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Texto Ordens Mundiais e Globalização

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RESUMO DE GEOGRAFIA

PROF. CADU

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NEOLIBERALISMO – EVOLUÇÃO E A GLOBALIZAÇÃO

Evolução do capitalismo

Durante o período final da Guerra Fria o capitalismo passou por um de seus períodos econômicos de maior crescimento. Esse processo já havia começado nos últimos lustros do século XIX e, desde a I Guerra Mundial, já se pode observar que os Estados Unidos da América estavam se transformando numa grande potência, graças ao seu crescente poderio econômico-militar.

Diversas mudanças, em escala mundial, permitiram que a hegemonia norte-americana fosse se consolidando após a II Guerra Mundial, senão vejamos:

_ Conferência de Bretton Woods em 1944, na qual ficou estabelecido que o dólar passaria a ser a principal moeda de reserva mundial, abandonando-se o padrão-ouro;

_ Crescente participação das transnacionais norte-americanas no exterior, em especial na Europa e em alguns países subdesenvolvidos como o Brasil, o México, etc;

_ Expansão dos bancos norte-americanos e sua transnacionalização;

_ Descolonização da África e da Ásia que, criando dificuldades econômicas aos países europeus, abriu oportunidades para os Estados Unidos da América.

Bretton Woods

Durante três semanas de julho de 1944, do dia 1º ao dia 22.730 delegados de 44 países do mundo então em guerra, reuniram-se no Hotel Mount Washington, em Bretton Woods, New Hampshire, nos Estados Unidos, para definirem uma Nova Ordem Econômica Mundial. Foi uma espécie de antecipação da ONU (fundada em São Francisco no ano seguinte, em 1945) para tratar das coisas do dinheiro. A reunião centrou-se ao redor de duas figuras chaves dos EUA e da Grã-Bretanha, que juntos formavam o eixo do poder econômico da Terra inteira.

Acertou-se que dali em diante, em documento firmado em 22 de julho de 1944, na era que surgiria das cinzas da Segunda Guerra Mundial, haveria um fundo encarregado de dar estabilidade ao sistema financeiro internacional bem como um banco responsável pelo financiamento da reconstrução dos países atingidos pela destruição e pela ocupação: o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento, ou simplesmente World Bank, Banco Mundial, apelidados então de os Pilares da Paz. Os investimentos internacionais cresceram em volume, pois, além dos

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Estados Unidos, as antigas potências européias, que estavam se recuperando da crise criada pelos desastres da guerra, também começavam a se expandir.

O domínio mundial estadunidense é evidenciado pelo seu controle de mais da metade dos investimentos internacionais e pelo elevado número de filiais das transnacionais, a tendência de monopolização do capitalismo foi acelerada, fato que também pode ser observado nos programas de privatização que se intensificaram na década de 1980, envolvendo mais de 100 países do mundo e movimentando trilhões de dólares.

Ao produzir em locais onde a mão-de-obra é mais barata (tanto seu preço por hora quanto os encargos sociais) ou onde os custos de proteção ambientais são nulos ou muito baixos, as transnacionais reduzem os seus custos de produção, barateando as mercadorias. Dessa forma, podem vender seus produtos mais barato (quebrando a concorrência), aumentar suas taxas de lucro ou obter uma combinação de ambos.

Após a II Guerra Mundial, iniciou-se o mais longo período de crescimento contínuo do capitalismo, abalado apenas pela crise do petróleo, em fins de 1973. Durante os últimos 30 anos, o valor da produção econômica quadruplicou e as exportações quase sextuplicaram nos países desenvolvidos. Uma das principais causas desse crescimento do capitalismo foi a expansão de um grupo bem definido de grandes empresas, das quais cerca de 500 atingem dimensões gigantescas. Essas empresas, passaram a ser denominadas multinacionais, a partir de 1960, mas essa expressão se popularizou após 1973, quando a revista Business Week publicou artigos e relatórios sobre elas. Segundo as Nações Unidas, as empresas multinacionais “são sociedade que possuem ou controlam meios de produção ou serviço fora do país onde estão estabelecidas”. Hoje, no entanto, toma-se consciência de que a palavra transnacional expressa melhor a idéia de que essas empresas não pertencem a várias nações (multinacionais), mas sim que atuam além das fronteiras de seus países de origem.

No fim da Ordem da Guerra Fria (1989), segundo relatório da ONU, existiam mais de 30 mil empresas transnacionais, que tinham espalhadas pelo mundo cerca de 150 mil filiais. Em 1970 elas eram apenas 7.125 empresas e tinham pouco mais de 20 mil subsidiárias. As transnacionais foram, durante o período da Guerra Fria, a maior fonte de capital externo para os países subdesenvolvidos pois controlavam a maior parte do fluxo de capitais no mundo (exceto nos anos do Plano Marshall). No fim dessa ordem internacional, empresários estadunidenses controlavam mais de 35% das empresas transnacionais do mundo.

IMPORTANTE: São três as funções do sistema monetário internacional: provisão de moeda internacional, as chamadas reservas; financiamento dos desequilíbrios formados pelo fechamento dos desequilíbrios formados pelo fechamento dos pagamentos entre os países; e ajuste das taxas cambiais.

O que define a economia dominante é que a sua moeda se torna uma moeda internacional, servindo de parâmetro ou de reserva financeira para outros países. Quando, em 1971, os Estados Unidos quebraram a conversão automática do dólar em ouro, eles obrigaram os países que tinham dólares acumulados a guardá-los (já que não poderiam mais ser convertidos em ouro) ou vendê-los no mercado livre (em geral com prejuízo). Em março de 1973 praticamente todos os países tinham desistido de fixar o valor de suas moedas em ouro e a flutuação cambial tinha se firmado como padrão mundial.

A crise do petróleo em 1973 gerou condições definitivamente diferentes das existentes anteriormente e obrigou o conjunto de nações a tomar uma série de medidas a respeito do papel do ouro nas relações

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monetárias internacionais. Após 1973, as taxas de câmbio de cada país passaram a flutuar e seu valor passou a ser determinado dia a dia.

A aceleração do crescimento das transações comerciais e o impressionante aumento do fluxo de turistas no mundo determinaram uma intensificação das trocas de uma moeda por outra (câmbio), criando uma maior interdependência entre os países. Dessa forma, a recessão econômica ou a crise financeira de um país pode afetar muito rapidamente outras nações o que explica a necessidade de um sistema monetário internacional, para servir como um amortecedor dos impactos dessas transformações, melhorando e facilitando as relações entre nações tão interdependentes na atualidade.

O Neoliberalismo e A Nova Ordem Mundial

Neoliberalismo

O que se convencionou chamar de Neoliberalismo é uma prática político-econômica baseada nas idéias dos pensadores monetaristas. Após a crise do petróleo de 1973, eles começaram a defender a idéia de que o governo já não podia mais manter os pesados investimentos que haviam realizado após a II Guerra Mundial, pois agora tinham déficits públicos, balanças comerciais negativas e inflação. Defendiam, portanto, uma redução da ação do Estado na economia. Essas teorias ganharam força depois que os conservadores foram vitoriosos nas eleições de 1979 no Reino Unido (Margareth Thatcher como primeira ministra) e, de 1980, nos Estados Unidos (eleição de Ronald Reagan para a presidência). Desde então o Estado passou apenas a preservar a ordem política e econômica, deixando as empresas privadas livres para investirem como quisessem. Além disso, os Estados passaram a desregulamentar e a privatizar inúmeras atividades econômicas antes controladas por eles.

A Nova Ordem Mundial

O que é uma ordem (geopolítica) mundial? Existe atualmente uma Nova Ordem ou, como sugerem

alguns, uma desordem? Quais são os traços marcantes nesta nova (des)ordem internacional? Utilizamos como marco inicial para a assim chamada “Nova Ordem Mundial” (ou “Nova Ordem Internacional”) a queda do Muro de Berlim, com tudo o que simbolizou em termos políticos, econômicos e ideológicos. Evidentemente, muitos aspectos anteriores já indicavam uma nova era econômica em formação.

O Muro de Berlim não apenas separava uma cidade e um povo. Ele simbolizava o mundo dividido pelos sistemas capitalista e socialista. A sua destruição, iniciada pelo povo de Berlim, na noite de 9 de novembro de 1989, pôs abaixo não apenas o muro material; mais do que isso, rompeu com o mais significativo símbolo da Guerra Fria: a bipolaridade.

Como foi possível a queda do Muro de Berlim, em plena Guerra Fria, num país sob forte hegemonia da

União Soviética?

Estas coisas não acontecem, por assim dizer, “como um raio em céu azul”. Uma série de fatores a tanto conduzem, liderados pela Corrida Armamentista. Paralelamente ao abandono do Estado capitalista com gastos sociais, seguindo a orientação “neoliberal”, este passou a investir cada vez mais pesadamente em armamentos de ponta, mandando a conta da “defesa do mundo livre” para os países subdesenvolvidos. A

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União Soviética e seus aliados, sem terem “satélites” ou países a utilizar como fonte de recursos para esta finalidade – que contraria o princípio básico do socialismo, a Paz – passou a defender-se como pode. De todo o modo, se o bloco capitalista, dispondo de seu potencial de exploração de praticamente todo o mundo subdesenvolvido e do aparato de propaganda que a isto se segue, criou armas cada vez mais sofisticadas e inacreditáveis. Em fins da década de 80 falava-se no desenvolvimento, por conglomerados anglo-estadunidenses, de um projeto de “Guerra Nas Estrelas”, uma espécie de malha de satélites voltada a destruir armamento inimigo em terra com canhões laser! Especulava-se ainda acerca de uma arma (que, se efetivada jamais foi utilizada na prática, que se saiba, até os dias de hoje) chamada de “Bomba de Nêutrons”, capaz de destruir completamente a vida sem afetar o patrimônio, um verdadeiro emblema do ideal capitalista... Deslocando recursos da produção de alimentos, medicamentos, educação e salários para a Defesa, as nações socialistas foram levadas a um crise econômica sem precedentes históricos, este o cerne do problema.

Em 1985, a eleição de Mikhail Gorbatchov para a liderança da União Soviética tinha por finalidade encontrar formas pacíficas de sobrevivência democrática entre regimes econômicos antagônicos. Se os socialistas reafirmavam a necessidade da intervenção estatal na economia, encontravam, na outra ponta a competitividade mercantil daqueles que se nutriam da morte e da destruição.

Reconhecendo que falta de transparência e democracia na revelação dos fatos constituía um entrave ao desenvolvimento do socialismo, Gorbatchov publicou seu clássico Perestroika, novas idéias para o meu país e o mundo que, contudo, foi mais utilizado pelos adversários do que pelos amigos do social. Era sem dúvida a expressão de uma crise.

Gorbatchov tentou ainda acordos com o ultradireitista Ronald Reagan, administrando mesmo o final do Tratado de Varsóvia e assinando com o presidente estadunidense o famoso acordo START (Strategic Arms Reduction Treaty), através do qual a OTAN e outras organizações dos Estados Unidos e aliados comprometiam-se a diminuir seus arsenais e interromper a corrida armamentista. Na prática, pouco foi feito a este respeito e é correto afirmar que as nações do Oeste (Estados Unidos e Inglaterra à frente) venceram a Guerra Fria contra o socialismo.

Naturalmente, a última palavra a este respeito ainda não está dada. Outrora um dos maiores problemas de distribuição na URSS era representado pela filas: todos tinham dinheiro para comprar os bens necessários, particularmente numa nação que foi capaz de manter o preço do pão em três copeques durante mais de setenta anos! Mas formavam-se filas imensas para esperar que produtos raros do ocidente chegassem às prateleiras dos supermercados, delas desaparecendo rapidamente. Hoje, em Moscou, o que se vê é, além do retorno da prostituição, da miséria, da mendicância e da violência, levando uma nação que já foi uma superpotência a rivalizar com países subdesenvolvidos neste quesito, supermercados e lojas de conveniência abarrotadas de bens para os quais ninguém mais tem dinheiro para comprar... O russo médio se pergunta se teria feito um bom negócio ao sair do socialismo para o capetalismo...

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O que é Globalização?

“Haverá muitos chapéus e poucas cabeças”

Antônio Conselheiro

“Haverá muitos globalizados e poucos globalizadores”

Vamireh Chacon

Do ponto de vista do globalizador pode ser definida como o processo de internacionalização das práticas capitalistas, com forte tendência à diminuição – ou mesmo desaparecimento – das barreiras alfandegárias; liberdade total para o fluxo de Capital no mundo.

Os primeiros povos – de quem se tem notícia – a dividir o mundo entre “nós = civilizados” e “outros = bárbaros” foram os gregos e hebreus. Também os romanos assim dividiam os povos do mundo.

Sim, o planeta Terra, particularmente na região de hegemonia ocidental, ou seja, dos povos oriundos das cercanias do Mar Mediterrâneo, já sofreu a globalização egípcia, a globalização greco-macedônica, a globalização romana, a globalização muçulmana, a globalização ibérica, a globalização britânica, a globalização nazi-fascista e, desde o término da Primeira Guerra Mundial, agudizando-se ainda mais após o término da segunda, estamos sofrendo a globalização estadunidense. Aprofundemos o paralelo. A seita judaica (que assim era vista) chamada de “cristã” era vista como bárbara e contrária aos deuses romanos. Os judeus foram globalizados à força, assim como os cartagineses e outros povos mais. Àquele tempo, somente os latinos e macedônicos foram globalizados pacificamente.

Mais recentemente, pelos nazistas, em função de uma série de peculiaridades, poucas regiões foram globalizadas pacificamente, como os Sudetos e a Áustria. Na atual globalização estadunidense, a Argentina, o México e o Brasil constituem as principais demonstrações de “globalização pacífica”. Aqueles que não concordam com o processo de globalização, são globalizados à força, constituindo os principais exemplos os países islâmicos, particularmente devido ao poderoso lobbie judaico no governo da única superpotência do planeta nos dias autais.

Nós, “chicanos”, “cucarachas”, globalizados pacificamente, estamos falidos, endividados, desempregados, famintos e governados por gente subserviente aos estadunidenses. É de se pensar se nossos governantes aceitam essa globalização pacífica para evitar derramamento de sangue pois, como vimos, quem os estadunidenses não conseguem globalizar “por bem”, são globalizados à mão armada, à revelia da ONU, que vai, aos poucos, deixando de ter o significado e o poder que tinha.

Basta lembrar que a ONU nasceu ainda durante os julgamentos de Nuremberg, com o fito principal de evitar que povos do mundo, em nome de uma pretensa superioridade (racial, cultural ou qualquer outra), destruíssem civilizações por eles consideradas “bárbaras” ou “incivilizadas”. Em 1991 George Bush (o pai) bateu o primeiro prego no caixão da ONU quando conseguiu forçar a aprovação de uma intervenção

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militar sobre o Iraque (aliás, fracassada). Dali para cá, uma série de ocorrências vêm em sucessivas vagas e ainda há quem se surpreenda ao ver representações da ONU ser percebida pelas vítimas da globalização como representação dos EUA. Desde 1991 – praticamente desde o final da polarização “capitalismo versus socialismo” a ONU deixou de ser um organismo representativo da autonomia dos povos do mundo e passou a ser, na prática, um organismo homologador das decisões estadunidenses. O escândalo em torno desta subserviência foi tamanho que, recentemente, os estadunidenses não obtiveram o aval da ONU enquanto não produzissem provas de que o Iraque constituía uma ameaça à estabilidade das civilizações judaico-cristãs ocidentais. Desprezando solenemente a ONU, estadunidenses e seus cúmplices britânicos massacraram uma das nações mais miseráveis do mundo que, para sua desgraça, constituem-se no segundo maior produtor de petróleo do mundo.

Enfim, “globalização” tem um significado para os globalizadores e outro para os globalizados, desde sempre, aliás. E desde sempre, parodiando o Conselheiro, “há poucos globalizadores e muitos globalizados”. Pior: reiterando: quem não se deixa globalizar por bem como o Brasil, a Argentina e o México (que estão na miséria que estão) é globalizado a bala, como o Afeganistão e o Iraque...