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TENORITA – CuO A tenorita é um óxido bastante comum, usado há séculos como minério de cobre (~80% Cu). É um mineral sem características macroscópicas distintas e/ou diagnósticas, pois é preto, normalmente maciço a terroso e normalmente com um elevado teor em impurezas. Cristais são muito raros, alcançam no máximo 2 mm e são conhecidos dos sublimados vulcânico-exhalativos do vulcão Vesúvio (Itália). Tenorita forma-se também pelo aquecimento de malaquita. Entre os vários hábitos, pode formar tufos fibrosos, agregados mamelonados e botrioidais, mosaicos de granulação muito fina, agregados esqueletais ou camadas envelopando cubos de cuprita, que ao final do processo são completamente substituídos pela tenorita. Pode estar intercrescida com limonita, formando massas de bandas concêntricas; algumas bandas são compostas em partes por tenorita, em outras partes por limonita. Pode ocorrer delafossita associada, a diferenciação entre tenorita e delafossita é difícil. Podem ocorrer óxidos de manganês finamente dispersos, o que diminui muito o pleocroísmo de reflexão da tenorita. Formas de gel em todos os estágios de cristalização da tenorita são muito frequentes. 1. Características: Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Monoclínico prismático Cinza do aço, cinza do ferro a preto. Pulverulento, maciço ou terroso. Pode ser escamoso, dendrítico. Ver acima. Má. Em zonas [011] e [011]. Estrias [010] em {100}. Tenacidade Quebradiça. Lamelas são flexíveis e elásticas. Maclas Fratura Dureza Mohs Partição {011} comum, forma grupos estrelados. Conchoidal a irregular. 3,5 não Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm 3 ) Preto. Metálico a terroso. Opaco. Flocos muito finos são transparentes. 6,5 2. Geologia e depósitos: É um mineral comum nas zonas oxidadas de corpos mineralizados a cobre, onde ocorre associada a dezenas de outros minerais secundários. Ocorre de forma vulcânica-exhalativa em cristais extremamente finos, inclusive transparentes. Uma ocorrência conhecida deste tipo é o vulcão Vesúvio (Itália), onde a tenorita é encontrada junto a cloretos de Cu, cloretos alcalinos e cotunnita (PbCl2). Pode ocorrer em gotas como inclusão em magnetita-Ni em corpos básicos estratiformes. 3. Associações Minerais: Associa-se aos minerais característicos da zona de oxidação de minérios sulfetados de cobre. Entre estes, minerais de minério primários de Cu (calcocita, bornita, calcopirita) e minerais de minério secundários de Cu (cobre nativo, cuprita, delafossita, crisocola, malaquita, azurita, dolerophanita, calcocyanita). Também ocorre com quartzo, calcita, goethita, hematita, pirita, marcassita, galena, tennantita e outros óxidos de Fe e de Mn.

TENORITA – CuO - UFRGS

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Page 1: TENORITA – CuO - UFRGS

TENORITA – CuO A tenorita é um óxido bastante comum, usado há séculos como minério de cobre (~80% Cu).

É um mineral sem características macroscópicas distintas e/ou diagnósticas, pois é preto, normalmente maciço a terroso e normalmente com um elevado teor em impurezas. Cristais são muito raros, alcançam no máximo 2 mm e são conhecidos dos sublimados vulcânico-exhalativos do vulcão Vesúvio (Itália). Tenorita forma-se também pelo aquecimento de malaquita.

Entre os vários hábitos, pode formar tufos fibrosos, agregados mamelonados e botrioidais, mosaicos de granulação muito fina, agregados esqueletais ou camadas envelopando cubos de cuprita, que ao final do processo são completamente substituídos pela tenorita. Pode estar intercrescida com limonita, formando massas de bandas concêntricas; algumas bandas são compostas em partes por tenorita, em outras partes por limonita. Pode ocorrer delafossita associada, a diferenciação entre tenorita e delafossita é difícil. Podem ocorrer óxidos de manganês finamente dispersos, o que diminui muito o pleocroísmo de reflexão da tenorita. Formas de gel em todos os estágios de cristalização da tenorita são muito frequentes.

1. Características: Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem

Monoclínico prismático

Cinza do aço, cinza do ferro a preto.

Pulverulento, maciço ou terroso. Pode ser

escamoso, dendrítico. Ver acima.

Má. Em zonas [011] e [011].

Estrias [010] em {100}.

Tenacidade

Quebradiça. Lamelas são

flexíveis e elásticas.

Maclas Fratura Dureza Mohs Partição

{011} comum, forma grupos estrelados.

Conchoidal a irregular. 3,5 não

Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm3)

Preto. Metálico a terroso. Opaco. Flocos muito finos são transparentes.

6,5

2. Geologia e depósitos:

É um mineral comum nas zonas oxidadas de corpos mineralizados a cobre, onde ocorre associada a dezenas de outros minerais secundários.

Ocorre de forma vulcânica-exhalativa em cristais extremamente finos, inclusive transparentes. Uma ocorrência conhecida deste tipo é o vulcão Vesúvio (Itália), onde a tenorita é encontrada junto a cloretos de Cu, cloretos alcalinos e cotunnita (PbCl2).

Pode ocorrer em gotas como inclusão em magnetita-Ni em corpos básicos estratiformes.

3. Associações Minerais:

Associa-se aos minerais característicos da zona de oxidação de minérios sulfetados de cobre. Entre estes, minerais de minério primários de Cu (calcocita, bornita, calcopirita) e minerais de minério secundários de Cu (cobre nativo, cuprita, delafossita, crisocola, malaquita, azurita, dolerophanita, calcocyanita).

Também ocorre com quartzo, calcita, goethita, hematita, pirita, marcassita, galena, tennantita e outros óxidos de Fe e de Mn.

Page 2: TENORITA – CuO - UFRGS

4. MICROSCOPIA DE LUZ TRANSMITIDA: Flocos muitos finos de tenorita são transparentes: ND: marrom, pleocroísmo distinto de marrom claro a marrom escuro. NC: sem informações. LC: biaxial com ângulo 2V grande.

5. MICROSCOPIA DE LUZ REFLETIDA:

Preparação da amostra: a tenorita adquire polimento sem grande dificuldade. Sua dureza ao polimento é maior que aquela da calcocita e menor que aquelas de cuprita e goethita. Agregados maciços botrioidais adquirem um bom polimento. A dureza ao polimento é algo anisótropa, como se percebe nos agregados com maclas lamelares.

ND Cor de reflexão: Amarelo-marrom ou cinza-branco claro com um tom amarelo.

Pleocroísmo: Distinto de cinza a branco-cinza (ou marrom claro para marrom escuro), mais fácil de observar nas lamelas de macla.

Refletividade: 19,46 – 29,41% Birreflectância: forte.

NC Isotropia / Anisotropia: Anisotropia forte entre branco e azul (ou azul e cinza-creme). Nítida extinção oblíqua e incompleta. Na posição de escurecimento máximo, mostra muitos sulcos de polimentos antigos.

Reflexões internas: Raras, finas e vermelhas, apenas nas lamelas mais finas.

Pode ser confundida com: delafossita é semelhante, mas a paragênese ajuda na distinção.

Forma dos grãos frequentemente é acicular, em agregados radiais ou concêntricos. Pode formar mosaicos de granulação fina ou pseudomorfos. Formas derivadas da cristalização de géis são abundantes em todos os estágios de cristalinidade; podem ser constituídos ou derivados da geltenorita, uma variedade da tenorita que ocorre em forma de gel.

Maclas podem estar bem desenvolvidas. Frequentemente são lamelares e podem ser muito conspícuas. Algumas das lamelas aparentemente se originam durante o processo de polimento, outras são primárias. Formam reentrâncias do tipo “cauda-de-andorinha”.

Substituição de cuprita por tenorita pode ocorrer.

Bandamento concêntrico formado por camadas alternadas de tenorita e goethita pode ocorrer, bem como bandas compostas parcialmente de tenorita, parcialmente de goethita. Provavelmente ocorre delafossita também nestas bandas.

A NC, com tratamento de imagem (mais contraste e claridade), cristais lamelares de tenorita formando grupos radiais e com anisotropia entre azul e amarelado.

Page 3: TENORITA – CuO - UFRGS

No centro das imagens, agregado de lamelas de tenorita a ND (esquerda) e a NC (direita). Ao seu redor, com cores azuladas (ND) a reflexões internas vermelhas (NC), cuprita. À direita em cima, o limite da seção polida. A NC a cor e o pleocroísmo das lamelas de tenorita é diagnóstico. A NC a forte anisotropia entre amarelado e azulado identifica a tenorita.

Esquerda: a ND, tenorita (amarelada) sobre cuprita (em baixo). Acima da tenorita, mineral secundário de Cu não-identificado (malaquita?) e, no topo, crisocola. A ND há poucos aspectos diagnósticos. Direita: a NC, as reflexões internas são muito características. Cuprita em vermelho, tenorita em azul/amarelo, mineral não-identificado em verde e crisocola em azul.

A NC, tenorita formando uma crosta entre cuprita (reflexões internas vermelhas e violetas) e crisocola (reflexões em azul celeste).

Page 4: TENORITA – CuO - UFRGS

Versão de abril de 2020

A NC, em minério oxidado de cobre, esferulitos de tenorita (anisotropia entre amarelada e azulada), com crisocola (azul celeste), malaquita (verde) e cuprita (vermelha). Os esferulitos possuem ao redor de 0,1mm de diâmetro.

A NC, esferulitos de tenorita

(anisotropia em amarelado e azul)

tanto isolados como adjacentes uns

aos outros e formando uma banda, que

nada mais é que muitos esferulitos lado

a lado, um interferindo no crescimento

do outro.

Esferulito de tenorita com 0,1 mm de diâmetro a ND (esquerda) e a NC (direita). A NC as cores de anisotropia típicas nem sempre são fáceis de perceber; é necessário escolher a fonte de luz mais adequada (halógena ou LED), calibrar a luz exatamente na intensidade correta e ajustar corretamente as definições do equipamento fotográfico (máquina fotográfica ou smartphone ou transferência direta ao computador).