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TEOLOGIA DO TERCEIRO MUNDO A teologia do Terceiro Mundo tem como marco de identidade a convocação do povo em busca de dignidade de sentido e humanidade mais plena para sua vida, assim como o compromisso solidário com a libertação e com a práxis da libertação dos pobres e oprimidos. De acordo com Gibellini 1 , o Manifesto de Dar-es-Salaam reforça essa identidade da teologia do Terceiro Mundo, posto que ela é uma teologia “consciente do impacto das condições políticas, sociais, econômicas, culturais, raciais e religiosas sobre a teologia”, visto que é “consciente da necessidade de uma abordagem teológica dos problemas” e, até mesmo, de “uma ruptura epistemológica”, como expressa o Manifesto: “Estamos preparados para uma radical ruptura epistemológica que faça do compromisso o primeiro ato teológico, levando assim a uma reflexão crítica sobre a práxis da realidade do Terceiro Mundo.” A teologia do 3º Mundo é uma teologia que acompanha o povo na busca de dignidade, de sentido de vidas, de uma vida humana mais plena; ela, portanto, reúne metodologicamente teoria e práxis: em 1º lugar, vêm o compromisso com a libertação e a práxis-de-libertação; é a partir da práxis que toma forma a teoria; a teologia articula a verdade da práxis. Teologia Africana – Da análise de Bimwenyi resultam três afrescos: a) a experiência da palavra como “verbo”: Deus é o senhor do verbo originários, primordial, que faz vibrar o mundo (daí a importância do tambor e da dança na religiosidade africana); b) a experiência da teo-terapia: o homem é um ser voltado-para-Deus, visto como Anterior aos próprios antepassados que são os fundadores das estirpes, como o Diverso do mundo, como o Benéfico e o Pródigo, como o Desconcertante e o Exigente que não está às ordens do homem; c) a experiência do homem como encruzilhada e nó de relações: para Deus (teo-tropia), para a comunidade (membralidade), para o cosmo (osmose ontológica). Em 1 GIBELLINI, Rosino. A teologia do século XX. São Paulo: Loyola, 1998, p. 450.

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TEOLOGIA DO TERCEIRO MUNDO

A teologia do Terceiro Mundo tem como marco de identidade a convocação do povo em busca de dignidade de sentido e humanidade mais plena para sua vida, assim como o compromisso solidário com a libertação e com a práxis da libertação dos pobres e oprimidos.

De acordo com Gibellini1, o Manifesto de Dar-es-Salaam reforça essa identidade da teologia do Terceiro Mundo, posto que ela é uma teologia “consciente do impacto das condições políticas, sociais, econômicas, culturais, raciais e religiosas sobre a teologia”, visto que é “consciente da necessidade de uma abordagem teológica dos problemas” e, até mesmo, de “uma ruptura epistemológica”, como expressa o Manifesto: “Estamos preparados para uma radical ruptura epistemológica que faça do compromisso o primeiro ato teológico, levando assim a uma reflexão crítica sobre a práxis da realidade do Terceiro Mundo.”

A teologia do 3º Mundo é uma teologia que acompanha o povo na busca de dignidade, de sentido de vidas, de uma vida humana mais plena; ela, portanto, reúne metodologicamente teoria e práxis: em 1º lugar, vêm o compromisso com a libertação e a práxis-de-libertação; é a partir da práxis que toma forma a teoria; a teologia articula a verdade da práxis.

Teologia Africana – Da análise de Bimwenyi resultam três afrescos: a) a experiência da palavra como “verbo”: Deus é o senhor do verbo originários, primordial, que faz vibrar o mundo (daí a importância do tambor e da dança na religiosidade africana); b) a experiência da teo-terapia: o homem é um ser voltado-para-Deus, visto como Anterior aos próprios antepassados que são os fundadores das estirpes, como o Diverso do mundo, como o Benéfico e o Pródigo, como o Desconcertante e o Exigente que não está às ordens do homem; c) a experiência do homem como encruzilhada e nó de relações: para Deus (teo-tropia), para a comunidade (membralidade), para o cosmo (osmose ontológica). Em resumo: para o homem embarcado na piroga do mundo, todos as coisas falam de Deus. (p. 463).

Teologia Africana da Libertação – a teologia latino-americana da libertação insiste na dimensão socioeconômica da pobreza e da libertação. Mas o fato é que na África a pobreza não é apenas um fenômeno socioeconômico. É condição humana, em sua raiz, que foi espoliada, traumatizada, empobrecida. A pobreza africana é uma pobreza antropológica.

Na África do Sul, emerge, nos anos 70 a teologia negra no contexto do movimento de lutas contra o Apartheid. A teologia negra está revoltada contra a escravização espiritual do povo negro e contra a perda da dignidade e do valor humano desse mesmo povo. É uma teologia a procura de novos símbolos mediante os quais afirma a humanidade negra. É uma teologia dos oprimidos, feita pelos oprimidos, para a libertação dos oprimidos. (p. 469).

Para Desmond Tuto, a teologia negra se fundamenta em três categorias: afirmação da própria identidade negra; negação do apartheid e de suas justificativas culturais e religiosas; libertação como práxis para tornar concreto o direito de existir. (p. 471).

1 GIBELLINI, Rosino. A teologia do século XX. São Paulo: Loyola, 1998, p. 450.

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A teologia asiática da libertação – a teologia asiática é antes de mais nada uma teologia do 3º Mundo e que, portanto, deve ser desenvolvida na linha da teologia da libertação.