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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais Curso de Ciências Contábeis TESTE DE RECUPERABILIDADE DE ATIVOS: análise da conformidade com os requisitos de divulgação da IAS 36 e do CPC 01 (R1) Maria Luisa S. de S. Sanabio Pereira Orientador: Adalberto G. Pereira Belo Horizonte 2011

Teste de Impairment

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais

Curso de Ciências Contábeis

TESTE DE RECUPERABILIDADE DE ATIVOS: análise da conformidade com os requisitos de divulgação da IAS 36

e do CPC 01 (R1)

Maria Luisa S. de S. Sanabio Pereira

Orientador: Adalberto G. Pereira

Belo Horizonte

2011

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Maria Luisa S. de S. Sanabio Pereira

TESTE DE RECUPERABILIDADE DE ATIVOS: análise da conformidade com os requisitos de divulgação da IAS 36

e do CPC 01 (R1)

Trabalho científico apresentado ao Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – Ibracon para fins de participação do Prêmio Transparência Universitário. Orientador: Adalberto Gonçalves Pereira

Belo Horizonte 2011

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À minha mãe que sempre acreditou em mim, me incentivou e encorajou durante todo o caminho.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais pelo amor incondicional e compreensão.

À minha família pela paciência e pelo carinho.

Ao meu orientador, professor Adalberto Gonçalves Pereira, por compartilhar

seus conhecimentos, tornando possível a realização deste trabalho.

Aos meus amigos da faculdade pela troca de experiências e apoio nessa

caminhada.

Aos meus colegas do Banco Mercantil do Brasil, com os quais muito aprendi.

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RESUMO

As demonstrações contábeis consolidadas do exercício de 2010 foram as primeiras

que as empresas brasileiras de capital aberto obrigatoriamente publicaram de

acordo com o padrão IFRS. Enquanto que as demonstrações individuais

obedeceram a um conjunto completo de normas, correlacionadas às do IASB,

emitidas pelo CPC. Insere-se aí o CPC 01 (R1), correspondente à IAS 36, que diz

respeito ao teste de recuperabilidade de ativos ou teste de impairment. Este teste foi

introduzido na contabilidade brasileira, em 2007, pela Lei nº 11.638 e

regulamentado, no mesmo ano, pelo CPC 01, que sofreu revisão em 2010. O teste

de impairment pretende garantir que os ativos de longo prazo da entidade não

estejam registrados nas demonstrações por um valor superior àquele que possa ser

recuperado pelo seu uso ou alienação. As normas do IASB são divididas em três

partes: reconhecimento, mensuração e divulgação. A divulgação diz respeito à

revelação de informações nas demonstrações contábeis ou nas notas explicativas.

Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é averiguar se as companhias abertas

brasileiras satisfizeram os requisitos de divulgação da IAS 36 e do CPC 01 (R1).

Para tanto, foram analisadas as demonstrações de dez companhias que compões o

Ibovespa e/ou estão inseridas nos níveis diferenciados de governança corporativa

da BM&FBOVESPA. Trata-se de uma pesquisa exploratória, documental e

bibliográfica, conduzida a partir da perspectiva qualitativa. Os achados indicam que,

conquanto as empresas tenham se preocupado em seguir a norma quanto à

oportunidade e forma de realização do teste de recuperabilidade de ativos, menor

atenção foi dada às exigências de divulgação. Verificou-se, pois, uma necessidade

de melhoria no nível de disclosure sobre o assunto a fim de atender plenamente os

requisitos de divulgação da IAS 36 e do CPC 01 (R1).

Palavras-chaves: Teste de recuperabilidade de ativos (teste de impairment), divulgação, CPC 01 (R1), IAS 36, notas explicativas

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Valor do goodwill ............................................................................. 26

FIGURA 2 Fluxograma ilustrativo do teste de impairment ............................ 32

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6

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 Empresas que apresentaram constituição ou reversão de

perda por impairment ..................................................................

47

GRÁFICO 2 Distribuição por tipo de ativo das 8 empresas que

reconheceram perdas ..................................................................

47

GRÁFICO 3 Distribuição por tipo de ativo das 5 empresas que reverteram

perdas ............................................................................................

47

GRÁFICO 4 Conformidade com o requisito 126 ............................................. 61

GRÁFICO 5 Conformidade com o requisito 129 ............................................. 61

GRÁFICO 6 Conformidade com o requisito 130 ............................................. 62

GRÁFICO 7 Conformidade com o requisito 131 ............................................. 62

GRÁFICO 8 Conformidade com o requisito 132 ............................................. 62

GRÁFICO 9 Conformidade com o requisito 134 ............................................. 63

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7

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 Exemplos de ativos intangíveis e de despesas .......................... 21

QUADRO 2 Ativos aos quais não se aplica o CPC 01 (R1) ........................... 29

QUADRO 3 Evidências que um ativo possa ter sofrido impairment ............ 31

QUADRO 4 Componentes do valor contábil ................................................... 34

QUADRO 5 Empresas que apresentaram constituição e/ou reversão de

perda por impairment ...................................................................

47

QUADRO 6 Informações acerca das companhias analisadas ...................... 48

QUADRO 7 Checklist da Itaúsa ........................................................................ 51

QUADRO 8 Checklist da Amil .......................................................................... 52

QUADRO 9 Checklist do Banco do Brasil ....................................................... 53

QUADRO 10 Checklist do Bradesco ................................................................ 54

QUADRO 11 Checklist da CESP ...................................................................... 55

QUADRO 12 Checklist do Itaú Unibanco ........................................................ 55

QUADRO 13 Checklist da Gerdau .................................................................... 56

QUADRO 14 Checklist da Petrobrás ............................................................... 57

QUADRO 15 Checklist da Springs Global Participações .............................. 58

QUADRO 16 Checklist da Souza Cruz ............................................................. 59

QUADRO 17 Representação do atendimento às regras de divulgação ....... 60

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LISTA DE SIGLAS

BRGAAP – Brazilian Generally Accepted Accounting Principles

CFC – Conselho Federal de Contabilidade

CMN – Conselho Monetário Nacional

CMPC – Custo Médio Ponderado de Capital

CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis

CVM – Comissão de Valores Mobiliários

FASB – Financial Accounting Standards Board

FIPECAFI – Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras

IAS – International Accounting Standards

IASB – International Accounting Standards Board

Ibracon – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

IFRS – International Financial Reporting Standards

IOSCO – International Organization of Securities Commissions

SEC – Security Exchange Commission

UGC – Unidade geradora de caixa

WACC – Weighted Average Cost of Capital

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 10

1.1 Formulação do problema ...................................................................... 10

1.2 Metodologia ............................................................................................ 13

1.3 Estrutura do trabalho ............................................................................. 15

2 TÓPICOS RELEVANTES SOBRE O TESTE DE RECUPERABILIDADE

DE ATIVOS ....................................................................................................

16

2.1 Ativo ........................................................................................................ 16

2.1.1 Ativo imobilizado ................................................................................. 17

2.1.2 Ativo intangível .................................................................................... 19

2.2 Unidade geradora de caixa – UGC ........................................................ 22

2.3 Ágio por expectativa de rentabilidade futura – goodwill .................... 25

2.4 Redução ao valor recuperável de ativos – impairment ...................... 28

2.4.1 Valor contábil ....................................................................................... 34

2.4.2 Valor recuperável ................................................................................ 35

2.4.2.1 Valor líquido de venda ..................................................................... 35

2.4.2.2 Valor em uso ..................................................................................... 36

2.5 Divulgação, evidenciação ou disclosure ............................................. 38

3 ANÁLISE QUALITATIVA DA CONFORMIDADE COM OS REQUISITOS

DE DIVULGAÇÃO DA IAS 36 E DO CPC 01 (R1) ........................................

43

3.1 Requisitos de divulgação da IAS 36 e do CPC 01 (R1) ....................... 44

3.2 Análise qualitativa .................................................................................. 45

4 CONCLUSÃO ............................................................................................. 64

REFERÊNCIAS .............................................................................................. 66

APÊNDICE ..................................................................................................... 72

ANEXO ........................................................................................................... 75

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Formulação do problema

A partir do exercício findo em 2010, todas as empresas brasileiras de capital

aberto devem, obrigatoriamente, apresentar suas demonstrações contábeis

consolidadas no padrão IFRS (International Financial Reporting Standards). Já as

demonstrações individuais serão preparadas em conformidade com os

Pronunciamentos Técnicos emitidos pelo CPC (Comitê de Pronunciamentos

Contábeis), e aprovados pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que estão em

consonância com as normas internacionais editadas pelo IASB (International

Accounting Standards Board).

As Leis n°s 11.638/07 e 11.941/09 alteraram a legislação societária no que

concerne à apresentação das demonstrações contábeis, visando à convergência às

normas internacionais de contabilidade. Essa convergência, embora trabalhosa em

um primeiro momento, irá facilitar o trabalho das companhias brasileiras e até

mesmo reduzir os custos no futuro. Isso porque, uma vez harmonizadas as

informações contábeis, não haverá mais a necessidade de se refazer as

demonstrações para os mercados internacionais. A nova lei veio em momento

propício, visto que, entre 2008 e 2009, o Brasil recebeu das agências Standard &

Poor's, Fitch Ratings e Moody's o grau de investimento, podendo atrair um volume

ainda maior de capital estrangeiro.

Com a convergência, foi introduzido na contabilidade brasileira o teste de

recuperabilidade de ativos (ou teste de impairment), cujo objetivo é verificar se os

ativos reconhecidos nas demonstrações contábeis não estão evidenciados a um

valor superior aos benefícios que irão proporcionar à entidade. O teste de

recuperabilidade de ativos é o tema deste trabalho, de título "Teste de

recuperabilidade de ativos: análise da conformidade com os requisitos de divulgação

da IAS 36 e do CPC 01 (R1)".

O Pronunciamento Técnico CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável de

Ativos, emitido pelo CPC em 14 de setembro de 2007 e aprovado pela CVM, através

da Resolução 527 de 1º de novembro de 2007, regulamentou o teste de impairment

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no Brasil, sendo a sua aplicação obrigatória para os exercícios encerrados a partir

de 31 de dezembro de 2008. Como o IASB realiza constantes revisões de suas

normas, o CPC editou, em 6 de agosto de 2010, o CPC 01 (R1), aprovado pela

Deliberação CVM 639, de 7 de outubro de 2010, que veio substituir o CPC 01 para

os exercícios findos a partir de dezembro de 2010. A norma foi também

transformada na NBC T 19.10 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos, aprovada

pela Resolução CFC nº 1.292/10. O CPC 01 (R1) tem correlação com a IAS 36 –

Impairment of Assets em sua versão que inclui as emendas publicadas até 31 de

dezembro de 2009, ou seja, a que deve ser aplicada às demonstrações do exercício

de 2010.

Diante desse cenário de desafios para contabilidade nacional, foi realizado

um estudo do teste de recuperabilidade de ativos a fim de investigar e apontar

eventuais problemas na evidenciação e divulgação das informações requeridas pela

IAS 36 e pelo CPC 01 (R1) nas demonstrações contábeis das empresas brasileiras

de capital aberto registradas na CVM.

O objetivo desta pesquisa foi analisar se as companhias abertas do Brasil têm

atendido aos requisitos de divulgação constantes na IAS 36 e no CPC 01 (R1).

Como objetivos específicos pretendeu-se:

• Demonstrar no que consiste o teste de recuperabilidade de ativos;

• Identificar quando ocorre, e relatar o procedimento de reconhecimento e

reversão de uma perda por desvalorização;

• Descrever os requisitos de divulgação dispostos na IAS 36 e no CPC 01 (R1);

• Verificar se empresas brasileiras registradas na CVM têm evidenciado de

forma adequada as informações sobre o impairment de seus ativos

imobilizados e intangíveis na estrutura das demonstrações financeiras e nas

notas explicativas.

O estudo apresentado limita-se às divulgações sobre o teste de

recuperabilidade de ativos imobilizado e intangível, para o exercício de 2010,

realizadas por companhias abertas brasileiras registradas na CVM em suas

demonstrações contábeis e notas explicativas.

A escolha do tema se justifica diante da relevância do mesmo que encontra

respaldo na importância das informações contábeis sobre a recuperabilidade ou não

dos ativos de uma entidade, ajudando na tomada de decisões dos usuários, bem

como no fato de existirem ainda poucos trabalhos sobre o impairment de ativos de

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longo prazo em nosso país. Este estudo proporcionou um maior conhecimento e

entendimento sobre o assunto, além de agregar imensurável valor à minha formação

acadêmica, sendo uma oportunidade única de conhecer uma matéria discutida na

atualidade, gerando diferencial competitivo no mercado de trabalho.

A seguir, apresenta-se alguns termos utilizados e seus devidos significados

dentro do tema proposto:

• Ativo imobilizado: ativos tangíveis dos quais a empresa pretenda usufruir por

mais de um período;

• Ativo intangível: é um ativo não monetário identificável e sem substância física;

• Impairment: é uma perda dos benefícios econômicos futuros esperados de

um ativo de longa duração ou unidade geradora de caixa;

• Teste de impairment: teste que tem por objetivo verificar e mensurar uma

perda dos benefícios econômicos futuros esperados de um ativo ou unidade

geradora de caixa;

• Perda por impairment: corresponde à diferença entre o valor contábil de um

ativo ou unidade geradora de caixa e seu valor recuperável, quando este

último é inferior ao primeiro;

• Valor recuperável: é o maior valor entre o valor líquido de venda de um ativo e

o seu valor em uso;

• Valor líquido de venda: é o valor justo do ativo menos os custos adicionais

diretamente atribuíveis à sua venda;

• Valor em uso: corresponde ao valor presente descontado do fluxo de caixa

esperado de um ativo ou unidade geradora de caixa;

• Valor justo: valor pelo qual um ativo poderia ser livremente negociado em um

mercado eficiente;

• Fluxo de caixa descontado: fluxos de caixa futuros estimados decorrentes da

utilização de um ativo, trazidos a valor presente através de um taxa de desconto;

• Unidade geradora de caixa: menor grupo identificável de ativos que pode

gerar fluxos de caixa independentes dos fluxos de caixa de outros ativos ou

grupos de ativos;

• Goodwill: é a diferença entre o montante pago pela aquisição de uma

empresa e o valor justo de ativos tangíveis e intangíveis identificados e

passivos assumidos.

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1.2 Metodologia

De acordo com Vergara (2009, p. 41), uma pesquisa deve ser caracterizada a

partir de dois critérios básicos: quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins,

uma pesquisa pode ser exploratória, descritiva, explicativa, metodológica, aplicada

ou intervencionista.

A pesquisa exploratória é realizada em áreas em que há pouco conhecimento

acumulado e sistematizado. Enquanto a descritiva

[...] expõe características de determinada população. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação. (VERGARA, 2009, p. 42).

Dessa forma, o objetivo do presente trabalho é exploratório e descritivo,

porque além de buscar constatar algo, sendo observadas e descritas informações

constantes das demonstrações contábeis e notas explicativas das entidades

analisadas, trata-se de um estudo sobre temática ainda incipiente no Brasil.

Já em relação aos meios, Vergara (2009, p. 42) divide a pesquisa em:

pesquisa de campo, pesquisa de laboratório, documental, bibliográfica,

experimental, ex post facto, participante, pesquisa-ação e estudo de caso. Vergara

(2009, p. 43) afirma que a pesquisa bibliográfica é realizada com base em materiais

publicados em livros, revistas, jornais ou redes eletrônicas. E tem como objetivo

"recolher informações e conhecimentos prévios acerca de um problema para o qual

se procura resposta ou uma hipótese que se quer experimentar." (RAUPP;

BEUREN, 2004, p.86).

A pesquisa documental é aquela "realizada em documentos conservados no

interior de órgãos públicos e privados de qualquer natureza, ou com pessoas:

registros, [...] balancetes e outros." (VERGARA, 2009, p. 43).

Tal pesquisa, segundo Gil (2002. p. 45), se utiliza de material que não

recebeu tratamento analítico, diferentemente da bibliográfica. Raupp e Beuren

(2004, p.90) ressaltam que na área contábil este tipo de pesquisa é utilizado com

frequência, especialmente quando a intenção é analisar aspectos relacionados à

situação patrimonial, econômica e financeira de um setor da economia ou de uma

entidade em particular.

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Para a elaboração deste trabalho foi utilizada a pesquisa bibliográfica, pois

buscou-se informações em livros e artigos acadêmicos sobre impairment, além de

procedimentos de pesquisa documental, verificando-se as demonstrações contábeis

de companhias brasileiras registradas na CVM relativas ao exercício de 2010,

comparativo com 2009, disponíveis nos sítios eletrônicos destas.

O procedimento adotado foi o de estudo de levantamento ou survey. Nesse

tipo de pesquisa, normalmente utilizado quando a população é numerosa, os dados

"podem ser coletados com base em uma amostra retirada de determinada

população ou universo que se deseja conhecer." (RAUPP; BEUREN, 2004, p. 85).

"De modo geral, os levantamentos abrangem um universo de elementos tão grande

que se torna impossível considerá-los em sua totalidade. Por essa razão, o mais

frequente é trabalhar com uma amostra [...]." (GIL, 2002, p. 121). A população, para

Colauto e Beuren (2004, p.118), "é a totalidade de elementos distintos que possui

certa paridade nas características definidas para determinado estudo.". E a amostra,

uma pequena parte deste conjunto maior – população – selecionada a partir de

regras pré-determinadas (COLAUTO; BEUREN, 2004, p. 120).

O universo dessa pesquisa correspondeu às companhias brasileiras

registradas na CVM e atualmente em operação, que são aquelas empresas sujeitas

ao CPC 01 (R1) e à IAS 36 e cujas demonstrações contábeis têm publicação

obrigatória. A seleção da base de pesquisa deve buscar maximizar a

representatividade da amostra em relação ao universo, isto é, à totalidade de

companhias brasileiras em operação, bem como assegurar a qualidade das

informações apresentadas. Dessa forma, a amostra selecionada foi extraída de

empresas listadas nos mais altos níveis de governança corporativa da

BM&FBOVESPA e/ou do Índice Bovespa (Ibovespa). Isso porque as primeiras estão

comprometidas com a apresentação de informações contábeis com o maior grau de

qualidade possível, e as últimas representam mais de 80% do número de negócios e

do volume financeiro no mercado à vista da BM&FBOVESPA.

A seleção das empresas dentro desses dois grupos foi aleatória, buscando-se

aquelas que reconheceram ou reverteram perdas por impairment no exercício de

2010. A amostra foi definida pelo critério não probabilístico intencional, no qual,

segundo Colauto e Beuren (2004, p.127), os elementos escolhidos representam o

bom julgamento da população. Ao final foram analisadas as demonstrações

contábeis de dez companhias.

Page 16: Teste de Impairment

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A coleta de dados, que segundo Vergara (2009, p. 51), é como se pretende

obter os dados da pesquisa, foi realizada através da literatura que trata do tema e

das demonstrações contábeis divulgadas pelas empresas estudadas.

A abordagem do problema foi qualitativa, observando-se na amostra

selecionada: quais as empresas evidenciaram o teste de recuperabilidade de ativos,

como as informações a ele referentes foram apresentadas e se os critérios de

divulgação foram satisfeitos. "Na pesquisa qualitativa concebem-se análises mais

profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado." (RAUPP; BEUREN,

2004, p. 92).

Por fim, de acordo com Vergara (2009, p. 59), todo método tem tanto

possibilidades quanto limitações. A metodologia escolhida para esta pesquisa

apresenta a limitação quanto à omissão e à inadequação das informações

divulgadas nas demonstrações contábeis analisadas, seja nas demonstrações

propriamente ditas seja nas notas explicativas.

1.3 Estrutura do trabalho

O presente trabalho foi desenvolvido em quatro capítulos, além das

referências, apêndice e anexo.

No primeiro capítulo, apresenta-se, na introdução: o tema, os objetivos desta

pesquisa, os motivos da produção do trabalho, a metodologia utilizada durante o

estudo e a estruturação do mesmo.

O segundo capítulo se refere ao arcabouço teórico sobre o tema, discorrendo-

se sobre os tópicos mais relevantes para a pesquisa.

Já no terceiro capítulo, procede-se uma análise qualitativa da conformidade

das demonstrações contábeis de companhias registradas na CVM com os requisitos

de divulgação estipulados pela IAS 36 e pelo CPC 01 (R1).

O quarto, e último, capítulo finaliza esta pesquisa, apresentando-se as

conclusões.

Page 17: Teste de Impairment

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2 TÓPICOS RELEVANTES SOBRE O TESTE DE RECUPERABILIDADE DE

ATIVOS

2.1 Ativo

No item 49 letra a do Pronunciamento Conceitual Básico (COMITÊ DE

PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS – CPC, 2008a, p. 16), temos que o "Ativo é um

recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se

espera que resultem futuros benefícios econômicos para a entidade;".

São três as características essenciais dos ativos, conforme Hendriksen e

Breda (1999, p. 285). Primeiro, incorporam um provável benefício econômico futuro,

isto é, têm o potencial de contribuir para a geração de caixa ou equivalente de caixa

para a entidade. Em segundo lugar, resultam de transações ou eventos passados e

não de transações ou eventos previstos para ocorrer no futuro. E, por fim, a entidade

deve ser capaz de controlar os benefícios econômicos provenientes do ativo.

Dessa forma, podemos perceber que o direito de propriedade não é essencial

para a satisfação da definição de um ativo, o fator determinante é que a empresa

possua o controle sobre os benefícios econômicos provenientes da propriedade

(CPC, 2008a, p. 18). Tal fato deriva da primazia da essência sobre a forma que diz

que os eventos devem ser contabilizados de acordo com a sua substância e

realidade econômica, e não meramente sua forma legal (CPC, 2008a, p. 13).

Segundo o item 89 do Pronunciamento Conceitual Básico (CPC, 2008a, p.

24), um ativo só deve ser reconhecido quando ambas as seguintes condições forem

atendidas: "for provável que benefícios econômicos futuros dele provenientes fluirão

para a entidade e seu custo ou valor puder ser determinado em bases confiáveis.".

O art. 178, parágrafo 1º, da Lei n° 6.404/76 conforme redação dada pela Lei

n° 11.941/09 (BRASIL, 2009) determina que o ativo seja dividido em circulante e não

circulante, sendo este último subdividido em realizável a longo prazo, investimentos,

imobilizado e intangível.

Ressalta-se, para fins deste estudo, que devem ser submetidos ao teste de

impairment os grupos do imobilizado e intangível (BRASIL, 2009, art. 183, § 3º).

Page 18: Teste de Impairment

17

2.1.1 Ativo imobilizado

Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo: [...] IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens; (BRASIL, 2007).

De acordo com Iudícibus e outros (2010, p. 220), são aqueles ativos tangíveis

de permanência duradoura, isto é, dos quais se espera usufruir por mais de um

período, destinados ao funcionamento normal da entidade e os direitos exercidos

com essa finalidade. São utilizados na produção ou fornecimento de mercadorias

e/ou serviços, para aluguel a terceiros, ou com fins administrativos.

Em consonância com o Pronunciamento Conceitual Básico e os critérios de

reconhecimento de um ativo, um item do imobilizado só deve ser reconhecido nas

demonstrações contábeis caso atenda os seguintes critérios: "(a) for provável que

futuros benefícios econômicos associados ao item fluirão para a entidade; e (b) o

custo do item puder ser mensurado confiavelmente." (CPC, 2009b, p. 4).

Com a extinção da possibilidade de reavaliação pela Lei n° 11.638/07

(BRASIL, 2007), os itens do imobilizado devem ser mensurados pelo método do

custo. Isto é, conforme o item 30 do CPC 27 (CPC, 2009b, p. 10), após o

reconhecimento, o item deve ser apresentado pelo seu custo deduzido de qualquer

depreciação, amortização ou exaustão, e perda por redução ao valor recuperável

acumuladas.

Custo é o montante de caixa ou equivalente de caixa pago ou o valor justo de qualquer outro recurso dado para adquirir um ativo na data da sua aquisição ou construção, ou ainda, se for o caso, o valor atribuído ao ativo quando inicialmente reconhecido de acordo com as disposições específicas de outros Pronunciamentos [...]. (CPC, 2009b, p. 3, grifo do autor).

Esse valor inclui ainda, conforme Carvalho, Lemes e Costa (2009, p. 134-

135), os impostos de importação e aqueles impostos não recuperáveis sobre a

compra, depois de deduzidos os descontos comerciais e abatimentos; todos os

gastos necessários para colocar o ativo no local e condições de funcionamento

pretendidas pela administração; além da estimativa inicial dos custos de

Page 19: Teste de Impairment

18

desmontagem, remoção do item e de restauração do local no qual ele está

localizado.

Como o custo de um item de ativo imobilizado é equivalente ao preço à vista

na data de seu reconhecimento, caso o prazo de pagamento "exceda os prazos

normais de crédito, a diferença entre o preço equivalente à vista e o total dos

pagamentos deve ser reconhecida como despesa com juros durante o período"

(CPC, 2009b, p. 8). Caso os juros sejam diretamente atribuíveis à aquisição,

construção ou produção de um ativo imobilizado, Iudícibus e outros (2010, p. 229),

destacam que eles podem, então, ser reconhecidos no custo do item.

Segundo Carvalho, Lemes e Costa (2009, p. 136-137), os gastos

subsequentes são incluídos no valor contábil do ativo ou reconhecidos como um

ativo separado apenas quando for provável que benefícios econômicos futuros

associados ao item fluirão para a entidade e o custo do mesmo puder ser

mensurado com segurança. Deve-se baixar o valor contábil de itens ou peças

substituídos e lançar todos os outros reparos e manutenções em contrapartida ao

resultado do exercício no momento em que forem incorridos.

De acordo com Carvalho, Lemes e Costa (2009, p. 131), os ativos

imobilizados geram benefícios econômicos para uma entidade por um período

superior àquele coberto pelas demonstrações contábeis e, portanto, devem ser

capitalizados e seus custos alocados ao resultado durante os períodos em que

proporcionarem benefícios. A alocação desses custos ao resultado se dá através da

depreciação, amortização ou exaustão do ativo. Consequentemente, a "despesa de

depreciação de cada período deve ser reconhecida no resultado a menos que seja

incluída no valor contábil de outro ativo." (CPC, 2009b, p. 13).

A depreciação é a alocação sistemática do custo de um ativo ou valor que o

substitua deduzido de seu valor residual, que é o montante que a entidade espera

obter na alienação de um ativo, após o fim de sua vida útil, menos os custos da

transação. "O valor depreciável de um ativo deve ser apropriado de forma

sistemática ao longo da sua vida útil estimada." (CPC, 2009b, p. 13). Ou seja, não

cabe mais a prática comum no Brasil de as empresas simplesmente adotarem as

taxas admitidas pela legislação fiscal. Uma vez que a depreciação deve se dar ao

longo da vida útil de um bem, partes que representem valores relevantes sobre o

total de um ativo e tenham vidas úteis diferentes serão depreciadas separadamente.

Page 20: Teste de Impairment

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A ICPC 10 – Interpretação sobre a Aplicação Inicial ao Ativo Imobilizado e à

Propriedade para Investimento dos Pronunciamentos Técnicos CPCs 27, 28, 37 e

43, em seu item 7 (CPC, 2009d, p. 3), regulamenta que a primeira das análises

periódicas sobre a recuperação dos valores registrados no imobilizado com o

objetivo de se revisar e ajustar os critérios utilizados para determinação da vida útil-

econômica estimada e para cálculo da depreciação produzirá efeitos contábeis na

abertura do exercício social iniciado a partir de 1° de janeiro de 2010.

A depreciação de um ativo imobilizado tem início assim que este se encontra

disponível para uso e cessa quando o item for classificado como mantido para venda

ou baixado.

Iudícibus e outros (2010, p. 221) salientam que o imobilizado contabilizado

deve estar limitado à sua capacidade de gerar benefícios econômicos para a

entidade, de forma que esse ativo não pode estar reconhecido nas demonstrações

contábeis por um valor superior ao seu valor recuperável. Assim, deve-se revisar

periodicamente o valor contábil dos itens do imobilizado e, em sendo o valor

recuperável menor que o valor contábil, uma conta redutora do ativo tem que ser

constituída.

2.1.2 Ativo intangível

O grupo do intangível, integrante do ativo não circulante, foi criado pela Lei nº

11.638/07, conforme texto abaixo:

Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo: [...] VI – no intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. (BRASIL, 2007).

Para Iudícibus e outros (2010, p. 263), em consequência do surgimento do

grupo intangível nas demonstrações contábeis brasileiras, diversos itens

anteriormente classificados em outras contas, como a de investimentos, imobilizado

e diferido, foram reclassificados, obedecendo aos requisitos para tanto.

Page 21: Teste de Impairment

20

Segundo definição do CPC 04, item 8 (CPC, 2008b, p. 6), ativo intangível é

um ativo não monetário identificável e sem substância física. Dessa forma, ele se

diferencia do ágio por expectativa de rentabilidade futura que é um ativo intangível

não identificável.

Identificável: um ativo é identificável quando ele: (a) for separável, ou seja, capaz de ser separado ou dividido da entidade e vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado, individualmente ou em conjunto com outros ativos e passivos ou contrato relacionado, independentemente da intenção da entidade em fazê-lo; ou (b) surge de contrato ou da lei, independentemente de esse direito ser transferível ou separável da entidade e de outros direitos e obrigações. (CPC, 2009a, p. 22).

A identificabilidade, como Carvalho, Lemes e Costa (2009, p. 267) colocam, é

um dos três critérios que um item deve atender para poder ser reconhecido nas

demonstrações contábeis da entidade. Os outros dois são: controlabilidade e a

existência de benefícios econômicos futuros esperados. A entidade detém o controle

sobre um ativo quando tem o poder não só de obter benefícios econômicos deste,

mas também de restringir o acesso a tais benefícios por terceiros. Em geral, a

capacidade de controlar um ativo advém de direitos legais. Estes, entretanto, de

acordo com o item 13 do CPC 04 (CPC, 2008b, p. 7), não são imprescindíveis para

a existência de controle. Para Santos e Costa (2009, p. 325), outras formas de

controle incluem as derivadas de fatores como o conhecimento de mercado e

técnico. Por fim, a existência de benefícios econômicos futuros em prol da entidade

é característica essencial para qualquer tipo de ativo. "O fluxo de benefício

econômico de um ativo intangível pode incluir receita da venda de produtos ou

serviços, custos economizados [...] ou outros benefícios." (CARVALHO; LEMES;

COSTA, 2009, p. 267).

De acordo com Iudícibus e outros (2010, p. 262), para que a entidade possa

reconhecer um ativo intangível em suas demonstrações, além de tal item satisfazer

à definição e aos critérios de reconhecimento, deve ser provável que benefícios

econômicos futuros dele inerentes fluirão para a entidade e seu custo (ou no caso de

intangíveis adquiridos em uma combinação de negócios, o seu valor justo) tem que

poder ser mensurado confiavelmente.

No quadro abaixo podemos ver alguns exemplos de ativos intangíveis e de

despesas:

Page 22: Teste de Impairment

21

Quadro 1: Exemplos de ativos intangíveis e de despesas

Fonte: Elaborado pela autora

"As despesas antecipadas, cumpre salientar, não estão no rol dos itens a

serem considerados como um ativo intangível." (IUDÍCIBUS et al, 2010, p. 263).

O item 24 do CPC 04 (CPC, 2008b, p. 9) estabelece que um ativo intangível

adquirido separadamente seja inicialmente reconhecido pelo custo. O seu custo

compreende além do montante por ele pago, taxas de importação, impostos não

recuperáveis e quaisquer desembolsos necessários para colocar o ativo no local e

condição de uso aspirados pela administração. Já aqueles intangíveis adquiridos em

uma combinação de negócios devem ser mensurados ao seu valor justo na data da

aquisição, como exposto no item 33 da referida norma (CPC, 2008b, p. 11).

Valor justo é o valor pelo qual um ativo pode ser negociado entre partes interessadas, conhecedoras do negócio e independentes entre si, com ausência de fatores que pressionem para a liquidação da transação ou que caracterizem uma transação compulsória. (CPC, 2008b, p. 5).

Ativos intangíveis gerados internamente se dividem em duas categorias:

pesquisa e desenvolvimento. A fase de pesquisa se refere a uma investigação

original e planejada, cujo objetivo é obter um novo conhecimento técnico ou

científico. O CPC 04, item 53 (CPC, 2008b, p. 16), proíbe que qualquer ativo

resultante dessa fase seja reconhecido. Esses gastos devem ser apropriados ao

resultado à medida que forem incorridos. O desenvolvimento ocorre em um

momento posterior à pesquisa.

Desenvolvimento é a aplicação dos resultados da pesquisa ou de outro conhecimento em um plano ou projeto para produção de materiais, dispositivos, produtos, processos, sistemas ou serviços novos ou substancialmente aprimorados, antes do início da produção ou uso comercial. (SANTOS; COSTA, 2009, p. 329, grifo dos autores).

Page 23: Teste de Impairment

22

Para que um intangível resultante da fase de desenvolvimento possa ser

reconhecido, deve, conforme o item 56 do CPC 04 (CPC, 2008b, p. 17), atender a

todas as seguintes condições, sem exceção: viabilidade técnica, intenção e

disponibilidade de recursos para concluir o ativo; capacidade da entidade para usar

ou vendê-lo; demonstrar a maneira como o ativo irá gerar benefícios econômicos

futuros; e, por fim, poder de mensurar com segurança os gastos atribuíveis ao item

durante seu desenvolvimento. Tais ativos devem ser reconhecidos ao custo, o qual

compreende todos os gastos diretamente a ele atribuíveis, necessários à sua

criação, produção e preparação a fim de ser capaz de funcionar da forma pretendida

pela administração e incorridos a partir da data em que o intangível passa a atender

aos critérios de reconhecimento.

O reconhecimento do goodwill gerado internamente é vetado, em qualquer

circunstância, pois, como Santos e Costa (2009, p. 329) bem lembram, este não é

separável nem tampouco é um recurso identificável controlado pela entidade cujo

valor possa ser mensurado com confiança. Ou seja, ele não atende aos requisitos

de reconhecimento.

A vida útil de um intangível pode ser definida ou indefinida. Um ativo só deve

ser classificado como tendo vida útil indefinida quando, apesar de seus melhores

esforços, a entidade não puder estabelecer, com base na análise de todos os fatores

relevantes, um limite previsível para o período durante o qual o ativo deverá gerar

fluxos de caixa líquidos positivos para a entidade (CPC, 2008b, p. 18). Pode-se

perceber, então, que o fato de a vida útil de um ativo ser indefinida, não significa que

ela seja infinita. Ativos com vida útil definida devem ser tanto amortizados quanto

avaliados para possíveis perdas de recuperabilidade, enquanto os com vida útil

indefinida devem apenas ser testados em relação à possível perda de valor.

2.2 Unidade geradora de caixa – UGC

Unidade geradora de caixa é o menor grupo identificável de ativos que gera entradas de caixa, entradas essas que são em grande parte independentes das entradas de caixa de outros ativos ou outros grupos de ativos. (CPC, 2010, p. 6, grifo do autor).

Page 24: Teste de Impairment

23

Dessa forma, Iudícibus e outros (2010, p. 236) esclarecem que um ativo faz

parte de uma unidade geradora de caixa quando proporciona benefícios econômicos

para a entidade exclusivamente operando em combinação com outros ativos.

Entradas de caixa são recebimentos pela entidade de caixa ou equivalente de

caixa proveniente de partes dela independentes. Para que se possa determinar se

as entradas de caixa advindas de um ativo são substancialmente independentes das

de outros ativos, em conformidade com o item 69 do CPC 01 (R1) (CPC, 2010, p.

22-23), a entidade deve considerar fatores como a forma que a administração

monitora as operações ou toma decisões sobre a continuidade ou a baixa dos ativos

e operações da entidade.

Um ativo ou grupo de ativos cujo produto é utilizado internamente, desde que

seja possível a venda dessa produção em um mercado ativo, forma uma unidade

geradora de caixa. Para estar de acordo com o item 71 do CPC 01 (R1) (CPC, 2010,

p.23), os preços de transferência interna devem refletir o valor justo dos produtos.

Valor justo é o montante pelo qual um ativo pode ser negociado entre partes

interessadas, conhecedoras do negócio e independentes entre si, com ausência de

fatores que pressionem para a liquidação da transação ou que caracterizem uma

transação compulsória.

Em última instância, a identificação das unidades geradoras de caixa é uma

questão de julgamento e deve ser realizada fundamentada na realidade da entidade,

sendo um grande desafio para os profissionais. "A entidade deve exercer julgamento

para identificar a unidade geradora de caixa à qual um ativo pertence, considerando

todos os aspectos relevantes de suas operações." (IUDÍCIBUS et al, 2010, p. 235).

"Geralmente, uma unidade geradora de caixa será definida em um nível

inferior ao de um segmento de negócios [...]. Uma unidade geradora de caixa não

deverá ser maior que um segmento de negócios." (MAGALHÃES; SANTOS;

COSTA, 2009, p. 305). Magalhães, Santos e Costa (2009, p. 305) dão como

exemplos de UGC uma linha de produto, uma fábrica, uma loja, uma cidade ou

região, uma concessão.

Em alguns casos, pode não ser possível dividir a entidade em níveis mais

baixos de entradas de caixa largamente independentes, constituindo, portanto, a

própria entidade em uma unidade geradora de caixa. Frequentemente, isso ocorre

quando uma empresa produz um único produto e não há como fazer divisões.

Iudícibus e outros (2010, p. 236) dão como exemplo o caso das usinas de álcool.

Page 25: Teste de Impairment

24

O CPC 01 (R1), em seu item 72 (CPC, 2010, p. 23), estabelece que "As

unidades geradoras de caixa devem ser identificadas de maneira consistente de

período para período para o mesmo ativo ou tipos de ativos, a menos que haja

justificativa para mudança.".

De acordo com Iudícibus e outros (2010, p. 236), o valor contábil de uma UGC

deve incluir todos os seguintes elementos:

a) o valor contábil de todos os ativos que dela fazem parte;

b) ágio ou deságio, cujo fundamento seja a diferença entre os valores de

mercado e contábil do item, decorrente e relativo ao ativo a ela

pertencente.

No entanto, não deve incluir "o valor contábil de qualquer passivo

reconhecido, exceto quando o valor contábil da unidade geradora de caixa não

puder ser determinado sem considerar esse passivo." (IUDÍCIBUS et al, 2010, p.

236).

O ágio por expectativa de rentabilidade futura, ou goodwill, deve ser

consistentemente alocado a cada uma das unidades geradoras de caixa para que se

possa determinar o valor contábil da mesma. Isso porque, uma vez que o goodwill

"representa um pagamento antecipado [...] pelos benefícios econômicos futuros dos

ativos que não são identificados e reconhecidos individualmente" (CARVALHO;

LEMES; COSTA, 2009, p. 264), ele não gera fluxos de caixa independentemente de

outros ativos. Normalmente, o goodwill contribui com a geração de fluxos de caixa

de diversas unidades geradoras de caixa, devendo, pois, ser alocado a cada uma

dessas UGCs que se beneficiam dele.

Cada unidade ou grupo de unidades ao qual o goodwill é alocado deverá representar o menor nível ao qual o goodwill é monitorado para fins administrativos pela empresa. Essa unidade também não poderá ser maior do que um segmento de negócios divulgado pela empresa. (CARVALHO; LEMES; COSTA, 2009, p. 264).

É necessário ainda atribuir às unidades geradoras de caixa os chamados

ativos corporativos.

Ativos corporativos são ativos, exceto ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill), que contribuem, mesmo que indiretamente, para os fluxos de caixa futuros tanto da unidade geradora de caixa sob revisão quanto de outras unidades geradoras de caixa. (CPC, 2010, p. 6, grifo do autor).

Page 26: Teste de Impairment

25

Iudícibus e outros (2010, p. 237) apontam duas características básicas desses

ativos: não são capazes de gerar entradas de caixa independentemente de outros

ativos, e seu valor contábil não pode ser integralmente atribuído à UGC em revisão.

Prédios administrativos, centrais de tecnologia da informação e centros de pesquisa

são exemplos de ativos corporativos.

Carvalho, Lemes e Costa (2009, p. 264) esclarecem que, na impossibilidade

de se determinar o valor recuperável para um ativo individual, este deverá ser

determinado para o menor grupo de ativos ao qual o ativo pertence, que gera fluxos

de caixa independentes dos fluxos de outros ativos ou grupos de ativos, isto é, a

unidade geradora de caixa.

2.3 Ágio por expectativa de rentabilidade futura - goodwill

É um ativo intangível não identificável. Por conta de suas especificidades,

diferentemente dos outros ativos intangíveis não é regulamentado pelo CPC 04 e

sim pelo CPC 15 – Combinação de negócios.

O ágio por expectativa de rentabilidade futura ou goodwill é definido como

"benefícios econômicos futuros originários de ativos que não são individualmente

identificáveis e separadamente reconhecíveis." (CARVALHO; LEMES; COSTA,

2009, p. 61). Ele se origina de uma combinação de negócios. Segundo o item 11 do

CPC 04 (CPC, 2008b, p. 7), "podem advir da sinergia entre os ativos identificáveis

adquiridos ou de ativos que, individualmente, não se qualificam para reconhecimento

em separado nas demonstrações contábeis.".

Combinações de negócios são aquelas transações ou eventos através dos

quais uma parte obtém o controle de um ou mais negócios (CPC, 2009a, p. 21). Isto

é, abrangem as operações de aquisição de participações societárias, aquisição de

negócios, fusão, incorporação, incorporação de ações, cisão e alteração de controle.

O CPC 15 (2009a, p.7) requer que quando ocorra uma combinação de

negócios, os ativos adquiridos e os passivos assumidos sejam reconhecidos, pela

adquirente nas demonstrações consolidadas, aos seus valores justos. Se o

montante pago pela adquirente na combinação de negócios for superior ao valor

justo dos ativos líquidos, mesmo após considerações sobre os intangíveis, há um

Page 27: Teste de Impairment

26

ágio por expectativa de rentabilidade futura. Machado, Moraes e Relvas (2009, p.

193) esclarecem que o "goodwill é o valor excedente do custo da combinação de

negócios em relação à participação da empresa adquirente sobre o valor justo dos

ativos e passivos da adquirida.".

O item 10 do CPC 15 (CPC, 2009a, p. 5) prevê que o ágio por expectativa de

rentabilidade futura seja reconhecido pela adquirente, na data da aquisição,

separadamente dos ativos identificáveis. Isto é, ele deve ser reconhecido

desmembrado dos outros ativos intangíveis. O seu valor, conforme determinação do

item 32 da referida norma (CPC, 2009a, p. 10), será a soma da contraprestação

paga pelo controle da adquirida; do valor das participações dos minoritários na

adquirida; e, no caso de combinação de negócios realizada em estágios, do valor

justo, na data da aquisição, da participação do adquirente na adquirida

imediatamente antes da combinação; menos o valor líquido dos ativos identificáveis

adquiridos e dos passivos assumidos na data de aquisição. Ou seja, "é a diferença

entre o valor da empresa e o valor de mercado dos Ativos e Passivos. A diferença

entre o valor da empresa e o valor contábil dos Ativos e Passivos é denominado

(sic) [...] de Ágio, e não Goodwill." (IUDÍCIBUS; MARION; FARIA, 2009, p.131, grifo

do autor).

O esquema abaixo ilustra e sintetiza o que foi exposto anteriormente:

Figura 1: Valor do goodwill Fonte: IUDÍCIBUS et al, 2010, p. 263.

O goodwill gerado a partir de uma combinação de negócios pertence à

adquirida, embora seja apresentado nas demonstrações da adquirente.

Há um pagamento por conta dele pelo adquirente, mas não se trata, de forma alguma, de algum crédito, bem direito ou outra forma de ativo do próprio adquirente. Ele paga pela capacidade da adquirida de proporcionar lucros acima do normal, acima do seu capital total [...]. (IUDÍCIBUS et al, 2010, p. 264).

Page 28: Teste de Impairment

27

O goodwill é um ativo com características muito especiais, pois, como

Hendriksen e Breda (1999, p. 390) colocam, não é separável e seus benefícios

econômicos são incertos. Ele representa vantagens que não se pode identificar

exatamente. Para Carvalho, Lemes e Costa (2009, p. 264) o

goodwill representa um pagamento antecipado feito pela adquirente pelos benefícios econômicos futuros dos ativos que não são identificados e reconhecidos individualmente. O goodwill, portanto, não gera fluxo de caixa independentemente de outros ativos ou grupo de ativos e, freqüentemente, contribui para o fluxo de caixa de múltiplas unidades geradoras de caixa.

Atualmente, as normas internacionais emitidas pelo IASB e,

consequentemente, as normas do CPC, determinam que o ágio por rentabilidade

futura não seja amortizado. Ele deve, entretanto, ser anualmente testado para

verificar se houve perda de seu valor recuperável.

[...] não efetuar a amortização do goodwill significa dizer que não há um período específico para que aquele ativo traga benefícios econômicos, ou seja, a empresa pode considerar que aquele goodwill vai gerar benefícios eternamente e consequentemente afetar toda a geração de caixa futura decorrente daquela combinação de negócios, (MACHADO; MORAES; RELVAS, 2009, p. 193).

Para fins de realização do teste de impairment, o item 80 do CPC 01 (R1)

(CPC, 2010, p. 26) prevê que o goodwill deve ser alocado a cada uma das unidades

geradoras de caixa ou conjunto de unidades geradoras de caixa que se beneficiem

das sinergias da combinação de negócios que o gerou. O ágio por expectativa de

rentabilidade futura deve ser alocado a um grupo de unidades geradoras de caixa

quando não for possível alocá-lo a unidades individuais de forma não arbitrária.

Quanto à forma de apresentação no balanço patrimonial, Iudícibus e outros

(2010, p. 264) frisam que, no consolidado, o ágio por expectativa de rentabilidade

futura será registrado no Ativo Intangível, enquanto que, no individual, irá compor o

Investimento.

O goodwill gerado internamente não deve ser reconhecido nas

demonstrações contábeis, por não ser um recurso identificável controlado pela

empresa que possa ser mensurado com confiabilidade, ou seja, por não atender às

exigências para a definição de ativo (CARVALHO; LEMES; COSTA, 2009, p. 269).

Page 29: Teste de Impairment

28

2.4 Redução ao valor recuperável de ativos – impairment

Figura agora nas práticas contábeis brasileiras o teste de recuperabilidade de

ativos, ou teste de impairment, obrigatório desde o exercício findo em 31 de

dezembro de 2008. O artigo 183 da Lei n° 11.638/07 (BRASIL, 2007) determina que

a companhia, periodicamente, avalie o grau de recuperabilidade de seus ativos.

[...] um ativo que esteja reconhecido no balanço, mas não possa ser recuperável pelo seu valor, que não possa ter fluxos de caixa futuros que recuperem esse valor ou que não tenha indicações que dêem a ele uma garantia de recuperabilidade, do ponto de vista, por exemplo, do seu valor de mercado, esses valores deverão ser reduzidos. (MARTINS, 2008).

As alterações na Lei n° 6.404/76 através das Leis n°s 11.638/07 e 11.941/09,

das quais faz parte a introdução do teste de recuperabilidade de ativos, procuraram

eliminar algumas regras que impediam nosso país de adotar o que é emitido pelo

IASB, possibilitando o processo de convergência das normas contábeis brasileiras

para o padrão internacional. Nesse sentido, Ono, Niyama e Rodrigues (2010, p. 70),

relembram que foi criado, em 2005, pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC),

através da Resolução n° 1.055, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis com o

objetivo de centralizar a elaboração de pronunciamentos técnicos que estabeleçam

regras em consonância com as IFRSs, de forma a uniformizar as práticas contábeis.

O órgão emitiu seus primeiros pronunciamentos em 2007, concluindo o processo em

2010, momento em que todas as normas internacionais de contabilidade encontram

equivalência na literatura brasileira. Atualmente, estão sendo revisados e

atualizados os documentos emitidos de forma a torná-los totalmente convergentes

com as IFRSs.

A convergência contábil está inserida no contexto da globalização mundial,

notadamente no que se refere à captação de recursos e quebra de barreiras

comerciais. Em 2000, a IOSCO (International Organization of Securities

Commissions) recomendou aos órgãos reguladores a autorização para as

companhias multinacionais emitirem balanços em IFRS. Em 2002, a União Europeia

determinou às companhias abertas de seus países membros a publicação das

demonstrações contábeis no padrão internacional a partir de 2005. Hoje, a SEC

(Security Exchange Commission) já arquiva as demonstrações de empresas em

IFRS, estando em andamento, nos Estados Unidos, a busca da harmonização das

práticas contábeis pelo FASB (Financial Accounting Standards Board) e o IASB.

Page 30: Teste de Impairment

29

Atendendo à Instrução n° 457/07 da CVM, com as alterações introduzidas

pela Instrução CVM n° 485/10, em 2010, as companhias abertas brasileiras

publicaram, pela primeira vez, as suas demonstrações contábeis consolidadas no

padrão IFRS. Já as demonstrações individuais foram produzidas de acordo com as

normas emitidas pelo CPC, estando, pois, em consonância com as internacionais.

Segundo o item 40 do CPC 37 (CPC, 2009c, p. 16), as políticas e práticas adotadas

nas demonstrações consolidadas deverão ser as mesmas das demonstrações

individuais, a menos que haja conflito entre as normas emitidas pelo IASB e pelo

CPC e seja vedada a utilização, nas demonstrações segundo a prática contábil

brasileira, das estipuladas pelas IFRSs. No caso de existência de alternativas nas

normas em IFRS, mas não segundo o CPC, seja por imposição legal ou não, nas

demonstrações consolidadas deve ser seguida a alternativa dada pelo CPC.

No Brasil, a forma de aplicação do teste de recuperabilidade dos ativos está

contida no CPC 01 (R1) – Redução ao Valor Recuperável de Ativos de 6 de agosto

de 2010, aprovado pela Deliberação CVM 639, de 7 de outubro de 2010, que veio

substituir o CPC 01 de 14 de setembro de 2007. O CPC 01 (R1) tem correlação com

a IAS 36 - Impairment of Assets na sua versão 2010, ou seja, aquela que inclui todas

as emendas emitidas até 31 de dezembro de 2009, aplicável para os exercícios

iniciados a partir de 1° de janeiro de 2010. O CPC 01 (R1) não se aplica aos ativos

elencados no quadro 2, devendo ser respeitada a norma específica.

Quadro 2: Ativos aos quais não se aplica o CPC 01 (R1)

Fonte: Elaborado pela autora1

1 Informação retirada do CPC 01 (R1) (CPC, 2010, p. 3).

Page 31: Teste de Impairment

30

Tendo em mente a definição de ativo apresentada no Pronunciamento

Conceitual Básico – "recurso controlado pela entidade como resultado de eventos

passados e do qual se espera que resultem futuros benefícios econômicos para a

entidade;" (CPC, 2008a, p. 16, grifo nosso) – o CPC 01 (R1) assinala que o

propósito do teste de impairment é estabelecer procedimentos para garantir que os

ativos de uma entidade não estejam registrados por um valor superior àquele que

pode ser recuperado pela geração de benefícios ou alienação. Isto é, objetiva que os

ativos estejam contabilizados dentro do limite dos valores correspondentes ao seu

retorno econômico esperado.

"Logo, o impairment test, visa mensurar a capacidade de retorno financeiro

dos ativos de longa duração (permanentes), permitindo adequar a capacidade de

geração de benefícios que o bem possui ao seu valor contábil." (SOUZA; BORBA;

DUTRA, 2009, p. 3).

Apesar de o teste de recuperabilidade de ativos ser recente nas práticas

contábeis brasileiras, sua essência não o é. A ideia apenas se expandiu para os

ativos de longo prazo, abrangendo o imobilizado e o intangível. Iudícibus e outros

(2010, p. 233) enfatizam que tal princípio já era observado em contas específicas do

ativo circulante como as contas a receber e os estoques. Para as contas a receber

há muito se constitui "provisão" para créditos de liquidação duvidosa e aos estoques

se aplica a regra custo ou mercado, dos dois o menor.

De acordo com Iudícibus e outros (2010, p. 234), periodicamente, as

entidades devem avaliar a recuperabilidade dos valores registrados no imobilizado e

no intangível, limitando o valor contábil ao recuperável. Um ativo que esteja

reconhecido nas demonstrações, mas que não possa ter fluxos de caixas futuros

que recuperem o seu valor ou que não tenha indicações que deem a ele uma

garantia de recuperabilidade deverá ter seu valor reduzido. Este teste pode ser feito

diretamente por pessoas da empresa. Segundo a Fundação Instituto de Pesquisas

Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI) (2010), o laudo pode ser feito por

pessoas ligadas à entidade, não havendo nada que determine a realização de

laudos externos. No entanto, deve haver documentação sobre o procedimento de

execução do teste, mesmo que efetuado internamente.

A entidade deve analisar, no mínimo a cada exercício, a existência ou não de

evidências (exemplificadas pelo quadro 3) de que os seus ativos tenham perdido o

Page 32: Teste de Impairment

31

valor de recuperação, e neste caso, realizar o teste de impairment. Contudo, o item

10 do CPC 01 (R1) (CPC, 2010, p. 8) diz que ativos intangíveis de vida útil

indefinida, intangíveis ainda não disponíveis para uso e o goodwill deverão ser

testados, no mínimo, anualmente, independentemente de haver ou não qualquer

indicação de redução ao valor recuperável.

Quadro 3: Evidências que um ativo possa ter sofrido impairment Fonte: Elaborado pela autora2

O teste de recuperabilidade de ativos consiste na comparação do valor

contábil de um ativo com o seu valor recuperável. Segundo Carvalho, Lemes e

Costa (2009, p. 264), sempre que possível, o valor recuperável deve ser estimado

para um ativo individual e só em última instância, devido aos ativos dependerem de

outros para gerar benefícios econômicos, para uma unidade geradora de caixa. O

valor recuperável é o maior entre o valor líquido de venda e o valor em uso. Se o

valor registrado na contabilidade estiver maior que o valor recuperável do bem,

constata-se que houve perda de recuperabilidade, e esta deve ser contabilizada com

contrapartida no resultado, conforme o item 25 do CPC 13 (CPC, 2008c, p.9), a

menos que o ativo esteja registrado ao valor reavaliado. "Na existência de saldo de

2 Informação retirada do CPC 01 (R1) (CPC, 2010, p. 8-9).

Page 33: Teste de Impairment

32

reserva de reavaliação, qualquer perda por impairment deverá ser tratada como uma

redução daquela reserva, sem exceder o saldo da mesma." (CARVALHO; LEMES;

COSTA, 2009, p. 262). De acordo com o CPC 01 (R1), item 62 (CPC, 2010, p. 21),

se a perda ultrapassar o valor contábil do ativo, a empresa só deverá reconhecer um

passivo quando uma norma específica assim exigir. A figura 2 ilustra o processo.

Figura 2: Fluxograma ilustrativo do teste de impairment

Fonte: Elaborado pela autora

Quando da elaboração de suas demonstrações contábeis, a entidade deve

verificar se há indicação de reversão de perdas por redução ao valor recuperável

reconhecidas anteriormente. Segundo Magalhães, Santos e Costa (2009, p. 306), os

fatores a serem considerados nessa avaliação são os mesmos levados em conta

para a análise da existência ou não de indicativos de perda por impairment

demonstrados no quadro 3, só que de forma favorável.

"A entidade deve estimar o valor recuperável de um ativo na hipótese de

existirem indícios de que a perda reconhecida para esse ativo no passado não mais

exista ou tenha diminuído." (IUDÍCIBUS et al, 2010, p.237). O CPC 01 (R1) no item

114 (CPC, 2010, p. 36) enfatiza que uma perda por redução ao valor recuperável só

deve ser revertida caso tenha havido mudança nas estimativas usadas para a

determinação do valor recuperável desde que uma perda foi reconhecida pela última

vez.

Page 34: Teste de Impairment

33

Constatando-se uma reversão da perda, o valor contábil do ativo deve ser

aumentado ao seu novo valor recuperável, até o limite do valor registrado antes de

haver qualquer perda por impairment. Isto é, "o valor contábil do ativo deverá ser

aumentado, sem exceder o valor contábil que existiria (líquido da amortização ou

depreciação), caso a perda por impairment nunca tivesse sido reconhecida."

(CARVALHO; LEMES; COSTA, 2009, p. 265).

De acordo com Iudícibus e outros (2010, p. 237), as reversões de perdas por

redução ao valor recuperável devem ser reconhecidas no resultado do exercício em

que ocorreram, exceto se o ativo estiver contabilizado por seu valor reavaliado. A

reversão de uma perda por impairment de um ativo reavaliado deverá ser

reconhecida como um acréscimo na reserva de reavaliação. Em relação à reversão

de uma perda por redução ao valor recuperável de uma unidade geradora de caixa,

o CPC 01 (R1) (CPC, 2010, p. 37) estabelece que esta seja alocada a cada um dos

ativos da UGC, de menos o goodwill, proporcionalmente ao valor contábil desses

ativos diante do valor total da unidade.

É vedada pelo CPC 01 (R1) (CPC, 2010, p. 38) a reversão de perda por

impairment de goodwill e de ativos intangíveis de vida útil indefinida. Dessa maneira,

Iudícibus e outros (2010, p. 237) esclarecem que, havendo uma reversão de perda

relativa à unidade geradora de caixa a qual esteja alocado ágio por expectativa de

rentabilidade futura, não se reverterá a parte referente ao goodwill baixada

anteriormente.

O parágrafo 3° do artigo 183 da Lei n° 11.638 em seu inciso II (BRASIL, 2007)

determina que, após o reconhecimento de uma perda por impairment, a empresa

deve estimar a vida útil restante do ativo e estabelecer, a partir do novo valor

contábil, as cotas de depreciação ou amortização a serem reconhecidas nos

exercícios seguintes. O item 121 do CPC 01 (R1) (CPC, 2010, p. 37) dita que o

mesmo deve ocorrer após uma reversão de perda.

O teste de impairment é um teste para avaliar a perda de recuperabilidade

dos benefícios econômicos futuros que um ativo irá gerar para a entidade. Assim, se

o valor recuperável exceder o contábil, não há que se falar em ajustes. Aumentar o

valor contábil constituiria uma reavaliação e este procedimento foi proibido pela Lei

n° 11.638/07.

Page 35: Teste de Impairment

34

2.4.1 Valor contábil

O CPC 01 (R1), em seu item 6 (CPC, 2010, p. 5-6), define o valor contábil de

um ativo como o montante pelo qual o ativo está registrado nas demonstrações

contábeis, depois de deduzidas a respectiva depreciação, amortização ou exaustão

acumulada e as perdas por redução ao valor recuperável (quadro 4).

Quadro 4: Componentes do valor contábil Fonte: Elaborado pela autora

A reavaliação de ativos, embora contemplada pelas normas internacionais,

está, atualmente, proibida no Brasil. No entanto, ainda figuram nas demonstrações

das entidades ativos reavaliados, cuja reavaliação foi realizada antes da entrada em

vigor da Lei n° 11.638/07. Nesses casos, o valor contábil será o valor reavaliado.

Todos os outros ativos imobilizados e intangíveis deverão estar apresentados ao

custo.

Page 36: Teste de Impairment

35

2.4.2 Valor recuperável

De acordo com o item 6 do CPC 01 (R1) (CPC, 2010, p. 6) será o maior valor

entre o valor líquido de venda de um ativo e o seu valor em uso.

O valor recuperável deve, via de regra, ser estimado para um ativo individual.

Entretanto, se esta estimativa não for possível, o valor recuperável deve ser

estabelecido para a unidade geradora de caixa à qual o ativo pertence. Segundo o

item 67 do CPC 01 (R1), o valor recuperável de um ativo individual não pode ser

determinado quando:

(a) o valor em uso do ativo não puder ser estimado como sendo próximo de seu valor justo líquido de despesas de venda (por exemplo, quando os fluxos de caixa futuros advindos do uso contínuo do ativo não puderem ser estimados como sendo insignificantes); e (b) o ativo não gerar entradas de caixa que são em grande parte independentes daquelas provenientes de outros ativos. (CPC, 2010, p. 21-22).

Na determinação do valor recuperável de uma UGC pode ser necessário

considerar alguns passivos reconhecidos. "Isso pode ocorrer se na baixa de uma

unidade geradora de caixa houver a exigência de que o comprador assuma um

passivo." (CPC, 2010, p. 25).

2.4.2.1 Valor líquido de venda

O valor líquido de venda é o valor justo do bem menos o custo para vendê-lo.

Ou seja, "é o montante a ser obtido pela venda de um ativo ou de unidade geradora

de caixa em transações em bases comutativas, entre partes conhecedoras e

interessadas, menos as despesas estimadas de venda." (CPC, 2010, p.6).

Despesas de venda ou de baixa são despesas incrementais diretamente atribuíveis à venda ou à baixa de um ativo ou de uma unidade geradora de caixa, excluindo as despesas financeiras e de impostos sobre o resultado gerado. (CPC, 2010, p. 6, grifo do autor).

Page 37: Teste de Impairment

36

Para estimar as despesas de venda, deve-se incluir todos aqueles gastos

diretamente atribuíveis à mesma. Isto compreende os custos legais, despesas de

anúncio para venda, comissões, impostos, custos de remoção e transporte, além

dos gastos diretos incrementais para deixar o ativo em condição de venda.

"Entretanto, as despesas com demissão de empregados e as associadas à redução

ou reorganização de um negócio em seguida à baixa de um ativo não são despesas

incrementais para baixa do ativo." (CPC, 2010, p. 13).

A melhor evidência do valor líquido de venda de um ativo, segundo

Magalhães, Santos e Costa (2009, p. 304) é um contrato de venda acordado entre

partes independentes, menos as despesas de venda. Na ausência de um contrato

formal, pode-se utilizar o valor de negociação, para ativos semelhantes, em um

mercado ativo. "Um mercado ativo é aquele em que os itens negociados são

homogêneos, podem ser encontrados compradores e vendedores dispostos a

negociar a qualquer momento e os preços são disponíveis ao público." (CARVALHO;

LEMES; COSTA, 2009, p. 261). Caso essas fontes também não estejam acessíveis,

Iudícibus e outros (2010, p. 235) explicam que o valor deve ser baseado na melhor

informação disponível, a fim de refletir o montante que a entidade obteria em bases

comutativas entre partes interessadas e conhecedoras do negócio, isto é, o valor

justo. Se, de toda forma, não for possível estabelecer o valor líquido de venda, o

valor em uso deverá ser utilizado como valor recuperável.

2.4.2.2. Valor em uso

Conforme definição do CPC 01 (R1), item 6 (CPC, 2010, p. 6), o valor em uso,

ou valor específico para a entidade, é o valor presente de fluxos de caixa futuros

estimados que a entidade espera obter com o uso contínuo de um ativo ou unidade

geradora de caixa. De acordo com Zdanowicz citado por Souza, Borba e Dutra

(2009, p.3), através da previsão e do orçamento de fluxo de caixa da empresa, é

possível projetar expectativas de ganhos e gastos futuros. Ao se trazer essas

expectativas para o valor presente, tem-se o valor atual estimado dos benefícios que

este bem ainda poderá proporcionar para a empresa.

Page 38: Teste de Impairment

37

Carvalho, Lemes e Costa (2009, p. 262) identificam as seguintes projeções

como componentes do cálculo do fluxo de caixa futuro: entradas e saídas de caixa

derivadas do uso contínuo do ativo; saídas de caixa que devem ser necessariamente

incorridas para gerar as entradas; e o valor residual do bem. Os efeitos das

atividades de financiamento e imposto de renda não devem ser incluídos nesse cálculo.

Para trazer esses fluxos de caixa a valor presente deve-se utilizar uma taxa

de desconto antes dos impostos sobre a renda. Essa taxa deverá refletir as

avaliações do mercado tanto em relação ao valor do dinheiro no tempo quanto aos

riscos específicos do ativo que ainda não tiverem sido contemplados no fluxo de

caixa. "A taxa que reflete tais avaliações do mercado é a taxa de retorno que os

investidores teriam em investimentos que gerariam fluxos de caixa, tempo e perfil de

risco equivalentes ao retorno do ativo." (CARVALHO; LEMES; COSTA, 2009, p. 262).

Uma das taxas recomendadas como ponto de partida para calcular a taxa de desconto adequada a ser utilizada na apuração do valor em uso é o custo médio ponderado do capital da entidade (Weighted Average Cost or (sic) Capital – WACC) apurado com base em técnicas, tais como o Modelo de Determinação de Preço de Bens de Capital (Capital Asset Pricing Model). (MAGALHÃES; SANTOS; COSTA, 2009, p. 306, grifo nosso).

O WACC, ou custo médio ponderado de capital (CMPC), é uma ponderação

entre o custo de capital próprio e o custo do capital de terceiros na proporção do

capital investido da empresa, após o imposto de renda. Ross, Westerfield e Jordan

(2000, p. 326-327) afirmam que este custo corresponde à taxa de retorno exigido

para qualquer investimento com o mesmo risco de suas operações. O WACC é

comumente usado para se descontar o fluxo de caixa livre da empresa. É preciso

ressaltar que o WACC é uma taxa pós-impostos e a taxa para determinação do valor

em uso deve ser calculada antes de impostos sobre a renda. Dessa maneira, deve

representar apenas um primeiro passo na determinação da taxa de desconto a ser

utilizada pela entidade.

Os seguintes fatores devem compor, de acordo com o item 30 CPC 01 (R1), a

estimativa do valor em uso de um bem, sendo refletidos como ajustes dos fluxos de

caixa futuros ou como ajustes da taxa de desconto:

(a) estimativa dos fluxos de caixa futuros que a entidade espera obter com esse ativo; (b) expectativas acerca de possíveis variações no montante ou no período de ocorrência desses fluxos de caixa futuros;

Page 39: Teste de Impairment

38

(c) valor do dinheiro no tempo, representado pela atual taxa de juros livre de risco; (d) preço pela assunção da incerteza inerente ao ativo (prêmio); e (e) outros fatores, tais como falta de liquidez, que participantes do mercado iriam considerar ao precificar os fluxos de caixa futuros esperados da entidade, advindos do ativo. (CPC, 2010, p. 14).

As projeções de fluxo de caixa devem se embasar em hipóteses razoáveis e

sustentáveis, nos orçamentos e previsões mais recentes e extrapolações para

períodos após as projeções orçadas. O CPC 01 (R1) (CPC, 2010, p. 15),

especificamente no item 35, trabalha com um período máximo de 5 anos para as

estimativas de fluxos de caixa, a menos que a entidade tenha bases consistentes

para a projeção acima deste prazo.

As projeções de fluxo de caixa até o fim da vida útil de um ativo devem ser estimadas pela extrapolação das projeções de fluxo de caixa baseadas em orçamentos e previsões financeiras, usando uma taxa de crescimento para anos subsequentes. (CPC, 2010, p. 16).

De acordo com o CPC 01 (R1), item 44 (CPC, 2010, p. 17), o fluxo de caixa

futuro deverá ser estimado para o ativo em suas condições atuais, ou seja, não

devem ser consideradas entradas ou saídas de caixa decorrentes de

reestruturações futuras, a menos que a entidade já as tenha assumido

contratualmente, nem aprimoramento ou melhorias no desempenho do ativo.

Vale lembrar que só será necessário calcular o valor em uso em duas

hipóteses: caso não seja possível se identificar o valor líquido de venda do ativo ou

se o valor líquido de venda do ativo for menor que seu valor contábil.

Magalhães, Santos e Costa (2009, p. 304) enfatizam que a determinação do

valor em uso é um processo complexo, que envolve um alto grau de julgamento

profissional.

2.5 Divulgação, evidenciação ou disclosure

Para Iudícibus, Marion e Faria (2009, p. 33), o objetivo da contabilidade é

fornecer informações estruturadas de cunho econômico, financeiro e,

subsidiariamente, físico, de produtividade e social, aos usuários internos e externos.

Page 40: Teste de Impairment

39

Consequentemente, a finalidade das demonstrações contábeis, conforme o

Pronunciamento Conceitual Básico, item 12 (CPC, 2008a), é prover informações

sobre a posição patrimonial e financeira, o desempenho e as mudanças na posição

financeira da entidade, que auxiliem uma ampla gama de usuários em suas

avaliações e tomadas de decisão econômica.

De acordo com Marion (2006, p. 256), os usuários da contabilidade incluem,

mas não se limitam a, integrantes do mercado de capitais, investidores,

fornecedores e demais credores, clientes, financiadores, autoridades

governamentais, meios de comunicação, entidades que agem em nome de outros,

empregados, controladores, acionistas ou sócios, administradores da própria

entidade e o público em geral. Considerando-se essa variedade de usuários

atendidos pela contabilidade, a informação contábil deve ser veraz e equitativa, não

podendo privilegiar deliberadamente nenhum deles, considerando o fato de que

seus interesses nem sempre são coincidentes.

Além disso,

[...] a informação contábil, em especial aquela contida nas demonstrações contábeis, notadamente as previstas em legislação, deve propiciar revelação suficiente sobre a Entidade, de modo a facilitar a concretização dos propósitos do usuário, revestindo-se de atributos entre os quais são indispensáveis os seguintes: confiabilidade, tempestividade, compreensibilidade e comparatividade. (CFC, 1995).

"No sentido mais amplo da palavra, divulgação simplesmente quer dizer

veiculação de informação." (HENDRIKSEN; BREDA, 1999, p. 512, grifo do autor).

Na contabilidade, a divulgação diz respeito à difusão de informação financeira sobre

uma entidade em suas demonstrações contábeis. Dessa forma, está estreitamente

ligada ao objetivo da própria contabilidade. De acordo com Hendriksen e Breda

(1999, p. 512), o sentido de divulgação é muitas vezes restrito para se referir apenas

às informações não contidas nas demonstrações contábeis, sendo a transmissão de

informações nas demonstrações, tratada como questões de reconhecimento e

mensuração. É nesse sentido que estão estruturadas as normas editadas pelo IASB.

Todas elas se dividem em: a) aspectos de reconhecimento, b) forma de

mensuração, e c) requisitos de divulgação. No quesito divulgação, as normas

exigem a apresentação de informações adicionais nas notas explicativas.

Na opinião de Hendriksen e Breda (1999, p. 515), a divulgação apropriada de

informação relevante para os usuários das demonstrações deve ser adequada, justa

Page 41: Teste de Impairment

40

e completa. Entretanto, o volume de informações fornecidas deve ser limitado pelo

equilíbrio entre o custo de provê-las e os benefícios que elas irão proporcionar

(CPC, 2008a, p. 15). Ou seja, aquela informação que não é importante, relevante ou

material, deve ser omitida de forma a tornar as demonstrações significativas e

compreensíveis. Godoy e Costa (2007, p.154) creem que um volume excessivo ou

demasiadamente reduzido de informações não permite a avaliação exata de

tendências pelos usuários. Assim, antes de divulgar determinado evento, deve-se

analisar se o usuário irá efetivamente ser beneficiado por sua inclusão ou se uma

maior complexidade irá, na realidade, prejudicar o entendimento das informações.

De acordo com Iudícibus (2009, p. 113), a evidenciação principal está contida

nas próprias demonstrações contábeis," A colocação de tais demonstrações em uma

forma ou ordem que melhore sua interpretabilidade ajuda a melhorar a evidência.".

A Lei n° 11.638/07, mais especificamente seu art. 176 (BRASIL, 2007), torna

obrigatória, para as companhias abertas, a apresentação das seguintes

demonstrações contábeis ao final de cada exercício social: balanço patrimonial,

demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados, demonstração do resultado do

exercício, demonstração dos fluxos de caixa, e demonstração do valor adicionado.

Tais demonstrações serão acompanhadas por notas explicativas e outros quadros

analíticos ou demonstrações necessários para um adequado entendimento da

situação patrimonial e do resultado da entidade.

Essas informações complementares, ditas evidenciações ou divulgações, de

acordo com Marion (2009, p. 516), são importantes, pois enriquecem os relatórios e

evitam que estes se tornem enganosos. Destaca-se como forma de evidenciação as

notas explicativas, os quadros analíticos suplementares, informações entre

parênteses, comentários do auditor e relatório da administração. Independente da

forma de evidenciação, sua

"[...] essência é sempre a mesma: apresentar informação quantitativa e qualitativa de maneira ordenada, deixando o menos possível para ficar de fora dos demonstrativos formais, a fim de propiciar uma base adequada de informação para o usuário." (IUDÍCIBUS, 2009, p. 116).

De acordo com Iudícibus e outros (2010, p. 591), um dos grandes desafios da

contabilidade, com relação à evidenciação, é o dimensionamento tanto da qualidade

quanto da quantidade de informações que atendam às necessidades dos diferentes

usuários das demonstrações contábeis. Foi, então, como parte do esforço

Page 42: Teste de Impairment

41

desenvolvido nesse campo, que surgiram as notas explicativas, principal forma de

evidenciação.

As notas explicativas são informações complementares às demonstrações

contábeis, sendo parte integrante dessas.

Podem estar expressas tanto na forma descritiva como na forma de quadros analíticos, ou mesmo englobar outras demonstrações contábeis que forem necessárias ao melhor e mais completo esclarecimento dos resultados e da situação financeira da empresa [...] (IUDÍCIBUS et al, 2010, p. 591, grifo do autor).

Hendriksen e Breda (1999, p. 525) destacam como vantagens das notas

explicativas: apresentação de informação não quantitativa como parte integral dos

relatórios contábeis, evidenciação das qualificações e restrições para certos itens

nos demonstrativos, evidenciação de maior volume de detalhes do que poderíamos

apresentar nos demonstrativos, e apresentação da informação quantitativa ou

descritiva de importância secundária. Já as principais desvantagens seriam:

tendência de dificuldade de leitura, podendo passar despercebidas; dificuldade

maior na utilização das descrições textuais, nas tomadas de decisões, do que das

sumarizações de dados quantitativos; e perigo do abuso das notas explicativas em

vez do desenvolvimento adequado dos princípios, que incorporariam novas relações

e eventos nos próprios demonstrativos.

A Lei n° 6.404/76, com redação dada pela Lei n° 11.941/09, define bases

gerais e as notas a serem incluídas nas demonstrações apresentadas pelas

entidades, conforme segue:

Art. 176 [...] § 5o As notas explicativas devem: I - apresentar informações sobre a base de preparação das demonstrações financeiras e das práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas para negócios e eventos significativos; II - divulgar as informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que não estejam apresentadas em nenhuma outra parte das demonstrações financeiras; III - fornecer informações adicionais não indicadas nas próprias demonstrações financeiras e consideradas necessárias para uma apresentação adequada; e IV - indicar: a) os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente estoques, dos cálculos de depreciação, amortização e exaustão, de constituição de provisões para encargos ou riscos, e dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização de elementos do ativo;

Page 43: Teste de Impairment

42

b) os investimentos em outras sociedades, quando relevantes (art. 247, parágrafo único); c) o aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avaliações (art. 182, § 3o ); d) os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes; e) a taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações a longo prazo; f) o número, espécies e classes das ações do capital social; g) as opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício; h) os ajustes de exercícios anteriores (art. 186, § 1o); e i) os eventos subsequentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia. [...] (BRASIL, 2009).

Estes são requisitos mínimos exigidos pela legislação, a entidade deve,

entretanto, divulgar ainda todas as informações determinadas pelos

pronunciamentos técnicos emitidos pelo CPC em vigor na época de elaboração das

demonstrações.

Page 44: Teste de Impairment

43

3 ANÁLISE QUALITATIVA DA CONFORMIDADE COM OS REQUISITOS DE

DIVULGAÇÃO DA IAS 36 E DO CPC 01 (R1)

Em 2010, as empresas de capital aberto brasileiras publicaram, pela primeira

vez, as denominadas “Demonstrações Financeiras Consolidadas em IFRS", que

consistem nas demonstrações consolidadas preparadas de acordo com os

pronunciamentos do IASB. Para tanto, o parágrafo 1° do artigo 1° da Instrução CVM

n° 457/07 (COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS – CVM, 2007) determina que

estas sejam "elaboradas com base em pronunciamentos plenamente convergentes

com as normas internacionais, emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis

– CPC e referendados pela CVM.".

De acordo com a Resolução n° 1.315/10 do CFC (2010), as únicas

divergências admitidas entre as demonstrações individuais, elaboradas em

obediência aos documentos emitidos pelo CPC e as consolidadas conforme as

normas internacionais de contabilidade são: a manutenção pela entidade de saldo

no ativo diferido, a manutenção de saldo em reserva de capital decorrente de prêmio

na emissão de debêntures e de doação ou subvenção para investimentos, e a

avaliação de investimentos em controladas e empreendimentos controlados em

conjunto avaliados pelo método da equivalência patrimonial nas demonstrações

contábeis individuais. Dessa forma, não há impactos quanto ao assunto aqui

estudado.

As instituições financeiras e outras instituições autorizadas a funcionar pelo

Banco Central têm seus critérios contábeis estabelecidos pelo Conselho Monetário

Nacional (CMN), podendo, portanto, ter critérios diferenciados.

A Lei 4.595 prevê a competência legal do CMN no sentido de expedir normas gerais de contabilidade e a Lei 11.941 reforça os preceitos da Lei 4.595, quando faz referência à escrituração contábil de instituições financeiras. (BANCO CENTRAL DO BRASIL; CVM, 2010).

Assim, para suas demonstrações individuais, ditas instituições observam

apenas os pronunciamentos do CPC já aprovados pelo CMN, a saber: CPC 01 -

Redução ao Valor Recuperável de Ativos, vale ressaltar que esta não é a versão

revisada de 2010 e sim a original de 2007; CPC 03 - Demonstração dos Fluxos de

Caixa; CPC 05 - Divulgação sobre Partes Relacionadas; e CPC 25 - Provisões,

Page 45: Teste de Impairment

44

Passivos Contingentes e Ativos Contingentes. Segundo a Resolução n° 3.786/09 do

Banco Central (2009), as instituições financeiras que sejam companhias abertas

devem, a partir do exercício findo em 31 de dezembro de 2010, elaborar e divulgar

demonstrações contábeis consolidadas anuais adotando o padrão IFRS, conforme

tradução do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon).

Dado o acima exposto, para fins desta pesquisa, foram examinadas, em

relação às instituições financeiras, apenas as demonstrações contábeis

consolidadas em IFRS. No referente às demais companhias, analisou-se as

demonstrações consolidadas, exceto quando da apresentação apenas das

individuais.

3.1 Requisitos de divulgação da IAS 36 e do CPC 01 (R1)

Abaixo temos, resumidamente, as informações que devem ser divulgadas de

acordo com a IAS 36 e com o CPC 01 (R1).

Divulgação por classe de ativos:

• perdas por impairment reconhecidas ou revertidas no resultado do

período e a linha da demonstração do resultado na qual estas foram

incluídas;

• perdas por impairment de ativos reavaliados reconhecidas ou revertidas

durante o período em outros resultados abrangentes.

Divulgação por segmento:

• perdas por impairment reconhecidas e revertidas.

Se uma perda ou reversão por impairment individual for material:

• eventos e circunstâncias que resultaram na perda ou reversão;

• montante da perda ou reversão;

• para ativo individual: a natureza e o segmento a que se refere;

• para unidade geradora de caixa: descrição, valor da perda ou reversão

por classe de ativos e por segmento;

• se o valor recuperável for o valor líquido de venda: divulgar a base para

determinar o valor justo;

• se o valor recuperável for o valor em uso: divulgar a taxa de desconto.

Page 46: Teste de Impairment

45

Se as perdas por impairment reconhecidas ou revertidas não forem materiais,

divulgar:

• as principais classes de ativos afetados;

• os principais eventos e circunstâncias que resultaram no reconhecimento

ou reversão.

Além disso, a entidade de deve divulgar informações detalhadas sobre as

estimativas usadas para mensurar os valores recuperáveis de unidades geradoras

de caixa contendo goodwill ou ativos intangíveis com vida útil indefinida.

Uma vez que, quanto aos itens aqui analisados, o CPC 01 (R1) é uma

tradução fiel da IAS 36, o atendimento a uma norma implica automaticamente no

atendimento à outra.

3.2 Análise qualitativa

Inicialmente, foram acessadas as demonstrações contábeis de 121 das 182

companhias que compõem o Índice Bovespa e/ou estão enquadradas nos mais altos

níveis de governança corporativa da BM&FBOVESPA, através dos sítios eletrônicos

das mesmas. A lista dessas empresas se encontra no apêndice A. Os critérios

utilizados foram: a facilidade de acesso das demonstrações nos sites e a

disponibilidade das mesmas para dowload, priorizando aquelas empresas que

pertenciam tanto ao Ibovespa quanto aos níveis diferenciados de governança

corporativa. Nessa primeira fase foi feita uma pesquisa superficial pelas palavras

"impairment" e "recuperável", a fim de se identificar entidades que apresentassem

reconhecimento ou reversão de perdas por impairment no exercício de 2010. A partir

desse levantamento, foram localizadas e aleatoriamente extraídas como amostra

para análise 10 companhias que contabilizaram ajustes a valor recuperável de ativos

de longo prazo. Dentre as quais 3 são instituições financeiras (Banco do Brasil,

Bradesco e Itaú Unibanco) e 1 (CESP) apresentou apenas demonstrações

individuais.

Das 8 companhias que reconheceram perdas por impairment, 5 o fizeram

com relação ao intangível, 4 no imobilizado e apenas 1 para o goodwill. Na

totalidade das 5 empresas que efetuaram reversões, essas englobaram o ativo

Page 47: Teste de Impairment

46

imobilizado, sendo que 2 reverteram perdas também no intangível. Os resultados

estão apresentados no quadro 5, que especifica os tipos de ação tomada pela

entidade e de ativo envolvido, e ilustrados pelos gráficos 1, 2 e 3.

Já no quadro 6, foram destacadas algumas informações pertinentes para a

caracterização das empresas componentes da amostra. Os dados se referem à

controladora, exceto quanto ao faturamento. No caso das instituições financeiras, os

dados sobre o faturamento (consolidado) são aqueles apresentados à CVM, ou seja,

apurados pelo BRGAAP.

Page 48: Teste de Impairment

47

Page 49: Teste de Impairment

48

Page 50: Teste de Impairment

49

A seguir temos, em linhas gerais, as informações requeridas por cada um

deles:

• Item 126: valor das perdas reconhecidas ou revertidas por classe e a linha

da demonstração do resultado na qual estas foram incluídas;

• Item 129: valor das perdas reconhecidas ou revertidas para cada

segmento de negócio;

• Item 130: informações mais detalhadas sobre cada perda material

reconhecida ou revertida para um ativo individual ou para uma unidade

geradora de caixa;

• Item 131: informações para as perdas não materiais reconhecidas ou

revertidas como um todo;

• Item 132: encoraja a divulgação das premissas utilizadas para determinar

o valor recuperável;

• Item 133: divulgação sobre o valor de goodwill não alocado a qualquer

unidade geradora de caixa, quando houver, e os motivos que justificam

essa situação;

• Item 134: informações sobre o teste de impairment de goodwill ou ativo

intangível de vida útil indefinida para cada unidade geradora de caixa cujo

valor contábil destes ativos alocados à unidade seja relevante em relação

ao valor contábil total dos mesmos;

• Item 135: informações sobre o teste de impairment de goodwill ou ativo

intangível de vida útil indefinida que não se enquadrem no item 134;

• Item 136: quando o cálculo detalhado mais recente do valor recuperável

de uma unidade geradora de caixa, efetuado em período anterior, for

utilizado, a informação para aquela unidade deve ser incorporada nas

divulgações exigidas pelos itens 134 e 135.

Para fins de avaliação quanto ao atendimento das exigências de cada item de

divulgação do CPC 01 (R1) foram usadas cinco classificações: sim, não,

parcialmente, não se aplica, e não foi possível identificar. O "sim" diz respeito

àqueles itens que foram plenamente satisfeitos. Para obter um "parcialmente", no

mínimo 50% dos subitens aplicáveis devem ter sido atendidos. Caso menos de 50%

das informações requeridas e aplicáveis tenham sido satisfeitas, o item foi

considerado, no todo, como "não". As classificações "não se aplica" e "não foi

possível identificar" se referem a situações específicas destacadas mais adiante.

Page 51: Teste de Impairment

50

O item 131 apresenta alternativa ao 130, e o 134 ao item 135. Não foi feito

julgamento quanto à materialidade dos valores a fim de determinar qual item deveria

ser aplicado (130 ou 131, 134 ou 135), apenas se avaliou a divulgação ou não de

cada informação exigida pelos requisitos. Assim, os itens alternativos foram

analisados separadamente.

O item 132, ao contrário dos demais, não trata de uma obrigação, mas de um

encorajamento às entidades para que divulguem as premissas utilizadas no cálculo

do valor recuperável de ativos. No entanto, o 134 faz tal exigência para as entidades

que devam observá-lo.

O requisito 133 determina que seja evidenciada informação específica sobre

parcela de ágio por expectativa de rentabilidade futura, decorrente de combinação

de negócios ocorrida no período, que, ao final do exercício, ainda não houver sido

alocada a unidade geradora de caixa. Dessa forma, não foi possível discernir se as

empresas não procederam qualquer divulgação porque não se enquadravam na

situação ou por descumprimento à norma.

Os itens 134 a 136 trazem regras específicas para divulgação sobre o teste

de impairment do goodwill e de ativos intangíveis de vida útil indefinida. Eles não se

aplicam, portanto, àquelas companhias que não possuíam saldo nessas contas em

31 de dezembro de 2010, a saber: Itaú Unibanco, Souza Cruz e CESP. Ressalta-se

ainda que, contrariamente aos demais requisitos, esses não tratam da divulgação de

constituição ou reversão de perda por redução ao valor recuperável e sim do teste

de impairment propriamente dito, devendo, pois, ser observados independentemente

da necessidade de ajustes no valor do goodwill e dos intangíveis de vida útil

indefinida.

O item 135 diz que se o goodwill ou ativo intangível de vida útil indefinida for

alocado a mais de uma unidade geradora de caixa e, consequentemente, o valor

contábil alocado a cada uma delas não for significativo em comparação ao valor

contábil total desses ativos, este fato deve ser divulgado. Além disso, se os valores

recuperáveis de quaisquer dessas UGC se basearem nas mesmas premissas-

chave, e o valor do goodwill ou intangíveis de vida útil indefinida alocado a esse

conjunto de unidades for, então, significativo em relação ao valor contábil total de

tais ativos, isso deve ser informado. Como nenhuma das companhias aqui

examinadas fez qualquer das divulgações acima, o mesmo foi considerado como

"não se aplica" a todas elas. Consequentemente, foi aplicado o item 134 a todas as

Page 52: Teste de Impairment

51

empresas que apresentavam valor de ágio por expectativa de rentabilidade futura

em suas demonstrações no exercício de 2010.

Os quadros dispostos a seguir demonstram as checklists de cada empresa

para a avaliação da conformidade com cada item e subitem aplicável à situação.

ITAÚSA Utiliza linha específica da DRE da CVM?3 Não Forma como a informação sobre impairment está apresentada na DFC

Em separado pelo valor total

126 Montante por classe Sim Linha da DRE Não

129 Montante por segmento Não 130 Eventos e circunstâncias Não

Montante para o ativo individual ou UGC Não Ativo individual: natureza do ativo Não segmento ao qual pertence Não UGC: descrição da UGC Não montante por classe Não montante por segmento Não Valor em uso ou valor líquido de venda Não

131 Classe de ativos afetados Sim Eventos e circunstâncias Não

132 Premissas usadas para determinar o valor recuperável

Não

133 Parcela do goodwill ainda não alocada Não 134 Valor contábil alocado à UGC Não

Base sobre a qual foi determinado o valor recuperável

Não

Valor em uso: premissas-chave Não abordagem utilizada Não período do fluxo de caixa Não taxa de crescimento Não taxa de desconto Não Mudança possível e razoável Não informou

135 Fato de os valores de goodwill e intangíveis de vida útil indefinida não serem significativos

Não

Quadro 7: Checklist da Itaúsa Fonte: Dados de pesquisa

3 Conforme ilustrado pelo anexo A.

Page 53: Teste de Impairment

52

AMIL Utiliza linha específica da DRE da CVM?4 Não

Forma como a informação sobre impairment está apresentada na DFC

Junto com amortização e depreciação

126 Montante por classe Sim Linha da DRE Sim

129 Montante por segmento Não 130 Eventos e circunstâncias Não

Montante para o ativo individual ou UGC Não

Ativo individual:

natureza do ativo Sim

segmento ao qual pertence Não UGC: descrição da UGC Não montante por classe Sim montante por segmento Valor em uso: Sim taxa de desconto atual Não

taxa de desconto anterior (se houver) Não

131 Classe de ativos afetados Sim Eventos e circunstâncias Não

132 Premissas usadas para determinar o valor recuperável Sim 133 Parcela do goodwill ainda não alocada Não 134 Valor contábil alocado à UGC Não

Base sobre a qual foi determinado o valor recuperável Sim Valor em uso: premissas-chave Sim abordagem utilizada Não período do fluxo de caixa Não taxa de crescimento Não taxa de desconto Não Mudança possível e razoável Não informou

135 Fato de os valores de goodwill e intangíveis de vida útil indefinida não serem significativos

Não

OBS: Não apresenta qualquer informação sobre suas UGC. Taxa baseada no WACC.

O valor da perda se refere ao goodwill de duas empresas diferentes. Não fica claro se ambos foram alocados à mesma UGC ou pertencem ao mesmo segmento.

Quadro 8: Checklist da Amil Fonte: Dados de pesquisa

4 Conforme ilustrado pelo anexo A.

Page 54: Teste de Impairment

53

BANCO DO BRASIL Utiliza linha específica da DRE da CVM? N/A Forma como a informação sobre impairment está apresentada na DFC

Reconhecimentos por classe de ativos

1 2 3 126 Montante por classe Sim Sim Sim

Linha da DRE Sim Não Sim 129 Montante por segmento Não Não Sim 130 Eventos e circunstâncias Não Não Não

Montante para o ativo individual ou UGC Não Não Não Ativo individual: natureza do ativo Sim Sim Sim segmento ao qual pertence Não Não Sim UGC: descrição da UGC Não Não Não montante por classe Sim Sim Sim montante por segmento Não Não Sim Valor em uso ou valor líquido de venda Não Não Não

131 Classe de ativos afetados Sim Sim Sim Eventos e circunstâncias Não Não Não

132 Premissas usadas para determinar o valor recuperável

Não Não Não

133 Parcela do goodwill ainda não alocada Não 134 Valor contábil alocado à UGC Sim

Base sobre a qual foi determinado o valor recuperável

Sim

Valor em uso: premissas-chave Sim abordagem utilizada Sim período do fluxo de caixa Sim taxa de crescimento Sim taxa de desconto Sim Mudança possível e razoável Sim

1) montante pelo qual o valor recuperável excede o contábil

N/A

2) valor sobre o qual se assenta a premissa N/A 3) novo valor sobre o qual se assenta a premissa N/A

135 Fato de os valores de goodwill e intangíveis de vida útil indefinida não serem significativos

Não

OBS: 1 = Reconhecimento / Imobilizado

2 = Reversão / Imobilizado 3 = Reconhecimento / Intangível

UGC = segmentos

Quadro 9: Checklist do Banco do Brasil Fonte: Dados de pesquisa

Page 55: Teste de Impairment

54

BRADESCO Utiliza linha específica da DRE da CVM? N/A Forma como a informação sobre impairment está apresentada na DFC

Em separado pelo valor total

126 Montante por classe Sim Linha da DRE Sim

129 Montante por segmento Sim 130 Eventos e circunstâncias Não

Montante para o ativo individual ou UGC Não Ativo individual: natureza do ativo Sim segmento ao qual pertence Sim UGC: descrição da UGC Sim montante por classe Sim montante por segmento Sim Valor em uso ou valor líquido de venda Não

131 Classe de ativos afetados Sim Eventos e circunstâncias Não

132 Premissas usadas para determinar o valor recuperável

Não

133 Parcela do goodwill ainda não alocada Não 134 Valor contábil alocado à UGC Sim

Base sobre a qual foi determinado o valor recuperável

Sim

Valor em uso: premissas-chave Não abordagem utilizada Não período do fluxo de caixa Não taxa de crescimento Sim taxa de desconto Sim Mudança possível e razoável Sim

1) montante pelo qual o valor recuperável excede o contábil

Não

2) valor sobre o qual se assenta a premissa Não

3) novo valor sobre o qual se assenta a premissa Percentual de variação

135 Fato de os valores de goodwill e intangíveis de vida útil indefinida não serem significativos

Não

OBS: UGC = segmento

Quadro 10: Checklist do Bradesco Fonte: Dados de pesquisa

Page 56: Teste de Impairment

55

CESP Utiliza linha específica da DRE da CVM?5 Não Forma como a informação sobre impairment está apresentada na DFC

Em separado pelo valor total

126 Montante por classe S Linha da DRE S

129 Montante por segmento S 130 Eventos e circunstâncias Não

Montante para o ativo individual ou UGC S UGC: descrição da UGC S montante por classe S montante por segmento S Valor em uso: taxa de desconto atual S taxa de desconto anterior (se houver) S

131 Classe de ativos afetados S Eventos e circunstâncias Não

132 Premissas usadas para determinar o valor recuperável S OBS: Não possui valor referente a goodwill.

Apenas um segmento de negócios: geração e comercialização de energia.

Quadro 11: Checklist da CESP Fonte: Dados de pesquisa

ITAÚ UNIBANCO Utiliza linha específica da DRE da CVM? N/A Forma como a informação sobre impairment está apresentada na DFC

Em separado pelo valor total

126 Montante por classe Sim Linha da DRE Não

129 Montante por segmento Não 130 Eventos e circunstâncias Não

Montante para o ativo individual ou UGC Não Ativo individual: natureza do ativo Sim segmento ao qual pertence Não UGC: descrição da UGC Não montante por classe Sim montante por segmento Não Valor em uso ou valor líquido de venda Não

131 Classe de ativos afetados Sim Eventos e circunstâncias Não

132 Premissas usadas para determinar o valor recuperável

Não

OBS: Não possui valor referente a goodwill.

Quadro 12: Checklist do Itaú Unibanco Fonte: Dados de pesquisa

5 Conforme ilustrado pelo anexo A.

Page 57: Teste de Impairment

56

GERDAU Utiliza linha específica da DRE da CVM?6 Sim Forma como a informação sobre impairment está apresentada na DFC

Em separado pelo valor líquido total

Forma como a informação sobre impairment está apresentada na DFC 1 2 3

126 Montante por classe Sim Sim Sim Linha da DRE Sim Sim Sim

129 Montante por segmento Sim Sim Sim 130 Eventos e circunstâncias Sim Sim Sim

Montante para o ativo individual ou UGC Sim Sim Sim UGC: descrição da UGC Sim Sim Sim montante por classe Sim Sim Sim montante por segmento Sim Sim Sim Valor em uso: taxa de desconto atual Sim Sim Sim

taxa de desconto anterior (se houver)

Sim Sim Sim

131 Classe de ativos afetados Sim Sim Sim Eventos e circunstâncias Sim Sim Sim

132 Premissas usadas para determinar o valor recuperável

Não Não Não

133 Parcela do goodwill ainda não alocada Não 134 Valor contábil alocado à UGC Sim

Base sobre a qual foi determinado o valor recuperável

Sim

Valor em uso: premissas-chave Sim abordagem utilizada Não período do fluxo de caixa Sim taxa de crescimento Sim taxa de desconto Sim Mudança possível e razoável Não informou

135 Fato de os valores de goodwill e intangíveis de vida útil indefinida não serem significativos

Não

OBS: 1 = Reconhecimento / Imobilizado

2 = Reversão / Imobilizado 3 = Reversão / Intangível

UGC = segmento

Quadro 13: Checklist da Gerdau Fonte: Dados de pesquisa

6 Conforme ilustrado pelo anexo A.

Page 58: Teste de Impairment

57

PETROBRÁS Utiliza linha específica da DRE da CVM?7 Sim

Forma como a informação sobre impairment está apresentada na DFC

Perdas na recuperação de ativos em geral

1 2 3 126 Montante por classe Sim Sim Sim

Linha da DRE Sim Sim Sim 129 Montante por segmento Não Não Não 130 Eventos e circunstâncias Sim Sim Não

Montante para o ativo individual ou UGC Não Não Não Ativo individual: natureza do ativo Não Não Não segmento ao qual pertence Não Não Não UGC: descrição da UGC Não Não Não montante por classe Não Não Não montante por segmento Não Não Não Valor em uso: taxa de desconto atual Não Não Não

taxa de desconto anterior (se houver)

Não Não Não

131 Classe de ativos afetados Sim Sim Sim Eventos e circunstâncias Sim Sim Não

132 Premissas usadas para determinar o valor recuperável

Sim Sim Sim

133 Parcela do goodwill ainda não alocada Não 134 Valor contábil alocado à UGC Não

Base sobre a qual foi determinado o valor recuperável

Sim

Valor em uso: premissas-chave Sim abordagem utilizada Não período do fluxo de caixa Não taxa de crescimento Não taxa de desconto Não Mudança possível e razoável Não informou

135 Fato de os valores de goodwill e intangíveis de vida útil indefinida não serem significativos

Não

OBS: 1 = Reconhecimento / imobilizado

2 = Reversão / Imobilizado 3 = Reconhecimento / Intangível

Nenhuma informação sobre as UGC. Taxa estruturada no WACC.

Quadro 14: Checklist da Petrobrás Fonte: Dados de pesquisa

7 Conforme ilustrado pelo anexo A.

Page 59: Teste de Impairment

58

SPRINGS GLOBAL PARTICIPAÇÕES Utiliza linha específica da DRE da CVM?8 Não Forma como a informação sobre impairment está apresentada na DFC

Em separado pelo valor total

126 Montante por classe Sim Linha da DRE Sim

129 Montante por segmento Sim 130 Eventos e circunstâncias Não

Montante para o ativo individual ou UGC Não Ativo individual: natureza do ativo Não segmento ao qual pertence Sim UGC: descrição da UGC Não montante por classe Sim montante por segmento Sim Valor em uso ou valor líquido de venda Não

131 Classe de ativos afetados Sim Eventos e circunstâncias Não

132 Premissas usadas para determinar o valor recuperável Não 133 Parcela do goodwill ainda não alocada Não 134 Valor contábil alocado à UGC Não

Base sobre a qual foi determinado o valor recuperável Sim Valor em uso: premissas-chave Sim abordagem utilizada Não período do fluxo de caixa Sim taxa de crescimento Sim taxa de desconto Sim Mudança possível e razoável Não informou

135 Fato de os valores de goodwill e intangíveis de vida útil indefinida não serem significativos

Não

OBS: Apenas um segmento de negócios. Não faz qualquer menção às UGC.

Quadro 15: Checklist da Springs Global Participações Fonte: Dados de pesquisa

8 Conforme ilustrado pelo anexo A.

Page 60: Teste de Impairment

59

SOUZA CRUZ Utiliza linha específica da DRE da CVM?9 Não Forma como a informação sobre impairment está apresentada na DFC

Em separado pelo valor líquido total

1 2 126 Montante por classe Sim Sim

Linha da DRE Não Não 129 Montante por segmento Não Não 130 Eventos e circunstâncias Não Não

Montante para o ativo individual ou UGC Não Não Ativo individual: natureza do ativo Não Não segmento ao qual pertence Não Não UGC: descrição da UGC Não Não montante por classe Não Não montante por segmento Não Não Valor em uso ou valor líquido de venda Não Não

131 Classe de ativos afetados Sim Sim Eventos e circunstâncias Não Não

132 Premissas usadas para determinar o valor recuperável

Não Não

OBS: 1 = Reconhecimento / Imobilizado 2 = Reversão / Intangível

Quadro 16: Checklist da Petrobrás Fonte: Dados de pesquisa

O quadro 17 a seguir ilustra o resultado do exame das demonstrações das

companhias em relação à evidenciação requerida pelas normas:

9 Conforme ilustrado pelo anexo A.

Page 61: Teste de Impairment

60

Page 62: Teste de Impairment

61

Conforme demonstrado, nenhum item foi plenamente atendido por todas as

empresas e nenhuma empresa atendeu a todos os itens plenamente. A Gerdau foi a

companhia que teve melhor desempenho, deixando de satisfazer completamente

apenas o item 134, pois não divulgou a abordagem utilizada para determinar o valor

sobre o qual se assentam as premissas-chave.

Como podemos ver no gráfico 4, a maioria das empresas atendeu ao

requisito 126. As 4 companhias que o fizeram apenas parcialmente, deixaram de

informar a linha da demonstração do resultado na qual o reconhecimento ou

reversão de perda foi incluído.

126

SIM6

PARCIAL4

Gráfico 4: Conformidade com o requisito 126

Fonte: Dados de pesquisa

O item 129, que requer informações sobre perdas por impairment para cada

um dos segmentos reportados, não foi respeitado pela maior parte das companhias,

conforme o gráfico 5 abaixo.

129

SIM4

NÃO6

Gráfico 5: Conformidade com o requisito 129

Fonte: Dados de pesquisa

Das 10 empresas avaliadas, apenas 1 satisfez plenamente o requisito 130, a

Gerdau. Bradesco e CESP ambos deixaram de informar os eventos e circunstâncias

que levaram ao reconhecimento ou reversão de perda por impairment. O Bradesco

Page 63: Teste de Impairment

62

também não divulgou o montante para cada ativo individual ou UGC e se o valor

recuperável do ativo foi seu valor em uso ou o valor líquido de venda. As demais

companhias não atenderam ao item nem sequer parcialmente.

À exceção da Gerdau, todas as empresas atenderam ao item 131

parcialmente, deixaram de publicar os eventos e circunstâncias que deram origem

ao reconhecimento ou reversão das perdas por impairment. Dessas 9 companhias

em conformidade parcial com o requisito 131, nenhuma satisfez completamente o

130, que apresenta alternativa a ele. Destacando-se que 7 nem ao menos atingiram

uma classificação de "parcialmente" no item 130.

130

SIM1

NÃO7

PARCIAL2

131

SIM1

PARCIAL9

Gráfico 6 : Conformidade com o requisito 130

Fonte: Dados de pesquisa Gráfico 7: Conformidade com o requisito 131

Fonte: Dados de pesquisa

O item 132 não constitui uma obrigação, apenas encoraja as entidades à

divulgação. Todas as empresas que divulgaram as premissas nas quais se

basearam para determinar o valor recuperável dos ativos; seja pelo encorajamento

do item 132, seja pela determinação do 134; apenas citaram tais premissas, sem

maiores detalhes e sem informar os valores atribuídos a cada uma delas.

132

NÃO7

SIM3

Gráfico 8: Conformidade com o requisito 132

Fonte: Dados de pesquisa

No que tange ao item 134 do CPC 01 (R1), que traz regras específicas para

divulgação do teste de impairment do goodwill e de ativos intangíveis de vida útil

Page 64: Teste de Impairment

63

indefinida, das 7 companhias aos quais ele era aplicável, 6 não apresentaram

informações que atendam plenamente as disposições da norma. Apenas o Banco do

Brasil satisfez 100% dos subitens. Bradesco, Gerdau e Springs Global Participações

tiveram conformidade parcial com o item, sendo que nenhuma delas informou a

abordagem utilizada para determinar o valor sobre o qual se assentam as

premissas-chave, se experiência passada, fontes externas ou ambas.

134

SIM1

NÃO3

PARCIAL3

N/A3

Gráfico 9: Conformidade com o requisito 134

Fonte: Dados de pesquisa

Vale destacar que todas as demonstrações aqui examinadas receberam de

seus auditores independentes um parecer sem ressalvas, sendo que estes não

fizeram qualquer menção ao não cumprimento de parte das exigências de

divulgação da IAS 36 e do CPC 01 (R1).

Page 65: Teste de Impairment

64

4 CONCLUSÃO

O processo de convergência às normas contábeis emitidas pelo International

Accounting Standards Board é uma tendência mundial. Os países da União

Européia já apresentam suas demonstrações contábeis em padrão IFRS e os

Estados Unidos e o Japão estão caminhando para uma harmonização. Além disso, a

Securities and Exchange Commission aceita, desde 2008, que as demonstrações de

empresas estrangeiras sejam arquivadas no órgão em IFRS.

No Brasil, a convergência para as normas internacionais de contabilidade se

tornou possível com a edição das Leis nºs. 11.638/07 e 11.941/09 que derrubaram

barreiras regulatórias impeditivas da inserção do país no processo. O Comitê de

Pronunciamentos Contábeis foi criado em 2005 com a função de estudar e divulgar

princípios, normas e padrões de contabilidade e auditoria em harmonia com o

padrão IFRS. O órgão completou o arcabouço das normas correlacionadas com as

elaboradas pelo IASB em 2010, mantendo-as atualizadas através de revisões

periódicas.

A apresentação das demonstrações contábeis consolidadas de 2010 das

companhias brasileiras é um marco desse processo, pois, pela primeira vez, estas

foram publicadas em IFRS. Já as demonstrações individuais foram elaboradas de

acordo com os pronunciamentos do CPC equivalentes às normas internacionais de

contabilidade.

O teste de impairment ou teste de recuperabilidade de ativos foi introduzido

pela Lei nº 11.638, em 2007, e regulamentado, no mesmo ano, pelo CPC 01. Em

2010, o CPC procedeu à revisão desta norma a fim de adequá-la à versão mais

recente da IAS 36. O objetivo do teste de impairment é garantir que os ativos de

longo prazo da entidade não estejam registrados nas demonstrações por um valor

superior àquele que possa ser recuperado pelo seu uso ou alienação. Dessa forma,

a entidade deve avaliar, no mínimo ao fim de cada exercício social, se há alguma

indicação de que um ativo possa ter sofrido desvalorização. Em caso afirmativo, o

valor recuperável do ativo deve ser estimado. Uma perda por redução ao valor

recuperável ocorre quando o valor contábil é superior ao valor recuperável de um

ativo individual ou unidade geradora de caixa. Para goodwill e ativos intangíveis de

Page 66: Teste de Impairment

65

vida útil indefinida o teste deve ser realizado anualmente, independente da

existência ou não de evidências de que o ativo possa ter se desvalorizado.

As normas do IASB são divididas em três partes: reconhecimento,

mensuração e divulgação. A divulgação está diretamente ligada ao objetivo da

contabilidade que é fornecer informações acerca do desempenho e da situação

patrimonial da entidade aos usuários que os auxiliem na sua tomada de decisões.

No sentido amplo, diz respeito a toda e qualquer informação veiculada no conjunto

de demonstrações contábeis. Entretanto, em um sentido mais restrito, se refere

apenas às informações não contidas nas demonstrações propriamente ditas e sim

nas notas explicativas. É nesse sentido que estão estruturadas as normas editadas

pelo IASB.

Os requisitos de divulgação sobre o impairment são bastante extensos e, em

certos casos, exigem informações detalhadas não apenas sobre os resultados

apurados, mas também sobre o processo de apuração.

O estudo averiguou a conformidade das demonstrações contábeis das

companhias brasileiras com os requisitos de divulgação da IAS 36 e do CPC 01 (R1)

através de uma amostra de 10 empresas que compõem o Ibovespa e/ou estão

inseridas nos níveis diferenciados de governança corporativa da BM&FBOVESPA.

Ficou evidente que as companhias brasileiras tiveram grande preocupação

em seguir as novas normas de contabilidade na contabilização e elaboração de seus

balanços patrimoniais, demonstrações do resultado do exercício, demonstrações do

resultado abrangente, demonstrações dos fluxos de caixa, e demonstrações do valor

adicionado. Entretanto esse cuidado não se estendeu na mesma medida à

divulgação a ser feita nas notas explicativas. Assim, conquanto as empresas se

preocuparam em seguir a IAS 36 e o CPC 01 (R1) quanto à oportunidade e forma de

realização do teste de recuperabilidade de ativos, menor atenção foi dada às

exigências de divulgação.

A norma deve ser aplicada na íntegra, isso significa não apenas o respeito à

forma de contabilização e elaboração das demonstrações contábeis, mas também à

satisfação de todos os requisitos de divulgação aplicáveis.

Nenhuma das companhias estudadas satisfez plenamente todos os requisitos

e nenhum requisito foi plenamente satisfeito por todas as companhias. Constata-se,

então, a necessidade de uma melhoria no nível de disclosure sobre o assunto a fim

de atender completamente os requisitos de divulgação da IAS 36 e do CPC 01 (R1).

Page 67: Teste de Impairment

66

REFERÊNCIAS

AMIL PARTICIPAÇÕES S.A.. Demonstração do resultado. Disponível em: <http://www.rad.cvm.gov.br/enetconsulta/frmGerenciaPaginaFRE.aspx?CodigoTipoInstituicao=1&NumeroSequencialDocumento=5459>. Acesso em: 8 maio 2011. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Resolução 3.786/09. Dispõe sobre a elaboração e a divulgação de demonstrações contábeis consolidadas com base no padrão contábil internacional emitido pelo International Accounting Standards Board (IASB). Disponível em: <https://www3.bcb.gov.br/normativo/detalharNormativo.do?method=detalharNormativo&N=109082266>. Acesso em 07 maio 2011. BANCO CENTRAL DO BRASIL; COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários reiteram o compromisso assumido com a convergência brasileira às normas internacionais de contabilidade (IFRS). Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/port/infos/Banco%20Central%20do%20Brasil%20e%20a%20Comiss%C3%A3o%20de%20Valores%20Mobili%C3%A1rios%20IFRS.asp>. Acesso em: 07 maio 2011. BRASIL. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei n. 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Diário Oficial da União, Brasília, 28 dez. 2007. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm>. Acesso em: 20 set. 2008. BRASIL. Lei n. 11.941, de 27 de maio de 2009. Altera a legislação tributária federal relativa ao parcelamento ordinário de débitos e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 28 maio 2009. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/Leis/2009/lei11941.htm>. Acesso em: 01 out. 2010. CARVALHO, L. Nelson; LEMES, Sirlei; COSTA, Fábio Moraes da. Imobilizado – IAS 16. In: CARVALHO, L. Nelson; LEMES, Sirlei; COSTA, Fábio Moraes da. Contabilidade internacional. São Paulo: Atlas, 2009. Cap. 5, p. 130-147. CARVALHO, L. Nelson; LEMES, Sirlei; COSTA, Fábio Moraes da. Tópicos especiais. In: CARVALHO, L. Nelson; LEMES, Sirlei; COSTA, Fábio Moraes da. Contabilidade internacional. São Paulo: Atlas, 2009. Cap. 10, p. 239-271.

Page 68: Teste de Impairment

67

CESP - COMPANHIA ENERGÉTICA DE SÃO PAULO. Demonstração do resultado. Disponível em: <http://www.rad.cvm.gov.br/enetconsulta/frmGerenciaPaginaFRE.aspx?CodigoTipoInstituicao=1&NumeroSequencialDocumento=6343>. Acesso em: 8 maio 2011. COLAUTO, Romualdo Douglas; BEUREN, IIse Maria. Coleta, análise e interpretação dos dados. In: BEUREN, IIse Maria (org.). Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004. Cap. 5, p. 117-144. COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Instrução CVM n. 457/07. Dispõe sobre a elaboração e divulgação das demonstrações financeiras consolidadas, com base no padrão contábil internacional emitido pelo International Accounting Standards Board - IASB. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/asp/cvmwww/atos/Atos_Redir.asp?File=\inst\inst457consolid.doc>. Acesso em: 07 maio 2011. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento conceitual básico - Estrutura Conceitual. 2008a. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/mostraOrientacao.php?id=14>. Acesso em: 30 set. 2010. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 04 – Ativo intangível. 2008b. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/mostraOrientacao.php?id=18>. Acesso em: 30 set. 2010. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 13 – Adoção Inicial da Lei nº 11.638/07 e da Medida Provisória no 449/08. 2008c. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/mostraOrientacao.php?id=27>. Acesso em: 07 out.. 2010. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 15 – Combinação de negócios. 2009a. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/mostraOrientacao.php?id=34>. Acesso em: 30 set. 2010. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 27 – Ativo imobilizado. 2009b. Disponível em: < http://www.cpc.org.br/mostraOrientacao.php?id=37>. Acesso em: 10 out. 2010. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 37 – Adoção Inicial das Normas Internacionais de Contabilidade. 2009c. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/mostraOrientacao.php?id=73>. Acesso em: 06 nov. 2010. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. ICPC 10 - Interpretação sobre a Aplicação Inicial ao Ativo Imobilizado e à Propriedade para Investimento dos

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APÊNDICE A – Lista das companhias cujas demonstrações contábeis foram

acessadas em uma primeira análise

1 ALIANSCE SHOPPING CENTERS S.A. 2 ALL AMERICA LATINA LOGISTICA S.A. 3 AMBEV 4 AMIL PARTICIPACOES S.A. 5 B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO 6 BCO BRADESCO S.A. 7 BCO BRASIL S.A. 8 BCO SANTANDER (BRASIL) S.A. 9 BEMATECH S.A.

10 BHG S.A. - BRAZIL HOSPITALITY GROUP 11 BMFBOVESPA S.A. BOLSA VALORES MERC FUT 12 BRADESPAR S.A. 13 BRASIL TELECOM 14 BRASILAGRO - CIA BRAS DE PROP AGRICOLAS 15 BRASKEM S.A. 16 BRF - BRASIL FOODS S.A. 17 BROOKFIELD INCORPORAÇÕES S.A. 18 CAMARGO CORREA DESENV. IMOBILIARIO S.A. 19 CENTRAIS ELET DE SANTA CATARINA S.A. 20 CESP - CIA ENERGETICA DE SAO PAULO 21 CIA BRASILEIRA DE DISTRIBUICAO 22 CIA CONCESSOES RODOVIARIAS 23 CIA ENERGETICA DE MINAS GERAIS - CEMIG 24 CIA FERRO LIGAS DA BAHIA - FERBASA 25 CIA PARANAENSE DE ENERGIA - COPEL 26 CIA PROVIDENCIA INDUSTRIA E COMERCIO 27 CIA SANEAMENTO BASICO EST SAO PAULO 28 CIA SANEAMENTO DE MINAS GERAIS-COPASA MG 29 CIELO S.A. 30 COSAN S.A. INDUSTRIA E COMERCIO 31 CPFL ENERGIA S.A. 32 CREMER S.A. 33 CSNA 34 CSU CARDSYSTEM S.A. 35 CTEEP - CIA TRANSMISSÃO ENERGIA ELÉTRICA PAULISTA 36 CYRELA BRAZIL REALTY S.A.EMPREEND E PART 37 CYRELA COMMERCIAL PROPERT S.A. EMPR PART 38 DROGASIL S.A. 39 DURATEX S.A. 40 ECORODOVIAS INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA S.A.

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41 EDP - ENERGIAS DO BRASIL S.A. 42 ELETROPAULO METROP. ELET. SAO PAULO S.A. 43 ETERNIT S.A. 44 EUCATEX S.A. INDUSTRIA E COMERCIO 45 EVEN CONSTRUTORA E INCORPORADORA S.A. 46 EZ TEC EMPREEND. E PARTICIPACOES S.A. 47 FERTILIZANTES HERINGER S.A. 48 FIBRIA CELULOSE S.A. 49 FLEURY S.A. 50 FRAS-LE S.A. 51 GAFISA S.A. 52 GERDAU S.A. 53 GOL LINHAS AEREAS INTELIGENTES S.A. 54 GRENDENE S.A. 55 HELBOR EMPREENDIMENTOS S.A. 56 HRT PARTICIPAÇÕES EM PETRÓLEO S.A. 57 HYPERMARCAS S.A. 58 INDUSTRIAS ROMI S.A. 59 IOCHPE MAXION S.A. 60 ITAU UNIBANCO HOLDING S.A. 61 ITAUSA INVESTIMENTOS ITAU S.A. 62 JBS S.A. 63 JSL S.A. 64 KLABIN S.A. 65 KROTON EDUCACIONAL S.A. 66 LIGHT S.A. 67 LOCALIZA RENT A CAR S.A. 68 LOJAS RENNER S.A. 69 LPS BRASIL - CONSULTORIA DE IMOVEIS S.A. 70 LUPATECH S.A. 71 M.DIAS BRANCO S.A. IND COM DE ALIMENTOS 72 MAGNESITA REFRATARIOS S.A. 73 MANGELS INDUSTRIAL S.A. 74 MARCOPOLO S.A. 75 MARFRIG ALIMENTOS S/A 76 MARISA LOJAS S.A. 77 METALFRIO SOLUTIONS S.A. 78 METALURGICA GERDAU S.A. 79 MILLS ESTRUTURAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA S.A. 80 MINERVA S.A. 81 MMX MINERACAO E METALICOS S.A. 82 MPX ENERGIA S.A. 83 MRV ENGENHARIA E PARTICIPACOES S.A. 84 MULTIPLAN - EMPREEND IMOBILIARIOS S.A. 85 NATURA COSMETICOS S.A.

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86 NET SERVICOS DE COMUNICACAO S.A. 87 ODONTOPREV S.A. 88 OGX PETROLEO E GAS PARTICIPACOES S.A. 89 OSX BRASIL S.A. 90 PARANAPANEMA S.A. 91 PDG REALTY S.A. EMPREEND E PARTICIPACOES 92 PETROBRÁS 93 PORTO SEGURO S.A. 94 PORTOBELLO S.A. 95 PORTX OPERAÇÕES PORTUÁRIAS S.A. 96 PROFARMA DISTRIB PROD FARMACEUTICOS S.A. 97 RAIA S.A. 98 RANDON S.A. IMPLEMENTOS E PARTICIPACOES 99 REDECARD S.A.

100 RENOVA ENERGIA S.A. 101 ROSSI RESIDENCIAL S.A. 102 SANTOS BRASIL PARTICIPACOES S.A. 103 SAO CARLOS EMPREEND E PARTICIPACOES S.A. 104 SAO PAULO ALPARGATAS S.A. 105 SOUZA CRUZ 106 SPRINGS GLOBAL PARTICIPACOES S.A. 107 SUL AMERICA S.A. 108 SUZANO PAPEL E CELULOSE S.A. 109 TAM S.A. 110 TECNISA S.A. 111 TEGMA GESTAO LOGISTICA S.A. 112 TELEMAR N L 113 TELESP 114 TIM PART. 115 TOTVS S.A. 116 TRACTEBEL ENERGIA S.A. 117 ULTRAPAR PARTICIPACOES S.A. 118 UNIPAR PARTICIPAÇÕES S.A. 119 UNIVERSO ONLINE S.A. 120 VALE S.A. 121 VIVO

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ANEXO A – Demonstrações do Resultado das companhias, exceto instituições

financeiras, extraídas do site da CVM

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