54
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS APLICADAS CURSO DE DIREITO DIREITO CIVIL - SUCESSÕES Testamento Francielly Calabria Gisele Maciel Larissa Machado Nicole Moore Virgílio Gabriel

Testamento - Direito de sucessões

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Trabalho feito com base da obra de Carlos Roberto Gonçalves.

Citation preview

7

INSTITUTO SUPERIOR DE CINCIAS APLICADASCURSO DE DIREITO

DIREITO CIVIL - SUCESSESTestamento

Francielly CalabriaGisele MacielLarissa MachadoNicole MooreVirglio Gabriel

Limeira SP2015SUMRIO

1 TESTAMENTO EM GERAL ................................................................................. 031.1 Caractersticas do Testamento ..................................................................... 04

2 CAPACIDADE DE TESTAR .................................................................................. 06

3 FORMAS ORDINRIAS DE TESTAMENTO .................................................... 083.1 Invalidade do testamento conjuntivo ........................................................... 093.2 Perda ou destruio e reconstituio do testamento .................................... 103.3 Testamento Pblico ..................................................................................... 103.4 Testamento Cerrado .................................................................................... 153.5 Testamento Particular .................................................................................. 173.6 Testemunhas Instrumentrias ...................................................................... 18

4 CODICILOS ............................................................................................................. 194.1 Objeto do codicilo ....................................................................................... 204.2 Reduo do valor ou dos bens pelo juiz ...................................................... 214.3 Requisitos do codicilo ................................................................................. 214.4 Espcies de codicilo .................................................................................... 224.5 Revogao do codicilo ................................................................................ 234.6 Execuo do codicilo .................................................................................. 24

5 TESTAMENTOS ESPECIAIS ................................................................................ 245.1 Testamento martimo ................................................................................... 255.2 Testamento aeronutico ............................................................................... 285.3 Testamento militar ....................................................................................... 295.4 Testamento vital ........................................................................................... 31

6 TESTAMENTEIRO ................................................................................................. 326.1 Espcies de testamenteiro ............................................................................ 326.2 Remunerao ............................................................................................... 33

1 TESTAMENTO EM GERAL

O testamento, ao menos como ato de ltima vontade como o compreendiam os romanos, no perodo clssico de seu direito, era desconhecido no direito primitivo. Nem sempre a lei e os costumes o admitiam, havendo legislaes pelas quais eram punidos aqueles que pretendiam instituir herdeiros ao arrepio da lei.A permisso para que qualquer pessoa pudesse dispor, por morte, de seus bens, sem a interveno do povo, foi dada pela referida Lei das XII Tbuas, relegando ao desuso as primitivas formas de testamento. O modelo ento criado era fundado na mancipao, denominava-se per aes et libram (por dinheiro e peso) e era uma venda fictcia da sucesso feita pelo testador ao futuro herdeiro, perante o oficial pblico e com a participao de cinco testemunhas.Quando o Cdigo Civil de 1916 foi elaborado, imprimiu-se sucesso testamentria orientao segura e simples: as duas modalidades de sucesso convivem, sendo lcito dispor de parte dos bens ou da sua totalidade; livre a instituio de herdeiro ou a distribuio de bens em legados; reconhecida a liberdade de testar, na falta de herdeiros necessrios; facultado gravar os bens de clusulas restritivas, mesmo quanto s legtimas; franqueada a substituio do favorecido.O Cdigo Civil de 2002 manteve, em linhas gerais, os mesmos princpios, tendo porm includo o cnjuge sobrevivente entre os herdeiros necessrios (art. 1.845) e condicionado a onerao das legtimas meno, pelo testador, de uma justa causa. O Cdigo transparece nitidamente em seus arts. 1.857, caput, e 1.858, que o testamento constitui ato personalssimo e revogvel pelo qual algum dispe da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte.Para no deixar interpretao dbia, no 2 do citado art. 1.857, o Cdigo menciona que so vlidas as disposies testamentrias de carter no patrimonial, ainda que o testador somente a elas se tenha limitado. E, no 1, confirma a regra de que a legtima pertence aos herdeiros necessrios de pleno direito (art. 1.846), prescrevendo: A legtima dos herdeiros necessrios no poder ser includa no testamento.

1.1 Caractersticas do TestamentoAs principais caractersticas do testamento so:a) um ato personalssimo, privativo do autor da herana. No se admite a sua feitura por procurador, nem mesmo com poderes especiais. Assim dispe o art. 1.858 do Cdigo Civil: o testamento ato personalssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo. Segundo a lio de PONTES DE MIRANDA, de ser personalssimo o testamento resulta: no poder ser feito por procurador; nem delegada a outrem a instituio; nem, sequer, deixado ao arbtrio do herdeiro, ou de outrem, o valor do legado; nem cometida a terceiro a designao da identidade do herdeiro ou legatrio; ou atribuda vontade de outrem a eficcia ou ineficcia da disposio; ou afastada da imediata escolha do testador, como a instituio disjuntiva que se no pudesse tomar por verdadeiramente copulativa, ou condicional para um ou ambos.b) Constitui negcio jurdico unilateral, isto , aperfeioa-se com uma nica manifestao de vontade, a do testador (declarao no receptcia de vontade), e presta-se produo de diversos efeitos por ele desejados e tutelados na ordem jurdica. Com efeito, a s vontade, pessoalmente manifestada, do testador suficiente formao do testamento. No tem o beneficirio de intervir para a sua perfeio e validade. Posteriormente, depois da morte do testador, quando aberta a sucesso, que se manifesta a aceitao deste (CC, arts. 1.804 e 1.923), a qual no elemento ou condio essencial do ato.Alis, como percucientemente assevera ZENO VELOSO, se comparecesse ao testamento um herdeiro institudo, ou um legatrio, aceitando, previamente, as disposies que lhe favorecessem, estar-se-ia diante de um pacto sucessrio, terminantemente proibido, conforme o art. 426 do Cdigo Civil: No pode ser objeto de contrato a herana de pessoa viva.c) solene: s ter validade se forem observadas todas as formalidades essenciais prescritas na lei (ad solemnitatem). No podem elas ser postergadas, sob pena de nulidade do ato14. Excetua-se o testamento nuncupativo (de viva voz), admissvel somente como espcie de testamento militar (CC, art. 1.896). A excessiva formalidade do testamento visa assegurar a sua autenticidade e a liberdade do testador, bem como chamar a ateno do autor para a seriedade do ato que est praticando.Tem a jurisprudncia, todavia, amenizado a rigidez formal quando a vontade do testador se mostra bem patenteada no instrumento. Nessa linha decidiu o Superior Tribunal de Justia: Testamento. Descumprimento de formalidade. Circunstncia que deve ser acentuada ou minorada de molde a assegurar a vontade do testador e proteger o direito de seus herdeiros, sobretudo os filhos.d) um ato gratuito, pois no visa obteno de vantagens para o testador. A imposio de encargo ao beneficirio no lhe retira tal caracterstica. A gratuidade , efetivamente, da essncia do ato, que no comporta correspectivo. E a liberalidade existe, ainda nos legados com encargo.OROZIMBO NONATO, depois de afirmar serem de simples aparncia as derrogaes do princpio de gratuidade, na substituio fideicomissria e nos legados condicionais e com encargo, conclui: A intruso de certo elemento oneroso no ato gratuito no lhe apaga o carter liberal, salvo se preponderante.e) essencialmente revogvel (CC, art. 1.969), sendo invlida a clusula que probe a sua revogao. A revogabilidade da essncia do testamento, no estando o testador obrigado a declinar os motivos de sua ao. Pode o testador, pois, usar do direito de revog-lo, total ou parcialmente, quantas vezes quiser (v. art. 1.858 do CC, retrotranscrito).O poder de revogar testamento, no todo ou em parte, irrenuncivel, uma vez que a revogabilidade constitui princpio de ordem pblica. Invlida, portanto, como dito, seria a clusula contrria sua revogabilidade essencial, denominada revocatria ou derrogatria. Ela no contamina o testamento, mas deve considerar-se no escrita.f) , tambm, ato causa mortis: produz efeitos somente aps a morte do testador. Desse modo, at falecimento dos disponentes fica sem objeto o ato em que a pessoa dispe do patrimnio para depois do prprio bito. A abertura da sucesso requisito primordial para se cumprirem os fatos jurdicos nele previstos. Chama-se causa mortis exatamente porque pressuposto necessrio, para que tenha eficincia, a morte do prolator.Segundo CARLOS MAXIMILIANO, as seguintes diferenas extremam as linhas limtrofes entre atos jurdicos entre vivos e o de ltima vontade: a) o menor, que haja completado dezesseis anos, realiza este, e no aqueles; b) os primeiros so mais ou menos livres quanto aos requisitos externos; o segundo obedece a formas rigorosas e mais complicadas; c) o de ltima vontade pode referir-se a bens futuros; os outros, no; d) atos entre vivos exigem registro, para valerem contra terceiro; o causa mortis, no: o seu registro tem outra finalidade.

2 DA CAPACIDADE DE TESTAR

A capacidade testamentria pode ser ativa (testamenti factio activa) e passiva (testamenti factio passiva). A primeira diz respeito aos que podem dispor por testamento; a segunda indica os que podem adquirir por testamento.Os menores de 16 anos so absolutamente incapazes e, nessa condio, no podem testar. Faltando-lhes o poder de deliberar, a lei despreza a sua vontade, no vislumbrando nela a consistncia necessria para produzir consequncias post mortem. natural que o legislador no considere a vontade de pessoas que ainda no tm maturidade e firmeza suficiente para dispor de seus bens. Para proteg-las, considera nulo o testamento por elas elaborado. A capacidade testamentria ativa, que se alcana aos 16 anos de idade, uma capacidade especial, diversa da geral, que se adquire aos 18 anos completos (CC, art. 5, caput)Os privados do necessrio discernimento para a prtica dos atos da vida civil, por enfermidade ou deficincia mental, so absolutamente incapazes (CC, art. 3, II) e, por esse motivo, inibidos de testar (art. 1.860, 1 parte).Consideram-se portadores de enfermidade ou deficincia mental os alienados de qualquer espcie, como os perturbados mentalmente, os amentais, os mentecaptos, os furiosos, os idiotas, os imbecis, os dementes e os afetados por doenas psquicas de intensidade capaz de priv-los do necessrio discernimento para os atos da vida civil.Proclamando o art. 1.860 do Cdigo Civil, genericamente, sem fazer qualquer distino, que os incapazes no podem testar, ficam inibidos de faz-lo, tambm, os relativamente incapazes, exceto os maiores de 16 anos, cuja situao ressalvada no pargrafo nico do mencionado dispositivo legal.Desse modo, no podem testar os brios habituais, os viciados em txicos e os que, por deficincia mental, tenham o discernimento reduzido (CC, art. 4, II), bem como os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo (III), por no terem plena conscincia do ato que iro praticar.Os casos de incapacidade testamentria ativa, como j mencionado, so fixados pelo Cdigo Civil em tom excepcional, taxativo. Exceto as expressamente mencionadas no art. 1.860, todas as pessoas podem fazer testamento vlido, pois a capacidade constitui a regra. A lei no estabelece limite temporal, para a capacidade testamentria ativa. A senectude ou idade avanada no inibe o indivduo de testar. Em si mesma, no constitui motivo de incapacidade.Todavia, se em razo de condies patolgicas que acompanham a velhice, como a arteriosclerose, a debilidade mental e outras, a lucidez de esprito for afetada, instalando-se processo de involuo senil, caracterizar-se- a incapacidade. mister provar, todavia, que a senilidade abalou seriamente o crebro, causando a demncia e a imbecilidade.A capacidade testamentria ativa exigida, portanto, no momento em que se redige ou se elabora o testamento. nesse instante que deve ser aferida. Se o testador, no ato de testar, tinha pleno discernimento, o testamento ser vlido mesmo que ele venha a perder, posteriormente, a lucidez, assim como nulo ser o testamento elaborado por quem, no ato, encontrava-se completamente embriagado, ainda que no dia seguinte estivesse curado da embriaguez, ou por quem se encontrava privado do necessrio discernimento, mesmo que, posteriormente, tivesse recuperado o juzo.Somente aps a morte do testador se poder questionar sobre a validade do ato de ltima vontade. Enquanto estiver vivo permanecer afastada a possibilidade de sofrer impugnaes, pois se trata de negcio jurdico mortis causa. Do contrrio estar-se-ia permitindo a instaurao de litgio acerca de herana de pessoa viva.

Dispe o art. 1.859 do Cdigo Civil:Extingue-se em cinco anos o direito de impugnar a validade do testamento, contado o prazo da data do seu registro.Aberta a sucesso, o testamento dever ser apresentado em juzo e registrado, para ser mandado cumprir. A contagem do quinqunio decadencial d-se com a apresentao do testamento ao juiz, que, se lhe no achar vcio externo, que o torne suspeito de nulidade ou falsidade, mandar que seja registrado, arquivado e cumprido (CPC, art. 1.126). a partir do registro, e no da abertura da sucesso, que se conta o aludido prazo decadencial. Uma vez esgotado, o testamento no mais pode ser impugnado, mesmo que eivado de nulidade.O art. 169 do Cdigo Civil estabelece regra aplicvel aos negcios em geral:O negcio jurdico nulo no suscetvel de confirmao, nem convalesce pelo decurso do tempo.Desse modo, em princpio, por mais longo que seja o tempo decorrido, no convalida o negcio nulo: quod initio vitiosum est, non potest tractus temporis convalescere.Em matria de testamento, porm, o art. 1.859 supratranscrito inova, introduzindo em nosso sistema um regime especial para a nulidade do negcio jurdico testamentrio, fixando um prazo de caducidade para que a ao prpria seja intentada e derrogando, ipso facto, a regra geral estabelecida no art. 169.

3 FORMAS ORDINRIAS DE TESTAMENTO

O Cdigo Civil de 2002 admite trs formas de testamentos ordinrios: pblico, cerrado e particular (art. 1.862); e trs de testamentos especiais: martimo, aeronutico e militar (art. 1.886). Caracterizam-se pela exigncia do cumprimento de vrias formalidades, destinadas a dar seriedade e maior segurana s manifestaes de ltima vontade.Quando o legislador cria as exigncias de forma, tem em mira preservar a idoneidade psicolgica do testador, protegendo a autenticidade da manifestao volitiva contra as insinuaes captatrias, deformao e descompasso entre o querer autntico e a externao do querer.O legislador no deixou ao alvedrio do testador a escolha da maneira de manifestar a sua inteno. Estabeleceu previamente as formas vlidas, devendo a pessoa que desejar testar escolher um dos tipos por ele criados, sem poder inventar um novo, mediante a combinao dos existentes.Assim, a forma representa um pressuposto necessrio do negcio jurdico testamentrio. Testamento que no obedecer norma sobre forma que cogente, de ordem pblica nulo de pleno direito e no tem efeito algum. A declarao post mortem pela qual uma pessoa dispe de seus bens, ainda que autntica e solene, no ter validade se externada por modo diverso do prescrito em lei (CC, art. 104, III).

3.1 Invalidade do testamento conjuntivoO Cdigo Civil probe expressamente, no art. 1.863, o testamento conjuntivo: proibido o testamento conjuntivo, seja simultneo, recproco ou correspectivo. Testamento conjuntivo, de mo comum ou mancomunado aquele em que duas ou mais pessoas, mediante um s instrumento (portanto, num mesmo ato), fazem disposies de ltima vontade acerca de seus bens. simultneo quando os testadores dispem em benefcio de terceiros, num s ato (uno contextu); recproco, quando instituem benefcios mtuos, de modo que o sobrevivente recolha a herana do outro; correspectivo, quando os testadores efetuam disposies em retribuio de outras correspondentes.Justifica-se a proibio do testamento conjuntivo, em todas as suas formas porque tais disposies constituem espcies de pacto sucessrio e contrariam uma caracterstica essencial do testamento, que a revogabilidade.

3.2 Perda ou destruio e reconstituio do testamentoA cdula testamentria, perdida ou destruda, no comporta reconstruo, pelos riscos que tal atividade encerra e pela possibilidade de encobrir articulaes fraudatrias da vontade do morto.No se pode afastar, todavia, a possibilidade de se restaurar, mediante recursos tcnicos, a cdula testamentria que sofreu os efeitos do longo decurso do tempo e se tornou de difcil leitura, desde que tal trabalho no comprometa o texto.

3.3 Testamento PblicoO testamento pblico escrito pelo tabelio em seu livro de notas, de acordo com as declaraes do testador, feitas em lngua nacional, podendo este servir-se de minuta, notas ou apontamentos, em presena de duas testemunhas, que devem assistir a todo o ato.Essas formalidades tornam-no mais seguro do que as outras espcies de testamento, malgrado apresente o inconveniente de permitir a qualquer pessoa o conhecimento de seu teor.Para obviar o inconveniente de qualquer pessoa poder requerer e obter uma certido de ato constante em notas de um tabelio, sem informar ao notrio o motivo ou interesse disso, o Projeto n. 6.960/2002, atual Projeto de Lei n. 276/2007, prope soluo adotada em alguns pases: inserir no mencionado art. 1.864 um pargrafo dizendo que a certido do testamento pblico, enquanto vivo o testador, s poder ser fornecida a requerimento deste ou por ordem judicial.

3.3.1 Requisitos e formalidadesO art. 1.864 enumera os requisitos e formalidades essenciais do testamento pblico: I - ser escrito por tabelio ou por seu substituto legal em seu livro de notas, de acordo com as declaraes do testador, podendo este servir-se de minuta, notas ou apontamentos; II - lavrado o instrumento, ser lido em voz alta pelo tabelio ao testador e a duas testemunhas, a um s tempo; ou pelo testador, se o quiser, na presena destas e do oficial; III - ser o instrumento, em seguida leitura, assinado pelo testador, pelas testemunhas e pelo tabelio. Pargrafo nico. O testamento pblico pode ser escrito manualmente ou mecanicamente, bem como ser feito pela insero da declarao de vontade em partes impressas de livro de notas, desde que rubricadas todas as pginas pelo testador, se mais de uma.

3.3.2 Lavratura pelo tabelio ou seu substituto legal em seu livro de notasA vontade do testador deve ser externada ao oficial pblico, denominado tabelio, sob a forma de declarao, admitindo-se a entrega de minuta previamente elaborada, seguida da declarao verbal de que contm a sua ltima vontade, ou de consulta a anotaes. Tabelio o agente que exerce, em carter privado e por delegao do Poder Pblico, a funo de redigir, fiscalizar e instrumentar atos e negcios jurdicos, conferindo-lhes autenticidade e f pblica.Alm do tabelio e de seu substituto legal, so tambm competentes para lavrar testamento pblico, denominado testamento consular, as autoridades diplomticas, como prev o art. 18 da Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro. Em primeiro lugar deve o tabelio, por dever de ofcio, certificar-se cuidadosamente da identidade e da capacidade ou sanidade mental do testador. Sendo tal modalidade testamentria confeccionada por instrumento pblico, devem ser observados os requisitos gerais estabelecidos para as escrituras pblicas no art. 215, dentre os quais os constantes do inciso II do 1: reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de quantos hajam comparecido ao ato, por si, como representantes, intervenientes ou testemunhas.Tambm as testemunhas precisam conhecer o testador, para poder afirmar a sua identidade. Basta, entretanto, que haja sido apresentado a elas por quem merea acatamento, desde que, segundo a opinio de Carlos Maximiliano, esse fato se no tenha verificado imediatamente antes da lavratura do ato.O testador faz suas declaraes ao tabelio, que promove a escriturao, de acordo com elas, no seu livro de notas. Para tanto, pode aquele servir-se de notas, apontamentos e mesmo de uma minuta do testamento redigida por advogado, para melhor encaminhar o pensamento e bem enunciar sua ltima vontade.No basta, porm, entreg-la ao notrio, sem mais nada. Tem de l-la ou, ao menos, declarar o que nela se contm, de modo geral, como sua ltima vontade.No basta, ainda, que o instrumento pblico seja completo; faz-se mister que seja tambm perfeito quanto sua forma material, ou seja, que no contenha imperfeies, rasuras, borres ou entrelinhas. Como, entretanto, nem sempre se torna fcil atingir esse mximo de perfeio material, podem os enganos e defeitos ser sanados pela ressalva ao fim da escritura e antes das assinaturas.

3.3.3 Leitura em voz alta na presena de duas testemunhasDepois de escrito, o instrumento do testamento ser lido em voz alta pelo tabelio ao testador e a duas testemunhas, a um s tempo; ou pelo testador, se o quiser, na presena destas e do oficial (CC, art. 1.864, II).A finalidade da leitura possibilitar, tanto ao testador como s testemunhas, que verifiquem a coincidncia entre a vontade por ele manifestada e o que foi lanado no livro pelo tabelio.Ao cego s se permite o testamento pblico, que lhe ser lido em voz alta, duas vezes, uma pelo tabelio ou por seu substituto legal, e a outra por uma das testemunhas, designada pelo testador, para resguardar a fidelidade da lavratura; fazendo-se de tudo circunstanciada meno no testamento (CC, art. 1.867). O analfabeto tambm s pode testar de forma pblica.

3.3.4 Necessidade da presena das testemunhas durante todo o tempoNo pode o tabelio fazer a leitura do instrumento ao testador e s testemunhas separadamente. A leitura precisa ser feita ao testador e s testemunhas a um s tempo, como expressamente menciona o inciso II do art. 1.864 do Cdigo Civil, no sendo possvel a leitura sucessiva, ao testador e, depois, s testemunhas, pois estaria violado o princpio da unitas actus, que, a partir da leitura, requisito essencial do testamento pblico.Observa-se, entretanto, uma tendncia da jurisprudncia em afastar a idolatria ao formalismo exagerado, sempre que tal diretriz no comprometer a essncia do ato e a fiel vontade manifestada pelo testador. Assim, j se decidiu que a ausncia temporria das testemunhas, durante a escrita do testamento, no interrompe o ato, porque a sua presena s exigida, pela lei, para que vejam, ouam e compreendam ao testador, certificando-se de que a escritura encerra a vontade manifestada. Deve-se, pois, como soluo ideal, examinar as circunstncias de cada caso, apreciando com bom senso e razoabilidade a situao concreta sub judice.

3.3.5 Data e assinaturaAps a leitura, estando em ordem, o testamento ser assinado pelo tabelio que o escrever, pelo testador e pelas testemunhas, seguidamente e em ato contnuo (CC, art. 1.964, III). Se o testador no souber, ou no puder assinar, o tabelio ou seu substituto legal assim o declarar, assinando, neste caso, pelo testador, e, a seu rogo, uma das testemunhas instrumentrias (art. 1.865).No constitui, todavia, nulidade assinatura a rogo por terceira pessoa, pois a participao de mais uma testemunha no ato traz mais segurana lavratura. Somente aps o lanamento de todas as assinaturas o testamento pblico estar perfeito.

A insero da data da maior relevncia para determinar qual testamento anterior e qual posterior, bem como para possibilitar a aferio da capacidade do testador no momento da lavratura do ato. Como todos os outros atos notariais, deve conter a data e o local de sua elaborao. Porm, os casos de nulidade so apenas os taxativamente enumerados na lei. E, diante da omisso do legislador, no h como sustentar a nulidade de um testamento pblico por ausncia de data, com supedneo no art. 166, V, do Cdigo Civil.

3.3.6 Meno da observncia das formalidades legais dever inerente funo de notrio descrever as formalidades do ato praticado e port-las por f (CC, art. 215, 1, V). Ao assinar o instrumento, o tabelio deixa implcito que todas as formalidades legais foram examinadas. comum fazerem os notrios constar do instrumento estar o testador em pleno gozo de suas faculdades mentais. Embora a constatao do fato seja necessria, a sua meno no constitui, todavia, exigncia legal, mesmo porque a omisso no o exime de impugnao sob esse fundamento. permitida prova contrria s afirmaes do serventurio de justia. Contudo, para que possa ser admitida, mister se torna seja perfeita e convincente.

3.3.7 Registro e cumprimento do testamento pblicoPreceitua o art. 1.128 do Cdigo de Processo Civil que, quando o testamento for pblico, qualquer interessado, exibindo-lhe o traslado ou certido, poder requerer ao juiz que ordene o seu cumprimento. Nesse caso, dispe o pargrafo nico, o juiz mandar process-lo, observando-se o procedimento previsto nos arts. 1.125 e 1.126.Assim, ultimado o testamento, o tabelio fornecer ao testador o traslado desse documento, que a primeira cpia do original, extrada do respectivo livro. As demais cpias denominam-se certides.O pedido de registro e cumprimento do testamento deve ser formulado pelo detentor do traslado, ou certido, ou por qualquer interessado. Omitindo-se, o detentor poder ser compelido judicialmente exibio, sob pena de busca e apreenso do documento (CPC, art. 1.129 e pargrafo nico).Exibido o traslado, ou certido, ao juiz competente para o processo de inventrio (primeiro se registra o testamento; depois, abre-se o inventrio), ordenar este o seu registro e cumprimento, exarando o cumpra-se.Havendo dvidas sobre a validade do testamento, no pode o Juzo deixar de determinar seu registro e arquivamento, devendo ficar suspenso, apenas, o seu cumprimento at que haja deciso em processo contencioso sobre o vcio desse documento pblico.3.4 Testamento CerradoTestamento cerrado o escrito pelo prprio testador, ou por algum a seu rogo e por aquele assinado, com carter sigiloso, completado pelo instrumento de aprovao ou autenticao lavrado pelo tabelio ou por seu substituto legal, em presena do disponente e de duas testemunhas idneas. A vantagem que tal modalidade testamentria apresenta consiste no fato de manter em segredo a declarao de vontade do testador, pois em regra s este conhece o seu teor.A interveno do tabelio no testamento cerrado objetiva dar-lhe carter de autenticidade exterior, somando-se essa participao vantagem do segredo.O grande inconveniente do testamento cerrado o excesso de detalhes, mincias e formalidades que, se no atendidas, acarretam sua nulidade.Os requisitos e formalidades do testamento cerrado encontram-se enumerados no artigo 1.868 do Cdigo Civil.A cdula testamentria poder ser escrita por uma pessoa a pedido do testador, no entanto o testador quem dever assina-la. No podero escrever a cdula aquele que estiver sendo beneficiado por ele, como herdeiro ou legatrio, bem como o (a) companheiro (a) ou cnjuge, ascendentes e irmos. A pessoa que possa ajudar o testador a elaborar seu testamento ter que faz-lo de forma desinteressada e que no interfira na vontade deste. Tal pessoa ser mero redator da manifestao de ultima vontade do testador e est ter que estar identificada e qualificada, para que se possa verificar se a mesma no foi beneficiada de alguma forma pelo testamento. Se por ventura, algumas das citadas pessoas forem beneficiadas, no o testamento que ser declarado nulo, e sim a clusula que a favorecer.Se, alm de no saber escrever, o testador tambm no souber ler, no poder fazer testamento cerrado, pois no ter meios de certificar-se, pela leitura, de que o terceiro que o redigiu a seu rogo seguiu lhe fielmente as instrues. Desta forma, o analfabeto s pode testar publicamente, o mesmo acontece com o cego.Em regra, a inobservncia dos requisitos previstos acarreta a decretao da nulidade do testamento.A entregado testamento cerrado constitui ato personalssimo do testador, no se admitindo, por isso, a utilizao de portador, mandatrio ou representante. Deve o testador afirmar que se trata de seu ato de ltima vontade e quer que seja aprovado.As testemunhas presenciaro a entrega do testamento, bem como a declarao de ltima vontade, e, imediatamente aps, que o auto de aprovao foi lavrado. Diferentemente das outras modalidades de testamento, a testemunha desempenhar a funo de presenciar a apresentao do testamento ao tabelio e no tero conhecimento do contedo do testamento.Apresentado o testamento ao tabelio, este, em seguida, na presena das testemunhas, lavrar o auto de aprovao, aps a ltima palavra do testador, declarando, sob sua f, que o testador lhe entregou para ser aprovado na presena das testemunhas. Se no houver espao na ltima folha escrita, colocar o seu sinal pblico e declarar, colando outra folha, a razo de seu procedimento.Para os efeitos legais, a data do testamento a data da aprovao. Antes de ser apresentado ao tabelio e de ser lavrado o instrumento de aprovao, o testamento cerrado um simples projeto. S se tornar um ato completo e definitivo com a aprovao.Havendo nulidade do testamento cerrado por algum vcio no auto de aprovao, se preenchidos os requisitos necessrios, a cdula poder ser aproveitada e utilizada como testamento particular. Para finalizar feito o cerramento, no qual o tabelio dobra a cdula ao meio, a coloca dentro do envelope, costurando-a com cinco pontos de retrs e aps lacra o envelope com pingos do basto de cera derretido. Lacrado, o tabelio constar no seu livro de registro o ato e a data que foi aprovado e entregue o testamento, que ser assinado pelo testador e as testemunhas. Entregue o testamento, este dever ser guardado pelo testador, ou por pessoa de sua confiana, para que o apresente perante juzo na abertura da sucesso e o execute.O testamento cerrado que o testador abrir ou dilacerar, ou for aberto ou dilacerado com seu consentimento, haver-se- como revogado. Trata-se de revogao tcita de testamento. Exige-se, porm, que a abertura ou dilacerao tenha sido feita voluntariamente pelo testador, ou por outrem, com o seu consentimento, visando quele fim.Ao receber o testamento o juiz, aps verificar se est intacto, o abrir e mandar que o escrivo o leia em presena de quem o entregou. Conclusos os autos, o juiz ouvir o representante do Ministrio Pblico e, se no achar no testamento vcio externo, que o torne suspeito de nulidade ou falsidade, mandar registr-lo, arquiv-lo e cumpri-lo. O juiz somente negar registro ao testamento se ele padecer de vcio externo. Uma vez determinado, por sentena, que se cumpra o testamento, s pelos meios regulares de direito pode ser invalidado, no todo ou em parte. 3.5 Testamento ParticularDenomina-se testamento particular o ato de disposio de ltima vontade escrito de prprio punho, ou mediante processo mecnico, assinado pelo testador, e lido por este a trs testemunhas, que o subscrevero, com a obrigao de, depois da morte do disponente, confirmar a sua autenticidade.A vantagem desse meio de testar consiste na desnecessidade da presena do tabelio, tornando-se, assim, simples, cmodo e econmico para o testador. Todavia, a forma menos segura de testar, porque depende de confirmao, em juzo, pelas testemunhas, aps a abertura da sucesso.O Cdigo Civil de 2002 baixou de cinco para trs o nmero de testemunhas e procurou minorar o inconveniente estabelecido pelo diploma de 1916, de o testamento holgrafo perder eficcia se pelo menos trs testemunhas no o confirmarem. Basta agora que uma o reconhea, se as outras duas faltarem, por morte ou ausncia. A confirmao vai depender, todavia, do convencimento do juiz sobre a existncia de prova suficiente da veracidade do testamento. Entretanto, se faltarem as trs testemunhas, o testamento estar irremediavelmente prejudicado e no sero cumpridas as disposies de ltima vontade manifestadas pelo testador.Os requisitos e formalidades do testamento particular acham-se enumerados no art. 1.876 do Cdigo Civil.A singularidade maior do testamento holgrafo est em que suas formalidades devem existir e ser apuradas no somente quando de sua elaborao, seno tambm quando de sua execuo, aps o falecimento do disponente. H, ento, requisitos de validade e requisitos de eficcia. As formalidades previstas para a fase de execuo, de eficcia do testamento particular, realizam-se judicialmente, com a publicao e confirmao do testamento.Observe-se que, se pelo menos uma das testemunhas estiver viva e comparecer para depor, e se o seu depoimento confirmar a autenticidade do instrumento, o juiz poder mandar cumprir o testamento, dependendo do seu convencimento sobre a existncia de prova suficiente da sua veracidade. A determinao do juiz para que o testamento seja cumprido baseia-se unicamente na constatao da inexistncia de vcios externos, extrnsecos, que possam tornar o documento suspeito de falsidade ou eivado de nulidade.O art. 1.879 do Cdigo Civil, introduziu em nosso direito a possibilidade excepcional de se admitir como testamento vlido um simples escrito particular pelo qual o declarante dispe de seus bens para depois de sua morte, sem observncia das formalidades e tipos legais.Trata-se, em verdade, de nova modalidade de testamento especial, na qual se exige que a excepcionalidade seja declarada na cdula. No se admite que esta seja redigida por meios mecnicos, pois deve ser elaborado de prprio punho e assinado pelo testador.A responsabilidade de decidir se o testamento particular excepcional poder ser confirmado ou no recai sobre o juiz. A ele compete decidir, na falta de previso expressa do legislador, se tal testamento ser cumprido e ter eficcia, ainda que o testador tenha falecido muito tempo depois da cessao da situao excepcional que justificou a utilizao da forma simplificada, tendo desfrutado de tempo mais do que suficiente para testar de outra forma.

3.6 Testemunhas InstrumentriasAs testemunhas desempenham relevante papel na elaborao do testamento. A sua atuao tem por escopo garantir a liberdade do testador e a veracidade de suas disposies.A lei estabelece o nmero mnimo de testemunhas para cada modalidade de testamento. O comparecimento em nmero superior ao legal no constitui razo capaz de invalidar o ato, pois simplesmente vem reforar a sua segurana.Em princpio, todas as pessoas capazes podem ser testemunhas de negcios jurdicos, sendo excludas apenas as que a lei expressamente menciona. O Cdigo Civil enumera em seu artigo 228 as pessoas que no podem ser admitidas como testemunhas.No h outras incompatibilidades. Nada impede, por exemplo, que sirvam de testemunhas testamentrias funcionrios do cartrio em que se lavra o ato, ou o testamenteiro nomeado pelo disponente e gratificado com a vintena, atribuda a ttulo de remunerao pelos servios prestados testamentaria. Do mesmo modo, os parentes afins do testador, bem como os diretores e representantes das pessoas jurdicas eventualmente contempladas. As incompatibilidades so estritas e no se aplicam a situaes no previstas.

4 DOS CODICILOS

Codicilo ato de ltima vontade, destinado, porm, a disposies de pequeno valor ou recomendaes para serem atendidas e cumpridas aps a morte.A palavra codicilo de origem latina e tem o significado de epstola ou pequena carta. Entre os romanos era considerada diminutivo de codex, que se traduz por cdigo, porque o testamento era o codex grande, e o codicilo era como um pequeno testamento. Significa, portanto, pequeno escrito ou pequeno ato de ltima vontade.A princpio nada mais eram os codicilos que declaraes sem forma determinada, nas quais o testador prescrevia alguma coisa a seu herdeiro. E por isso dava-se-lhes a denominao de epstolas ou cartas fideicomissrias. Eram ento utilssimas, facilitavam certas disposies sem necessidade de recorrer s solenidades da feitura de um testamento, s quais s se recorria para instituir herdeiro.Generalizado, porm, o uso dos codicilos, veio a necessidade de se adotar certa forma legal, menos solene que a dos testamentos. O instituto jurdico foi crescendo de importncia, dilatando o raio do seu alcance. Nesse estado passou para as Ordenaes, que mantiveram o critrio distintivo do testamento adotado em Roma: Codicilo uma disposio de ltima vontade sem instituio de herdeiro.No que diz respeito s formalidades de que devem ser revestidos, os codicilos andam a par dos testamentos, pois no passam de testamentos sem o essencial do testamento. No Cdigo Civil de 1916 a modalidade foi regulada nos arts. 1.651 a 1.655, que praticamente foram reproduzidos no diploma de 2002. Trata-se de instituto pouco utilizado na prtica, sendo o Brasil um dos ltimos pases a admiti-lo.

4.1 Objeto do codiciloO art. 1.881 do Cdigo Civil encerra, alm do objeto, a finalidade do codicilo. O objeto do codicilo limitado, de alcance inferior ao do testamento. No meio idneo para instituir herdeiro ou legatrio, efetuar deserdaes, legar imveis ou fazer disposies patrimoniais de valor considervel.Pode o codicilo ser utilizado pelo autor da herana para as seguintes finalidades: a) fazer disposies sobre o seu enterro; b) deixar esmolas de pouca monta; c) legar mveis, roupas ou joias, de pouco valor, de seu uso pessoal (art. 1.881); d) nomear e substituir testamenteiros (art. 1.883); e) reabilitar o indigno (art. 1.818); f) destinar verbas para o sufrgio de sua alma (art. 1.998); g) reconhecer filho havido fora do matrimnio, uma vez que o art. 1.609, II, do Cdigo Civil permite tal ato por escrito particular, sem maiores formalidades.Entendem alguns que o autor do codicilo no pode utiliz-lo para reconhecer filhos porque, com essa perfilhao, transpe os limites traados pelos arts. 1.881 e 1.883.Em princpio, pode a deixa codicilar abranger bens mveis que ornamentam uma sala, desde que de pouco valor, sempre em vista do montante do patrimnio deixado. Se forem valiosos, e conforme o caso, dever restringir-se a uma pea do mobilirio. Pode compreender, tambm, utenslios domsticos, como televisores, refrigeradores, foges etc. Se todos podem ser endereados ao beneficirio, ou somente um deles, vai depender do valor do acervo hereditrio. Se este, por exemplo, for constitudo de mveis e imvel residencial, inadmissvel ser a sua deixa por essa forma de disposio, devendo ser utilizado o testamento.O art. 1.883 do Cdigo Civil estabelece que a nomeao ou substituio de testamenteiros tambm pode ser objeto de codicilo. Desse modo, se o disponente nomeou, em testamento, testamenteiro para dar cumprimento s disposies de ltima vontade, e posteriormente mudou de ideia quanto pessoa que escolheu, ou esta ficou impossibilitada de exercer o mnus, no se faz mister que aquele elabore novo testamento para substitu-la. A troca pode ser feita por codicilo, assim como a nomeao de algum, como testamenteiro, se nada constou do testamento a esse respeito.

4.2. Reduo do valor ou dos bens pelo juizConstitui questo controvertida, ante a omisso, tanto do Cdigo anterior como do atual, saber se, em caso de as deixas ultrapassarem os limites legais, deixando de ser de pouca monta, ser nulo o codicilo, ou o juiz poder faz-lo convalescer, reduzindo as disposies a montante mdico e razovel.A dvida tem sido solucionada, na doutrina, pela extenso do favor testamenti aos codicilos, mediante o reconhecimento de que, sempre que possvel, deve-se adotar o critrio que d eficcia s disposies de ltima vontade.No se admite que as esmolas sejam superiores a 10% do monte-mor, ou um percentual bem menor, se mais vultoso o patrimnio deixado. Nem que os legados atinjam considervel parcela das joias, ou dos mveis. Se o Cdigo admitisse valores exacerbantes, ou significativos, no usaria as expresses esmolas ou de pouca monta. Ora, esmolas um termo que exprime pequena quantia, algo de pouca significao, que no abala as economias de uma pessoa.

4.3 Requisitos do codiciloEstatui o art. 1.881 do Cdigo Civil que toda pessoa capaz de testar poder fazer disposies de pouca monta, por meio de codicilo. Quanto capacidade, portanto, aplica-se o art. 1.860 do mesmo diploma, que regula a capacidade de testar.A forma do codicilo a holgrafa simplificada. A cdula deve ser totalmente escrita, datada e assinada pelo seu autor. Por isso, o disponente tem de saber e poder escrever. Exige a lei, portanto, os mesmos requisitos essenciais que a maioria das legislaes prev para o testamento particular. O que testamento particular em muitos pases, aqui mero codicilo, observado o contedo limitado deste.No se admite escrita ou assinatura a rogo no codicilo (alografia). A jurisprudncia tem admitido codicilos datilografados, que devem, porm, ser datados e assinados pelo de cujus.A escrita no precisa ser, necessariamente, do prprio punho. No est vedada, com efeito, a datilografia ou qualquer outro processo mecnico como a digitao eletrnica. O Cdigo Civil de 2002 admitiu, francamente, a utilizao de processo mecnico em todas as formas ordinrias de testamento. Se para o testamento comum permitido o uso da escrita mecanizada, como a datilografia e a computao, com mais razo deve ser permitida para o codicilo, cujo contedo limitado e tem por objeto bens menos valiosos que o testamento.Entretanto, para evitar qualquer dvida que a esse respeito possa existir, o Projeto de Lei n. 6.960/2002, atual Projeto de Lei n. 699/2011, prope a insero de pargrafo nico com a seguinte redao: O escrito particular pode ser redigido mecanicamente, desde que seu autor numere e autentique, com a sua assinatura, todas as pginas.A data explicitamente exigida. , pois, requisito essencial; se falta, o documento no tem valor. Nesse ponto o repositrio de normas afastou-se do sistema por ele adotado, uma vez que no a considerou essencial em documentos em que a sua enunciao teria maior utilidade, como os testamentos, salvo no testamento militar semelhante ao testamento cerrado.Tambm a assinatura da cdula codicilar, ao final, pelo disponente formalidade ad solemnitatem, indispensvel. Sem a assinatura do prprio declarante, o documento equivale a uma minuta ou projeto, sem valor algum como manifestao de ltima vontade.

4.4 Espcies de codiciloO codicilo pode assumir a forma de ato autnomo, tenha ou no o autor da herana deixado testamento, ou complementar deste. Percebe-se que o codicilo no , necessariamente, acessrio ou complemento do testamento, pois pode existir como disposio de vontade autnoma (codicilo ab intestato). Pode, outrossim, ser feito, tendo testamento o seu autor. Em geral, visa complet-lo, determinando o disponente providncias para o seu enterro, destinando uma esmola de pouca monta aos pobres de certo lugar, ou fazendo o legado de um bem de estimao e de pouco valor. Estabelece-se, nesse caso, uma convivncia entre os dois documentos. Todavia, se houver testamento posterior, que no confirma ou modifica o codicilo, este se considera revogado (CC, art. 1.884).A ressalva dos direitos de terceiros, feita no art. 1.882, tem causado certa perplexidade; no se sabe ao certo a quem o legislador quis referir-se. Acredita-se que esteja protegendo os direitos dos herdeiros necessrios.

4.5 Revogao do codiciloA revogao do codicilo pode ser expressa ou tcita. expressa quando o codicilo revogado por outro codicilo, ou por outro testamento, com meno inteno de revog-lo. tcita quando se d pela elaborao de testamento posterior, de qualquer natureza, sem confirm-lo, ou modific-lo.O codicilo pode, assim, ser revogado por outro codicilo, ou por um testamento posterior. Ou seja: a revogao do codicilo tanto se faz por outro ato da mesma natureza como por qualquer espcie de testamento.Nem sempre, porm, o codicilo posterior revoga o anterior. Podem completar-se e trazer disposies diversas: num deles, por exemplo, consta esmola de pouca monta a determinada pessoa; noutro, disposies sobre o seu enterro. Aps a morte do disponente, ambos sero cumpridos, se no tiverem sido revogados por outro modo, pois no h incompatibilidades entre as disposies de um e de outro.O codicilo posterior somente revoga o anterior se contiver clusula expressa nesse sentido, ou se as disposies forem incompatveis. Quanto ao testamento posterior, se ele revogar expressamente o codicilo, este perder a eficcia.O silncio, nesse caso, ser interpretado como manifestao de vontade, e entender-se- que o codicilo est revogado, mesmo que o testamento posterior trate de assunto diverso do que se encontra nele regulado.Testamento revoga codicilo, mas a recproca no verdadeira. Preleciona, nessa trilha, CARLOS MAXIMILIANO: O codicilo no revoga o testamento; porm por ele revogado.4.6 Execuo do codiciloO codicilo cumprido da mesma forma que o testamento particular. O testamenteiro, se existir, ou o parente, ou ainda qualquer pessoa que encontrar a cdula codicilar a encaminhar ao juiz. Este nomear um testamenteiro, que velar pelo seu cumprimento. Formula-se um requerimento, acompanhado do original, com o pedido de abertura, caso se encontre fechado ou lacrado.Falecendo o disponente, a abertura do codicilo far-se- como a do testamento cerrado: ser aberto pelo juiz, que o far registrar, ordenando que seja cumprido, se no achar vcio externo que o torne eivado de nulidade ou suspeito de falsidade (CPC, arts. 1.125 a 1.127).

5 DOS TESTAMENTOS ESPECIAIS

O Cdigo Civil reconhece como testamentos ordinrios unicamente o pblico, o cerrado e o particular, no podendo ser utilizado nenhum outro, nem fazer combinaes entre os existentes (CC, arts. 1.862 e 1.863). S se considera testamento o negcio jurdico que for celebrado sob uma das formas indicadas na lei (princpio da tipicidade).Os testamentos ordinrios so de livre escolha do disponente capaz e que tenha a legitimao exigida para a respectiva forma. Cada modalidade tem a sua prpria regulamentao, como visto.Mas, alm das formas ordinrias, o Cdigo Civil prev tambm formas especiais de testamento, que no so livremente escolhidas por qualquer pessoa, mas determinadas por circunstncias e situaes excepcionais em que se encontra aquele que pretende manifestar a sua ltima vontade e que justificam a diminuio de formalidades e exigncias legais.A admisso de tais testamentos, que se caracterizam pela reduo das formalidades legais, criticada, no entanto, e com razo, por alguns doutrinadores, que os consideram mesmo inconvenientes, no se justificando a sua manuteno nos tempos modernos.O Cdigo Civil de 2002 regula trs formas de testamentos especiais: o martimo, o aeronutico e o militar (arts. 1.886 a 1.896). E, no art. 1.887, declara peremptoriamente:No se admitem outros testamentos especiais alm dos contemplados neste Cdigo.Os testamentos especiais, malgrado a simplificao das formas, para atender a situaes excepcionais, no derrogam os princpios do direito comum. Assim, alm das regras especficas que orientam a realizao dos testamentos especiais, a eles se aplicam todos os princpios que determinam a capacidade testamentria ativa (arts. 1.860 e 1.861), a proibio do testamento conjuntivo (art. 1.863), os preceitos referentes s disposies testamentrias em geral (arts. 1.897 a 1.900), os que tratam da capacidade para adquirir por testamento (arts. 1.799 a 1.801), o jus cogens da sucesso legtima, a ordem de vocao hereditria, o respeito quota dos herdeiros necessrios, os preceitos referentes aos defeitos da vontade, etc..

5.1 Testamento martimoSegundo ITABAIANA DE OLIVEIRA, testamento martimo a declarao de ltima vontade, feita a bordo de navios de guerra ou mercantes, em viagem de alto-mar.Tal definio era vlida ao tempo do Cdigo Civil de 1916, que empregava, no art. 1.656, a expresso em viagem de alto-mar, porm no se amolda ao direito atual, uma vez que tal expresso foi suprimida pelo diploma de 2002, colocando um ponto final s indagaes sobre se o testamento martimo s poderia ser utilizado por pessoas que se encontrassem em alto-mar.O testamento martimo pode, assim, ser elaborado por passageiros e tripulantes (gente do mar ou passageiro, na expresso de OROZIMBO NONATO), nas viagens em alto-mar e em viagem fluvial ou lacustre, especialmente em lagos ou rios de grande dimenso, como os da bacia amaznica, diante do surgimento de algum risco de vida e da impossibilidade de desembarque em algum porto onde o disponente possa testar na forma ordinria.Essa modalidade testamentria apresenta duas peculiaridades: a) no prevalece o testamento martimo, se a embarcao estiver em pequeno cruzeiro, ou mesmo no curso de uma viagem, se ao tempo de sua confeco o navio estava em porto onde o testador pudesse desembarcar e testar na forma ordinria (CC, art. 1.892); b) caducar, como se ver adiante, se o testador no morrer em viagem nem nos noventa dias subsequentes ao seu desembarque em terra, onde possa fazer, na forma ordinria, outro testamento (art. 1.891).A validade do testamento martimo requer:a) que a viagem se realize em navio nacional, pois este considerado extenso do territrio nacional, ainda que se encontre em guas territoriais ou portos de outros pases;b) que se trate de navio de guerra ou mercante os navios de excurses tursticas e os que deslocam pessoas de um porto a outro enquadram-se como mercantes, pois o transporte de pessoas mercancia;c) que o testador esteja a bordo do navio, em viagem;d) que a cdula testamentria seja registrada em livro dirio de bordo, que todos os navios possuem o registro far referncia ao autor do testamento, data e a outros dados dignos de nota que ocorrerem;e) que o testamento fique sob a guarda do comandante, que o entregar s autoridades administrativas do primeiro porto nacional (CC, art. 1.890).O testamento, segundo se infere da parte final do art. 1.888 do Cdigo Civil, pode revestir forma assemelhada ao pblico ou ao cerrado. No primeiro caso, lavrado pelo comandante, a quem se atribui funo notarial, na presena de duas testemunhas, fazendo-se o seu registro no livro dirio de bordo (pargrafo nico).Se o testador no puder assinar, o comandante assim o declarar, assinando, nesse caso, pelo testador, e, a seu rogo, uma das testemunhas instrumentrias (CC, art. 1.865).O testamento que corresponda ao tipo cerrado (CC, art. 1.868) pode ser feito pelo prprio testador, que o assinar, ou ser escrito por outrem, que o assinar com a declarao de que o subscreve a rogo daquele. Deve ser entregue ao comandante perante duas testemunhas capazes de entender a vontade do testador, declarando este tratar-se de seu testamento o escrito apresentado, cuja aprovao requer.O comandante certificar, abaixo do escrito, todo o ocorrido, datando e assinando com o testador e as testemunhas. Todos os partcipes (testador, comandante e testemunhas) devem estar reunidos, simultaneamente presentes (uno contextu), do incio ao fim da solenidade.As testemunhas, recrutadas de preferncia entre os passageiros, devem ter capacidade de compreenso e ser idneas, aplicando-se-lhes os mesmos impedimentos que atingem as testemunhas nas formas ordinrias de testamento. mister que saibam assinar, pois o ato conferir autenticidade ao testamento. Aplicam-se ao testamento martimo as proibies do art. 1.801 do Cdigo Civil.Embora o Cdigo Civil somente se refira possibilidade de aquele que esteja a bordo de navio, em viagem, fazer testamento martimo, nada obsta a que possa confeccionar testamento ordinrio particular, que prescinde de tabelio. Tal modalidade pode ser elaborada em qualquer lugar, inclusive em um navio.A caducidade, depois de certo tempo, uma caracterstica dos testamentos especiais, observada em todas as legislaes aliengenas, variando apenas o prazo.A perda da eficcia do testamento, se o testador no morrer em consequncia do acontecimento excepcional que o levou a testar s pressas, nem depois do lapso de tempo estabelecido na lei, justifica-se plenamente, pois se trata de forma privilegiada, para atender a uma situao de emergncia. Cessada esta, sem que o testador tenha morrido na viagem, nem nos noventa dias subsequentes ao seu desembarque em terra, onde pudesse fazer outro testamento comum, desaparece a razo para a subsistncia do testamento especial.O simples decurso do prazo de noventa dias no suficiente para a perda da eficcia do testamento especial. necessrio que flua em terra, onde o testador possa fazer, na forma ordinria, outro testamento, no importando que o porto ou aeroporto no esteja localizado em territrio nacional. O aludido prazo comea a ser contado aps o ltimo desembarque, no fim da viagem. No ltimo dia, o testamento perde a eficcia. O desembarque circunstancial, por pouco tempo, e posterior reembarque para prosseguimento do percurso, no d incio contagem do prazo legal.Se, porventura, aps o derradeiro desembarque, o testador ficar impedido, em virtude de obstculo invencvel (agravamento do estado de sade, por exemplo), de fazer novo testamento ordinrio, os testamentos martimo e aeronutico no caducaro.

5.2 Testamento aeronuticoA necessidade de elaborar o seu testamento pode surgir, para o autor da herana, em voos transcontinentais, de percursos muito longos (Brasil-Japo ou Brasil-Austrlia, por exemplo), em casos de doena ou indisposio sbita e iminncia de morte prxima.O testamento aeronutico constitui inovao do Cdigo Civil de 2002, mas j era previsto, como mencionado, no Cdigo Civil italiano (art. 616) e no Cdigo Civil portugus. Estabelece o art. 2.219 deste ltimo diploma que o disposto nos arts. 2.214 a 2.218 (concernentes ao testamento martimo) aplicvel, com as necessrias adaptaes, ao testamento feito em viagem a bordo de aeronave.Tendo o legislador determinado a observncia do disposto no art. 1.888, que regula a forma e os requisitos do testamento martimo, deve ser adotada, na confeco do testamento aeronutico, modalidade que corresponda ao testamento pblico ou ao cerrado.Os requisitos do testamento aeronutico so, portanto, os mesmos do testamento martimo. Todavia, como referido, no pode o comandante, por estar envolvido na pilotagem, participar da elaborao do testamento. Designar, ento, algum para receber as informaes do testador e lavrar o testamento.A forma cerrada, dadas as circunstncias, torna-se quase invivel. A maneira mais prtica o ditado da disposio de bens pessoa designada pelo comandante e a leitura por ela feita, ao testador e a duas testemunhas, aps a lavratura do instrumento, com a assinatura de todos (CC, art. 1.864). Se o testador estiver passando mal e no tiver condies de assinar, a pessoa que fizer as vezes do notrio assim o declarar, assinando pelo testador, e a seu rogo, uma das testemunhas instrumentrias (art. 1.865).Nada impede, tambm, que o testador se utilize do testamento particular, que ter, todavia, de ser por ele redigido (forma holgrafa), ou elaborado em microcomputador, que muitos passageiros carregam durante as viagens de longo percurso. Poder valer-se, neste caso, do testamento particular elaborado em circunstncias excepcionais, sem testemunhas, se houver dificuldade para conseguir a sua participao, por estarem preocupadas, por exemplo, com os problemas do voo.

5.3 Testamento militarTestamento militar o elaborado por militar e outras pessoas a servio das Foras Armadas em campanha, como mdicos, enfermeiros, engenheiros, capeles, telegrafistas etc., que estejam participando de operaes de guerra, dentro ou fora do Pas.Algumas formalidades so exigidas para a validade do testamento militar. Reclama-se:a) Que a Fora esteja em campanha, mobilizada, tanto para a guerra externa quanto para a interna, dentro ou fora do Pas, assim como em praa sitiada, ou que esteja de comunicaes interrompidas. Considera-se, igualmente, em campanha a Fora Armada destacada para cumprir misses de paz, ou garantir segurana em territrios conflagrados, em nome de organismos internacionais, como a ONU, por exemplo.b) Que o disponente se encontre participando da guerra, em campanha ou em praa sitiada, sem possibilidade de afastar-se das tropas ou do campo de batalha. No precisa, necessariamente, estar envolvido nos combates e entrechoques; basta que esteja envolvido em misso pblica a favor da defesa da ptria, como numa misso de salvamento, por exemplo, impedido de se comunicar. Admite-se que todas as pessoas que se agregam s Foras Armadas, como voluntrios, diplomatas, correspondentes de guerra, capeles, mdicos, enfermeiros etc., por estarem expostos aos mesmos riscos, perigos e dificuldades, podem fazer uso do testamento militar.c) Que no haja, no local, um tabelionato em que o interessado em testar possa dispor de seus bens pela forma ordinria. Se, mesmo estando a cidade sitiada, houver a possibilidade de se servir do tabelio local para esse fim, ou de seu substituto legal, no se justifica a confeco de testamento militar.d) Que a situao de perigo seja real, ante a possibilidade de no subsistir com vida aps uma batalha ou at o trmino do conflito armado.O testamento militar pode revestir trs formas: a assemelhada ao testamento pblico (CC, art. 1.893), a correspondente ao testamento cerrado (art. 1.894), e a nuncupativa (art. 1.896).No primeiro caso, o comandante atuar como tabelio, estando o testador em servio na tropa, ou o oficial de sade, ou o diretor do hospital em que estiver recolhido, sob tratamento. Ser lavrado na presena de duas testemunhas e assinado por elas e pelo testador, ou por trs, se o testador no puder, ou no souber assinar, caso em que assinar por ele uma delas. Se o testador for oficial mais graduado, o testamento ser escrito por aquele que o substituir (CC, art. 1.893, 3).Nada impede que as pessoas legitimadas a fazer testamento militar, devido situao em que se encontram, optem pela utilizao do testamento particular, escrevendo e assinando o documento e lendo-o, depois, a trs testemunhas, que tambm o assinam, como estabelece o art. 1.876 do Cdigo Civil. O testamento nuncupativo o feito de viva voz perante duas testemunhas, por pessoas empenhadas em combate ou feridas. Pressupe-se que a pessoa esteja exposta, em qualquer caso, a risco de vida, e impossibilitada de se utilizar da escrita. Finda a guerra, porm, ou convalescendo o testador, cessaram as razes e acabaram os motivos que a lei prev para o testamento especial, realizado in articulo mortis.O testamento nuncupativo constitui exceo regra de que o testamento um negcio solene e deve ser celebrado por escrito. tambm uma forma bastante criticada, por possibilitar facilmente a deturpao da vontade do testador.Desse modo, aps a morte do testador, o testamento nuncupativo deve ser apresentado em juzo, para ser publicado, inquirindo-se as testemunhas s quais foi confiada a ltima vontade do testador, sendo intimados para a inquirio aqueles a quem caberia a sucesso legtima, o testamenteiro, os herdeiros e legatrios que no tiverem requerido a publicao e o Ministrio Pblico. Inquiridas as testemunhas, podero os interessados, no prazo comum de cinco dias, manifestar-se sobre o testamento. Se as testemunhas forem contestes e no restarem dvidas sobre a autenticidade do ato, sentenciar o juiz, mandando cumprir o testamento.Tal como sucede com o testamento martimo e com o testamento aeronutico, o testamento militar est, igualmente, sujeito a prazo de caducidade.O prazo de noventa dias deve ser contado ininterruptamente, ainda que o testador passe algum tempo em diversos lugares, desde que em cada um deles pudesse ter feito outro testamento, na forma ordinria.O art. 1.895 prev, todavia, hiptese de testamento militar que no caduca, reportando-se ao pargrafo nico do artigo antecedente, que cuida do testamento militar semelhante ao cerrado. Pelo fato de ser escrito do prprio punho, datado e assinado pelo testador, obedecendo, ainda, a outras solenidades previstas naquele artigo, inclusive a homologao pelo auditor, ou oficial, com duas testemunhas, entendeu o legislador que ele representa uma disposio de ltima vontade segura e definitiva. Assim, no ter prazo de eficcia e, pois, no caducar, malgrado tratar-se de um testamento especial.O art. 1.134, II, do Cdigo de Processo Civil prev que as disposies concernentes ao testamento particular, previstas nos arts. 1.130 a 1.133, aplicam-se ao testamento feito por militar ou pessoa em servio militar, quando em campanha, praa sitiada ou que esteja com as comunicaes cortadas. Inquiridas as testemunhas, podero os interessados, no prazo comum de cinco dias, manifestar-se sobre o testamento (CPC, art. 1.132). Se as testemunhas forem contestes e no pairar dvida quanto autenticidade do ato, o juiz, ouvido o rgo do Ministrio Pblico, o confirmar (art. 1.133). Impugnado o testamento, o processo tomar curso ordinrio.

5.4 Testamento vitalO denominado testamento vital ou biolgico constitui uma declarao unilateral de vontade em que a pessoa manifesta o desejo de ser submetida a determinado tratamento, na hiptese de se encontrar doente, em estado incurvel ou terminal, ou apenas declara que no deseja ser submetida a nenhum procedimento que evite a sua morte.Enquanto capaz, a pessoa escolhe, por escrito, o tratamento mdico que deseja receber ou manifesta o desejo de no se submeter a nenhum. Com esse documento, o paciente visa influir sobre a conduta mdica e a limitar a atuao da famlia, caso a doena progrida e venha a se tornar impossibilitado de manifestar a sua vontade.A referida declarao de vontade tem por fundamento jurdico o princpio constitucional da dignidade humana e o art. 15 do Cdigo Civil, segundo o qual ningum pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento mdico ou a interveno cirrgica. No se pode obrigar uma pessoa a fazer tratamento contra a sua prpria vontade.

6 TESTAMENTEIRO

O testamenteiro a pessoa fsica nomeada pelo testador apenas na sucesso testamentria, em testamento ou codicilo, cabendo a ele a defesa da validade do instrumento e dar cumprimento ultima vontade do testador. Sendo este um fiscal fiel do testamento. O testamenteiro nomeado tem a obrigao de prestar contas do que recebeu e do que despendeu ao decorrer da testamentaria. O cargo do testamenteiro voluntria porque o nomeado no est obrigado a aceita-la, ficando a critrio do testador nomear um ou mais testamenteiros, conjuntos ou separados. Esta funo personalssima, privativa da pessoa natural, sendo indelegvel, qualquer pessoa desde que idnea e capaz pode ser nomeada testamenteira, no entanto o encargo no pode ser deferido pessoa jurdica por ser personalssimo, porm, nada o impede de ser representado em juzo e fora dele mediante procurador com poderes especiais. Na falta de testamenteiro nomeado pelo testador, a execuo testamentria compete a um dos cnjuges ou na falta deste, ao herdeiro nomeado pelo juiz,

6.1 Espcies de testamenteiro Quando nomeado pelo testador o testamenteiro institudo j o nomeado pelo juiz chama se dativo. Testamenteiro universal aquele a quem se confere a posse e a administrao de herana ou parte dela, o testador s poder conferir a posse da herana ao testamenteiro se no houver cnjuge sobrevivente, descendentes ou ascendentes ou se estes no a quiserem ou no puderem exerce-las pois cabe a eles preferencialmente a posse e a administrao da herana. 6.2 RemuneraoO testamenteiro que no for herdeiro ou legatrio (por se tratar de pessoa que no possui direito de herana, portanto legatrio, pois s receber bens do extinto se seu nome constar no testamento) ter direito a um prmio, que se, o testador no tiver fixado ser de um a cinco por cento, arbitrado pelo juiz sobre a herana liquida, conforme a importncia dela a maior ou menor dificuldade na execuo do testamento. Podendo ser deduzido da metade disponvel quando houver herdeiros necessrios. Sendo o testamenteiro casado sob o regime de comunho de bens com herdeiro ou legatrio do testador no ter direito ao prmio ser-lhe- licito, porm preferir o prmio a herana.