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1. INTRODUÇÃO O objetivo do estágio é gerar ao acadêmico uma vivência da realidade onde exercerá sua função docente. Logo, as atividades de estágio devem gerar análises críticas, questionamentos e práticas de ensino com ligação às teorias educacionais estudadas na universidade. Para Barreiro e Gebran (2006) o estágio deve ser entendido como espaço em que os saberes pedagógicos não ocorrem de forma estanque, mas sim pela interação entre as várias áreas de conhecimento. Os autores ainda argumentam que o estágio deve propiciar aos estudantes não apenas a vivencia em sala de aula, mas também o contato com a dinâmica escolar nos seus mais diferentes aspectos. Há a necessidade de uma relação prática mais próxima entre as instituições formadoras e as escolas campo de estágio, e, diante dessa necessidade, alguns autores têm argumentado sobre o assunto. Segundo Kulcsar (1991), o estágio não pode ser encarado como uma tarefa burocrática a ser cumprida formalmente, muitas vezes desvalorizado nas escolas onde os estagiários buscam espaço, mas sim como uma ação prática, dinâmica, profissional, produtora, de troca de serviços e de possibilidades de abertura para mudanças. Considerando as colocações acima, o presente trabalho objetivou promover uma discussão acerca do Estágio Curricular Supervisionado I desenvolvido no Curso de Ciências Licenciatura – Biologia Universidade Estadual Do Maranhão – 4

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1. INTRODUÇÃO

O objetivo do estágio é gerar ao acadêmico uma vivência da realidade onde

exercerá sua função docente. Logo, as atividades de estágio devem gerar análises críticas,

questionamentos e práticas de ensino com ligação às teorias educacionais estudadas na

universidade.

Para Barreiro e Gebran (2006) o estágio deve ser entendido como espaço em que

os saberes pedagógicos não ocorrem de forma estanque, mas sim pela interação entre as várias

áreas de conhecimento. Os autores ainda argumentam que o estágio deve propiciar aos

estudantes não apenas a vivencia em sala de aula, mas também o contato com a dinâmica

escolar nos seus mais diferentes aspectos.

Há a necessidade de uma relação prática mais próxima entre as instituições

formadoras e as escolas campo de estágio, e, diante dessa necessidade, alguns autores têm

argumentado sobre o assunto. Segundo Kulcsar (1991), o estágio não pode ser encarado como

uma tarefa burocrática a ser cumprida formalmente, muitas vezes desvalorizado nas escolas

onde os estagiários buscam espaço, mas sim como uma ação prática, dinâmica, profissional,

produtora, de troca de serviços e de possibilidades de abertura para mudanças.

Considerando as colocações acima, o presente trabalho objetivou promover uma

discussão acerca do Estágio Curricular Supervisionado I desenvolvido no Curso de Ciências

Licenciatura – Biologia Universidade Estadual Do Maranhão – UEMA - Programa Darcy

Ribeiro - Pólo de Ensino Superior - Rosário, tendo como base a percepção dos alunos do 6º ao

9º ano da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Unidade Integrada Kléper Aquino e relatar

a caracterização da escola, seu histórico e principalmente todas as experiências vivenciadas no

ambiente escolar neste momento em que se aproxima a conclusão do curso. A Educação de

Jovens e Adultos (EJA) é a modalidade de ensino nas etapas dos ensinos

fundamental e médio da rede escolar pública brasileira e adotada por algumas redes

particulares que recebe os jovens e adultos que não completaram os anos da educação

básica em idade apropriada por qualquer motivo. (Infoescola)

Este relatório está organizado em cinco capítulos. Inicialmente apresento os

objetivos do relatório apresentando uma visão geral do estágio. O segundo capítulo abrange a

caraterização do campo escolar em seus aspectos históricos, físicos, administrativos e

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pedagógicos. No terceiro descrevo as atividades desenvolvidas na escola-campo bem como

seu planejamento, metodologia de ensino e avaliação. No quarto descrevo o as avaliações

destas atividades especificando os conhecimentos adquiridos e a contribuição do estágio para

o exercício profissional.

Por fim, no quinto capítulo a conclusão, onde optei por fazer uma reflexão de

todos os obstáculos enfrentados no período de estágio, bem como toda a percepção obtida

sobre a Educação de Jovens e Adultos - EJA.

2. ESCOLA – CAMPO

A escola municipal de ensino fundamental Unidade Integrada Kleper Aquino está

localizada no bairro Vila Ivar Saldanha, Rua 9, Quadra 11, S/N, CEP:65.150-000 na cidade

de Rosário-Maranhão. Esta escola surgiu a partir de uma escola comunitária, em meados da

década de 80, e foi inaugurada oficialmente como escola municipal em 1989, durante o

mandato do Prefeito Orlando Aquino e da Secretária de Educação Ana Maria Aquino Aragão.

O nome da escola foi uma homenagem ao Sr. Kleper Aquino, irmão do Prefeito Orlando

Aquino.

Atualmente, a escola oferece educação de jovens e adultos de ensino fundamental

(4º ao 9º ano) durante o turno noturno e conta com os seguintes recursos humanos: Uma

diretora e quatro professoras, profissionais de nível superior completo e concursadas em áreas

específicas. Complementam este quadro: dois agentes administrativos, uma Auxiliar de

Serviços Diversos e dois vigias.

Quanto à sua estrutura física, a Unidade Integrada Kleper Aquino dispõe de quatro

salas de aula, uma biblioteca (com cerca de 200 livros), uma cantina, uma quadra de esportes,

uma secretaria, dois depósitos e três banheiros (1 masculino, 1 feminino e 1 destinado a

deficientes físicos).

A escola oferece como recursos didáticos um retroprojetor e variedades de jogos

educativos.

3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

O estágio foi desenvolvido em quatro etapas: O período de observação, com

duração de 30 horas, o de regência com duração de 40 horas, 20 horas de atividades de

pesquisa e 10 horas de estudo e planejamento, totalizando 100 horas.

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Iniciei a observação em 11 de Novembro de 2013, com o apoio da diretora

Lourdes Santos Serra e orientação da professora Maria Ferreira de Sousa, recebi informações

sobre as principais características da escola bem como detalhes sobre a turma.

A professora explicou sobre as atividades desenvolvidas durante o horário das

aulas - 19:00 às 21:45 - e as limitações de cada aluno devido à faixa etária que varia de 15 a

60 anos, dificuldade característica do programa de Ensino de Jovens e Adultos ( EJA). Na

oportunidade fui informado que toda a escola estava empenhada na elaboração do projeto

Saúde e Prevenção na Escola, cujo tema era a alimentação saudável.

No mesmo dia fui apresentado à turma, naquele momento os alunos estavam

elaborando cartazes e enquanto elaboravam aproveitei para conhecê-los melhor os auxiliando

quando solicitavam ajuda. O projeto foi realizado nos dias 11, 12 e 13 de Novembro tendo sua

culminância no dia 14 reunindo alunos, pessoas da comunidade e convidados de outras

escolas durante a exposição de cartazes e estudos temáticos realizados pela turma tais como:

Índice de Massa Corporal (IMC) dos próprios alunos, Vitaminas e tabela nutricional de

algumas frutas.

Em um segundo momento de observação, acompanhei as atividades realizadas

utilizando métodos pedagógicos tradicionais: aulas expositivas ministradas pela professora e

em seguida aplicação de exercícios para fixação do conteúdo apresentado. Outro método

utilizado foi a leitura individual e interpretação de textos.

3.1 Aula 1

A regência iniciou em 22 de Novembro, em parceria com a estagiária Dielle

Cíntia. Estudamos sobre os Vírus, conforme sugerido pela professora Maria Ferreira, por se

tratar de um assunto que desperta interesse da maioria dos alunos. Os livros escolhidos para

elaboração da aula foi o livro Ciências Naturais da editora Saraiva e o livro Ciência Integrada

da editora Positivo. Como em todo ambiente escolar, a maioria dos alunos demostravam

grande interesse enquanto alguns alunos conversavam necessitando assim da interferência da

professora que precisou chamar a atenção da turma em vários momentos exigindo atenção de

todos. Após alguns minutos, já sentindo-me mais a vontade no ambiente, foi aberto espaço

para a participação da turma através de dúvidas ou relatos de experiências pessoais. As

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principais questões levantadas pela turma foram a respeito da pouca informação que possuíam

sobre as formas de contaminações virais.

A estagiária Dielle Cíntia prosseguiu a regência apresentando imagens ampliadas

dos efeitos que os vírus causam à saúde humana. O primeiro momento de regência foi

assistido por 18 alunos de faixa etária variável entre 15 e 60 anos, aparentemente uma tarefa

fácil, mas o peso da responsabilidade fez parecer que o tempo não passava, o que aumentava a

preocupação em prender a atenção dos alunos e tornar a aula mais interessante. Ao fim da

regência, a professora Maria Ferreira agradeceu-nos e imediatamente convocou a turma para a

próxima aula garantindo a todos que seria um assunto muito interessante. Um fato marcante

durante a regência foi ouvir os alunos me chamarem de professor, a partir dali a

responsabilidade aumentou e preocupei-me em garantir um melhor preparo nas próximas

aulas, pois estaria sendo avaliado pelos alunos e pela regente de estágio.

3.2 Aula 2

A segunda regência deu-se em 22 de Novembro, uma sexta-feira, onde observei

uma frequência menor na turma, somente 13 alunos presentes. O tema apresentado foi

Reprodução Animal e Vegetal e mais uma vez foi em parceria da estagiária utilizei como

base para elaboração da aula o livro Ciências Naturais da editora Saraiva e o livro Ciência

Integrada da editora Positivo. Através de aula expositiva e dialogada com utilização de

cartazes, o conteúdo apresentado explanou conceito e importância da reprodução, tipo de

reprodução, fecundação e tipos de fecundação. Já melhor familiarizado com os alunos e a

professora regente, tive menor dificuldade durante a regência. Por se tratar de um tema que

despertava bastante interesse da turma, apresentei algumas curiosidades sobre perpetuação das

espécies gerando interação da turma e questionamentos dos alunos, principalmente os de

menor idade, o que desafia o professor a ter habilidades para envolver todos os alunos e

proporcionar um aprendizado uniforme. Durante toda a regência sempre tivemos o

acompanhamento da professora e nesta segunda aula a diretora da escola, Sra Lourdes Serra,

se fez presente e aproveito a oportunidade para fazer algumas colocações sobre as

dificuldades para manter uma boa frequência dos alunos. A segunda experiência me trouxe a

satisfação de colocar em prática o que se aprende na teoria dentro da universidade.

3.3 Aula 3

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4. AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

A realização do estagio supervisionado foi de fundamental importância, pois me

proporcionou uma nova visão da realidade vivida em sala de aula, clareando metas do futuro

profissional e flexibilizando respostas que até então estavam obscuras. Outra percepção foi a

grande importância e necessidade que o educador possui de sempre estudar, pesquisar e

buscar informações para cumprir com eficiência seu papel e garantir uma educação de

qualidade.

Cabe ressaltar que na observação, durante o projeto com o tema Alimentação

Saudável, verificamos grande integração de toda a escola valendo destacar que tudo que todo

material foi idealizado, confeccionado e apresentado pelos próprios alunos.

No decorrer do estágio vivenciei algumas dificuldades, tais como: pouco tempo

disponível, insegurança, sentimento de estar interferindo na rotina normal da escola, ambiente

físico não confortável, variação de faixa etária dos alunos, localização da escola em bairro

historicamente violento e alunos da zona rural com necessidade de saída antes do fim da aula.

Apesar de todos os obstáculos os alunos sempre foram participativos e atenciosos, o que torna

a experiência vivida no estágio muito válida e produtiva.

Independente da atual desvalorização do educador, pude observar que o professor

tem cumprido o seu papel com muito empenho e se esforça bastante em garantir ensino a

todos de forma uniforme, mesmo com as diferenças de idade da turma.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Depois de vivenciar as atividades do cotidiano no estágio supervisionado,

verifiquei que esta é uma experiência significativa e essencial para a formação acadêmica e se

torna o subsídio para a atuação na prática educacional daqueles que não a possuem.

A fundamentação teórica e prática promoveu uma melhor compreensão a cerca do

papel do professor no ambiente escolar e reforçou a certeza que o professor como o mediador

de conhecimento deve se impor diante da sala de aula, respeitar os alunos, dominar o

conteúdo estudado, buscando sempre ser interativo, comunicativo e dinâmico. Percebi que o

grande desafio de um educador é acompanhar o ritmo da turma com amor e paciência e não

somente lançar o conteúdo de qualquer forma sem se importar com a eficiência do

aprendizado.

Diante de todas as dificuldades já relatadas, destaca-se a diferença de faixa etária

dos alunos, ausência dos alunos nos dias de sexta-feira e alto índice de violência do bairro

onde a escola está localizada.

Embora todos os problemas vale ressaltar como ponto positivo a colaboração da

escola no sentido de colocar a disposição todo o material didático que dispõe gerando total

confiança ao estagiário para que este exerça o papel de educador na sala de aula.

Diante de todos os obstáculos enfrentados na prática docente quero salientar que

foi essencial a presença da professora Maria Ferreira e da diretora Lourdes Serra. Em

todos os momentos que precisamos elas estiveram presente nos auxiliando e procurando

alternativas para resolvê-los. O estágio foi um momento rico em minha formação, pois além

de possibilitar o contato direto com a realidade da escola, permitiu-me dialogar com os

sujeitos envolvidos no processo, auxiliando na formação de minha identidade profissional.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARREIRO, I. M. de F. e GEBRAN, R. A. Prática de ensino: elemento

articulador daformação do professor. IN: Barreiro, I. M. de F. e Gebran, R. A. Práticas de

ensino de estágio supervisionado na formação de professores. São Paulo: Avercamp, 2006.

KULCSAR, R. O Estágio Supervisionado como atividade integradora. In:

Piconêz, S. C. B. (Coor.) A Prática de Ensino e o Estágio Supervisionado. Campinas-SP:

Papirus, 1991.

Educação de Jovens e Adultos: uma memória contemporânea, 1996-2004.

Organização: Jane Paiva, Maria Margarida Machado e Timothy Ireland. – Brasília: Secretaria

de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação :

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, 2007.

Educação de Jovens e Adultos. Em:</http://www.infoescola. com/educacao/de-

jovens-e-adultos/ >. Acesso em: 07 de Dezembro de 2013.

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