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Testemunhos da História para que a memória não se apague José Luís Nogueira Uma viagem pelos testemunhos que a história nos deixou da Companhia e de outras Companhias que, em conjunto, vão fazendo a história de um país. Vidas paralelas, episódios marcantes... Desde os primeiros passos, aproveitando a estada do rei no Brasil, quando o papel de Góis servia a primeira constituição. Depois, assistia-se ao nascimento do Zé Povinho quando a Companhia renascia com novo fôlego. Viveria duas guerras mundiais e muitas guerrilhas comerciais... Ainda crescia de novo quando Portugal perdia um primeiro ministro e ela própria não sobreviveria muito mais... Quase dois séculos de memórias. Livros, jornais, documentos.... O papel (quantas vezes de Góis) como base da nossa história. O papel coletivo de não deixar apagar a memória e a responsabilidade de todos nós de preservar a história, a nossa história. O papel de Góis motor de uma região. CASA DE CULTURA DE GÓIS / Ponte de Sotam e a Indústria de Papel / 13 de Junho de 2015

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Testemunhos da História

para que a memória não se apague

José Luís Nogueira

Uma viagem pelos testemunhos que a história nos deixou da Companhia e de outras Companhias que,

em conjunto, vão fazendo a história de um país.

Vidas paralelas, episódios marcantes...

Desde os primeiros passos, aproveitando a estada do rei no Brasil, quando o papel de Góis servia a

primeira constituição. Depois, assistia-se ao nascimento do Zé Povinho quando a Companhia renascia

com novo fôlego. Viveria duas guerras mundiais e muitas guerrilhas comerciais... Ainda crescia de novo

quando Portugal perdia um primeiro ministro e ela própria não sobreviveria muito mais...

Quase dois séculos de memórias.

Livros, jornais, documentos....

O papel (quantas vezes de Góis) como base da nossa história.

O papel coletivo de não deixar apagar a memória e a responsabilidade de todos nós de preservar a

história, a nossa história.

O papel de Góis motor de uma região.

CASA DE CULTURA DE GÓIS / Ponte de Sotam e a Indústria de Papel / 13 de Junho de 2015

TESTEMUNHOS DA HISTÓRIA

1. COMPANHIA DE PAPEL DE GÓIS –

O fabrico do papel nasce em Góis no

triângulo de produção de papel na região que

São os testemunhos dessa história que importa preservar e organizar para que a memória não se apague.

Sem história o futuro é bem mais pobre…

2. O PAPEL DE GÓIS - MOTOR DE UMA REGIÃO

O PAPEL DE GÓIS

MOTOR DE UMA REGIÃO

Cachimbana / Chata

1939 - Banda AERG

1912 - Cine Teatro

1939 - AERG

2013 - CCG

1956 - Bombeiros

1939 – Corpo Salvação

Durante quase dois séculos o Papel de Góis foi motor de uma região. Milhares de pessoas, centenas de famílias,

directa ou indirectamente, viram no papel a sua principal forma de sustento.

TESTEMUNHOS DA HISTÓRIA

Testemunhos da história / para que a memória não se apague

O fabrico do papel nasce em Góis no princípio do século XIX, ganhando posição relevante num

de papel na região que incluía também Lousã e Serpins.

São os testemunhos dessa história que importa preservar e organizar para que a memória não se apague.

Sem história o futuro é bem mais pobre…

MOTOR DE UMA REGIÃO

O PAPEL DE GÓIS

1906Companhia Papel de Góis

1973Intape

1933 - 1953Papeleira de Góis

Central Monte Redondo1910

MOTOR DE UMA REGIÃO

Fábrica de Papel1821

Durante quase dois séculos o Papel de Góis foi motor de uma região. Milhares de pessoas, centenas de famílias,

directa ou indirectamente, viram no papel a sua principal forma de sustento.

Testemunhos da história / para que a memória não se apague

culo XIX, ganhando posição relevante num importante

São os testemunhos dessa história que importa preservar e organizar para que a memória não se apague.

Durante quase dois séculos o Papel de Góis foi motor de uma região. Milhares de pessoas, centenas de famílias,

Mas o Papel de Góis foi mais do que isso!

Criou uma elite de empresários, de quadros e de operários que evoluíram para novas necessidades e assumiram

novos desafios, criando novas dinâmicas e construindo um Góis novo, com outros anseios e outras perspectivas.

Não podemos dizer que sem o Papel de Góis não teríamos hoje uma Casa da Cultura. Mas o que é certo é que não

teria esta Casa da Cultura. Se, em 1912, a força empreendedora ligada à Companhia não tivesse avançado com a

construção do Cine-Teatro, não haveria AERG em 1939 e hoje não estávamos seguramente aqui.

Na mesma linha de pensamento, seguramente Góis teria hoje bombeiros como tem, mas não seriam estes

bombeiros, com esta história, com estes ativos e com este passado. O mesmo se poderá extrapolar sobre a Banda

Filarmónica, a Casa de Caridade, etc.

E, obviamente, nós teríamos hoje, como temos, eletricidade, mas o que também é certo é que os nosso bisavós

não teriam sido as primeiras pessoas do distrito a viverem com esta comodidade e as suas vidas teriam sido

substancialmente diferentes.

3. 1820 TEMPOS DIFÍCEIS

1820 – tempos difíceis

As fabricas de papel pouco tem prosperado, a pezar dos disvellos, e despezas, com que sua Magestade no anno de 1802 fundou a de Alenquer.

In MEMORIA SOBRE OS MEIOS DE MELHORAR A INDUSTRIA PORTUGUEZAJosé Accursio das Neves, Lisboa 1820 Na officina de Simão Thaddeo Ferreira pág. 74

1796 – D. João VI assume a regência1807 – Fuga da Família Real para o Brasil1807 / 1811 – Invasões Francesas1807 / 1814 – Guerra Peninsular1807 / 1820 – Domínio Inglês1820 – Revolução de 1820 (Sinédrio)1821 – Regresso do Rei

…guerra civil…revoltas…revoluções…… Patuleia… Maria da Fonte…. Setembrismo…

José Accursio das NevesCavaleiros de Baixo, Fajão, 14 DEZ 1766

Sarzedo, 6 MAI 1834

Mas comecemos pelo princípio. Recuemos a 1820. O país vivia tempos muito conturbados.

Em 1796, D. João VI assumia a regência por a rainha D. Maria I ter enlouquecido. Em Novembro de 1807 foge para

o Brasil. Entre 1807 e 1811 tivemos as Invasões Francesas, que também passaram por Góis e aqui também

pilharam e destruíram o que puderam, matando dezenas de pessoas e maltratando muitas mais. Seguiu-se entre

1807 e 1814 a Guerra Peninsular. Até 1820 foi o domínio inglês que, em muitos e piores aspetos, não ficaram

atrás dos franceses.

Vejamos aqui um testemunho da época. De um conterrâneo nosso, oriundo desta região. José Accursio das

Neves. Nasceu no Fajão, em 1766, foi político, magistrado, historiador, ensaísta e pioneiro nos estudos sobre a

economia portuguesa. Apoiante de Carlota Joaquina e Miguelista, seria perseguido no final da vida, refugiando-se

aqui perto, no Sarzedo, na casa que fora de seus pais, onde morreria em 1834.

Diz-nos José Accursio na sua "Memoria sobre os meios de melhorar a Industria Portugueza", publicado em Lisboa,

em 1820: “As fabricas de papel pouco tem prosperado, a pezar dos disvellos, e despezas, com que sua Magestade

no anno de 1802 fundou a de Alenquer.” (pág. 74)

E noutra passagem dá nota do sentimento de abandono e de autêntica orfandade que o país vivia, quando elenca

os principais problemas que subsistiam: “O primeiro, e o principal he a ausencia do Soberano em hum pais

remoto, donde não póde nem conhecer toda a extensão dos nossos soffrimentos, nem enxugar as lagrimas da

nossa orfandade..” (pág. 5)

4. 1821 UM NOVO COMEÇO

1821 – um novo começo

Não ignorais, Senhores, os grandes progressos e melhoramentos que têm feito nas suas fábricas aquelas nações que tão felizmente souberam aplicar… as manufaturas… que de tanta vantagem são para aqueles que se dão a esta especie de comércio.

Entre nós, porém é manifesto o atrasamento neste ramo importantíssimo.

In SESSÃO DAS CORTESManuel Fernandes Tomás, Lisboa 3 de Fevereiro de 1821

MANUEL FERNANDES TOMÁS (Figueira da Foz 30 JUN 1771 – Lisboa 19 NOV 1822)

A falta de caminhos públicos e o péssimo estado dos que há inibem o COMÉRCIO INTERNO, mais a necessidade da Reforma da AGRICULTURA, e de atrair FÁBRICAS…

Depois da revolução de Setembro de 1820 e do regresso (forçado) do rei D. João VI a Lisboa, o país é agora

impulsionado por novos ideais.

O principal protagonista deste movimento é Manuel Fernandes Tomás, nascido na Figueira da Foz, em 1771, que

se dedicou totalmente à causa pública, sendo o obreiro da primeira "Constituição Portugueza" (1822), acabando

por morrer em Lisboa em 1822 (literalmente de fome) na miséria mas sempre e ainda ao serviço do seu país.

(Alguns amigos próximos quando se aperceberam da situação dramática que o envolvia ainda se quotizaram para

comprar uma galinha, mas a canja já não chegou a tempo!...)

Faceta talvez menos conhecida do seu percurso profissional é que Manuel Fernandes Tomás, o homem do

Sinédrio, o "pai" da Pátria, foi juiz, aqui, na Comarca de Arganil, no início de carreira nomeado pelo Bispo-Conde

em 1801.

Neste contexto, recorda-se aqui a sessão das Cortes de 3 de Fevereiro de 1821, Manuel Fernandes Tomás da sua

tribuna fazia o diagnóstico e traçava as grandes linhas para o país:

“A falta de caminhos públicos e o péssimo estado dos que há inibem o comércio interno, mais a

necessidade da reforma da agricultura, e de atrair fábricas…”

“Não ignorais senhores, os grandes progressos e melhoramentos que têm feito nas suas fábricas aquelas

nações que tão felizmente souberam aplicar… as manufacturas… que de tanta vantagem são para

aqueles que se dão a este tipo de comércio. … Entre nós, porém é manifesto o atrasamento neste ramo

importantíssimo.”

5. 1821 – FÁBRICA DE PAPEL DE GÓIS

1821 – FABRICA DE PAPEL DE GOES

Rio Sotam: rio proveniente da Serra da Lousã, passa pela povoação de Ponte do Sotam, freguesia e concelho de Góis, e junta-se ao rio Ceira na Epigenia do Ceira, conhecido também como Cabril do Ceira, na freguesia de Vila Nova do Ceira.

JOSÉ JOAQUIM DE PAULA e JOSÉ MARIA DE PAULA…

JOSÉ JOAQUIM DE PAULA JÚNIOR

VISTA ALEGREJosé Ferreira Pinto Basto (16 SET 1774 – 23 SET 1839)

Ponte de Sotam

Vista Alegre

?

É neste enquadramento de grandes dificuldades, mas também de grandes desafios, que os irmãos José Joaquim e

José Maria de Paula, oriundos de Lisboa, avançam para a construção de uma fábrica de papel, aproveitando as

condições favoráveis do Rio Sotam, junto à povoação de Ponte do Sotam.

Recorda-se que, pela mesma época, cavalgando esta onda de patriotismo desenvolvimentista, José Ferreira Pinto

Basto criava a Fábrica da Vista Alegre, no lugar da Vista Alegre. A primeira fábrica que pretendia fabricar

porcelana no país. Até aí toda ela vinha da China (diz-se até que chegava à Europa, pelo monopólio do português

Pero Solana – nome que por corruptela teria dado origem à designação de "porcelana" por evolução da

designação de "louça de perosolana").

A fábrica da Vista Alegre começaria por produzir vidro e durante anos teve dificuldade em conseguir chegar ao

fabrico da porcelana, mas persistiu, nunca desistindo, até que já na década seguinte o viria a conseguir,

encontrando as matérias primas mais adequadas e conseguindo concertar as condições ideias para o processo de

fabrico.

Testemunho desse importante passo, chegou até nós, uma primeira peça em porcelana dessa época com o

retracto do fundador empunhando uma chávena de porcelana na sua mão. Já então a fabrica tinha sido agraciada

com o estatuto de Real Fabrica da Vista Alegre, pela qualidade e distinção dos seus produtos.

Da Vista Alegre, do seu fundador, das peripécias que envolveram o seu arranque, conhecemos a história, as

dificuldades, o seu retracto, a sua vida e os seus êxitos e principalmente a evolução da empresa e o seu percurso

ao longo de quase dois séculos, que a colocou como uma das marcas de referência em Portugal, conhecida em

todo o mundo.

Ao invés, dos irmãos Paula não conhecemos o rosto, pouco sabemos das suas vidas e do que fizeram para pôr o

papel de Góis no mapa. Mas fizeram-no e o seu legado chegou até nós. Falta-nos conhecê-los melhor e saber

mais sobre o que fizeram, sobre as pessoas e os recursos que permitiram ainda hoje ter os seus feitos como

pilares da história de Góis.

6. 1822 OS PRIMEIROS PAPÉIS

1822 – OS PRIMEIROS PAPÉIS

CONSTITUIÇÃO POLITICADA

MONARCHIA PORTUGUEZALISBOA

NA IMPRENSA NACIONALANNO 1822

CARTA CONSTITUCIONALDA

MONARCHIA PORTUGUEZALISBOA

NA IMPRENSÃO RÉGIAANNO 1826

CONSTITUIÇÃO POLITICADA

MONARCHIA PORTUGUEZALISBOA

NA IMPRENSA NACIONAL1838

Felizmente dessa época e da história do país sabemos muito. E uma grande parte graças ao papel de Góis.

Estamos aqui perante as 3 primeiras constituições portuguesas e que chegaram até nós em papel daqui oriundo:

- Constituição Politica da Monarquia Portuguesa, Imprensa Nacional, 1822 – que D. João VI teve que aceitar.

- Carta Constitucional da Monarquia Portuguesa, Impressão Régia, 1826 – redigida pelo punho de Pedro IV.

- Constituição Politica da Monarquia Portuguesa, Imprensa Nacional, 1838 – uma fusão das duas anteriores.

São bem um retrato de uma época recheada de avanços e recuos, que marcou a vida do país nos tempos iniciais

do arranque da indústria papeleira em Góis.

7. 1841 PAPEL DE GÓIS SUPORTE DA HISTÓRIA

1841 – PAPEL DE GÓIS SUPORTE DA HISTÓRIAO ANTIQUÁRIO CONIMBRICENSE – efémero periódico de 9 números de JULHO 1841 a MARÇO 1842

Publicação para eruditos de que foi director o padre Manoel da Cruz Pereira Coutinho, Prior da Sé Velha

Carta de D. Sebastião ao Padre Geral e Convento do Mosteiro de Santa Cruz a pedir emprestada a espada e escudo de D. Afonso Henriques e consequente polémica sobre a autenticidade após a devolução

Em Julho de 1841, saía o primeiro número de “O Antiquário Conimbricense” efémero periódico de que seriam

publicados apenas 9 números, até Março de 1842. Mais uma vez o papel de Góis a ser suporte para a

perpetuação da nossa história.

Aqui ficaram registados diversos temas polémicos da nossa história. De que é interessante exemplo uma visita de

El-Rei D. Sebastião a Coimbra e, em seguimento, a carta que el-rei escreveu a pedir emprestados, ao Convento do

Mosteiro de Santa Cruz, a espada e o escudo de D. Afonso Henriques, para empunhar na expedição que estava a

preparar, para invadir o Norte de África (resultaria na futura batalha de Alcácer Quibir).

Muito curiosa ainda é a posterior polémica, também aqui publicada, sobre a autenticidade da espada atual,

questionando como poderia ter sido devolvida a espada, se o rei se perdeu? E pondo em causa a justificação

oficial que espado e escudo teriam sido deixados por D. Sebastião no barco, antes de sair para a batalha?!?!

8. 1853 MEMORIA HISTORICO-CHOROGRAPHICA

MEMORIA HISTORICO-CHOROGRAPHICAHenriques Secco, 1853

In MEMORIA HISTORICO-CHOROGRAPHICADOS DIVERSOS CONCELHOS DO DISTRICTOADMINISTRATIVO DE COIMBRA1853Antonio Luiz de Sousa Henriques SeccoImprensa da Universidade – Coimbra pág. 62

… alguns porém exercem o commercio, e outros a industria de papel,…

(*) A fabrica de papel foi fundada pelo actual proprietario o Sr. José Joaquim de Paula; ocupa regularmente entre 90 a 100 homens, mulheres e menores.

Através do testemunho de Henriques Secco, em 1853, na sua Memoria Historico-Chorographica dos diversos

concelhos do distrito administrativo de Coimbra, ficamos a saber que os habitantes de Góis se dedicam à indústria

agrícola, outros ao comércio e outros ainda à indústria, no fabrico de papel.

Acrescenta que, a fábrica fundada por José Joaquim de Paula, “ocupa regularmente 90 a 100, homens, mulheres e

menores.” Por estes dados que nos chegam graças a esta obra publicada pela imprensa da Universidade de

Coimbra, não ficamos a saber quantos menores faziam parte dos quadros da fábrica naquela época, mas sabemos

que os menores ainda seriam, por muitos anos, parte importante da capacidade produtiva do país.

9. 1874 PORTUGAL ANTIGO E MODERNO

PORTUGAL ANTIGO E MODERNOPinho Leal, 1874

In PORTUGAL ANTIGO E MODERNODiccionario Geographico, Estatistico, Chorographico, Heraldico, Archeologico, Historico, Biographico e Etymologico de todas as cidades, villas e freguezias de Portugal e de grande numero de aldeias

1874 pág. 283 – vol. 3Augusto Soares d’Azevedo Barbosa de Pinho LealLivraria Editora Tavares Cardoso & Irmão – Largo do Camões 5-6

Tem uma boa fabrica de papel, estabelecida em 1820, no sítio denominado Ponte Soutão. Emprega o motor hydraulico e os antigos processos. Trabalha apenas oito meses no anno, por falta d’agua durante a estiagem. Emprega 90 operários.

Duas décadas depois, ficamos a saber por Pinho Leal, que a fábrica mantém o nível de actividade e os antigos

processos.

“Tem uma boa fábrica de papel, estabelecida em 1820(?), no sitio denominado Ponte do Soutão. Emprega o

motor hidráulico e os antigos processos. Trabalha apenas oito meses no ano, por falta de água durante a

estiagem. Emprega 90 operarios.”

Nesta obra de vulto, com 12 volumes e mais de 7.000 páginas, o autor dedicou uma entrada de meia página a

Góis (que grafava Góes) e meia dúzia de linhas à sua fábrica de papel.

10. 1875 MANOEL IGANCIO DIAS

1875 – MANOEL IGNACIO DIAS

José Joaquim de Paula Júnior vende a fábrica e compra a Companhia de Papel do Prado.

A fábrica é adquirida por Manoel Inácio Dias. Em 1878 investe em nova máquina contínua.

Natural de Serpins, comerciante em Góis onde casara.

ALANTERNA

MÁGICA

Por GIL VAZ

n.º 512 JUN 1875

Fábrica de Papel

140 anos12 JUN 1875 – 12 JUN 2015

Em 1875, Manoel Ignacio Dias, natural de Serpins e comerciante em Góis, onde casara, compra a fábrica de papel

da Ponte Sotam ao antigo proprietário José Joaquim de Paula Júnior, filho do fundador, que entretanto decidira

investir na Companhia de Papel do Prado na Lousã.

Manoel Ignacio irá investir na remodelação da fábrica e na sua ampliação e modernização, incluindo uma

máquina contínua.

...

Curiosamente também nesse ano de 1875, vinha à luz do dia uma popular figura que sobreviveria até hoje. Pela

pena talentosa e imaginação inesgotável de Rafael Bordalo Pinheiro, nascia a figura de Zé Povinho, no número 5

do periódico “A Lanterna Mágica”.

Periódico onde pontificavam Guerra Junqueiro e Guilherme Azevedo, assinando pelo pseudónimo de GIL VAZ.

A própria grafia do nome GIL VAZ não é inocente e leva à sua leitura como uma única palavra. Lembro que

“gilvazes” termo hoje caído em desuso, mas ainda nos dicionários, era a palavra na época para os cortes que os

barbeiros faziam nas faces dos seus clientes. O que antecipa o teor de corte e censura que o periódico assumia.

Publicação efémera, que começara a 15 de Maio de 1875, num formato mais pequeno e de periodicidade

semanal, passaria a diária, com folga à segunda-feira. Ao principio, era uma publicação vespertina e depois, a

partir do n.º 18, começou a ser publicada de manhã. Também o formato aumentou a partir do número 8, de 1 de

Julho, quando passou a diário. Tudo isto é bem o espelho do espírito irrequieto de Rafael Bordalo Pinheiro.

Apesar do sucessos iniciais, “A Lanterna Mágica” duraria pouco mais de 2 meses, pois Rafael deixa-se seduzir pela

proposta de um ordenado milionário de 50 libras, que lhe dirige Manuel Carneiro, diretor do jornal humorístico

carioca "O Mosquito", e interrompe a publicação de “A Lanterna Mágica”, no 33º número (31 de Julho de 1875), e

parte para o Brasil.

Não podemos deixar hoje aqui de evocar a efeméride deste nascimento, que faz hoje, 13 de Junho de 2015,

precisamente 140 anos. Foi publicado, na véspera, em 12 de Junho, para comemorar o dia de Santo António de

1875, nas páginas centrais de “A Lanterna Mágica”, no seu número 5, primeira edição com data publicada na

última página, mas erradamente datada de 19 de Junho, tal como a seguinte, com o número 6, que repetiria a

mesma data, então correta de dia 19.

11. ZÉ POVINHO – UM RETRATO DE UMA ÉPOCA

Sendo um extraordinário retracto de época aqui fica, comemorando o dia de hoje, para deleite de todos.

O Zé Povinho (“seu Zé Povinho” - assim assinado nas suas próprias calças) está a ser “cravado” em mais um

peditório… (a palavra peditório é aqui claramente um eufemismo), para o Santo António.

O pedinte, para o Santo António, é António Serpa Pimentel, o Ministro da Fazenda (correspondente a Ministro

das Finanças - a Maria Luís Albuquerque da época).

E o Santo António é, nem mais nem menos, que o António… Maria Fontes Pereira de Melo – o Presidente do

Ministério (correspondente ao primeiro-ministro na altura), que leva ao colo “O Menino” – que é precisamente o

rei D. Luís.

Ao canto, quem observa com ar incisivo (armado de chicote e sobrevoado por moscas de cartola) é o comandante

da Guarda Municipal, o Barão do Rio Zêzere, sempre zeloso e vigilante pelo eficaz funcionamento destes

“peditórios”, prevenindo persuasivamente eventuais resistências.

A actualidade desta cena é exasperante!

Ironicamente talvez colocar hoje umas saias para a Ministra das Finanças e o protagonista Santo António seria

talvez transfigurado na atualidade em S. Pedro!

Sem mais palavras….

Ou talvez um mais parágrafo, apenas para enfatizar que esta cena está hoje aqui nas nossas mãos, porque o papel

a perpetuou e porque alguém teve o cuidado de o guardar e preservar para nosso deleite... e mais, conseguimos

percecionar a intenção rebuscada do autor porque ainda alguém mais nos deixou informação que permite

identificar hoje que o carrancudo, do lado esquerdo da imagem, era o chefe da polícia e Barão do Rio Zêzere, que

hoje não reconheceríamos, nem entenderíamos o alcance da ironia, porque já quanto aos demais protagonistas o

traço genial do artista é suficiente e permite-nos identificar sem dificuldade, o "Fontes" o "Serpa" e o rei...

12. 1889 DIAS NOGUEIRA & C.ª

1889 – DIAS NOGUEIRA & C.ª

1889

Exposição Universal de Paris

Francisco Inácio

Alfredo Élio

Manoel Ignácio Dias trespassa a fábrica para 4 filhos:

- Francisco Inácio (30 MAR 1865 - 17 OUT 1931)

- Alfredo Élio (29 SET 1866 - 9 MAR 1940)

- Annibal Dias (28 JAN 1875 - ? SET 1952)

- Clotilde Dias (19 MAI 1861 - 10 SET 1942)

1889 criada a firmaDIAS NOGUEIRA & C.ª

Manoel Ignacio

Em 1889, Manoel Ignacio trespassa a fábrica para quatro filhos, criando a firma Dias Nogueira & C.ª e dando um

novo impulso ao fabrico de papel em Góis.

Dos vários filhos que tinha, estão aqui incluídos os 3 mais velhos, vivos na altura, dos quais Francisco Ignacio e

Alfredo Elio serão figuras de proa nos tempos seguintes da empresa. E, curiosamente, também o mais novo,

Aníbal, com apenas 14 anos na altura.

Mas Aníbal, que seguiria a carreira médica radicando-se em Mortágua, não deixaria por mãos alheias a veia

empresarial que o pai aqui lhe detetava. Paralelamente, faria carreira no mundo dos negócios, fundando, em

Mortágua, uma fábrica de caramelos de marca “Lanche” com o mais nobre dos intuitos: fazer chegar o leite às

crianças que nessa altura não tinham acesso a ele, a que juntaria a faceta filantrópica criando uma creche em

Mortágua.

...

Também em 1989 e mantendo aqui o registo de percursos paralelos que vão fazendo a história, voltava a Rafael

Bordalo Pinheiro, para recordar aqui a presença de Portugal na Exposição Universal de Paris de 1889. A exposição

que foi pretexto para construir a Torre Eiffel.

Atrás tínhamos deixado Rafael a caminho do Brasil, para colaborar em "O Mosquito" que acabaria por comprar e

que assumiria por mais de um centena de edições. A seguir criaria o "Psit!!!", que viveria apenas 9 números e,

finalmente, "O Besouro", mas o seu estilo truculento não é bem aceite no Brasil e chega a ser alvo de atentados.

Uma polémica final com Ângelo Agostini obriga Rafael a cancelar a publicação de "O Besouro", em Março de

1879, e a regressar a Portugal.

Chegado a Portugal, funda "O António Maria" batizado com o nome do primeiro ministro (atualmente, Junho de

2015, corresponderia a uma publicação satírica de nome "O Pedro Manuel"). Anos depois encerraria o título, após

uma discussão com colegas de outros periódicos, com quem combinara fazer uma greve de 3 dias, contra as

medidas de censura que se faziam sentir. Acusado de falta de lealdade na proposta, pois os restantes periódicos,

sendo diários seriam prejudicados pela ação de greve programada, ao passo que "O António Maria" como

semanário que era fugia ao prejuízo!! Excessivo, como sempre, a resposta de Rafael foi drástica... extremou o seu

protesto e encerrou definitivamente o seu jornal.

Avançaria mais tarde para nova publicação: "Os pontos nos ii" onde encontramos, precisamente em 1889, muito

da aventura portuguesa na Exposição Universal de Paris ao mesmo tempo que arrancaria em 1884 com uma

fábrica de faiança artística nas Caldas da Rainha.

A presença portuguesa na Exposição de Paris estava, na altura, em risco pois o pavilhão já estava construído mas

não havia ideias nem ações para promover o seu conteúdo expositivo. Rafael Bordalo Pinheiro, no seu “Pontos

nos ii”, era crítico contundente e sistemático, à inépcia de João Crisóstomo Melicio, Visconde de Melicio,

responsável nomeado para organizar a presença portuguesa no certame.

Tanta crítica fez n' "Os pontos nos ii" que o governo o chamou e desafiou a organizar a representação. Rafael

lutador, não virou a cara à luta, e aceitou o repto. Partiu para Paris, pôs a sua fábrica de faianças a trabalhar para

o evento, endividou-se e endividou a sua empresa, e numa corrida contra o tempo, numa azáfama indescritível,

não deixou o seus créditos por mãos alheias: No dia de abertura Portugal tinha um Pavilhão que o representava

com total dignidade.

E mais, o resultado final foi de tal forma que no fim do certame o pavilhão português ganhou a medalha de ouro

do certame, a fábrica Bordalo Pinheiro das Caldas da Rainha foi galardoada com uma menção honrosa e o

próprio Rafael foi distinguido como Cavaleiro, distinções que recebeu das mãos do Presidente Francês.

13. 1897 – NOTICIA HISTORICA E TOPOGRAPHICA DE GOES

NOTICIA HISTORICA E TOPOGRAPHICA DE GOESBaeta Neves, 1897

In NOTICIA HISTORICA E TOPOGRAPHICADA VILLA DE GOES E SEU TERMO1897J. Affonso Baetta NevesTypographia Baeta Dias - Rua Augusta 21-25 pág. 56

O fabrico de papel é a única industria que, ao presente, existe na freguezia e, ainda assim, em uma só fabrica, situada na povoação de Ponte Sotam. Foi fundada em 1828 por José Joaquim de Paula. Fabricou durante muitos annos pelo systema de fôrmas, achando-se hoje transformada no sistema continuo. É propriedade do Sr. Manoel Ignacio Dias que, à custa de perseverante trabalho dotou este seu estabelecimento dos principaes melhoramentos modernos.

No final do século XIX, José Affonso Baeta Neves, dá-nos conta de que “o fabrico de papel é a única industria, que,

ao presente, existe na freguesia”. Refere que depois de muitos anos a fabricar pelo sistema de “fôrmas” se

encontra agora transformada no “systema continuo”, elogiando os principais “melhoramentos modernos” de que

foi alvo o processo de fabrico.

Refere a fundação em 1828(?).

14. O DOMINGO ILLUSTRADO - Archivo de Historia Patria

DOMINGO ILLUSTRADO Archivo de Historia PatriaJUNHO, 1898

In O DOMINGO ILLUSTRADOARCHIVO DA HISTORIA PATRIAn.º 82, Junho 1898Typographia Bibliotheca Popular de Legislação

Lisboa – Rua dos Mouros 43 pág. 366

Em 1820 fundou-se aqui uma boa fabrica de papel, no sitio chamado Ponte Soutão. É movida por motor hydraulico, de modo que nos quaro meses estivaes tem de suspender os trabalhos em razão da falta de agua.Ainda assim emprega numeroso pessoal, e os artefactos que produz são de excelente qualidade.

"Colecção de apontamentos históricos, relativos às cidades, villas e parochias do reino", publicada entre 1897 e

1900 (5 volumes - 256 fascículos), refere no n.º 82, de Junho de 1898, que:

"Em 1820 fundou-se aqui uma boa fabrica de papel, no sitio chamado Ponte Soutão. É movida por motor

hydraulico, de modo que nos quatro meses estivaes tem de suspender os trabalhos em razão da falta de agua.

Ainda assim emprega numeroso pessoal, e os artefactos que produz são de excelente qualidade."

15. 1901 – A COMARCA DE ARGANIL

1901 - A COMARCA DE ARGANIL - 1905n.º 3

1. º ANNOin pág. 1 e 2

27JANEIRO

1901

n.º 201ANNO Vin pág. 4

1JANEIRO1905

Artigo que aponta para o ano de 1820(?)o estabelecimento da fábrica de papel. E confessa que as primeiras produções deixariam muito a desejar. Mas a experiência e aplicação de conhecimentos consecutivamente adquiridos completaram gradualmente o propósito dos industriais, a ponto que das oficinas de Góis saiu papel de primeira qualidade em concorrência com os produtos de outras fábricas de fama.

A Comarca de Arganil logo no seu terceiro número, de 27 de Janeiro de 1901, dedicava ao concelho de Góis a

primeira página e boa parte da segunda.

Integradas neste longo artigo e ainda na primeira página, encontramos meia centena de linhas dedicadas ao

fabrico de papel em Ponte de Sotam

Artigo que aponta para o ano de 1820(?) o estabelecimento da fábrica de papel. E confessa que as primeiras

produções deixariam muito a desejar. Mas a experiência e aplicação de conhecimentos consecutivamente

adquiridos completaram gradualmente o propósito dos industriais, a ponto que das oficinas de Góis saiu papel de

primeira qualidade em concorrência com os produtos de outras fábricas de fama.

No entanto, é preciso esperar quatro anos para que, em 1905, já no quinto ano de publicação de A Comarca de

Arganil, no número 201, de 1 de Janeiro de 1905, se possa encontrar (na quarta e última pagina desta edição

então ainda semanário) uma primeira referência publicitária à Fábrica de Papel de Góis, que destaca como

proprietários Dias Nogueira & C.ª.

Curiosamente, este anúncio, que depois se manteria ao longo do tempo, aparece no primeiro número de “A

Comarca” em que Francisco Ignacio Dias Nogueira assume a Direcção do jornal e em que, pela primeira vez, no

seu cabeçalho se assume como “Semanário Regenerador”, abandonando o conceito de abrangência, que até ali

perfilhara, e inaugurando uma época mais truculenta e controversa desta publicação.

16. 1906 COMPANHIA DE PAPEL DE GÓIS

1906 – COMPANHIA DE PAPEL DE GOESNasce a Companhia de Papel de Góis SARLSociedade anónima por escritura de 13 de Janeiro de 1906

A ESCOLA MARIA PIA, fundada em 1885 pela Câmara Municipal para a educação de raparigas foi convertido em liceu.

O PRIMEIRO LICEU FEMININO do país segue o curriculum dos liceus masculinos, mas acrescenta disciplinas especificas como Economia, Culinária, Higiene, Pedagogia, Moral Caligrafia, Música e Trabalhos Manuais.

Francisco Ignacio, Annibal Dias, Alfredo Élio, Manuel Nogueira Ramos, padre Francisco Pereira Pinto, padre Manuel Simões Barata, António Torres Dias Galvão, Joaquim Antunes Garcia Júnior (Barão de Vila Garcia)…

Curso transitorio do Lyceu Maria Pia - 31 JAN 1906

1250 ações de 100 mil réis capital subscrito por 3 dezenas de goienses:

A 13 de Janeiro de 1906 nasce a sociedade anónima Companhia de Papel de Góis SARL, com 1.250 acções de

100.000 réis, capital subscrito por 3 dezenas de goienses, entre os quais:

Francisco Ignacio Dias Nogueira, Annibal Dias, Alfredo Élio Dias Nogueira, Manuel Nogueira Ramos, padre

Francisco Pereira Pinto, padre Manuel Simões Barata, António Torres Dias Galvão, Joaquim Antunes Garcia Júnior

(Barão de Vila Garcia),…

...

Na mesma altura nascia em Lisboa o primeiro Lyceu Feminino do país. As meninas passam também a ter acesso a

este tipo de ensino, mas aos currículos masculinos existentes são aditadas novas disciplinas tais como culinária,

higiene, pedagogia, etc...

Este primeiro liceu feminino resultou da conversão da Escola Maria Pia, fundada pela Câmara Municipal, em

1885, e então vocacionada para o ensino básico de raparigas.

Com esta inovação de abertura deste nível de ensino às meninas, começava também, com este pioneiro

estabelecimento de ensino, a moda de liceus femininos para um lado e de liceus masculinos para o outro, pratica

que chegaria aos nossos dias...

17. 1908/1910 PAPEL E ELECTRICIDADE

1908/1910 – PAPEL E ELECTRICIDADEPresidente: Francisco IgnacioDirector Técnico: Alfredo ÉlioDirector: Annibal Dias

Setembro 1907: início obras Monte Redondo

Dezembro 1909: equipamento afunda-se no Douro

29 Junho 1910: inaugurada Monte Redondo

2 Julho 1910: inaugurada eletricidade na fábrica

Manuel Gustavo Bordallo Pinheiro - Lisboa, 20 Julho 1867 / Caldas da Rainha, 8 Setembro 1920

REGICÍDIO

D. Carlos e D. Luís Filipe assinados no Terreiro Paço a 1 de Fevereiro

1908

1910VIVA A REPÚBLICA

D. Manuel II é deposto. Instaurada a República

Portuguesa a 5 de Outubro

A Companhia de Papel de Góis continuava a investir. Além da fábrica agora virava-se para um conceito de

complementaridade, inovador na época, apostando na produção de energia hidroelétrica.

As obras começam em Setembro 1907, com a adjudicação das fundações da barragem em Monte Redondo, a um

empreiteiro de Coimbra, Francisco Amaral, por 3 contos de reis. Enquanto a construção do edifício ainda

aguardava os desenhos, que viriam da Alemanha, e cujos trabalhos se iniciariam em 1908.

Na mesma altura em que Portugal vivia o regicídio, com D. Carlos e o príncipe Real Luiz Filipe a serem

assassinados no Terreiro do Paço.

Dois anos depois, as obras seriam ainda perturbadas pelo afundar nas cheias do Douro, de Dezembro de 1909, do

equipamento vindo da Alemanha, mas com este revés superado pela encomenda de novas máquinas, finalmente,

em 29 de Junho de 1910, seria inaugurada a Central de Monte Redondo, para logo a seguir, em 2 de Julho, ser

inaugurada a eletricidade na fábrica da Ponte do Sotam.

Tudo isto a menos de 3 meses da implantação da República em Portugal. O país continuava em polvorosa.

...

Pela mesma época, a história conta-nos episódios que nos fazem pensar como se conseguem perpetuar

empresas…

No percurso paralelo que estamos a fazer recuamos a Janeiro de 1905, data em que morre Rafael Bordallo

Pinheiro. Com a sua morte são executadas as hipotecas que estavam pendentes desde a sua presença da

Exposição Universal de Paris em 1889. A fábrica de faianças das Caldas, que tinha fundado com seu irmão

Feliciano, vai a hasta pública e é adquirida por em empresário alentejano, Godinho Leal, que lhe procura dar

outro rumo.

O filho de Rafael, Manuel Gustavo, que cooperava com o pai no novo jornal "A Paródia" e na fábrica, assumiu

como questão de honra dar continuidade à obra do seu progenitor. Não baixou os braços e combateu na justiça,

invocando que a penhora existente era sobre o edifício da fábrica e não sobre o património intelectual do pai e

dos seus moldes, que eram legitimamente herança sua. A justiça viria a dar-lhe razão, em 1908. A partir daí

construiu uma nova fábrica, nos terrenos adjacentes à anterior, junto à casa de sua irmã. Fábrica que chegou aos

nossos dias e preservou o legado Bordallo Pinheiro, ao contrário da fábrica original que se viria a perder para

sempre.

18. 1912 (a nova) COMPANHIA DE PAPEL DE GOES

1912 – (a nova) COMPANHIA DE PAPEL DE GOES

CENTRAL DE MONTE REDONDO

INAUGURAÇÃO DA ILUMINAÇÃO

ELÉCTRICAEM GÓIS

Recita de Gala2 AGOSTO 1912

Após uma fase de grandes investimentos entre 1906 e 1012 entra-se numa época de notoriedade da Companhia Papel de Góis

162 GREVESAGITAÇÂO SINDICALAGITA O PAÍS

ferroviários da Beira Alta, corticeiros do Alentejo,

conserveiros de Portimão, empregados da Carris,

funcionários da C.ª do Gás, gráficos, chauffeurs,

estudantes, electricistas, operários têxteis, metalúrgicos…

1912

Após mais um período de grandes investimentos, em maquinaria e instalações, entre 1906 e 1912, entra-se numa

época de grande notoriedade para a Companhia de Papel de Goes.

Entretanto o resto do país continuava tumultuoso e vivia um ano de greves sucessivas…

A 2 de Agosto de 1912, uma récita de gala na AERG comemoraria a inauguração da iluminação elétrica em Góis,

tornando a vila a primeira povoação de toda a região centro, a ter acesso a esta modernidade.

As primeiras experiências em Portugal de iluminação pública, tinham tido lugar cerca de trinta anos antes, em 28

de Setembro de 1878, com a colocação de quatro candeeiros exteriores, vindos de Paris, na Cidadela de Cascais,

para os festejos do 15.º aniversário do príncipe D. Carlos e depois, em 31 de Outubro do mesmo ano, pelo

aniversário do rei D. Luís, a experiência seria repetida com os mesmos candeeiros no Chiado.

19. 1912 PUBLICIDADE TESTEMUNHO DA HISTÓRIA

1912 – Publicidade testemunho da história

BÓNUS HAVANEZA GOIENSEEm todas as COMPRAS A DINHEIRO, distribue aos seus estimaveis freguezes SENHAS DA “HAVANEZA GOIENSE” dando direito a lindos e valiosos brindes, escolhidos á vontade do freguez, entre todos os artigos expostos á venda.in A COMARCA DE ARGANIL n.º641 - 17JUL1913

Estratégia de fidelização de clientes com mais de 100 anos ->

HAVANEZA GOIENSE desde 1912

Papel de todas as qualidades da COMPANHIA DE PAPEL DE GOES. Vendas para revendedores em concorrência com as casas do Porto

->

Em 1912, Góis vivia outro momento que se perpetuaria até hoje. Nascia a Havanesa Goiense, por transformação

do estabelecimento, já então com muitos anos, de Claudino Nogueira de Campos, na altura ainda na Rua da

Ponte. O estabelecimento transitaria, em 1916, para o emblemático edifício que todos conhecemos na Praça.

Em fotografia da época, reconhecemos o fundador Claudino, à porta da primeira Havaneza, na época da criação

da marca, na Rua da Ponte, ladeado pelo seu filho José, seu continuador, ao tempo em que o seu filho mais velho,

Francisco, ainda era contabilista na Companhia de Papel de Góis.

Evoca-se aqui este acontecimento pois é a própria Comarca de Arganil, numa inserção publicitária, que nos

mostra que na Havaneza não só se vendia o papel da CPG como também funcionava como seu distribuidor,

anunciando:

“Papel de todas as qualidades da Companhia de Papel de Goes".

"Vendas para revendedores em concorrência com as casas do Porto”.

Curioso que o conceito das grandes superfícies de hoje, com uma infinidade de produtos e ofertas, já estivesse

presente numa pequena loja de Góis, que vendia há mais de um século: mercearias, ferragens, tintas, papelaria,

artigos de escritório, brindes, carboneto e gasómetros, bonecas, brinquedos, artigos para floristas, relógios,

pastas de dentes, harmónicas, postais ilustrados, gravataria e perfumaria, licores, vinhos, cervejas, louças e

vidros, charruas e acessórios, isqueiros, bolachas e biscoitos, impressões, bicicletas, etc… etc… etc… e até jogo

para todas as lotarias.

E mais significativo, já usava então, já lá vão mais de 100 anos, estratégias de fidelização dos seus “estimáveis

clientes”, com a atribuição de senhas em todas as compras em dinheiro, “dando direito a lindos e valiosos brindes

à vontade do freguez.”

Senhas de Bónus Havanesa Goiense ao nível do que hoje de melhor fazem os cartões de fidelização por pontos…

20. 1918 PRIMEIRAS 1.ªs PÁGINAS

1918 primeiras Primeiras Páginas

9 ABR - Batalha de La Lys14 OUT - Carvalho Araújo abatido16 OUT - Leva da Morte em Lisboa14 DEZ - Assassínio Sidónio Paes

n.º 8 Julho de 1918 n.º 9 Setembro de 1918 n.º 11 Dez 1964 n.º 66 Jan 1971

n.º 490 18 AGO 1910 n.º 509 1 JAN 1911 n.º 1191 27 MAR 1924 n.º 1357 1 JUL 1927 n.º 3529 25 MAR 1949

Francisco Inácio (1865-1931) Alfredo Élio (1866-1940)1918

Em 1918, a Revista Indústria nos seus números 8, de Julho, e 9 de Setembro, dedica não só a primeira página

como a quase a totalidade desses números aos protagonistas Álvaro Dias e Alfredo Élio e ao fabrico do papel em

Ponte de Sotam, dando um rico testemunho de época da importância de Góis no contexto nacional.

...

No mesmo ano Portugal vivia, a 9 de Abril, o desastre da batalha de La Lyz; a 14 de Outubro, o Comandante

Carvalho Araújo era abatido pelos alemães ao interpor a sua corveta para salvar um navio português de

passageiros; a 16 de Outubro, Lisboa vive uma chacina que ficou conhecida como a “Leva da Morte” e a 14 de

Dezembro, o presidente Sidónio Paes era assassinado na estação do Rossio, quando se dirigia para o Porto.

21. MEMÓRIAS DE UM COLEGIAL

Memórias de um colegial

Fábrica de Papel de GóisFundada em 1821José Joaquim de Paula (Sénior)Machinismos rudimentares240 ton. de papel fabrico manual Hoje machinismos alemãesFabrica 4.000 kg diáriosÓptimo papel rivaliza estrangeiroForça hydroeléctrica Mt. RedondoQueda de água de 14 metros…

Illuminação da villa de GoesBrevemente vae ser inaugurada…

Despesas dos directoresBreve será a primeira do país

2 de Julho de 1923

Lausanne 21 MAR1918

Texto para a aula de Geografia da turma A

"Attendendo ao trabalho que deve sêr apresentado pelos alunnos que compoem a aula de geographia da turma

A, entendi dever como ouvinte da mesma turma, se bem que na qualidade de externo, apresentar egual trabalho,

talvez não tão minucioso devido ao pouco tempo e pequenos conhecimentos de confecção de memorias ou

dessertações" são as palavras de um irreverente jovem que decide escrever um breve texto sobre a Fábrica de

Papel de Góis para um trabalho de engrandecimento da sua terra, apresentado como percebemos para a aula de

geografia da turma A no Colégio Figueirense, onde era externo na altura.

As ideias chave do despretensioso texto sobre a Fábrica de Papel de Góis são:

"Fundada em 1821 por José Joaquim de Paula (Sénior). Começou com machinismos rudimentares produzia 240

ton. de papel de fabrico manual. Hoje com machinismos alemães movidos por força hydro-eletrica, fabrica 4.000

kg diários de óptimo papel que pode rivalizar não só com o nacional mas até com o estrangeiro. A força electrica é

produzida por uma queda d'agua de 14 metros de altura existente no sitio chamado Monte Redondo distante de

Goes 5 kilometros. É uma obra dum valor que merece ser vista, não só pela perfeição dos machinismos de que é

composta como tambem para admirar o trabalho e perseverança e despesa que tiveram os directores da fabrica

de Papel de Goes, que em breve será a primeira do país."

Acrescenta ainda uma referência à... "A illuminação da villa de Goes que brevemente vae ser inaugurada."

Trata-se do mesmo irreverente jovem que pouco tempo antes passara uma noite nos calabouços por ordem de

prisão ditada expressamente pelo Presidente da Câmara de Góis, por desobediência à sua postura camarária que

proibia o lançamento de foguetes para prevenir incêndios e que o nosso jovem ignorara nos festejos que estava a

organizar...

Esta memória é hoje relevante pois este presidente da Câmara que manda prender o nosso jovem era, nem mais

nem menos que o seu próprio pai: Francisco Inácio Dias Nogueira, mostrando-nos e inflexibilidade dos princípios

da época.

Álvaro Dias partirá, em Agosto de 1912, para a Suíça, onde se formará em engenharia, em Lausanne. Continuará

depois em fábricas no estrangeiro para completar os seus conhecimentos. E, mais tarde, vamos encontrá-lo de

novo, no dia 2 de Julho de 1923, dia do seu 32.º aniversário, a ser nomeado engenheiro da Companhia de Papel

de Góis, com uma dupla festa de tal vulto, que deixará memórias nas páginas dos jornais.

22. 1932 UM BECO COM SAÍDA

1932 um beco com saídaExposição de 11 páginas da direcção ao Presidente da Companhia Geral do CPP

Goes, 7 de Julho de 1932.-Exmº. Snr. Presidente e vogaes do Conselho de Administração da Companhia Geral do Credito Predial Português… … … … … … … … … … … … …A Companhia de Papel de Goes certa que o esclarecido espirito

do Exmº. Conselho a que se dirige se iguala em altura com a benevolenciaque lhe tem dispensado espera de V. Exas. Uma resposta, benevola ainda, sem prejuizo dos altos interesses confiados à sua sabia direcção e salvaguarda.

E, pedindo desculpa da extensão desta carta que lhe pareceu não podia ser reduzida a mais breves termos, os seus Directores teem a honra de se assinar com a mais elevada consideração e agradecimento

De V. ExasMtº. Atos, Vnrs. e Obgdos.

O documento faz uma explanação da situação, refere a fundação da Companhia em 1905(?) e sintetiza um breve historial da empresa, suas dificuldades e as linhas de futuro que se propõem…

Após mais um período de grande decadência, em que até a propriedade da fábrica foi caucionada, a produção

parou e a maquinaria se degradou gravemente, encontramos numa longa exposição de 7 de Julho, dirigida pelos

directores ao presidente e vogais do Conselho de Administração da Companhia Geral do Crédito Português, o

sinal de esperança na reativação do fabrico de papel em Góis.

O documento faz uma explanação da situação, sintetiza um breve historial da empresa, suas dificuldades e as

linhas de futuro que se propõem…

Terá sido este o impulso decisivo para uma nova vida da Companhia? Estamos crentes que sim!

O documento de 11 páginas dactilografas está estruturado em 10 pontos.

Após uma explicação detalhada da situação e das razões porque ali se chegou, enquadra uma síntese histórica da

empresa, referindo a fundação da Companhia em 1905(?), apresenta as suas dificuldades e contrapõe as linhas de

futuro que se propõem seguir… incluindo ainda um diagnóstico da situação, elenca as capacidades e

competências que a fábrica tem e identifica responsáveis próximos, rotulados de “criminosos”, integra estudo de

mercado sumário da concorrência e apresenta o cenário de viabilização, sustentado com as linhas mestras de um

estudo de viabilidade, que poderá levar à recuperação da fábrica e à recuperação da empresa.

Autêntico tratado da história da Companhia, no primeiro quartel do século XX, é ainda um manual de

sobrevivência da empresa e um estudo seguro para a viabilização da indústria do papel em Góis.

Por texto refundador, ficamos também a saber que a fábrica da Ponte se encontra desmantelada, como a

criminosa Sociedade Fabril e Comercial de Papéis Ltdª a deixou, e incapaz de laborar.

Informa que, para a sua recuperação e melhoria, tem já em seu poder orçamento e correspondência com a Casa

Georges Duveaux de Angouleme, com a qual a Companhia, para adiantar tempo, tem estado em negociações.

Comunica ainda que já está decidido o aumento de capacidade de produção da Central Hidroeletrica de Monte

Redondo e a sua valorização por meio de contrato ajustado com a firma Padilha, Rebelo & C.ª Ltdª. da Lousã,

acrescentando que, embora já assinado, o acordo carece ainda de escritura, por se entender que devia ser

previamente submetido à apreciação do Exmo. Conselho do Crédito Predial Português, no enquadramento geral

da presente carta (será ainda com base neste negócio que eletricidade chegará, no ano seguinte, à Lousã).

Conclui com um pedido de desculpa pela extensão da própria carta, fechando com o tradicional à época:

“De V. Exas / Mtº. Atos, Vnrs. e Obgdos"

23. 1933 HISTÓRIA E LENDAS

1933 HISTÓRIA & LENDAS8 de Maio de 1933 renascimento + modernização + nova máquina contínua + segundo gerador 400 kVA em Monte Redondo + electricidade na Lousã

Azáfama não é Produtividade

Álvaro de Paula Dias Nogueira2 JUL 1891 - 10 AGO 1951

A Fábrica de Papel de Góis. Ponte Sótão. Lugar muito interessante para excursão. (Balfer)

1933

Entra em vigor a Nova Constituição

Nasce o Estado Novo

23 de Março de 1933A Papeleira Portuguesa, Ldª.

em 1953: A Papeleira de Góis

Carlos Barata

A 8 de Maio de 1933, a fábrica renasceria e seria modernizada, incluindo a instalação de uma nova máquina

contínua e expandia a capacidade de produção com um segundo gerador de 400 kVA, em Monte Redondo.

É ainda criada a “A Papeleira Portuguesa”, que 20 anos depois se passaria a chamar “A Papeleira de Góis”.

Ainda nesse ano de 1933, a eletricidade de Monte Redondo chegaria à Lousã.

Francisco Inácio tinha morrido em 1931, já não veria esta reabertura que era o seu sonho de sempre, e seria seu

filho Álvaro Dias quem protagonizaria este novo período áureo da Companhia. A empresa adquiria novas

capacidades e singraria para um novo (mas relativamente curto) período de sucesso pois não adivinharia que

nova guerra mundial se aproximava....

...

A história e as lendas fundem-se por vezes. Sendo as lendas parte da história e ficando difícil discernir uma

fronteira segura entre ambas. São desta época lendas deliciosas que chegaram aos nossos dias.

Como a que conta que o engenheiro Álvaro Dias muito estranhava que quando chegava à fábrica estava sempre

tudo nos seus postos e tudo irrepreensivelmente alinhado. Não sabemos se chegou a descobrir que sempre que

saía de casa, o zeloso funcionário Carlos Barata, que trabalhava, no Largo do Pombal, no escritório mesmo em

frente da casa do engenheiro Álvaro Dias, prontamente pegava no telefone e ligava para a fábrica a avisar que

tomassem a devida “atenção que o Senhor Engenheiro vai a caminho…”!

Ou outra lenda que conta que sempre que visitava a fábrica na companhia da esposa, sofria com os comentários

ásperos que a D. Olinda sempre lhe exprimia. De facto, a D. Olinda sempre rigorosa e exigente como, ao mesmo

tempo, mãos largas e bondosa para quantos a rodeavam, ficava sempre perplexa, ao visitar a fábrica, e ver a linha

contínua em grande produção e, ao longo da linha, muitos funcionários, em cada um dos postos de trabalho, a

olharem a máquina, de mãos nos bolsos, aparentemente sem nada fazerem… Imaginamos hoje que “Mandriões”

seria o epiteto mínimo de que seriam alvo os pobres dos funcionários.

Até que um dia o engenheiro Álvaro combinou com o chefe de turno e após ter ouvido uma vez mais o habitual

comentário, deu o sinal combinado e o trabalhador, discretamente e deliberadamente partiu o papel em

produção, lançando a confusão na linha de produção. De imediato, a azáfama foi indescritível com todos os

operários, ao longo do comprido circuito, a saltaram para a máquina para reporem a produção e recolocarem o

processo de fabrico no habitual encaminhamento. Terá sido com muito carinho que o engenheiro Álvaro Dias,

olhou ternamente a esposa e ouviu com condescendência o comentário “- Ah, assim sim! Assim é que é

trabalhar!” enquanto pensava para com os seus botões: “Azáfama não é produtividade”.

24. A ABELHEIRA E O FABRICO DO PAPEL EM PORTUGAL

A ABELHEIRA e o fabrico de papel em PortugalGustavo de Matos Sequeira, 1935

In A ABELHEIRA e o fabrico de papel de Portugal

1935Gustavo de Matos Sequeira (1880-1962)Tipografia Portugal – Rua da Rosa 14-16 Lisboa

1821 – Fábrica de Papel de Góis, no sitio da Ponte Sotam, junto ao rio Ceira. Em 1874 empregava um motor hidraulico e usava os antigos processos. Por falta de água, durante a estiagem, trabalhava só oito meses no ano. Pertencia em 1844 a Joaquim de Paula e tinha o seu armazem na rua da Madalena, 129 e 130. Concorreu à Exposição de Lisboa, de 1844, promovida pela “Associação Promotora da Industria Nacional”. Em 1881, quando foi do “Inquérito Industrial” era propriedade de Manuel Ignacio Dias e produzia papel de pêso, de embrulho, de côres, almasso, de impressão, manteigueiro e para tabaco.

No livro de Gustavo de Matos Sequeira, publicado em 1935, dedicado à fabrica da Abelheira está integrada um

nota sobre a Fábrica do Papel de Góis, que nos testemunha o seu nascimento em 1821, acrescenta que, em 1874,

usava um motor hidráulico e os antigos processos, e que por falta de água trabalhava só oito meses por ano. Em

1844, pertencia a Joaquim de Paula e tinha o seu armazém na Rua da Madalena, aos números 129 e 130. Em

1844, concorreu à Exposição de Lisboa, promovida pela “Associação Promotora da Indústria Nacional”. E que,

aquando do Inquérito Industrial, em 1881, era propriedade de Manuel Ignacio Dias e produzia "papel de pêso, de

embrulho, de côres, almasso, de impressão, manteigueiro e para tabaco".

25. 1945 EM TEMPOS DE GUERRA OUTRA VEZ

1945 – em tempos de guerra outra vezA turbulência da década 40, a conjuntura económica, a II Grande Guerra e a falta de capitais próprios precipitam a empresa para nova crise

Góis vive os tempos áureos do volfrâmio, o papel passa por tempos difíceis.

CPG em 1945 por Balfer

A turbulência da década de 40, a conjuntura económica, a II Guerra Mundial e a falta de capitais próprios

precipitam a empresa para nova crise.

De realçar que em contraciclo, Góis vive tempos “áureos” – são os tempos do volfrâmio! Período efémero mas

que marcou fortemente essa época e quem a viveu.

26. 1949 PUBLICIDADE EM TEMPOS DE CRISE

1949 – Publicidade em tempos de crise

COMPANHIA DE PAPEL DE GÓISSede Ponte do Sótão // Central Electrica em Monte RedondoConcessionária da rede electrica no concelho de Góis

FABRICAPapéis correntes e de máquina de escrever, escritas, sobrescritos comerciais, impressão, capas, jornal, fantasias, almaços, cartolinas

CONCESSIONÁRIA EXCLUSIVA PARA VENDA

PAPELEIRA PORTUGUESA LIMITADA - Lisboa

- António Óscar Fragoso Carmona, candidato único à Presidência da Republica (Norton de Matos desiste)

-Portugal é um dos 12 membros fundadores da NATO

-O Doutor António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz recebe o prémio Nobel da Fisiologia e Medicina

-Almada Negreiros pinta os murais da Gare de Alcântarain TERRAS DO MONDEGO n.º1, 2 e 3 - 1949

Testemunho de uma ampla oferta da generalidade de papeis no seu sector

A publicidade inserida nos três primeiros números da revista “Terras do Mondego” testemunha ainda uma ampla

oferta da generalidade de papéis no sector disponibilizada pela Companhia de Papel de Goes.

A Revista seria efémera, ficar-se-ia pelo número 4. E sintomaticamente este último número já não integrava

publicidade à Companhia de Papel de Góis. Sinais da crise que já a tomava?

27. 1952 A RECUPERAÇÃO

1952 – A recuperaçãoUma outra linha da família personalizada em Henrique de Paula Nogueira, com Aníbal Dias e Alberto Baeta da Veiga, inicia novo ciclo, recuperando a empresa e levando-a para uma nova fase com três décadas de franco desenvolvimento.

Na foto - 4 gerações / 4 épocas da CPGNa parede topo:

Manoel Ignacio

Na parede em baixo: Francisco Inácio e Alfredo Hélio

Na mesa da esquerda para a direita: Henrique de Paula NogueiraÁlvaro Dias NogueiraAníbal Dias

1.º PLANO DE FOMENTO (1953-1958) - aprovado a 29 Dezembro 1952

13,5 milhões de contos. Prioridade à agricultura com investimentos em infraestuturas que apontam para o crescimento progressivo da indústria. 4 planos de fomento: I – 1953-58 II – 1959-64 III – 1967-73 V – 1974-79

A partir de 1952, uma outra linha da família, personalizada em Henrique de Paula Nogueira, (médico e professor

de carreira) com Aníbal Dias e Alberto Baeta da Veiga, iniciam novo ciclo, recuperando a empresa e com

sucessivos investimentos, levam-na, nas três décadas seguintes, a novo período de sucesso.

Numa foto da época é possível identificar as quatro gerações que dinamizaram este segundo período da

Companhia, ao longo de mais de um século (e que deram continuidade às duas gerações fundadoras): Na parede,

a foto de Manoel Ignacio (primeira geração). Por baixo, as fotos da geração seguinte: Francisco Inacio e Alfredo

Hélio. Na mesa, Aníbal Dias, ainda da segunda geração (irmão mais novo dos dois anteriores) na companhia de

Álvaro Dias, da terceira geração, e de Henrique Paula Nogueira e seu irmão, da quarta geração, que seria o

timoneiro que se seguiria na época de revitalização seguinte.

O álbum de fotos fica incompleto, porque, como já referido atrás, a história não guardou retratos das duas

gerações iniciais. A memória ficou perdida no tempo.

28. CONCELHOS DE PORTUGAL

CONCELHOS DE PORTUGALRaul de Carvalho, 1970

In MONOGRAFIAS CPConcelhos de PortugalEditor Raul de CarvalhoNovembro de 1970Tipographia A UNIÃO – Torres Vedras

Sabíamos ainda que nada similar se fizera desde 1870, data em que um ilustre goiense, o Dr. Henriques Secco, decidira coligir alguns dados histórico sociais e escrever uma pequena e valiosa monografia.

Numa monografia publicada em Novembro de 1970, pelo editor Raul de Carvalho e dedicada ao concelho de Góis,

são reservadas duas páginas à Companhia. Infelizmente o documento padece de muitas inconsistências logo na

abertura o que não abona a favor da credibilidade deste trabalho que deveria ser de referência.

Refere como "goiense" Henriques Secco que nasceu em Antuzede, Coimbra, e a sua monografia como sendo de

Góis, quando é de todo o Distrito de Coimbra, situando-a em 1870 quando é de 1853. Pretensiosamente afirma

que desde essa data não se fez nada igual, esquecendo por exemplo o trabalho, esse de referência, de J. Affonso

Baetta Neves, de 1897. Sobre a fábrica afirma no capítulo "Homens Ilustres" que "um Manuel Joaquim de Paula e

o José Joaquim de Paula que em 1820 fundaram a fábrica de papel" para depois no capítulo dedicado à Indústria

já afirmar que "A instalação da indústria do papel em Ponte do Sotam remonta aos primeiros anos do século XIX,

mais precisamente ao ano de 1821."

29. 1976 INTAPE SA

1973 – INTAPE SAConstituída em 30 de Junho de 1971 a INTAPE – Indústria Transformadora de Papéis, SA, para fabricar “papéis de alto brilho” inicia a produção em JANEIRO de 1973

Expressonascia em 1973

n.º 1

6 JANEIRO 1973

Constituída em 30 de Junho de 1971, a Intape nasce como empresa, em novas instalações adjacentes à fábrica,

para produzir um novo produto e acrescentar valor ao papel produzido pela Companhia de Papel de Góis. Entrava

no mercado dos papéis revestidos de maior valor acrescentado e inicia a produção em Janeiro de 1973.

Curiosamente na mesma altura em que a Intape começa a produzir, nasce em Portugal um jornal de referência: o

Expresso. Chegaria aos nossos dias, infelizmente a Intape, tal como a Companhia de Papel de Góis, não!

30. 1980 NOVOS INVESTIMENTOS

1980 – Novos investimentos

4 de Dezembro de 1980

Nova fase de investimentos

Aumento de capacidade de produção

Arranque da máquina de revestimento (papel Eurokote)

21:00 Os TRIAC (triodos para corrente alternada) do sistema de retificação principal não dão sinal de vida…

Morte do

PrimeiroMinistro

Sá Carneiro

No início da década de 80 viviam-se ainda tempos de grandes investimentos quer na Companhia de Papel de Góis,

quer na Intape.

Na noite de 4 de Dezembro, uma quinta-feira, estava eu com o electricista Aníbal Cardoso de volta dos triac

(Triode for Alternating Current) do sistema de retificação principal da máquina de revestimento da Intape, que

teimosamente não davam sinal de vida, impedindo a laboração da nova fase de investimento, que ia permitir

forte aumento de capacidade de produção.

Só mais tarde perceberíamos que nessa noite, àquela mesma hora, Portugal perdia o primeiro-ministro

31. 1978/1980 UMA EQUIPA

1978 / 1980 – Uma equipaHenrique Paula Nogueira

João Nogueira Ramos

Luís Nogueira Ramos

Jorge Ilharco

Eugénio Marques

José Alberto Baeta Veiga

Manuel Rosa Fortunato

Manuel Antunes

António Fonseca

António Salvador Costa

Pedro Antunes

António Álvaro Nogueira

José Miguel Nogueira

José Álvaro Ferreira

José Alberto

Vítor Dias

Álvaro Marques

José da Rita

Joaquim Ferreira

Manuel Enéscio Gama

António Mourão

Rui Rosa

João Gaspar

Aníbal Cardoso

Vasco Lopes

No período em que trabalhei na fábrica, entre 1978 e 1980, interagi com muita gente que recordo com carinho e

saudade, tornando impossível nomear na sua totalidade, permitam-me pois que evoque todos, realçando aqui a

minha equipa, que comigo trabalhou mais diretamente nessa altura:

- O João Gaspar, eletricista da velha guarda, das correntes fortes, do antes quebrar que torcer.

- O Aníbal Cardoso, mais aficionado pelas correntes fracas, impulsivo e sempre dedicado.

- O Vasco Lopes, polivalente, pau para toda a colher, o delfim da equipa, sempre disponível.

A todos a minha expressão de reconhecimento e de gratidão pelo profissionalismo e dedicação que

demonstraram e que permitiram superar, na altura, dificuldades que hoje pareceriam intransponíveis.

Desde a manutenção corrente, a sucessivas ampliações de capacidade de maquinaria, novos PTs, substituição de

traçados telefónicos, etc, etc, para tudo havia resposta. E em tempo útil. Uma (pequena) GRANDE EQUIPA…

32. 1985 TECNOLOGIA DO PAPEL E CARTÃO CANELADO

TECNOLOGIA DO PAPEL E CARTÃO CANELADOJosé Manuel Canavarro, 1985

In TECNOLOGIA DE PAPELE CARTÃO CANELADO1985José Manuel Canavarro Oditecnica – Lisboa pág. 25

LIVRO COM CAPA EUROKOTE

CPG Ponte do Sotam

C. Papel de Serpins

C.ª Papel do PradoLousan

O canto do cisne. Em 1985, Góis ainda aparece no mapa das fábricas em actividade em Portugal, num mapa

inserido no livro de José Manuel Canavarro, "Tecnologias de Papel e Cartão Canelado".

Curiosamente, a capa do livro que hoje temos na mão é em papel Eurokote, fabricado pela Intape. E o miolo? Esse

não sabemos!

33. PARA QUE A MEMÓRIA NÃO SE APAGUE

Para que a memória não se apague1821 – Os primeiros passos

1875 – Uma nova vida

1906 – A fundação

10’s – A produção de energia

1932 – O ressurgimento

30’s – A expansão

40’s – O declínio

50’s – A recuperação

60’s – O crescimento

70’s – A velocidade de cruzeiro

80’s – O abismo

90’s – O esquecimento

…2 séculos de vida

Foram 2 séculos de vida de avanços e recuos mas que têm a sua história.

Uma história rica e que marcou este concelho e as suas gentes, e também à sua medida, não sejamos

excessivamente modestos, o fabrico de papel em Portugal.

Foram épocas distintas de altos e baixos, de sucessos e insucessos, de vitórias e derrotas, de asfixias e

renascimentos, mas sempre com alguém a tomar o leme e, com perseverança e resiliência, a motivar todos com

uma mensagem de otimismo, nunca negando uma palavra de alento para que nunca se baixem os braços.

Dos fracos não reza a história.

1821: Os primeiros passos

1875: Uma nova vida

1906: A fundação

Anos10's: A produção de energia

1932: O ressurgimento

Anos 30's: A expansão

Anos 40's: O declínio

Anos 50's: A recuperação

Anos 60's: O crescimento

Anos 70's: A velocidade de cruzeiro

Anos 80's: O abismo

Anos 90's: O esquecimento.

Muito desta vida, destas vidas, das suas histórias e estórias está por contar.

E o que nos é dado ver é desolador!

34. O QUE FICOU?

O que ficou?

O cenário de abandono é revoltante.

Pessoas (aqui representadas apenas por alguns exemplos do abandono) que dedicaram a sua vida à companhia,

que viveram e lutaram pelos seus anseios e da empresa, que se privaram de muitas coisas para que a história do

papel de Góis chegasse onde chegou, estão hoje abandonadas pelo chão de espaços que parecem ter sido

arrasados por um guerra.... por várias guerrilhas!

Na sua companhia apenas o que resta dos últimos objetos, agora perdidos e moribundos, que com elas fizeram a

história da Companhia de Papel de Góis.

35. ERASED

o silêncio é ensurdecedor

ERASED

Para promover um momento de reflexão sobre tudo isto e ao ponto a que chegámos, deixemo-nos absorver por

um breve filme de Miguel Chichorro, protagonizado por Laura Duarte.

ERASED (APAGADO / ELIMINADO)

O silêncio é ensurdecedor....

36. E AGORA?

E AGORA?

Seja qual seja o futuro…Empreendimento turísticoComplexo de terceira idadeEspaço museológicoCampus escolarUnidade industrial

A história do espaço e a memória do que viveuSão os principais activos para qualquer recomeço…

Não está na nossa mão a solução…Mas temos a responsabilidade de não perder a memória.

Enquanto é tempo! E temos já em 2021 o duplo centenário

A nossa história é o berço do futuro de todos

Seja qual seja o futuro (empreendimento turístico, complexo de terceira idade, espaço museológico, campus

escolar, unidade industrial ou outro) a história do espaço e a memória do que viveu, são os principais ativos para

qualquer recomeço.

Se não está totalmente na nossa mão a solução para viabilizar o espaço, já não podemos dizer o mesmo da nossa

responsabilidade de não deixar apagar a memória.

Guardemos e preservemos, enquanto é tempo, o que ainda resta e procuremos investigar o que ainda seja

possível para repor a sua história... para evitar o esquecimento...

Além dos testemunhos do papel em Góis, trouxe hoje aqui deliberadamente alguns exemplos e histórias de

outras fábricas e de outros protagonistas, que hoje pudemos partilhar em conjunto, porque alguém, em devido

tempo, preservou essas memórias, as tratou e as guardou, para nosso usufruto e para partilha de conhecimento e

experiências, na expectativa de que as conservemos e honremos... para engrandecimento de todos.

Que esses exemplos nos possam servir de inspiração.

Cada um de nós tem que assumir como missão, na história do papel em Góis, deixar aos vindouros as memórias

que também lhes pertencem. Que seja esse o nosso desígnio.

Enquanto é tempo….

37. HOJE TEMOS UM NOVO PONTO DE PARTIDA E UM PRIMEIRO PASSO

Hoje temos um novo ponto de partida e um primeiro passo…

INDÚSTRIA DE PAPEL EM PONTE DO SOTAM

(1821-1992)

Contribuição para o seu conhecimento

João Nogueira Ramos

Edição do Autor, Março de 2015

O primeiro livro dedicado à história do papel em Góis e da Companhia de Papel de Góis.

O caminho faz-se caminhando

Quase dois séculos após o seu nascimento, a história do papel em Góis tem um primeiro livro dedicado ao seu

percurso e evolução e que nos deixa as primeiras pinceladas sobre o que foi a Companhia de Papel de Góis, que

percorreu quase todo o século XX e que ainda pode ser uma Fénix do século XXI...

O caminho faz-se caminhando!

38. LIVROS

LIVROSMEMORIA SOBRE OS MEIOS DE MELHORAR AINDUSTRIA PORTUGUESAJosé Accursio das NevesNa officina de Simão Thaddeo FerreiraLisboa, 1820

CONSTITUIÇÃO DA MONARCHIA PORTUGUEZALisboa na Imprensa NacionalAnno 1822

O ANTIQUARIO CONIMBRICENSEPublicação para eruditosPadre Manoel da Cruz Pereira Coutinhon.ºs 1 a 9 de Julho 1841 a Março 1842

MEMORIA HISTORICO-CHOROGRAPHICA DOS DIVERSOS CONCELHOS DO DISTRICTO ADMINISTRATIVO DE COIMBRAAntonio Luiz de Sousa Henriques SeccoCoimbra, 1853Na Imprensa da Universidade

A LANTERNA MÁGICAGIL VAZGuilherme de Azevedo / Guerra JunqueiroRaphael Bordallo Pinheiron.ºs 1 a 33 – Maio a Julho 1875

PORTUGAL ANTIGO E MODERNOAugusto Soares d’Azevedo B. Pinho Leal

Lisboa, 1874Livraria Editora Tavares & Irmão

NOTICIA HISTORICA E TOPOGRAPHICADA VILLA DE GOES E SEU TERMO

J. Affonso Baetta NevesLisboa, 1897

Typographia Baeta Dias

A ABELHEIRA e o fabrico de papel em Portugal

Gustavo de Matos SequeiraLisboa, 1935

Tipografia Portugal

MONOGRAFIAS CPConcelhos de Portugal

Editor Raul de CarvalhoTorres Vedras, Novembro de 1970

Tipographia A UNIÃO

TECNOLOGIA DE PAPEL E CARTÃO CANELADOJosé Manuel Canavarro

Lisboa, 1985Oditecnica

Para quem se interesse pelos detalhes fica o registo da bibliografia usada e um ficheiro eletrónico destas breves e

despretensiosas notas para memória futura.

DE VOLTA AO FUTURO

Este trabalho pretende em primeiro lugar preservar a memória de todos quantos protagonizaram a nossa

história, quer na primeira linha dos acontecimentos quer também a de todos os outros que, de forma mais ou

menos anónima, se dedicaram e lutaram pelo êxito desta empresa.

Associa-se, por isso, este trabalho ao preito que é devido a todos esses anónimos goienses e que foi

individualizado na justa homenagem personalizada no Sr. Álvaro Antunes e na Sr.ª Maria Adelina Carvalho.

Exemplos exemplares.

Mas como nota final faço questão de estender esta consagração às novas gerações, os jovens que neste dia não

soubemos trazer até nós e a quem se destinam, em primeira linha, estas singelas linhas. Cabe principalmente a

eles a grande responsabilidade de carregar estes testemunhos, como um legado a transmitir e com ele e a partir

dele, construir os novos sonhos que o futuro sempre trará.

Como representantes destas novas gerações, que já começam a ter consciência desta responsabilidade que as

espera, dedico estas linhas, com um carinho e orgulho muito especiais, às minhas netas, MATILDE e MARIANA

que curiosamente são atualmente as únicas descendentes que têm ascendência simultaneamente nas três linhas

familiares que protagonizaram o arranque das marcas, hoje aqui referidas, e que marcaram os dois últimos

séculos da vida de Góis:

- o pioneiro que criou a Fábrica de Papel;

- o visionário que constituiu a Companhia de Papel de Góis;

- o empreendedor que fundou a Havaneza Goiense.

Que estes exemplo e os altos e baixos do passado tragam os ensinamentos e sejam inspiradores para construir

um melhor futuro.