da Fundação Clóvis Salgado. Com um formato que busca apoiar o público em seus primeiros passos na música clássica, os concertos são realizados no grande teatro do Sesc Palladium.Datas: 28 e 29 de outubro

FEstivaL tinta FrEsCa

Criado para fomentar a criação musical entre compositores brasileiros e gerar oportunidade para que suas obras sejam programadas e executadas em concerto, este Festival é sempre uma aventura musical inédita. Como prêmio, o vencedor recebe a encomenda de outra obra sinfônica a ser estreada pela Filarmônica no ano seguinte, realimentando o ciclo da produção musical nos dias de hoje.Local: Teatro BradescoHorário: 20h30Data: 13 de junho

Laboratório dE rEgênCia

Atividade inédita no Brasil, este laboratório é uma oportunidade para que jovens regentes brasileiros possam praticar com uma orquestra profissional. A cada ano, 15 maestros, quatro efetivos e onze ouvintes, têm aulas técnicas, teóricas e ensaios com o regente Fabio Mechetti. O concerto final é aberto ao público.Local: Teatro Sesc PalladiumHorário: 20h30Data: 26 de outubro

ConCErtos dE Câmara

Realizados para estimular músicos e público na apreciação da música erudita para pequenos grupos. A Filarmônica conta com grupos de Metais, Cordas, Sopros e Percussão.Local: Auditório do Memorial Minas Gerais ValeHorários: 19h e 20h30Datas: 06 de junho / 18 de julho 08 de agosto / 12 de setembro

turnês Estaduais

As turnês estaduais levam a música de concerto a diferentes cidades e regiões de Minas Gerais, possibilitando que o público do interior do Estado tenha o contato direto com música sinfônica de excelência. Dez municípios serão contemplados em 2013.

turnês naCionais E intErnaCionais

Com essas turnês, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais busca colocar o Estado de Minas dentro do circuito nacional e internacional da música clássica. Em 2013, a Orquestra volta a se apresentar no Festival de Campos do Jordão (06 de julho) e na Sala São Paulo (17 a 19 de outubro).

ACOMPANHE A FILARMÔNICA EM

OUTROS CONCERTOS

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aParelHos celularesconfira e não se esqueça, por favor, de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho sonoro.

cuide do seu PrograMa de concertos Solicitamos a todos que evitem o desperdício, pegando apenas um programa por mês.

Se você vier a mais de um concerto no mês, traga o seu programa ou, se o esqueceu em casa, use o programa entregue pelas recepcionistas e devolva-o, depositando-o em uma das caixas colocadas à saída do Grande Teatro.

o programa mensal impresso é elaborado com a participação de diversos especialistas e objetiva oferecer uma oportunidade a mais para se conhecer música, compositores e intérpretes. ele também está disponível em nosso site: www.filarmonica.art.br. desfrute da leitura e estudo.

tossePerturba a concentração dos músicos e da plateia. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha.

aPlausosaplauda apenas no final das obras, que, muitas vezes, se compõem de dois ou mais movimentos. veja no programa o número de movimentos e fique de olho na atitude e gestos do regente.

Pontualidadeuma vez iniciado um concerto, qualquer movimentação perturba a execução da obra. Seja pontual e respeite o fechamento das portas após o terceiro sinal. Se tiver que trocar de lugar ou sair antes do final da apresentação, aguarde o término de uma peça.

criançascaso esteja acompanhado por crianças, escolha assentos próximos aos corredores. assim, você consegue sair rapidamente se ela se sentir desconfortável.

Fotos e gravações eM áudio e vídeonão são permitidas na sala de concertos.

coMidas e BeBidasSeu consumo não é permitido no interior da sala de concerto.

Para aPreciar o concertoPróximos

concertos

março

Dia 19Série vivaceterça-feira, 20h30 Palácio das ArtesroSSen milanov, regente convidadoanThony FlinT, violino eduardo hazan, piano

ZARE | MENDELSSOHN BRAHMS/SCHOENBERG

Dia 28Série allegroquinta-feira, 20h30 Palácio das ArtesFabio mecheTTi, regentevladimir FelTSman, piano

STRAVINSKY | R. STRAUSS TCHAIKOVSKY

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Dia 09Série vivaceterça-feira, 20h30 Palácio das ArtesmarcoS araKaKi, regentechloë hanSliP, violino

DEBUSSY/RAVEL | MOZART GUERRA-PEIXE | HINDEMITH

Dia 14concertos para a Juventudedomingo, 11h Sesc PalladiummarcoS araKaKi, regentealiéKSey vianna, violão

GOMES | RODRIGO STRAVINSKY

Dia 18Série allegroquinta-feira, 20h30 Palácio das ArtesFabio mecheTTi, regentePhiliPPe QuinT, violino

POULENC | CORIGLIANO SARASATE | RAVEL

Dia 21clássicos no Parquedomingo, 11h Praça da LiberdademarcoS araKaKi, regente

GOMES | GUERRA-PEIXE/ARAújO

SANTORO | GUARNIERI VILLA-LOBOS | FERNANDES

Dia 30Série vivaceterça-feira, 20h30 Palácio das ArtesFabio mecheTTi, regentechinG-yun hu, piano

GUARNIERI | BARTÓK VILLA-LOBOS

Page 31: Temporada 2013 | Março

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a P o i o i n S T i T u c i o n a l

r. Paraíba, 330 | 120 andar | Funcionários Belo horizonte | MG | CeP 30130-917

Tel. 31 3219 9000 | Fax 31 3219 9030 | [email protected]

www.filarmonica.art.br

PaT r o c í n i o

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