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    Psicologia em Estudo, Maring, v. 14, n. 2, p. 365-373, abr./jun. 2009

    TEMPORALIDADE E ESPACIALIDADE NA ESTRUTURA DO SELF NAS

    ABORDAGENS SEMITICA E DIALGICA

    Mariane Lima de Souza*

    William B. Gomes#

    RESUMO. O artigo apresenta uma anlise comparativa e crtica de duas abordagens comunicacionais do fenmeno self: ateoria dialgica e a teoria semitica. Argumenta-se que as diferenas de nfase na dimenso espaotemporal do self em cadateoria implicam duas epistemologias e ontologias distintas. As duas perspectivas trabalham com o signo, que a percepo desentido conversacional (ou dialgica) e a funcionalidade (ou pragmtica) da expresso. A perspectiva semitica volta-se paraa funcionalidade do fenmeno e recorta um contexto de pesquisa inserido na psicologia dos processos bsicos, apoiando-seem uma ontologia evolucionria do self como gerador de signos. A perspectiva dialgica volta-se para a aplicabilidade doconceito e recorta um contexto de pesquisa aplicada direcionada para a psicologia clnica e para as relaes interpessoais,

    apoiando-se em uma ontologia metafrica e romntica e mais preocupada com o dilogo entre as posies do self.Palavras-chave: Self semitico; self dialgico; temporalidade.

    TEMPORALITY AND SPATIALITY IN THE STRUCTURE OF THE SELF IN THESEMIOTIC AND DIALOGICAL APPROACHES

    ABSTRACT. The main goal of this article is to introduce to a critical account of two communicative approaches onphenomenon of self: semiotic self and dialogical self theoretical frameworks. Both perspectives are analyzed separately andthen compared. One argues that differences on space-temporal dimension of the self in each theory imply distinctepistemology and ontology. Although both perspectives work with the sign that is the conversational (or dialogical)perception of meaning, and the functionality (or pragmatics) of expression, different assumptions concerning the cultureinfluences set different places for both theories. The semiotic perspective turns to the phenomenons functionality and sets aresearch context embedded on psychology of basic process, supported by evolutionary ontology concerned to self as meaningcreator. The dialogical perspective turns to the applicability of the concept and sets an applied research context directedtowards clinical psychology and supported by metaphoric and romantic ontology concerned to dialogue among self positions.Key words: Semiotic self; dialogical self; temporality.

    TEMPORALIDAD Y ESPACIALIDAD EN LA ESTRUCTURA DEL SELF EN LOSACERCAMIENTOS SEMITICO Y DIALGICO

    RESUMEN. El presente estudio discute los acercamientos comunicativos en el fenmeno del self: la teora semitica y la teora

    dialgica. Ambas perspectivas se analizan por separado y despus se comparan. Se argumenta que las diferencias en la dimensinespacio-temporal del self en cada teora impliquen en epistemologas y ontologas distintas. Aunque ambas perspectivas trabajan conel signo que es la percepcin del sentido conversacional (o dialgico), y la funcionalidad (o pragmtica) de la expresin, asuncionesdiferenciadas referentes a las influencias de la cultura determinan hogares diversos para ambas teoras. La perspectiva semitica mira ala funcionalidad del fenmeno y fija un contexto de la investigacin encajado en la psicologa del proceso bsico, apoyada en unaontologa evolucionaria del self como generador de signos. La perspectiva dialgica mira a la aplicabilidad del concepto y fija uncontexto aplicado a la investigacin dirigido hacia la psicologa clnica, apoyada en una ontologa metaforica y romntica, mspreocupada con el dialogo entre las posiciones del self.Palabras-clave:Self semitico; self dialgico; temporalidad.

    * Doutora, professora da Universidade Federal do Esprito Santo, Departamento de Psicologia Social e do Desenvolvimento.# Doutor, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

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    A partir da dcada de 1990, diversas abordagensvm resgatando o interesse pelo fenmeno do self, noapenas no campo da psicologia, mas tambm nalingustica, na sociologia e, at mesmo naneurobiologia1. Self aqui definido em um sentidobsico de processo reflexivo da conscincia, sem oqual no poderia haver nada do que tem sido definidocomo associado ao termo self: conhecimento de si edo outro, identidade, autoconceito, etc. Na teorizaopsicolgica, os conceitos de narratividade edialogicidade apresentam-se como as novas temticasque retomam a discusso do fenmeno self nocontexto da comunicao (Souza & Gomes, 2005).Como de especial relevncia nesse contexto destacam-se duas abordagens comunicacionais do fenmeno: ateoria do self dialgico e a do self semitico. Aperspectiva dialgica refere-se aos primeiros trabalhosde Hermans, Kempen e Van Loon (1992) e Hermans eKempen (1993), bem como srie de estudospublicados posteriormente por Hermans (1999, 2001a,2001b, 2002 e 2003) sobre o self, que entendidocomo uma multiplicidade de vozes. A perspectivasemitica refere-se ao trabalho de Wiley (1994) sobreo self enquanto signo, isto , a capacidade humanauniversal e genrica de dar sentido s experincias desi e do mundo.

    O presente trabalho, ao revisar as teoriasrepresentadas pelos professores emritos HumbertHermans (Universidade de Nijmagen Holanda) eNobert Wiley (Universidade de Berkeley EUA),analisa e exemplifica como as elaboraes semiticase dialgicas redefiniram o conceito self em umaestrutura dialgica e multivocal. O foco central doartigo a expresso consciente do self definido em suacondio processual de reflexividade, isto , daconscincia voltada sobre si mesma. Argumenta-seque as diferenas de nfase na dimenso temporal(perspectiva semitica) ou espacial (perspectivadialgica) do self caracterizam duas epistemologias

    (mtodos de investigao) e ontologias (especificaesconceituais) distintas: o self como uma configuraodescentralizada de posies (espao) e o self comoprocesso reflexivo (tempo). Essas distines, por suavez, levam a uma nova compreenso das noes de

    1 A busca de uma traduo adequada para o termo self nasdiversas lnguas configura , por si s, uma partesignificativa da investigao do fenmeno (conferir Harr& Gillett, 1999 e Toulmin, 1977). Nas publicaes emlngua portuguesa no Brasil, self no tem sido traduzido(conferir Damsio, 2000; Harr & Gillett, 1999; Taylor,1997 e Wiley, 1996). Nas tradues publicadas em

    Portugal, possvel encontrar o termo self comoconscincia (Eccles, 2000), eu (Bermdez, 2000) e si(Damsio, 2003, verso portuguesa do prprio autor).

    dialogicidade ou conversao, que formam a base doarcabouo terico do self nas duas abordagens.

    O artigo est organizado em trs partes. As duasprimeiras dedicam-se exposio das abordagensconsideradas, destacando as origens e basesconceituais. A terceira discute as duas propostas,contrastando as dimenses de tempo e espao comoestruturas semiticas e dialgicas do self. Por fim,aponta-se para as pesquisas que esto surgindo,associadas s teorias do self dialgico e do selfsemitico.

    O SELF DIALGICO E AESPACIALIDADE DO DILOGO

    O cerne da abordagem dialgica do self a nfasena presena de mltiplas vozes em uma narrativaespacialmente estruturada e corporificada (Hermans,2001a, 2001b; Hermans & Kempen, 1993). Aperspectiva dialgica apresenta-se como umateorizao de epistemologia construcionista quecaracteriza o self como narrador (Hermans, Kempen &Van Loon, 1992). Para os autores, as abordagenstradicionais sobre o self refletem uma perspectivaetnocntrica do Ocidente sobre a personalidade. Aconsequncia uma concepo de self unitrio oumultifacetado e baseado no pressuposto de uma mente

    desincorporada ou racional. A alternativa do carterracionalista e individualista das concepespsicolgicas contemporneas de self a nfase nacapacidade imaginativa do homem e na ideia da mentehumana como basicamente ativa e organizadora,indicada nos trabalhos pioneiros de Vico (1744/1999),Vaihinger (1935) e Kelly (1955).

    A concepo do self em termos narrativos resultada combinao entre o moderno movimento na cincialiterria, especialmente representado de MikhailBakhtin (1895-1975) sobre o romance polifnico, e aabordagem narrativa em psicologia. O self dialgico o resultado da conversao do Eu e do Mim propostapor William James (1890/1990) e revista comodistino entre Autor e Ator por Hermans, Kempen eVan Loon (1992). A reviso foi inspirada emdistines semelhantes oferecidas por Bakhtin(1929/1973) e por Sarbin (1986).

    A distino entre o Eu e o Mim como os doisprincipais componentes do self tomada do trabalhoclssico de James (1890/1990). O Eu representa o selfcomo sujeito e caracterizado como contnuo (sensode mesmidade e de persistncia atravs do tempo),distinto (sentimento de uma existncia separada dosoutros) e volitivo (senso de vontade pessoal). O Eu

    jamesiano capaz de apropriar-se e rejeitar ideias

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    como parte de sua capacidade autorreflexiva,funcionando como uma fonte original de pensamentoe produo de ideias (Hermans & Kempen, 1993). OMim representa o self como objeto e caracterizadocomo material (corpo, roupas, propriedades), social(relaes, papis) e espiritual (pensamentos,conscincia). Para Hermans e Kempen (1993), aextenso do self a esses constituintes impede oentendimento errneo do interjogo entre o Eu e o Mimcomo um processo que se passa dentro do indivduo eseparadamente do processo de pensamento de outraspessoas: na soluo de James para esse problema, oself enquanto Eu distinto de outras pessoas, mas enquanto Mim social a perspectiva do outro estincluda no self (p. 45).

    A traduo da distino Eu-Mim em umaabordagem narrativa (Mancuso & Sarbin, 1983;Sarbin, 1986) coloca o pronome Eu em relao aoautor e o pronome Mim em relao ao ator ou figuranarrativa. O self identificado com o autor,permitindo que o Eu construa uma histria na qual oMim o protagonista. Para Hermans e Kempen(1993), o self-autor torna-se um espao onde o Euobserva o Mim e coordena seus movimentos em umaconstruo narrativa (tempo).

    Essa concepo do Eu como um autor e do Mimcomo um ator observado expande-se na metfora doromance polifnico (Bakhtin, 1929/1973) para dar aoself a capacidade de integrar as noes de narrativaimaginria e de dilogo. No obstante, a metfora doromance polifnico no implica a existncia de um Euhierarquicamente superior que organiza osconstituintes do Mim, o romance polifnico enfatiza

    justamente a descentralizao do Eu em umamultiplicidade de posies que funcionam comoautores relativamente independentes, contando suashistrias sobre seus respectivos Mims como atores(Hermans & Kempen, 1993).

    Na medida em que se estabelece o dilogo entre

    as diferentes posies do eu, a presena simultnea deinterlocutores em um mesmo ponto do eixo temporalconfigura uma espacializao do tempo. Essa formade configurao na qual a noo de espao dadaprioritariamente sobre o tempo denominadaprincpio da justaposio (Bakhtin, 1929/1973).Conforme Hermans (2001b), a coalizo de duasposies em tempo e espao determinados introduzida por Bakhtin, com o objetivo de pontuar aconectividade de relaes temporais e espaciais queesto artisticamente expressas na literatura.

    Tal concepo de narrativa torna claro o papel

    fundamental da metfora polifnica para a noo deself dialgico, subvertendo a ordem cronolgica em

    termos de incio, meio e fim. O papel da dimensoespacial resgatado com base na crtica ao vistemporal das concepes de narrativa e autonarrativaem psicologia. As relaes dialgicas so, ento,trazidas para uma dimenso espacial, na medida emque se enfatizam a simultaneidade, a justaposio e adescontinuidade.

    A unidade de nfase na dimenso espaotemporaldo self vista como uma conquista e no como um apriori dado. Essa unidade ser consequncia daprpria capacidade do self de se colocar em umaposio a partir da qual as outras posies, incluindosuas relaes mtuas e sua organizao especfica,possam ser exploradas: a metaposio (Hermans,2003). Em resumo, a metaposio um tipo especialde posio que o Eu pode assumir e que contribui,mais do que a maioria das outras posies, para aintegrao e unidade do repertrio do self.

    Resumindo, a abordagem narrativa e a nfase noespao e no dilogo entre posies esto combinadaspara gerar a definio de self enquanto multiplicidadede posies do Eu. As posies so relativamenteautnomas, flutuantes, alternando-se em diferentesdirees. Explicam Hermans, Kempen e Van Loon(1992):

    O eu tem a capacidade de imaginariamentedotar cada posio com uma voz, de forma

    que relaes dialgicas entre posiespossam ser estabelecidas. As vozesfuncionam como personagens interativos emuma histria (...). Como diferentes vozes,esses personagens trocam informaes sobreseus respectivos mim e seus mundos,resultando em um complexo self, estruturadode forma narrativa. (pp. 28-29).

    A perspectiva dialgica do self, em oposio aomodelo de self individualista, parte da pressuposiode que o sentido de si, do outro e do mundo constitudo por uma diversidade de posies. Taldiversidade se constitui nas relaes sociais queproduzem o self e que so transformadas pelo prprioself.O outro, enquanto muitos outros, pode participardas posies e tomar parte nas mltiplas vozes, nosentido de que o eu pode engendrar outra pessoa comouma posio a ser ocupada, criando uma perspectivaalternativa sobre o mundo e sobre si mesmo.Conforme Hermans (2001b), assim como umcompositor precisa dos instrumentos certos paraexpressar uma ideia musical, o self somente podeestabelecer relaes com uma variedade de situaes

    se ele composto de uma variedade de posies. Emoutros termos, a crescente complexidade de nossa

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    condio social, bem como de nossa histria pessoal ecoletiva, exige uma concomitante complexidade doself.

    O SELF SEMITICO E A TEMPORALIZAODO DILOGO

    A perspectiva semitica define o self como oproduto da assimilao de signos culturais (Pickering,1999) que funciona como um processo semitico(Wiley, 1994). A perspectiva semitica apresenta-secomo teorizao resultante da sntese do pensamentode dois autores clssicos do pragmatismo americano:Charles Sanders Peirce (1839-1914) e George HerbertMead (1863-1931). A noo de self dos pragmatistas

    emerge de uma tentativa de descentrar o selfcartesiano. A discrepncia entre os dois autores quanto explicao do pensamento inspirou Wiley (1994) adesenvolver uma teoria trialgica do self, centrada nadireo temporal do dilogo interno. No modelo deWiley, o self funciona como um processo semitico,que a conversao interna.

    O pensamento enquanto processo reflexivodirecionado do presente (Eu) para o passado (Mim) deMead combinado ao pensamento enquanto processointerpretativo, direcionado do presente (Eu) para ofuturo (Voc) de Peirce. Tem-se, ento, um processo

    semitico mais abrangente, representado naconversao tridica Eu-Mim-Voc. Estas trsinstncias so definidas como fases temporais do selfque estabelecem uma conversao interna. Noobstante, a conversao interna no um dilogosimultneo entre as instncias: apenas o self presente(o Eu) pode falar, enquanto o self passado (Mim) e oself futuro (Voc) apenas podem ouvir ou seremobjetos da fala do Eu. O self torna-se, ento, umprocesso constante de autointerpretao, uma vez queo self presente interpreta o self passado para o selffuturo, movendo-se atravs da linha do tempo e tendoseu processo semitico constantemente transformado(Wiley, 1994). A trade Eu-Mim-Voc acoplada trade semitica de Peirce signo-interpretante-objeto.A relao lgica entre signo, interpretante e objeto definida por Peirce (1958) do seguinte modo:

    Um signo esfora-se para representar umObjeto no mnimo em parte, o qual por issoe em certo sentido a causa ou determinantede um signo, mesmo que ele represente seuObjeto falsamente. Mas dizer que o signorepresenta seu Objeto implica que esse signo

    afeta a mente e de certo modo determinanesta mente alguma coisa que mediatamente devido ao Objeto. Essa

    determinao da qual a causa imediata oudeterminante o signo e da qual a causamediata o Objeto pode ser chamada deInterpretante. 2(CP. 6.347)

    As instncias que estabelecem a conversaointerna do ao self uma estrutura tripartida: o passado-mim-objeto; o presente-eu-signo e o futuro-voc-interpretante. Essa estrutura pode ser vista como umcontainer dentro do qual esto os contedos.Todavia, alerta Wiley (1994), o carter aparentementeespacial da metfora no consegue oferecer umanoo adequada do modo como a estrutura semitica eos seus contedos se interpenetram, pois o ato deconter compreendido no como fsico ou espacial,mas como semitico e significativo. O ato de conter

    explicado por meio da comparao entre a tradesemitica peirceana (signo-interpretante-objeto) e oque Wiley (1994) denomina pentagrama impregnadode comunicao (p.27) ou hexagrama. Embora atrade semitica seja abstrata, isto , no exijanecessariamente um remetente-destinatrio ouemissor-interpretante, em situaes concretas este paradicional estar presente, somando-se trade paraformar um pentagrama ou hexagrama:

    [>1falante62signo >3interpretante >4objeto)

    >5ouvinte), entre o remetente (falante1) e o destinatrio(ouvinte5), como mostra a sequncia numrica de 1a 5,no hexagrama indicado acima; porm uma parte dessacomunicao reflexiva, ou seja, ocorre entre oremetente (falante6

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    Desta forma, afirma o autor, a definio peirciana oself um signo significa que o self ,estruturalmente, um signo; e o processo deconversao interna , ento, o self emfuncionamento.

    Alm da trade eu, mim, voc, Wiley (1994)acrescenta outras trs instncias ou papis conversao interna: visitantes permanentes, visitantestemporrios, e inconsciente. Os visitantes (tantopermanentes quanto temporrios) recobrem todas aspartes de no-self ou outro. O conceito foiinspirado em um texto de Goethe de 1774, intituladoOs sofrimentos do jovem Werther. Era a histria deum jovem enfermo e solitrio que recebiamentalmente seus amigos no ambiente da conversaointerna. Os hspedes de Goethe ou os visitantes deWiley so constitudos de pessoas prximas, com asquais se desfruta maior (permanentes) ou menor(temporrios) convivncia. A instncia inconscienterecobre os estados no conscientes e os estadoslimtrofes, como devaneios ou fantasias daimaginao. Segundo o autor, ela foi includa apenascomo artifcio para dramatizar o problema de localiz-la na conversao interna e no com a finalidade detrazer um entendimento acabado sobre o inconsciente.O perfil de cada instncia determinado a partir deoutras cinco dimenses: pessoa (primeira, segunda outerceira), tempo/conjugao (passado, presente, futuro,atemporal), caso (objetivo, subjetivo),liberdade/determinismo, relao com o outrogeneralizado (internalizao das normas de umasociedade), e disponibilidade cognitiva para o Eu. Asdimenses de pessoa, tempo e caso so tomadas dalingustica, mas apenas como metforas para descreveras instncias no lingusticas: tendemos a descrever oself tanto com palavras quanto como palavras, masisto no significa que as palavras sejam o self, ou queo self se reduza a palavras (Wiley, 1994/1996, p.73).3

    O mim definido como instncia de primeirapessoa, pertencente conjugao do passado. objetivo, mas no livre, e alia-se com o outrogeneralizado e disponvel cognitivamente para o Eucomo objeto. A instncia Eu tambm pertence primeira pessoa e conjugao presente. subjetivo,livre, sem vnculo com o outro generalizado, econstitui um ponto cego cognitivo para o prprio Eu.

    3 Em geral cita-se a obra original em ingls de 1994. Oprincipal problema da traduo de 1996 por Luiz PauloRouanet para as Edies Loyola foi tomar interpretantpor

    intrprete, o que alterou completamente o usentido da tradesemitica de Peirce. Assim, preferiu-se o neologismocorrespondente, isto , interpretante.

    A instncia voc pertence segunda pessoa e conjugao do futuro, subjetiva e objetiva, no livree livre, e sua relao com o outro generalizado deuma aliana menor e disponvel cognitivamente parao eu como sujeito.

    Os visitantes temporrios pertencem segundapessoa e conjugao presente, so subjetivos eobjetivos. Eles so mais livres que os visitantespermanentes e menos aliados ao outro generalizadoque os visitantes permanentes. So disponveis para oEu como cossujeito. Os visitantes permanentespertencem segunda pessoa e conjugao presente.Eles so objetivos e no livres, aliados e constitutivosdo outro generalizado. So disponveis para o Eucomo cossujeito, mas sedimentados no outrogeneralizado. Por fim, o inconsciente uma instnciade terceira pessoa, atemporal, de todos os casos(objetivo, subjetivo, bem como objetivo e subjetivo,simultaneamente), determinado, livre da relao com ooutro e est oculto do eu por barreiras lingsticassemiporosas.

    CONVERGNCIAS E DIVERGNCIAS NASPERSPECTIVAS SEMITICA E

    DIALGICA DE SELF

    As perspectivas dialgica e semitica de self

    concordam com relao definio do self como umsigno. A perspectiva semitica afirma que o senso deself humano um processo semitico de autoproduo(Pickering, 1999, p. 70), por ser racional, simblico elingustico (Wiley, 1994). Este processo incluisensaes, emoes, pensamentos no lingusticos,hbitos, linguagem corporal e mesmo expressesirracionais ou subjetivas. Tomar o self como um signosignifica entender, nos termos de Andacht e Michel(2005), que o self caracteriza-se como um processo decrescimento contnuo atravs de um dilogo reflexivoe interpretativo, constituindo a unidade de umprocesso generativo.

    A noo de dilogo na perspectiva dialgica doself, resultante do esforo de traduzir a distino deJames entre Eu e Mim em um arcabouo narrativo eno arcabouo conceitual do romance polifnico emparticular (Hermans & Kempen, 1993, p. 44),tambm semitica. Contudo, a distino de Jamesentre Eu-Mim traduzida na distino narrativa entreautor-ator, no tipo especial de relao sugerido porBakhtin (1929/1973), aponta para uma semiticadidica.

    Na perspectiva semitica, onde a conversao tanto inter quanto intrapessoal e envolve umacircularidade reflexiva self-outro-self (ver Wiley,

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    1994, p. 9-10), reformula-se a noo de dilogo emtrilogo. A natureza humana definida como umaestrutura horizontal, consistindo de fases temporais doself. O pragmatismo americano fornece a base parauma teoria do self tanto quanto ele o faz naperspectiva dialgica, porm, no lugar de umadistino entre Eu e Mim de James, a perspectivaterica semitica descreve uma integrao do eu-vocde Peirce e do eu-mim de Mead. O resultado um selfcomplexo, definido como uma trade de aspectostemporais chamados eu-voc-mim e semioticamentemapeados como signo, interpretante e objeto (Wiley,1994).

    O signo e o interpretante estabelecem uma relaodialgica, na qual o objeto discutido. O ponto departida do self semitico de Wiley a direotemporal do dilogo interno nas teorias do self deambos, Peirce e Mead. O self retrospectivo,representado na distino eu (presente) - mim(passado) de Mead, combinado com o selfprospectivo representado na distino eu (presente) voc (futuro) de Peirce. Destarte, o self semitico acriao de sentido em uma estrutura temporal passado, presente e futuro onde tempo umprocesso inerentemente de gerao de sentido(Wiley, 1994, p. 218). A maior preocupao, comoafirma Pickering (1999, p. 67), parece ser retornar experincia humana de ser um self que persiste notempo.

    A natureza espacial do self, na teoria dialgica, expressa nos termos posio e posicionamento. Deacordo com os autores Hermans, Kempen e Van Loon(1992), estes termos so mais dinmicos e flexveisque o tradicional termo papel (role). O self definidocomo uma multiplicidade de posies do Eu quedialogam entre si, mas em um espao comum, onde asimultaneidade das vozes envolvidas no dilogo aexpresso da descentralizao do self.

    Neste sentido, a metfora do romance

    polifnico assume uma funo ontolgica que trazas relaes dialgicas para uma dimenso espacial,quando enfatiza a simultaneidade, a justaposio ea descontinuidade das vozes. Embora tempo eespao sejam enfatizados como duas noes bsicase de igual importncia na organizao da narrativa,h, claramente, uma nfase na dimenso espacial: oespao considerado como to mais bsico namedida em que o tempo espacializado (Hermans& Kempen, 1993). A espacializao do tempo uma forma de responder fraqueza das concepestradicionais de narrativa e de autonarrativa, as

    quais so excessivamente pautadas por um vistemporal.

    A nfase no espao e no no tempo levanta algunsproblemas para a perspectiva dialgica de self.Conforme Barresi (2002), a noo de um eu autor quese multiplica em diversas vozes ou mim atores,simultneos no tempo, implica a pressuposio de queum indivduo pode adotar uma instncia narrativa ouautoral, de alguma forma acima dos caracteres queformam o self polifnico e dialgico:

    A fraqueza que eu vejo na formulaocorrente da abordagem terica de Hermans a pressuposio de que um indivduo podeadotar uma instncia narrativa ou autoral, dealguma forma acima das personagens quecompem o self polifnico e dialgico, epode mover a narrativa da posio do eu

    livremente, de uma personagem a outra, paradar a cada uma a sua prpria voz.4(p. 247)

    Se o self pode assumir tal instncia autoral, entoa relao dialgica fica comprometida, uma vez queesse eu, acima dos outros caracteres, fica sozinho esem interlocutores. Na concepo semitica de selfeste problema evitado, uma vez que a narrativa sempre uma expresso comunicativa do eu, no tempopresente, em primeira pessoa.

    A perspectiva dialgica de Hermans se diferenciada perspectiva ps-moderna, que entende o self comouma iluso produzida ideologicamente a partir de umafragmentao e pluralidade de identidades. Nessesentido, o self dialgico est completamente emacordo com a posio de Wiley (1994) sobre o selfsemitico: eu vou criticar esta viso [de que o self nada mais do que palavras comuns] (p. 59).

    Tanto o self semitico quanto o self dialgicobuscam um lugar intermedirio entre racionalismo,empiricismo e idealismo para o self. Wiley (1994, p.80) deixa clara tal posio ao definir sua noo dereflexividade, por ele entendida como mais social quea verso de Descartes ou aquela dos empiricistas

    ingleses, mas menos social do que aquela dosidealistas alemes, o indivduo sendo menos absorvidopela sociedade.

    Hermans e Kempen (1993) seguem a mesma linhaao adotarem a noo jamesiana de self, que, emboracolorida pela viso construcionista, no perde seucarter pragmtico de nfase na relao entre o self eseu contexto. O modelo dialgico pressupe que asdiferentes vozes compartilham o presente temporal da mesma forma que a relao Eu-voc peirciana,entendida na perspectiva de experincia coletiva deSchutz (1932/1967) (ver Wiley, 1994, p. 50). Isto ,

    4 Traduo dos autores.

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    quando Wiley focaliza o tempo presente das posiesvisitantes e o futuro do voc (todas cognitivamentedisponveis para o eu como cossujeito), ele estrecobrindo o mesmo fenmeno que Hermans aodescrever as diferentes vozes e posies que o eupode assumir em um mesmo tempo presente.

    A crtica concepo de dilogo na teorizao deHermans (1996) se refere ao fato de que a definio deum self espacial, onde vozes copresentes dialogam,tende, inevitavelmente, unidade ou estabilidademonolgica, nos termos de Grant (2004); isto , odilogo, ou a comunicao, ocorre em um espaocompartilhado ou comum a esfera transcendental dedilogo, situada em algum lugar que neutraliza asdiferenas de realidades de cada parte envolvida na

    interao comunicativa. Conforme o autor, acomunicao deve ser conceitualizada em termos daimpenetrabilidade da mente do outro, isto , aspretenses transcendentais devem ser abandonadas emfavor de pretenses destranscendentalizadas. QuandoHermans (1996) define a noo de dilogo comointerao entre atores mutuamente copresentes quetendem a um equilbrio, a complexidade reduzida estabilidade. Para Grant (2004), a comunicao complexa, portanto no pode ser traduzida em termossimples de interao (intersubjetividade) entre mentes,tampouco uma teoria do self pode explicar o self em

    termos de uma sociedade da mente, como propeHermans (2002, p. 147): como uma sociedade, o selfest baseado em dois princpios: troca intersubjetiva edominao social (...). Para Grant (2004), o quemarca a comunicao a contingncia e acomplexidade e no a intersubjetividade. Seuargumento contundente:

    Mesmo se algum estivesse preparado paraaceitar que o self realmente estinterconectado, ento no com outrasmentes, mas com outras vozes, no sentido

    proposto por Bakhtin (1989). E estamultiplicidade de vozes no deveria ser vistaem termos de uma estabilidade normativaonde conflitos, falhas de comunicao edissonncia so resolvidos (p. 225).

    Para Hermans, Kempen e Van Loon (1992),atravs do poder da imaginao, a pessoa pode agircomo se fosse o outro, colocando o self espacialmente,tanto aqui como l. Mas isso - entendem osautores - no quer dizer o mesmo que tomar o papeldo outro, nos termos de Mead (1934), na medida emque essa expresso implica que o self toma aperspectiva real do outro, fora do self. Ao invs disso,o eu constri outra pessoa ou ser como uma posio

    que pode ocupar e uma posio que cria umaperspectiva alternativa sobre o mundo e sobre simesmo.

    CONCLUSO

    As diferenas de nfase na dimensotempoespacial do self implicam em distinesigualmente importantes para a compreenso da noode comunicao e de dialogicidade. A conversaointerna a base do self entendido aqui comoprocesso reflexivo da conscincia e funciona comouma relao dialgico-comunicativa que se estabeleceno tempo. A dialogicidade , portanto, a qualidadeessencial desse processo, que tanto interno ou

    reflexivo (a conscincia voltando sobre si mesma)quanto externo ou flexivo (a conscincia dirigindo-sea outras conscincias). Nesse sentido, segue-se a linhade Morin (1993), que define como sinnimos osconceitos de fala interna, dilogo interno e falaconsigo ou fala do self (self-talk); de Blachowicz(1997), quando argumenta que a fala interna genuinamente um dilogo e no um monlogo; deBertau (1999), ao sugerir que o pensamentoverbalizado ou audvel (ndice mais aproximado quese pode obter da fala interna) funciona como umprocesso dialgico e de Bakhtin (1929/1973), quedefine as relaes dialgicas como ato comunicativo.

    As duas perspectivas trabalham com o signo, que a percepo de sentido conversacional ou dialgica ea funcionalidade ou pragmtica da expresso. Aperspectiva dialgica volta-se aplicabilidade doconceito recortando um contexto de pesquisa aplicadadirecionada para a psicologia clnica e para as relaesinterpessoais; em contraste, a perspectiva semiticavolta-se para a funcionalidade do fenmeno,recortando um contexto de pesquisa inserido napsicologia dos processos bsicos e da tica. Porconseguinte, a argumentao do self semitico parecetrazer uma fundamentao ontolgica mais elegante.O conceito faz uma distino entre a funoevolucionria e a funo cultural do self. A funoevolucionria, comum a todos os seres humanos emtodos os tempos e lugares, a propriedade bsica degerao de signos, sem a qual no haveriahumanidade. Como gerador de signos, o self umaestrutura, dialgica e anistrica. Como especificadorde signos, o self um contedo emergente ousedimentado com matizes culturais e histricas.

    Em contraste, a fundamentao ontolgica do selfdialgico frgil, pois se apoia numa metforaliterria e romntica. Ao transformar o self em palco,tem que justificar a presena de um autor que fala por

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    Psicologia em Estudo, Maring, v. 14, n. 2, p. 365-373, abr./jun. 2009

    meio de atores. No entanto, a diferena entre autor eator traz srias dificuldades para sustentar a prpriametfora polifnica de simultaneidade, justaposioou descontinuidade das posies, da os problemascom as relaes entre tempo e espao. Por perder devista as propriedades cognitivas humanas, o conceitode self dialgico recorre imaginao para justificar opoder narrativo, deixando de lado a propriedade bsicada reflexo. Por conseguinte, fica sem saber comoexplicar as relaes metacognitivas que aparecem nahierarquia conversacional entre as posies, isto , ametaposio. Reconhea-se, contudo, que a teoria deHermans e colegas tem sido exitosa em chamar aateno dos estudiosos do self para a importncia dadialogicidade, da conversao interna e da negociaointra e interpessoal.

    De qualquer modo, as perspectivas dialgica esemitica representam novas ferramentas empricas eanalticas para o estudo das relaes entre aspectoscomunicantes e funcionais do self. As especificidadesde cada abordagem podem ser entendidas comofacetas complementares em uma compreenso maisabrangente do fenmeno self; contudo, embora tanto aperspectiva dialgica quanto a semitica ofereamdiretrizes epistemolgicas claras para a investigaodo self como um fenmeno comunicativo, a realizaode estudos empricos um requisito indispensvelpara o refinamento dos instrumentos e da teoria.

    As abordagens do Self Semitico e do SelfDialgico apresentam-se como dois recursos tericos eempricos atrativos para a explorao dos meandrosdas nossas deliberaes pessoais e para o exame dasnossas relaes intrapessoais e interpessoais. Sotambm recursos sugestivos para desenvolvimento deestudos em tomada de deciso e em efetividadepsicoteraputica. Um provocativo debate entre as duasabordagens pode ser encontrado no nmero inauguraldo International Journal for Dialogical Science,publicado em 2006.

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    Recebido em 03/12/2007

    Aceito em 01/08/2008

    Endereo para correspondncia : William B. Gomes. Rua Couto de Magalhes, 1155/601; CEP 90540-131, Instituto dePsicologia, UFRGS; Rua Ramiro Barcelos 2600 s/ 123; CEP 90035-005 Porto Alegre-RS,Brasil.E-mail: [email protected]