Upload
rolnei-tavares
View
244
Download
2
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Documento da Conferência Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia sobre a ordenação de mulheres
Citation preview
Associao Geral
TEOLOGIA DA
ORDENAO Relatrio da Comisso de Estudo Junho de 2014
2
Esta traduo tem o objetivo de facilitar o acesso aos que no
tm domnio da lngua inglesa. Para os demais, recomenda-se
a consulta do relatrio original em ingls, que pode ser baixado
na pgina: https://www.adventistarchives.org/final-tosc
Utilizou-se uma traduo oficial das declaraes das 3
posies. As demais partes foram traduzidas pelos
colaboradores do site
http://teologiadaordenacao.blogspot.com.br/
Foram utilizadas as referncias aos livros de Ellen White de
acordo com o site do Centro de Pesquisas Ellen G. White
(Brasil) - http://centrowhite.org.br/ellen-g-white/relacao-de-
titulos-portugues-ingles-dos-livros-de-ellen-g-white/
Em alguns lugares as notas de rodap foram inseridas no texto
entre colchetes.
PARA MAIS INFORMAES E ARTIGOS EM PORTUGUS
SOBRE A TEOLOGIA DA ORDENAO E A DISCUSSO
SOBRE ORDENAO DE MULHERES, ACESSE
http://teologiadaordenacao.blogspot.com.br/
3
SEO I
TERMOS DE REFERNCIA
4
INTRODUO E ORIENTAES
A Comisso de Estudo da Teologia da Ordenao (TOSC, na sigla em ingls) o
resultado de um pedido feito por um delegado da assembleia da Associao Geral de 2010. A
administrao da Associao Geral encaminhou esse pedido para o Comit Administrativo da
Associao Geral para a aprovao do processo de estudo da teologia da ordenao em 20 de
setembro de 2011.
O objetivo da Comisso de Estudo da Teologia da Ordenao seguir
cuidadosamente, e em esprito de orao, os termos de referncia com o objetivo de atingir o
consenso no mximo possvel de assuntos.
A Comisso de Estudo da Teologia da Ordenao prov para os membros da
comisso uma ampla perspectiva para permitir que o Esprito Santo ajude a trazer consenso,
tanto quanto possvel.
Considerando que uma comisso de estudos, o processo normal de votao no
usado para colocar posies ou representantes um contra o outro. Pelo contrrio, a
abordagem de estudo de dar oportunidade para um relatrio de consenso nos itens aceitos
por consenso. Nos itens nos quais no possvel chegar a um consenso, vrios relatrios so
preparados para apresentar os diferentes pontos de vista e suas rplicas apropriadas. Atravs
de sesses intensas de orao, estudo da Bblia, estudo do Esprito de Profecia e das
cuidadosas discusses resultantes, a Comisso de Estudo da Teologia da Ordenao deve
focar em solues que apoiem a mensagem, misso e unidade da Igreja Adventista do Stimo
Dia.
Em seu estudo, a Comisso de Estudo da Teologia da Ordenao colabora com as
Comisses de Pesquisa Bblica estabelecidas (BRCs, na sigla em ingls) e d assistncia aos
BRCs com uma agenda abrangente a ser revisada. A Comisso de Estudo da Teologia da
Ordenao recebe relatrios dos BRCs das divises e pode atribuir trabalhos de pesquisa e
apresentaes aos membros e no membros da comisso para serem revisados pela Comisso
de Estudo da Teologia da Ordenao.
A Comisso de Estudo da Teologia da Ordenao se reuniu aproximadamente quatro
vezes, concluindo seu trabalho em junho de 2014. Um comit de direo da Comisso de
Estudo da Teologia da Ordenao supervisionou o processo. O trabalho da comisso foi
prover o mximo possvel de informao ao tema atribudo para ser reexaminado pela
Administrao da Associao Geral em junho de 2014, e ento o relatrio completo provido
pela Comisso de Estudo da Teologia da Ordenao foi revisado no Conclio Anual de 2014.
O Conclio Anual definiu os itens a serem encaminhados para a assembleia da Associao
Geral de 2015.
5
TERMOS DE REFERNCIA
TERMOS DE REFERNCIA AUTORIDADE E RESPONSABILIDADE
1. Supervisionar o estudo mundial da teologia da ordenao e suas implicaes, revendo e analisando dados da Bblia e do Esprito de Profecia.
Poder para agir.
2. Recapitular a histria do estudo da ordenao na Igreja Adventista do Stimo Dia.
Poder para agir.
3. Desenvolver uma pauta abrangente no assunto da teologia da ordenao e suas implicaes para prticas na Igreja Adventista do Stimo Dia, incluindo o tema da ordenao da mulher para o ministrio evangelstico.
Poder para agir.
4. Receber (at 31 de dezembro de 2013) e discutir os relatrios das Comisses de Pesquisa Bblica das divises sobre seus estudos e concluses, garantindo que as Comisses de Pesquisa Bblica das divises endossem agendas de estudo compreensveis.
Poder para agir em consulta com as Comisses de Pesquisa Bblica das divises
5. Requerer estudos ou solicitar relatrios dos membros e/ou no membros da comisso quando estudos adicionais se mostrarem necessrios.
Poder para agir.
6. Desenvolver uma teologia adventista da ordenao para recomendar considerao do Conclio Anual de 2014.
Poder para agir.
7. Enviar ao Conclio Anual de 2014, atravs da administrao da Associao Geral, o relatrio completo do estudo mundial indicando reas de consenso e reas onde no houve consenso com respeito teologia da ordenao e suas implicaes para prticas da Igreja Adventista do Stimo Dia
Poder para agir.
8. Em reas de discordncia, focar em
potenciais solues que apoiem a
mensagem, misso e unidade da Igreja
Adventista do Stimo Dia.
Recomendar para o Comit Administrativo da Associao Geral.
6
MEMBROS DO COMIT
STELE, ARTUR A. - Presidente
Mbwana, Geoffrey G. - Vice-presidente
Porter, Karen J. - Secretrio
Trim, Wendy - Relator
Arrais, Jonas
Arrais, Raquel C.
Batchelor, Doug
Bauer, Stephen
Beardsley-Hardy, Lisa M.
Bischoff, Fred
Bohr, Stephen
Brown, Gina S.
Brunt, John
Ceballos, Mario E.
Chang, Shirley
Clark, Chester V. III
Costa, Robert
Damsteegt, Laurel
Damsteegt, P. Gerard
Davidson, Jo Ann M.
Davidson, Richard M.
De Sousa, Elias B.
Diop, A. Ganoune
Donkor, Kwabena
Doss, Cheryl
Fagal, William A.
Finley, Mark A.
Fortin, Denis
Gothard, Doris M.
Haloviak-Valentine,
Kendra
Hasel, Michael
Holmes, C. Raymond
Howard, James
Hucks, Willie
Jankiewiez, Darius
Kent, Anthony R.
King, Gregory A.
Knott, Esther
Knott, William M.
Koh, Linda Mei Lin
Kuntaraf, Kathleen K. H.
Mackintosh, Don
McLennan, Patty
Miller, Nicholas
Mills, Phillip
Moon, Jerry
Morris, Derek J.
Mueller, Ekkehardt F. R.
Nelson, Dwight K.
Nix, James R.
Oberg, Chris
Page, Janet
Page, Jerry N.
Paulson, Kevin
Peters, John
Pfandl, Gerhard
Poirier, Timothy L.
Prewitt, Eugene
Proffitt, Kathryn L.
Rafferty, James
Read, David C.
Reeve, Teresa
Reid, George
Roberts, Randall L.
Rodrguez, ngel M.
Scarone, Daniel
Silva, Sandra
Slikkers, Dolores E.
Small, Heather-Dawn K.
Sorke, Ingo
Timm, Alberto R.
Trim, David
Tutsch, Cindy
Veloso, Mario
Vin Cross, Tara
Wahlen, Clinton L.
Warden, Ivan Leigh
Zarska, Carol
2
DOIS REPRESENTANTES DESIGNADOS DE CADA DIVISO
Coralie, Alain
Mathema, Zacchaeus
Diviso Centro Leste Africana
Biaggi, Guillermo E.
Zaitsev, Eugene
Diviso Euroasitica
Henry, Elie
Perez, Carmen
Diviso Interamericana
Hasel, Frank
Magyarosi, Barna
Diviso Intereuropeia
Bietz, Gordon
Pollard, Leslie N.
Diviso Norte-Americana
Doh, Hyunsok John
Higashide, Katsumi
Diviso Pacfico Norte-Asitico
Schmied Padilla, Lilian
Siqueira, Reinaldo
Diviso Sul-Americana
Musvosvi, Joel Southern
Ratsara, Paul S.
Diviso Sul Africana Oceano ndico
Christo, Gordon E.
Tlau, Chawngdinpuii
Diviso Sul-Asitica
Gayoba, Francisco
Sabuin, Richard
Diviso do Pacfico Sul-Asitico
Oliver, Barry D.
Roennfeldt, Ray
Diviso do Sul do Pacfico
Barna, Jan
Wiklander, Bertil A.
Diviso Transeuropeia
Bediako, Daniel K.
Nwaomah, Sampson
Diviso Centro Leste Africana
EX OFFICIO Wilson, Ted N. C., Presidente
Ng, G. T., Secretrio
Lemon, Robert E., Tesoureiro
DIREO DA COMISSO DE ESTUDO DA TEOLOGIA DA
ORDENAO
STELE, ARTUR A., Presidente
Mbwana, Geoffrey G., Vice-presidente
Porter, Karen J., Secretrio
Damsteegt, P. Gerard
Davidson, Richard
Fagal, William A.
Rodrguez, ngel M.
2
SEO II
HISTRIA DA TOSC
3
ESCOPO DA COMISSO
A Comisso de Estudo da Teologia da Ordenao (TOSC) formado por membros de
uma variada gama de opinies. A Comisso composta por 106 membros, incluindo o
presidente, vice e secretrio; dois representantes de cada uma das 13 divises mundiais; e 74
membros da Diviso Norte-Americana representando todas as esferas da igreja. A comisso
inclui membros leigos, pastores, administradores e telogos das principais instituies de
ensino adventistas. H ainda trs oficiais da Associao Geral (AG) que so membros
extraoficiais da comisso.
Um comit de direo de sete membros foi estabelecido, com trs oficiais da
comisso, dois membros representando aqueles que se opem ordenao de mulheres e trs
representando aqueles a favor da ordenao de mulheres.
Considerando que esse uma comisso de estudos, o processo normal de votao
no utilizado. Em vez disso, a abordagem do estudo resulta em um relatrio de consenso
sobre a teologia da ordenao. Nos itens em que no se chegar a um consenso, vrios
relatrios sero elaborados para apresentar os diferentes pontos de vista e suas rplicas
apropriadas. Uma inovao significativa que se tornou parte deste processo a criao de
uma pgina da internet no site Arquivos, Estatsticas e Pesquisas
(www.adventistarchives.org/about-tosc) para todos os artigos e relatrios apresentados ao
TOSC, assim como aes das sesses da AG, aes dos comits da AG, artigos e relatrios
das comisses e comits de estudos e outros relatrios comissionados oficiais. Essa pgina de
internet, pela primeira vez, torna esses documentos histricos disponveis ao pblico.
TAREFAS COMPLETADAS DA COMISSO
A TOSC se reuniu quatro vezes, sendo sua ltima reunio em 2 a 4 de junho de 2014.
Em cada encontro um tempo significativo foi usado em oraes e devocionais, elevando os
pensamentos quele que tem todas as repostas. Em momentos difceis nas discusses, o
debate foi interrompido para um perodo de orao. Ao concentrar novamente os
pensamentos e invocar a presena do Esprito Santo, o tom da reunio se mudava e um
esprito de cordialidade era sentido.
Por todo o processo, pequenos grupos de discusso foram estabelecidos para dar aos
membros a chance de expressar suas convices, fazer perguntas, discutir tpicos e ouvir as
opinies dos outros em um ambiente amigvel.
4
Primeiro encontro - janeiro de 2013 (trs dias)
Foi discutido sobre como lidar com questes doutrinrias na igreja e que regras
bsicas seguir, considerando conselhos das Escrituras e dos escritos de Ellen White.
Revisitou-se e reafirmou-se o documento intitulado Estudo da Bblia:
Pressuposies, Princpios e Mtodos que foi votado no Conclio Anual, no Rio de
Janeiro, em 1986.
Foi feita a leitura dos artigos sobre a histria da ordenao no cristianismo primitivo e
na histria da Igreja Adventista do Stimo Dia.
Gastou-se um tempo significativo examinando-se a teologia da ordenao atual em si
- independente da questo do gnero. Sentiu-se a necessidade da discusso deste
ponto antes de se discutir a ordenao da mulher.
A questo da ordenao foi discutida em grupos pequenos.
Sucedendo o primeiro encontro, a comisso de direo elegeu um comit relator,
coordenado por Geoffrey G. Mbwana, para criar uma declarao de consenso sobre a teologia
da ordenao. Um alto nvel de confiana foi criado entre os membros do grupo relator e um
profundo esprito de cooperao e disposio para o trabalho em conjunto foi demonstrado.
Segundo encontro - julho de 2013 (trs dias)
A primeira ao do segundo encontro foi o voto de uma declarao de consenso sobre
a teologia da ordenao.
A comisso ento debruou-se sobre o tpico da ordenao da mulher.
Houve diversas apresentaes sobre a histria da ordenao da mulher sob ambos os
pontos de vista (favorvel e contrrio).
Princpios hermenuticos foram apresentados sob cada ponto de vista, seguido de
apresentaes sobre 1 Timteo sobre como se aplicar esses princpios.
Uma viso geral sobre a ordenao da mulher foi apresentada em ambas as
perspectivas.
O segundo encontro foi o mais intenso, com 16 artigos apresentados e pouco tempo
para discusso em grupos pequenos.
Terceiro encontro - janeiro de 2014 (cinco dias)
Esse encontro foi mais longo, com 2 dias adicionais.
Relatrios e concluses foram compartilhados sobre a questo da ordenao da
mulher de todos as treze Comisses de Pesquisa Bblica das divises.
Em uma das noites, um painel de apresentadores respondeu questes acerca de
apresentaes de encontros anteriores.
5
Duas apresentaes foram feitas, uma de cada ponto de vista, sobre 1 Timteo 3:2
(marido de uma s mulher), com tempo para discusses em grupos pequenos sobre
esse assunto.
Um artigo da sntese da posio de cada lado foi apresentado.
O grupo favorvel fez uma exegese sobre 1 Corntios 11.
O grupo contrrio fez uma apresentao sobre hermenutica.
Foram feitas apresentaes de cada grupo sobre a questo: Para onde o nosso
posicionamento ir nos levar?.
Os que tinham uma posio contrria ao ordenamento de mulheres ao ministrio
evanglico fizeram avaliaes sobre essas apresentaes.
Grupos pequenos se reuniram para responder as avaliaes das posies atravs do
estudo de Gnesis 1-3 e 1 Timteo 2 e 3, e sugerir caminhos para se avanar.
No pr do sol de sexta feira foi feita uma apresentao, Sendo Pacificadores, por
uma igreja local, e um devocional por Artur A. Stele.
No sbado, Mark A. Finley desafiou o grupo em seu sermo sobre aes para seguir o
mtodo da igreja primitiva em lidar com questes difceis, e grupos pequenos se
reuniram e se ocuparam com o desafio feito pelo pastor Finley.
Grupos pequenos se reuniram novamente sbado tarde para discutir as seguintes
passagens: 1 Corntios 11; Glatas 3:26-28 e Joel 2:28-32.
A reunio se encerrou com um apelo de Geoffrey G. Mbwana para construir pontes e
avanar juntos, unidos em Cristo.
Quarto encontro - junho de 2014 (trs dias)
Foi dado um tempo para a apresentao de uma terceira posio, representando a
opinio daqueles que tm uma posio mais moderada ou intermediria.
A maior parte do tempo desses encontros foi gasta em assembleia de grupos, mais do
que sesses em plenrio, revisando e refinando as trs declaraes das snteses das
posies e declaraes de caminhos a seguir.
Apresentaes das declaraes de caminhos a seguir, de cada uma das assembleias de
grupos das posies, foram feitas a toda a comisso.
Um voto unnime foi tomado para afirmar que, apesar das diferenas de opinio em
relao ordenao de mulheres, os membros da Comisso de Estudo da Teologia da
Ordenao esto comprometidos com a mensagem e a misso da Igreja Adventista do
Stimo Dia, conforme expressas nas 28 doutrinas fundamentais.
Uma pesquisa foi feita pedindo a cada membro para que marcasse a posio ou
posies que fossem mais aceitveis para ele. O resultado da pesquisa o que segue:
6
VISES DE CONSENSO
Votos totais: 95; abstenes: 1
Ordenar/comissionar apenas homens qualificados para o ofcio de pastor/ministro na igreja mundial
Cada entidade responsvel pelo chamado de pastores/ministros ser autorizada a escolher se ter apenas homens como pastores ordenados ou homens e mulheres como pastores ordenados
A liderana denominacional de cada nvel ser autorizada a decidir, baseada em princpios bblicos, se tal adaptao [permisso para ordenar homens e mulheres] apropriada para sua rea ou regio
Primeira opo
32 40 22
Segunda opo
0 12 19
Terceira opo 2 0 0
Ted N. C. Wilson agradeceu a comisso por seu trabalho e esboou o processo
seguinte de levar o relatrio a Reunio de Oficiais, PREXAD, Conclio Anual e ento
assembleia da Associao Geral em 2015.
O encontro se encerrou com uma orao de G. T. Ng, secretrio da Associao Geral dos
Adventistas do Stimo Dia.
7
SEO III
APRESENTAES SOBRE ESTE TEMA
8
As seguintes apresentaes dos encontros da TOSC esto disponveis
no website dos Arquivos, Estatsticas e Pesquisas da CG. Antigas pesquisas
e todos os relatrios de estudo e artigos das Cominsses de Pesquisa Bblica
das divises tambm esto disponveis no mesmo website no item do menu
Teologia da Ordenao.
DECLARAES
Declarao de Consenso sobre uma Teologia da Ordenao Adventista do Stimo Dia
ARTIGOS DE JANEIRO DE 2013
Dealing With Doctrinal Issues in the ChurchProposal for Ground Rules, de Paul S.
Ratsara e Richard M. Davidson.
The Proper Role of Ellen G. Whites Writings in Resolving Church Controversies, de
William A. Fagal.
Ellen G. White on Biblical Hermeneutics, de P. Gerard Damsteegt.
Ordination in Seventh-day Adventist History, de David Trim.
The Problem of Ordination: Lessons From Early Christian History, de Darius Jankiewicz.
Magisterial Reformers and Ordination, de P. Gerard Damsteegt.
Towards a Theology of Ordination, de ngel M. Rodrguez e outros.
Estudo da Bblia: Pressuposies, Princpios e Mtodos, Conclio Anual de 1986.
ARTIGOS DE JULHO DE 2013
The Ordination of Women in Seventh-day Adventist Policy and Practice, de David Trim.
Womens Status and Ordination as Elders or Bishops in the Early Church, Reformation, and
Post-Reformation Eras, de P. Gerard Damsteegt.
The Ordination of Women in the American Church, de Nicholas Miller.
The Ordination of Women in the American Church Appendix, de Nicholas Miller.
Trajectories of Womens Ordination in History, de John W. Reeve.
Back to Creation: Toward a Consistent Adventist Creation-Fall-Re-Creation Hermeneutic,
de Jiri Moskala.
9
Paul, Woman, and the Ephesian Church: An Examination of 1 Timothy 2:8-15, de Carl
Cosaert.
Biblical Hermeneutics and Headship in First Corinthians, de Edwin Reynolds.
Adam, Where are You?, de Ingo Sorke.
Man and Woman in Genesis 1-3: Ontological Equality and Role Differentiation, de Paul S.
Ratsara e Daniel K. Bediako.
Women of the Old Testament: Women of Influence, de Laurel Damsteegt.
Issues Relating to the Ordination of Women with Special Emphasis on 1 Peter 2:9, 10 and
Galatians 3:28, de Stephen Bohr.
Headship, Gender, and Ordination in the Writings of Ellen G. White, de P. Gerard
Damsteegt.
Ellen White, Women in Ministry and the Ordination of Women, de Denis Fortin.
Ellen White, Ordination, and Authority, de Jerry Moon.
Should Women Be Ordained as Pastors? Old Testament Considerations, de Richard M.
Davidson.
Shall the Church Ordain Women as Pastors? Thoughts Toward an Integrated NT
Perspective, de Teresa Reeve.
Authority of the Christian Leader, de Darius Jankiewicz.
ARTIGOS DE JANEIRO DE 2014
Hermeneutics: Interpreting Scripture on the Ordination of Women, de P. Gerard
Damsteegt, Edwin Reynolds, Gerhard Pfandl, Laurel Damsteegt e Eugene Prewitt.
1 Corinthians 11:2-16 and the Ordination of Women to Pastoral Ministry, de Teresa Reeve.
Leadership and Gender in the Ephesian Church: An Examination of 1 Timothy, de Carl P.
Cosaert.
Is Husband of One Wife in 1 Timothy 3:2 Gender-Specific?, de Clinton L. Wahlen.
Restoration of the Image of God: Headship and Submission, de John W. Peters.
My Personal Testimony: Some Pastoral Reflections, de Dwight K. Nelson.
10
Evaluation of Egalitarian Papers, de Gerhard S. Pfandl with Daniel K. Bediako, Steven
Bohr, Laurel e P. Gerard Damsteegt
Jerry Moon, Paul S. Ratsara, Edwin Reynolds, Ingo Sorke e Clinton L. Wahlen
Evaluation of the Arguments Used by Those Opposing the Ordination of Women to the
Ministry, de ngel M. Rodrguez.
Moving Forward in Unity, de Barry D. Oliver.
Women In Ministry: What Should We Do Now?, de C. Raymond Holmes.
ARTIGOS DE JUNHO DE 2014
Sntese da Posio #1
Sntese da Posio #2
Sntese da Posio #3
Declarao de Caminho a Seguir #1
Declarao de Caminho a Seguir #2
Declarao de Caminho a Seguir #3
ARTIGO COMISSIONADO E ENVIADO MAS NO
APRESENTADO
Seventh-day Adventists On Womens Ordination: A Brief Historical Overview, de Alberto R.
Timm.
11
SEO IV
DECLARAO DE CONSENSO SOBRE A
TEOLOGIA DA ORDENAO
12
RECOMENDA-SE A ADOO DO DOCUMENTO
"DECLARAO DE CONSENSO SOBRE UMA TEOLOGIA
DA ORDENAO ADVENTISTA DO STIMO DIA",
CONFORME SE L A SEGUIR:
Em um mundo alienado de Deus, a igreja composta por aqueles que Deus conciliou
consigo e uns para com os outros. Atravs da obra salvadora de Cristo, eles so unidos a Ele
pela f atravs do batismo (Ef 4:4-6), se tornando assim um sacerdcio real cuja misso
anunciar as virtudes dAquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz (1Pe
2:9). Aos crentes dado o ministrio da reconciliao (2Co 5:18-20), chamados e capacitados
atravs do poder do Esprito e dos dons que Ele lhes confere para anunciar a Comisso
Evanglica (Mt 28:18-20).
Ainda que todos os crentes sejam chamados a usar seus dons espirituais para o
Evangelho, as Escrituras identificam certas posies de liderana especficas que so
acompanhadas pelo aval pblico da igreja, de pessoas que correspondem s qualificaes
bblicas (Nm 11:16-17; At 6:1-6; 13:1-3; 14:23; 1Tm 3:1-12; Tt 1:5-9). Frequentemente tal
reconhecimento demonstrado pela imposio das mos. Algumas tradues da Bblia
usam a palavra ordenao para traduzir diversas palavras em grego e hebraico que possuem
a ideia bsica de selecionar ou apontar que descrevem a atribuio dessas pessoas em seus
respectivos ofcios. Atravs da histria crist, o termo ordenao adquiriu sentidos alm do
que essas palavras significavam originalmente. Sob tal pano de fundo, os adventistas do
stimo dia compreendem a ordenao, em um sentido bblico, como a ao da igreja em
reconhecimento pblico ao ministrio local e global daqueles a quem Deus chamou e
capacitou.
Alm da funo nica dos apstolos, o Novo Testamento identifica as seguintes
categorias de lderes ordenados: o ancio/ancio supervisor (At 14:23; 20:17, 28; 1Tm 3:2-7;
4:14; 2Tm 4:1-5; 1Pe 5:1) e o dicono (Fp 1:1; 1Tm 3:8-10). Embora a maioria dos ancios e
diconos ministrassem em lugares determinados, alguns ancios eram itinerantes e
supervisionavam territrios maiores com mltiplas congregaes, o que pode ser o caso de
ministrios de indivduos como Timteo e Tito (1Tm 1:3-4; Tt 1:5).
No ato da ordenao, a igreja confere autoridade representativa a indivduos para a
obra especfica do ministrio ao qual eles foram designados (At 6:1-3; 13:1-3; 1Tm 5:17; Tt
2:15). Isso pode incluir representar a igreja; proclamar o evangelho; administrar a ceia do
Senhor e batizar; semear e organizar igrejas; guiar e nutrir membros; ensinar contra falsas
doutrinas; e prover servios gerais congregao (cf. At 6:3; 20:2829; 1Tm 3:2, 4-5; 2Tm
1:13-14; 2:2; 4:5; Tt 1:5, 9). Embora a ordenao contribua para a ordem da igreja, ela nunca
atribui qualidades especiais s pessoas ordenadas nem introduz uma hierarquia rgia
comunidade de f. Os exemplos bblicos de ordenao incluem a distribuio de
incumbncias, a imposio das mos, orao e jejum, e se empenhar com aqueles que se
afastaram da graa de Deus (Dt 3:28; At 6:6; 14:26; 15:40).
13
Indivduos ordenados dedicam seus talentos ao Senhor e Sua igreja num servio
vitalcio. O modelo de fundao da ordenao o chamado de Jesus aos doze apstolos (Mt
10:14; Mc 3:13-19; Lc 6:12-16), e o modelo absoluto de ministrio cristo a vida e servio
de nosso Senhor, que no veio para ser servido, mas para servir (Mc 10:45; Lc 22:25-27; Jo
13:1-17).
14
SEO V
SNTESES DAS POSIES
15
DELINEAO DA SNTESE DA POSIO #1
Declarao do resumo
Introduo
Trs motivos para nossa posio
Claramente, a Bblia diz que o ancio deve ser marido de uma s mulher (1Tm 3:2;
Tt 1:6)
A Igreja Adventista do Stimo Dia deve continuar fundamentada na Bblia em todas
as questes de f e prtica
Permitir mtodos concorrents de interpretao das Escrituras traz grande
desunidade
Relacionar a Bblia com a cultura
Princpios da interpretao bblica
O padro de interpretao a Bblia, e a Bblia somente
A Bblia foi escrita para todos
Devemos aceitar a Bblia tal como ela
Interpretao e as trs mensagens anglicas
Aplicao dos princpios bblicos de interpretao em textos-chaves
Interpretao de 1 Timteo 2 e 3
1 Timteo 2
1 Timteo 3
Implicaes
Relaionamento de homens e mulheres em 1 Corntios 11
Glatas 3:26-29
Igualdade e Diferena entre homem- mulher em Gnesis 1 e 2
Igualdade entre homem-mulher em Gnesis 1 e 2
Diferena entre homem-mulher em Gnesis 1 e 2
Relacionamento do homem e da mulher aps a queda em Gnesis 3
Ordenaes bblicas
Antigo Testamento
Novo Testamento
Ordenao e imposio das mos
Ordenao e autoridade
A autoridade dos ministros
A autoridade dos ancios
Ordenao e unidade mundial
Resumo da ordenao bblica
Respostas a algumas questes sobre a ordenao
16
RESUMO DA POSIO #1
DECLARAO DO RESUMO
Este documento apresenta as qualificaes bblicas para a ordenao aos ofcios de
ancio/pastor/ministro e examina se as mulheres no ministrio deveriam atuar nesses ofcios.
Primeiro, ele apresenta o motivo fundamental porque compreendemos, a partir da
Escritura, que somente certos homens qualificados podem ocupar esses ofcios. Em seguida,
discute os princpios de como interpretar a Bblia e como aplicar esses princpios a 1 Timteo
2 e 3, 1 Corntios 11, Glatas 3 e Gnesis 1 a 3. Ento, apresenta exemplos bblicos da
ordenao e sua prtica, as diferenas entre os ofcios e os dons e o significado da imposio
das mos; trata da ordenao e da autoridade, e da ordenao e da unidade da igreja; e oferece
uma resposta a alguns argumentos em favor da ordenao das mulheres.
INTRODUO
Deus chama as mulheres ao ministrio. Seu servio precisa do trabalho delas, e Ele
honrado quando elas devotam seus talentos para ministrar s necessidades de outros em Seu
nome. Elas so parte essencial das foras espirituais que Jesus Cristo implementou no mundo
para conquist-lo para Si.
Tanto na igreja do primeiro sculo quanto no incio do movimento adventista, as
mulheres foram importantes para o funcionamento e o crescimento da igreja. As mulheres
crentes foram chamadas para ocupar papis significativos no ministrio de Jesus: aprender
lies dEle (Lucas 10:39), prover recursos financeiros para o avano de Seu ministrio
(Lucas 8:3) e prover encorajamento moral durante a crucial ltima semana (Joo 12:1-8) e,
no menos importante, pela sua determinada presena aos ps da cruz (Marcos 15:40, 41;
Joo 19:25). Elas tambm foram Suas testemunhas antes e depois da ressurreio (Lucas 8:1,
2; 24:9, 10). Jesus pediu a Maria Madalena para levar as novas aos outros discpulos (Joo
20:15-18) e, juntamente com outras mulheres que foram tumba, ela estava entre as
primeiras testemunhas de Sua ressurreio (Lucas 24:2-10). Apesar das sensibilidades
culturais judaicas, Jesus convidou as mulheres para cumprir essas importantes tarefas.
A Bblia menciona, pelo nome, outras mulheres que trabalharam nas igrejas locais:
Priscila (At 18:1, 18, 26; 1Co 16:9; Rm 16:3), Febe (Rm 16:1; cf. 15:25-32) e Maria (16:6).
Junia, com Andrnico, foram bem conhecidos pelos apstolos (v. 7, ESV); Trifena, Trifosa
e Prside trabalharam arduamente no Senhor (v. 12).1 Porm, no h evidncia clara de que
quaisquer dessas mulheres alguma vez exerceram uma funo de liderana na igreja. Seus
trabalhos parecem ter sido o de apoio ao trabalho realizado pelos apstolos e outros homens a
quem Deus chamou para liderar Sua igreja. Cada obreiro tem um papel importante a cumprir,
1 Salvo por indicao contrria, as citaes bblicas foram extradas da Nova Verso Internacional.
17
mas o fato de que Deus quem o capacita ao trabalho faz com que um indivduo no se torne
mais importante do que o outro. A igualdade no servio no incompatvel com a diferena
de funes; todos somos servos de Cristo e a glria pertence a Deus pelo crescimento da
igreja e pela abundante colheita final.
No movimento do advento, mulheres como Annie Smith, Ellen Lane, S. M. I. Henry e
Hetty Haskell preencheram papis importantes na publicao e evangelismo, e muitas outras
serviram em cargos nas associaes e em vrias linhas de trabalho da igreja local. Ellen
White escreveu que as mulheres so reconhecidas por Deus como necessrias obra do
ministrio.2 Comete-se um erro quando o fardo do trabalho deixado inteiramente sobre os
ministros.3 Ela explicou que as mulheres podem fazer em famlias uma obra que os homens
no podem fazer, obra que alcana o ntimo da vida. Podem aproximar-se do corao
daqueles a quem os homens no podem alcanar.4 Pelo exerccio do tato feminino e um
sbio emprego de seu conhecimento da verdade bblica, elas podem remover dificuldades que
nossos irmos no podem abordar.5 Ainda, ela advogou que as mulheres que dedicam tempo
integral e talentos no ministrio devem ser pagas a partir do dzimo.6 claro, ento, que Ellen
White considerou a participao das mulheres na obra do evangelho no meramente como
uma opo, mas como um mandato divino, cuja negligncia resultaria na diminuio da
eficincia ministerial,7 em menos converses,8 e em grande perda causa,9 comparado com
a frutificao dos dons combinados de homens e mulheres no ministrio.
Este documento enaltece o direito e o dever das mulheres de servirem ativa e
plenamente a Deus em vrios tipos de ministrio, em harmonia com a orientao bblica para
a liderana da igreja. Essas diretrizes no devem ser postas de lado ou ignoradas. Estamos
convencidos de que podemos permanecer unidos, como igreja mundial, somente se
permanecermos fiis posio bblica de longa data da Igreja.10 Falando de forma simples,
embora a Bblia e os escritos de Ellen G. White incentivem a participao das mulheres na
obra da igreja, em nenhuma dessas fontes h qualquer apoio claro para a ordenao das
mulheres ao ministrio do evangelho. Cremos que a Bblia normativa para todas as partes
do mundo; assim sendo, no podemos apoiar os apelos culturais das vrias divises mundiais.
Embora os que mantm outras posies tenham apresentado argumentos aparentemente
plausveis, no vemos esses argumentos como bem fundamentados biblicamente. Este
documento explica nossa posio e resume por que no podemos aceitar os argumentos dos
nossos amigos cuja posio diferente.
2 OE 452. 3 FD 86. 4 BS 145. 5 Ev, 491 6 OE 452-453; Ev 492. 7 Ev 491. 8 Ibidem, 472. 9 Ibidem, 493. 10 No h nada que mostre que os primeiros adventistas discutiram o direito de as mulheres batizarem, ministrarem as ordenanas, organizarem igrejas locais nenhuma evidncia de qualquer compromisso para com a ordenao. David Trim, The Ordination of Women in Seventh-day Adventist Policy and Practice, up to 1972, 7, http://www.adventistarchives.org/the-ordination-of-women-in-seventh-day-adventist-policy-and-practice.pdf.
18
TRS MOTIVOS PARA A NOSSA POSIO
H trs motivos vitais para a posio que mantemos. Primeiro, a Bblia parece ser
bem clara na questo da ordenao das mulheres. Segundo, cremos que deveramos seguir
tendo a Bblia como nossa autoridade suprema em todas as questes da f e da prtica.
Terceiro, se formos influenciados pela cultura e nos afastarmos de um fundamento bblico
para nossa prtica nesta rea, teremos a tendncia de nos afastarmos da Escritura em outras
reas.
A BBLIA CLARAMENTE DIZ QUE O ANCIO DEVE SER MARIDO DE UMA S
MULHER (1TM 3:2; TT 1:6)
Essa instruo foi dada em dois ambientes diferentes, ento no pode ser apenas a
resposta para um problema local que no se aplica a outras partes. Antes, a instruo para a
igreja como um todo e para todos os tempos (1Tm 3:15). Ainda, em 1 Timteo, essa
especificao ocorre apenas cinco versos depois da instruo de impedir as mulheres de certa
autoridade de ensino na igreja (1Tm 2:12). Visto que o lder da igreja descrito em 3:2
tambm deve ser capaz de ensinar, a proibio e o requerimento parecem estar
relacionados. Paulo restringe a liderana das mulheres na igreja com base na prioridade de
Ado na Criao, bem como os respectivos papis de Ado e Eva antes e depois da Queda
(2:13, 14). O fundamentar sua instruo nos primeiros captulos de Gnesis indica que a
questo se relaciona ao plano original de Deus para os seres humanos e no apenas Sua
resposta ao problema do pecado. H algo fundamental aqui que no devemos rejeitar ou
ignorar.
A IGREJA ADVENTISTA DO STIMO DIA DEVE SEGUIR FUNDAMENTADA NA BBLIA
EM TODAS AS QUESTES DE F E PRTICA
Embora o mpeto de mudar a prtica de nossa Igreja possa parecer ter surgido no final
dos anos 40 ou por a, na verdade, ele remonta s mudanas sociais na Amrica que iniciaram
na metade do sculo 19 mudanas que levaram muitas igrejas protestantes a comear a
ordenar mulheres ao ministrio durante esse perodo.11 Essa campanha foi decididamente
rejeitada pelo movimento do advento.12 Nossa igreja, pela primeira vez, se ocupou da questo
da ordenao das mulheres na Assembleia da Associao Geral em 1881, mas se recusou a
11 O movimento dos direitos das mulheres, na Amrica, normalmente, reconhecido por uma conferncia realizada no Condado de Seneca, Nova Iorque, em 1848. Uma de suas resolues apelava para mulheres no clero. A primeira mulher ordenada conhecida na Amrica foi Antoinett Louisa Brown, ordenada ao ministrio congregacional, em 1853, e muitas outras se seguiram em muitas denominaes (uma lista parcial: 1853, Primeira Igreja Congregacional; 1863, Igreja Metodista Wesleyana; 1865, Exrcito da Salvao; 1888, Discpulos da Igreja de Cristo; 1895, Conveno Nacional Batista). Embora os documentos de nossa igreja tenham discutido o papel das mulheres no culto, apoiando o direito de as mulheres falarem e participarem no culto, nenhum artigo, durante a vida de Ellen White, advogou a ordenao das mulheres como ancis ou pastoras. Alguns artigos, explicitamente rejeitaram que as mulheres ocupassem essas funes. Nossos pioneiros reconheceram que agir assim no era bblico (ver, ex., D. T. Bourdeau, Spiritual Gifts, RH 21/1, 2 de dezembro de 1862: 6; [J. H. Waggoner,] SOT 4/48, 19 de dezembro de 1878: 380). Nos anos recentes, porm, alguns adventistas assumiram posies alinhadas com o que muitas outras igrejas fizeram. A Igreja Adventista deve agora decidir se essa , de fato, uma nova luz que deve ser seguida. 12 O parecer de que nenhuma mulher foi ordenada com a sano da denominao organizada vai contra a tendncia de muita da historiografia recente sobre a ordenao das mulheres na histria adventista, a qual escrita por proponentes da ordenao das mulheres ao ministrio evanglico. O volume completo pode parecer impressivo. Porm, esse corpo de erudio, na verdade, no prova seu caso devido m interpretao do que os primeiros adventistas apoiaram quanto ao envolvimento das mulheres na igreja. David Trim, The Ordination of Women, apresentado na segunda seo do TOSC, p. 4, http://www.adventistarchives.org/the-ordination-of-women-in-seventh-day-adventist-policy-and-practice. pdf.
19
fazer uma mudana. Isso no significou que as mulheres adventistas do stimo dia no
tivessem parte na obra do evangelho. Antes de 1881, bem como depois, as mulheres
adventistas estavam trabalhando ativamente para Deus em reas como evangelismo, obra
mdico-missionria e ministrio da beneficncia social. Alegre e entusiasticamente elas
atuaram nessas funes sem serem ordenadas.
Na sociedade ocidental hoje, alguns em nossas fileiras, novamente, sentem a presso
para estar em sintonia com a cultura circundante. Devemos falar de forma significativa para a
cultura que nos cerca, mas deveria isso nos levar a desconsiderar os princpios bblicos e o
claro ensinamento da Escritura sobre a liderana da igreja? Cremos que essa mudana teria
srias implicaes para nossa unidade como igreja. Poderia tambm ter srias consequncias
para nossa ao evangelstica, como cristos que creem na Bblia e que aceitam a Palavra de
Deus como a regra infalvel de f e prtica.13
PERMITIR MTODOS CONCORRENTES PARA A INTERPRETAO DA ESCRITURA
TRAZ MAIOR DESUNIO
Geralmente, os Adventistas do Stimo Dia usam o mtodo histrico-gramatical de
interpretao. Em 1986, o Conclio Anual dos Adventistas do Stimo Dia, no Rio de Janeiro,
aprovou o documento dos Mtodos de Estudo da Bblia (MBS [sigla em ingls]) que
apresenta os componentes do mtodo histrico-gramatical. Ele afirma que o estudante deve
buscar captar o significado simples e mais bvio da passagem bblica que est sendo
estudada (4c). Ademais, recomenda, Reconhecer que a Bblia sua prpria intrprete e que
o significado das palavras, textos e passagens mais bem determinado ao, diligentemente,
comparar verso com verso (4e). Os princpios do mtodo histrico-gramatical, como se
encontra no MBS no so novos; eles foram usados pelos protestantes, desde os dias da
Reforma.14
Recentemente, o NAD Theology of Ordination Report [Relatrio da Teologia da
Ordenao da Diviso Norte Americana] apresentou um novo mtodo de interpretao da
Bblia que descrito como um mtodo baseado em princpios, contextual, lingustico e
histrico-cultural ou, abreviando, uma leitura da Escritura baseada em princpios.15 Um
dos princpios sobre os quais esse mtodo se baseia da completa confiabilidade e
integridade da Bblia em termos de sua mensagem salvfica...
Ademais, o relatrio afirma: Uma estratgia de leitura clara e literal seria suficiente
para compreender a maior parte da Bblia. No obstante, a comisso cr que h ocasies
quando deveramos empregar a leitura baseada em princpios, porque a passagem requer uma
compreenso do contexto histrico e contextual.16 De acordo com o MBS, sempre que
interpretamos ou fazemos exegese de um texto, devemos levar em considerao o contexto e
13 Ellen G. White, The Faith that Will Stand the Test, Review and Herald, 10 de janeiro de 1888, par. 11. 14 Esta seo foi adaptada de Gerhard Pfandl, Evaluation of Egalitarian Papers (apresentado na Comisso de Estudo da Teologia da Ordenao, 22-24 de julho de 2013), 10-11, http://www.adventistarchives.org/evaluation-of-egalitarian-papers.pdf. 15 Ver Theology of Ordination Study Committee Report (Silver Spring, MD: North American Division of Seventh-day Adventists, 2013), 8; ver tambm Kyoshin Ahn, Hermeneutics and the Ordination of Women, in NADTOSC Report, 25.7 16 Ibidem.
20
as circunstncias histricas. Os adventistas, geralmente, usam esse mtodo quando
interpretam a Escritura. Ento, por que h necessidade de um novo mtodo? As diferenas
entre os dois mtodos so duplas. Contrastando o mtodo gramatical-histrico, a leitura da
Escritura baseada em princpios v a Bblia como confivel e ntegra apenas nas questes
da salvao e h forte nfase na Escritura como culturalmente condicionada. Com respeito
ordenao das mulheres, com a ajuda do mtodo da leitura baseada em princpios, todos os
textos usados para apoiar a viso de longa data da igreja so interpretados para permitir a
ordenao das mulheres como ancis e pastoras/ministras.17 Em outras palavras, a leitura
baseada em princpios ajuda a promover o esforo para a ordenao das mulheres. Porm,
ela o faz ao custo da reinterpretao da Escritura em harmonia com as preferncias culturais
modernas, o que levanta a questo do relacionar a Bblia cultura.
RELACIONAR A BBLIA CULTURA
Com respeito s questes culturais, a Bblia em si nos prov a chave quanto a como
lidar com elas. Por exemplo, embora alguns cristos evanglicos classifiquem o sbado como
uma instituio temporria cultural, Gnesis 2:1-3 e xodo 20:11 mostram que ele se
originou como parte do plano perfeito de Deus para a humanidade e, portanto, se aplica a
todas as culturas e a todos os tempos. A circunciso iniciou com a ordem de Deus a Abrao.
Assim como a presena do templo, ela no era uma garantia do favor de Deus sem um devido
relacionamento de aliana (Jr 4:4; cf. 21:10-12; 22:5). Na verdade, chegaria o tempo em que
Deus trataria os circuncisos como os incircuncisos (Jr 9:25; cf. 1Co 7:18, 19). O Novo
Testamento ensina que o batismo (Jo 3:3-8; Cl 2:11-13) representa a realidade simbolizada
pela circunciso (Dt 30:6; 10:6) uma mudana de corao e o dom do Esprito Santo (At
15:7-11; Rm 2:28, 29). Diferentemente da circunciso, o batismo para ambos os gneros.
Ele simboliza o crente sendo lavado do pecado, identificando-se com a morte e a ressurreio
de Jesus Cristo e aceitando-O como Salvador (Rm 6). Alm disso, a ordem para batizar
dada em um ambiente universal (todas as naes, Mt 28:19), indicando sua aplicabilidade
mundial ao longo da histria. Por contraste, a circunciso era o sinal de identidade judaica.
Em acrscimo, instituies como a escravido e a poligamia, embora toleradas na Escritura,
nunca foram ordenadas. Em vez disso, com base nos princpios bblicos, essas prticas foram,
posteriormente rejeitadas pela igreja.
PRINCPIOS DE INTERPRETAO BBLICA
A BBLIA E A BBLIA SOMENTE COMO NORMA DE INTERPRETAO
Desde o incio, os adventistas do stimo dia mantiveram o lema: a Bblia e a Bblia
somente. Na interpretao da Escritura, estamos em harmonia com os reformadores
protestantes que consideravam a Bblia como a autoridade final na doutrina e na prtica. A
Bblia diz que Toda a Escritura inspirada por Deus e til para o ensino, para a repreenso,
17 Ibidem 8.
21
para a correo e para a instruo na justia, para que o homem de Deus seja apto e
plenamente preparado para toda boa obra (2Tm 3:16-17).
Ellen G. White afirma que A Bblia deve ser nosso padro para toda doutrina [...] a
Palavra do Deus vivo que deve decidir todas as controvrsias.18 Visto que a Bblia o
padro para cada prtica, isso no nos deixa espao para perguntar quem deve ser ordenado
para as funes de liderana bblica e se as mulheres se qualificam para os ofcios de anci e
ministra.
A BBLIA FOI ESCRITA PARA TODOS. Ao estudar a questo da ordenao,
importante conhecer o propsito e a audincia da Bblia. Ellen White escreve: A Bblia foi
dada para fins prticos.19 Ela foi escrita para as pessoas simples, bem como para as eruditas
e acessvel compreenso de todos.20 A Bblia destina-se ao povo comum; e a
interpretao que lhe d o povo comum, quando auxiliado pelo Esprito Santo, harmoniza-se
melhor com a verdade como em Jesus.21
Certamente, o assunto em questo, referente liderana na igreja e a ordenao para
ela, est includo nessas declaraes. O sacerdcio de todos os crentes, mencionado por Pedro
(1Pe 2:9), implica pleno acesso Bblia por todos os crentes e uma capacidade orientada pelo
Esprito para compreend-la.
DEVEMOS ACEITAR A BBLIA TAL COMO ELA . Quando os oponentes discutiam com
Jesus, Ele os questionava a respeito das Escrituras: O que est escrito na Lei?, respondeu
Jesus. Como voc a l? (Lucas 10:26). Jesus destacou que a forma de lermos as Escrituras
importante para a compreenso de suas verdades. Ellen White expressa pensamentos
similares, mostrando como determinar se devemos tomar a palavra, texto ou passagem
literalmente ou simbolicamente. A linguagem da Bblia deve ser explicada de acordo com o
seu bvio sentido, a menos que seja empregado um smbolo ou figura.22 O MBS diz:
Buscar captar o significado simples e mais bvio da passagem que est sendo estudada.23
INTERPRETAO E AS TRS MENSAGENS ANGLICAS
Os adventistas interpretam a Bblia pautados por sua compreenso das trs mensagens
anglicas de Apocalipse 14:6-12. Em 1844, as igrejas protestantes na Amricas rejeitaram a
mensagem do primeiro anjo com sua advertncia para se prepararem para o Segundo
Advento. Como resultado dessa rejeio, Jesus direcionou os adventistas para a mensagem do
segundo anjo e deixou-os saber que Babilnia havia cado, indicando que a queda moral das
igrejas no adventistas tinha se tornado uma realidade.2424 Desde 1844, quando as igrejas
rejeitaram a verdade presente, houve um aumento do mtodo crtico-histrico do estudo da
18 CT 365. 19 ME1 20. 20 RH, 27 janeiro de 1885; CES 23 21 T5 331. 22 GC 599. 23 MBS, seo 4c9. 24 PE 235, 237-240, 247; GC 381, 388-390.
22
Bblia entre os cristos. Por conseguinte, essas igrejas cadas se afastaram, progressivamente,
mais e mais da Palavra de Deus.25
Uma rea desse afastamento envolve uma campanha que surgiu para as mulheres no
clero, na Amrica, como parte do movimento maior dos direitos da mulher, iniciado em 1848,
que j mencionamos. Esses fatos histricos, bem como o conselho de Ellen White acima
mencionado devem ser uma advertncia aos adventistas quanto a serem muito cautelosos para
adotar ensinos e prticas de fontes no bblicas. Ellen White adverte: Satans usar todas as
vantagens que puder obter para causar perplexidade e obscurecimento s pessoas em relao
[1] ao trabalho da igreja, [2] obra de Deus e [3] s palavras de advertncia que tm sido
dadas atravs dos testemunhos do Seu Esprito, para proteger Seu pequeno rebanho das
sutilezas do inimigo.26 A questo da ordenao da mulher afeta todas essas trs reas, pondo
em perigo a misso da igreja remanescente. A gravidade dessa questo ilustrada pelo fato
de que todos os lados da questo reivindicam o apoio da Bblia e dos escritos de Ellen G.
White para seus pontos de vista. Essa alegao de igual validade tem o efeito neutralizador
dessas fontes divinamente inspiradas, levando-nos a pensar que no podemos busc-las como
soluo. No obstante, como Ellen White nos lembra, a Palavra de Deus deve decidir todas
as controvrsias.27
APLICAO DOS PRINCPIOS DA INTERPRETAO
BBLICA DOS TEXTOS-CHAVE
INTERPRETAO DE 1 TIMTEO 2 E 3
No mago do debate da ordenao, encontra-se o conselho de Paulo especfico quanto
ao gnero em 1 Timteo 2-3. O apstolo decisivamente afirma o propsito por trs de seu
conselho: Escrevo-lhe estas coisas... para que saiba como as pessoas devem [grego dei]
comportar-se na casa de Deus, que a igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade
(1 Timteo 3:14-15).
1 TIMTEO 2. Paulo inicia 1 Timteo 2 indicando que a orao deve ser oferecida por
todas as pessoas. Ele apresenta vrios motivos: Deus o Salvador de todos; Ele deseja que
todas as pessoas sejam salvas; e Cristo Se entregou como resgate de todos (2:1-6; 4:10). Essa
linguagem inclusiva de gnero mostra que em outras partes, quando Paulo discute os
respectivos papis de homens e mulheres, seu uso dos termos especficos de gnero homem
(anr) e mulher (gyn) deliberado. Os homens devem liderar a orao e o culto (1Tm
2:8); as mulheres devem se submeter providncia de Deus, segundo a qual no devem estar
acima dos homens como autoridade de ensino na igreja (1Tm 2:11, 12). Essas instrues se
destinam a promover a harmonia no culto ao seguirem a ordem de Deus para a igreja.
A estrutura de 1 Timteo 2 e 3 inclui claramente sees especficas quanto questo
de gnero: homens (2:8), mulheres (2:9-15), ancios (3:1-7), diconos (3:8-10), mulheres
(3:11), diconos (3:12, 13). A ordem de Paulo em 2:11 especfica de gnero: A mulher
25 Ibidem, 273, 274; GC 389. 26 Manuscrito 72, p. 6; LC 95. Itlico e colchetes numerados acrescentados. 27 1888 45.10.
23
deve aprender em silncio, com toda a sujeio. Em Atos 22:2 e 2 Tessalonicenses 3:12,
silncio ou tranquilidade enfatiza o respeito e a humilde busca de paz e harmonia no
relacionamento. Aqui e em outras partes nos escritos de Paulo (1Co 14:34; Ef 5:21; Cl 3:18;
Tt 2:5), a sujeio sensivelmente governa as relaes entre homens e mulheres. No
contexto, ela sempre ocorre na estrutura da autoridade divina e na submisso a Deus; no se
refere submisso abusiva de todas as mulheres a todos os homens.
Paulo ento expande sua ordem: No permito que a mulher ensine, nem que tenha
autoridade sobre o homem. Esteja, porm, em silncio (1Tm 2:12). Em vez de prover
instruo apenas para uma suposta situao local isolada (em Efsios, onde Timteo estava
trabalhando), as palavras de Paulo (No permito) revelam a natureza universal da ordem do
apstolo. Essa proibio contra as mulheres ensinarem no tinha por alvo falsos ensinos,
como em 1 Timteo 6:3, que usa o termo especfico heterodidaskale, ensinar algo
diferente. Nas cartas de Paulo, o ensino significa instruo positiva (1Tm 3:2; 4:11; 6:2;
2Tm 2:2). Paulo no est requerendo o silncio total. As mulheres podem orar e profetizar
(1Co 11:5) e engajar-se no ministrio pessoal muito necessrio (ex.: quila e Priscila, At
18:26). Elas tambm so encorajadas a criar filhos religiosos (1Tm 5:10, 14), e as mulheres
idosas devem instruir as jovens (Tt 2:3-5).
Visto que a frase grega traduzida como tenha autoridade sobre o homem (1Tm
2:12) usada apenas uma vez na Bblia, no pode ser definida ao se examinar as ocorrncias
em outras partes. Mas o contexto imediato deixa claro seu significado:
ENSINO E APRENDIZAGEM SUBMISSO E AUTORIDADE
A mulher deve aprender em silncio, com toda a sujeio.
No permito que a mulher ensine, nem que tenha autoridade sobre o homem.
Esteja, porm, em silncio.
Ao colocar a proibio de ensinar e exercer autoridade sobre um homem entre as duas
admoestaes de silncio claramente pe essas frases em relao uma com a outra. Aprender
e no ensinar so contrapartes paralelas, como so a submisso e no ter autoridade. O
complemento lgico do aprendizado das mulheres o ensino dos homens e,
consequentemente, o complemento da submisso ao plano de Deus para a ordem da igreja
que as mulheres no tenham autoridade sobre o homem ao ocupar o ofcio de ancio.
Aqui e em outras partes nos escritos de Paulo (1Co 14:34; Ef 5:21; Cl 3:18; Tt 2:5), a
submisso rege as relaes homem-mulher, no apenas no lar, mas tambm na igreja, que
a famlia de Deus (1Tm 3:15). Essa submisso deve ser sempre entendida na estrutura da
autoridade divina e submisso a Deus; ela no se refere subordinao abusiva de todas as
mulheres a todos os homens. Em vez de prover instruo apenas para uma suposta situao
local isolada (em Efsios, onde Timteo estava trabalhando), a frase de Paulo (no
permito) revela sua aplicao universal.
No tem como objetivo o falso ensino, como em 1 Timteo 6:3, que usa o termo
especfico heterodidaskale, ensinar algo diferente. Nas cartas de Paulo, o ensino significa
24
instruo positiva (1Tm 3:2; 4:11; 6:2; 2Tm 2:2). Ele indica que as mulheres podem orar e
profetizar (1Co 11:5) e se envolver no ministrio pessoal muito necessrio (ex.: quila e
Priscila, At 18:26). Assim, elas no so proibidas de toda forma de ensino.28
Paulo fundamenta os pontos-chave de sua instruo na informao de Gnesis 2 e 3,
apresentando dois motivos para a liderana dos homens na igreja:
1. A ordem da criao: Porque primeiro foi formado Ado, e depois Eva (1Tm
2:13). Ao ir para Gnesis 1 e 2, Paulo baseia seu argumento no princpio universal da
criao, no na cultura ou na preocupao com a misso. Embora ambos, homem e
mulher, tenham sido criados imagem de Deus e, portanto, sejam iguais em natureza
(Gn 1:26, 27), Ado foi criado primeiro (Gn 2:7, 18-24). A mulher foi levada ao
homem (Gn 2:22) e, subsequentemente, o homem quem deve iniciar a entidade de
uma nova famlia (Gn 2:24). Deus apresenta Eva a Ado como auxiliadora, e no a
ordem inversa (Gn 2:18). As dinmicas da criao designadas por Deus traam as
distines entre o homem e a mulher e, de acordo com essas distines, a diferena de
papis.29 A igualdade da pessoa nunca esteve em questo, nem tampouco o homem
recebeu licena para abusar de sua autoridade.
2. A natureza do engano: E Ado no foi enganado, mas sim a mulher, que,
tendo sido enganada, tornou-se transgressora (1Tm 2:14). Gnesis 3, ao relatar a
triste histria da Queda, descreve a derrocada da liderana altrusta masculina: a
serpente fala mulher como se ela fosse a cabea e representante da famlia; a mulher
aceita o papel acordado pela serpente.30 Significativamente, foi um questionamento da
palavra de Deus Foi isto mesmo que Deus disse. (Gn 3:1) que a levou a ser
enganada. A atividade e iniciativa do homem foram o foco em Gnesis 2, mas agora,
no captulo 3, a mulher assume a iniciativa. Ela toma uma deciso, pega o fruto
proibido, come-o e o d a Ado (v. 6). Resumindo, h uma total inverso do princpio
de liderana com base na ordem da criao. O homem come o fruto em segundo
lugar, seguindo a iniciativa e exemplo da mulher. Paulo destaca os respectivos papis
de homens e mulheres estabelecidos na criao e as consequncias decorrentes da
inverso desse papel de liderana como o fundamento da Escritura para preservar a
autoridade de ensino do homem na igreja.
Significativamente, Paulo coloca a responsabilidade pela queda da humanidade sobre
Ado, e no sobre Eva (Rm 5:12-19; 1Co 15:22), confirmando novamente o papel de
liderana de Ado. Vrios fatos de Gnesis j apresentam este ponto: a noo da nudez ocorre
ao par somente depois que o homem come o fruto; Deus busca Ado (Onde est voc?, no
hebraico de Gnesis 3:9, refere-se apenas ao homem); e Deus considera o homem
primeiramente responsvel, como Suas perguntas deixam claro (v. 10, 11). O papel de Ado,
como o cabea do primeiro lar e lder espiritual da famlia humana, reafirmado depois da
Queda (Gn 3:16). Mesmo depois da cruz, essas estipulaes especficas de gnero
28 Elas tambm so encorajadas a criarem filhos religiosos (1Tm 5:10, 14), e as mulheres idosas devem instruir as jovens (Tt 2:3-5). 29 T6 236: Abaixo de Deus, deveria Ado desempenhar o papel de cabea da famlia humana. 30 Cf. Con 13-14, amplificando Gnesis 3:5, inclui a questo mais profunda do poder entre as tentaes: a serpente alegou que a proibio foi dada para mant-los [Ado e Eva] nesse estado de subordinao a fim de que no obtivessem conhecimento, que poder.
25
permanecem intactas: pois o marido o cabea da mulher, como tambm Cristo o cabea
da igreja, que o seu corpo, do qual ele o Salvador. Assim como a igreja est sujeita a
Cristo, tambm as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos (Ef 5:23, 24). O fato de
que Paulo fundamenta essa instruo com relao ao homem e mulher antes da Queda
mostra sua validade tambm para ns hoje.
A instruo de Paulo salvaguarda a famlia. No contexto da f em Cristo e da
submisso vontade de Deus, o homem deve exercer um importante papel como
lderespiritual do lar. Seu ensino e exemplo devem ter uma influncia positiva; ele no deve
ser ditatorial, aviltante ou indulgente. por isso que Paulo insiste que a elegibilidade do
homem para a liderana da igreja se baseie nas qualidades-chave do carter e em sua
liderana espiritual bem-sucedida no lar (1Tm 3:2-5). Em uma poca em que a cultura est
rapidamente redefinindo o gnero e desafiando exatamente a estrutura da famlia, a igreja
faria bem em seguir as sbias orientaes da Palavra de Deus nas relaes entre homens e
mulheres, bem como em todas as outras questes de f e prtica.
1 TIMTEO 3. Com base nessa compreenso de Gnesis, em 1 Timteo 3, Paulo volta
questo dos bispos. Esse era um tema importante para ele e mais especialmente para a
igreja. Em outro lugar, Paulo escreveu a Tito que ele pusesse em ordem o que ainda faltava
e constitusse presbteros em cada cidade, como eu o instru (Tito 1:5). Foram dadas
instrues detalhadas a Timteo e a Tito quanto s qualificaes do bispo, que mordomo de
Deus (Tito 1:7).
Com respeito ao antecedente histrico dessas instrues, no h evidncia na epstola
em si ou nas fontes histricas do primeiro sculo para crer que a situao da igreja que
Timteo enfrentava em feso era algo nico ou que 1 Timteo, principalmente, trata de um
problema na igreja local. Diferentemente de outras epstolas de Paulo, que claramente so
endereadas a igrejas individuais e sua situao local, as epstolas a Timteo e a Tito so
endereadas aos ministros. Esses homens no permaneceram em um lugar para servir a uma
nica congregao; Paulo esperava que eles aplicassem essas instrues a quaisquer igrejas
que fossem estabelecidas (Tito 1:5). Se quaisquer das epstolas se destinam a instrues
gerais para a igreja como um todo, so estas especialmente em vista das orientaes que
Paulo deu de que sua vida poderia em breve ser tirada (2Tm 4:6).
Ao longo da discusso sobre os oficiais da igreja em 1 Timteo 3, Paulo usa uma
linguagem muito especfica. Ele emprega termos tcnicos supervisor (episkopos) e
dicono (diakonos). Ele tambm usa as palavras homem e mulher em seu sentido mais
especfico de marido e mulher. Portanto, uma clara progresso pode ser vista em 1
Timteo 2-3 dos termos gerais (por todos) em 2:1-6 a termos mais especficos (homens e
mulheres) em 2:8-15, a ainda mais especficos (marido de uma s mulher) em 3:2, 12 (cf.
Tito 1:6). O supervisor/bispo deve ser (dei . . . einai) o marido de uma s mulher porque ele
responsvel pela superviso do ensino e da instruo na palavra (3:2; Tito 1:7).
O uso do genrico algum (tis) no verso 1 no nega a especificao; antes, a
especificao de gnero marido de uma s mulher limita quem se qualifica. Primeiro,
Timteo 3:1 fala de um ofcio (episcop) a ser ocupado. Os versos seguintes revelam que
apenas o homem que satisfaz qualificaes especiais pode ocupar essa posio. A mulher no
satisfaz a qualificao de gnero e, assim sendo, no pode ser ordenada para o ofcio de
26
presbtero ou bispo (termos que Paulo usou alternadamente em Tito 1:5-9).31 Se Paulo tivesse
a inteno de permitir que as mulheres fossem includas entre os bispos, ele poderia ter
especificado ambas as possibilidades, como o vemos fazendo, extensivamente, em outras
partes em termos do relacionamento de marido-mulher (1Co 7:1-16). Portanto, marido de
uma s mulher significa exatamente o que ele diz: que o bispo deve ser homem casado com
uma nica mulher, conforme mostram 56 de 61 tradues inglesas consultadas (incluindo as
mais recentes).32 O reconhecimento desse elemento masculino por tantas equipes de
tradutores ao longo dos anos at o presente um eloquente testemunho de que nesse ponto
Paulo claro e inequvoco. Apenas quatro tradues, pretendendo a neutralidade de gnero,
se afastam do significado amplamente aceito e estabelecido da frase marido de uma
mulher.
As qualificaes dadas para o ancio em 1 Timteo 3:2-5 se concentram no tipo de
pessoa que ele em casa, na igreja e na sociedade. Paulo destaca que somente aqueles que
satisfazem as qualificaes que ele expe devem liderar a igreja de Deus. Essas qualificaes
so as de que um lder da igreja, especificamente um presbtero ou bispo, deve ser um marido
fiel de uma s mulher que d evidncia de liderana bem-sucedida em sua famlia, o que o
qualifica para cumprir o cargo de liderana na casa de Deus, a igreja (1Tm 3:15), que
formada por muitas famlias. Ainda, ele deve ser irrepreensvel, temperante, sbrio, de bom
comportamento, hospitaleiro, apto para ensinar, exortar e convencer pela slida doutrina
aqueles que contradizem, e ter boa reputao entre os de fora, entre outras qualificaes
apresentadas (1Tm 3:1-7; Tt 1:5-7). bvio que nem todos se qualificam para o sagrado
chamado de liderana de uma congregao da igreja, mas somente homens que tm registro
comprovado de liderana bem-sucedida no lar e que tm um elevado compromisso espiritual
e um estilo de vida moral e religioso. A adequao de um homem para a liderana na igreja
se baseia em quo bem ele tem administrado seu lar. A meno dos filhos, no final do verso 4
(tendo os filhos sujeitos a ele, com toda a dignidade) diz igreja onde buscar evidncia
para apoiar a qualificao na primeira metade do verso (Ele deve governar bem sua prpria
famlia). Isso importante porque se algum no sabe governar sua prpria famlia, como
poder cuidar da igreja de Deus? (v. 5).
verdade que vivemos em um mundo em nada ideal. Isso nos leva a eleger ancios
que talvez no satisfaam o ideal das qualificaes bblicas. Alguns so menos temperantes
que outros; alguns se envolvem mais ou menos em bom comportamento; alguns so mais
ou menos hospitaleiros; etc. Essas qualificaes so avaliadas em graus. Onde esto
envolvidos graus, no nos seguro traar linhas arbitrrias quando a Escritura no nos deu
orientao. Mas isso no se refere ao requerimento fundamental de gnero. Os homens no
so mais ou menos masculinos. O gnero no medido em graus. um requerimento claro e
sem ambiguidade que no nos deixa espao para concluses errneas ou m interpretao.
IMPLICAES. Embora 1 Timteo 3:2 exclua as mulheres do ofcio de presbtero ou
bispo, nada as impede de seguir servindo igreja em muitas funes diferentes, presumindo
que estejam dispostas a trabalhar em cooperao com a autoridade de liderana que Deus
estabeleceu para a igreja e no a minar ou question-la. O princpio bblico da liderana
31 Ver Sorke, Adam, Where Are You? 31, 32, http://www.adventistarchives.org/adam,-where-are-you.pdf. 32 Ver Wahlen, Is Husband of One Wife in 1 Timothy 3:2 Gender-Specific?, 29-30, 35-39.
27
piedosa do homem, quer no lar quer na igreja, deve ser exercido em servio amoroso sob o
senhorio de Cristo como convm a quem est no Senhor (Cl 3:18).
RELACIONAMENTO DE HOMENS E MULHERES EM 1 CORNTIOS 11
Outro lugar onde Paulo aborda o relacionamento de homens e mulheres na igreja em
1 Corntios 11, onde o contexto o de diviso e desordem na igreja. Nos captulos anteriores,
Paulo pede aos corntios para no serem motivo de tropeo igreja de Deus (10:32), e cita a
si mesmo como modelo (10:33-11:1).
O verso 3 estabelece o princpio: Quero, porm, que entendam que o cabea de todo
homem Cristo, e o cabea da mulher o homem, e o cabea de Cristo Deus. Na
sequncia, Paulo coloca o relacionamento de homem e mulher entre a autoridade de Cristo
sobre o homem e a autoridade de Deus (o Pai) sobre Cristo, indicando que exatamente to
vlida como os outros dois relacionamentos de liderana. Visto que nenhum desses outros
dois relacionamentos pode ser desafiado, o relacionamento que Deus estabeleceu entre os
sexos tambm no pode ser desafiado. Na verdade, 1 Corntios 15:28 mostra que a autoridade
de Deus sobre Cristo continua, mesmo na nova criao, muito alm do reino do pecado.
Os versos 4 e 5 destacam que esse princpio se aplica conduta na igreja. Os versos 7-
9 proveem a justificativa bblica e teolgica para este princpio: o homem imagem e glria
de Deus; mas a mulher glria do homem. Pois o homem no se originou da mulher, mas a
mulher do homem. Paulo est aqui destacando a ordem e o propsito na criao do homem e
da mulher, como o motivo porque o homem o cabea da mulher e porque a aplicao do
princpio diferente para os homens e para as mulheres. O homem foi criado primeiro, para a
glria de Deus, enquanto a mulher foi criada em segundo lugar, para a glria do homem,
como algum que o auxilie e lhe corresponda (Gn 2:18). Portanto, quando as mulheres
aparecem na presena de Deus, elas devem demonstrar sua reverncia a Deus de forma
diferente: o cabea de todo homem Cristo, mas o cabea da mulher o homem e, assim
sendo, o homem no deve cobrir a cabea, que representa Cristo, mas a mulher deve cobrir a
cabea, como um smbolo de sua submisso liderana e autoridade que Deus estabeleceu na
igreja. O texto no prov evidncia de motivo local ou cultural para a liderana do homem.
Embora o respeito pela autoridade possa ter sido expressado de forma diferente nos dias de
Ado, em Corinto no tempo de Paulo, ou nas sociedades modernas, sempre que o princpio
for honrado se mostrar respeito para com o plano de Deus para a liderana no lar e na igreja.
O verso 10 acrescenta um fato importante para o raciocnio dos versos 7 a 9 de que
a cabea coberta um smbolo de autoridade: Por essa razo a mulher deve ter sobre a
cabea um sinal de autoridade. Isso esclarece qual a questo: que a mulher age sob a
autoridade de outra pessoa. O princpio da submisso liderana piedosa na igreja segue
sendo vlido, ainda que o smbolo exterior da submisso da mulher a essa autoridade de
liderana (cobrir a cabea) possa ser expresso de forma diferente em muitas culturas hoje.
Os versos 11 e 12 advertem contra o abuso dos privilgios da liderana, lembrando os
homens que no so independentes das mulheres, mas apenas que assim como a mulher
proveio do homem, tambm o homem nasce da mulher. Mas tudo provm de Deus. Essa
interdependncia diferente do relacionamento no recproco da autoridade masculina, e
mostra claramente que Paulo no est limitando sua preocupao com maridos e mulheres, no
28
lar, mas fala de homens e mulheres em geral, visto que o marido no vem existncia atravs
da esposa, mas o homem vem existncia atravs de sua me.
Alguns captulos depois, Paulo discute a conduta desordenada na igreja. Devido aos
que desejam debater sua instruo, ele acrescenta: Se algum pensa que profeta ou
espiritual, reconhea que o que lhes estou escrevendo mandamento do Senhor. Se ignorar
isso, ele mesmo ser ignorado (14:37, 38). Dessa forma, Paulo exclui qualquer base para
desafiar seu ensino.
GLATAS 3:26-29
Glatas 3:26-29 trata do relacionamento entre Deus e Seu povo. Cada verso foca
nessa conexo: Todos vocs so filhos de Deus mediante a f em Cristo Jesus (v. 26). Pois
os que em Cristo foram batizados, de Cristo se revestiram (v. 27). No h judeu nem grego,
escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos so um em Cristo Jesus (v. 28). E, se
vocs so de Cristo, so descendncia de Abrao e herdeiros segundo a promessa (v. 29). 33
Paulo no escreve que em Cristo o homem no mais o cabea da mulher ou que
homens e mulheres podem agora servir como bispos/presbteros na igreja. Essas
declaraes estariam em conflito com seu prprio testemunho em 1 Corntios 11:3; Efsios
5:22-33; 1 Timteo 3:1-7 e Tito 1:5-9. A questo de Paulo clara: a etnia, as circunstncias
econmicas e o gnero no concedem a algum um status privilegiado sobre os demais diante
de Deus.
Ademais, a cruz no apagou as distines funcionais estabelecidas por Deus antes do
pecado. O homem ainda deve cumprir o papel de pai e marido, e a mulher, o papel de me. A
esposa ainda deve se submeter liderana amorosa de seu marido no Senhor, e os maridos
ainda devem amar as esposas (Ef 5:22-25). No h aluso em Glatas 3:28 ou em seu
contexto indicando que Paulo estava tratando dos papis no lar ou na igreja.
O contexto de Glatas 3 indica que Paulo estava tratando das questes da justificao,
do batismo em Cristo e do recebimento do Esprito no incio da vida crist, no dos ofcios ou
posies de liderana na igreja. Se desejarmos saber o que Paulo tinha a dizer a respeito das
qualificaes para as funes de liderana da igreja, devemos ir aos lugares onde ele trata
dessas questes especficas nas epstolas pastorais de Primeira Timteo e Tito.
As passagens do Novo Testamento sobre liderana e as relaes homem-mulher na
igreja, consistentemente, indicam um plano apontado por Deus para que homens qualificados
liderem a igreja. Como Ellen White afirma: As Escrituras so claras sobre as relaes e
direitos de homens e mulheres.34
IGUALDADE E DIFERENA ENTRE HOMEM-MULHER EM GNESIS 1 A 3
Como vimos, Paulo estabelece sua compreenso de liderana no lar e na igreja com
base nos primeiros captulos de Gnesis. Sua interpretao revela uma compreenso inspirada
quanto ao significado dessas passagens. No reino de Deus, os relacionamentos entre os seres
33 nfase acrescentada. 34 T1 421.
29
humanos se destinam a refletir os relacionamentos entre a Divindade e entre os anjos, que so
caracterizados por igualdade, bem como por diferenas funcionais.35
Igualdade entre Homem-Mulher em Gnesis 1 e 2. Os primeiros captulos da
Bblia apresentam o propsito divino para os relacionamentos entre homens e mulheres. O
primeiro captulo do livro de Gnesis revela que ambos - homem e mulher - foram criados
imagem de Deus. O registro da Escritura afirma: Ento disse Deus: Faamos o homem
nossa imagem, conforme a nossa semelhana. [] Criou Deus o homem sua imagem,
imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou (Gn 1:26, 27). Foi-lhes ordenado ser
frutferos e se multiplicar, povoar a terra e domin-la, e exercer domnio sobre todas as coisas
vivas (Gn 1:26-28).
Este captulo mostra que tanto o homem quanto a mulher tm igualdade bsica de
natureza, essncia ou ser, porque ambos foram criados imagem de Deus. Essa viso est em
harmonia com o ensino claro do apstolo Paulo com respeito ao valor igual de homens e
mulheres como herdeiros da salvao (Gl 3:26-29).36
Gnesis 2 se baseia em Gnesis 1, revelando relacionamento entre homens e mulheres
piedosos, derivado da forma pela qual Deus criou primeiro o homem e ento criou a mulher
do homem. Ento o Senhor Deus fez o homem cair em profundo sono e, enquanto este
dormia, tirou-lhe uma das costelas, fechando o lugar com carne. Com a costela que havia
tirado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher e a trouxe a ele. Disse ento o homem:
Esta, sim, osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela ser chamada mulher, porque
do homem foi tirada (Gn 2:21-23). Ellen White comenta esse evento:
O prprio Deus deu a Ado uma companheira. Proveu-lhe uma adjutora
ajudadora esta que lhe correspondesse a qual estava em condies de ser sua
companheira, e que poderia ser um com ele, em amor e simpatia. Eva foi criada de
uma costela tirada do lado de Ado, significando que no o deveria dominar, como a
cabea, nem ser pisada sob os ps como se fosse inferior, mas estar a seu lado como
igual, e ser amada e protegida por ele. Como parte do homem, osso de seus ossos, e
carne de sua carne, era ela o seu segundo eu, mostrando isto a ntima unio e apego
afetivo que deve existir nesta relao. Porque nunca ningum aborreceu a sua prpria
carne; antes a alimenta e sustenta. Efsios 5:29. Portanto deixar o varo a seu pai e
a sua me, e apegar-se- sua mulher, e sero ambos uma carne. Gnesis 2:24.37
Esta declarao mostra que a mulher deve estar ao lado do homem como igual no
ser inferior ou superior, mas igual ao homem. Ellen White, ademais, acrescenta: O santo par
no devia ter nenhum interesse independente um do outro; e no obstante cada um possua
individualidade de pensamento e de ao.38
35 PE 167. Para essas diferenas funcionais, ver Jerry Moon, Ellen White, Ordination, and Authority (documento apresentado na Comisso de Estudo da Teologia da Ordenao, 22-24 de julho de 2013), 3- 6, http://www.adventistarchives.org/ellen-white,-ordination,-and-authority.pdf; Damsteegt, Headship, Gender, and Ordination in the Writings of Ellen G. White (documento apresentado na Comisso de Estudo da Teologia da Ordenao, 22-24 de julho de 2013), 10-14, http://www.adventistarchives.org/headship,-gender,-and-ordination-in-the-writings-of-ellen-g.-white.pdf. 36 Para uma exposio sobre Glatas 2:28, ver Stephen Bohr, A Study of 1 Peter 2:9, 10 and Galatians 3:28 (apresentado na Comisso de Estudo da Teologia da Ordenao, 22-24 de julho de 2013), http://www.adventistarchives.org/a-study-of-i-peter-2.9,-10-and-galatians-3.28.pdf. 37 PP 18, 19. 38 T3 484.
30
A declarao acima sobre a importncia da igualdade tambm introduz o conceito de
que Ado e Eva tinham diferenas de funo. A primeira declarao de Ellen White, acima
citada, indica que mesmo no den, antes da Queda, sem qualquer ameaa de dano fsico, uma
das tarefas de Ado era proteger sua companheira que devia ser amada e protegida por
ele.39 Em parte alguma h a afirmao de que Eva devia proteger Ado. Por conhecer o
futuro, Deus trouxe Eva para Ado porque ela foi criada para ele e dele. Isso indica uma
importante distino de papis entre o homem e a mulher.
Diferena entre Homem-Mulher em Gnesis 1 e 2. Embora Gnesis 1 indique que
Deus fez os seres humanos fisicamente diferentes, como homem e mulher,40 o segundo
captulo explica em detalhes como essa criao, com diferenas funcionais, ocorreu e as
responsabilidades dadas ao homem antes da mulher ser criada. Ele descreve a formao do
homem do p (Gn 2:7), o jardim que Deus preparou e a responsabilidade que deu ao homem
para cuidar dele e cultiv-lo (Gn 2:15), a ordem quanto ao que poderia ser comido (2:16), e
a advertncia sobre a rvore proibida (2:17). Depois disso, Deus trouxe os animais e as aves e
deu a Ado a responsabilidade de lhes dar nome: e o nome que o homem desse a cada ser
vivo, esse seria o seu nome (v. 19). Como resultado, Ado descobriu sua prpria
necessidade de uma companheira: Todavia no se encontrou para o homem algum que o
auxiliasse e lhe correspondesse (v. 20). Ento o Senhor Deus fez o homem cair em
profundo sono e, enquanto este dormia, tirou-lhe uma das costelas, fechando o lugar com
carne. Com a costela que havia tirado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher e a trouxe a
ele (v. 21, 22), e deu a Ado o privilgio de tambm dar nome a sua companheira: Ela ser
chamada mulher, porque do homem foi tirada, ele disse (2:23).
Com base nesse relacionamento divinamente estabelecido entre Ado e Eva, Deus
indica tambm que no relacionamento conjugal, o homem deve tomar a iniciativa, deixar sua
famlia e se unir sua esposa (Gn 2:24). Neste momento, Eva considera Ado seu marido
(Gn 3:6). Ellen White interpreta o termo marido como querendo significar que ele o lao
de unio da famlia, unindo os membros entre si, da mesma forma que Cristo a cabea da
igreja, e o Salvador do corpo mstico.41 Assim, a evidncia interna em Gnesis, antes da
queda de Ado, revela seu papel de liderana e sua responsabilidade para com a mulher.
Que tipo de relacionamento havia entre o homem e a mulher nessa ocasio? Aqui
precisamos seguir a importante norma de interpretao ao consultar a Bblia toda para ver se
h quaisquer outras referncias indicando o relacionamento entre o homem e a mulher em
Gnesis 2 antes do pecado, porque o Novo Testamento explica o Antigo.42 Voltemos para 1
Corntios 11, onde Paulo destaca que o relacionamento de Ado e Eva antes da Queda se
baseava no princpio da autoridade/liderana que j existia na Divindade. No contexto da f,
Paulo deseja que os crentes saibam que o cabea de todo homem Cristo, e o cabea da
mulher o homem, e o cabea de Cristo Deus (1Co 11:3).
O Novo Testamento traz mais evidncias sobre esses relacionamentos. Em 1 Timteo,
referindo-se a Gnesis 2, Paulo ilustra o princpio da liderana com a criao do homem.
39 PP 19. 40 A respeito de suas diferenas fsicas, Ellen White Escreve: Eva no era to alta quanto Ado. Sua cabea alcanava pouco acima dos seus ombros. (HR 20). 41 LA 215. 42 Ev 579.
31
Com respeito ordem na igreja, a casa de Deus, que a igreja do Deus vivo, coluna e
fundamento da verdade (1Tm 3:15), Paulo escreve que ele no permite que a mulher ensine
ou tenha autoridade [ARC, nem use de autoridade] sobre o homem (1Tm 2:12), Porque
primeiro foi formado Ado, e depois Eva (1Tm 2:13).
A explanao do Novo Testamento para o relacionamento entre o homem e a mulher
antes do pecado claramente ensina que o homem recebeu a funo de liderana no lar e na
igreja. Visto que a autoridade e a submisso so princpios no Cu (1Co 11:3), de igual forma
os seres humanos na Terra foram criados para refletir a imagem de Deus.
Nas seguintes declaraes, Ellen White confirma o papel de Ado no Jardim do den:
Sob o controle divino, Ado deveria ser o lder da famlia terrestre, para manter os
princpios da famlia celestial.43 Ado foi nomeado por Deus como o soberano do mundo,
sob a superviso do Criador:44 O sbado foi confiado a Ado, pai e representante de toda a
famlia humana.45 Ado era senhor em seu belo domnio.46
Embora ambos tivessem recebido o domnio da terra (Gn 1:26, 27), a liderana nesse
relacionamento foi dada a Ado. Ado foi corado rei no den. A ele foi dado o domnio
sobre cada ser vivo que Deus criara. O Senhor abenoou Ado e Eva com inteligncia tal que
no dera a qualquer outra criatura. Ele fez Ado o legtimo soberano sobre todas as obras de
Suas mos.47 Os papis e ttulos de liderana iguais de Ado e Eva so completamente
ausentes dos escritos inspirados. Somente Ado designado como o cabea.48
Tanto a Bblia quanto os escritos de Ellen White apresentam Ado como exercendo o
papel de liderana em termos do relacionamento homem-mulher e mesmo em termos de seu
domnio sobre a terra antes da Queda. O que os escritos inspirados nos dizem a respeito de
seu relacionamento depois da Queda?
RELACIONAMENTO DO HOMEM E DA MULHER DEPOIS DA QUEDA EM GNESIS 3
Depois da Queda, o papel de autoridade de Ado se tornou ainda mais destacado. Foi
somente depois que Ado, como lder, seguiu sua esposa na senda da desobedincia e do
pecado, que seus olhos foram abertos, e eles entenderam sua condio pecaminosa e a
resultante nudez (Gn 3:7). Em seguida, Deus vem e pergunta a Ado (no a Eva) como o
lder responsvel (3:9-12). Ento, Ele se dirige mulher (3:13). Finalmente, Deus pronuncia
o juzo sobre cada parte, iniciando com a serpente e sua derrota final (3:14, 15). Ado
recebeu a pena de morte, que consequentemente afetou cada ser vivo (Rm 5:12). Ento ele foi
expulso do Jardim, e sua esposa o seguiu.
A Queda de Ado e Eva trouxe uma mudana no relacionamento entre eles. A
punio de Deus sobre a mulher foi a dor no parto e a de que seu desejo ser para o seu
marido, e ele a dominar (Gn 3:16). Assim como a dor entrou na experincia do parto como
resultado do pecado, assim observamos mudana na forma de funcionamento do princpio da
autoridade. Antes da Queda, havia um relacionamento harmonioso no qual Eva alegre e
43 RC 43; ver tambm T6 236. 44 White, Marriage in Galilee, BE 28 de agosto de 1899 (cf. ST 29 de abril de 1875). Ver tambm RH 24 de fevereiro de 1874. [Traduo livre.] 45 PP 20. 46 FE 38. 47 White, Redemption; ou a Temptation of Christ, 7; tambm em 1BC 1082. [Traduo livre.] 48 Ver John W. Peters, Restoration of the Image of God: Headship and Submission (apresentado na Comisso de Estudo da Teologia da Ordenao, 21-25 de janeiro de 2014), 9, http://www.adventistarchives.org/restoration-of-the-image-of-god-headship-and-submission-john-peters.pdf
32
prontamente aceitava a liderana piedosa de Ado, submetendo-se sem ressentimento ou
coao. Contudo, uma vez que seu relacionamento foi quebrado e distorcido pelo pecado, foi
necessrio que Deus impusesse o papel de Ado por meio de comando. O princpio em si no
havia mudado, mas a mulher devia agora aceitar seu domnio sobre ela (Gn 3:16), embora
seu novo desejo decorrente do pecado fosse dominar sobre ele (note o significado similar dos
termos em ntimo paralelo alguns versos depois, em Gn 4:7).49 A mudana no foi em termos
de duas cabeas pr-Queda serem reduzidas a uma, mas de passar de uma cooperao
harmoniosa e disposta com a liderana de Ado a um relacionamento diferente que incluiria
tenso na famlia humana, entre os dois gneros. Como resultado, a harmonia somente
poderia ser preservada pela submisso (agora no natural) da mulher ao homem, visto que s
pode haver uma autoridade/lder em qualquer relacionamento. Do contrrio, haveria conflito
constante e aberto quanto autoridade.
Essa autoridade no lar (bem como na famlia da f) dada por Deus, mas nunca deve
ser exigida, usada autocraticamente ou de forma abusiva. Antes, ela deve ser expressa em
cuidado amoroso da esposa, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se a si mesmo por
ela (Ef 5:25). Essa a natureza da autoridade de liderana, conforme modelada por Deus em
Cristo (1Co 11:3; Ef 5:22, 33).
Para Ado, Deus disse: Visto que voc deu ouvidos sua mulher e comeu da rvore
proibida, a terra ser amaldioada e voc morrer (Gn 3:17,19). Comparando verso com
verso, notamos que o Novo Testamento tambm ensina que Ado, como lder, foi
responsvel pela entrada do pecado na raa humana, no Eva, a despeito de haver sido a
primeira a transgredir a ordem de Deus. Consequentemente, assim como uma s
transgresso resultou na condenao de todos os homens, assim tambm um s ato de justia
resultou na justificao que traz vida a todos os homens (Rm 5:18). Claramente, o contraste
que Paulo faz do papel de Ado com o de Cristo est fundamentado no fato de que Ado era
o lder responsvel. Embora Ado tenha seguido a liderana de sua esposa em desobedincia,
a Bblia segue honrando o papel de Ado como a cabea da raa humana e de sua famlia.
Nas geraes subsequentes, seguindo esse desgnio divino de autoridade, os maridos
ocuparam papis similares de liderana. Ellen White escreve: Nos tempos primitivos o pai
era o governador e sacerdote de sua famlia, e exercia autoridade sobre os filhos. [...] Os
descendentes eram ensinados a consider-lo como seu chefe, tanto em assuntos religiosos
como seculares.50 Abrao, representante da verdade de Deus e pai dos verdadeiros crentes,
seguiu esse padro divino. Ellen White acrescenta: Este sistema de governo patriarcal
Abrao esforou-se por perpetuar, sendo que o mesmo favorecia a conservar o conhecimento
de Deus.51 Com o xodo de Israel do Egito, Deus estabeleceu a nao de Israel como Seu
reino na Terra e nomeou homens para liderar Seu povo. A partir da, somos apresentados ao
conceito de ordenao, que significa colocar homens qualificados para o servio nos ofcios
de liderana a fim de poderem guiar o povo de Deus sob Sua direo.
ORDENAO BBLICA
49 Paul Ratsara e Daniel K. Bediako, Man and Woman in Genesis 1-3: Ontological Equality and Role Differentiation (documento apresentado na Comisso de Estudo da Teologia da Ordenao, 22-24 de julho de 2013), http://www.adventistarchives.org/man-and-woman-in-genesis-one-thru-three. pdf. 50 PP 93. 51 Ibidem.
33
ANTIGO TESTAMENTO
O Antigo Testamento registra ocasies de nomeaes especiais liderana. Embora
as tradues recentes da Bblia no usem os termos ordenar e ordenao, o conceito est
presente na Escritura. Muitos, incluindo Ellen White, usaram esse termo para se referir a
essas nomeaes a cargos de autoridade entre o povo de Deus. Ainda que Moiss (e depois
Josu) desempenhou a responsabilidade principal de liderana em Israel, representando uma
combinao mpar de papis de liderana religiosa e civil, o ofcio em Israel mais ilustrativo
para nosso entendimento da ordenao o do sacerdcio. Ao contrrio dos ofcios de
liderana civil do juiz e, depois, do rei, o sacerdote era o responsvel por liderar Israel em
adorao e instruo religiosa. Portanto, o sacerdote representa o paralelo mais prximo s
funes de liderana na igreja do Novo Testamento.52 Pouco depois do xodo do Egito, Deus
escolheu Aro e seus filhos para conduzir os servios religiosos do santurio. Atravs de uma
cerimnia especial durante a qual Moiss tambm foi ungido com leo, eles foram
santificados ou separados e consagrados para ocupar o cargo de sacerdote (x 29:1-37; Lv 8).
Ainda, havia levitas que eram separados pela imposio das mos (Nm 8:10) e ancios que
cumpriam papis um pouco inferiores como lderes religiosos.
Alm desses vrios papis de liderana, o Antigo Testamento identifica vrias
mulheres que foram influentes em Israel, incluindo as profetisas Miriam, Hulda e Dbora
(que tambm julgavam53 o povo), e a rainha Ester. Embora nenhuma dessas mulheres tenha
atuado no ofcio de sacerdotisa ou anci ou tenha sido ordenada, Deus as usou poderosamente
e elas cumpriram papis vitais em determinados perodos da histria de