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UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO COMPENSAÇÃO DE ENERGIA REACTIVA COM CONVERSOR MULTINÍVEL TRIFÁSICO Luís José Lamy Rocha da Encarnação (Licenciado) Dissertação para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Electrotécnica e de Computadores Orientador: Doutor José Fernando Alves da Silva Co-Orientador: Doutor Vasco Emanuel Anjos Soares Júri: Presidente: Doutor José Fernando Alves da Silva Vogais: Doutor Adriano da Silva Carvalho Doutora Sónia Maria Nunes dos Santos Paulo Ferreira Pinto Doutor Vasco Emanuel Anjos Soares Outubro de 2007

Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

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Page 1: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO

COMPENSAÇÃO DE ENERGIA REACTIVA

COM CONVERSOR MULTINÍVEL TRIFÁSICO

Luís José Lamy Rocha da Encarnação (Licenciado)

Dissertação para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Electrotécnica e de Computadores

Orientador: Doutor José Fernando Alves da Silva Co-Orientador: Doutor Vasco Emanuel Anjos Soares

Júri: Presidente: Doutor José Fernando Alves da Silva Vogais: Doutor Adriano da Silva Carvalho Doutora Sónia Maria Nunes dos Santos Paulo Ferreira Pinto Doutor Vasco Emanuel Anjos Soares

Outubro de 2007

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DEDICATÓRIA

À minha Avó,

Isabel Lamy (in memoriam)

Page 3: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

I

RESUMO

Este trabalho pretende dar um contributo para o desenvolvimento de novos sistemas de

compensação de potência reactiva, de uma forma contínua e automática, em sistemas

trifásicos sem neutro. Os sistemas de compensação de potência reactiva mais usuais são

constituídos por associações de baterias de condensadores colocadas em paralelo com as

cargas. Estes bancos de condensadores apresentam apenas alguns valores de capacidade, não

têm possibilidade de compensar potências reactivas em cargas capacitivas e a entrada em

funcionamento de um escalão de condensadores provoca uma distorção transitória na onda de

tensão, afectando desta forma a qualidade de energia.

Propõe-se a criação de um sistema de compensação de energia reactiva usando conversores

multinível trifásicos controlados por processador digital de sinal. É efectuada a modelação, o

controlo e a simulação do sistema em estudo. Os resultados experimentais obtidos validam o

estudo efectuado bem como mostram insensibilidade a variações de carga.

Neste trabalho, salienta-se a aplicação da teoria da potência instantânea p-q, assim como a

técnica de controlo por modo de deslizamento (sliding mode control). Neste tipo de controlo

incorpora-se a técnica para equilibrar as tensões contínuas dos condensadores da alimentação

do conversor multinível, sem recurso a meios exteriores.

Palavras Chave: Compensação de energia reactiva, controlo por modo de deslizamento,

conversão multinível, modelação, electrónica de potência, teoria da potência instantânea p-q.

Page 4: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

II

ABSTRACT

This thesis addresses reactive power compensation using multilevel converters in three-phase,

three-wire systems. These power electronic compensators provide automatic and continuous

compensation, while the usual capacitive reactive compensation schemes (shunt capacitor

batteries) can only provide some compensation steps, are not able to compensate reactive

capacitive power and introduce switching-on transients or harmonic distortion in the voltage

waveform, degrading power quality.

The proposed reactive power compensation method uses three-phase multilevel power

converters controlled by a digital signal processor. The modeling, the control and the

simulation of the compensation system are presented, together with experimental results,

validating the proposed compensation system controllers, and showing robustness concerning

load variation.

The instantaneous active-reactive p-q power concepts are used, and complemented by sliding

mode control of the compensating currents. Sliding mode control is also used to equalize the

dc capacitor divider voltages, which fed the multilevel converter.

Keywords: Reactive power compensation, sliding mode control, multilevel converters,

modeling, simulation, instantaneous active-reactive power.

Page 5: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

III

AGRADECIMENTOS

Gostaria de começar por apresentar os meus sinceros agradecimentos ao orientador e amigo,

Professor Fernando Silva pela orientação, motivação, paciência e pela disponibilidade sempre

presentes.

Queria também agradecer ao co-orientador Professor Vasco Soares, pela contribuição dada

neste trabalho, principalmente na implementação prática.

Pretendo também agradecer ao Departamento de Engenharia Electrotécnica e Automação

(DEEA) do Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL) pelo apoio dado na

implementação deste trabalho.

Ao Centro de Automática da Universidade Técnica de Lisboa – CAUTL, pelo apoio na

inscrição de uma conferência científica.

À Secção de Controlo e à Secção de Electrometria, pela disponibilização de todo o tipo de

meios e espaços para a realização experimental deste trabalho.

Ao Eng.º José Ribeiro, pelo apoio contínuo que teve neste trabalho desde os tempos em que

iniciámos o estudo do tema da tese numa cadeira de Mestrado.

Ao Rodrigo, pela preciosa ajuda que teve na implementação do protótipo e no

acompanhamento dos ensaios no laboratório.

A todos os outros colegas do ISEL que aqui não foram referidos, mas que de uma forma ou de

outra me apoiaram.

Aos amigos do Algarve que, de vez em quando, me telefonavam a dar apoio.

Um agradecimento especial à família (Pai, Mãe, Irmã) que, apesar de estarem longe, sempre

me incentivaram nesta minha caminhada.

Por fim, um agradecimento especial à minha esposa Erika pela paciência que teve, e um

pedido de desculpas pelo tempo que não estivemos juntos.

Page 6: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

IV

SIMBOLOGIA

C - Capacidade equivalente.

C(s) - Representação da função de transferência do controlador linear.

C1; C2 - Capacidades dos condensadores no lado contínuo do conversor

multinível.

C1min ; C2min - Valores mínimos obtidos no dimensionamento para as capacidades dos

condensadores C1 e C2.

CAproximado - Valor obtido no dimensionamento da capacidade equivalente, usando

expressões aproximadas.

CExacto - Valor obtido no dimensionamento da capacidade equivalente, usando

expressões exactas.

Cαβ - Matriz de Concordia.

Cdq - Matriz de Park.

f - Frequência da rede de energia eléctrica.

fcom - Frequência de comutação.

FP - Factor de potência.

Gm - Margem de ganho.

I - Matriz identidade.

i - Corrente definida no esquema do conversor (Figura 2.3).

i1; i2; i3 - Valor instantâneo das correntes num sistema trifásico.

iC1; iC2 - Correntes nos condensadores 1 e 2, no lado contínuo do conversor

multinível.

Page 7: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

V

id; iq - Correntes do conversor multinível em coordenadas dq.

id ref ; iq ref - Valores de referência das correntes do conversor, em coordenadas dq

(controlador linear).

ik - Correntes de saída do conversor multinível (variáveis de estado).

Ik ; I’k - Correntes definidas no esquema do conversor (Figura 2.3).

in - Corrente no ponto médio dos dois condensadores (Figura 3.11).

io - Corrente definida no esquema do conversor (Figura 2.3). Corrente média

do lado contínuo do conversor (controlador linear).

IRMS - Valor eficaz da corrente.

IRMS1 - Componente fundamental da corrente a 50Hz.

iα; iβ - Correntes do conversor multinível em coordenadas αβ.

iα ref ; iβ ref - Correntes de referência do conversor multinível em coordenadas αβ.

kP; kI - Ganhos do controlador proporcional e integral.

L - Coeficiente de auto-indução das bobinas que fazem a interligação do

conversor multinível e a rede de energia eléctrica.

LC - Coeficiente de auto-indução das bobinas utilizadas na carga.

p - Potência activa trifásica instantânea.

P - Potência activa média.

Pm - Margem de fase.

Q - Potência reactiva média.

q - Potência reactiva trifásica instantânea.

Page 8: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

VI

R - Resistência das indutâncias colocadas entre o conversor multinível e a

rede de energia eléctrica.

RC - Resistência da carga RL.

Req - Resistência equivalente do conversor no modelo equivalente em

coordenadas dq.

S - Potência aparente.

s - Variável complexa usada no domínio da frequência (Laplace).

Sk; Skj - Variável que identifica os semicondutores no conversor multinível

(Figura 2.3).

Smd (e,s) - Superfície de deslizamento.

T - Período da onda da corrente de saída do conversor multinível.

t - Variável temporal.

Td - Atraso da corrente id.

Uα; Uβ - Tensão simples (Us1, Us2 e Us3) em coordenadas αβ.

u1; u2; u3 - Valor instantâneo das tensões simples num sistema trifásico (Teoria de

Akagi).

U12; U23; U31 - Tensão composta disponível no conversor multinível (Figura 2.3).

UC1; UC2 - Tensões nos condensadores 1 e 2 (variáveis de estado).

Udc - Tensão do lado contínuo do conversor multinível trifásico de 3 níveis do

tipo NPC.

Udc ref - Tensão de referência do lado contínuo do conversor multinível.

UL - Tensão na indutância L do conversor.

Page 9: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

VII

Umk - Tensão disponível no braço k (3 níveis) de acordo com o valor da variável

de comutação γk (Figura 2.3).

UR - Tensão na resistência R do conversor.

usk - Tensão simples da rede de energia eléctrica em coordenadas de sistema

(123) (Figura 2.3).

USk - Tensão simples disponível no conversor multinível (Figura 2.3).

uSα; uSβ - Tensões simples da rede representadas em coordenadas αβ.

uαβ - Vector de entrada em coordenadas αβ.

u123 - Vector de entrada em coordenadas 123.

udq - Vector de entrada em coordenadas dq.

u(t); i(t) - Valores instantâneos da tensão e da corrente.

URMS - Valor eficaz da tensão.

W; F - Matrizes auxiliares usadas no cálculo do modelo do conversor em espaço

de estados em coordenadas dq.

WA; WB - Energia das cargas A e B, usadas nos dimensionamento das capacidades

C1 e C2.

Y(s); X(s) - Variáveis de entrada e de saída do sistema, no domínio de s.

Xαβ - Vector de estado em coordenadas αβ.

X123 - Vector de estado em coordenadas 123.

Xdq - Vector de estado em coordenadas dq.

123

RL

- Matriz da dinâmica (não linear e variante no tempo). Matriz de Estado em

coordenadas 123.

Page 10: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

VIII

( )md i ,S e ,t•

α β - Derivada da superfície de deslizamento.

αβ

1L

- Matriz de entrada em coordenadas αβ.

123

1L

- Matriz de entrada em coordenadas 123.

dq

1L

- Matriz de entrada em coordenadas dq.

αβ

RL

- Matriz de estado em coordenadas αβ.

dq

RL

- Matriz de estado em coordenadas dq.

; ; S U I - Vectores da potência, da tensão e da corrente (plano αβ).

ϕ - Ângulo de desfasagem entre a onda de tensão e a onda de corrente.

ϕP - Valor inicial do ângulo de Park.

ϕU ; ϕI - Ângulo de desfasagem na onda de tensão e na onda de corrente.

θ - Ângulo de transformação de Park.

ξ - Coeficiente de amortecimento do sistema.

Ξ - Matriz constituída por variáveis de comutação (funções não lineares).

ε - Metade do valor do tremor da onda da corrente de saída do conversor.

λα; λβ - Variáveis de comutação usadas na selecção de vectores (2 tabelas).

Γ1α; Γ2α; Γ1β;

Γ2β

- Variáveis auxiliares obtidas por aplicação da transformação de Concordia

às variáveis de comutação Γ1k, Γ2k.

Page 11: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

IX

Γ1d ; Γ2d ; Γ1q ;

Γ2q

- Variáveis auxiliares obtidas por aplicação da transformação de Park às

variáveis Γ1α, Γ2α, Γ1β, Γ2β.

Γ1k; Γ2k - Variáveis de comutação. Funções não lineares.

ℑ1; ℑ2 - Variáveis utilizadas no cálculo da corrente in (equilíbrio dos

condensadores).

γd ; γq - Variáveis utilizadas no dimensionamento do controlador linear.

ΔW - Variação de energia entre duas cargas (dimensionamento das

capacidades).

Δi - Tremor da corrente (dimensionamento de L).

γk - Variáveis de comutação ternárias que definem o estado dos

semicondutores.

Λk - Variáveis de comutação. Funções não lineares.

ωn - Frequência própria ou natural do sistema (não amortecida).

ΔQ - Variação da energia reactiva entre duas cargas indutivas

(dimensionamento de C).

Δt - Metade do período da onda da corrente de saída do conversor (onda

triangular).

Δu - Queda de tensão entre a tensão imposta pelo conversor e a rede

(dimensionamento de L).

Δumin - Queda de tensão mínima que a indutância L pode estar sujeita

(dimensionamento de L).

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X

ABREVIATURAS

1, 2, 3 - Coordenadas no sistema de eixos trifásico.

ADC - Conversor analógico digital (Analog-to-Digital Converter).

Bit - Dígito binário (0 ou 1).

CPU - Unidade central de processamento (Central Processing Unit).

dq0 - Coordenadas de Park.

DC - Tensão/ Corrente contínua (Direct Current).

DPF - Factor desfasamento 1ª harmónica (Displacement Power Factor).

DSP - Processador digital de sinal (Digital Signal Processor).

FACTS - Sistemas de transmissão flexíveis em AC (Flexible AC Transmission

Systems).

FT - Função de transferência.

FTCA - Função de transferência de cadeia aberta.

FTCF - Função de transferência de cadeia fechada.

IGBT - Transístor bipolar de porta isolada (Insulated Gate Bipolar Transistor).

NPC - Conversor de díodos de ligação ao neutro (Neutral Point Clamped).

PI - Controlador proporcional integral.

SPD; SPE - Semi-plano direito complexo e semi-plano esquerdo complexo.

SSSC - Controlador série (Static Synchronous Series Compensator).

STATCOM - Controlador paralelo (Static Synchronous Compensator).

Page 13: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

XI

SVC - Compensador estático (Static VAR Compensator).

THD - Distorção harmónica total (Total Harmonic Distortion).

UPFC - Controlador combinados Série-Paralelo (Unified Power Flow Controller).

αβ0 - Coordenadas de Concordia.

Page 14: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

ÍNDICE

Capítulo 1 – Introdução.............................................................................................................. 1

1.1 – Enquadramento e motivação ......................................................................................... 1

1.2 – Objectivos...................................................................................................................... 8

1.3 – Estrutura da dissertação................................................................................................. 9

Capítulo 2 – Conversores multinível: modelação e dimensionamento .................................... 10

2.1 – Introdução.................................................................................................................... 10

2.2 – Princípio de funcionamento do conversor multinível ................................................. 12

2.3 – Modelos dinâmicos do conversor trifásico NPC de 3 níveis ...................................... 15

2.3.1 – Modelo do conversor no sistema de coordenadas 123 (eixos a 120º).................. 15

2.3.2 – Modelo dinâmico do conversor num referencial ortonormado (coordenadas

αβ) ........................................................................................................................ 18

2.3.3 – Modelo dinâmico do conversor num referencial síncrono (coordenadas dq) ...... 20

2.4 – Dimensionamento dos parâmetros do conversor ........................................................ 21

2.4.1 – Tensão no lado contínuo do conversor................................................................. 21

2.4.2 – Bobina de interligação do conversor à rede de energia........................................ 22

2.4.3 – Condensadores do lado contínuo do conversor.................................................... 27

2.4.4 – Tensão e corrente nos semicondutores usados..................................................... 32

Capítulo 3 – Controlo do conversor multinível........................................................................ 33

3.1 – Introdução.................................................................................................................... 33

3.2 – Cálculo das Referências das Correntes de Compensação ........................................... 34

XII

Page 15: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

XIII

3.2.1 – Componente em quadratura da corrente de referência......................................... 35

3.2.2 – Componente directa da corrente de referência..................................................... 40

3.3 – Controlo não linear das correntes do conversor (modo de deslizamento) .................. 42

3.3.1 – Lei de controlo. .................................................................................................... 42

3.3.2 – Relação entre os vectores de tensão e a dinâmica das correntes de linha do

conversor............................................................................................................... 44

3.3.3 – Lei de comutação ................................................................................................. 46

3.3.4 – Selecção dos vectores........................................................................................... 46

3.3.5 – Estabilidade .......................................................................................................... 52

3.4 – Equilíbrio da tensão nos condensadores...................................................................... 53

3.5 – Controlo linear da tensão contínua Udc ....................................................................... 59

3.5.1 – Dimensionamento do controlador ........................................................................ 59

3.5.2 – Estabilidade do controlador da tensão contínua................................................... 66

Capítulo 4 – Simulação, Implementação e Resultados Experimentais .................................... 70

4.1 – Simulação .................................................................................................................... 70

4.2 – Implementação Laboratorial ....................................................................................... 74

4.3 – Resultados de Simulação e Resultados Experimentais ............................................... 76

Capítulo 5 – Conclusões e trabalho futuro ............................................................................... 80

5.1 – Conclusões .................................................................................................................. 80

5.2 – Propostas de trabalhos futuros..................................................................................... 81

Bibliografia............................................................................................................................... 83

Anexos...................................................................................................................................... 86

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XIV

Anexo 1 – Modelos do Conversor em coordenadas αβ e em dq ......................................... 87

Modelo do conversor em espaço de estados em coordenadas αβ .................................... 87

Modelo do conversor em espaço de estados em coordenadas dq .................................... 91

Anexo 2 – Constituição do Protótipo ................................................................................... 95

Circuito de potência do Conversor Multinível – (Placa 1)............................................... 95

Circuito de inibição e geração de tempos mortos – (Placa 2) ......................................... 97

Circuito de comando e amostragem das tensões e correntes – (Placa 3) ....................... 100

Circuitos de disparo dos IGBT’s – (Placa 4).................................................................. 103

Fotografias gerais do sistema de compensação de reactiva implementado ................... 104

Anexo 3 – Determinação do ângulo de Park, θ.................................................................. 106

Anexo 4 – Esquemas do Matlab/Simulink usados na Simulação ...................................... 108

Bloco Rede Trifásica...................................................................................................... 108

Bloco Conversor Multinível........................................................................................... 109

Bloco Comutação e Controlo Não Linear ...................................................................... 111

Bloco Controlo Linear.................................................................................................... 113

Bloco Correntes de Compensação.................................................................................. 114

Anexo 5 – Esquemas do Matlab/Simulink usados no DSP................................................ 115

Page 17: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

1

Capítulo 1 – Introdução

1.1– Enquadramento e motivação

Nas últimas décadas tem-se verificado um aumento contínuo do consumo de energia eléctrica.

Acompanhando este crescimento, em geral, cada vez mais as cargas ligadas à rede eléctrica

necessitam de uma certa potência reactiva, o que obriga a aumentar ainda mais o valor eficaz

da corrente nas linhas. A criação de novas unidades de produção, novas linhas de transmissão,

ou mesmo a sobrecarga moderada dos sistemas existentes, são estratégias pouco desejáveis

devido aos elevados custos subjacentes e às questões ambientais. Em relação à potência

reactiva tem-se observado uma crescente preocupação da Entidade Reguladora do Sector

Energético (ERSE) e do cliente na sua gestão adequada.

Actualmente, a utilização crescente de sistemas de alimentação electrónica comutada leva à

injecção de harmónicas de corrente na rede eléctrica, estando em discussão

[IEEE, Std 1459-2000] as definições de potência reactiva, potência aparente e factor de

potência nestes casos em que as cargas se comportam de forma não linear.

Do ponto de vista da entidade fornecedora, o trânsito da potência reactiva está normalmente

associado ao controlo da tensão da rede, mas uma má gestão de energia reactiva apresenta

muitos inconvenientes [EDP], o que implica uma má exploração das instalações:

• Aumento das perdas na rede eléctrica – As perdas por efeito de Joule são

proporcionais ao quadrado do valor eficaz da corrente (IRMS) e não apenas ao valor

eficaz da componente fundamental da corrente (I1RMS);

Na Figura 1.1 pode-se observar um exemplo do aumento das perdas com a diminuição do

factor de potência [Grady, 1993].

Page 18: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

2

0

1

2

3

4

5

0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1Factor de Potência

Perd

as -

Valo

r no

min

al 1

PU

Figura 1.1 – Variação das perdas com o factor de potência (valor nominal das perdas é 1 PU).

• Cabos de maior secção – Para debitar uma dada potência activa, a secção dos cabos

aumenta à medida que o factor de potência diminui, como mostra a Tabela 1.1.

Verifica-se que, para um factor de potência de 0,5, a secção de cabos tem de ser quatro vezes

maior que a necessária para um factor de potência unitário. Um valor típico de factor de

potência nas instalações é 0,7. Neste caso, a secção necessita ser o dobro da secção necessária

para um factor de potência unitário.

• Penalizações Tarifárias – Para satisfazer as necessidades crescentes de potência

reactiva, são necessários investimentos ao nível da produção e da distribuição. Estes

investimentos vão-se repercutir em condições mais gravosas para os consumidores.

Esta energia (consumida e fornecida) é paga mensalmente apenas nas horas em vazio e

sempre que o factor de potência médio for inferior a 0,928 (tgϕ>0,4), ou seja, sempre

que existir um desfasamento superior a 21,8º entre a tensão simples e a corrente na

fase respectiva. A unidade de medida é o varh e o seu custo unitário no tarifário varia

com o tipo de contrato. Consultando o tarifário para 2007 [ERSE], verifica-se que a

energia reactiva tem tarifário previsto para as instalações de Baixa Tensão Especial

(BTE), Média Tensão (MT), Alta Tensão (AT) e Muito Alta Tensão (MAT), ou seja,

fica fora deste tarifário a Baixa Tensão Normal (BTN). A Baixa Tensão Especial

inclui os pequenos negócios como restauração, hotelaria, lavandaria, panificação,

(potências contratadas superiores a 41,4kVA). Como exemplo, em 2007 a tarifa de

venda a clientes finais em BTE para a energia reactiva fornecida e recebida é

respectivamente 0,0191 e 0,0146 €/kvarh.

Page 19: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

3

Tabela 1.1 – Variação da secção relativa dos condutores com o valor do factor de potência.

Secção Relativa Factor de

Potência

1,0 1,0

1,23 0,9

1,56 0,8

2,04 0,7

2,78 0,6

4,0 0,5

6,25 0,4

11,1 0,3

• Redução da vida útil dos equipamentos – Correntes de elevado valor eficaz provocam

aquecimento excessivo nos dispositivos de comando e de protecção das redes

eléctricas, encurtando a sua duração e comprometendo a segurança das instalações.

• Sub-utilização da capacidade instalada – Uma instalação com baixo factor de potência,

estando sub-utilizada, condiciona futuras ampliações. A entrada em funcionamento de

novos equipamentos pode implicar investimentos elevados que poderiam ser evitáveis

se o valor do factor de potência fosse alto (≈1). Como exemplo, a Tabela 1.2 mostra

que, para uma mesma potência activa, pode ser necessário utilizar dois

transformadores, se o factor de potência baixar de 1 para 0,5.

Page 20: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

4

Tabela 1.2 – Variação da potência dos transformadores em função do factor de potência.

Potência útil Absorvida

(kW) Factor de Potência

Potencia dos

Transformadores (kVA)

0,5 1600

0,8 1000 800

1,0 800

Para manter o factor de potência num valor elevado (0,96 a 0,99), é necessário instalar

sistemas de compensação do factor de potência:

Compensação global – Sistema de compensação colocado à saída do transformador de

alimentação geral;

Compensação individual – Sistema de compensação afecto exclusivamente a um

equipamento;

Compensação por sector – Sistema de compensação colocado num quadro parcial;

Compensação mista – Combinação das hipóteses anteriores;

Compensação com regulação automática – Variação da capacidade por escalões.

Do ponto de vista técnico, a melhor solução é a compensação individual, porque evita o

trânsito de energia reactiva pelos cabos de alimentação, reduzindo as perdas por efeito de

Joule e aumentando a capacidade de transporte. Esta solução, se recorrer a filtros activos de

potência [Soares, 1997], permite também compensar as harmónicas de corrente injectadas

pelos conversores electrónicos de potência (variadores de velocidade, pontes rectificadoras,

etc), cada vez mais utilizados nas cargas ligadas à rede eléctrica, embora esta solução possa

ser dispendiosa.

Neste trabalho, assume-se que a compensação de harmónicas de corrente é feita localmente,

pelo que se considera apenas a potência reactiva, ligada à desfasagem entre as harmónicas

fundamentais da tensão e da corrente, não sendo considerado o caso de cargas não lineares.

Page 21: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

5

Na maioria das instalações, recorre-se à compensação global complementada com

compensação por sectores e/ou compensação mista.

Os sistemas de compensação mais usuais consistem em associações (ou baterias ou bancos)

de condensadores, colocadas em paralelo com as cargas (Figura 1.2) [Santana, 1991]. Nestes

bancos de condensadores de compensação por escalões, a potência reactiva fornecida é

proporcional ao quadrado da tensão da rede e não pode variar de forma contínua (só existem

alguns escalões). Para além disso, não pode variar nos dois quadrantes e a entrada em

funcionamento de um escalão provoca uma distorção transitória na onda de tensão, afectando

desta forma a qualidade de energia.

Figura 1.2 – Esquema de ligação de bancos de condenadores à rede para compensar energia reactiva

na carga. Esquema adaptado de [Santana, 1991].

As baterias de condensadores são construídas e ligadas por escalões de acordo com o valor da

potência reactiva a compensar. Em geral, sendo reduzido o número de escalões, para

compensar a potência reactiva de uma forma contínua utiliza-se o compensador estático

representado na Figura 1.3.

Figura 1.3 – Esquema de ligação de um compensador estático para regular a energia reactiva de uma

forma contínua. Esquema adaptado de [Santana, 1991].

Page 22: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

6

Existem actualmente novas tecnologias para gerir de forma mais eficiente as instalações de

energia eléctrica, como por exemplo, controlar os fluxos de potência activa e reactiva, em

determinados pontos da rede. Estes novos sistemas controlam os fluxos de potência, são

conhecidos por Sistemas Flexíveis de Transmissão em Corrente Alternada “Flexible AC

Transmission Systems” - FACTS, e começaram a ser implementados a partir da década de 60

por diversas entidades. Em 1988, Hingorani publicou 2 artigos intitulados “Power Electronics

in Electric Utilities: Role of Power Electronics in Future Power Systems” [Hingorani, 1988a]

e “ High Power Electronics and Flexible AC Transmission System” [Hingorani, 1988b], e o

nome FACTS passou a ser conhecido. Em 1995 foi introduzido o conceito “Custom Power”,

que consiste em melhorar a qualidade da energia eléctrica (harmónicas e desequilíbrios e

variações de tensão). Com o aparecimento destas novas tecnologias, é possível uma melhor

utilização das instalações existentes, uma maior flexibilidade e uma melhoria do desempenho

das redes de energia eléctrica. Estes dois conceitos (FACTS e Custom Power) tratam da

aplicação da electrónica potência em sistemas de energia e têm como objectivos:

• Controlar rápida e eficientemente o fluxo de potência em determinados trajectos

específicos;

• Aumentar a capacidade de transmissão de energia na rede (FACTS);

• Melhorar a qualidade de Energia Eléctrica (Custom Power).

Os controladores FACTS podem ser classificados em 4 categorias:

• Controlador série (SSSC – “Static Synchronous Series Compensator”);

• Controlador paralelo (STATCOM – “Static Synchronous Shunt Compensator”);

• Controlador combinado Série-Série;

• Controlador combinado Série-Paralelo (UPFC – “Unified Power Flow Controller”).

A utilização de conversores electrónicos comutados na compensação de potência reactiva vai

permitir fornecer um valor de potência reactiva quase independente do valor da tensão da

rede, fazer variar de forma contínua o valor da potência reactiva e evitar a perturbação da

tensão da rede eléctrica.

Page 23: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

7

Na Figura 1.4, sem o compensador, a corrente sinusoidal iT estaria desfasada de um certo

ângulo em relação à tensão sinusoidal da rede, devido ao desfasamento da corrente iL. Para

que o sistema de compensação cumpra o objectivo de fazer com que a corrente iT fique em

fase com a tensão, o conversor deve estabelecer uma corrente, iC, tal que subtraída de iL,

origine uma corrente iT, sinusoidal em fase com a tensão da rede. O sistema de compensação

deve ter a flexibilidade e a capacidade de se adaptar a variações das características da carga,

visto que na generalidade das aplicações um compensador é usado numa instalação incluindo

várias cargas que funcionam independentemente.

Figura 1.4 – Esquema de ligação do compensador de energia reactiva.

Page 24: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

8

1.2– Objectivos

Pretende-se construir um conversor comutado para compensação contínua da potência

reactiva em redes de distribuição de MT.

Para concretização deste objecto é necessário:

a) Seleccionar, projectar e construir um conversor comutado que tenha potencialidades para

aplicação em redes MT;

b) Modelar o conversor comutado e o sistema de compensação da potência reactiva;

c) Projectar os sistemas de comando do conversor e de controlo da potência reactiva;

d) Simular numericamente o sistema a construir;

e) Implantar num microprocessador digital de sinal (DSP) os algoritmos de comando e

controlo obtidos;

f) Validar experimentalmente em laboratório, usando um modelo de potência reduzida, os

resultados obtidos teoricamente e por simulação.

Page 25: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

9

1.3– Estrutura da dissertação

Esta dissertação está organizada em cinco capítulos, complementados por anexos.

No primeiro capítulo apresenta-se o enquadramento e os objectivos deste trabalho, bem como

a descrição da estrutura do mesmo.

O conversor multinível trifásico é apresentado no capítulo 2. Descreve-se o seu princípio de

funcionamento e obtêm-se os modelos matemáticos do conversor no espaço de estados em

coordenadas 123, em αβ (referencial estático) e em dq (referencial síncrono). Nesse capítulo,

são dimensionados os parâmetros do conversor, em particular o valor da tensão contínua

necessária, os valores das indutâncias, dos condensadores e dos semicondutores.

O capítulo 3 é dedicado ao estudo do controlo do sistema de compensação. Neste capítulo,

apresenta-se o cálculo das correntes de compensação que vão permitir a determinação das

referências de corrente a fornecer a um sistema de controlo não linear. As correntes de saída

do conversor serão injectadas na rede de energia eléctrica, de modo que a componente da

potência reactiva na linha seja minimizada. Confirma-se a estabilidade do sistema no controlo

não linear das correntes do conversor. Descreve-se a estratégia para equilibrar as tensões nos

condensadores. Este capítulo termina com o dimensionamento do controlador linear da tensão

contínua do conversor, e o respectivo estudo de estabilidade.

No capítulo 4, descreve-se o processo de simulação, apresentando-se os respectivos

resultados, assim como os resultados experimentais. É descrita a implementação laboratorial

do sistema de compensação de energia reactiva.

No capítulo 5, apresentam-se as conclusões deste trabalho e perspectivam-se evoluções

futuras que poderão dar sequência ao trabalho apresentado nesta dissertação.

A bibliografia é apresentada de seguida. Os anexos apresentados no fim deste documento

contêm deduções dos modelos do conversor (coordenadas αβ e dq), constituição do protótipo

implementado (fotografias, esquemas eléctricos e placas de circuito impresso), cálculo do

ângulo da Transformação de Park, diagramas do Simulink usados na simulação e no programa

implementado no DSP.

Page 26: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

10

Capítulo 2 – Conversores multinível: modelação e dimensionamento

2.1 – Introdução

Neste capítulo é apresentado o conversor multinível, conversor com potencialidades para

funcionar com tensões de vários kV, o seu princípio de funcionamento e são obtidos os

modelos matemáticos em coordenadas 123, num referencial estático ortonormado αβ e dq

(referencial síncrono). É também efectuado o dimensionamento dos elementos do conversor.

Na Figura 2.1 apresenta-se o esquema do conversor multinível e a sua interligação à rede

trifásica. O conversor trifásico NPC – neutral point clamped – ou conversor de díodos de

ligação ao neutro, de 3 níveis, é composto por 3 grupos de díodos de ligação ao neutro e 3

braços, cada um com 4 associações em anti-paralelo de um díodo com um Transistor Bipolar

de Porta Isolada, (Insulated Gate Bipolar Transistor – IGBT). Os semicondutores comandam

o fluxo de energia trocada entre um sistema trifásico alternado e um sistema de tensões

contínuas no lado DC, que contém um divisor capacitivo de 2 condensadores C1 e C2,

formando 3 níveis de tensão Udc, Udc/2 e 0. O conversor é designado por conversor de 3

níveis, porque cada braço pode disponibilizar três valores de tensão de acordo com as

combinações possíveis dos estados dos dispositivos de comutação (n=3).

Figura 2.1 – Esquema do conversor trifásico NPC de 3 níveis, e da sua ligação à rede eléctrica trifásica

considerada ideal, usando bobinas L com resistência interna R.

Page 27: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

11

Uma das vantagens dos conversores multinível, face à topologia clássica de conversão de dois

níveis, é a capacidade de trabalhar com tensões elevadas, da ordem de vários kV, visto que

cada dispositivo de comutação é sujeito apenas a uma tensão máxima igual à diferença entre

dois níveis adjacentes das tensões no lado contínuo. Para um conversor de 3 níveis Udc,

Udc/2, 0, a tensão máxima é de Udc/2. Para um conversor de n níveis, a tensão máxima é de

Udc/(n-1). Outra das vantagens deste tipo de conversores é a capacidade de processamento de

potências elevadas, da ordem do MW.

Em comparação com a conversão de 2 níveis, a conversão multinível permite reduzir a

distorção harmónica total (THD – Total Harmonic Distortion) devido às tensões com n

degraus ou níveis que pode disponibilizar. Quanto maior o valor n, menor será a THD, e

portanto menores serão os requisitos de filtragem passiva.

O comando das correntes – ou tensões – do lado alternado (AC), pode ser feito usando

modulação de largura de impulso com modulante sinusoidal – SPWM (sinusoidal pulse width

modulation) [Santana, 1991], ou usando modulação por vectores espaciais – SVM (space

vector modulation) [Liu, 1991]. O controlo das tensões ou das correntes também pode ser

feito utilizando a técnica de controlo por modo de deslizamento [Gao, 1993], adequada para

sistemas de estrutura variável como os conversores comutados.

A regulação adequada da tensão do lado contínuo Udc, que deve ser quase constante, bem

como o equilíbrio das tensões UC1 e UC2, são factores essenciais para que o conversor

funcione correctamente e possa, quando necessário, transferir energia dos condensadores para

a rede trifásica e vice-versa, de forma reversível. Devido ao facto das associações dos

semicondutores de potência do conversor multinível, anti-paralelo de um IGBT com um

díodo e díodos de ligação ao neutro, serem reversíveis em corrente, o conversor pode

funcionar como um sistema bidireccional, ou seja, como inversor (fornecendo energia do

condensador para a rede) ou como rectificador (recebendo energia da rede para carregar o

condensador). Os semicondutores de potência funcionam em comutação com frequências da

ordem de alguns kHz ou perto de 1kHz para tensões de vários kV.

São diversas as aplicações actuais dos conversores multinível: em tracção eléctrica, como

interface entre sistemas de aproveitamento de energias renováveis, em redes de transporte ou

distribuição de energia eléctrica, em sistemas de redução de cavas de tensão, em sistemas de

correcção de factor de potência, entre outras.

Page 28: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

12

Neste trabalho, o conversor multinível é utilizado como compensador de energia reactiva,

sendo modelado, simulado e o seu funcionamento verificado experimentalmente.

A representação do conversor NPC trifásico de 3 níveis faz-se usando modelos no espaço de

estados comutados. Este tipo de modelo consiste num conjunto de equações diferenciais, com

parâmetros variantes no tempo, que representam a dinâmica temporal do sistema nos diversos

estados do conversor. São elaborados os modelos nos sistemas de coordenadas trifásicas 123,

sistema bifásico equivalente αβ e referencial síncrono dq.

2.2– Princípio de funcionamento do conversor multinível

Neste sub-capítulo apresenta-se o funcionamento do conversor multinível de 3 níveis. A sua

análise inicia-se no estudo de um braço do conversor (Figura 2.2).

Figura 2.2 – Braço de comutação de 3 níveis.

Supõe-se que existem controladores (descritos no capítulo 3) que garantem uma tensão Udc

quase constante – ou, com maior rigor, dentro de um intervalo suficientemente pequeno de

valores em torno desse valor constante – e que essa tensão Udc está igualmente repartida pelos

dois condensadores C1 e C2 – também neste caso com uma pequena margem de tolerância.

Supõe-se ainda que os semicondutores de potência se comportam como interruptores ideais

(comutações instantâneas, tensão de condução nula no estado de saturação e corrente nula no

estado de corte).

O interruptor Sk, considerado ideal (k corresponde ao número do interruptor, na prática

constituído pelo IGBT e díodo em anti-paralelo), pode assumir um de dois estados de

Page 29: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

13

comutação, designados 1 ou 0, condução ou corte respectivamente, e representado pela

variável binária Sk:

1 se o interruptor está em condução0, se o interruptor está ao cortek

,S

⎧= ⎨

⎩.

Das 16 combinações de estados que os 4 interruptores poderiam assumir em conjunto com os

díodos D31 e D32, apenas 3 respeitam as restrições topológicas da teoria dos circuitos, das

quais resultam 3 níveis de tensão Um (Tabela 2.1).

Tabela 2.1 – Combinações possíveis no funcionamento de um braço de comutação.

S1 S2 S3 S4 Um

1 1 0 0 1 2dc

CUU =

0 1 1 0 0

0 0 1 1 2 2dc

CUU = −

Supondo os condensadores C1 e C2 carregados, com tensões equilibradas de valor Udc/2, pode

definir-se a variável de comutação γ, que assume os valores 1, 0 e -1, de acordo com as

combinações Sk anteriores, e permite relacionar a tensão Um com a tensão Udc [Silva, 2001]:

2dc

mUU = γ , (2.1)

em que;

1 2 3 4

2 3 1 4

3 4 1 2

1 se 1 00 se 1 0 1 se 1 0

S S S SS S S S

- S S S S

= = ∧ = =⎧⎪γ = = = ∧ = =⎨⎪ = = ∧ = =⎩

. (2.2)

Na Tabela 2.2 representam-se as 3 combinações possíveis de um braço do conversor, o valor

de γ e o estado dos interruptores Skj.

Page 30: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

14

Cada uma das tensões Um1, Um2 e Um3 pode assumir os valores de Udc/2, 0 e – Udc/2,

resultando no total 33=27 combinações diferentes de acordo com os estados possíveis dos

interruptores Skj.

Tabela 2.2 – Combinações possíveis de funcionamento de um braço do conversor.

11 1 0 0

2

k

k

dcmk

s

UU

⎧⎪γ =⎪

=⎨⎪⎪ =⎩

00 1 1 00

k

k

mk

s U

γ =⎧⎪ =⎨⎪ =⎩

1

0 0 1 1

2

k

k

dcmk

s

UU

⎧⎪γ = −⎪

=⎨⎪⎪ = −⎩

As tensões Umk expressas em função das variáveis de comutação γk, são dadas por:

1 1

2 2

33

2m dc

m

m

U UUU

γ⎡ ⎤ ⎡ ⎤=⎢ ⎥ ⎢ ⎥γ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥γ⎣ ⎦⎣ ⎦

(2.3)

As tensões compostas escrevem-se:

1 212

23 2 3

31 3 1

m m

m m

m m

U UUU U UU U U

−⎡ ⎤ ⎡ ⎤=⎢ ⎥ ⎢ ⎥−⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥−⎣ ⎦ ⎣ ⎦

(2.4)

Estas tensões compostas apresentam um número de níveis dado por (2n-1), que corresponde a

cinco níveis na tensão composta Udc; Udc/2; 0; -Udc/2; -Udc.

Page 31: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

15

2.3– Modelos dinâmicos do conversor trifásico NPC de 3 níveis

2.3.1 – Modelo do conversor no sistema de coordenadas 123 (eixos a 120º)

A modelação dinâmica do conversor é feita a partir do circuito da Figura 2.3, considerando

semicondutores de potência ideais, para determinar relações entre as variáveis de comutação

γk, e as variáveis de estado UC1 e UC2 do lado contínuo e i1, i2, i3 do lado alternado, bem como

entre variáveis intermédias, USk e Ik.

Na Figura 2.3, definem-se os sentidos das variáveis mais importantes com vista à obtenção

dos modelos dinâmicos e levanta-se a restrição anteriormente adoptada UC1=UC2=Udc/2, isto

é, considera-se apenas UC1+UC2=Udc.

Figura 2.3 – Esquema do Conversor NPC.

Considerando a relação entre as variáveis de comutação γk e as tensões Umk, e as correntes Ik:

1

2

10 0

1

1 10 1 0 1

C k

mk k

C k

k k k kk k

k k

U =U =

U = -

-i = i = -I I '

-

→ γ⎧⎪= → γ⎨⎪− → γ⎩

→ γ → γ⎧ ⎧= =⎨ ⎨→ γ ≠ → γ ≠⎩ ⎩

(2.5)

Definindo as variáveis Γ1k e Γ2k:

Page 32: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

16

( ) ( )1 2

1 12 2

k k k kk k

- e

γ γ + γ γΓ = Γ = (2.6)

Podem expressar-se as tensões Umk e as correntes Ik, I’k em função destas novas variáveis:

1 1 2 2

1

2

mk k C k C

k k k

k k k

U U U

I i

I ' i

= Γ + Γ

= −Γ

= −Γ

(2.7)

No lado AC, aplicando as leis de Kirchoff à fase k:

dd

kSk k sk

iU Ri L ut

= + + (2.8)

Obtém-se o modelo de estado comutado:

dd

k Sk skk

i R U uit L L L

= − + − (2.9)

Do lado DC, aplicando a lei dos nós, temos para o nó A (Figura 2.3):

1

11

31

11

dd

dd

C o

Co

Ck o

k

i i i UC i i

tUC I i

t =

= + ⇔

= + ⇔

= + ⇔∑

(2.10)

3

11 1

1

dd

Ck k o

k

UC i it =

= − Γ +∑ (2.11)

ou seja:

1 1 11 2 12 3 13

1

dd

C oU i i i it C

− Γ − Γ − Γ += (2.12)

Procedendo da mesma forma para o nó B (Figura 2.3):

2 1 21 2 22 3 23

2

dd

C oU i i i it C

− Γ − Γ − Γ += (2.13)

Page 33: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

17

Considerando um sistema trifásico equilibrado em que 1 2 3 0S S SU U U+ + = e a relação

1 1 2 2mk C k C kU U U= Γ + Γ em (2.7), obtém-se o seguinte sistema de equações:

( ) ( )

( ) ( )

( ) ( )

1 11 12 13 2 21 22 231

21 12 11 13 2 22 21 23

3

1 13 11 12 2 23 21 22

2 23

2 23

2 23

C CS

SC C

S

C C

U - - U - -UU

U - - U - -U

U - - U - -

Γ Γ Γ + Γ Γ Γ⎡ ⎤=⎡ ⎤ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ Γ Γ Γ + Γ Γ Γ⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦ ⎢ ⎥⎢ ⎥

Γ Γ Γ + Γ Γ Γ⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦

(2.14)

Para as tensões compostas tem-se:

12 1 2 1 2

23 2 3 2 3

31 3 1 3 1

m m S S

m m S S

m m S S

U U -U U -UU U -U U -UU U -U U -U

=⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤=⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦

(2.15)

Introduzindo a matriz Ξ definida por:

11 12

21 22

31 32

= Ξ Ξ⎡ ⎤⎢ ⎥Ξ Ξ⎢ ⎥⎢ ⎥Ξ Ξ⎣ ⎦

Ξ (2.16)

Em que

11 12 11 12 13 21 22 23

21 22 12 11 13 22 21 23

31 32 13 11 12 23 21 22

2 212 232 2

- - - -- - - -- - - -

Ξ Ξ Γ Γ Γ Γ Γ Γ⎡ ⎤ ⎡ ⎤=⎢ ⎥ ⎢ ⎥Ξ Ξ Γ Γ Γ Γ Γ Γ⎢ ⎥ ⎢ ⎥

⎢ ⎥ ⎢ ⎥Ξ Ξ Γ Γ Γ Γ Γ Γ⎣ ⎦ ⎣ ⎦

(2.17)

Resulta

1 111 12

2 21 22

31 32 23

S C

S

CS

U UU

UU

Ξ Ξ⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤=⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥Ξ Ξ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥Ξ Ξ⎣ ⎦ ⎣ ⎦⎣ ⎦

. (2.18)

Nas tensões simples USk existem 9 níveis ou patamares de tensão.

Substituindo (2.18) em (2.9) e juntando (2.12) e (2.13), obtém-se o modelo do conversor, no

espaço de estados, em coordenadas 123:

Page 34: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

11 121 1

2 221 22

3 3

1 131 32

2 2

11 12 13

11 1 1

21 22 23

22 2 2

1 0 0 00 0dd 10 0 00 0

10 0 00 0

10 0 00 0

10 0 00 0

C C

C C

Ri iLL L Li it R

i i LL L LU URU U LL L L

CC C C

CC C C

⎡Ξ Ξ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤ −−= ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥ +⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥Ξ Ξ⎢ ⎥ −−⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥Ξ Ξ −⎢ ⎥−⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎣ ⎦ ⎣ ⎦⎢ ⎥⎢ ⎥Γ Γ Γ− − −⎢ ⎥

⎢ ⎥⎢ ⎥Γ Γ Γ− − −⎢ ⎥

⎣⎣ ⎦

1

2

3

0

S

S

S

uuui

⎤ ⎡ ⎤⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎣ ⎦⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥

(2.19)

Este modelo em coordenadas 123 é variante no tempo e não linear.

2.3.2 – Modelo dinâmico do conversor num referencial ortonormado (coordenadas

αβ)

Nesta secção elabora-se o modelo do conversor no sistema de coordenadas αβ, ou seja,

procede-se à transformação do modelo no referencial 1, 2, 3 em que as tensões e correntes

constituem um sistema trifásico equilibrado, para um outro modelo em que essas grandezas

são representadas num sistema bifásico equivalente. Esta transformação é chamada

transformação de Concordia.

A transformação de Concordia consiste na aplicação das relações (2.20) ou (2.21), que

estabelecem as relações entre grandezas de um sistema trifásico em coordenadas 123, X123, e

do sistema bifásico equivalente em coordenadas αβ, Xαβ:

123 αβ αβ=X C X (2.20)

(2.21) T123X C Xαβ αβ=

Em que Cαβ, normalmente designada por matriz de transformação ou matriz de Concordia, é

dada por (2.22):

18

Page 35: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

19

12 1 023

1 3 12 2 21 3 12 2 2

-

- -

αβ

⎡ ⎤⎢ ⎥=⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦

C

(2.22)

A matriz Cαβ é ortogonal, ou seja:

-1 T1 12 12 233 30

2 21 1 12 2 2

C C - -

-

αβ αβ

⎡ ⎤== ⎢ ⎥

⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦

(2.23)

O desenvolvimento da dedução do modelo do Conversor no Espaço de Estados, em

coordenadas αβ, está apresentado detalhadamente no Anexo I.

O modelo do conversor no espaço de estados, em coordenadas αβ resultante da transformação

de Concordia é dado por (2.24).

1 2

1 2

1 1 0

2 211

11 1

22

22 2

1d 0 0 0d

10 0 0

10 00 0

10 00 0

S

S

C C

C C

Ri i uLL L Lt i i uR

U U iLL L LU U

CC C

CC C

α ααα α

ββ ββ β

βα

βα

Γ Γ ⎡ ⎤⎡ ⎤ − ⎡ ⎤⎡ ⎤ −= ⎡ ⎤ + ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥Γ Γ ⎢ ⎥⎢ ⎥ −− ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎣ ⎦⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥Γ⎣ ⎦ ⎣ ⎦Γ ⎢ ⎥⎢ ⎥− −⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥ΓΓ ⎢ ⎥⎢ ⎥− − ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎣ ⎦⎣ ⎦

(2.24)

Onde Γ1α, Γ1β, Γ2α, e Γ2β são obtidos aplicando a transformação de Concordia aos vectores

coluna Γ1k e Γ2k, ou seja:

Page 36: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

20

( )

( )

( )

( )

1 11 12 13

2 21 22 23

1 12 13

2 22 23

1 3 23 21 3 23 21212

- -

- -

-

-

α

α

β

β

⎧Γ = Γ Γ Γ⎪

⎪⎪

Γ = Γ Γ Γ⎪⎪⎨⎪Γ = Γ Γ⎪⎪⎪Γ = Γ Γ⎪⎩

(2.25)

Este modelo poderá ser utilizado com vantagem para sintetizar controladores não lineares no

referencial αβ.

2.3.3 – Modelo dinâmico do conversor num referencial síncrono (coordenadas dq)

Procurando obter um modelo invariante no tempo e, se possível, linear é necessário aplicar a

transformação de Park, ao modelo do conversor multinível em coordenadas αβ.

A transformação de Park é obtida através das relações (2.26) e (2.27), relações entre

transformações de grandezas num referencial αβ e um referencial dq síncrono rodando à

velocidade ω, em que a matriz de transformação Cdq é dada por (2.28):

dq dqαβ =X C X (2.26)

1X C Xdq dq−

αβ= (2.27)

cos ω -sen ω=sen ω cos ω

dq t tt t

⎡ ⎤⎢ ⎥⎣ ⎦

C, (2.28)

A matriz Cdq é ortogonal, pelo que 1 T=C Cdq dq− , vindo:

1 cos ω sen ω=

-sen ω cos ωdq t t

t t

− ⎡ ⎤⎢ ⎥⎣ ⎦

C, (2.29)

Considerando θ=ω Pt + ϕ (ângulo de Park), em que Pϕ é o valor inicial deste ângulo,

escreve-se:

Page 37: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

21

cos θ -sen θ=sen θ cos θ

dq ⎡ ⎤⎢ ⎥⎣ ⎦

C (2.30)

Aplicando a transformação de Park ao modelo em coordenadas αβ, (2.24), o modelo do

conversor multinível, em coordenadas dq, é dado por (2.31). Os cálculos detalhados

encontram-se no Anexo I.

1 2

1 21 1 0

2 211

11 1

22

22 2

1d 0 0d

10 0

10 00 0

10 00 0

d dd d Sd

q q Sqq q

C C

C Cqd

qd

Ri i u--LL L Lt i i u

R -- -U U iLL L LU U

- - CC C

- - CC C

Γ Γ ⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤ω += ⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥Γ Γ ⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ω ⎢ ⎥ ⎣ ⎦⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦ ⎣ ⎦ΓΓ ⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥ΓΓ ⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦⎢ ⎥⎣ ⎦

(2.31)

Em que as variáveis de comutação Γ1d, Γ1q, Γ2d, e Γ2q são dados por (fazendo 0Pϕ = ):

1 1α 1β

2 2α 2β

1 1α 1β

2 2α 2β

Γ =Γ cos ω + Γ sen ωΓ =Γ cos ω + Γ sen ωΓ =-Γ sen ω + Γ cos ωΓ =-Γ sen ω + Γ cos ω

d

d

q

q

t tt tt tt t

⎧⎪⎪⎨⎪⎪⎩

. (2.32)

Este modelo, embora ainda não linear, pode ser considerado constante no tempo, desprezando

as pequenas variações nas grandezas devidas ao funcionamento comutado.

2.4 – Dimensionamento dos parâmetros do conversor

2.4.1 – Tensão no lado contínuo do conversor

Vai dimensionar-se um protótipo laboratorial de um conversor multinível para investigação.

Atendendo a restrições orçamentais e à segurança de equipamentos e de pessoas, vão

utilizar-se tensões relativamente baixas da ordem das duas a três centenas de volts. Esta

abordagem permite economizar nos materiais, minimizar acidentes e avarias nos

semicondutores, sendo, no entanto, suficientemente ilustrativa das potencialidades do sistema,

desde que a frequência de comutação seja da ordem de grandeza da que seria possível utilizar

num conversor operando com tensões de 1-2kV. A estas tensões, a frequência de operação

Page 38: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

22

dos conversores multinível com semicondutores actuais pode atingir cerca de 2kHz no

laboratório. No protótipo utilizar-se-á frequência variável em torno de 2kHz e com valor

máximo de cerca de 5kHz, o que permite economizar componentes reactivos e permite testar

a velocidade de execução dos algoritmos de concretização dos controladores em

microprocessador.

Utilizou-se um valor nominal de tensão contínua Udc=300V no cálculo do coeficiente de

auto-indução da bobina de interligação do conversor às tensões alternadas (obtidas de um

transformador ligado à rede eléctrica) no cálculo dos condensadores do lado contínuo do

conversor e no dimensionamento dos semicondutores.

2.4.2– Bobina de interligação do conversor à rede de energia

Os controladores de corrente, definidos no capítulo 3, asseguram que as correntes no lado

alternado do conversor seguem as respectivas referências. Tratando-se de um conversor

comutado existirá, no entanto, um certo (±ε) erro ou tremor (ripple). A Figura 2.4 ilustra a

evolução destas correntes durante meio período.

0.02 0.025 0.030

10

20

30

40

t(s)

i referência

i conversor

i(A)

Figura 2.4 – Corrente numa fase do lado alternado do conversor (i conversor), e respectiva corrente de

referência (i referência).

O dimensionamento do coeficiente de auto-indução L é feito aplicando as leis de Kirchoff ao

circuito equivalente do lado AC do conversor multinível trifásico NPC de três níveis (Figura

2.5).

Page 39: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

23

Figura 2.5 – Esquema equivalente por fase do lado alternado do conversor multinível NPC de três

níveis: circuito indutivo (R, L) com fonte de tensão alternada us1.

Como 1 1s L R sU U U u= + + , pode escrever-se:

11 1 1

dds siU L Ri ut

= + + (2.33)

Desprezando a queda de tensão resistiva, Ri1, cujo valor é muito pequeno (Ri1≈0), comparado

com os restantes termos de (2.33), (Figura 2.6) tem-se:

11 1 1

dds L s siU U u L ut

= + = + (2.34)

Figura 2.6 – Esquema equivalente por fase do lado alternado do conversor multinível, desprezando a

queda de tensão resistiva Ri1.

Ou seja:

11 1

dd s siL U u ut

= − = Δ (2.35)

A taxa de variação da corrente, di/dt depende do coeficiente de auto-indução, L, e da

diferença de tensão entre Us1 e us1 (tensões impostas, respectivamente, pelo conversor e pela

rede).

Page 40: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

24

Para efeitos de dimensionamento, pode considerar-se que a máxima taxa de variação ocorre

para um factor de ciclo de 50% (T/2), sendo a componente de alta-frequência da corrente do

conversor uma onda aproximadamente triangular cuja amplitude é ε.

T

irefª

irefª+ε

irefª -ε

imax

Δi=2ε

Δt=T/2imin

Figura 2.7 – Linearização da corrente de referência.

Sendo então a evolução da corrente praticamente linear, a sua taxa de variação é:

1 1ddi it t

Δ=

Δ (2.36)

De (2.35) vem:

1 1

1

( )s sU u tLi

− Δ=

Δ (2.37)

Atendendo a que Δi1=2ε (Figura 2.7), e que Δt=T/2 em que T é o período associado à

frequência de comutação fcom 12 com

tf

⎛ ⎞Δ =⎜ ⎟

⎝ ⎠, tem-se:

1 1

1

( )2

s s

com

U uLf i

−=

Δ ⇔ 1 1( )

4s s

com

U uLf −

(2.38)

O dimensionamento do coeficiente de auto-indução é realizado usando (2.39), que tira partido

do conversor multinível, ou seja, considera a tensão Us1- us1 mínima que é possível aplicar

pelo conversor na bobina ((Us1- us1)min=Δumin). Este valor mínimo pode ocorrer quando o

tremor da corrente é máximo, ou seja, para us1=0 (Figura 2.8), sendo Δumin = Us1min

Page 41: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

25

1

12s min

mincom

ULf i

(2.39)

Do estudo do modelo dinâmico do conversor, de (2.18), e supondo UC1=UC2=Udc/2, vem:

1 1

2 2

3 3

2 1 13 3 3 21 2 13 3 31 1 23 3 3

S dc

S

S

U U- -UU - -

- -

⎡ ⎤⎡ ⎤ γ⎡ ⎤+= ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥γ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥ + ⎢ ⎥γ⎣ ⎦ ⎣ ⎦⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥+⎣ ⎦

. (2.40)

0 0.02 0.04 0.06

0

t(s)

us1

u(V)

Δu min.

123s máx. dcU U=

1230 23s máx.u =

6dc

min.UuΔ =

123s máx. dcU U− = −

1230 23s máx.u− = −

Figura 2.8 – Gráfico ilustrando as tensões de saída do conversor Us1, e a tensão simples us1.

De (2.40), obtém-se a relação entre Us1 e Udc, que é dada por 1 1 2 32 1 13 3 3 2

dcs

UU ⎛ ⎞= γ − γ − γ⎜ ⎟⎝ ⎠

em

que γ pode variar no conjunto -1, 0, 1. O menor degrau entre níveis adjacentes desta tensão

obtém-se, por exemplo, para γ1=1, γ2=1 e γ3=0, e vale Us1min= Udc/6. Assim:

112

dcmin

com

ULf i

(2.41)

Page 42: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

26

Considerando Udc=300V, fcom= 4kHz, Δi1=1A (±0,5A), obtém-se Lmin =6,25mH.

Na prática foi usado 6,92mH (2×3,46mH) como valor do coeficiente de auto-indução das

bobinas de interligação do conversor à rede de energia.

Na Figura 2.9, apresenta-se um resultado experimental, onde se pode mostrar a acção do

sistema de compensação, ou seja, colocar a corrente na linha em fase com a tensão simples.

Este resultado serve para mostrar que a expressão usada neste dimensionamento fornece um

valor adequado para o coeficiente de auto-indução da bobina L.

Figura 2.9 – Dimensionamento de L (tensão em fase com a corrente); CH1 – Tensão simples na fase 1

(40V/div); CH2 – Corrente na linha 1 IT1 (2A/div); (2ms/div).

Os principais parâmetros utilizados na realização do ensaio e relacionados com o

dimensionamento do coeficiente de auto-indução foram a tensão no lado contínuo, Udc, 120V

e o tremor da corrente Δi, igual a 0,3A (±0,15A).

Da curva da corrente (Figura 2.9), retira-se a frequência de comutação de cerca 5000Hz.

Apesar da frequência de comutação ser variável ao longo de um período da rede, considera-se

para feitos de cálculos que a onda triangular da corrente apresenta um comportamento

periódico na zona do zero da tensão.

Substituindo estes valores na equação (2.41), resulta o valor do coeficiente de auto-indução de

6,67mH.

CH2

CH1

Page 43: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

27

2.4.3– Condensadores do lado contínuo do conversor

O processo utilizado neste trabalho para dimensionar os condensadores do lado contínuo do

conversor (C1 e C2), considera a situação de funcionamento mais desvantajosa. As

capacidades são dimensionadas com base na variação da energia armazenada em duas

situações extremas (Situação A e Situação B), indicadoras das possibilidades do

compensador, como se mostra na Figura 2.10.

Considerando inicialmente uma capacidade equivalente no lado contínuo do conversor, Ceq,

carregada à tensão Udc, aplicando uma certa variação na carga indutiva na saída do conversor

(ligação de uma dada carga no instante t1), obtém-se um decrescimento na tensão Udc (Figura

2.10).

Figura 2.10 – Gráfico explicativo da variação da tensão quando há variação de carga reactiva.

A energia na capacidade equivalente na situação A é 212A eq AW C U= e a energia WB na

situação B é 212B eq BW C U=

Sabe-se também que A BW -W W= Δ , obtendo-se as seguintes relações:

Page 44: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

28

2 21 12 2A B eq A eq BW W -W C U C UΔ = = − (2.42)

Sendo ( )2 2 222B A B A A AU =U - u U = U - u U U u uΔ ⇒ Δ = − Δ + Δ

De que resulta ( )( ) ( )2 2 2 21 12 22 2eq A A A eq AW C U U U u u C U u uΔ = − − Δ + Δ = Δ − Δ

Ou seja, ( )21 22 eq AW C U u uΔ = Δ − Δ , pelo que:

2

22eq

A

WCU u u

Δ=

Δ − Δ (2.43)

Sabendo que UA=Udc, obtém-se o valor de Ceq:

2

22eq

dc

WCU u u

Δ=

Δ − Δ (2.44)

Se o termo Δu2 for desprezável face a 2UdcΔu, então uma solução aproximada para o cálculo

de Ceq é:

eqdc

WCU u

Δ=

Δ (2.45)

De modo a relacionar a capacidade equivalente Ceq, com as capacidades dos condensadores

C1 e C2 (Figura 2.3), consideram-se as seguintes relações:

1 2

1 2dc C C

C C C

U U U

= =⎧⎪⎨⎪ = +⎩

. (2.46)

Para obter a relação existente entre C1, C2 e Ceq, pode utilizar-se (2.44), considerando apenas

um condensador, C1, ou seja, aplicando (2.44) ao cálculo de C1, ou C2, para o que deve

considerar-se metade da energia (ΔW1=ΔW/2), metade da tensão (UC1=Udc/2) e metade da

variação da tensão (Δu1=Δu/2):

Page 45: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

29

11 2 22

1 1 1

22

2 4C

dc

W WC C Cu uU u u U

Δ Δ= = = =

Δ ΔΔ − Δ − (2.47)

Desenvolvendo a expressão (2.47) conclui-se que:

1 2 2

4 22 eq

dc

WC C C CU u u

Δ= = = =

Δ − Δ (2.48)

De modo a dimensionar o valor das capacidades C1 e C2, utilizando estas relações, efectuou-

-se um estudo, que consiste em aplicar cargas de natureza indutiva de modo a provocar

variações de energia nos condensadores. Como se viu, com base nesta variação de energia

dimensiona-se a capacidade mínima. Na Tabela 2.3 encontram-se as características das cinco

cargas utilizadas na simulação (Matlab-Simulink).

Tabela 2.3 – Cargas utilizadas no estudo para dimensionar os condensadores C1 e C2.

Nome

da

Carga

R

(Ω)

L

(H)

XL

(Ω)

Z

(Ω)

φ

(º)

ST

(VA)

Ilinha

(A)

P

(W)

Q

(VAr)

3A 7,5 0,001 0,314 7,51 2,40 2349,05 10,21 2346,99 98,31

3B 7 0,005 1,571 7,17 12,65 2457,92 10,69 2398,28 538,17

3C 5,82 0,001 3,142 6,61 28,36 2666,15 11,59 2346,17 1266,44

3D 3,8 0,012 3,770 5,35 44,77 3294,24 14,32 2338,62 2320,10

3E 0,95 0,008 2,51 2,69 69,29 6562,88 28,53 2320,48 6138,95

Na Figura 2.11, são apresentados os gráficos da tensão Udc quando o sistema é sujeito a

variações na carga (durante 5s) e uma ampliação (Zoom) da tensão Udc no instante 3s, que

mostra a passagem da carga 3B para carga 3E (12,65º→69,29º).

Page 46: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

30

Figura 2.11 – Variações na tensão Udc provocadas por variações de cargas.

Na Tabela 2.4, pode-se comparar o valor das capacidades utilizadas na simulação

(C1=C2=3mF), com os cálculos exactos e aproximados resultantes das várias mudanças de

carga em cada segundo.

Tabela 2.4 – Tabela de verificação do cálculo das capacidades C1 e C2 para várias variações de carga.

Variações de

Carga

Δu

(V)

ΔQ

(VAr)

Δt

(s)

ΔW

(J)

Ceq

Cálculo Exacto

Ceq, Cálculo

Aproximado

Em 1s Carga 3A

passa para carga 3D

(2,4º→44,7º)

-1,5 Qi=98,3

Qf=2320,10,0003 -0,667

Ceq=1,48 mF

C1=C2=2,96 mF

Ceq=1,48 mF

C1=C2=2,96 mF

Em 2s Carga 3D

passa para carga 3B

(44,7º→12,65º)

1,2 Qi=2320,1

Qf=538,2 0,0003 0,535

Ceq=1,49 mF

C1=C2=2,98 mF

Ceq=1,49 mF

C1=C2=2,97 mF

Em 3s Carga 3B

passa para carga 3E

(12,65º→69,29º)

-8 Qi=538,2

Qf=6139,00,00065 -3,641

Ceq=1,50 mF

C1=C2=3,00 mF

Ceq=1,52 mF

C1=C2=3,03 mF

Em 4s Carga 3E

passa para carga 3C

(69,29º→28,36º)

7,5 Qi=6139,0

Qf=1266,40,0007 3,411

Ceq=1,54 mF

C1=C2=3,08 mF

Ceq=1,52 mF

C1=C2=3,04 mF

Page 47: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

31

Este exemplo de cálculo mostra que, neste caso, a capacidade depende essencialmente da

variação de Energia ΔW e da queda de tensão de Udc, Δu.

Fazendo um estudo para verificar a relação entre ΔW e Δu, com base nos valores retirados da

tabela acima, obtém-se o gráfico da Figura 2.12, válido para as capacidades C1=C2=3mF.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9Δu (V)

ΔW

(J)

Figura 2.12 – Variação de Energia (ΔW) com a queda de tensão (Δu), para C1=C2=3mF.

Repare-se que a tensão Udc não pode ser mais baixa do que o valor de pico das tensões

alternadas (neste caso 40% mais baixo do que Udc), ou seja, tem de verificar-se Us1>us1máx,

caso contrário o conversor não tem possibilidade de comandar as correntes (Figura 2.8).

As capacidades dos condensadores devem então ser suficientemente elevadas, para manterem

a tensão Udc, admitindo uma pequena perturbação Δu, nas situações mais desvantajosas para

as quais o sistema de compensação esteja dimensionado.

Então, as capacidades são dimensionadas para que o sistema admita no máximo:

• Queda de tensão de 10 % ⇒ Δu=30V ⇒ ΔW 13,8J (valor obtido da Figura 2.12),

2 2

2 2 13 8 1 61mF2 2 300 30 30

13 8 1 53mF

300 30

Exactodc

Aproximadodc

W ,C ,U u - u -

W ,C ,U u

Δ ×⎧ = = =⎪ Δ Δ × ×⎪⎪⎨⎪ Δ⎪ = = =

Δ ×⎪⎩

⇒C1 min=C2 min≈3,2mF;

Page 48: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

32

• Queda de tensão de 5 % ⇒ Δu=15V ⇒ ΔW 6,9J (valor obtido da Figura 2.12),

2 2

2 2 6 9 1 57mF2 2 300 15 15

6 9 1 53mF

300 15

Exactodc

Aproximadodc

W ,C ,U u - u -

W ,C ,U u

Δ ×⎧ = = =⎪ Δ Δ × ×⎪⎪⎨⎪ Δ⎪ = = =

Δ ×⎪⎩

⇒C1 min=C2 min≈3mF;

Por razões de disponibilidade comercial, o valor das capacidades adquiridas para serem

usadas no protótipo foi de C1=C2=4,7mF.

2.4.4– Tensão e corrente nos semicondutores usados

Neste protótipo podem ser usados módulos de IGBT com díodo em anti-paralelo capazes de

suportar 1200V e 50A de corrente média, valores estes bastante comuns e relativamente

económicos. Estes módulos permitirão trabalhar com grande margem de segurança

considerando as tensões planeadas para experimentação.

A máxima corrente eficaz no lado alternado do conversor é normalmente limitada pelas

perdas máximas admissíveis em cada módulo, que também depende da frequência de

comutação. Neste caso, dado que a topologia do conversor multinível inclui 12 IGBT e 18

díodos, pode admitir-se que, sendo as correntes de pico dos módulos de 50A normalmente

limitadas a 100A, o máximo valor eficaz da corrente não poderá em caso algum ultrapassar

70A. Este valor é largamente superior à corrente necessária para os ensaios experimentais

(inferior à dezena de ampere) e ao valor limite admitido nos sensores de corrente utilizados

(25A).

Page 49: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

33

Capítulo 3 – Controlo do conversor multinível

3.1 – Introdução

Neste capítulo descreve-se o sistema de controlo do sistema de compensação de potência

reactiva. O controlo baseia-se na injecção de correntes de compensação, correntes essas que

devem seguir referências de corrente com duas componentes, uma em quadratura (iq ref) e

outra directa (id ref). Para se obter id ref e iq ref, são calculadas primeiro as correntes de

compensação em coordenadas αβ, depois aplica-se a transformação de Park para obter a

componente em quadratura, iq ref. A componente directa id ref, relacionada com a potência

activa, é obtida indirectamente, por um controlador linear cuja missão é manter constante a

tensão contínua do conversor, compensando as perdas do conversor.

A componente da corrente em quadratura, iq ref, é obtida a partir das correntes de compensação

(iCα e iCβ) calculadas pelo método da potência instantânea pq, proposto por Akagi (1983).

O controlo não linear das correntes injectadas pelo compensador é realizado em coordenadas

αβ. É necessário aplicar a transformação inversa de Park, às referências de corrente iq ref e

id ref, de modo a obter-se as referências de corrente em coordenadas αβ.

O controlo não linear das correntes de saída do conversor é conseguido usando a técnica de

modo por modo deslizamento (Sliding mode control) [Gao, 1993], [Utkin, 1993]. O controlo

das correntes de saída do conversor realiza-se partindo do pressuposto que a tensão Udc é

constante – à parte de pequenas variações em torno do valor constante – e que essa tensão Udc

está aproximadamente repartida pelos dois condensadores C1 e C2. Assim, para além do

controlo das correntes de saída do conversor, é necessário controlar as grandezas Udc, UC1 e

UC2.

É explicada a estratégia usada para efectuar o equilíbrio das tensões nos condensadores, UC1 e

UC2. No fim do capítulo, efectua-se o controlo linear da tensão contínua Udc, e apresenta-se

um estudo da estabilidade referente ao controlo linear. Para o dimensionamento do

controlador efectua-se a linearização do conversor.

Page 50: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

34

3.2– Cálculo das Referências das Correntes de Compensação

O objectivo de um compensador de energia reactiva é de anular, ou diminuir para valores

aceitáveis, o trânsito de energia reactiva numa linha eléctrica. Ou seja, pretende-se que o

factor de potência (FP), a montante da ligação do compensador, seja, tanto quanto possível,

próximo da unidade (factor de potência quase unitário), isto é, as componentes fundamentais

das correntes i1T, i2T, e i3T da Figura 3.1 devem estar em fase com as tensões U1, U2, e U3.

Figura 3.1 – Esquema eléctrico do sistema em análise.

Neste trabalho considera-se a potência aparente S numericamente igual à máxima potência

activa que é possível transmitir a uma carga ideal resistiva pura, mantendo constante a tensão

na carga e as perdas na linha, e define-se factor de potência FP como o quociente entre a

potência activa P, efectivamente fornecida a uma dada carga real, e a potência aparente, S,

dada pelo produto dos valores eficazes da tensão (URMS) e da corrente (IRMS). Considera-se,

ainda, que a potência reactiva Q está ligada à desfasagem entre as harmónicas fundamentais

da tensão e da corrente [Santana, 1991].

Page 51: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

35

Em sistemas sinusoidais de uma única frequência (sem distorção), o FP também pode ser

expresso pelo valor de cosϕ, em que ϕ corresponde à desfasagem entre a onda de tensão e a

onda de corrente, U I Iϕ = ϕ − ϕ = −ϕ , uma vez que se considera ϕU=0

0

1 ( ) ( )cos

T

PRMS RMS

u t i t dtTPF

S U I= = = ϕ

∫ (3.1)

Em geral, para cargas não lineares, o factor de potência é normalmente inferior à unidade,

1 1 1 1 cos cos

RMS RMS RMSP

RMS RMS RMS

P U I IFS U I I

ϕ ϕ= = = , (3.2)

em que IRMS1 corresponde à componente fundamental da corrente a 50Hz e cosϕ1 corresponde

a desfasagem entre a tensão e a harmónica fundamental da corrente, ou seja, os contributos

para a potência activa P são os valores eficazes da 1ª harmónica da tensão e da corrente e do

cosϕ1.

3.2.1– Componente em quadratura da corrente de referência

A componente em quadratura da corrente é calculada pela teoria p-q, [Akagi, 1983],

[Watanabe 1998]. Esta teoria também é conhecida por teoria da potência activa e reactiva

instantâneas. Este método implementa a transformação de Concordia no sistema de

coordenadas 123. Esta transformação algébrica origina um referencial estacionário onde as

coordenadas αβ são ortogonais umas com as outras.

Para chegar às expressões das potências (activa e reactiva), é necessário definir o sistema de

tensões simples, o sistema de correntes nas três fases, e depois aplicar a transformação de

Concordia em cada um destes sistemas. Considerando as tensões simples (tensão fase-neutro)

definidas por:

( )( )

1

2

3

2 sin

2 sin 2 3

2 sin 2 3

u U t

u U t /

u U t /

⎧ = ω⎪⎪ = ω − π⎨⎪

= ω + π⎪⎩

(3.3)

As correntes nas três fases são definidas por:

Page 52: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

( )( )( )

1

2

3

2 sin

2 sin 2 3

2 sin 2 3

⎧ = ω − ϕ⎪⎪ = ω − π −⎨⎪

= ω + π −⎪⎩

I

I

I

i I t

i I t /

i I t /

ϕ

ϕ

(3.4)

Em notação matricial, as tensões e as correntes num referencial de coordenadas αβ

escrevem-se:

1 1

2 2

3 3

1 122 1 0 1 02 233

1 3 1 1 3 12 2 2 22 21 3 1 1 3 12 2 2 22 2

u iu iu iu iu i

u i

α α

β β

ο ο

⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ = ⎢ ⎥=⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎣ ⎦ ⎣ ⎦− −⎢ ⎥ ⎢⎢ ⎥ ⎢ ⎥

⎢ ⎥ ⎢⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎣ ⎦ ⎣ ⎦− − − −⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎣ ⎦ ⎣ ⎦

⎥⎥

(3.5)

A potência trifásica instantânea p, em coordenadas 123 e em coordenadas αβ, é dada por:

1 1 2 2 3 3p u i u i u i u i u i u iα α β β ο= + + = + + ο (3.6)

Num sistema equilibrado, em que a componente homopolar é nula, a potência activa em

coordenadas αβ é dada por:

p u i u iα α β β= + (3.7)

As potências p e q, também podem ser obtidas através da potência complexa S, ou seja,

considerando o diagrama da Figura 3.2, onde estão representados os vectores da corrente e da

tensão em coordenadas αβ, em que:

j

j

u u

i i

α β

α β

⎧ = +⎪⎨⎪ = +⎩

U

I

(3.8)

36

Page 53: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

37

U

I

Figura 3.2 – Representação vectorial dos vectores de tensão e corrente no plano αβ.

O vector potência aparente S é usualmente definido por:

( ) ( ) j j u i u i u i u i p q

α α β β β α α β= = + + − = +S U I (3.9)

Em notação matricial p e q são:

iu up

u u iqαα β

β α β

= ⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥ −⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦

(3.10)

A potência reactiva q, em coordenadas αβ e em coordenadas 123, é dada por:

( ) ( ) ( )1 2 3 2 3 1 3 1 23

3q u i u i i v v i v v i v vβ α α β ⎡ ⎤= − = − + − + −⎣ ⎦ (3.11)

As correntes de compensação são obtidas de modo a garantir que a potência reactiva na linha

seja nula (qT=0). A definição dos sentidos das potências e das correntes, na linha, na carga e

no conversor, é apresentada no diagrama da Figura 3.3.

Figura 3.3 – Definição dos sentidos das potências e das correntes em todo o sistema.

Page 54: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

38

As correntes de compensação podem ser calculadas em coordenadas αβ ou em coordenadas

dq. Neste trabalho, são apresentadas duas formas de calcular as referências de corrente, em

função da potência activa e em função da potência reactiva.

a) Correntes de compensação em função da Potência Activa, em coordenadas αβ

A estratégia para calcular as correntes de compensação neste processo, consiste em não alterar

o valor da potência activa em trânsito na linha, fazendo pT=pL (Figura 3.3). Como se pretende

ter a potência reactiva na linha igual a zero (qT=0) faz-se qC=qL. As componentes das

correntes de compensação em função da potência activa são obtidas com base nestas

considerações no sistema de equações das potências trifásicas instantâneas p e q.

Aplicando a lei dos nós no ponto de interligação do conversor na rede, tem-se T L Ci i i= − .

Colocando o sistema de equações de potências da linha (pT e qT) em função das correntes do

conversor e da carga, obtém-se:

T L CT

T L LT

i i iu u u upu u u ui i iq

α α αα β α β

β α β αβ β β

= = −⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ − − −⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦⎣ ⎦ ⎣ ⎦

(3.12)

Manipulando o sistema de equações das correntes em função da potência activa e reactiva

total, temos:

1

L C T

L L T

i i u u pu ui i q

−α α α β

β αβ β

=−⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥−− ⎣ ⎦⎣ ⎦⎣ ⎦

(3.13)

Substituindo no sistema anterior as condições referidas anteriormente pT=pL e qT=0:

1

0L C L

L L

i i u u pu ui i

−α α α β

β αβ β

=−⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥−− ⎣ ⎦⎣ ⎦⎣ ⎦

(3.14)

Desenvolvendo a equação anterior, obtém-se:

2 2

10

L C L

L L

i i u u pu ui i u u

α α α β

β αβ β α β

−⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤=⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥−− + ⎣ ⎦⎣ ⎦⎣ ⎦

(3.15)

Page 55: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

39

Daqui resulta que:

2 2

2 2

C L L

C L L

u i i pu u

u i i p

u u

αα α

α β

ββ β

α β

⎧= −⎪ +⎪⎪

⎨⎪⎪ = −

+⎪⎩

(3.16)

Pode-se observar que as referências de corrente são calculadas em função da potência activa

da carga (é necessário efectuar a amostragem das tensões da rede e das correntes na carga, de

modo que as correntes de compensação sejam calculadas).

b) Correntes de compensação em função da Potência Reactiva, em coordenadas αβ

Neste segundo processo, basta estudar o conversor e a carga porque a estratégia consiste em

saber qual o valor da potência reactiva na carga e gerar uma corrente de compensação de

modo que qC=qL (se esta condição se verificar, então qT=0). Por outras palavras, este segundo

processo consiste em saber qual o valor da componente da corrente (em coordenadas αβ) que

deve ser injectada na rede, de modo que não interfira na potência activa da carga (pC=0), e

que tenha um valor igual à potência reactiva da carga (qC=qL).

Considerando na carga, o sistema de equações anteriormente definido:

LL

LL

iu upu u iq

αα β

β α β

= ⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥ −⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦

(3.17)

Colocando o sistema de equações das correntes em função das potências na carga, temos:

1

L L

L L

i u u pu ui q

−α α β

β αβ

=⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥− ⎣ ⎦⎣ ⎦⎣ ⎦

(3.18)

Substituindo na equação (3.18), as equações da carga pelas correntes do conversor e impondo

as condições pretendidas, ou seja, que as correntes do conversor não interfiram na potência

activa da carga (pC=0), e que anulem a potência reactiva da mesma (qC=qL), obtém-se a

equação (3.19):

Page 56: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

40

1 0C

C L

i u uu ui q

−α α β

β αβ

=⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥− ⎣ ⎦⎣ ⎦⎣ ⎦

(3.19)

Daqui resulta que:

2 2

2 2

C L

C L

ui q

u u

ui qu u

βα

α β

αβ

α β

⎧=⎪ +⎪⎪

⎨⎪ −⎪ =

+⎪⎩

(3.20)

As expressões (3.16) e (3.20) são equivalentes podendo ser usada qualquer uma delas para o

cálculo da corrente de compensação da componente em quadratura iq ref, ou seja, depois de

calculadas as correntes de compensação do conversor em coordenadas αβ, é necessário

aplicar a transformação de Park a estas correntes (iCα e iCβ) e usar a componente em

quadratura iq ref. A obtenção da componente directa da corrente de referência, id ref é discutida

no próximo ponto (3.2.2).

Neste trabalho utiliza-se as expressões (3.16) no cálculo das correntes de compensação,

(expressões implementadas no programa de controlo em microprocessador digital de sinal -

DSP). Estes cálculos necessitam da amostragem das tensões da rede e das correntes na carga

(no Anexo 2 descreve-se a constituição do protótipo, onde está incluído o esquema eléctrico

do circuito de amostragem das tensões e das correntes).

3.2.2– Componente directa da corrente de referência

Para além da componente em quadratura da corrente do conversor, que anula a potência

reactiva da rede, deve existir uma componente directa extra para compensar a descarga dos

condensadores, provocada pelas perdas por correntes de fuga nos próprios condensadores,

perdas nas bobinas de interligação e por perdas de condução e comutação nos dispositivos

electrónicos de comutação.

Esta corrente é obtida indirectamente controlando o erro entre a referência de tensão

contínua (tensão desejada para os condensadores) e a tensão Udc dos condensadores (Figura

3.4).

Page 57: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

41

Udc_ref

Udc Refª

Erro Udc id

PI

1Udc

Ref ª erro id

Figura 3.4 – Controlador linear para obtenção da componente id da corrente de referência.

As correntes de compensação, referências de corrente, transformações de Concordia e de

Park, podem ser observadas nos esquemas do Simulink apresentados nos anexos. Como

exemplo apresenta-se um desses esquemas na Figura 3.5.

Figura 3.5 – Diagrama de blocos que ilustra a obtenção das referências de corrente, iα ref e iβ ref.

Observando a Figura 3.5, verifica-se que as variáveis de saída deste bloco são eiα e eiβ, ou

seja, estas duas variáveis correspondem às variáveis de entrada do controlo não linear das

correntes. Estas correntes são controladas através da aplicação de vectores de tensão no plano

αβ, o que justifica a aplicação da transformação inversa de Park nas referências de corrente,

id ref e iq ref, mencionadas no diagrama de blocos da Figura 3.5.

Page 58: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

42

3.3– Controlo não linear das correntes do conversor (modo de deslizamento)

As correntes de saída do conversor são obtidas através de um controlador não linear

(modulador multinível). Este controlo não linear baseia-se no método de controlo por modo

de deslizamento (Sliding Mode Control), e tem como objectivos determinar a superfície de

deslizamento (Smd) e a obtenção da lei de comutação [Silva, 2001].

Esta técnica de comando pode ser considerada uma variante da Modulação por Vectores

Espaciais – SVM [Hyo, 1991]. As correntes do conversor são comandadas com base nos

vectores de tensão, no plano αβ, que o conversor pode disponibilizar. Durante um certo

intervalo de tempo, é aplicado o vector de tensão cujas componentes α e β satisfaçam as

condições de convergência das correntes para as respectivas referências.

Este tipo de controladores podem seguir superfícies de deslizamento, cujos parâmetros são

independentes das condições de funcionamento e parâmetros do sistema a controlar, pelo que

o desempenho do controlador é robusto relativamente à variação desses parâmetros e

condições. A estabilidade pode ser garantida por uma lei de comutação adequada [Utkin,

1993]. A técnica do modo de deslizamento é adequada para sistemas de estrutura variável no

tempo, como os conversores de electrónica de potência. Esta metodologia permite, ainda, sob

certas condições (impondo restrições na dinâmica do controlo), reduzir a ordem do sistema.

O controlo das correntes é efectuado em coordenadas αβ. A lei de comutação determina o

valor de duas variáveis de comutação que posteriormente são usadas na selecção do vector a

aplicar.

3.3.1– Lei de controlo.

A técnica de controlo por modo de deslizamento indica que uma superfície de deslizamento

Smd (e,t), função do vector dos erros e do tempo t, adequada para garantir robustez (sobre

certas condições dinâmicas) é [Gao, 1993]:

( ) 0mmd o xoo i

S e,t k e=

= =∑ (3.21)

Onde ko é um ganho determinante do comportamento dinâmico do sistema em modo de

deslizamento.

Page 59: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

43

Considerando como objectivo o controlo das correntes de linha do conversor iα e iβ, que

devem seguir as respectivas referências:

ref

ref

i i

i i

α α

β β

=⎧⎪⎨⎪ =⎩

(3.22)

Sendo o erro definido por:

i ref

i ref

e i i

e i i

α α α

β β β

= −⎧⎪⎨⎪ = −⎩

(3.23)

As superfícies de deslizamento do controlador das correntes são:

( )

( )

( ) ( )

( ) ( )

md i i ref md i i i

md i i i md i i ref

S e ,t k i iS e ,t k e

S e ,t k e S e ,t k i i

α α α αα α α

β β β β β β β

⎧ = −⎧ =⎪⎪

⇒⎨ ⎨⎪ ⎪= = −⎩ ⎩

(3.24)

O sistema diz-se em modo de deslizamento se cumprir a condição ( ) 0md i ,S e ,tα β = e, para que

o sistema não abandone o modo de deslizamento, deve também verificar-se a condição

( ) 0md i ,S e ,t•

α β = . Visto que a verificação simultânea destas condições implicaria uma

frequência de comutação infinita entre estruturas do sistema, na prática estabelece-se uma

margem de erro dentro da qual se considera que o sistema está quase em modo de

deslizamento:

Figura 3.6 – Ilustração da evolução temporal de um sinal controlado por modo de deslizamento.

t (s)

I (A)

Page 60: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

44

Assim, quando ( )md i ,S e ,tα β > +ε deve verificar-se a condição ( ) 0md i ,S e ,t•

α β < e, quando

( )md i ,S e ,tα β < −ε , deve verificar-se ( ) 0md i ,S e ,t•

α β > , para que o sistema retome o modo de

deslizamento. Quando estas condições não se verificam, deve actuar-se sobre os vectores da

tensão de saída u(t) do conversor de acordo com a lei de comutação enunciada em seguida.

( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )

0 0

0 0

• •

md mdmd i i i

• •

md mdmd i i i

S e ,t S e ,t aumenta-se o nível de u(t) até que S e ,t

S e ,t S e ,t diminui-se o nível de u(t) até que S e ,t

⎧ > +ε ∧ > → <⎪⎪⎨⎪

< −ε ∧ < → >⎪⎩

(3.25)

3.3.2– Relação entre os vectores de tensão e a dinâmica das correntes de linha do

conversor

Partindo do modelo dinâmico do conversor, em coordenadas αβ, equação (2.24), e

considerando que existe um processo de equilíbrio das tensões UC1 e UC2 de modo a garantir

que 1 2 2dc

C CUU U≈ ≈ , a dinâmica das correntes de linha do conversor pode ser representada

pelo seguinte modelo:

1 1d 0 0 0d

1 10 0 0

S S

S S

R ii u U-L L Lt ii u U

RL L L

αα α α

ββ β β

⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤+⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤= −⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎣ ⎦⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥−⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦

(3.26)

Em que os vectores USα,β têm os valores:

1

2

3

1 12 12 23 23 30

2 2

S dc

S

U UU

α

β

⎡ ⎤ Λ⎡ ⎤⎡ ⎤ − −= ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ Λ⎢ ⎥⎣ ⎦ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥Λ⎣ ⎦−⎢ ⎥⎣ ⎦

(3.27)

E as variáveis Λk têm os valores:

Page 61: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

45

( )

( )

( )

1 1 2 3

2 1 2 3

3 1 2 3

1 231 231 23

⎧Λ = γ − γ − γ⎪⎪⎪

Λ = −γ + γ − γ⎨⎪⎪

Λ = −γ − γ + γ⎪⎩

(3.28)

A superfície de comutação estabelece que

( ) ( )

( ) ( )

md i i ref

md i i ref

S e ,t k i i

S e ,t k i i

α α α α

β β β β

⎧ = −⎪⎨⎪ = −⎩

(3.29)

Cujas derivadas são:

( ) ( )

( ) ( )

dd

dd

md i i ref

md i i ref

S e ,t k i it

S e ,t k i it

α α α α

β β β β

⎧ = −⎪⎪⎨⎪⎪ = −⎩

(3.30)

Substituindo iα e iβ pelos valores da expressão (3.26), obtém-se

( )

( )

d 1 1d

d 1 1d

md i i ref s s

md i i ref s s

RS e ,t k i i u Ut L L L

RS e ,t k i i u Ut L L L

α α α α α α

β β β β β β

⎧ ⎛ ⎞= + + −⎜ ⎟⎪ ⎝ ⎠⎪⎪⎨⎪ ⎛ ⎞⎪ = + + −⎜ ⎟⎪ ⎝ ⎠⎩

(3.31)

Donde se podem obter os valores de US que garantem a estabilidade em modo de

deslizamento.

( )

( )

d0 d

d0d

S smd i

md i S s

U L i Ri uS e ,t t

S e ,t U L i Ri ut

⎧⎧ < + +⎪>⎪ ⎪⎪ ⇒ ⎨⎨⎪⎪

< ⎪⎪ > + +⎩ ⎩

(3.32)

Estas desigualdades permitem definir o valor mínimo da tensão Udc necessária para impor um

certo valor US, como se mostrará adiante.

Page 62: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

46

3.3.3 – Lei de comutação

Da lei de comutação (3.25) e de (3.32), tira-se que

( ) ( )( )

( )

dd

0dd

md i s ref s

mdmd i , i ,

md i s ref s

S e ,t U L i Ri ut

S e ,t S e ,t

S e ,t U L i Ri ut

α α α α α

α β α β

β β β β β

⎧ > +ε ∧ < + +⎪⎪

> +ε ∧ > ⇒ ⎨⎪⎪ > +ε ∧ < + +⎩

(3.33)

( ) ( )( )

( )

dd

0dd

md i s ref s

mdmd i , i ,

md i s ref s

S e ,t U L i Ri ut

S e ,t S e ,t

S e ,t U L i Ri ut

α α α α α

α β α β

β β β β β

⎧ < −ε ∧ > + +⎪⎪

< −ε ∧ < ⇒ ⎨⎪⎪ < −ε ∧ > + +⎩

(3.34)

Quando se verifica uma das condições de (3.33), deve aumentar-se o nível da respectiva

componente da tensão US. Por outro lado, quando se verifica uma das condições de (3.34),

deve diminuir-se o nível da respectiva tensão de saída do conversor, US.

3.3.4 – Selecção dos vectores

Existem 27 combinações possíveis das tensões Umk correspondentes a cada um dos 3 níveis de

tensão que cada uma das 3 tensões Umk podem assumir. Na Tabela 3.1, figuram essas 27

combinações de tensões, simples e compostas, o valor das variáveis de comutação que lhes

dão origem, e o valor das tensões em coordenadas αβ, em valores p.u. (1 p.u. = Udc).

As tensões Uα e Uβ (tensões simples do conversor em coordenadas αβ) representadas na

Tabela 3.1, foram obtidas pela aplicação da transformação de Concordia às tensões USk da

equação (2.40):

1

2

3

1 12 12 2 233 30

2 2

dcUUU

α

β

⎡ ⎤ γ⎡ ⎤⎡ ⎤ − −= ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ γ⎢ ⎥⎣ ⎦ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥γ⎣ ⎦−⎢ ⎥⎣ ⎦

(3.35)

Page 63: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

47

Tabela 3.1 – Valores em p.u. dos vectores de tensão de saída do conversor.

Na Figura 3.7, estão representados no plano αβ, cada um destes vectores de tensão

disponíveis no conversor.

Vector γ1 γ2 γ3 Um1 Um2 Um3 U12 U23 U31 Uα /Udc Uβ /Udc

1 1 1 1 Udc/2 Udc/2 Udc/2 0 0 0 0,0000 0,0000

2 1 1 0 Udc/2 Udc/2 0 0 Udc/2 -Udc/2 0,2041 0,3536

3 1 1 -1 Udc/2 Udc/2 - Udc/2 0 Udc -Udc 0,4082 0,7071

4 1 0 -1 Udc/2 0 -Udc/2 Udc/2 Udc/2 -Udc 0,6124 0,3536

5 1 0 0 Udc/2 0 0 Udc/2 0 -Udc/2 0,4082 0,0000

6 1 0 1 Udc/2 0 Udc/2 Udc/2 -Udc/2 0 0,2041 -0,3536

7 1 -1 1 Udc/2 -Udc/2 Udc/2 Udc -Udc 0 0,4082 -0,7071

8 1 -1 0 Udc/2 -Udc/2 0 Udc -Udc/2 -Udc/2 0,6124 -0,3536

9 1 -1 -1 Udc/2 -Udc/2 -Udc/2 Udc 0 -Udc 0,8165 0,0000

10 0 -1 -1 0 -Udc/2 -Udc/2 Udc/2 0 -Udc/2 0,4082 0,0000

11 0 -1 0 0 -Udc/2 0 Udc/2 -Udc/2 0 0,2041 -0,3536

12 0 -1 1 0 -Udc/2 Udc/2 Udc/2 -Udc Udc/2 0,0000 -0,7071

13 0 0 1 0 0 Udc/2 0 -Udc/2 Udc/2 -0,2041 -0,3536

14 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,0000 0,0000

15 0 0 -1 0 0 -Udc/2 0 Udc/2 -Udc/2 0,2041 0,3536

16 0 1 -1 0 Udc/2 -Udc/2 -Udc/2 Udc -Udc/2 0,0000 0,7071

17 0 1 0 0 Udc/2 0 -Udc/2 Udc/2 0 -0,2041 0,3536

18 0 1 1 0 Udc/2 Udc/2 -Udc/2 0 Udc/2 -0,4082 0,0000

19 -1 1 1 -Udc/2 Udc/2 Udc/2 -Udc 0 Udc -0,8165 0,0000

20 -1 1 0 -Udc/2 Udc/2 0 -Udc Udc/2 Udc/2 -0,6124 0,3536

21 -1 1 -1 -Udc/2 Udc/2 -Udc/2 -Udc Udc 0 -0,4082 0,7071

22 -1 0 -1 -Udc/2 0 -Udc/2 -Udc/2 Udc/2 0 -0,2041 0,3536

23 -1 0 0 -Udc/2 0 0 -Udc/2 0 Udc/2 -0,4082 0,0000

24 -1 0 1 -Udc/2 0 Udc/2 -Udc/2 -Udc/2 Udc -0,6124 -0,3536

25 -1 -1 1 -Udc/2 -Udc/2 Udc/2 0 -Udc Udc -0,4082 -0,7071

26 -1 -1 0 -Udc/2 -Udc/2 0 0 -Udc/2 Udc/2 -0,2041 -0,3536

27 -1 -1 -1 -Udc/2 -Udc/2 -Udc/2 0 0 0 0,0000 0,0000

Page 64: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

48

Figura 3.7 – Representação em p.u. no plano αβ dos vectores de tensão do conversor.

Conforme se pode observar na Figura 3.7, os 27 vectores que o conversor disponibiliza têm 5

níveis de tensão na componente β e 9 na componente α. No entanto, como só existem 19

vectores distintos, das duas leis de comutação, podem definir-se duas variáveis inteiras, λα e

λβ, cada uma delas com 5 valores distintos para poder seleccionar qualquer dos 19 vectores.

O processo de selecção do vector tem como objectivo, minimizar o erro das correntes (os

vectores correspondentes a afixos duplos devem poder ser usados para equilibrar a tensão nos

condensadores). O processo de selecção consiste em calcular os erros, eα e eβ, através da lei de

comutação, que origina as duas variáveis (λα e λβ) de cinco níveis (-2; -1; 0; 1; 2), Figura 3.8:

Page 65: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

49

Figura 3.8 – Escolha dos vectores em função dos níveis de tensão.

Alguns vectores com idêntico afixo, como o 17 e o 22, ou o 2 e 15, produzem idênticas

componentes da tensão na saída do conversor (vectores redundantes). Em termos de tensão de

saída, do ponto de vista da carga é indiferente escolher qualquer um dos vectores que

aparecem duplicados no plano αβ. Mas o efeito de cada um dos vectores redundantes na

tensão dos condensadores não é o mesmo. Assim, quando na saída se pretender aplicar um

dos vectores redundantes, é escolhido aquele que fizer tender a tensão nos condensadores para

o equilíbrio. A selecção dos vectores redundantes será discutida no ponto 3.4 (equilíbrio dos

condensadores), deste trabalho.

A tabela seguinte apresenta o vector a ser escolhido de acordo com o nível das variáveis de

comutação (λα e λβ). No centro da tabela podem observar-se os vectores redundantes.

Page 66: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

50

Tabela 3.2 – Selecção de vectores de acordo com λα e λβ.

λβ λα -2 -1 0 1 2

-2 25 25 12 7 7

-1 24 13; 26 6; 11; 13; 26 6; 11 8

0 19 18; 23 1; 14; 27 5; 10 9

1 20 17; 22 2; 15; 17; 22 2; 15 4

2 21 21 16 3 3

A lei de comutação (3.25), expressa em função das variáveis λ, para cada instante de tempo h

assume a seguinte forma:

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

1

1

1 <2

1 <2

mdmd i ih h h

mdmd i ih h h

S e ,t S e ,t

S e ,t S e ,t

α α α α α+

β β β β β+

⎧ λ = λ + ⇐ > ε ∧ > ε ∧ λ⎪⎪⎨⎪

λ = λ + ⇐ > ε ∧ > ε ∧ λ⎪⎩

(3.36)

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

1

1

1 > 2

1 > 2

mdmd i ih h h

mdmd i ih h h

S e ,t S e ,t

S e ,t S e ,t

α α α α α+

β β β β β+

⎧ λ = λ − ⇐ < −ε ∧ < −ε ∧ λ −⎪⎪⎨⎪

λ = λ − ⇐ < −ε ∧ < −ε ∧ λ −⎪⎩

(3.37)

A obtenção das variáveis de comutação λα, λβ no DSP (implementação da lei de comutação)

consiste em calcular λα e λβ em função dos erros e das variações do erro, uma vez que, em

rigor, só é necessário conhecer o sinal da derivada. A implementação deste processo pode ser

visualizada nos Anexos (esquemas de Simulink).

De seguida, apresenta-se um resultado laboratorial que mostra que o conversor é capaz de

impor correntes que seguem as referências de corrente de um sistema trifásico sem neutro.

Os testes realizados para verificar o controlo do conversor, para uma determinada corrente de

referência, foram efectuados com uma carga praticamente resistiva e uma corrente de

referência sinusoidal com amplitude de 3A, 50Hz (passo de cálculo h=25μs).

Page 67: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

51

Figura 3.9 – Resultados experimentais do controlo de corrente do conversor (Udc=120V)

CH1 – Corrente na fase 1; CH2 – Corrente na fase 2. Escala vertical 2A/div; (5ms/div).

Nestes ensaios, para seleccionar um vector, bastou aplicar a lei de comutação aos sinais de

erro (eα e eβ) e usar a Tabela 3.2 adaptada, ou seja, um vector por nível (nos vectores

redundantes definiu-se um dos vectores, por exemplo para λα=1 e λβ=1, definiu-se o vector

2). Conclui-se que esta implementação da lei de comutação, apresenta um comportamento

uniforme para as três fases.

Para comparação, os resultados de simulação estão apresentados na Figura 3.10.

Figura 3.10 – Resultados de simulação do controlo de corrente do conversor (Udc=120V)

1) – Corrente na fase 1; 2) – Corrente na fase 2.

Page 68: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

52

3.3.5– Estabilidade

No estudo da estabilidade utilizou-se as expressões da teoria do modo de deslizamento, [Gao,

1993], [Utkin, 1993]. Este critério origina um polinómio que, posteriormente, pode ser

estudado segundo o critério de estabilidade de Routh-Hurwitz.

A técnica de controlo por modo de deslizamento indica que uma superfície de deslizamento

Smd (e,t) garante robustez e baixa a ordem do sistema (sobre certas condições dinâmicas), se

cumprir a condição

( ) 0mmd o xoo i

S e,t k e=

= =∑ (3.38)

De modo a assegurar que o sistema em estudo é estável, o polinómio Smd (e,t) tem que

obedecer às regras de estabilidade do critério de Routh-Hurwitz.

Para que o sistema seja estável, basta garantir que este esteja em modo de deslizamento. Para

isso é necessário cumprir as seguintes condições, já referidas em pontos anteriores:

( ) ( )

( ) ( )

0 0

0 0

mdmd i i

mdmd i i

Se S e ,t S e ,t

Se S e ,t S e ,t

⎧ > ⇒ <⎪⎪⎨⎪

< ⇒ >⎪⎩

(3.39)

Ou seja, para que um sistema se mantenha em modo de deslizamento é necessário aplicar um

vector que obedeça às restrições anteriormente apresentadas de modo a garantir que:

( ) ( ) 0mdmd i iS e ,t S e ,t •

< (3.40)

A condição de chegada em modo de deslizamento está relacionada com o critério de

estabilidade de Routh-Hurwitz. Se ( ) 0md iS e ,t > e o objectivo é ter ( ) 0md iS e ,t = , então é

necessário aplicar um vector de tensão, de modo que d

0dt

mxe< . Do mesmo modo, se

( ) 0md iS e ,t < , então será necessário aplicar um vector de tensão de modo que d

0dt

mxe> .

Para se obter derivadas positivas ou negativas (depende do sinal de ( )md iS e ,t ), é necessário

que o vector aplicado cumpra as condições (3.32) a seguir apresentadas,

Page 69: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

53

( )

( )

d0 d

d0d

S smd S eq mini

S eq maxmd i S s

U L i Ri u U US e ,t t

U US e ,t U L i Ri ut

⎧⎧ < + + <⎪> ⎧⎪ ⎪ ⎪⎪ ⇒ ⇒⎨ ⎨⎨⎪ ⎪⎪ >⎩< ⎪⎪ > + +⎩ ⎩

Isto implica que bastará seleccionar uma tensão de alimentação Us>Ueq máx para garantir a

estabilidade do sistema em modo de deslizamento.

3.4– Equilíbrio da tensão nos condensadores

Uma das vantagens deste conversor multinível consiste no facto de não ser necessário criar

um sistema auxiliar (em hardware), para equilibrar as tensões nos condensadores C1 e C2. Esta

vantagem é conseguida devido ao grau de liberdade adicional que o conversor disponibiliza

na redundância dos vectores. Utilizar este grau de liberdade extra, consiste em aproveitar os

vectores de tensão redundantes, que o conversor disponibiliza no plano αβ, que se encontram

no centro da Tabela 3.2 para equilibrar as tensões nos dois condensadores.

Dois vectores redundantes (ex. vector 2 e 15), apesar de apresentarem o mesmo valor de

tensão na saída do conversor (U12=0; U23=Udc/2; U31=-Udc/2), provocam efeitos diferentes

sobre os condensadores C1 e C2. Por exemplo, se o conversor estiver a funcionar em modo

inversor e for aplicado o vector 2 (γ1=1, γ2=1 e γ3=0), verifica-se que o condensador C1

descarrega e o condensador C2 carrega. Na mesma situação de funcionamento do conversor,

se for aplicado o vector 15 (γ1=0, γ2=0 e γ3=-1), o condensador C1 carrega e o condensador C2

descarrega. O comportamento dos condensadores, caso o sistema esteja a funcionar em modo

rectificador, é o oposto do modo inversor.

Com uma correcta selecção de vectores é possível o conversor impor correntes seguindo as

referências de corrente, e ao mesmo tempo, equilibrar as tensões dos dois condensadores.

Para isso, pode desdobrar-se a Tabela 3.2 em duas tabelas de comutação (Tabela 3.3 e Tabela

3.4). Podemos observar os vectores redundantes nos centros das tabelas. Estas tabelas de

comutação são seleccionadas de acordo com o sinal do vector (UC1-UC2)In.

Page 70: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

54

Se (UC1-UC2)In<0 aplica-se os vectores Tabela 3.3, se (UC1-UC2)In>0 aplica-se a Tabela 3.4.

Tabela 3.3 – Selecção de vectores de acordo com λαβ, e (UC1-UC2)In<0.

λβ λα -2 -1 0 1 2

-2 25 25 12 7 7

-1 24 13 6; 13 6 8

0 19 18 1; 14; 27 5 9

1 20 17 2; 17 2 4

2 21 21 16 3 3

Tabela 3.4 – Selecção de vectores de acordo com λαβ, e (UC1-UC2)In>0.

λβ λα -2 -1 0 1 2

-2 25 25 12 7 7

-1 24 26 11; 26 11 8

0 19 23 1; 14; 27 10 9

1 20 22 15; 22 15 4

2 21 21 16 3 3

Para decidir qual o vector a aplicar, é necessário calcular a diferença de tensão entre UC1 e

UC2 e o sentido da corrente no neutro in, em função de i1, i2 e i3 (correntes do conversor).

Considerando o esquema da Figura 3.11 e aplicando a lei dos nós no ponto de interligação dos

dois condensadores (neutro), temos que a corrente do neutro (in) está relacionada com as

correntes dos condensadores (iC1 e iC2) da seguinte forma:

1 2n C Ci i i= − (3.41)

Page 71: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

55

Figura 3.11 – Esquema eléctrico do lado continuo do conversor. Definição do sentido de in.

Da modelação do conversor (capítulo 2), sabe-se que

3 3

11 1 1 11 2 12 3 131 1

1 1 1 1 1

3 3

22 2 1 21 2 22 3 231 1

2 2 2 2 2

dd

dd

K o K K oC C o ok k

K o K K oC C o ok k

I i i iU i i i i i i i

t C C C C C

I i i iU i i i i i i i

t C C C C C

= =

= =

⎧+ − Γ +⎪ + − Γ − Γ − Γ +⎪ = = = = =

⎪⎪⎨⎪⎪ + − Γ +

+ − Γ − Γ − Γ +⎪ = = = = =⎪⎩

∑ ∑

∑ ∑

(3.42)

Fazendo a 1ª derivada de UC1-UC2=eC12, e considerando que C1=C2=C, e recordando que

( ) ( )1 2

1 1 e

2 2k k k k

k k

-γ γ + γ γΓ = Γ = , temos:

( ) ( )3 3

12

1 1

1 1dd 2 2

k k k kCn K K

k k

-ei C - i it = =

⎛ ⎞ ⎛ ⎞γ γ + γ γ= = +⎜ ⎟ ⎜ ⎟

⎝ ⎠ ⎝ ⎠∑ ∑ (3.43)

Efectuando o desenvolvimento desta expressão em função de i1 e de i2, vem que;

( ) ( )2 2 2 2

1 3 1 2 3 2 1 1 2 2n

i i i i iC C

γ − γ + γ − γ ℑ + ℑ= = (3.44)

De modo a evitar frequências de comutação elevadas, criou-se uma histerese (h1), no cálculo

da diferença de tensões UC1 e UC2.

Page 72: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

56

Condições de escolha das tabelas de comutação:

Se (UC1-UC2) in< -h1, deve-se aplicar a Tabela 3.3.

Se (UC1-UC2) in>h1, deve-se aplicar a Tabela 3.4.

A implementação destas condições em software pode ser consultada nos esquemas de

Simulink disponíveis nos Anexos IV e V. De um modo resumido, o procedimento consiste em

calcular a corrente no neutro do conversor (in) com base nas correntes do conversor,

adquiridas pelo DSP, através dos conversores analógicos digitais, e depois multiplicar pela

diferença de tensões UC1 e UC2 (grandezas também adquiridas pelo DSP). Com base no sinal

deste produto escolhe-se a tabela correspondente.

Na Figura 3.12 e Figura 3.13, são apresentados resultados experimentais que mostram o

equilíbrio das tensões dos condensadores UC1 e UC2. O valor da amplitude do tremor

triangular da tensão nos condensadores vale h1, histerese usada no procedimento de decisão

do vector redundante a aplicar.

Figura 3.12 – Resultados experimentais – Equilíbrio das tensões dos condensadores C1 e C2

(Udc=80V); CH1 – UC1; CH2 – UC2. Escala vertical 6V/div (0,2V/div ×30); (500ms/div).

CH1 CH2

Page 73: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

57

Na Figura 3.13, apresenta-se um resultado experimental, que serviu para analisar o

comportamento dinâmico das tensões UC1 e UC2, no caso de haver uma perturbação ou

variação da tensão Udc.

Figura 3.13 – Resultados experimentais – Equilíbrio das tensões dos condensadores C1 e C2 quando se

varia a tensão Udc (passagem de 100 para 120V); CH1 – UC1; CH2 – UC2. Escala vertical 15V/div

(0,5V/div ×30); (500ms/div).

Para comparação, os resultados de simulação estão apresentados na Figura 3.14 e Figura 3.15,

e foram obtidos no Simulink com os seguintes parâmetros:

• Tensão Udc=80V (Figura 3.14), 100V e 120V (Figura 3.15).

• Capacidade dos condensadores, C1=C2=4,7mF e coeficiente de auto-indução das

indutâncias de interligação do conversor à rede, L=6,92mH.

• Valor da histerese usada no bloco de decisão h1=±2V.

• Parâmetros da carga RL, RC=11Ω e LC=25mH.

CH1 CH2

Page 74: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

58

Figura 3.14 – Resultados de simulação – Equilíbrio das tensões dos condensadores C1 e C2 (Udc=80V);

1) – Tensão no condensador 1, UC1; 2) – Tensão no condensador 2, UC2.

Figura 3.15 – Resultados simulação – Comportamento das tensões dos condensadores C1 e C2 quando

se aplica uma perturbação na tensão Udc (passagem de 100 para 120V); 1) – Tensão no condensador 1,

UC1; 2) – Tensão no condensador 2, UC2.

1 2

1 2

Page 75: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

59

3.5– Controlo linear da tensão contínua Udc

É necessário efectuar o controlo da tensão Udc para a manter dentro de valores aceitáveis e

compensar as perdas no conversor. Este controlador não tem necessidade de apresentar uma

dinâmica rápida, podendo ser concretizado por um controlador linear PI (proporcional

integral).

Considerando o controlador de correntes por modo de deslizamento representado por um

ganho e um atraso, é possível obter modelos lineares para a dinâmica da tensão Udc, de modo

a estabelecer um controlador que garanta erro estático nulo. O dimensionamento do

controlador é efectuado a partir do modelo dinâmico do conversor em coordenadas dq.

3.5.1– Dimensionamento do controlador

Partindo do modelo do conversor multinível em coordenadas dq, equação (2.31), e

considerando apenas as equações que dizem respeito às variáveis de estado UC1 e UC2, fica:

11 1

1 1 1

22 2

2 2 2

d 1d

d 1d

qC dd q o

qC dd q o

U - i - i it C C C

U - i - i it C C C

Γ⎧ Γ= +⎪

⎪⎪⎨⎪ ΓΓ⎪ = +⎪⎩

(3.45)

Considerando que as capacidades são iguais 1 2C C C= = e que as tensões nos condensadores

C1 e C2 estão equilibradas 1 2 2dc

C CUU U= = , somam-se as duas equações de (3.45):

( ) 1 21 2 1 2d 2 d

q qC C d d od q

U U ii - i -t C C C

Γ + Γ+ ⎛ ⎞Γ + Γ⎛ ⎞= + +⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎝ ⎠ ⎝ ⎠ (3.46)

Substituindo na equação de (3.46), as novas variáveis, 1 2d d dΓ = Γ = −γ , 1 2q q qΓ = Γ = −γ e

2eqCC = , obtêm-se:

2 d 2 2

dq qdc d o d o

d q d qeq eq eq

i iU i i i it C C C C C C

= γ + γ + = γ + γ + (3.47)

Page 76: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

60

De acordo com a equação (3.47), obteve-se o esquema equivalente do conversor em

coordenadas dq.

2eqCC =

Figura 3.16 – Esquema equivalente do conversor em coordenadas dq.

Considerando a transformação de Park aplicada em (3.10), obtém-se q=uqid – udiq. De modo a

garantir um factor de potência unitário (q=0) e sabendo que o método de cálculo, do ângulo

de transformação de Park (Anexo 3), coloca os eixos de modo que a tensão uq=0, e

considerando factor de potência quase unitário (iq=0), resulta a seguinte equação:

dd

dc d od

eq eq

U i i= +t C C

γ . (3.48)

O novo modelo equivalente é obtido considerando a capacidade Ceq ideal e io a corrente na

resistência em paralelo com cada um dos condensadores para garantir a descarga destes,

quando o sistema é desligado (Figura 3.17).

2eqCC =

Figura 3.17 – Esquema equivalente simplificado do conversor em coordenadas dq.

Considerando que a corrente é dco

e q

UiR

= − e aplicando transformada de Laplace na expressão

(3.48), e desenvolvendo tem-se:

Page 77: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

61

( )( ) 1

d eqdc

d ref eq eq

RU s I s R C s

γ=

+ (3.49)

Que se traduz no diagrama de blocos da Figura 3.18:

dγ1

e q

e q eq

RR C s +

Figura 3.18 – Diagrama de blocos que relaciona Udc com Id ref.

Considerando agora um atraso Td da corrente id em relação a id ref, (Figura 3.19)

1d ref-sTd

d d ref dd

ii i e i

sT= ⇒ ≈

+. (3.50)

Figura 3.19 – Comportamento da corrente Id variando dentro de uma histerese ±ε.

Este sistema de 1ª ordem resulta dos dois primeiros termos do desenvolvimento da função

exponencial em Série de Taylor.

Em cadeia aberta, o diagrama de blocos resultante está representado na Figura 3.20.

1e q

e q eq

RR C s +1

d

dsTγ

+

Figura 3.20 – Diagrama de blocos que relaciona Udc com Id ref, com atraso de Id.

Como se pretende controlar a tensão Udc, o diagrama de blocos em cadeia fechada (Figura

3.21), inclui um compensador C(s) a determinar e permite obter a referência da corrente id no

sistema de compensação de reactiva.

Page 78: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

62

1e q

e q eq

RR C s +1

d

dsTγ

+

Figura 3.21 – Diagrama de blocos em cadeia fechada do sistema de controlo da tensão Udc.

Considerando um controlador proporcional, C(s)=kP, tem-se

2

( )( ) 1

P d

eq ddc

dc ref eq eq d P d eq

d eq eq eq d eq

k C TU s

U s R C T s k Rs s

T R C C T R

γ

=⎛ ⎞ ⎛ ⎞+ + γ

+ +⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎝ ⎠ ⎝ ⎠

. (3.51)

Com o controlador proporcional, verifica-se que o sistema apresenta um erro estacionário

constante para entradas do tipo escalão de posição (o sistema não é exacto).

Se fosse utilizado somente um controlador integral, ( ) IkC ss

= , o erro estático anulava-se,

mas a resposta do sistema seria muito lenta, porque o pólo dominante ficaria próximo da

origem.

Sendo assim, utiliza-se um controlador PI, ( ) IP

kC s ks

= + que também pode ser escrito

1( )

PI

I

kk sk

C ss

⎛ ⎞+⎜ ⎟

⎝ ⎠= .

Com o zero do controlador, cancela-se o pólo dominante do sistema, localizado em 1

e q eqR C− ,

e resulta um sistema de 2ª ordem.

Considerando a função de transferência standard de um sistema de 2ª ordem,

2

2 2

( )( ) 2

n

n n

Y sX s s s

ω=

+ ξω + ω (3.52)

Comparando (3.52) com a equação da função de transferência em cadeia fechada:

Page 79: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

63

2

( )( )

I d eq

dc d

I d eqdc ref

d d

k RU s T

k RsU s sT T

γ

= γ+ +

(3.53)

Retiram-se as seguintes relações:

2

12

Peq eq

I

nd

I d eqn

d

kR Ck

Tk R

T

⎧=⎪

⎪⎪⎪ ξω =⎨⎪⎪ γ

ω =⎪⎪⎩

⇒2

12

nd

n dI

d eq

P I eq eq

T

TkR

k k R C

⎧ω =⎪ ξ⎪⎪ ω

=⎨ γ⎪⎪ =⎪⎩

(3.54)

O procedimento utilizado para dimensionar os parâmetros do controlador consiste em saber o

valor pretendido do coeficiente de amortecimento ξ. Com este valor, calcula-se a frequência

natural do sistema não amortecido, 12n

dTω =

ξ, a seguir determina-se o valor do ganho

integral 2

n dI

d eq

TkR

ω=

γ e, por fim, o ganho proporcional, P I eq eqk =k R C .

Valores utilizados no dimensionamento dos parâmetros do controlador PI

• Capacidade Equivalente (Ceq)

Como C=C1=C2=4,7 mF ⇒ 2 35 mF2eqCC ,= =

• Resistência Equivalente (Req)

Verifica-se a relação 2

dc dco

e q

U UiR R

= − = − . Então Req=2R. Como R= 2,2kΩ, então Req=4,4 kΩ

• Atraso da Corrente id, (Td)

O valor deste atraso depende da frequência de comutação dos semicondutores. Esta

frequência depende da tolerância definida nos erros alfa e beta e do valor do coeficiente de

Page 80: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

64

auto-indução L utilizado. A frequência de comutação varia ao longo do período da rede. Para

efeitos de cálculo, considera-se um valor de 5 kHz (valor do período é 0,2ms).

Considerando o atraso como a média estatística dos atrasos, ou seja, metade do período da

frequência de comutação (5kHz), obtém-se, Td=0,1ms.

• O cálculo de γd pode ser feito, aplicando a lei dos nós no circuito equivalente (Figura

3.17)

d d o ci i iγ + = (3.55)

Em termos de valores médios IC=0 logo 0d dI Iγ = −

Igualando a potência do circuito equivalente lado DC e do lado AC (PDC=PAC), obtém-se a

relação de γd em função de Vd e Udc:

0

0

(- )132,8 0,44300

(- )

dc d dd

ddc

d d

U I V IVU

I I

=⎧⎪ γ = = =⎨⎪γ =⎩

Em resumo, 2 35 mF ; 4 4 kΩ ; 0 1 ms ; 0 44eq eq d dC , R , T , ,= = = γ = .

Dimensionando o controlador para uma resposta rápida (critério mínimo de ITAE) –

coeficiente de amortecimento ξ=0,707 – o sistema responde provocando desequilíbrios nas

correntes de saída do conversor, ou seja, para este valor de ξ o controlador é demasiado

agressivo. Para respostas muito lentas – coeficiente de amortecimento ξ > 20 – o controlador

não tem capacidade para responder e os condensadores descarregam (a tensão Udc tende para

zero).

Com um coeficiente de amortecimento, ξ=9, o sistema responde de uma forma aceitável.

Para o valor de ξ=9 obteve-se uma frequência natural do sistema, -1556 rad.snω = , que

implica um ganho integral de 0 02Ik ,= , do qual resulta o ganho proporcional de 0 16Pk ,= .

Os parâmetros do controlador utilizados na simulação e na implementação laboratorial foram:

kI=0,02 e kP=0,16.

Page 81: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

65

Os resultados obtidos para a regulação de tensão contínua Udc estão representados na Figura

3.22.

A resposta temporal da tensão Udc (CH2) atinge o regime estacionário ao fim de 9 ciclos da

rede, isto é, 180ms. O valor do erro estático da tensão Udc, em percentagem, é inferior a 2%.

Este valor de erro é, em parte, devido a erros de medição dos sensores de tensão.

Figura 3.22 – Resultados experimentais para um escalão de tensão de 40V (passagem de 60 para 100V

na tensão Udc). CH1 – Corrente na Linha fase 1 (2A/div); CH2 – Tensão Udc (20V/div); (20ms/div).

Parâmetros do controlador kP=0,16 e kI=0,02.

O método utilizado para obter os resultados experimentais da Figura 3.22 consistiu, numa

primeira fase, em carregar os condensadores pela fonte AC (através dos díodos do conversor),

depois ligou-se o controlador (via software) impondo os vários valores de referência na tensão

Udc (100, 150, 200V).

CH2

CH1

Page 82: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

66

Figura 3.23 – Resultados simulação para um escalão de tensão de 40V (passagem de 60 para 100V na

tensão Udc). 1) IL1 – Corrente na Linha fase 1 (2A/div); 2) Udc – Tensão Udc (20V/div). Parâmetros do

controlador kP=0,16 e kI=0,02.

Os vários ensaios efectuados mostraram que o dimensionamento do controlador linear

apresenta valores de erros estáticos de posição praticamente nulos e que o tempo de reposta da

tensão Udc é considerado aceitável, ou seja, ao fim de 9 ciclos da rede (180ms), a resposta

atinge o valor de referência desejável e mantém-se nesse valor.

3.5.2– Estabilidade do controlador da tensão contínua

O estudo da estabilidade deste controlador é efectuado com base no critério de estabilidade de

Bode (Margem de ganho e margem de fase) e pelo lugar geométrico do lugar das raízes (Root

Locus). O sistema em análise é de 3ª ordem e é constituído por 3 pólos (raízes do

denominador) e um zero (raízes no numerador) na função de transferência de cadeia fechada

(FTCF).

Efectuando um estudo para verificar a influência da variação do zero do sistema no semi-

plano esquerdo, (Situação A - zero do sistema coincidente com o pólo dominante; Situação B

- zero do sistema à direita do pólo dominante; Situação C - zero do sistema à esquerda do

pólo dominante), conclui-se que a movimentação do zero do controlador no eixo real

negativo, não interfere na estabilidade do sistema. No entanto, o coeficiente de amortecimento

varia (Situação A - ξ=9, Situação B - ξ=5,07 e Situação C - ξ=1,6), podendo o controlador

linear impor demasiado esforço de controlo. Em seguida, apresenta-se o estudo da

ref.2

ref.1

1

2

Page 83: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

67

estabilidade para a Situação A, porque foi com esta condição que o controlador linear foi

dimensionado.

Recordando o diagrama de blocos da Figura 3.21 e substituindo a função do controlador

por ( ) IP

kC s =k +s

, obtém-se o diagrama de blocos da Figura 3.24:

1e q

e q eq

RR C s +1

d

dsTγ

+I

pkks

+

Figura 3.24 – Diagrama de blocos em cadeia fechada, regulação da tensão Udc. Controlador PI.

As funções, FTCF e a FTCA (função do sistema em cadeia aberta) são:

3 2

( ) ( )

( ) 1

d P I

eq ddc

dc ref eq eq d P d eq I d

d eq eq eq d eq eq d

k s kC TU sFTCF

U s R C T k R ks s sT R C C T R C T

γ +

= =⎛ ⎞ ⎛ ⎞+ + γ γ+ + +⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎝ ⎠ ⎝ ⎠

(3.56)

( )

( )( )

1 1d eq P I

d eq eq

R k s kFTCA

s sT R C sγ +

=+ +

(3.57)

Pela expressão (3.57), verifica-se que o sistema é do tipo 1 e tem um zero localizado em

-kI/kP.

Efectuando o cancelamento do pólo dominante com o zero do controlador, resulta

Peq eq

I

k R Ck

= . A seguinte FTCA é usada na análise da estabilidade,

( )

1

d eq I

d

R kFTCA

s sTγ

=+

(3.58)

Page 84: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

68

• Resumo dos Parâmetros usados na análise de estabilidade (Situação A)

0 440 0164 4 kΩ 2 35 mF

0 1 ms =0,16

dI

eq eq

d P

,k ,R , C ,T , k

γ == ⎧⎧⎪⎪ = =⎨⎨⎪⎪ = ⎩⎩

⇒( )

38 720 0001 1

,FTCAs , s

=+

Em seguida, apresenta-se a localização dos pólos e dos zeros da FTCF (Figura 3.25 e Figura

3.26), o diagrama da localização do lugar das raízes (Figura 3.27) e os diagramas de Bode

(amplitude e de fase), na Figura 3.28.

Figura 3.25 – Representação sem escala da localização dos 3 pólos e do zero da FTCF.

O pólo 1 está relacionado com o atraso da corrente id em relação a idref , o pólo 2 corresponde

ao pólo do controlador PI . O pólo 3 é o dominante do sistema, 1

e q eqR C⎛ ⎞

−⎜ ⎟⎜ ⎟⎝ ⎠

e coincidente com

o zero do controlador PI, I

P

kk

⎛ ⎞−⎜ ⎟

⎝ ⎠.

a) Zoom da localização do pólo 1 b) Zoom da localização dos pólos 2,3 e do zero

Figura 3.26 – Localização dos 3 pólos e do zero da FTCF, utilizando função pzmap do Matlab.

Page 85: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

69

Figura 3.27 – Diagrama do lugar das raízes da FTCA.

Pela evolução do gráfico (k>0) da Figura 3.27, conclui-se que o sistema é estável para

qualquer valor de k, considerando válida a aproximação (3.50).

Figura 3.28 – Diagrama de Bode para a situação A.

Pelos indicadores da margem de Ganho (Gm=∞) e da margem de fase (Pm=89,8) conclui-se

também que o sistema é estável. Para o sistema apresentar grande margem de estabilidade, a

margem de fase Pm, deveria estar compreendida entre 30 e 60º e a margem de ganho Gm>6db.

Page 86: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

70

Capítulo 4 – Simulação, Implementação e Resultados Experimentais

4.1 – Simulação

A simulação de todo o sistema foi feita usando a ferramenta Simulink do programa Matlab.

Para facilitar a manipulação do elevado número de variáveis que este sistema apresenta e para

modificar, de uma forma mais simples, os parâmetros dos vários blocos do sistema (conversor

NPC 3 níveis, rede, carga, controlador), foi elaborado um programa no Matlab com uma

janela de diálogo que se apresenta na Figura 4.1. Este programa permite configurar todo o

sistema de uma forma fácil, memoriza valores de ensaios e permite gerar gráficos

previamente configurados.

Figura 4.1 – Janela de diálogo que permite introduzir os parâmetros do conversor.

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71

A lista das variáveis, necessárias para configurar os parâmetros de simulação na janela de

diálogo (programa de simulação em Matlab), é apresentada na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 – Lista de variáveis usadas na janela de diálogo no programa de simulação.

VARIÁVEL SIGNIFICADO

Alfa Fase da tensão da rede no instante t=0.

C1; C2 Capacidade dos Condensadores C1 e C2.

ErroAlfa,

ErroBeta

Componentes α e β dos valores que delimitam o intervalo, em torno

do valor de referência, dentro do qual a grandeza controlada está em

modo de deslizamento.

f Frequência da rede.

kI alfa ; kI beta Constante de multiplicação do cálculo das superfícies de deslizamento

conforme definido na lei de controlo.

kP; kI Parâmetros do controlador linear.

RC; LC Resistência e indutância da carga.

R; L Resistência e coeficiente de auto-indução, por fase, ligadas em série

com o conversor.

Rfuga Resistência em paralelo com os condensadores C1 e C2.

Udc Tensão contínua Udc

Us Tensão RMS simples da rede.

A simulação do sistema foi realizada com base no diagrama da Figura 4.2. Neste diagrama,

podemos observar os blocos principais, conversor multinível, rede, carga e blocos de controlo.

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72

α βλ ;λ

Figura 4.2 – Diagrama de Comando implementado na Simulação e na Implementação Prática.

Explicação do diagrama:

A partir dos valores instantâneos da corrente da carga (iL1, iL2, iL3) e dos valores das tensões

compostas (u12 e u23), são calculadas as correntes de compensação. O controlo da tensão Udc é

realizado com um controlador linear, PI que estabelece a referência da corrente id. As

referências de corrente em coordenadas dq são transformadas para o referencial αβ e

comparadas com as correntes de saída do conversor (depois da transformação de Concordia).

O sinal de erro destas correntes vai entrar em processos de decisão de modo a seleccionar o

vector adequado. Este vector depois é convertido para 12 saídas digitais de modo a controlar a

abertura ou o fecho dos interruptores do conversor.

Page 89: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

73

O sistema modelado no Simulink foi dividido em blocos de forma a tornar fácil a sua análise,

a ter-se acesso a várias grandezas intermédias e facilitar a realização de testes a cada bloco

desenhado.

O método de cálculo usado nas simulações foi Runge-Kutta e o passo de cálculo foi de 10 μs

(passo fixo).

A Figura 4.3 apresenta a estrutura geral do sistema (raiz do programa) onde estão os blocos

principais.

Figura 4.3 – Estrutura geral do sistema simulado.

Os subsistemas mais importantes dos esquemas de Simulink desta estrutura encontram-se no

Anexo 4 deste trabalho.

Page 90: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

74

4.2 – Implementação Laboratorial

Com vista a obter resultados experimentais dos vários temas abordados neste trabalho, foi

construído um protótipo de baixa tensão e baixa potência (5kW, 300V). A Figura 4.4

apresenta o esquema de potência do sistema desenvolvido. Basicamente, este protótipo é

composto por um conversor multinível trifásico de três níveis do tipo NPC, que é controlado

por um microprocessador 1104 da DSPACE. Este sistema também inclui uma carga

equilibrada indutiva, uma rede trifásica equilibrada sem neutro. Para interligar estes blocos foi

necessário projectar várias placas de circuito impresso (comando, potência, condicionamento

de sinal, aquisição de sinais, circuitos de disparo, etc).

O diagrama de comando da Figura 4.2 mostra, de forma pormenorizada, as variáveis

necessárias para implementar este trabalho, bem como os blocos de cálculo usados no DSP

(exemplo: o microprocessador gera os sinais de comando para os semicondutores que passam

por uma placa de condicionamento de sinal e por uma placa de circuitos de disparos).

É utilizada uma carga indutiva RL, que devido à sua construção, é possível seleccionar várias

combinações de valores de RC e de LC (exemplo: Bateria resistências 3×10Ω ou 3×20Ω ou

3×30Ω ou 3×6,7Ω, 3 indutâncias de 50mH com tomada a 25mH).

O conversor multinível é constituído por semicondutores de potência, transístores IGBT de

1200V, 50A, díodos anti-paralelo integrados (MG50Q2YS50) e por díodos de ligação ao

neutro (IRKD56/16A). Os condensadores (C1 e C2) são do tipo electrolítico (Alumínio) e têm

uma capacidade de 4,7mF, tendo as indutâncias de interligação com a rede 3×6,92mH

(Siemens).

Das características mais importantes do DSPACE 1004 (http://www.dspace.de), destacam-se

um CPU a 250MHz, painel de controlo com 8 conversores analógicos digitais (são efectuadas

aquisições, de 4 tensões com 1 ADC de 16 bits com multiplexer de 4 canais, e de 4 correntes

com 4 ADC de 12 bits) e 20 saídas digitais I/O (usam-se 12 saídas digitais para os 12 sinais

de comando para os IGBTs). Todos os cálculos, blocos de controlo, tabelas de vectores,

blocos de decisão, são implementados neste microprocessador.

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75

Figura 4.4 – Diagrama de Potência do Sistema de Compensação de Energia Reactiva.

Constituição do diagrama

Numa placa de circuito impresso (Placa de Leitura), é realizada a aquisição de 8 grandezas

eléctricas (2 tensões dos condensadores uC1 e uC2, 2 tensões compostas u12 e u23, 2 correntes

na carga iL1 e iL2, 2 correntes do conversor iC1 e iC2). Depois, esta informação é enviada para o

DSP através de 8 cabos com ficha BNC.

No DSP são realizados os cálculos, transformações, escolhas de vectores. Como saída, o

microprocessador gera doze saídas digitais (uma para cada IGBT) num cabo multifilar como

uma ficha DB37. Estes sinais passam por uma placa de condicionamento de sinal (Placa de

comando) e depois terminam em 6 mini placas com os circuitos de disparos dos IGBTs (cada

placa contém 2 circuitos de disparos). As placas com os circuitos de disparos ficam próximas

das portas dos módulos dos IGBTs que, por sua vez, estão incorporados na placa de potência

do conversor multinível (Conversor multinível NPC 3 níveis).

Toda a constituição do protótipo (placas, circuitos eléctricos, fotos) encontra-se descrita no

Anexo 2 deste trabalho.

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76

4.3 – Resultados de Simulação e Resultados Experimentais

Os resultados de simulação e experimentais aqui apresentados referem-se essencialmente à

corrente e à tensão simples numa determinada fase, antes e depois da compensação. Mostra-se

também o valor da tensão no barramento contínuo, Udc, e a tensão VCE (tensão entre o colector

e o emissor) num determinado semicondutor (metade da tensão Udc, quando o semicondutor

não conduz).

Ao longo do trabalho foram mostrados já outros resultados experimentais tais como, controlo

de correntes de referência, equilíbrio das tensões nos condensadores, e controlo da tensão

contínua Udc.

O ensaio 1 foi realizado com os seguintes parâmetros: Udc=120V; kP=0,6; histerese h1=±1V;

Passo de cálculo 40μs; Carga (RC=11Ω, LC=25mH, ϕ=35º).

Os objectivos deste ensaio foram, comprovar a compensação de reactiva para uma carga com

um desfasamento de 35º (Figura 4.5), verificar o comportamento da tensão contínua Udc, e

medir a tensão entre o colector e o emissor num determinado interruptor (Figura 4.7).

a) Antes da compensação b) Depois da compensação

Figura 4.5 – Exemplo de compensação de energia reactiva para uma carga RL (ϕ=35º). CH1 –

Corrente na linha 3, IT3 (2A/div); CH2 – Tensão simples na fase 3, Us3 (50V/div); (5ms/div).

Os resultados de simulação referentes ao ensaio 1, Figura 4.6, foram realizados com os

mesmos parâmetros da parte experimental.

CH2 CH2

CH1

CH1

Page 93: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

77

a) Antes da compensação b) Depois da compensação

Figura 4.6 – Simulação do ensaio 2. 1) – Corrente na linha 3, IT3 (2A/div); 2) – Tensão simples na

fase 3, Us3 (50V/div).

Os resultados experimentais (Figura 4.5) e de simulação (Figura 4.6) mostram que a corrente

está em fase com a tensão (depois da compensação) e que o valor eficaz da corrente diminui.

Na Figura 4.7 pode-se observar o valor da tensão contínua Udc, ou tensão do barramento, e

confirmar que o valor da tensão que está aplicada a um determinado interruptor (S21) é metade

da tensão Udc.

a) Antes da compensação b) Depois da compensação

Figura 4.7 – a) Tensão contínua Udc (Bus) no ensaio 1. CH2 – Tensão Udc (20V/div); (5ms/div).

b) Tensão VCE do semicondutor S21, CH2 – Tensão Udc (20V/div); (50μs/div).

2

1

2

1

Page 94: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

78

No ensaio 2, testou-se a compensação de reactiva com uma carga bastante mais indutiva

(55º). Esta experiência foi realizada com os seguintes valores: Udc=120V; histerese h1=±1V;

kP=0,6; Passo de Cálculo 40μs; Carga (RC=11Ω, LC=50mH, ϕ=55º).

a) Antes da compensação b) Depois da compensação

Figura 4.8 – Exemplo de compensação de energia reactiva para uma carga RL (ϕ=55º). CH1 –

Corrente na linha 3, IT3 (2A/div); CH2 – Tensão simples na fase 3, Us3 (50V/div); (5ms/div).

Os resultados experimentais da Figura 4.8 mostram que o sistema é capaz de colocar a

corrente em fase com a tensão (depois da compensação). No entanto, verifica-se que o

compensador tem mais dificuldades para compensar cargas com desfasamentos elevados e

que a corrente apresenta uma maior distorção em relação ao ensaio anterior (Figura 4.5).

O ensaio 3 consistiu em estudar o comportamento da corrente na linha, quando se passa a

tensão no barramento contínuo, Udc=80V para a tensão de Udc =150V. Neste ensaio, foi

utilizada uma carga com um desfasamento de 36,8º.

Os parâmetros do ensaio 3 foram: Udc=80V e 150V; histerese h1=±1V; kP=0,15; Passo de

Cálculo 37μs; Carga (RC=21Ω, LC=50mH, ϕ=36,8º).

CH2 CH2

CH1

CH1

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79

a) Sistema compensado com Udc=80V b) Sistema compensado com Udc=150V

Figura 4.9 – Exemplo de compensação de energia reactiva para uma carga RL (ϕ=36,8º). CH1 –

Corrente na linha 1, IT1 (2A/div); CH2 – Tensão simples na fase 1, Us1 (50V/div); (5ms/div).

Nesta experiência, verifica-se que, aumentando a tensão Udc de 80V para 150V, o sistema de

compensação continua a colocar a corrente em fase com a tensão, aumentando o tremor com o

aumento da tensão contínua. Para voltar a colocar o tremor nos valores anteriores, seria

necessário aumentar o valor do coeficiente de auto-indução da bobina de saída do conversor.

Na segunda parte do ensaio da Figura 4.9b, aumentou-se a tensão simples para o dobro, o que

provocou obviamente um aumento das correntes nas linhas.

CH2 CH1

CH1

Page 96: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

80

Capítulo 5 – Conclusões e trabalho futuro

5.1– Conclusões

A principal motivação deste trabalho foi mostrar a viabilidade funcional de um sistema de

compensação de energia reactiva, com potencialidades para ser usado na Média Tensão.

Nestes níveis de tensão, existem problemas para realizar a compensação de reactiva de uma

forma contínua a automática. Por ser necessário desenvolver um sistema que pudesse ser

utilizado com tensões elevadas (kV), utilizou-se um conversor Multinível trifásico de três

níveis, controlado por um processador digital de sinal (DSP).

Realizou-se a modelação e dimensionamento dos elementos do conversor. Desenvolveram-se

sistemas para comandar o conversor e para controlar a energia reactiva. Foi verificada a

eficácia do modo de controlo por deslizamento para controlar as correntes de compensação.

Desenvolveu-se a estratégia para equilibrar a tensão nos condensadores num conversor

multinível de três níveis, sem recurso a meios exteriores e foi feita a simulação do sistema em

estudo.

Foi construído um protótipo laboratorial em escala reduzida (construção compacta com os

vários módulos dos subsistemas interligados em andares), e fizeram-se ensaios experimentais

que serviram para comprovar o estudo efectuado. É possível referir que:

• As técnicas de controlo utilizadas no controlo de corrente são praticamente insensíveis

a variações de carga (robustez) e apresentam desempenhos dinâmicos correctos. Para

cargas com grandes desfasamentos (>50º), o sistema continua a efectuar a

compensação (factor de potência quase unitário), isto é, coloca a corrente em fase com

a tensão, embora a corrente apresente uma distorção superior à que é observada para

cargas com desfasamentos menores.

• O sistema de controlo da tensão contínua e de equilíbrio das tensões nos

condensadores revelou um comportamento de acordo com o especificado

teoricamente.

Page 97: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

81

• Os resultados experimentais permitiram validar os resultados de simulação, bem como

os modelos teóricos utilizados na simulação e no controlo.

• O método de determinação das correntes de compensação, teoria da potência

instantânea p-q, revelou-se capaz de satisfazer o objectivo da compensação contínua

de potência reactiva.

• A técnica de controlo desenvolvida permite a sua execução no DSP mais lento da

DSPACE, com taxas de amostragem adequadas às frequências de comutação do

conversor.

• Os conversores multinível controlados por DSP apresentam a possibilidade de fazer a

compensação de potência reactiva em média tensão, pois permitem a compensação

mesmo com frequências de comutação relativamente baixas.

5.2– Propostas de trabalhos futuros

Apresenta-se sugestões para melhorar o trabalho já realizado ou continuar o seu

desenvolvimento:

• Obter resultados experimentais a tensões e correntes mais elevadas e frequências

ligeiramente mais baixas.

• Compensar cargas capacitivas.

• Criar novos circuitos de redução de ruído de amostragem, usando amplificadores de

isolamento óptico.

• Usar filtros LC de acoplamento entre o conversor e a rede para reduzir o ruído

injectado na rede e verificar a influência destes filtros nos algoritmos de controlo.

• Adicionar ao algoritmo existente (compensação de reactiva), a compensação de

harmónicas (filtro activo).

• Modificar o algoritmo de controlo para efectuar compensação de cavas de tensão

(utilizando o mesmo protótipo, com maior capacidade de armazenamento de energia).

Page 98: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

82

• Reprogramar (em linguagem C) o algoritmo de controlo, de modo a baixar o passo de

cálculo (processamentos mais rápidos), permitindo o uso de DSP mais económicos ou

de algoritmos de controlo com funções adicionais.

• Utilizar um microprocessador de raiz baixando o preço do protótipo.

• Alterar o conversor de 3 braços de forma a torná-lo um conversor de 4 braços, para

efectuar a compensação de reactiva em sistemas desequilibrados, e consequente

alteração dos algoritmos de controlo.

• Estudar as potencialidades oferecidas por um conversor com maior número de níveis e

compará-lo com os resultados obtidos com o conversor de 3 níveis.

Page 99: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

83

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Page 102: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

ANEXOS

86

Page 103: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

Anexo 1 - Modelos do Conversor em coordenadas αβ e em

dq

Neste anexo, apresentam-se em detalhe os modelos do conversor no espaço de estados em

coordenadas αβ e nas coordenadas dq.

O modelo do conversor multinível no espaço de estados em coordenadas αβ é obtido com

base na aplicação da transformação de Concordia ao modelo de espaço de estados em

coordenadas 123 (Capitulo 2.3.1).

A obtenção do modelo em coordenadas dq é feita aplicando a transformação de Park ao

modelo em coordenadas αβ.

Modelo do conversor em espaço de estados em coordenadas αβ

Nesta secção, elabora-se o modelo do conversor no sistema de coordenadas αβ, ou seja,

procede-se à transformação do modelo em que as tensões e correntes constituem um sistema

trifásico para um outro modelo em que essas grandezas são representadas num sistema

bifásico equivalente. Esta transformação é chamada transformação de Concordia.

A transformação de Concordia consiste na aplicação das relações (A1.2) ou (A1.3), em que

Cαβ é normalmente designada por matriz de transformação, e é dada por (A1.1):

12 1 023

1 3 12 2 21 3 12 2 2

-

- -

αβ

⎡ ⎤⎢ ⎥=⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦

C

(A1.1)

As relações entre grandezas de um sistema trifásico em coordenadas 123 e do sistema bifásico

equivalente em coordenadas αβ são as seguintes:

123 αβ αβ=X C X (A1.2)

87

Page 104: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

(A1.3) T123 αβ αβ=X C X

ou, considerando a componente homopolar,

, (A1.4) [T T11 2 3oX X X X X X−

α β αβ⎡ ⎤ =⎣ ⎦ C ]

T1−αβ αβ=C C é uma matriz ortogonal, denominada matriz de Concordia:

1 T1 12 12 233 30

2 21 1 12 2 2

- -

-

−αβ αβ

⎡ ⎤== ⎢ ⎥

⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦

C C

(A1.5)

Em coordenadas 123, o modelo do conversor pode ser representado em notação matricial

condensada por:

123 123 123123 123

ddt

= +R 1X X uL L

(A1.6)

Usando a relação (A1.3):

123 123

ddt αβ αβ αβ αβ αβ αβ= +

R 1C X C X C uL L

(A1.7)

Para resolver a equação em ordem a αβX , multiplica-se à esquerda ambos os lados da equação

(A1.7), por : TCαβ

T T T

123 123

ddtαβ αβ αβ αβ αβ αβ αβ αβ αβ= +

R 1C C X C C X C C uL L

(A1.8)

Como resultado, tem-se:

ddt αβ αβ

αβ αβ= +

R 1X XL L αβu (A1.9)

88

Page 105: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

Em que:

T

123

T

123

αβ ααβ

β

αβ ααβ

⎧ =⎪⎪⎨⎪ =⎪⎩

R RC CL L

1 1C CL L β

(A1.10)

Após a realização destas operações matriciais, obteve-se os seguintes resultados:

αβ→

RL

O produto das três matrizes dá origem a uma matriz de ordem [5×5], em que se

suprime a linha e a coluna que diz respeito à componente homopolar visto o sistema não ter

neutro acessível (Linha 3 e Coluna 3), resultando uma matriz de ordem [4x4]:

1 2

1 2

11

1 1

22

2 2

0

0

0 0

0 0

R-L L L

R-L L L

- -C C

- -C C

α α

αβ

β β

βα

βα

Γ Γ⎡ ⎤= ⎢ ⎥⎢ ⎥

Γ Γ⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥ΓΓ⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥ΓΓ⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦

RL

(A1.11)

em que ,

( )

( )

( )

( )

1 11 12

2 21 22

1 12 13

2 22 23

1 3 23 21 3 23 21212

- -

- -

-

-

α

α

β

β

⎧Γ = Γ Γ Γ⎪⎪⎪Γ = Γ Γ Γ⎪⎪⎨⎪Γ = Γ Γ⎪⎪⎪Γ = Γ Γ⎪⎩

13

23. (A1.12)

αβ

1L

→ O produto das três matrizes origina uma matriz de ordem [5x4] que, depois de

suprimida a linha e a coluna respeitante à componente homopolar, por se tratar de um sistema

equilibrado (Linha 3 e Coluna 3), resulta numa matriz de ordem [4x3]:

89

Page 106: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

1

2

1 0 0

10 0

10 0

10 0

-L

-L

C

C

αβ

⎡ ⎤= ⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦

1L

(A1.13)

Colocando o modelo comutado no espaço de estados na forma x= , ou seja,

substituindo a notação matricial da equação

Ax+Bu

(A1.9) pelo seu conteúdo, obtém-se o modelo do

Conversor no Espaço de Estados, em coordenadas αβ dado por (A1.14).

1 2

1 2

1 1 0

2 211

11 1

22

22 2

1d 0 0 0d

10 0 0

10 00 0

10 00 0

S

S

C C

C C

Ri i uLL L Lt i i uR

U U iLL L LU U

CC C

CC C

α ααα α

ββ ββ β

βα

βα

Γ Γ ⎡ ⎤⎡ ⎤ − ⎡ ⎤⎡ ⎤ −= ⎡ ⎤ + ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥Γ Γ ⎢ ⎥⎢ ⎥ −− ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎣ ⎦⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢⎢ ⎥Γ⎣ ⎦ ⎣ ⎦Γ ⎢ ⎥⎢ ⎥− −⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥ΓΓ ⎢ ⎥⎢ ⎥− − ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎣ ⎦⎣ ⎦

⎥ (A1.14)

90

Page 107: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

Modelo do conversor em espaço de estados e coordenadas dq

Na segunda parte deste anexo, obtém-se um modelo invariante no tempo. Para isso, é

necessário aplicar a transformação de Park, ao modelo do conversor multinível em

coordenadas αβ.

A transformação de Park é obtida através das relações (A1.16) ou (A1.17), em que a matriz

Cdq é dada por (A1.15):

cos ω -sen ω=sen ω cos ω

dq t tt t

⎡ ⎤⎢ ⎥⎣ ⎦

C, (A1.15)

Ou

cos θ -sen θ=

sen θ cos θCdq

⎡ ⎤⎢ ⎥⎣ ⎦

.

Considera-se o Ângulo de Park, θ=ω Pt +ϕ , em que ϕP é o valor inicial deste ângulo.

As relações entre transformações de grandezas num referencial αβ e um referencial dq são

(A1.16) dq dqαβ =X C X

1X C Xdq dq−

αβ= (A1.17)

1 T=dq dq−C C é uma matriz ortogonal, e é expressa por (fazendo ϕP=0) :

1 cos ω sen ω=

-sen ω cos ωdq t t

t t

− ⎡ ⎤⎢ ⎥⎣ ⎦

C. (A1.18)

Aplicando a transformação de Park ao modelo comutado do conversor no espaço de estados

em coordenadas αβ, obtido anteriormente pela equação (A1.9), resulta a relação (A1.19):

dd dq dq dq dq dq dqt αβ αβ

= +R 1C X C X C uL L

(A1.19)

Resolvendo o termo mais à esquerda da equação (A1.19), obtêm-se:

91

Page 108: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

dd ddq dq dq dqt t

⎛ ⎞ ⎛+⎜ ⎟ ⎜⎝ ⎠ ⎝

C X C Xd ⎞⎟⎠

(A1.20)

De modo a ser possível o produto e soma das várias matrizes, é necessário aumentar a matriz

Cdq que passa de uma matriz de ordem [2×2] para uma matriz de ordem [4×4], como a seguir

se indica:

Desenvolvendo e substituindo o valor das várias matrizes, resulta

1 1

2 2

-ωsen ω -ωcos ω 0 0 cos ω -sen ω 0 0 dωcos ω -ωsen ω 0 0 sen ω cos ω 0 0 d

0 0 0 0 0 0 1 00 0 0 0 0 0 0 1

d d

q q

C C

C C

i it t t ti it t t t t

U UU U

⎡ ⎤ ⎡⎡ ⎤ ⎡+ ⎤⎤⎢ ⎥ ⎢⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎥⎢ ⎥ ⎢⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎥⎢ ⎥ ⎢⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎥⎢ ⎥ ⎢⎢ ⎥ ⎢

⎣ ⎦ ⎣⎥⎥

⎦⎣ ⎦ ⎣ ⎦

(A1.21)

Designando por W a matriz mais à esquerda de (A1.21), e substituindo em (A1.19), resulta a

equação (A1.22):

d ddq dq dq dq dq dq dqt αβ αβ

+ = +R 1W X C X C X C uL L

. (A1.22)

Ajustando esta equação matricial de modo a ficar na forma : x=Ax+Bu

d ddq dq dq dq dq dq dq-t αβ αβ

⎛ ⎞= +⎜ ⎟⎝ ⎠

R 1C X C X W X C uL L

(A1.23)

Desenvolvendo o 2º termo de (A1.23), dq dq dq-αβ

R C X W XL

, resulta (A1.24):

1 2

1 2

1 11 1

1 2 1 1

2 22 2

2 2 2 2

- cos ωt+ωsen ω sen ω +ωcos ω

- sen ω -ωcos ω - cos ω +ωsen ω

- cos ω - sen ω sen ω - cos ω 0 0

- cos ω - sen ω sen ω - cos ω 0 0

R Rt t tL L LR Rt t t tL L L

t t t tC C C C

t t t tC C C C

α α

β β

β βα α

β βα α

Γ Γ⎡ ⎤⎢ ⎥⎢ ⎥

Γ Γ⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥Γ ΓΓ Γ⎢⎢⎢ Γ ΓΓ Γ⎢⎢⎣ ⎦

1

2

d

q

C

C

ii

UU

⎡ ⎤⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢⎣⎥⎥⎥⎥⎥

L

L ⎥⎦ (A1.24)

Atribuindo o nome de F à equação (A1.24), e substituindo na equação (A1.23), resulta:

92

Page 109: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

dddq dq dq dqt αβ

= +1C X F C uL

(A1.25)

Multiplicando ambos os lados da equação (A1.25) pela matriz : TdqC

d +ddq dq dq dq dq dq dqt αβ

=T T T 1C C X C F C C uL

. (A1.26)

O produto das 2 matrizes do lado esquerdo da equação (A1.26), tem como resultado a matriz

identidade. Resolvendo o 2º termo de (A1.26), obtêm-se (A1.27). Nesta operação matemática,

de modo a ser possível a multiplicação de matrizes, a matriz teve de ser aumentada,

passando da ordem [2×2] para ordem [4×4].

TCdq

T 1 2

1 21

211

1 1

22

2 2

0 0

0 0

d d ddq dqdq

qq q

C

Cqd

qd

R i-L L L i

R- - UL L L

U- -

C C

- -C C

Γ Γ⎡ ⎤ ⎡ ⎤= = ω⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥Γ Γ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ω⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎣ ⎦ΓΓ⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥ΓΓ⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦

RC F XL

, (A1.27)

onde:

. (A1.28)

1 1α 1β

2 2α 2β

1 1α 1β

2 2α 2β

Γ =Γ cos ω + Γ sen ωΓ =Γ cos ω + Γ sen ωΓ =-Γ sen ω + Γ cos ωΓ =-Γ sen ω + Γ cos ω

d

d

q

q

t tt ttt t

⎧⎪⎪⎨⎪⎪⎩

t

Desenvolvendo o 3º termo de (A1.26), resulta (A1.29). De modo a ser possível realizar estas

multiplicações de matrizes, a matriz teve de ser aumentada, passando esta a ter a ordem

[4×4]; a matriz

TdqC

αβ

1L

a ordem [4×3] e por fim a matriz a ordem [3x3]. dqC

93

Page 110: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

T

αβ

0

1

2

1= = 0 0

10 0 10 0

10 0

Sddq dq dq dqdq

Sq

u-L u

- iL

C

C

⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎣ ⎦⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦

1 1C C u uL L

(A1.29)

Agrupando as várias matrizes calculadas na forma matricial : x=Ax+Bu

dd dq dq dq

dq dq= +

tR 1X XL L

u (A1.30)

Substituindo as matrizes de (A1.30) pelo seu conteúdo obtêm-se (A1.31), ou seja, o modelo

do conversor em espaço de estados em coordenadas dq.

1 2

1 21 1 0

2 211

11 1

22

22 2

1d 0 0d

10 0

10 00 0

10 00 0

d dd d Sd

q q Sqq q

C C

C Cqd

qd

Ri i u--LL L Lt i i u

R -- -U U iLL L LU U

- - CC C

- - CC C

Γ Γ ⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ω += ⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥Γ Γ ⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ω ⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦ ⎣ ⎦ΓΓ ⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥ΓΓ ⎢ ⎥⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦⎢ ⎥⎣ ⎦

⎣ ⎦ (A1.31)

94

Page 111: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

Anexo 2 – Constituição do Protótipo

Neste anexo é apresentado a constituição do protótipo construído, ou seja, os esquemas

eléctricos das várias placas, esquemas de circuito impresso e fotografias.

Na Figura A2.1, pode-se observar a ligação das várias placas construídas que permitem ter o

sistema de compensação de reactiva a funcionar.

Figura A2.1 – Diagrama de blocos do protótipo implementado.

Circuito de potência do Conversor Multinível – (Placa 1)

Função da Placa: Implementação do circuito de potência do conversor multinível. Por baixo

da placa onde estão colocados os módulos dos IGBT’s e dos díodos de potência, foi colocado

um dissipador. Por cima desta placa foram colocados vários pilares que suportam a placa de

comando e de leituras das grandezas eléctricas (tensões e correntes).

Este PCB também permite que sejam colocadas as 6 placas com os circuitos de comando para

os IGBT’s (circuitos de disparo).

95

Page 112: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

Figura A2.2 – Fotografia do Circuito de Potência do Conversor Multinível.

Figura A2.3 – Circuito Potência do Conversor Multinível – camada inferior (Bottom).

Figura A2.4 – Circuito Potência do Conversor Multinível – camada Superior (Top).

Dimensões da placa: Tamanho A4 (29,5×21) cm; Quantidade: 1

96

Page 113: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

Circuito de inibição e geração de tempos mortos – (Placa 2)

Função da Placa: Implementação de um circuito de geração de tempos mortos dos sinais de

comando (ton), e circuito de inibição manual das 12 saídas digitais.

12 SAÍDAS DIGITAIS Condicionamento

Sinal

DSP OUT

U3A74HCT14N

U2A74HCT08E

C110nF

1N4148D1

U1A74HCT04E

S1

D2LED0

5 V

Placa 3

R1120K

R4120R

R2120R

R3420R

Figura A2.5 – Esquema eléctrico do circuito de inibição e geração de tempos mortos dos sinais

digitais.

Figura A2.6 – Fotografia do circuito de inibição e geração de tempos mortos do Conversor Multinível.

97

Page 114: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

Figura A2.7 – Circuito de inibição e geração de tempos mortos do Conversor Multinível – camada

inferior Bottom).

Figura A2.8 – Circuito de inibição e geração de tempos mortos do Conversor Multinível – camada

superior (Top).

Dimensões da placa: (14,5×13) cm; Quantidade: 1

98

Page 115: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

1

2

Figura A2.9 – Resultado experimental do tempo morto imposto de 1μs aos sinais de comando do

IGBT’s (ton). 1) – Sinal de comando do DSP; 2) – Sinal de comando com atraso de 1μs (placa 2).

Escala vertical 1V/div; (1μs/div).

99

Page 116: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

Circuito de comando e amostragem das tensões e correntes – (Placa 3)

Função da Placa: A placa 3, apesar de ser fisicamente uma só, em termos de funções, está

dividida em duas (Placa 3A e Placa 3B). Na placa 3A, é efectuado o condicionamento dos 12

sinais digitais do DSP (Hexabuffer). Na Placa 3B, é efectuada a interligação do conversor

com a rede e com a carga (ligação em T). É também efectuada a amostragem e filtragem das 8

entradas analógicas do DSP (4 tensões e 4 correntes).

8 EntradasAnalógicas do DSP (8ADC)

8 LEMS(4 TENSÕES E 4 CORRENTES)

12 SinaisPlaca Atraso e inibição

6 Placa dos Drivers

Placa 2

U4A74LS07

5 V

Drivers

LEMJ1

C2100nF

D3BZV85-C12

D6BZV85-C12

R5270R

R8200R

R71K5

R110k

Figura A2.10 – Esquema Eléctrico do circuito de comando e amostragem das tensões e correntes.

No esquema inferior da Figura A2.10, observa-se um conjunto de valores do filtro RC

(R7=1,5kΩ e C2=100nF). No entanto, estes valores diferem de acordo com o tipo da grandeza

eléctrica a amostrar (tensão ou corrente). Em seguida, apresenta-se um quadro resumo com

estes valores de dimensionamento.

100

Page 117: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

Tabela A2.1 – Valores dos filtros (malha RC) usados na placa de amostragem.

Saída analógica para DSP

Nome da variável

(4 correntes e 4 tensões)

Resistência do Filtro, R7

(Ω)

Capacidade do Filtro, C2

(μF)

Frequência de corte (kHz)

1 e 4 ICONV2 e ICONV1 330 0,01 48,23

2 e 3 ICARGA1 e ICARGA2 150 0,1 10,61

5, 6, 7 e 8 U23, U12, UC2 e UC1 1500 0,1 1,06

Figura A2.11 – Fotografia do Circuito de Comando do Conversor Multinível.

101

Page 118: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

Figura A2.12 – Circuito Comando do Conversor Multinível – camada inferior (Bottom).

Figura A2.13 – Circuito Comando do Conversor Multinível – camada Superior (Top).

Dimensões da placa: Tamanho A4 (29,5×21) cm; Quantidade: 1

102

Page 119: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

Circuitos de disparo dos IGBT’s – (Placa 4)

Função da Placa: Circuitos de disparo dos IGBT’s (cada placa comanda 2 IGBT’s, ou seja,

um módulo). Isolamento óptico. Protecção das gates dos IGBT’s. Condicionamento do sinal

de comando.

Condicionamento Sinal CONVERSOR

(12 IGBT's)GND2 Flutuante

FONTEISOLADA

Placa 3

U5HCPL-J312

GND1

GND2 Flutuante

D5BZT03-C18

D4BZT03-C18

Q1MG50Q2YS50

R615R

Figura A2.14 – Esquema Eléctrico do circuito de comando dos IGBT’s (circuitos de disparo).

Figura A2.15 – Fotografia da Implementação do circuito de comando dos IGBT´s (circuitos de

disparo).

103

Page 120: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

a) Circuito de disparo de 2 IGBT´s –

camada inferior (Bottom).

b) Circuito de disparo de 2 IGBT´s –

camada superior (Top).

Dimensões da placa: (4,5×5) cm ; Quantidade: 6

Fotografias gerais do sistema de compensação de reactiva implementado

Figura A2.16 – Sistema de compensação de Energia Reactiva (Conversor, DSP, Carga).

104

Page 121: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

Figura A2.17 – Conversor Multinível mostrando as placas de comando e de amostragem.

Figura A2.18 – Carga RL do Sistema de compensação.

105

Page 122: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

Anexo 3 – Determinação do ângulo de Park, θ.

Devido ao facto de ser necessário efectuar transformações de Park para o cálculo de correntes

de compensação (correntes de referência), é necessário calcular a posição angular da rede

eléctrica. Existem diversas formas de obter o valor do ângulo θ (exemplo: uarctg

αθ = ), e

métodos de sincronização vectoriais (exemplo: Fluxo magnético virtual). Porém, alguns

destes métodos requerem uma grande carga computacional. Outros métodos podem conduzir

a erros devido à passagem por zero no denominador, e a utilização da função arctg pode não

indicar correctamente o valor do ângulo devido à não identificação correcta do quadrante.

O método utilizado neste trabalho foi desenvolvido por Verdelho e Soares (1997), e consiste

em criar um sincronizador adaptado através da aquisição dos valores das tensões simples, que

depois são transformadas em uα e uβ através da transformação de Concordia. Depois desta

transformação, é feita uma filtragem (filtro passa-baixo) a uα e uβ, de modo a reduzir a

existência de ruído das tensões da rede (na implementação prática esta filtragem foi efectuada

antes da transformação 123 → αβ). Com o cálculo do módulo de u, que corresponde à soma

vectorial de uα com uβ, é possível obter o valor de cosθ e de sinθ do modo em que é

apresentado no diagrama abaixo.

Este processo permite efectuar a transformação de referencial estático α, β para o referencial

síncrono d,q sem efectuar o cálculo de funções trigonométricas, as quais requerem um tempo

de processamento muito mais elevado.

2 2U U Uα β= +

UUβ

UUα

Figura A3.1 – Sincronizador vectorial baseado na tensão da rede eléctrica.

106

Page 123: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

U

Figura A3.2 – Representação vectorial da tensão nos referenciais αβ e dq.

107

Page 124: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

Anexo 4 – Esquemas do Matlab/Simulink usados na Simulação

Neste anexo, encontram-se os esquemas dos subsistemas considerados mais importantes, com

base na raiz do esquema principal da Figura A4.1.

Figura A4.1 – Estrutura geral do sistema simulado.

Bloco Rede Trifásica

Figura A4.2 – Passagem de tensões compostas para simples.

108

Page 125: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

Bloco Conversor Multinível

No bloco Conversor Multinível são implementadas as equações do modelo do conversor. De

forma a tornar a análise mais fácil e ter-se acesso a algumas variáveis intermédias, o modelo

foi dividido em vários subsistemas.

3Uc12

2Udc

1i 123

UC1

UC2

EK

Us

iK

SubSistema 3

T1K

T2k

correntes

UC1

UC2

SubSistema 2

Gama 1

Gama 2

Gama 3

T1K

T2K

EK

SubSistema 1

em

i123

Udci123 io

Correntes ik

2Gamas

1Us

Uc2

Uc1

Figura A4.3 – Constituição do Bloco do Conversor Multinível (3 Subsistemas).

SUBSISTEMA 1 do Bloco Conversor Multinível

Figura A4.4 – Subsistema 1 do Bloco do Conversor.

109

Page 126: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

• BLOCO Matrizes Psi Grande (Ξ)

E11

E21

E31

E12

E22

E32

1EK

2

Gain9

1/3

Gain8

2

Gain7

1/3

Gain6

2

Gain5

1/3

Gain4

2

Gain3 1/3

Gain2

2

Gain11

1/3

Gain10

2

Gain1 1/3

Gain

em

em

em

em

em

em

2T2K

1T1K

Figura A4.5 – Bloco da Matriz Ξ , do Subsistema 1 do Bloco do Conversor.

SUBSISTEMA 2 do Bloco Conversor Multinível

Figura A4.6 – Subsistema 2 do Bloco do Conversor.

110

Page 127: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

SUBSISTEMA 3 do Bloco Conversor Multinível

Figura A4.7 – Subsistema 3 do Bloco do Conversor.

Bloco Comutação e Controlo Não Linear

Figura A4.8 – Esquema geral do Bloco Comutação e Controlo Não Linear. 111

Page 128: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

SUBSISTEMA do Bloco Comutação e Controlo Não Linear - LEI DE COMUTAÇÃO

2

Lbda be ta

1

Lbda a l fa

du/d t

di /d t2

du/d t

di /d t1

Satura tion1

Satura tion

Relay3

Relay2

Relay1

Relay

Product1

Product

M em ory1

M em ory

1/2

Gain1

1/2

Gain

2

e ia l fa

1

e ibeta

Figura A4.9 – Determinação dos valores de λα e λβ em função do erro e da derivada da corrente.

SUBSISTEMA do Bloco Comutação e Controlo não Linear – ESCOLHA DO VECTOR

Figura A4.10 – Escolha do vector a aplicar ao conversor.

112

Page 129: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

• BLOCO Cálculo de In

Figura A4.11 – Cálculo da corrente In.

Bloco Controlo Linear

No Bloco Controlo é efectuado o controlo linear da tensão Udc e o controlo por modo de

deslizamento das correntes do conversor.

Figura A4.12 – Bloco Controlo.

113

Page 130: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

SUBSISTEMA do Bloco Controlo linear – BLOCO PI

Figura A4.13 – Bloco do Controlador Proporcional – Integral.

O “Erro Udc” é positivo quando a tensão Udc é menor que a tensão Udc ref, ou seja, o erro é

positivo quando é necessário carregar os condensadores para elevar a tensão. A corrente id

está definida como positiva no sentido conversor-rede, ou seja, quando descarrega os

condensadores. Daí a necessidade de se colocar um ganho de -1 à saída do controlador.

Bloco Correntes de Compensação

Figura A4.14 – Bloco de cálculo da componente em quadratura da corrente de compensação.

114

Page 131: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

Anexo 5 – Esquemas do Matlab/Simulink usados no DSP

Figura A5.1 – Raiz do programa.

Figura A5.2 – Bloco I (compensação).

115

Page 132: Tese MSc (pre-bolonha) Luis Encarnação

Figura A5.3 – Bloco Controlo.

Figura A5.4 – Bloco derivada.

116