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Tendências de reformas da
atenção primária à saúde em
países europeus
Ligia Giovanella
Nupes/Daps/Ensp/Fiocruz [email protected]
Apoio Capes Estágio Sênior no exterior
cooperação com Klaus Stegmüller Fachbereich Pflege und Gesundheit Hochschule Fulda, Alemanha
Tendências de reformas de atenção primária em países
europeus
Na última década para enfrentar
• a fragmentação dos sistemas de saúde decorrentes da super especialização
• os novos desafios demográficos e epidemiológicos com envelhecimento populacional
• a necessidade de melhoria do cuidado aos portadores de agravos crônicos e com multimorbidade
• e mudanças nas estruturas familiares
vem sendo proposto o fortalecimento da atenção primária à saúde (APS) como base para a construção de redes coordenadas de atenção e para garantia do acesso universal
Processo internacional de Renovação da APS –OPS e OMS
Doc Opas Renovação da APS 2005
http://www.cebes.org.br/media/File/OPAS%20renovacao%20APS%202005%20portugues.pdf
http://www.who.int/whr/2008/08_report_es.pdf
http://www.who.int/whr/2008/whr08_pr.pdf
•Assume a APS:
•Como coordenadora de uma resposta integral e integrada em todos os níveis de atenção
•Como parte de um conjunto de reformas para a garantia de cobertura universal
•não mais um programa „pobre para pobres‟
•APS requer novos investimentos, não é barata, mas é mais eficiente do que qualquer outra alternativa
Renovação da atenção primária à saúde Informe Mundial da Saúde OMS 2008
Tendências de reformas de atenção primária em países
europeus
Na Europa
Há certo consenso entre policy makers europeus quanto à necessidade de fortalecer a APS
Observa-se aumento da presença da temática APS no debate político: cresce importância política da APS
Processos lentos e com reformas incrementais
Reformas pró-coordenação: com aumento de funções clínicas, gerenciais e financeiras dos serviços e profissionais da APS (Saltman, Rico, Boerma 2006; Giovanella 2006)
Na Europa há fortes evidências que uma atenção primária robusta produz melhores resultados em saúde, evita hospitalizações e reduz desigualdades em saúde (Kringos,
2012)
Atenção primária – concepção europeia
Atenção de primeiro nível – serviços de primeiro contato do paciente com o sistema de saúde direcionados a cobrir as afecções e condições mais comuns, e resolver a maioria dos problemas de saúde de uma população, incluindo amplo espectro de serviços clínicos e preventivos
Não é seletiva – não se restringe ao primeiro nível ou a um conjunto restrito de intervenções focalizadas em grupos populacionais pobres, está articulada a um sistema universal solidário que garante atenção em todos os níveis
Centrada em médicos generalistas / especialidade em medicina geral e de família ou medicina de família e comunidade
Primary medical care? X primary health care – enfoque comunitário – intersetorialidade – participação social
Ser o serviço de primeiro contato e porta de entrada preferencial que garante atenção oportuna e resolutiva – são também atributos imprescindíveis de uma atenção primária integral/abrangente. Facilita a longitudinalidade e integralidade
Diferentes configurações organizacionais em cada país do estudo
Ligia Giovanella Ensp/Fiocruz
Tendências de reformas de atenção primária em países europeus
Três casos exemplares de países europeus com sistemas de saúde universais:
• Alemanha
• Inglaterra (Reino Unido)
• Espanha
Os três países apresentam distintas conformações:
da proteção social em saúde e do sistema de saúde (seguro social bismarckiano e serviço nacional de saúde beveridgiano)
e da APS,
e no momento estão submetidos a constrangimentos econômicos de diferente intensidade,
permitindo uma análise da diversidade das configurações institucionais e tendências.
Ligia Giovanella ENSP/ FIOCRUZ
Países Alemanha Espanha Inglaterra
População em milhões 82,8 45,3 64,8
PIB per capita US$ ppp 37.567 32.076 35.917
Esperança de vida ao nascer
Total 80,5 82,2 80,6
Homens 78,0 79,1 78,6
Mulheres 83,0 85,3 81,1
Mortalidade Infantil (2010)
3,4 3,2 6,1
Mortalidade materna/100 mil NV % População 65 anos e + idade
5,5
20,4
4,1
17,0
5,0
16,0
Casos: três países de elevado nível socioeconômico e ótimos resultados em saúde - sistemas universais, 2010
Fonte: OECD, 2012
Tendências de reformas de atenção primária em países europeus
Países que alcançaram a universalidade
Países com sistemas universais de saúde com financiamento público
Dois modelos de proteção social em saúde
Bismarckiano: Seguro social de doença compulsório vinculado à participação no mercado de trabalho financiado por contribuições sociais - % do salário - Alemanha
Beveridgiano: acesso à atenção à saúde como direito cidadão - serviço nacional de saúde financiado com recursos fiscais – Inglaterra e Espanha
Ligia Giovanella ENSP/ FIOCRUZ
Características Alemanha Espanha Reino Unido/Inglaterra
Denominação Seguro Social de Doença GKV
Sistema Nacional de Salud (SNS)
National Health Service (NHS)
Financiamento
Gasto público em saúde como % do gasto total
77% 74% 83%
Gasto público em saúde como % PIB
8,9 7,0 8,2
Fontes financiamento
Recursos fiscais 6,7 69,2 67,9 Contribuições seguro social
70,5 4,6 15,3
Seguros privados 9,6 5,7 2,9
Out of pocket 12,4 20,2 11,1
Cobertura real populacional com sistema financiado com recursos públicos
Cobre 89% população Seguro social
compulsório vinculado mercado de trabalho
Acesso universal cidadãos e residentes
99,5% população
Acesso universal cidadãos e residentes
100% população
Cesta coberta Ampla em todos os níveis de atenção
Ampla em todos os níveis de atenção
Ampla em todos os níveis de atenção
Cobertura seguros privados de saúde
11% - substitutivo
(4,4% funcionários
13% - aditivo
Destes 5% substitutivo
13% Aditivo
Países com efetiva universalidade
Tendências de reformas da APS em países europeus
NHS Inglaterra
Inglaterra National Health Service (NHS): serviço nacional de saúde (NHS) de acesso universal e gratuito para todos os cidadãos e residentes com financiamento predominantemente público (83%)
Atenção primária tradicionalmente forte (Starfield et al,
2005)
centrada no General Practitioner (GP) médico generalista
obrigatoriedade de registro dos cidadãos junto a uma clínica de GPs com função de porta de entrada e
filtro (gatekeeper) para acesso ao especialista
Especialista situado em segundo nível, no ambulatório de hospitais, predominantemente públicos (94% dos leitos são públicos)
Especialistas são empregados assalariados dos hospitais do NHS (NHS Trust ou NHS Foundation Trust – novas formas de gestão dos hospitais públicos com maior autonomia)
Tendências de reformas da APS em países europeus
NHS Inglaterra Primary health care (PHC): posição forte no sistema –gatekeeper
APS prestada em GP Practices: consultórios privados de grupo
de GPs, profissionais autônomos (73%) que estabelecem contrato com o NHS (18% assalariados da GP-Practice)
8.228 GP Practices com 40.000 GPs e 21.935 enfermeiras
Os cidadãos escolhem um generalista em sua área de residência ou trabalho (a partir 2013)
Listas de pacientes registrados em média 1.432 pacientes por GP (diminuíram nos últimos anos)
98% da população estão registrados em um GP (97% dos GPs têm contrato com o NHS).
Serviço de primeiro contato: provê ações preventivas, diagnósticas, curativas, cuidados casos agudos e crônicos
Equipe: médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, assistentes de atenção em saúde, administradores
Pagamentos dos GPs – capitação ajustada por risco e 40% desempenho
Ligia Giovanella ENSP/ FIOCRUZ
Tendências de reformas da APS em países europeus
NHS Inglaterra
Enfermeiras/os assumem cada vez mais ações que tradicionalmente eram realizadas pelo médico, podem inclusive prescrever de forma independente
Practice nurses: enfermeiras empregadas pelo GP: imunização, manejo de doenças crônicas, promoção da saúde, avaliação de necessidades saúde de pessoas idosas (Boyle, 2011)
Enfermeiras distritais: prestam serviços de enfermagem nos domicílios;
Enfermeiras visitadoras sanitárias: acompanham famílias com crianças pequenas, prevenção e promoção
Enfermeiras distritais e visitadoras sanitárias têm base na GP practice mas são empregadas pelos prestadores de “community health services” (até 2011 pertencente ao PCT, 2012
devem ser prestadores independentes)
Ligia Giovanella ENSP/ FIOCRUZ
Tendências de reformas da APS em países europeus
NHS Inglaterra O NHS, sistema tradicionalmente integrado e organizado
nacionalmente foi gradualmente desconcentrado e a APS passou a gerenciar orçamentos para compra de serviços especializados
Desde as reformas voltadas para o mercado‟ do governo Tatcher nos anos 1990 foram separadas as funções de financiamento e prestação ao interior do NHS - „mercado interno‟.
Grupos de generalistas (GP-Fundholders) passaram a receber orçamento do NHS para comprar serviços especializados e hospitalares eletivos para os seus pacientes e reduzir tempos de espera
Com o governo Blair, foram constituídos primary care trusts (151 PCT) em 2003 como órgãos administrativos do NHS em nível local - incluindo todos os GPs de determinada área geográfica
PCTs passaram a gerenciar 80% dos recursos $ do NHS e comissionar/comprar serviços especializados dos hospitais públicos Trusts independentes – fortalecendo a APS
Tendências de reformas da APS em países europeus
NHS Inglaterra Governo coalizão conservadora liberal – Cameron 2010:
importante reforma NHS - Health and Social Care Act 2012 aprovado em 03.2012
Corte de gastos – 20 bilhões de libras em 5 anos:
Reduzir gastos administrativos em 45% - abolir PCTs e SHA (deslocar mais de 30 mil empregados do NHS)
Cria os Clinical Comissioning Groups (CCG), 211 grupos locais de consultórios de GPs, que substituem os PCTs na função de compra de serviços especializados e hospitalares para pacientes - 70% dos gastos do NHS serão gerenciados pelos CCGs
Argumento: GPs deveriam ser responsáveis pelas consequências financeiras de suas decisões clínicas. Controlar mais os encaminhamentos; a atenção aos crônicos deveria ser transferida para a atenção primária– GPs decisões sobre prioridades e racionamento - considerados os cortes $
Comissionamento será realizado por empresas de consultoria contratadas pelos CCG, a partir de 2016 – entidades de GPs posicionaram-se contra – comercialização
Tendências de reformas da APS em países europeus
Sistema Nacional de Salud (SNS) Espanha
Espanha: SNS criado em 1986 pós período ditatorial (Constituição 1978) de acesso universal e gratuito para todos os cidadãos e residentes com financiamento predominantemente fiscal e público (74%)
SNS descentralizado para as 17 comunidades autônomas (CCAA – estados) responsáveis por todo sistema de saúde (descentralização finalizada em 2002)
Transferências financeiras da União para as CCAA não são vinculadas
Cada CCAA têm um Servicio Autonómico de Salud organizações com personalidade jurídica própria (diversos formatos
jurídicos: órgão público, organismos autônomos, empresas públicas, entes públicos de direito privado) Servicio Andaluz de Salud; Servicio Valenciano etc
Consejo Interterritorial del SNS: responsável pela coordenação entre os Serviços das CCAA e promover a coesão do Sistema Nacional de Salud
Estabelecimentos de saúde predominantemente públicos: CS públicos; 70% dos leitos são públicos (poucos hosp novas formas de gestão
Tendências de reformas da APS em países europeus
Sistema Nacional de Salud (SNS) Espanha Com tradição de territorialização e hierarquização (anterior ao
SNS) Serviços de Saúde das CCAA estão organizados em:
Áreas de Saúde, com população entre 200 e 250 mil habitantes - um hospital geral responsável por internações, atenção especializada e serviço de urgências.
Áreas de saúde dividem-se em Zonas Básicas de Saúde - população de 5 mil a 25 mil
nas quais se localizam os centros de saúde de atenção primária com equipes multiprofissionais constituídas por médicos de família e comunidade, pediatras e enfermeiros
Com serviços de apoio compartilhados: matronas, fisioterapia, odontologia, serviço social e saúde mental
CS são públicos (2.900 CS) - profissionais empregados públicos das CCAA em tempo integral e dedicação exclusiva
10 mil consultórios locais vinculados aos CS com atendimento dos MFyC dos CS em zonas população mais dispersa
Ligia Giovanella ENSP/ FIOCRUZ
Tendências de reformas da APS em países europeus
Sistema Nacional de Salud (SNS) Espanha Atenção primária: posição forte no sistema
Primeiro nível com função de porta de entrada e filtro para a atenção especializada prestada nos ambulatórios hospitalares
Os usuários escolhem um médico de família e comunidade do Centro de Saúde de sua zona e registram-se na sua lista
Lista de população por médico de família: 1300 a 1800 usuários para o MFyC e 700 crianças para o pediatra.
Reforma da APS – antecede a criação do SNS (Real Decreto 137/1984) (reforma do Insalud – similar ao Inamps)
por pressões dos profissionais recém formados na especialidade de MFyC (criada em 1978) e a crescente insatisfação da população com os serviços oferecidos por INSALUD (Inamps)
Principais medidas: contratação de médicos generalistas em dedicação integral e exclusiva ao SNS, formação de equipes multidisciplinares, melhoria da infraestrutura física, construção de novos Centros de Saúde e fortalecimento da função de gatekeeper do MFyC
Ligia GiovanellaENSP/ FIOCRUZ
Tendências de reformas da APS em países europeus Seguro Social de Doença – Alemanha
Seguro Social de Doença (Gesetzliche Krankenversicherung - GKV) de afiliação compulsória, cobre 89% da população financiado solidária e paritariamente por trabalhadores e empregadores, mediante taxas de contribuições sociais proporcionais aos salários (15,5%= 7,3% empregador; 8,2% trabalhador) financiamento predominantemente público (77%)
Sistema plural composto por 146 Caixas de Doença (Krankenkassen)
Separação entre financiamento e prestação: Caixas não prestam serviços: contratam prestadores públicos e privados
Atenção ambulatorial: Caixas estabelecem contratos com as Associações de Médicos Credenciados das Caixas e estes médicos, profissionais autônomos, atendem os segurados em seus consultórios privados (em geral individuais:77%).
Atenção hospitalar: Caixas estabelecem contratos com cada hospital (48% leitos públicos); médicos de hosp são assalariados
Separação entre atenção ambulatorial e hospitalar: médico trabalha no consultório ou no hospital
Ligia Giovanella ENSP/ FIOCRUZ
Tendências de reformas da APS em países europeus
Seguro Social de Doença – Alemanha
Atenção primária fraca:
não é definido um primeiro nível de atenção: o segurado, a cada atendimento pode escolher qualquer médico credenciado
atenção de primeiro contato pode ser prestada tanto pelo médico generalista (Hausarzt, Allgemeinmediziner) quanto pelo médico especialista
Hausarzt não é gatekeeper: não é obrigatório o registro e o encaminhamento pelo generalista para consulta com especialistas.
Há todavia certa tradição na atenção por médico generalista - correspondem a cerca da metade do total de médicos do setor ambulatorial (Herrmann; Giovanella, 2013)
mais da metade dos alemães referem ter um Hausarzt de sua confiança
Ligia Giovanella ENSP/ FIOCRUZ
Tendências de reformas da APS em países europeus
Seguro Social de Doença – Alemanha
Alemanha - medidas para fortalecer a atenção pelos generalistas vêm sendo introduzidas desde os anos 1990 de forma lenta especialmente a partir 1997 com governo de coalizão social democrata/verdes
2007 - obrigatoriedade das Caixas oferecerem programa de Atenção Centrada no Médico Generalista (hausarztzentrierte Versorgung- HZV) com função de gatekeeper e coordenação
Participação voluntária de segurados e médicos GP
Bônus para adesão de segurados - baixa adesão segurados – valorizam livre escolha
Ligia Giovanella ENSP/ FIOCRUZ
Tendências de reformas da APS em países europeus
Seguro Social de Doença – Alemanha
Atenção Centrada no Médico Generalista – implementação lenta: disputas na distribuição da remuneração entre médicos especialistas e generalistas; segurados prezam a liberdade de escolha que desfrutam
Inclusão de Verah e Agnes: técnicas de enfermagem com capacitação específica por delegação do GP realizam VD em apoio aos GPs (delegação X substituição)
Inicia-se incipiente trabalho em equipe: enfermagem e outras profissões da saúde são nível técnico. A formação universitária é recente
Primeiras avaliações positivas da Atenção Centrada no Médico Generalista - maior adesão de pacientes crônicos, fortalecimento de vínculo, aumento de frequência de consultas com o GP e melhor coordenação.
Legislação em 2012 buscou regular a oferta de serviços em áreas rurais – envelhecimento generalistas e baixa adesão novos profissionais
Ligia Giovanella ENSP/ FIOCRUZ
Atenção primária e reformas de saúde na Europa em
tempos de crise
No contexto da crise econômica atual os três países estão submetidos a distintas pressões financeiras:
Alemanha cresce, tem baixo desemprego e superávit no seguro social e aboliu o co-pagamento na atenção amb
Espanha e Inglaterra: ajustes e cortes nos orçamentos públicos
Espanha, país mais afetado pela crise: aumenta co-pagamentos de medicamentos, define condição de filiado à Seguridade Social e restringe acesso a imigrantes ilegais
Intensificação dos mecanismos das reformas pró mercado.
Na presença de governos conservadores, o suposto fortalecimento da atenção primária (considerada mais eficiente) e de sua função de coordenação é coetâneo à intensificação da competição e mercantilização dos sistemas públicos:
Efeitos dos ajustes: aumento de tempos de espera, desigualdades e insatisfação dos usuários
manifestações contras políticas de austeridade e cortes na saúde
Tendências de reformas da APS em países europeus
Nos processos de reformas europeus desde os anos 1990, os serviços de atenção primária ampliaram suas funções:
• clínicas – enquanto serviços de primeiro contato e prevenção
• de coordenação da atenção funcionando como gatekeeper responsável por referências, e articulando os outros serviços primários e sociais
• funções financeiras controlando orçamentos hospitalares e de serviços especializados
Estas reformas organizacionais pró- coordenação incluíram um conjunto de medidas que
• proporcionaram maior poder e controle da atenção primária sobre prestadores de outros níveis (como coordenador ou comprador)
• expandiram o leque de serviços ofertados no primeiro nível (Saltman et al.,2006; Rico et al., 2003)
Ligia Giovanella Ensp/Fiocruz
Tendências de reformas da APS em países europeus
Ampliação da função de filtro /sistema de gatekeeping no qual os profissionais de atenção primária são a porta de entrada preferencial do sistema
controlando a utilização de serviços nos outros níveis E passaram a dispor de maior grau de autoridade sobre o
custo e qualidade da atenção especializada e hospitalar comprando/contratando/comissionando serviços especializados para seus pacientes (Saltman et al, 2006)
• Mercado interno Inglaterra - GPs compradores de serviços especializados (GP-Fundholding 1991-7; Trusts de atenção primária, primary care trust - PCT 1998-2010; GP commissioning 2007) CCG - Clinical Commissioning Groups 2012-3)
• França: desde 2005 obrigatória escolha/definição de gatekeeper por segurados do seguro social de doença
• Alemanha: modelo GP/Hausarzt coordenador –oferta obrigatória pelas Caixas de modelo assistencial centrado no médico generalista com função de gatekeeper, desde 2007 – lenta implementação
A função de gatekeeper contribui mas não garante a coordenação do cuidado: estratégias para estabelecer cooperação e contato direto da AP com profissionais especializados e hospital Ligia Giovanella Ensp/Fiocruz
Tendências de reformas da APS em países europeus
Expansão do elenco de ações realizadas por profissionais de APS – melhorar a resolutividade
Ampliação de funções clínicas: incluindo novas ações curativas, maior acesso a testes diagnósticos, acesso eletrônico a registros hospitalares e resultados
Substituição de outros prestadores na oferta de procedimentos (peq cirurgias em dermatologia, endoscopia, anti-coagulação – GPs com especial interesse)
Trabalho integrado APS com internistas de hospitais para pacientes com multimorbidade (serviço de pluripatologia articula GP e
internistas de hospital e discute casos no CS)
Incentivos financeiros à produção de ações com oferta insuficiente na prevenção e promoção da saúde
Contratualização de metas e resultados
Ligia Giovanella Ensp/Fiocruz
Tendências de reformas da APS em países europeus
Novos modelos para promover melhor qualidade do cuidado ao portador de doença crônica – disseminação de diretrizes clínicas para agravos frequentes, permitem monitoramento das práticas médicas e promovem redução da variabilidade de conduta
Programas de gestão clínica/ gestão de patologias (disease management-DMP) com compartilhamento por diversos prestadores de um esquema de atenção:
define tratamentos e objetivos de saúde (metas de controle da doença, níveis plasmáticos)
distribui competências entre os diversos prestadores organiza fluxos entre atenção primária, especializada,
hospitalar e de reabilitação em geral, o GP assume o papel de gatekeeper e de
gestor da patologia (manager): inscreve pacientes e coordena a assistência – função compartilhada ou exercida por enfermeiro/a
Gestão de casos de pacientes com multimorbidade: articulado com especialista/hospital e importante papel enfermagem
Gestão integrada de serviços de APS e AE: organizaciones sanitarias integradas (OSI) Pais Basco
Tendências de reformas da APS em países europeus
Academização da medicina geral e de família: criação de departamentos em todas faculdades de medicina
Obrigatoriedade da especialidade em medicina geral e familiar para atuação como generalista/GP: 5 anos de residência pela norma europeia
Dificuldades para atração de estudantes para a especialidade para fixação de médicos e generalistas em áreas rurais
Academização das outras profissões da saúde: faculdades de enfermagem, fisioterapia na Alemanha, antes inexistentes
Novos trabalhadores de saúde: assistentes de saúde com funções delegadas
Tendência para ampliar trabalho em equipe, o qual é ainda mais incipiente do que no Brasil
Tendências de reformas da APS em países europeus
Ampliação e redefinição de papéis profissionais
Incorporação da fisioterapia nas unidades de atenção primária
Maior atuação do GP no campo psicossocial e articulação mais estreita com os serviços de saúde mental
Atuação em cuidados paliativos e atenção domiciliar em conjunto com serviços específicos
Trabalho mais integrado com os serviços sociais e tendência à ampliação da atuação dos trabalhadores sociais sanitários para garantia de cuidado para idosos com perda de autonomia com papel ativo na articulação com outros serviços sociais – com necessidade de qualificação dos assistentes sociais para esta atuação
Ampliação das funções da enfermagem com autonomia: Substituição do trabalho médico por enfermeiras: diminui
custo, reduz carga médica com qualidade similar: as consultas são mais longas e as enfermeiras informam melhor os pacientes (Laurant et al, 2009)
Enfermeiras assumem a gestão de casos de pacientes com multimorbidade (Corrales et al 2012)
Características
América Latina seletiva ou integral
Serviços nacionais de saúde europeus
primeiro nível
Profissional médico de primeiro contato
Médico sem especialização
Em processo de formação
GP – especialista em medicina geral e de
família
Tipo de estabelecimento de saúde
Postos e centros de saúde públicos ou
ONG
Consultórios privados ou Centros de saúde públicos
Equipe multiprofissional Presente Ausente
Registro de usuários Adscrição territorial Inscrição iniciativa dos usuários
Papel de porta de entrada obrigatória – gatekeeper
Em implementação Presente
Integração à rede assistencial
Em implementação Presente
Cesta de serviços cobertos
Seletiva ou integral Integral
População coberta
Focalizada ou universal
Universal
Características contrastantes da atenção primária à saúde entre América Latina e Europa
Características América Latina Serviços Nacionais de saúde europeus
Abordagem territorial Presente Ausente
Diagnóstico dos problemas da comunidade
Presente Ausente
Ação comunitária ACS Ausente
Participação social Presente – Conselhos locais de saúde
Ausente
Integração horizontal com outros serviços públicos en nível local
Presente Ausente
Abordagem intersetorial
Presente Ausente
Interculturalidade
Buen vivir (harmonia com a natureza e o
cosmo) Sumak Kawsay
Ausente
Características contrastantes da atenção primária à saúde entre América Latina e Europa cont.
Tendências de reformas da APS em países europeus
Sistemas universais de saúde financiados solidariamente – predomínio de gastos públicos
Redes de serviços compartilhadas pela grande maioria população
Amplitude da cesta garantida na APS - resolutividade
Novas experiências de modelos de cuidados para doentes crônicos – desafios para coordenação
Modelos de atenção domiciliar e a garantia de cuidados de longa duração para idosos com perda de autonomia - proteção pública
Carreira nacional para profissionais do sistema nacional de saúde na Espanha (empregados públicos estaduais)
Nossas fortalezas: o trabalho interdisciplinar em equipe, a atuação comunitária, intersetorial e a amplitude e institucionalização da participação social
Ligia Giovanella
Referências Saltman RB, Rico A, Boerma WGW. Primary care in the driver’s seat? Organizational reform in
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