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MEDIÇÃO DO SUCESSO UNIVERSIDADE DIGITAL TENDÊNCIAS TERÇA-FEIRA, 6 DE NOVEMBRO DE 2012 | N.º 33 PAG. 23 Alteração e avaliação do impacto social Nas palavras de Lúcio Aneu Sé- neca, um dos mais célebres inte- lectuais do Império Romano, “a educação exige os maiores cuida- dos, porque influi sobre toda a vi- da”. Quando estas sábias palavras foram proferidas, corria o século I depois de Cristo. A ideia de educa- ção à distância (EaD) estaria certa- mente tão longe das mentes dos ci- dadãos romanos, como aqueles tempos estão dos nossos. No entanto, quer se trate de um século remoto que abraçou um po- deroso império há muito caído, ou se trate dos nossos dias, em pleno século XXI, há indiscutivelmente algo em comum às duas eras: a educação deve, de facto, ser alvo dos maiores cuidados e atenções porque tem o poder de mudar vi- das. É desse poder, dessa capacida- de que a educação tem para alterar a vida das pessoas para melhor, que nos vamos ocupar ao longo deste texto. Apresentaremos duas histórias retiradas da mais credível das fon- tes, o mundo real e, em particular, falaremos de um modelo de ensino que já não será novidade para o fiel leitor que segue esta coluna ao lon- go das suas já consideráveis sema- nas de existência. Referimo-nos, como decerto já terão percebido, à educação à distância. Sem retirar demasiado o véu, diremos apenas que ao longo do texto poderemos encontrar o curioso caso de um vi- draceiro que se tornou “filósofo” e o exemplo de uma grande empresa brasileira que apostou na EaD para dar formação a milhares de colabo- radores. Mas não percamos mais tempo com introduções. Que se ini- cie o nosso périplo pelo mundo real. O vidraceiro Cavalcanti que se tornou “filósofo” Quando Paulo Cavalcanti, um vidraceiro brasileiro de 28 anos, re- cebeu a visita de um amigo na sua casa de Recife, não sabia que esse facto iria mudar a sua vida para sempre. Esse amigo proveniente de outra cidade era um apaixonado por livros antigos, em particular por obras de filosofia. Sabendo que no Recife existiam várias livrarias que se dedicavam à venda desse ti- po de livros, pediu a Paulo que o acompanhasse. Quando o vidraceiro tomou con- tacto com os volumes de filosofia e os folheou, deu-se uma espécie de amor à primeira vista. A partir des- se momento soube que a sua vida iria estar para sempre ligada a esta disciplina, e o seu grande objectivo passou a ser tirar um curso superior de filosofia. Nas palavras do próprio, “ eu sou muito curioso, não consigo olhar para uma caixa preta sem espreitar o seu interior, ver como é que fun- ciona, e aí percebi que a filosofia é para aquelas pessoas que se mara- vilham com o mundo, que se des- lumbram com as coisas”. Conceitos como “impacto so- cial”, “responsabilidade social”, ou “relações comunitárias” são co- mummente pronunciados em dis- cursos sonantes, principalmente se tivermos em conta o domínio da exploração de recursos mineiros ou energéticos. Longe vai o tempo em que o sucesso de um projecto era avaliado de forma linear, numa óptica meramente económica, ten- do em conta um simples balancear de custos e ganhos económicos. Numa lógica de avaliação li- near e unidireccional do sucesso não haveria lugar para a contem- plação de efeitos secundários. Ac- tualmente é cada vez mais reco- nhecida a necessidade de conside- rar efeitos colaterais, positivos e negativos, nomeadamente, quan- to às repercussões sociais decor- rentes da implementação de um determinado projecto. Falamos de impacto social, um conceito que, isoladamente, não explica o su- cesso de um projecto, mas que de- ve ser parte integrante da avalia- ção aprofundada do mesmo. A complexidade da situação só- cio-económica presente exclui lei- turas lineares e apela para a consi- deração de abordagens holísticas, nas quais sejam tidos em conta ga- nhos e prejuízos, mas também os efeitos secundários decorrentes da prossecução dos objectivos ini- cialmente estabelecidos. A avaliação do impacto social pretende constituir-se como ponte para uma identificação cuidada dos resultados esperados para as comunidades, atenuando o seu potencial negativo e maximizando o positivo. Tecnologias de Informação previne crime Uma das máximas das econo- mias modernas é “fazer mais com menos”. Esta regra tende a aplicar-se a praticamente todos os sectores de actividade. A re- dução dos recursos, humanos ou financeiros implica necessaria- mente uma maior racionaliza- ção e eficiência. As tecnologias de informação podem ajudar a optimizar os re- cursos humanos, bem como a recolher e analisar a informação para monitorizar, medir e prever tendências sociais. Já todos ou- vimos falar, ainda que vaga- mente, da utilização das tecno- logias de informação pelos or- ganismos policiais de todo o mundo para acompanharem ac- tividades criminais, preverem a probabilidade de acontecerem incidentes, racionalizarem re- cursos, ou resolverem os pro- blemas com maior rapidez. Com a crescente complexidade das sociedades modernas, já não basta confiar no “instinto” de agentes da lei experientes, por mais bem sucedidos que tenham sido na sua actividade profissio- nal. A informação que conseguem recolher e analisar será sempre muito limitada comparativamen- te aquilo que as novas tecnologias lhe podem proporcionar. As tecnologias de informação já provaram essa enorme mais- valia na análise e previsão dos consumos nas cadeias de reta- lho de todo o mundo, identifi- cando hábitos de consumo que nunca ninguém tinha avançado. Na área do crime a sua aplica- ção é mais recente, mas já con- seguiu provar igualmente a sua relevância em muitos casos, pe- lo que o trabalho dos agentes que actuam nos bastidores pode ser considerado muitas vezes pelo menos tão importante co- mo o trabalho dos seus congéne- res que actuam directamente no terreno. PAG. 24 Os maquinistas da VALE receberam formação através de um método de educação à dis- tância. Fonte: http://farm4.staticflickr.com. PAG. 22 Educação à distância está mudar o mundo

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MEDIÇÃO DO SUCESSO

UNIVERSIDADE DIGITALTENDÊNCIAS

TERÇA-FEIRA, 6 DE NOVEMBRO DE 2012 | N.º 33

PAG. 23

Alteração e avaliação do impacto social

Nas palavras de Lúcio Aneu Sé-neca, um dos mais célebres inte-lectuais do Império Romano, “aeducação exige os maiores cuida-dos, porque influi sobre toda a vi-da”. Quando estas sábias palavrasforam proferidas, corria o século Idepois de Cristo. A ideia de educa-ção à distância (EaD) estaria certa-mente tão longe das mentes dos ci-dadãos romanos, como aquelestempos estão dos nossos.No entanto, quer se trate de um

século remoto que abraçou um po-deroso império há muito caído, ouse trate dos nossos dias, em plenoséculo XXI, há indiscutivelmentealgo em comum às duas eras: aeducação deve, de facto, ser alvodos maiores cuidados e atençõesporque tem o poder de mudar vi-das. É desse poder, dessa capacida-de que a educação tem para alterara vida das pessoas para melhor,que nos vamos ocupar ao longodeste texto.Apresentaremos duas histórias

retiradas da mais credível das fon-tes, o mundo real e, em particular,

falaremos de um modelo de ensinoque já não será novidade para o fielleitor que segue esta coluna ao lon-go das suas já consideráveis sema-nas de existência. Referimo-nos,como decerto já terão percebido, à

educação à distância. Sem retirardemasiado o véu, diremos apenasque ao longo do texto poderemosencontrar o curioso caso de um vi-draceiro que se tornou “filósofo” eo exemplo de uma grande empresa

brasileira que apostou na EaD paradar formação a milhares de colabo-radores. Mas não percamos maistempo com introduções. Que se ini-cie o nosso périplo pelo mundo real.

O vidraceiro Cavalcantique se tornou “filósofo”

Quando Paulo Cavalcanti, umvidraceiro brasileiro de 28 anos, re-cebeu a visita de um amigo na suacasa de Recife, não sabia que essefacto iria mudar a sua vida parasempre. Esse amigo proveniente deoutra cidade era um apaixonadopor livros antigos, em particularpor obras de filosofia. Sabendo queno Recife existiam várias livrariasque se dedicavam à venda desse ti-po de livros, pediu a Paulo que oacompanhasse.Quando o vidraceiro tomou con-

tacto com os volumes de filosofia eos folheou, deu-se uma espécie deamor à primeira vista. A partir des-se momento soube que a sua vidairia estar para sempre ligada a estadisciplina, e o seu grande objectivopassou a ser tirar um curso superiorde filosofia. Nas palavras do próprio, “ eu sou

muito curioso, não consigo olharpara uma caixa preta sem espreitaro seu interior, ver como é que fun-ciona, e aí percebi que a filosofia épara aquelas pessoas que se mara-vilham com o mundo, que se des-lumbram com as coisas”.

Conceitos como “impacto so-cial”, “responsabilidade social”,ou “relações comunitárias” são co-mummente pronunciados em dis-cursos sonantes, principalmente se

tivermos em conta o domínio daexploração de recursos mineirosou energéticos. Longe vai o tempoem que o sucesso de um projectoera avaliado de forma linear, numa

óptica meramente económica, ten-do em conta um simples balancearde custos e ganhos económicos.Numa lógica de avaliação li-

near e unidireccional do sucesso

não haveria lugar para a contem-plação de efeitos secundários. Ac-tualmente é cada vez mais reco-nhecida a necessidade de conside-rar efeitos colaterais, positivos enegativos, nomeadamente, quan-to às repercussões sociais decor-rentes da implementação de umdeterminado projecto. Falamos deimpacto social, um conceito que,isoladamente, não explica o su-cesso de um projecto, mas que de-ve ser parte integrante da avalia-ção aprofundada do mesmo.A complexidade da situação só-

cio-económica presente exclui lei-turas lineares e apela para a consi-deração de abordagens holísticas,nas quais sejam tidos em conta ga-nhos e prejuízos, mas também osefeitos secundários decorrentes daprossecução dos objectivos ini-cialmente estabelecidos.

A avaliação do impacto social pretende constituir-se como ponte para uma identificação cuidada dos resultados esperados para ascomunidades, atenuando o seu potencial negativo e maximizando o positivo.

Tecnologiasde Informação previne crimeUma das máximas das econo-

mias modernas é “fazer maiscom menos”. Esta regra tende aaplicar-se a praticamente todosos sectores de actividade. A re-dução dos recursos, humanos oufinanceiros implica necessaria-mente uma maior racionaliza-ção e eficiência.

As tecnologias de informaçãopodem ajudar a optimizar os re-cursos humanos, bem como arecolher e analisar a informaçãopara monitorizar, medir e prevertendências sociais. Já todos ou-vimos falar, ainda que vaga-mente, da utilização das tecno-logias de informação pelos or-ganismos policiais de todo omundo para acompanharem ac-tividades criminais, preverem aprobabilidade de aconteceremincidentes, racionalizarem re-cursos, ou resolverem os pro-blemas com maior rapidez. Com a crescente complexidade

das sociedades modernas, já nãobasta confiar no “instinto” deagentes da lei experientes, pormais bem sucedidos que tenhamsido na sua actividade profissio-nal. A informação que conseguemrecolher e analisar será sempremuito limitada comparativamen-te aquilo que as novas tecnologiaslhe podem proporcionar.As tecnologias de informação

já provaram essa enorme mais-valia na análise e previsão dosconsumos nas cadeias de reta-lho de todo o mundo, identifi-cando hábitos de consumo quenunca ninguém tinha avançado. Na área do crime a sua aplica-

ção é mais recente, mas já con-seguiu provar igualmente a suarelevância em muitos casos, pe-lo que o trabalho dos agentesque actuam nos bastidores podeser considerado muitas vezespelo menos tão importante co-mo o trabalho dos seus congéne-res que actuam directamente noterreno. PAG. 24

Os maquinistas da VALE receberam formação através de um método de educação à dis-tância. Fonte: http://farm4.staticflickr.com.

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Educação à distância está mudar o mundo

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22|TECNOLOGIA & GESTÃO JORNAL DE ANGOLA • Terça-feira 6 de Novembro de 2012

Educação à distância como forma de mudar o mundoUNIVERSIDADE DIGITAL

RODRIGO CHAMBEL

Para Paulo, a beleza da filosofia“está na procura, na eterna procu-ra. Está no facto de nunca se che-gar a um ponto em que se possa di-zer «eu compreendi, eu já sei, eu jádominei o conceito». Ela dá sem-pre margem para se procurar mais,para se querer sempre mais”. Para a personagem principal

desta história real, o espírito daspessoas em relação à educação de-ve ser esse mesmo: um espírito deprocura constante. Segundo Paulo,“o que falta muitas vezes na educa-ção (…) é o estímulo ao questio-nar. Para mim, a escola não é umlugar para dar respostas; é um localpara fazer perguntas, para apren-der a perguntar. Se na escolaaprendêssemos a perguntar cor-rectamente, acho que melhoraría-mos muito”!No entanto, uma coisa é ter um

sonho, mas outra coisa completa-mente diferente é a sua realização.Assim, já que estamos num con-texto de questionar, de fazer per-guntas, qual terá sido a forma en-contrada pelo vidraceiro brasileiropara realizar o seu sonho? Poder-se-á dizer que a resposta a esta per-gunta está intimamente ligada àeducação à distância. Paulo come-çou por terminar o ensino médioatravés de um “telecurso”. Passa-va as noites a estudar e de manhã,extremamente cedo, assistia às au-las pela televisão.O curioso é que num primeiro

momento sabia que as aulas exis-tiam, mas não tinha televisão paraas poder acompanhar. Assim, co-meçou por comprar os livros docurso numa banca de jornais e sódepois, num segundo momento,resolveu procurar o auxílio de “umvizinho que tinha uma televisãoantiga, revestida por uma caixa an-tiga de madeira, e que era de vál-vulas. Tinha de se ligar e esperarque aquecesse”, lembra.Este telecurso foi visto pelo pró-

prio como uma grande oportunida-de para mudar de vida e melhorar asua situação. E de facto mudou, emuito rapidamente! Em seis mesesterminou o telecurso, fez os testesrequeridos pelo Ministério daEducação e passou. No mesmo ano fez o exame de

acesso ao ensino superior e entrouna Universidade Federal. Uma vez

terminado o curso de filosofia, ain-da teve tempo para fazer um mes-trado em psicologia cognitiva. Noentanto, o que é mais curioso emtoda esta situação é o facto deste

estudante, que até há bem poucotempo nunca tinha ouvido falar emfilosofia, ter acabado por ser o au-tor do novo livro desta disciplinaque passou a ser utilizado no tele-curso por si anteriormente fre-quentado.Quando questionado sobre o ti-

po de conselhos que daria a al-guém que pretenda tirar um cursoatravés da educação à distância,Paulo respondeu quase de imedia-to: “ter um sonho, um objectivomuito claro, e disciplina. E quandoestamos a pensar em desistir, de-vemos lembrar-nos do objectivo,

do sonho, e seguir em frente”. Ter-minamos esta história recorrendonovamente às palavras deste so-nhador brasileiro, palavras essasque podem acabar com a indecisão

e servir de incentivo a qualquerpessoa que queira experimentar aEaD. Assim, quando questionadosobre o que mudou na sua vida de-pois de ter tirado um curso atravésdesta modalidade de ensino, o ago-ra ex-vidraceiro é sintomático:“Tudo! Eu passei a ensinar. Dei aminha contribuição. O meu livro está agora nas mãos

de alunos que têm um sonho igual aomeu. Já viajei para vários países domundo como convidado. Já dei pa-lestras no exterior. Antes disso, antesde ter estudado, não haveria nenhu-ma possibilidade disso acontecer”.

A EaD como ferramenta de formação na segunda maior mineradora do mundo

Em pleno Brasil, num percursoque se inicia no interior de Minas eque termina no Terminal de Tuba-rão, em Vitória, a viagem do com-boio carregado de minério de ferrodemora cerca de dez horas. A cabi-ne da locomotiva, cheia de ecrãs ebotões exige concentração máxi-ma. Nada pode falhar nem ser dei-xado ao acaso quando se trata dalogística da segunda maior compa-nhia de mineração do mundo, abrasileira VALE. Com sede noBrasil e uma actuação em 37 paí-ses, entre os quais Angola, estaempresa emprega cerca de 140 milpessoas, entre profissionais per-tencentes aos quadros e funcioná-rios subcontratados. Fechado esteparêntesis de contextualização, e

voltando à questão do transportede minério, é caso para dizer que aresponsabilidade do maquinistaque transporta os valiosos vagõesé tão grande como a dimensão daprópria empresa. Segundo JeanCastro, um dos maquinistas “hápessoas que julgam que é só carre-gar nuns botões, mas não se trataapenas disso. Se não prestarmosatenção podemos provocar umacidente e ferir muitas pessoas”.É preciso não esquecer que os

comboios a que aqui nos referimoschegam a ter 320 vagões e a trans-portar o equivalente a cinco mi-

A EaD aproximou Paulo Cavalcanti do cumprimento de um sonho. A foto refere-se ao ví-deo de uma palestra que deu no âmbito de uma formação para professores em Pernam-buco, Brasil. Fonte: www.youtube.com.

lhões de reais em minério de ferro.Ora, para transportar tamanha ri-queza é necessário seguir um con-junto de regras que a educação àdistância está a ajudar a lembrar. Ocurso, gravado em CD, corre noscomputadores dos funcionários.Com exemplos práticos, explicatodos os mandamentos a quem tema responsabilidade de manter ocomboio bem encaixado nos carris.É caso para dizer que cada ma-

quinista tem um professor privadodentro da mala e que a tecnologiaresolveu o problema da falta detempo. Nas palavras de Jean, “euviajo seis dias por semana. Se fossesó na sala de aula, com certeza se-ria mais difícil”. Com colaborado-res espalhados por treze estadosbrasileiros, a empresa já formoucerca de 60 mil pessoas desta for-ma, sendo que o investimento che-ga a um total de quatro milhões emeio de reais por ano.Segundo Ana Cláudia Freire,

gestora de tecnologia educacionalna VALE, este modelo educativopermite economizar, porque “en-quanto na educação presencial vo-cê investe em deslocações, bilhe-tes, alojamento e alimentação dofuncionário, com a EaD existe uminvestimento inicial maior, mas es-te dilui-se com o passar do tempo,com o número de funcionários quepermite atingir”. Aqui fica mais umexemplo de como a EaD pode mu-dar o mundo. Se não aquele mundoredondo e grande, pelo menos omundo de cada uma das empresas ede cada uma das pessoas que pre-tendem abraçar o futuro.

A segunda maior companhia de mineração do mundo, a VALE, investiu na EaD para dar formação aos seus colaboradores. Fonte: www.blogdajoice.com.

O mercado de software empre-sarial na Índia deverá registar umcrescimento de 13,7 por cento em2012, gerando receitas de 3,45 milmilhões de dólares americanos,segundo previsões da Gartner. Es-te crescimento deverá manter-seaté 2016, tornando-se nesse ano omaior mercado do mundo para osoftware empresarial. O cresci-mento deste mercado deve-se àcrescente globalização da econo-

mia indiana e à adopção das te-cnologias de informação para au-mentar a produtividade e promo-ver o crescimento.No final de 2012, a Índia deverá

ocupar o quarto lugar na tabelados maiores mercados para o soft-ware empresarial na região daÁsia/Pacífico, sendo responsávelpor 11,4 por cento do total das re-ceitas geradas na região. Segundoa Gartner, a região da Ásia/Pacífi-

co deverá gerar receitas de 30,3mil milhões de dólares america-nos em termos de software empre-sarial, o equivalente a uma quotade mercado de 1,24 por cento domercado mundial de software(avaliado em 278 mil milhões dedólares americanos).Em 2016 a quota de mercado da

Índia deverá subir para 12,68 porcento (tendo em conta apenas a re-gião da Ásia/Pacífico), represen-

tando 5,98 mil milhões de dólaresamericanos e uma quota de mer-cado de 1,66 por cento se tivermosem conta o mercado mundial.Apesar das perspectivas de cresci-mento, actualmente a Índia aindaé um mercado relativamente pe-queno em comparação com a Chi-na (que representa 26,34 por cen-to de quota de mercado na regiãoda Ásia/Pacífico).As cinco áreas prioritárias do

investimento em software na Ín-dia são as soluções de análise e deinteligência de negócio (businessintelligence), mobilidade, com-putação em nuvem, colaboração eredes sociais. Seguem-se as solu-ções de gestão de conteúdos em-presariais, de conferência Web eplataformas sociais, CRM (gestãoda relação com os clientes), segu-rança, e soluções de produtivida-de (tipo office).

Índia é o mercado de software empresarial que mais cresce

Paulo Cavalcanti passou de estudante aautor do livro de filosofia do telecursoque frequentou. Fonte: http://images1.fo-lha.com.br.

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A mudança e avaliação do impacto socialMEDIÇÃO DO SUCESSO

JORNAL DE ANGOLA • Terça-feira 6 de Novembro de 2012 TECNOLOGIA & GESTÃO|23

Figura 1. Avaliação do impacto social, características e ganhos.

SUSE EMILIANO

Quando pensamos em explora-ção de recursos, temos uma matrizpautada por efeitos positivos e ne-gativos que podem coocorrer. Asavaliações de impacto ambientalassociadas a projectos de explora-ção de recursos não são mais umanovidade, conhecido que é o po-tencial impacto ambiental negati-vo decorrente dessa exploração.Mas estes projectos não se resu-mem ao seu impacto ambiental, epor isso se apelava no início destetexto para uma óptica não linear.Estes projectos abrem possibili-

dades de mudança social, de cres-cimento económico e de desenvol-vimento comunitário. Assim, háque não ignorar as vantagens asso-ciadas à conversão de recursos na-turais em recursos financeiros, àcapacitação muitas vezes associa-da a estes projectos de exploração,bem como ao desenvolvimento deinfra-estruturas e à aplicação de re-cursos económicos decorrentes donegócio em programas ambientaise sociais.Pode, à primeira vista, parecer

que estamos numa lógica de com-pensações em que, por um lado, te-mos o potencial para um impactoambiental, comunitário e econó-mico negativo e, por outro lado,um vasto conjunto de oportunida-des que o investimento destes pro-jectos de exploração de recursospode trazer. E a verdade não estáassim tão distante disto. Há queavaliar de forma rigorosa e equili-brada o que resulta deste balancearde impactos positivos e negativos,com o intuito de poderem ser mini-mizados os prejuízos e maximiza-dos os ganhos, contribuindo res-ponsiva e adaptativamente para amudança social e o desenvolvi-mento sustentável.A exploração de recursos está in-

trinsecamente associada ao concei-to de mudança, acontecendo estasmudanças aos níveis sócio-cultural,

económico e sócio-ambiental. To-das estas áreas de mudança estão in-terligadas e são interdependentes,sendo o impacto destas mudançasum processo dinâmico e não estáti-co. Uma leitura menos atenta pode-rá induzir no erro de que os concei-tos de mudança social e de impactosocial significam o mesmo, o queestá longe de ser verdade.O conceito de impacto é altamen-

te idiossincrático. Referimo-nos aoimpacto quando falamos naquiloque é vivido e sentido por um indi-víduo ou por um determinado gru-po. Não se trata daquilo que efecti-vamente foi alterado, mas antes daforma como essa alteração é vista esentida pelas partes interessadas eafectadas. E há uma nuance que im-porta particularizar. Quando se re-fere o impacto social como aquiloque é sentido, poderemos estar a fa-lar de uma correspondência real en-tre a visão do indivíduo ou grupo e arealidade ou, por outro lado, de umapercepção que têm da mesma, masdeturpada ou distorcida.Mesmo nesses casos em que as

sensações e ideias criadas a partirda realidade permitem perceber al-guma distorção em relação ao queseria expectável, falamos de im-pacto social, e essas ideias, crençase sentimentos têm que ser tidos emconta, uma vez que são unidadesimportantes de análise. Vanclay,um conceituado nome internacio-nalmente referido neste âmbito, re-fere que o impacto social pode serpositivo ou negativo, e distingue-se da mudança pelo facto de umamesma mudança ser sentida de for-ma distinta por diferentes grupossociais, dependendo de múltiplascircunstâncias.Ainda na interligação entre am-

bos os conceitos, mudança e im-pacto social, sublinhemos que aforma como a mudança surge não éalheia aos sentimentos que despo-leta na sociedade/comunidade. Éde fácil compreensão que uma po-pulação que teve uma participação

activa num processo de mudança,ajudando a construí-la e direcio-nando-a de acordo com os seus va-lores e crenças, terá uma atitudemais positiva perante um projecto,ainda que este acarrete alguns efei-tos menos benéficos. Conseguiráestar completamente inteirada doprojecto, do seu decurso e do tãoimportante balancear entre ganhose prejuízos.Importa clarificar o que é a ava-

liação de impacto social (AIS). AAIS pretende constituir-se en-quanto processo de busca de maiorcompreensão de questões sociaisassociadas ao desenvolvimento,procurando responder-lhes ade-quadamente. Por um lado, a AISpretende constituir-se como pontepara uma identificação cuidadados resultados esperados para ascomunidades, atenuando o seu po-tencial negativo e maximizando opositivo e, simultaneamente, deveacontecer de forma interactiva econcomitante ao próprio desen-volvimento.Outrora a AIS era vista numa

matriz lógica diferente, constituin-do-se como uma forma de anteverconsequências da dinamização deum projecto, antes de este estar emcurso. A AIS ocorria assim antesdo projecto e teria uma funçãoapenas preditiva. Actualmente,sendo concomitante ao desenrolarde um projecto, sobressaem fun-ções associadas a uma análiseaprofundada do que vai aconte-cendo, por meio de monitoriza-ções e avaliações contínuas e siste-máticas que permitam uma respos-ta às alterações que ocorrem, econtribuindo simultaneamente pa-ra que estas sejam potencialmentepositivas. Ou seja, a AIS pretendeconstituir-se também como umaponte para a mudança. Entramosassim numa lógica circular em quea mudança e o impacto social se in-

fluenciam reciprocamente.Quando implementado correc-

tamente, um processo de AIS temalgumas características particula-res, como o facto de contar com aparticipação das partes interessa-das, de forma a alcançar a sua vi-são de todo o processo. Este pro-cesso de descentração permite an-tecipar alterações e mudanças ealiar o conhecimento alcançado auma resposta dinâmica e construti-va às alterações decorridas do de-senvolvimento.A inclusão das partes interessa-

das e afectadas é, sem dúvida, umdos pontos a ter em conta. A con-sulta da comunidade local tem quefazer parte de todo este processo,constituindo-se este envolvimentocomo um factor crítico de sucessoda AIS. O esquema apresentado(figura 1) aborda a AIS, referindocaracterísticas e ganhos trazidos.No âmbito da AIS, há algumas

considerações éticas que importanão ignorar, incrementando a quali-dade da própria avaliação. Os pro-fissionais poderão sofrer algumaspressões no sentido de que o pare-cer da avaliação seja positivo, igno-rando os detalhes que possamameaçar uma avaliação positiva.Podem surgir casos em que, errada-mente, o pedido de uma avaliaçãode impacto social surja associado aum desejo de marcar posição nomercado, o que obrigaria a reduzir aimportância de algumas variáveis ea maximizar a presença de outras.Ainda que a AIS acarrete múlti-

plas e importantes vantagens ne-gocias (figura 2), uma AIS correc-ta não pode basear-se em propósi-tos de exclusão de informação.Convém que seja independente,completa e rigorosa, de forma acumprir o dever de preocupaçãosustentada com interesses da so-ciedade, não só no presente, mastambém em termos futuros. A pre-

cisão, a justiça e a noção de desen-volvimento sustentável estão clara-mente associadas ao domínio da AIS.A Associação Internacional para

Avaliação do Impacto (IAIA) aler-ta para vários dilemas éticos quepodem surgir neste domínio e aosquais os profissionais têm de saberresponder de forma adequada e as-sertiva, de modo a não comprome-terem a qualidade da avaliação.São exemplos desses alertas o pe-dido de que não sejam tidos emconta determinados estudos de pe-ritos, a ideia de enfatizar ou omitirdeterminados tópicos, o pedidopara avaliar um projecto no qual o“investigador” tem interesses pes-soais ou económicos, ou a remune-ração ser condicionada pela apro-vação do projecto.Em nenhum caso a AIS deve ce-

der perante estes pedidos/imposi-ções. Importa saber argumentarassertivamente aquelas que são asvantagens negociais decorrentesde uma AIS correcta, rigorosa everdadeira (figura 2). A IAIA aler-ta ainda para cinco tópicos que de-vem ser claros no que respeita àética na AIS:• A integridade subjacente à ava-liação exclui a possibilidade de en-viesamento deliberado;• A avaliação deve estar completa-mente isenta de crenças, ideias epreferências culturais de quem di-namiza o processo de AIS, não po-dendo haver interesses pessoaisassociados;• Os ganhos e prejuízos são expe-rienciados de forma distinta por di-ferentes grupos sociais da comuni-dade, pelo que a AIS deve promo-ver um acesso e utilização equitati-va dos recursos;• A AIS deve estar sempre bem as-sente no respeito pelos direitos hu-manos e não compactuar com vio-lência e intimidação;•Os profissionais que implemen-tam AIS devem ter em linha deconta a excelência e procurar capa-citar-se progressivamente, incenti-var o desenvolvimento dos cola-boradores, contribuindo para a so-lidificação deste domínio do co-nhecimento.

Figura 2. Avaliação do impacto social e vantagens negociais.

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TENDÊNCIAS SOCIAIS

24|TECNOLOGIA & GESTÃO JORNAL DE ANGOLA • Terça-feira, 6 de Novembro de 2012

Aplicação da tecnologia na prevenção do crimeA análise exaustiva destes dados

costuma ser inacessível ao espíritohumano, mesmo às mentes maisbrilhantes, dada a sua diversidadee quantidade. As tecnologias de in-formação podem lidar com umagrande diversidade e uma quanti-dade quase ilimitada de dados paraextrair informação relevante. Bas-ta utilizar as ferramentas adequa-das. A análise desses dados costu-ma contribuir para compreenderaquilo que aconteceu no passado e,mais importante, identificar ten-dências para prever o que poderáacontecer no futuro.Os incidentes do passado, a cria-

ção de perfis, os mapas, as tipolo-gias, os factores que deram origemaos acontecimentos podem serfontes de informação valiosa paraidentificar áreas que costumam serfrequentadas pelos criminosos,identificar tendências a nível re-gional ou nacional, identificar si-milaridades entre formas de actua-ção, identificar as condições pro-pícias que costumam despoletarmaior actividade criminosa, oumesmo identificar as probabilida-des de reincidência.As tecnologias de informação já

permitem aliar as ferramentas deanálise à referenciação geográfica,fazendo com que seja mais fácil pa-ra as autoridades compreender osfenómenos e delinear estratégiasreactivas e preventivas. A análise eprevenção do crime está a tornar-seuma verdadeira ciência e uma áreade especialização para agentes quecombatem o crime atrás de uma se-cretária e não nas ruas.

Mudança de comportamentos

O que foi dito atrás pode parecerinteressante, mas não terá grandeutilidade se não existirem dadosadequados para poderem ser trans-formados em informação relevan-te com a ajuda das tecnologias deinformação. Estas têm assim umpapel em todas as áreas de inter-venção. Por exemplo, as autorida-des ainda utilizam muito os pro-cessos baseados em papel, mesmonos países mais desenvolvidos.Quando existem sistemas de infor-

mação, em muitos casos são siste-mas antigos e/ou básicos, que nãotêm grande aplicabilidade práticapara fins de análise de dados.Podemos falar ainda dos casos

em que até é recolhida muita infor-mação (ou melhor, dados), mas quefica depois armazenada sem a devi-da exploração, traduzindo-se emdados inúteis e em trabalho de re-colha dos mesmos também quaseinútil, dado que a sua utilidade sóadvém da análise dos dados paraextrair informação relevante queconduza à acção. Outras vezes, osdados estão fragmentados por de-partamentos e divisões, impossibi-litando a sua rentabilização paraactividades de análise e previsão.Quando ocorreu o 11 de Setem-

bro nos Estados Unidos, todos ou-vimos falar da diversidade deagências e do facto de não comuni-carem entre si, dificultando ou im-possibilitando as actividades deanálise e previsão. A agravar estasituação está o facto do dinheirodos contribuintes contribuir paraactividades muitas vezes paralelasque perdem eficácia pelo facto deprocurarem ser estanques e autó-nomas, em vez de colaborarem epartilharem dados e informação

para bem do país, dos cidadãos emgeral e da própria actividade de ca-da organismo.As estratégias para corrigir erros

do passado e optimizar a utilizaçãodas tecnologias de informação naanálise e prevenção do crime deve-rão partir dos níveis mais elevadosdo poder, mas cada organismo,desde o nível mais baixo, pode to-mar medidas para melhorar a suaactividade com a ajuda das tecno-logias de informação.O primeiro passo será manter um

histórico electrónico dos dados so-bre os incidentes que vão aconte-cendo. Quanto maior for o detalhedos dados recolhidos, maior será ariqueza da informação resultante ea probabilidade de identificar rela-ções “escondidas” nesses mesmosdados, ou relações que não são per-ceptíveis ao espírito humano.Toda a gente percebe que sem

boa informação não se conseguemtomar boas decisões. Por isso, a re-colha de informação é crucial tam-bém na actividade das autoridadespara melhorarem a sua eficáciaoperacional.

Aplicação das tecnologias

As autoridades costumam basearmuita da sua actividade em deci-sões sobretudo de natureza reacti-va, mais do que em decisões de na-tureza preventiva. Esta situaçãopode mudar se existir maior infor-mação baseada nos dados recolhi-dos, permitindo identificar a pro-babilidade de incidentes com basesem padrões relacionados com ageografia, hora, condições meteo-rológicas, ou eventos externos. Umbom sistema de recolha de dados ede extracção de informação permi-tirá tomar decisões proactivas(mais do que reactivas) quanto àdisposição dos agentes para preve-nir a ocorrência de incidentes, emvez de deslocar agentes apenasapós a ocorrência de problemas.Se existir boa informação para a

tomada de decisões e uma preocu-pação de combate ao crime maisproactiva do que reactiva, haverácertamente mudanças na forma co-mo se dispõem os agentes da auto-ridade no terreno. Como já referi-mos atrás, a experiência das auto-ridades é muito importante, masnão basta para responder à com-plexidade crescente das nossas so-ciedades. Por mais profissionais ecapazes que sejam essas autorida-des, dificilmente conseguirão om-brear com os sistemas de informa-ção no que respeita ao processa-mento de grandes quantidades deinformação em tempo real. Serámais adequado utilizarem a sua ex-periência e a informação fornecidapelos sistemas de informação paratomarem as melhores decisões so-bre as áreas e as horas do dia (entreoutras variáveis) que requeremmais atenção e mais agentes paraprevenir o crime.

As autoridades também podemutilizar as análises dos dados histó-ricos para preverem crimes e iden-tificarem criminosos. A análisedos dados permite identificar pa-drões com base em crimes do pas-sado, os quais podem ser utiliza-dos para estabelecer perfis e asso-ciações relativamente a activida-

des criminosas. Também permi-tem identificar padrões entre cri-mes e correspondências geográfi-cas e temporais. Os resultados pre-dictivos serão mais precisos quan-to maior for a riqueza e o volumedos dados analisados.Os sistemas de informação po-

dem ajudar igualmente na resolu-ção dos casos ocorridos, dado quepermitem a partilha quase instan-tânea de informação entre váriosdepartamentos ou mesmo entre vá-rios organismos ou instituições.Essa informação pode ser utilizadapara análises após crime para secompreender melhor o que aconte-ceu na realidade. Paralelamente,os sistemas de informação podemser utilizados para implementarplanos de acção mais racionais queconduzam à identificação de pistase à resolução dos casos com maiorrapidez.Quanto melhor for a informação

disponível, maior será a capacida-de das autoridades para preverem eagirem preventivamente, em vezde constatarem e responderemreactivamente. A segurança públi-ca sai a ganhar com esta diferençaque pode parecer um mero jogo depalavras, mas que na realidade é adiferença entre acontecerem actoscriminosos ou não chegarem aacontecer porque foram evitadosatravés da prevenção e da antevi-são da probabilidade de acontece-rem. É a diferença entre segurançae insegurança.A modelação predictiva com a

ajuda das tecnologias de informa-ção permite igualmente reduzir areincidência no crime, algo quenão é mais do que uma outra formade prevenção. Os esforços de rea-bilitação terão maior sucesso se fo-rem ajustados às características decada criminoso ou categoria de cri-minoso. Aspectos como os crimespraticados no passado, backgroundfamiliar e círculo de relações so-ciais (entre outros), permitirão ava-liar o risco de reincidência.

Quanto melhor for a informação disponível, maior será a capacidade das autoridades para preverem e agirem preventivamente, em vez de constatarem e responderem reactivamente.A segurança pública sai a ganhar. Foto: Ilda Carvalho.

As tecnologias de informação podem ajudar a optimizar os recursos humanos, bem co-mo a recolher e analisar a informação para monitorizar, medir e prever tendências so-ciais. Foto: Ilda Carvalho.

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TECNOLOGIA & GESTÃO|25JORNAL DE ANGOLA • Terça-feira, 6 de Novembro de 2012

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Os tablets estão a ficar pequenos

ARQUITECTURA ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO

26|TECNOLOGIA & GESTÃO JORNAL DE ANGOLA • Terça-feira 6 de Novembro de 2012

HUGO FERRAMACHO

A sigla BIM (Building Informa-tion Model ou Building Informa-tion Modelling) pode traduzir-sepor Modelo de Informação daConstrução ou Modelação de In-formação da Construção. Mas o mais importante é o seu

significado prático. É o conjuntode informação produzida e manti-da durante todo o ciclo de vida deum edifício. Actualmente o produ-to mais associado a este tipo de tec-nologia é o Revit Architecture.Contudo existe toda uma famíliado Revit (Structure, MEP), bemcomo o AutoCAD Civil 3D, quetambém têm como base de funcio-namento este princípio.Existem duas teorias sobre a ori-

gem do termo. A primeira diz que otermo foi criado pela Autodesk pa-ra descrever 4D, orientado ao ob-jecto, especificamente para a áreaAEC (Arquitectura, Engenharia eConstrução). A segunda teoria afir-ma que foi o professor Charles M. Eastman, do Instituto de Te-cno-

logia da Georgia, que criou o con-ceito. Esta teoria entende que o ter-mo Building Information Model ébasicamente o mesmo que Buil-ding Product Model, o qual tem si-do usado extensivamente nas pu-blicações e documentos do profes-

sor Eastman desde finais dos anos1970. O portefólio de produtosBIM da Autodesk, baseado nacoordenação e riqueza de dados in-seridos em modelos criados, querem Revit, quer no AutoCAD Civil3D, veio ajudar os clientes a atingi-rem os seus objectivos. Os outrossoftwares de concepção (como oAutoCAD e o AutoCAD LT), desimulação (como o Navisworks,Ecotech, Green Building Studio),de visualização (como o 3DS Max

Design) e de gestão de informação(como o Buzzsaw, ConstructWaree Topobase) completam esta oferta.A tecnologia BIM tem vindo a

transformar toda a área AEC atra-vés das novas formas de comuni-cação que implementou, ligandodiferentes equipas de projecto eproporcionando a troca fiável deinformação. No fundo, quebrandobarreiras que até há pouco se ti-nham como inultrapassáveis. Atecnologia BIM permite um me-

Muitos leitores poderão dar pou-ca importância ao recente lança-mento do iPad mini por parte daApple, que aconteceu no passadodia 23 de Outubro de 2012. Na rea-lidade, é um tablet que nem sequertem as especificações mais avan-çadas da sua categoria de produto,nomeadamente se o compararmoscom o novo iPad (grande) tambémda Apple.Se o quisermos comparar com

algum modelo da mesma marca,estará certamente mais próximo domais antigo iPad 2. Mas a grande

novidade não está nas suas carac-terísticas, mas na tendência demercado que vem confirmar: os ta-blets estão a ficar pequenos. Tal-vez daqui a alguns anos nem façasentido falar de tablets versussmartphones, já que ambas as cate-gorias de produtos tenderão a inva-dir cada vez mais o espaço uma daoutra.O iPad mini insere-se na quarta

geração de tablets da Apple e contacom um ecrã de 7,9 polegadas,além do sistema operativo iOS 6 eum processador dual-core A5. O

preço de lançamento nos EstadosUnidos é de 329 dólares para o mo-delo de 16 GB com Wi-Fi.Relativamente aos modelos de

maior dimensão, o iPad mini temcomo grandes vantagens o facto deser leve (308 gramas), fino (7,2milímetros), caber numa mão, (co-mo mostra a imagem) e ser bastan-te mais barato do que o novo iPadseu irmão de maiores dimensões.Os utilizadores poderão agora

escolher entre um iPad pequeno eum iPad grande, ponderando asvantagens e as desvantagens de ca-

A grande novidade do iPad mini não estánas suas características, mas na tendên-cia de mercado que vem confirmar: os ta-blets estão a ficar pequenos.

A Microsoft também disponi-bilizou os seus tablets SurfaceWindows RT no passado dia 25de Outubro, conjuntamente como Windows 8. O Windows RT éuma versão modificada do Win-dows 8 para equipamentos ba-seados em processadores ARM. O modelo de base disponibili-

za 32 GB e o preço começa nos499 dólares no mercado dos Es-tados Unidos da América. Den-tro de cerca de três meses deverá

ser lançado o Surface baseadoem Intel Core i5 com o sistemaoperativo Windows 8 Pro.Estes lançamentos já estão a

pensar na época natalícia, alturaem que as compras de equipa-mentos electrónicos de grandeconsumo costumam aumentarsignificativamente. Por outro lado, a concorrência

com a Apple no território dos ta-blets parece evidente. Em ternosde utilização, pode-se pegar nele

como um tablet tradicional, ouutilizar o suporte que tem na par-te de trás e o teclado para fazer asvezes de um computador pessoalque se coloca em cima da secre-tária ou de outra superfície.

Microsoft apresenta Surface Windows RT

Microsoft Surface pode ser utilizado como um tablet tradicional que se segura nas mãos, ou como um PC que se coloca na secretária.

Utilidade da tecnologia Building Information Model

lhor entendimento dos projectos,uma melhor colaboração entreequipas, a visualização em temporeal do trabalho já desenvolvido (aduas e a três dimensões), uma con-siderável poupança de tempo naexecução (em especial nas altera-ções introduzidas, pois faz a actua-lização automática em todas as pe-ças), a indicação de conflitos ou in-coerências no desenho e, conse-quentemente, um aumento da pro-dutividade e da eficiência.Os softwares da família BIM ca-

racterizam-se ainda por terem umasérie de objectos inteligentes. Es-tes não são mais do que portas, ja-nelas, escadas, telhados, vigas, la-jes, pilares, passeios, condutas, va-las… que se reconhecem entre si einteragem de forma correcta. Ouseja, se for inserida uma porta por

arrastamento sobre uma parede, es-ta segunda ficará automaticamenteactualizada (irá assumir que a portalhe pertence) sem necessidade decorrecção. O mesmo não acontece-rá se for colocada uma porta numalaje ou numa janela.Processo idêntico é associado à

extracção de tabelas com informa-ção. Se existir uma tabela de quanti-dades relativa a vãos de janelas, estaactualizar-se-á cada vez que for re-tirada ou colocada uma janela noprojecto. Como a janela é, por si só,um objecto que contém informaçãoque lhe é única, consoante o tipo oua família em que está criada, não sóa tabela ficará actualizada, como asquantidades serão organizadas porcaracterísticas – tão mais pormeno-rizadamente, quanto estas forempreviamente definidas.

Exemplo de um modelo realizado com recurso à tecnologia BIM.

Exemplo de um modelo arquitectónico realizado com recurso à tecnologia BIM.

da modelo em função das suas ne-cessidades. Por exemplo, o novoiPad de maiores dimensões temfuncionalidades melhores que oiPad mini, nomeadamente um pro-cessador A6X, banda larga móvelde quarta geração (4G) e um ecrãmaior (9,7 polegadas). Em contra-partida, é bastante mais pesado(662 gramas) que o iPad mini. Por tudo isto, há quem se interro-

gue se esta forma de concorrer comos tablets de outros concorrentes,nomeadamente da Google e daSamsung, não vai provocar algumacanibalização dentro da própriaApple, com o tablet mini a roubarmercado aos tablets maiores damesma marca.

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TECNOLOGIA & GESTÃO|27JORNAL DE ANGOLA • Terça-feira 6 de Novembro de 2012

TENDÊNCIAS DE MERCADO

Influência das redes sociais nas vendas online de produtos e serviçosUm estudo realizado recente-

mente pela Forrester revelou que39 por cento das compras onlinerealizadas por novos consumido-res começam com cliques de pes-quisa e menos de um por cento des-sas compras têm origem nos cha-mados canais sociais. O estudo daForrester procurou determinar co-mo e quando os consumidores ace-dem a várias plataformas para rea-lizarem compras online. Estabele-ceu assim uma parceria com a GSICommerce para examinar ordensde compra de 77 mil consumidoresrealizadas num período de 14 diasem Abril de 2012. Apresentamos aseguir algumas conclusões deste

estudo.Muitos dos compradores online

são influenciados por múltiplasplataformas. Entre as compras rea-lizadas por novos compradores, 33por cento envolvem mais do queum ponto de contacto. Por sua vez,48 por cento dos compradores re-petentes visitam múltiplos pontosde contacto para efectuarem assuas compras. As plataformas maispopulares incluem a pesquisa or-gânica, a pesquisa paga e o correioelectrónico.O correio electrónico e o tráfego

directo são importantes para oscompradores frequentes. Entre ascompras realizadas por comprado-

res repetentes, 30 por cento come-çaram por uma mensagem de cor-reio electrónico enviada pelo ven-dedor e outras 30 por cento tiveramcomo base o acesso directo ao sitedo vendedor. As táticas sociais nãotêm grande expressão para a reali-zação de vendas online. Uma per-centagem de 48 por cento dos con-sumidores referiram que os anún-cios colocados nas redes sociais enos média sociais em geral sãouma óptima forma de descobrir no-vos produtos, marcas, tendências,ou retalhistas, mas na prática sãomenos de um por cento as comprasque tiveram origem em ligaçõessociais.

Os anúncios colocados nas redes sociais são uma óptima forma de descobrir novos pro-dutos, marcas, tendências, ou retalhistas, mas na prática são menos de um por cento ascompras que tiveram origem em ligações sociais.

Volume de páginas imprensas aumenta em África e na EuropaO volume de páginas impressas

em todo o mundo diminuiu um porcento entre 2010 e 2011, passandode 3,12 para 3,09 triliões de pági-nas, segundo dados da IDC (Inter-national Data Corporation). Nasregiões que registam maior desen-volvimento, verificou-se um au-mento de 7,5 por cento no volumede páginas impressas de 2010 para2011. Pelo contrário, nos mercadosmais desenvolvidos esse volumede páginas impressas diminuiu cin-co por cento no mesmo período.Na região EMEA (Europa, Médio

Oriente e África) verificou-se amesma tendência já referida para to-do o mundo. Na Europa Ocidental,o volume de páginas impressas di-minuiu cerca de três por cento de2010 para 2011, mas na EuropaCentral e de Leste, no Médio Orien-te e em África o volume de páginasimpressas aumentou cerca de doispor cento. Feitas as contas, a IDCconcluiu que se verificou um declí-nio no volume de páginas impressasentre 2010 e 2011 na região EMEA.Mesmo assim, os números im-

pressionam, já que Ilona Stankeova,da IDC, refere que, no total, foramimpressas cerca de dois milhões depáginas por minuto na regiãoEMEA durante 2011. Isto dá qual-quer coisa como 200 mil camiões de28 toneladas completamente carre-gados de papel impresso.Na Europa Ocidental, apesar de

ter aumentado o número de periféri-cos de impressão instalados em2011, o número médio de páginasimpressas por cada equipamento di-minuiu, como já referimos atrás.Mario Lombardo, analista na IDC,sublinhou que depois de se ter regis-tado um pico no volume de páginasimpressas em 2010, o mercado daimpressão doméstica e nas empre-sas atingiu a maturidade na EuropaOcidental, pelo que deverá assistir-se a um declínio nos próximos anos.Contrariamente, no Médio Ori-

ente e África está a registar-se umcrescimento do volume de páginasimpressas. Mesmo assim, a Euro-

pa Ocidental ainda representa 63por cento do volume total de pági-nas impressas na região EMEA.

Aspectos que contribuem paraa redução das páginas impressas

Os factores que estão na origemda redução do volume de páginasimpressas na região EMEA são acrescente adopção de serviços deimpressão geridos ou serviços deimpressão básicos, a crescente di-gitalização de documentos, o au-mento da consciência ambientalpor parte das pessoas, a reduçãodos orçamentos disponíveis (so-bretudo na Europa), os problemasque se têm verificado no MédioOriente, e o aumento do volume deconteúdos digitais em diferentesplataformas, segundo a IDC.No que se refere aos equipamen-

tos de impressão, os utilizadorescontinuam a adoptar a conveniên-cia e a funcionalidade oferecidaspelos chamados periféricos multi-função. Nesta categoria de equipa-mentos multifunção, os baseados

na tecnologia laser representamcerca de 55 por cento do volume depáginas impressas.Em toda a região EMEA, as previ-

sões da IDC apontam para um au-mento do volume de páginas im-pressas, embora se espere que talcrescimento seja determinado ape-nas por alguns segmentos de merca-do e áreas geográficas. O MédioOriente e África representam amaior oportunidade de crescimento,tanto em termos de base instalada deperiféricos de impressão, como devolume de páginas impressas.

Tecnologias dominantes

Na vertente tecnológica, deveráassistir-se a um aumento da baseinstalada de equipamentos multi-função a laser. Considerando a rea-lidade do mercado em 2011, a IDCdestacou alguns aspectos relevan-tes ligados à tecnologia que passa-mos a referir.Os equipamentos laser a cores

registaram um aumento da baseinstalada e do volume de páginasimpressas. O volume de páginasimpressas por esta categoria deequipamentos cresceu quase cincopor cento na região EMEA, sendoos equipamentos multifunção la-ser a cores responsáveis pela maiorparte desse crecimento.Os equipamentos laser mono-

cromáticos representavam quase83 por cento da base instalada deperiféricos de impressão baseadosna tecnologia laser e geraram cercade 780 mil milhões de páginas im-pressas na região EMEA. Na Eu-

ropa (Ocidental, Central e de Les-te), a base instalada deste tipo deequipamentos diminuiu, bem co-mo o seu volume de páginas im-pressas, dado que se assistiu a umamigração para equipamentos a co-res. Pelo contrário, no MédioOriente e África verificou-se umaumento dos equipamentos de im-pressão monocromáticos, tantoem termos de base instalada comode volume de páginas impressas.Apesar dos equipamentos de im-

pressão a jacto de tinta representa-rem quase 60 por cento do total deimpressoras instaladas na regiãoEMEA, o volume global de pági-nas impressas neste tipo de equipa-mentos representou apenas setepor cento do total. A enorme dife-rença entre a base instalada e o vo-lume de páginas impressas deve-seclaramente ao perfil dos utilizado-res. Uma grande percentagem dosequipamentos de impressão a jactode tinta está a ser utilizada em pe-quenas empresas e em casa, ondese registam normalmente necessi-dades de impressão reduzidas.Se olharmos para o quadro rela-

tivo às tecnologias de impressão,vemos que os equipamentos a jac-to de tinta representam mais demetade da base instalada de equi-pamentos de impressão, seguindo-se a grande distância os equipa-

mentos a laser monocromáticos eos equipamentos laser a cores. Noentanto, o volume de páginas im-pressas é liderado pelos equipa-mentos laser monocromáticos, se-guindo-se os equipamentos laser acores e só depois os equipamentosa jacto de tinta.

Principais fornecedores

No que se refere aos fabricantesde equipamentos de impressão, aHP manteve a posição de liderançaem toda a região EMEA quandoconsideramos o volume de pági-nas impressas em 2011. A Canon, aXerox e a Lexmark surgem em se-gundo, terceiro e quarto lugar, res-pectivamente.O quadro ordena os fabricantes

de acordo com o volume de pági-nas impressas (em vez da base ins-talada de equipamentos de impres-são) por uma questão económica.O determinante para os fabricantesnão é o número de impressorasvendidas, mas a quantidade de tra-balho que esses equipamentos vãoter. Como vimos no quadro ante-rior, os equipamentos de impres-são a jacto de tinta representam58,3 por cento de toda a base insta-lada na região EMEA, mas só re-presentam 7,4 por cento do volu-me de páginas impressas.

Quadro 1. Base instalada de equipamentos de impressão e volume de páginas impres-sas em função da tecnologia na região EMEA em 2011. Fonte: IDC Worldwide Page Volu-me and Vendor Share Program, Outubro 2012.

Quadro 2. Volume de páginas impressas emfunção do fabricante na região EMEA em2011. Fonte: IDC Worldwide Page Volumeand Vendor Share Program, Outubro 2012.

Europa Central e de Leste, no Médio Oriente e em África o volume de páginas impressasaumentou cerca de dois por cento.

ALBINO CAMANA | ESSEN

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