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CURSO: O USO PRÁTICO DO MOODLE NO ENSINO SUPERIOR
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1
CURSO:
O USO PRÁTICO DO
MOODLE NO ENSINO
SUPERIOR
TEXTO 1: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO
PROFESSORA CONTEUDISTA:
DÊNIA FALCÃO DE BITTENCOURT
Objetivos de aprendizagem
Compreender a importância do planejamento quando estamos diante do uso
prático da tecnologia educacional;
refletir sobre a necessidade de planejar atividades e materiais didáticos
para usar na prática da disciplina;
Roteiro de estudo
1. Tendências da educação do século XXI.
2. A importância do planejamento para fazer uso das tecnologias digitais.
2
Neste texto você irá interagir com uma série de questões que visam sua
fundamentação para o entendimento da importância do planejamento para o uso das
tecnologias educacionais, especialmente a digital.
SEÇÃO 1. TENDÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DO SÉCULO XXI
Fonte: Disney
E a Rainha parecia adivinhar-lhe os pensamentos, porque gritava: - Mais ligeiro! Mais ligeiro! Não fale!
Não que Alice tivesse a menor intenção de fazê-lo, parecia-lhe que
nunca mais poderia falar, e cada vez mais lhe faltava a respiração.
E ainda assim a Rainha gritava: “Mais ligeiro! Mais ligeiro!” e,
puxando por ela, arrastava-a. A menina olhou em roda, muito
surpreendida.
- Mas... creio que estive sempre debaixo desta árvore! Tudo aqui
está bem como era!
- Pois sem dúvida que está! Como queria que estivesse?
- É que na minha terra – disse Alice, ainda ofegante –, quando a
gente corre como nós corremos agora, acha sempre alguma coisa diferente.
- É uma espécie de terra muito vagarosa! – disse a Rainha. –
“Agora você já viu que, para ficar no mesmo lugar, é preciso
correr muito.”
(Alice no País dos Espelhos – Lewis Carrol)
A sociedade em rede e as tecnologias digitais têm trazido imensos desafios para a
Educação. Este cenário exige um novo modelo de educação, que resulte na
formação de um indivíduo que saiba aprender a aprender continuamente, que esteja
preparado para lidar e se adaptar às frequentes mudanças. Indivíduo consciente do
seu entorno social de modo a assumir seu direito e dever como cidadão,
desenvolvendo sua autonomia ao ponto de gerenciar seu processo de educação
continuada. Que siga com saúde e busque ser mais criativo para inovar, flexível
para negociar e se relacionar, e que encare seu trabalho com maior profissionalismo.
A meta da educação sempre, com TIC’s ou sem, será semear a cidadania, a ética, a
produção de vida e o desenvolvimento de nossa sociedade. O grande desafio da
escola contemporânea é promover uma educação que compreenda o estudante que
vive essa realidade, suas necessidades e especificidades, inseridas em um contexto
socioeconômico e cultural.
3
Novos paradigmas da educação: real e virtual
Não há como ignorar as novas linguagens, culturas e hábitos dos jovens, para os
quais a separação entre virtual e real é cada vez mais tênue. A educação tradicional
está se transformando, dando lugar a novos paradigmas desencadeados por maiores
possibilidades de interatividade, de colaboratividade e de acesso as informações
aplicadas à educação.
Então, vamos visualizar esta transformação no quadro a seguir:
De Para
Prédios Escolas Uma infraestrutura para o conhecimento (prédios, laboratórios, rádio, televisão, Internet, museus etc.)
Classes Aprendizes individualizados, ainda que participando de grupos de referência e convivência.
Professor como dono Professor como facilitador e articulador do conhecimento
Livros e alguns recursos Materiais didáticos multimídia (impressos, audiovisuais, vídeo, digitais, etc.)
Estudante como receptor passivo de informações
Estudante como colaborador e participante na construção coletiva de conhecimento
Quadro 1: Novos paradigmas para práticas educacionais Fonte: adaptado de UNESCO, 2002: 8
Perceba que as tecnologias da informação e comunicação (TICs) não chegam
sozinhas. O fato é que, com o seu uso, estamos também mudando a forma que a
educação é planejada, organizada, oferecida e avaliada. Frente às novas demandas
da sociedade do conhecimento, os professores começam a ocupar diferentes papéis
e a desenvolver novas competências. Novos papéis como planejadores e
estrategistas de roteiros que facilitem o estudo autônomo e colaborativo, como
mediadores do processo de aprendizagem, estimuladores das inteligências coletivas
e promotores do processo de construção coletiva.
4
Convergências presencial/virtual: Blended Learning1
Dois ambientes de aprendizagem que
historicamente se desenvolveram de maneira
separada, a tradicional sala de aula presencial e
o moderno ambiente virtual de aprendizagem,
vêm se descobrindo mutuamente
complementares.
O resultado desse encontro são ‘cursos híbridos’
que procuram aproveitar o que há de vantajoso
em cada modalidade, considerando contexto,
custo, adequação pedagógica, objetivos
educacionais e perfis dos estudantes.
Outra abordagem que tem se consolidado é o
Blended Leaming, que é a combinação de
aprendizagem presencial com aprendizagem
virtual interativa (Graham, 2005).
Figura 2- Imagem adaptada da revista Época- junho/2011
No Blended Learning os educadores podem
lançar mão de uma gama maior de recursos de
aprendizagem. Podem planejar atividades
virtuais ou presenciais, levando em consideração
limitações e potenciais que cada uma apresenta
em determinadas situações e em função de
forma, conteúdo, custos e resultados
pedagógicos desejados.
1 Fonte: Tori, 2008, p. 121 e 122
Figura 1 - Imagens extraídas da
Revista ÉpocaFigura 1- Infográfico adaptado Revista
Época (junho de 2011)
5
Este conceito pode ser aplicado em diversos níveis numa organização educacional,
destacando-se quatro principais:
1. Nível da atividade: mistura de elementos presenciais e virtuais em uma
mesma atividade de aprendizagem. Exemplo: aula em laboratório, com a
presença do professor, e uso de simuladores de realidade virtual.
2. Nível da disciplina: combinação de atividades presenciais com atividades
virtuais em uma mesma disciplina. Exemplo: este curso que estamos
fazendo, que teve o momento presencial e agora está no momento virtual.
3. Nível de curso: combinam-se disciplinas não-presenciais e presenciais para a
integralização do programa de um curso. No Brasil esta prática é cada vez
mais comum, em grande parte graças à portaria ministerial nº 2.253, que
faculta a inclusão de atividades não-presenciais até o limite de 20% da carga
horária do curso (Brasil, 2001). Exemplos: oferecer um cardápio de
disciplinas optativas a partir do qual cada estudante compõe seu mix de
disciplinas virtuais e presenciais; grade curricular com a distribuição de
disciplinas predeterminada para o curso.
4. Nível institucional: quando o Blended Learning atinge este nível, há um
modelo institucional que prevê essa abordagem, havendo comprometimento
e esforço para que o estudante se beneficie da melhor forma possível da
combinação de presencial e virtual em todos os níveis. Uma instituição que
ofereça cursos presenciais e cursos a distância não necessariamente atingiu
este nível.
Se na modalidade presencial pode-se fazer uso de diversas linguagens, na educação
virtual todas podem ser utilizadas simultaneamente, conferindo-se ao processo um
potencial enorme de comunicação e integração espaço/tempo.
Se na modalidade presencial é mais fácil engajar o estudante, socializar a turma e
colher diversos tipos de feedbacks - adaptando-se estratégias pedagógicas em tempo
real -, nas atividades remotas, ou com apoio de recursos virtuais, é possível atender
a diferentes estilos e ritmos de aprendizagem e aumentar a produtividade do
professor e do aprendiz.
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Educação: entre a modalidade presencial e virtual
Uma forma de entender as mudanças pelas quais o processo educacional vem
passando, um exemplo é ver as possíveis variações em termos de espaço. O autor
Romero Tori (2008) toma por base a seguinte imagem, elaborada por Milgram apud
Azuma (1997):
Figura 2 - Continuum real/virtual
Fonte Tori citando Milgmram apud Azuma, 2008
A imagem mostra o continuum real/virtual, o qual distribui sobre uma linha as
infinitas possibilidades de integração entre real e virtual (Tori e Kirner, 2006,
citados por Litto & Formiga, 2008, p. 124):
Ambiente presencial: corresponde àquele onde todas as atividades são realizadas no
espaço físico real, como na aula presencial tradicional.
Ambiente virtual: apresenta atividades realizadas no ciberespaço, através da
disponibilização de mensagens no fórum, de publicações de arquivos, da realização de
chats via internet, e outros como até mesmo de um simulador de realidade virtual (RV).
Realidade aumentada: possibilita enriquecer um ambiente real com elementos virtuais.
Exemplos: projeções sobre objetos físicos, alterando a visualização de suas texturas, a
projeções holográficas de personagens virtuais 3-D que interagem com pessoas reais como
se fossem reais.
Virtualidade aumentada: insere elementos capturados do mundo físico em tempo real,
permitindo que elementos virtuais e reais interajam entre si como se compartilhassem o
O Blended Learning possui, portanto, grande potencial
para melhorar a qualidade e a eficiência da aprendizagem.
7
mesmo ambiente. Exemplo: o vídeo de uma pessoa incluído em um ambiente virtual,
como o cenário de um videogame.
Realidade misturada: é uma denominação mais genérica que engloba RA e RV, incluindo
aplicações que misturam real e virtual em proporções que tornam difícil a identificação de
qual dos ambientes é o predominante.
Tipos disponíveis de interação2
O processo educacional também pode variar em relação ao tempo. Neste caso
entram os conceitos de interações síncronas (realizadas em tempo real) e
assíncronas (ocorrem em tempos diferentes). A realização de um chat seria um
encontro síncrono e a disponibilização de mensagens de vários estudantes em um
mesmo fórum, em dias e horários diferentes uns dos outros, corresponde a
encontros assíncronos.
Especificamente sobre a interatividade, sua gradação pode variar de passiva até
interativa (Tori, 2008). O grau de interação entre os estudantes varia com base nas
tecnologias e ferramentas educacionais disponíveis, bem como em função de fatores
sociais, conjunturais e psicológicos desses estudantes. E esclarece que a presença ou
não de interatividade pode ser identificada a partir de três características básicas,
vejamos:
Frequência (quantas vezes é possível interagir)
Abrangência (quais os tipos disponíveis de interação)
Significância (qual a importância da interação para a construção do conhecimento em
estudo).
Mas, na prática como ocorre a interação ou interatividade?
A educação virtual abre espaço para que o estudante interaja não apenas com o
meio (conteúdos, conhecimentos), mas também com pessoas (professores, colegas).
A forma e a intensidade dessa interação estão em consonância com a abordagem
2ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini (2005). Educação, ambientes virtuais e interatividade. In
SILVA, Marco (org.). Educação on-line. São Paulo, Loyola.
BELISÁRIO, Aluízio (2005). O material didático na educação a distância e a constituição de
propostas interativas. In SILVA, Marco (org.). Educação on-line. São Paulo, Loyola.
8
pedagógica adotada, com a natureza do conteúdo tratado, com o perfil dos sujeitos
aprendentes e com os recursos disponíveis para a ação educacional.
Interação estudante-conteúdo - Trata-
se da interação do estudante com o
assunto apresentado para estudo. O
estudante realiza um processo
individual de acomodação da
informação em suas estruturas
cognitivas anteriores. A interação com o
conteúdo pode ser textual (por meio de
guias de estudo, livros-textos), sonoro
(mp3, mp4, mov, etc.), multimídia
interativa (som, imagem, animação),
radiodifusão, televisão e web.
Interação estudante-professor - Considerada essencial pela maioria dos
estudantes e altamente desejável por muitos educadores, a interação entre
estudante e professor ocorre em complemento à apresentação do conteúdo.
Nessa abordagem, o professor é responsável por manter o interesse e a
motivação do estudante, por organizar suas atividades práticas, monitorar seu
progresso, esclarecer dúvidas, propor analogias, sugerir leituras e atividades
complementares. Além de enfatizar a aplicação do conteúdo aprendido a
novas situações, ajustando as estratégias de aprendizagem ao perfil e ao
desempenho do estudante ou da turma.
Interação estudante-estudante - Esta terceira forma de interação é uma
dimensão relativamente nova em termos de educação mediada por
tecnologias. Especialmente se considerarmos que a aprendizagem em rede se
torna um paradigma muito mais viável a cada ano. Com o advento das
tecnologias móveis em tempos mais recentes, se vislumbra o potencial de
uma aprendizagem ainda mais intensiva e colaborativa. Dessa forma, não
apenas os materiais didáticos e os professores são vistos como fontes de
informação, mas os colegas também podem ser consultados para resolver
problemas reais. Valorizam-se, então, as estratégias que habilitam os
estudantes a aplicar múltiplas perspectivas a um problema e a assumir a
postura de que, para entender o ponto de vista dos outros, é necessário
dialogar e não apenas ouvir.
9
Comunidade virtual de aprendizagem
As dinâmicas de interação das tecnologias digitais têm o potencial de criar as
chamadas comunidades virtuais de aprendizagem.
Embora existam várias definições, a maioria centra-se na visão de professores e
alunos que trabalham juntos, sistematicamente, para significantes metas acadêmicas
compartilhadas. A colaboração e a cooperação são acentuadas, a comunicação é
interativa e amigável, a competição é desestimulada, e professor e alunos têm que
atuar em novos papéis, frequentemente pouco conhecidos. As ações ocorrem por
meio do Ambiente Virtual de Aprendizagem, como o Moodle, por exemplo.
O papel básico do professor/instrutor é promover a sinergia e entrega dos conteúdos
e experiências. É também atuar como mediador, um orientador especializado e um
modelo para os alunos. O papel do aluno também muda: de observador
relativamente passivo do ensino e consumidor de informação para construtor ativo
do conhecimento.
Figura 3 – Representação de uma Comunidade Virtual de Aprendizagem
10
Muitos pesquisadores de EaD defendem: quanto mais interativos forem os
elementos pedagógicos e as ferramentas tecnológicas, mais facilmente os
aprendizes irão compreender o conteúdo do curso.
Observe, assim, que a tarefa da educação ficou também mais complexa, mais
ampla, estratégica e necessita ser mais ágil e dinâmica do que os modelos
tradicionais de educação que eram voltados para a manutenção do sistema, a
obediência e a estabilidade.
Novos paradigmas estão surgindo. Se antes o modelo tradicional trazia o professor
como centro do processo, agora a tendência é o estudante no centro dos processos
de ensino-aprendizagem. Porém, o melhor ainda é buscar o equilíbrio para o novo
modelo pedagógico, onde os estudantes e os professores recebam igual importância.
SEÇÃO 2. A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO PARA FAZER USO DAS
TECNOLOGIAS DIGITAIS
“Cabe pensar que planejar o futuro é ter consciência do caos.
E ato do design é sempre uma forma de planejar uma saída.” Azevedo (2001, pag. 86).
A criação de elementos para a Educação a Distância (EaD) ou Blended Learning
(BL) não é fruto somente de pura criatividade, inspiração e arte de seu criador.
Estas condições são necessárias, porém insuficientes. Por trás de um material
educativo de alta qualidade e de serviços tutoriais aos estudantes, há sempre uma
concepção educativa poderosa em consonância com princípios derivados das teorias
de aprendizagem humana. Tudo, entrelaçado, serve de condutor para as inclinações,
atividades e experiências de aprendizagem propostas ao aprendiz, com apoio da
mídia baseada nas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs).
11
Por que planejar?
O planejamento leva-nos a atingir a nossa meta, dá clareza das várias etapas dos
procedimentos, suas ações distintas e inter-relacionadas. É o registro escrito que
permite ao planejador revisitar suas antecipações e as relações feitas entre a
intencionalidade definida pelas metas e a concretização dos procedimentos.
Quando usamos TICs devemos pensar, sistematizar e registrar o planejamento do roteiro
de estudo e da mediação dos processos educativos. Um dos motivos é que não há
improviso na mediação pedagógica por TICs. É preciso planejar até mesmo os momentos
online, síncronos, para que eles tenham efeito educativo e para promover a interação com
todos os alunos.
Em resumo, o planejamento é feito para:
Valorizar o estudante no processo de instrução.
Incrementar os materiais educacionais, torná-los eficientes, efetivos e interessantes.
Facilitar a coordenação entre pesquisa, desenvolvimento, implementação e
avaliação.
Facilitar a difusão, disseminação e adoção do projeto (credibilidade).
Facilitar o desenvolvimento de meios alternativos de interação.
Facilitar a consequência entre os objetivos, atividades e avaliação.
Facilitar a solução de problemas durante todo o processo de elaboração e
implementação.
Gerar indicadores e controles para o processo de avaliação, permitindo assim fazer
ajustes no percurso.
Buscar continuamente melhorias educacionais para satisfazer as necessidades dos
estudantes, assim como as necessidades do contexto em que o projeto se insere.
De forma resumida, o desenvolvimento de projetos de educação a distância ou
Blended Learning se dá em duas etapas:
planejamento: diagnóstico ou análise das necessidades
execução: etapa de design ou escolha das estratégias tecnológicas e pedagógicas.
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Planejamento
O planejamento de cursos ou disciplinas a distância apoiados em ambientes virtuais de
aprendizagem exige uma nova maneira de organização didática das informações, dos
objetivos, conteúdos e atividades.
Requer a integração compatível de três elementos fundamentais:
a concepção educacional,
as características da virtualidade e
a configuração do contexto do curso.
O planejamento deve ser baseado em objetivos, destinados à elaboração de produtos
funcionais e atraentes. Moore e Kearsley (1996, p. 103) destacam que:
“[...] as estratégias de ensino - como o planejamento das aulas, do fluxo de informação e do que os estudantes devem fazer - não podem começar até que os objetivos e o projeto de avaliação estejam prontos.”
Em linhas gerais, a etapa de planejamento envolve ações como:
Identificar as
necessidades
Delimitar o
problema
Caracterizar
o público-
alvo –
estudantes
Formular
objetivos do
projeto
(indicadores
de
desempenho)
Figura 3 - Estrutura virtual de uma Universidade que
oferece cursos a distância via Internet
13
Para planejar projetos de EaD ou BL é necessário realizar um diagnóstico/análise que
permita, pela coleta/observação de dados, obter as informações que determinam aonde ir.
Nesta etapa é processado o levantamento de necessidades da demanda dos estudantes, e do
que temos a oferecer, ou seja, da estrutura tecnológica e das equipes de profissionais que
poderão estar envolvidas em todas as etapas de um curso. Veja a seguir com iniciar a fazer
o planejamento:
São questões a serem investigadas para conhecer o perfil dos participantes:
Qual o contexto social, geográfico e cultural
dos participantes?
Qual é a faixa etária, seus interesses,
experiência e expectativas?
Qual a disponibilidade de tempo para
estudar em um curso on-line?
Tem familiaridade com a tecnologia? Quais
são as condições de acesso?
Qual é a escolaridade, área de formação e/ou
atuação profissional?
Quais suas demandas e interesses
conceituais? E de competências e
habilidades?
Qual é o conhecimento prévio sobre o tema
e sua motivação para aprender?
A turma será formada por um grande grupo ou por pequenos subgrupos, com
características semelhantes?
As respostas indicam o repertório básico dos estudantes, a linguagem, a estética, os
símbolos e as metáforas. Estes aspectos podem ser utilizados na construção de
materiais de comunicação eficazes.
A investigação diagnóstica envolve outras questões:
O que será desenvolvido? (curso stricto ou lato sensu, especialização, graduação, ou
extensão)?
O perfil dos estudantes é a base para a construção do curso ou dá disciplina, da escolha das estratégias pedagógicas e tecnológicas.
14
Qual é a ementa e o projeto pedagógico?
Qual é a duração do curso ou disciplina?
Qual é a infraestrutura tecnológica necessária ou existente? Qual plataforma (ambiente
virtual, quais as ferramentas disponíveis) está sendo adotada?
Qual é o material didático e quais mídias poderão ser integradas na produção do curso ou
disciplina?
Qual o investimento humano e financeiro previstos? Qual é a equipe de trabalho e
professor tutor (quando o projeto especificar uma equipe pedagógica)?
Qual o cronograma para implantação?
Quais questões da logística administrativa, pedagógica e tecnológica você deve conhecer
para a produção e operacionalização do curso?
Qual é a metodologia de ensino a ser utilizada?
Como será a avaliação do estudante e do projeto ao longo do tempo?
Existem situações físicas e temporais que podem ser desfavoráveis?
Como será a forma de divulgação do curso?
Essas informações servirão de base e se integrarão formando a estrutura
organizacional do projeto. Colaborarão para, na etapa de design, definir as
estratégias de gestão, de identidade de produto, pedagógicas e tecnológicas e de
avaliação.
Design: escolha das estratégias tecnológicas e pedagógicas
De modo genérico, a etapa do design de projetos de EaD ou BL envolve o processo
de concepção, escolha de estratégias pedagógicas e tecnológicas e tomadas de
decisões, as quais ficarão explicitadas nos materiais didáticos, nos ambientes
(virtuais) de aprendizagem e sistemas tutoriais.
Como mencionamos anteriormente, os objetivos pedagógicos devem servir de base
para desenhar os componentes que integram um projeto de EaD ou de Blended
Learning.
O propósito da etapa do design é produzir os “meios” para o alcance dos
resultados solicitados no projeto de EAD ou BL.
15
A partir da definição dos objetivos iniciam-se o desenvolvimento e a
implementação do curso, que precisam ser totalmente integrados:
A demanda e o contexto dos estudantes levam à definição do conteúdo (teorias, casos e
aplicação).
A forma (design gráfico e visual),
por sua vez, será decidida pela
abordagem pedagógica.
A abordagem pedagógica
(estratégias de instrução,
linguagem, avaliação e atividades)
servirá de base, tanto teórica
quanto didática, para a etapa de
produção e de mediação
pedagógica.
A abordagem, portanto, deve variar
conforme os meios de
comunicação disponíveis para o
projeto e esses (os meios de
comunicação) determinarão
também a distribuição do material educativo e a respectiva interatividade pedagógica.
A qualidade e a quantidade da interação na educação a distância tendem a variar
conforme a capacidade dos meios tecnológicos, proporcionando um determinado grau de
comunicação entre os participantes.
O suporte técnico, por esta razão, vai influenciar não só o conteúdo, como também a
forma na qual se configura cada modalidade de educação a distância ou híbrida.
O planejamento, quando a educação é vista desta maneira, deve atender às necessidades de
conteúdo e às possibilidades técnicas de cada usuário.
Quando este procedimento é seguido, a atenção do estudante é captada e ele passa a
considerar os componentes do sistema. A interação dos componentes - estudante,
conteúdo, método/material e ambiente - produz resultados, criando o tipo de
experiência de aprendizagem necessário para o estudante. É preciso haver um
equilíbrio entre os componentes, ou seja, um não deve exercer qualquer tipo de
ascendência sobre outro, a fim de salvaguardar a qualidade efetiva do curso.
Também na etapa de design é o momento para refletir sobre:
O conteúdo, os objetivos, as atividades a serem planejadas, o que os estudantes vão
aprender e, assim, poder passar a informação e dar o tempo para eles aprenderem.
As metáforas e exemplos que serão facilmente entendidos pelos estudantes.
A linguagem, o ritmo e as imagens que podem colaborar para a motivação e o
entendimento. Quanto mais o projeto for dirigido ao estudante, menor será a interferência
16
da mídia na comunicação, menor a sensação de isolamento e maior o envolvimento dos
estudantes.
Os procedimentos educativos que auxiliem os estudantes a se adaptar às atividades que
fazem uso do Moodle, assim como aspectos motivacionais para o período em que o
estudante estiver realizando atividades “morosas ou complexas”.
Testes e avaliação para que haja interação; fazer com que estas se interliguem;
disponibilizar o material indicado no lugar adequado; planejar o horário.
Ampliar as possibilidades de escolha dos estudantes, proporcionando-lhes visões
alternativas sobre o mesmo problema e também materiais complementares que auxiliem
na formação de um pensamento crítico e analítico. Isto pode garantir a capacidade de
observação crítica e o pluralismo de idéias.
MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA
Para apoiar as estratégias de um projeto de EAD ou BL, um conceito interessante é
o de mediação pedagógica, que é o tratamento de conteúdos e das formas de
expressão dos diferentes temas a fim de tornar possível o ato educativo, dentro do
horizonte de uma educação concebida como participação, criatividade,
expressividade e relacionalidade (Perez, 1996). Este autor diz que a mediação
pedagógica deve-se manifestar em três tratamentos:
Tratamento temático a partir do tema – a mediação pedagógica começa pelo conteúdo.
O autor do texto-base deve partir já de recursos pedagógicos destinados a tornar a
informação acessível, clara e bem organizada, em função da autoaprendizagem.
Tratamento pedagógico a partir da aprendizagem – nesta fase se desenvolvem os
procedimentos mais adequados para que a autoaprendizagem se converta em um ato
educativo; tratam-se das atividades que enriquecem o texto com referências na experiência
e o contexto do educando.
Tratamento formal a partir da forma – refere-se aos recursos expressivos postos em
jogo no material: diagramação, tipo de letras, ilustrações, entre outros.
As práticas da disciplina que fazem uso do Moodle, além de forma,
funcionalidade e qualidade, precisam evocar emoções e conquistar por meio
da originalidade.
.
17
Figura 5 - TICs e usos pedagógicos
Fonte: Kenski (2008)
As estratégias pedagógicas desenvolvidas devem buscar como meta a autonomia do
aluno, a interação com materiais pedagógicos e tecnológicos e com pessoas, que
trocam conhecimento e se comunicam via mediação tecnológica.
Ao educador cabe aprender a dialogar e praticar as potencialidades oferecidas pelas
tecnologias digitais para a prática de sua disciplina.
Uma vez que você finalizou a leitura desse primeiro texto antes de seguir para a
leitura do próximo realize as atividades propostas para realizar atividades como
praticar, conhecer exemplos e aprofundar os conhecimentos discutidos neste
primeiro texto.
18
SAIBA MAIS
DOWBOR, Ladislau. Tecnologias do Conhecimento: os desafios da Educação.
Disponível em http://dowbor.org/tecnconhec.asp, acessado em 13/02/2010.
MELO, Luci Ferraz de. Artigo: EaD e interatividade - conceitos em evolução. RuMoRes
- Revista Online de Comunicação, Linguagem e Mídias. ISSN: 1982-677X. Edição: 5,
Ano: 3, Período: Maio-Agosto de 2009. Disponível em:
http://www3.usp.br/rumores/visu_art.asp?cod_atual=145 Acesso em 13/02/2010.
BITTTENCOURT, Dênia Falcão. dissertação: A construção de um modelo de curso "Lato
Sensu" via internet – A experiência com o Curso de Especialização para Gestores de
Instituições de Ensino Técnico UFSC / SENAI. PPGEP/UFSC, 1999. Disponível em
http://www.eps.ufsc.br/disserta99/midia99.htm Acesso em: 13/02/2010.
ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini (2005). Educação, ambientes virtuais e
interatividade. In SILVA, Marco (org.). Educação on-line. São Paulo, Loyola.
Disponível em: http://www.anped.org.br/reunioes/26/trabalhos/mariaelizabethalmeida.rtf
BELISÁRIO, Aluízio (2005). O material didático na educação a distância e a
constituição de propostas interativas. In SILVA, Marco (org.). Educação on-line. São
Paulo, Loyola. Disponível em: www.abed.org.br/congresso2008/tc/1152008220039.pdf
Acesso em: 13/02/2010
Livros:
KENSKI, V. M. Educação e Tecnologias: o novo ritmo da informação. Campinas, SP:
Papirus, Coleção Papirus Educação, 3ª edição. 2007.
KENSKI, V. M. Tecnologias e Ensino presencial e a distância. 6ª Ed. Campinas, SP:
Papirus, 2008.
TORI, R. Cursos híbridos ou blended learning. In: Fredric M. Litto; Marcos Formiga.
(Org.). Educação a distância: O Estado da Arte. São Paulo: PEARSON, 2008, v. 1, p. 121
a 128.
Sites:
Artigo de BERTOLETTI, A. Tecnologias digitais e o ensino da arte: algumas reflexões.
Artigo de aluna Universidade do Estado de Santa Catarina – Udesc. URL:
http://ppgav.ceart.udesc.br/VCiclo/artigo05.pdf Acesso em 8/07/2011.
Artigo de SANTINI, R. M.; LIMA, C. R. M. A Biblioteca Virtual de música da UFSC na
rede de pontos de cultura. The Virtual Music Library Of UFSC In The Points Of Culture
Network. URL: http://www.musicahodie.mus.br/9_1/91_08.pdf Acesso em 8/07/2011.