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Como as condições do trabalho do tutor podem influenciar na qualidade da EaD.
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSEINSTITUTO DE MATEMÁTICA
LANTE – Laboratório de Novas Tecnologias de Ensino
FORMAÇÃO, VALORIZAÇÃO E CONDIÇÕES DE TRABALHO DA TUTORIA: PONTOS FUNDAMENTAIS NA TEIA DA QUALIDADE EM EAD
Deborah Adriana Tonini Martini Cesar
Embu - SP2011
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Deborah Adriana Tonini Martini Cesar
FORMAÇÃO, VALORIZAÇÃO E CONDIÇÕES DE TRABALHO DA TUTORIA: PONTOS FUNDAMENTAIS NA TEIA DA QUALIDADE EM EAD
Trabalho Final de Curso apresentado à Coordenação do Curso de Pós-graduação da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista Lato Sensu em Planejamento, Implementação e Gestão da EAD.
Aprovada em MÊS de ANO.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________________Prof. Fábio Maia Souza
Lante- UFF
_________________________________________________________________Prof. Nome
Sigla da Instituição
_________________________________________________________________Prof. Nome
Sigla da Instituição
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu marido e filhos que, pacientemente, tiveram que suportar minha ausência, apesar da presença física.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado condições e perseverança para seguir
até o final, apesar das muitas dificuldades provenientes de um cotidiano sobrecarregado de
compromissos e daquelas ligadas aos cursos em EAD.
Ao meu marido Marcos e aos meus filhos Raphael e Giovanni, pelo apoio e pela
compreensão durante os longos períodos de dedicação exclusiva aos estudos nos quais deixei de
lhes oferecer a devida atenção.
À minha mãe querida, ao meu irmão pelas orações e pelos incentivos. À minha tia Maria
Lúcia, que me ofereceu a primeira oportunidade de iniciar estudos voltados à informática
educativa. Aos meus alunos que me motivam a sempre procurar novos e melhores caminhos para
a educação.
Aos meus colegas do PIGEAD: Aliny, Ana, Tatiane e Fernando, que em todo o tempo
também lutaram contra as dificuldades, construindo pontes de amizade e de colaboração, para
que pudéssemos concluir esta importante etapa em nossa vida acadêmica.
Ao tutor Fábio Maia, que nos orientou neste período final e teve paciência para lidar
conosco em nossos altos e baixos, representando todos os professores e tutores que nos
mostraram caminhos no decorrer deste curso, e também aos tutores de diversas instituições em
diferentes partes do país que contribuíram para que esta pesquisa fosse possível, respondendo
ao nosso questionário online.
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RESUMO
Com o advento da ampliação do ensino a distância no espaço virtual, uma classe de educadores emerge e se torna o foco principal desta pesquisa. Esses profissionais são os tutores virtuais que têm atribuições semelhantes às dos professores, no entanto, essa atividade parece ainda não ter o status de uma profissão, no que diz respeito às leis trabalhistas. Nem sempre os tutores têm um vínculo empregatício com a instituição em que trabalham, e na maioria das vezes atuam como profissionais autônomos. O perfil do tutor, em uma primeira hipótese, se assemelha à prestação de serviços, como fossem “professores terceirizados”, que muitas vezes não são reconhecidos como professores. Uma das dificuldades encontradas pelos tutores diz respeito a organização de trabalho na modalidade a distância,o aspecto que mais se evidencia é flexibilização do trabalho(tempos e espaços),assim como também, sobrecarga de atividades, número elevado de alunos e questão salarial.
Este trabalho tem como objetivo de observar as ligações possíveis entre as condições de trabalho e formação e a qualidade que se espera do Ensino Superior a Distância. Essa modalidade de ensino vem abrindo espaço para novas formas de ensinar e aprender e para que tal processo seja exitoso, é fundamental uma formação profissional especializada, que abarque aspectos pedagógicos, técnicos e éticos.
A EAD vem conquistando a cada dia mais espaço e relevância no ensino superior brasileiro e para se alcançar um patamar de educação de qualidade, é preciso se investir mais do que na ampliação de acesso, mas se pensando na formação e nas condições de trabalho dos tutores, os quais são peças fundamentais no ensino a distância.
Esta pesquisa traz dados obtidos através de levantamento bibliográfico e de pesquisa qualitativa utilizando-se questionário online destinado a tutores, que possibilitou se delinear um quadro sobre a formação e as condições de trabalho desses profissionais, levantando-se aspectos importantes sobre os quais se deve incidir o olhar das políticas públicas educacionais voltadas para a Educação a Distância, buscando valorizar e oferecer condições de trabalho adequadas para que o exercício da tutoria possa ser visto como atividade principal e não uma atividade paralela que sirva apenas para complementar o orçamento.
Com a devida valorização, a tutoria pode passar a ser vista como uma profissão e não como um “bico”. O investimento nessa categoria profissional e a criação de vínculos empregatícios podem contribuir para que, havendo maior disponibilidade de tempo com a devida remuneração, haja concomitantemente uma melhoria nos processos de mediação e de aprendizagem.
Palavras-chave: (tutoria em EAD, formação profissional, condições de trabalho)
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SUMÁRIO
Introdução 7
Capítulo 1: A Educação a Distância na Formação Docente Inicial e
Continuada10
Capítulo 2: A Formação dos Profissionais da Tutoria Virtual e suas
Condições de Trabalho15
Capítulo 3: A Metodologia Utilizada e a Análise dos Dados Obtidos
Através da Pesquisa com Tutores20
Considerações Finais 36
Referências Bibliográficas 38
INTRODUÇÃO
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Com o desenvolvimento das tecnologias da comunicação e informação, cresce a oferta de cursos
a distância, o que propiciou o surgimento de uma nova classe de educadores: os tutores virtuais,
cujas atribuições são semelhantes às dos professores, no que diz respeito à interação com os
alunos. No entanto, essa atividade parece ainda não ter o status de uma profissão, já que não há
sindicatos ou leis trabalhistas específicos. Muitos tutores, se quer possuem vínculo empregatício
com a instituição em que trabalham, atuando, em muitos casos, como profissionais autônomos.
O perfil dos tutores de cursos a distância, em uma primeira hipótese, se aproxima do
profissional autônomo ou do estagiário bolsista. Possivelmente, a falta de vínculo do tutor virtual
com a instituição aumenta a rotatividade destes profissionais, propiciando-lhes desgaste físico e
mental, já que este trabalho pode ser visto por muitos tutores como um “bico” para complementar
a renda.
Acredita-se que uma das dificuldades encontradas pelos tutores diz respeito a organização
de trabalho na modalidade a distância, pois nesta modalidade de ensino, o aspecto que mais se
evidencia é a flexibilização (tempos e espaços) do trabalho docente, assim como também,
sobrecarga de atividades, número elevado de alunos e questão salarial.
Com o intuito de se testar tais hipóteses, foi proposta uma pesquisa de cunho qualitativo,
cujo propósito é conhecer as reais condições de trabalhos destes novos profissionais da
educação, por meio de um questionário eletrônico direcionado a este público. Considera-se para
esta análise, a remuneração, o tipo de vínculo com a instituição que oferece o curso, sua
formação inicial e continuada, ou seja, suas condições de trabalho e os reflexos positivos ou
negativos que estes elementos podem ter em relação ao trabalho e desempenho do tutor.
Esse estudo de caráter introdutório pode trazer elementos para discussões e estudos
futuros que visem benefícios relacionados ao aprimoramento da EAD no país, contribuindo para
que seu crescimento e popularidade estejam aliados à qualidade e ao respeito profissional,
valorizando o trabalho docente em todas as instâncias, de forma que o ensino a distância possa
primar pela qualidade, conforme preconizam os referenciais para a EAD.
A pesquisa teve por foco a observação das relações entre a alta formação exigida para o
exercício da tutoria, as condições de trabalho e remuneração com a possibilidade desses
profissionais oferecerem a necessária assistência aos alunos da EAD.
A hipótese inicial, com base na pesquisa bibliográfica, revela que as condições de trabalho
dos docentes que exercem tutoria em EAD no ensino superior não são suficientes para um
exercício satisfatório de suas funções, que pode ser prejudicada pelo excesso de funções em
relação ao tempo de trabalho remunerado. A baixa remuneração obrigaria tais docentes a
acumular cargos, reduzindo a possibilidade de oferecerem um suporte adequado aos alunos dos
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cursos superiores em EAD ou oferecê-lo a um alto custo pessoal, sacrificando o tempo que
deveria ser empregado em atividades de lazer. A formação continuada desse profissional também
pode ser afetada pela falta de tempo para os estudos. Essas hipóteses deverão ser verificadas
observando os resultados de pesquisa realizada junto a alguns desses profissionais.
Levando em conta a hipótese da pesquisa, o objetivo principal é verificar se há relação
entre as condições de trabalho do tutor, sua formação e a possibilidade de se realizar uma
mediação adequada.
De um modo mais específico, pretende-se:
• Observar a possibilidade de se oferecer um ensino de qualidade em ampla escala através dos
projetos governamentais que visam a ampliação de oferta de cursos em nível superior através
da modalidade EAD;
• Construir um perfil do tutor e suas atribuições, sua centralidade nos processos de educação a
distância e a maneira como lidam com a quebra de paradigmas educacionais decorrente do
uso dos recursos tecnológicos interativos utilizados pela EAD, verificando suas condições
reais de trabalho em aspectos relacionados à forma de contratação, remuneração,
contratação, carga horária, capacitação e legislação trabalhista para educadores ma
modalidade a distância;
• Verificar a validade das hipóteses levantadas através da pesquisa bibliográfica através da
apuração das informações obtidas através da pesquisa feita junto aos tutores através de
questionário online.
Para embasamento dos estudos, optou-se pela pesquisa bibliográfica inicial, com leituras
que permitissem o levantamento de questões relevantes sobre as quais deveriam incidir as
reflexões e também a pesquisa de campo, utilizando um formulário online que alcançasse tutores
de diferentes instituições e locais do país, procurando levantar informações suficientes para uma
análise sobre a formação do tutor e suas condições de trabalho.
A partir dos dados levantados através da pesquisa bibliográfica e do levantamento de
dados feito a partir do questionário virtual, procura-se verificar a hipótese da centralidade do tutor
no ensino a distância, a importância de sua formação e condições de trabalho e de que forma
podem contribuir para a obtenção da qualidade de ensino nos cursos superiores em EAD.
Pode-se dizer que a interatividade é o ponto chave nos sistemas de tutoria e também que
a figura do tutor é fundamental nesse processo, incentivando a autonomia do aluno. Estudar a
formação dos profissionais da tutoria e as suas condições de trabalho pode ser fundamental para
8
compreender os aspectos que já são positivos e aqueles que ainda precisam ser revistos e
melhorados, podendo oferecer pistas para uma análise mais aprofundada sobre os sistemas de
tutoria, suas potencialidades e os pontos sobre os quais se deve incidir um olhar mais atento, no
sentido de se buscar soluções para encontrar caminhos cada vez mais sólidos para o
desenvolvimento do ensino superior a distância, que tende a um crescimento significativo no
Brasil, tendo em vista sua viabilidade sob o aspecto espacial, financeiro e de abertura de acesso
ao ensino superior, uma vez que o crescimento da oferta de vagas no ensino público superior não
é suficiente para atender a crescente demanda por vagas nesse nível de ensino.
9
CAPÍTULO 1 - A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NA FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL E CONTINUADA
No Brasil, a formação em nível superior na modalidade a distância é um evento
relativamente novo. Essa abertura se deu a partir da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional - LDB (Lei 9394/96), também conhecida como Lei Darcy Ribeiro, que
deu maior autonomia ao ensino a distância, em oposição à LDB de 71 (Lei 5.692/71) que
considerava a educação a distância experimental, “a título precário” e basicamente ligada
ao ensino supletivo. (LEMGRUEBER, s/d, p.1)
O art. 80 da atual LDB (Lei nº 9.394/96) aborda a educação na modalidade a
distância, prevendo incentivo do Poder Público em relação à sua implementação em
todos os níveis de ensino, reduzindo limitações burocráticas para seu desenvolvimento.
O foco nos primeiros anos da EAD era a capacitação dos professores em serviço, porém,
a prioridade passou a ser os cursos de licenciaturas, em geral e atualmente, há uma
crescente busca pelos cursos de especialização. Paralelamente ao aumento da oferta em
cursos a distância, houve também um crescimento também dos cursos semipresenciais,
com apoio no polo presencial e tutoria virtual pela internet.
A citada Lei nº 9.394/96 estabeleceu a necessidade de formação em nível superior
para os professores da educação básica, estipulando que ao final da chamada década da
educação, só poderiam ser admitidos no sistema, professores com formação em nível
superior. Após mais de 10 anos da LDB, esta meta ainda não foi atingida e, segundo
informações do próprio Ministério da Educação, o déficit de professores em 2009, era de
246 mil nas redes públicas de educação básica (LAPA & PRETTO, 2010).
Com o intuito de atender tal demanda, o Governo Federal vem investindo na
formação de professores por meio do apoio às diversas iniciativas de Educação a
Distância. A própria LDB, aponta em seu artigo 80 que o “Poder Público incentivará o
desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis
e modalidades de ensino, e de educação continuada” (MEC, 1996).
Para regulamentar a Educação a Distância tratada na LDB, o governo promulgou
o Decreto n. 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, onde conceituou a educação a distância,
fixando diretrizes gerais para a autorização e o reconhecimento de cursos e o
credenciamento de instituições, além de tratar de matrículas, transferências,
aproveitamento de estudos, certificados, diplomas, avaliação de rendimento, definindo,
ainda, penalidades para o não atendimento dos padrões de qualidade e outras
irregularidades.
Em 2005, o governo estabeleceu o decreto 5.622, revogando os anteriores e
estabelecendo normas para a educação a distância, tratando principalmente, do
credenciamento de instituições para a oferta de EAD e da autorização e reconhecimento
de cursos criados segundo essa modalidade de educação.
Definidas as regras que implementaram a EAD, o Governo Federal criou, em
1995, a Subsecretaria de Educação a Distância, implantada no âmbito da Secretaria de
Comunicação da Presidência. No ano seguinte, esta foi incorporada à recém criada
secretaria da Educação a Distância do Ministério da Educação e da Cultura (MEC), cujas
ações priorizaram projetos voltados à introdução de tecnologias da informação nas
escolas públicas de educação básica (como o PROINFO) e formação de professores
(como a TVEscola e a UAB) (CAPES, s/d).
Segundo MORAN (s/d), a EAD está em fase de consolidação no Brasil. Para este
autor, no início, o Brasil apenas copiava modelos bem sucedidos em EAD, mas,
atualmente, passou a desenvolver de novos projetos. Ainda, segundo o autor, a grande
busca pela modalidade é decorrente de “uma demanda reprimida de alunos não
atendidos, principalmente por motivos econômicos” (MORAN,s/d). O autor afirma ainda
haver preconceito em relação ao ensino superior a distância devido a ligações históricas
como ensino técnico e supletivos de qualidade duvidosa.
LEMGRUBER (s/d) compartilha dessa mesma visão em relação ao preconceito
em relação à EAD, pois, apesar de, na atualidade, a Internet (e suas potencialidades) ser
seu principal aporte, há muitos que consideram essa modalidade de educação como
inferior. Por outro lado, há os que a consideram como a solução para os atuais problemas
educacionais, não só no que diz respeito à ampliação de acesso, como também no
tangente às mudanças de paradigmas no campo pedagógico.
Entre os extremos, há um leque de discussões divergentes sobre o tema, o que
demonstra a necessidade de se realizar pesquisas para se conhecer suas reais
potencialidades e identificar suas limitações.
11
Para os que defendem a EAD, a formação inicial e continuada a distância são
vistas como maneiras de se melhorar a qualidade do ensino no Brasil, através da oferta
de um ensino superior mais produtivo, ou seja, que utilize os recursos de forma a atender
à demanda sem perder a qualidade do ensino, antes restrito a pequenos grupos. Outro
ponto positivo são as mudanças que podem ocorrer em relação ao ensino presencial
tendo por base as experiências positivas do Ensino a Distância, que tem seu fundamento
no desenvolvimento da autonomia, focando o aluno como sujeito aprendente, capaz de
gerir seu próprio processo de aprendizagem. A figura do tutor é talvez a que mais se
aproxima do ideal do professor mediador, que promove situações de aprendizado que
favoreçam o exercício do pensamento crítico e a construção do conhecimento. (MILL et
al, 2008)
Para BELLONI (2008), a Educação a Distância não deve ser entendida como uma
forma de educação paliativa que pretende suprir uma lacuna na educação de uma forma
emergencial. Deve-se ter em mente que a EAD está em constante definição de seus
contornos, o que lhe confere uma identidade específica e não atrelada ao conceito
supletivo que lhe era inicialmente conferido.
Esta autora ainda percebe que essa mudança não está restrita ao uso das
tecnologias, mas na maneira como se dá nos cursos a distância, promovendo uma
“aprendizagem aberta e autônoma” e não “paliativa”, o que favorece o desenvolvimento
de indivíduos autônomos e dispostos a manter sua aprendizagem ao longo da vida, o que
se faz importante, uma vez que a formação profissional inicial tende à obsolescência com
o passar dos anos.
Ainda para BELLONI, os currículos para a formação inicial precisarão ser
reformulados, garantindo o foco sobre as habilidades relacionadas à capacidade de
aprender em detrimento da quantidade de informações, “[...] sem, no entanto negligenciar
a formação do espírito de pesquisa e das competências de pesquisa [...]”. (BELLONI,
2008. p. 5).
Como se vê, a educação a distância revolucionou conceitos sobre as relações de
ensino e aprendizagem e com isso modificou também o perfil e o papel do professor.
Novas habilidades lhe são cobradas, mas quem é o docente nesta nova forma de
educação?
Para se responder tal questão, dois aspectos são importantes de serem
discutidos, são eles: 1) A formação do professor e 2) as condições de trabalho que lhe
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são dadas.
No que se refere à política de formação de professores, para OLIVEIRA (2009), a
política educacional do governo Lula elegeu a EAD, através da UAB (Universidade Aberta
do Brasil) e da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior),
como a principal estratégia política tanto para formação de professores quanto para
expansão das matrículas nas IES públicas, tornando-se um importante veículo para a
difusão de uma nova sociabilidade, de um novo modo de ser, pensar e agir.
Em 1996, a LDB estabeleceu prazo de 10 anos para a exigência de licenciatura
de todos os professores do Ensino Básico. Porém, após 15 anos da LDB e em diversas
regiões brasileiras há professores sem Licenciatura ou que não possuem licenciatura
adequada ao componente curricular que ministra. Nas séries iniciais essa realidade é
ainda mais preocupante, mesmo em grandes centros, como São Paulo, em que muitos
professores possuem apenas o nível médio (Magistério) no caso das regiões centrais, ou
em regiões mais distantes, nem essa formação possuem (Oliveira, 2009).
Com o intuito de atender tal demanda, o Governo Federal tem investido em
programas de oferta de cursos de licenciatura a distância por meio da UAB, oferecendo
uma 1ª Licenciatura, ou uma segunda mais adequada, para professores de todo o país
com o Plano Nacional de Formação de Professores do Ensino Básico e o Pró-
Licenciatura.
O Plano Nacional de Formação de Professores foi lançado em 2009 envolvendo
universidades federais, estaduais e institutos federais e são oferecidos tanto na
modalidade presencial como a distância, pela Universidade Aberta do Brasil (UAB).
A Universidade Aberta do Brasil (UAB) é um programa governamental que tem por
compromisso expandir o acesso ao ensino superior no Brasil, com a expectativa de
ampliar significativamente o atendimento à demanda de formação e capacitação docente
para mais de um milhão de professores para atuar na educação básica brasileira,
reduzindo as dificuldades de ingresso no ensino superior em nosso país através da EaD.
Embora ainda existam preconceitos decorrentes do desconhecimento que se tem a
respeito da modalidade de ensino, ela tem propiciado novas formas de interação entre
professor e aluno, bem como as relações entre esses sujeitos, rompendo com as
concepções tradicionais de tempo e espaço. (MILL et al, 2008)
O Sistema UAB foi criado pelo Ministério da Educação em 2005, refere-se à
13
política pública em união a Secretaria da Educação a Distancia e a Diretoria de Educação
a Distancia. Apresenta cinco eixos fundamentais: 1) Aumento da Educação pública
Superior; 2) Formas inovadoras de gestão das instituições de ensino superior visando
uma melhoria nas propostas de educação de Estados e Municípios; 3) Formas de
avaliação criadas pelo MEC, no intuito de regularização dos cursos de Educação
Superior; 4) Incentivo a investigação em Educação Superior a Distancia no Brasil. E por
fim, 5) investimentos na Educação Superior a Distancia no Brasil no que diz respeito aos
processos de implantação e execução dos cursos de Educação a Distancia. A finalidade
do sistema UAB é desenvolver a modalidade de educação à distância e aumentar a
oferta de cursos e programas de educação superior no País (CAPES, s/d)
Melhorar a qualidade da educação não se resume ao aumento da oferta de vagas
para formação de professores. A qualidade dos professores destes cursos também reflete
na qualidade da educação (Quem educa os futuros professores? Quais as condições de
trabalho e o apoio que recebem da instituição para oferecer um bom curso?).
Este trabalho tem por foco a importância dos sistemas de tutoria para que a
Educação a Distância seja uma modalidade de ensino que revolucione não somente por
ampliar o acesso e atender à demanda, mas por oferecer novos caminhos para uma
aprendizagem mais próxima das necessidades da sociedade atual e com a qualidade
esperada.
14
CAPÍTULO 2 - A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA TUTORIA VIRTUAL E SUAS CONDIÇÕES DE TRABALHO
De acordo com o que foi abordado no primeiro capítulo, há um consenso sobre as
possibilidades que EaD pode oferecer em relação à democratização do ensino,
oferecendo a oportunidade de acesso universitário a indivíduos que teriam dificuldades
em frequentar um curso presencial por diversos motivos. No Brasil, temos observado um
esforço em ampliar esse acesso através da Universidade Aberta do Brasil, que tem as
universidades federais como espaço para a implementação e ampliação da EAD no
Brasil. Diversas universidades particulares também têm lançado mão dessa modalidade
de ensino, procurando maneiras de atender a essa parcela da comunidade que precisa
ser atendida pela educação a distância. (LEAL, s/d)
A educação a distância não pode ser vista como apenas uma mudança nos meios
em que se efetiva o aprendizado. Essa modalidade tem características que lhe são
próprias e inerentes à sua existência. A EAD requer que, junto com a mudança de
ambiente de aprendizagem haja uma mudança em relação aos paradigmas educacionais
através de um processo de ressignificação da educação. Não basta que se usem os
meios atuais de interação virtual para que essa mudança ocorra. É preciso que se invista
na qualificação do corpo docente das universidades que desejem atuar na EaD, a fim de
que toda a concepção de educação seja renovada, não somente em termos
metodológicos, mas também ideológicos, refletindo criticamente sobre o papel da
universidade na democratização de acesso ao ensino superior . (MILL et al, 2008)
Nesse contexto, o sistema de tutoria tem se mostrado fundamental no
acompanhamento das atividades dos alunos, na preparação para o uso das ferramentas
virtuais e no uso adequado que se faz delas dentro do desenvolvimento do curso. Nos
cursos virtuais, o foco não deve estar apenas sobre o conteúdo, mas o design é
importante na otimização do uso dos recursos midiáticos e virtuais de um modo geral
(MILL et al, 2008).
Considerando a quebra de paradigmas educacionais decorrente do uso dos
15
recursos tecnológicos interativos utilizados pela EAD, é possível perceber uma
ressignificação, não só do papel do aluno e do professor, mas de toda a prática docente.
É possível perceber que essa mudança na prática docente pode interferir diretamente na
prática do professor em formação, ainda que o mesmo atue somente na educação
presencial (MILL et al, 2008)
Os cursos em educação a distância são construídos com base nas vertentes
construtivista e sócio-interacionista, valorizando a interação entre os sujeitos
aprendentes, como forma de se produzir novos conhecimentos. Esse contato constante
com a renovação das experiências pedagógicas proporcionadas pela EAD poderá
promover uma mudança na prática docente, que tende a se tornar mais interativa e
colaborativa, contribuindo para se atender as novas necessidades identificadas no
panorama educacional da atualidade. Deste modo, é possível dizer que os cursos de
formação docente a distância, podem contribuir pelo seu formato e pela sua
especificidade para que as mudanças necessárias aconteçam. LEAL (s/d)
O tutor é uma peça fundamental no ensino a distância, pois através de seu
trabalho o estudo dos conteúdos é ressignificado, através de uma abordagem que
propicie a reflexão e o desenvolvimento do pensamento crítico. O perfil do tutor também
deve ser diferenciado, pois precisa estar aberto às constantes inovações tanto
tecnológicas quanto pedagógicas, além de perceber as diferenças de ritmo e forma de
aprendizado de seus alunos, apoiando- os em todas as etapas , ao mesmo tempo em
que consiga estabelecer formas de avaliação coerentes, mantendo um olhar investigativo
sobre os processos de aprendizagem. LEAL (s/d)
Segundo Ferreira e Rezende (2004):
“o tutor deve acompanhar, motivar, orientar e estimular a aprendizagem autônoma do aluno, utilizando-se de metodologias e meios adequados para facilitar a aprendizagem. Através de diálogos, de confrontos, da discussão entre diferentes pontos de vista, das diversificações culturais e/ou regionais e do respeito entre formas próprias de se ver e de se postar frente aos conhecimentos, o tutor assume função estratégica.” (citado por SOUZA, 2004, p. 1)
Essa citação traz algumas questões referentes ao trabalho do tutor, que tem, em
linhas gerais, a função de mediador do aprendizado, buscando formas que maximizem a
interação e o aprendizado. Mas, de que maneira o tutor alcança essa excelência em seu
trabalho? Quais são suas responsabilidades em relação ao aprendizado dos alunos?
Essa responsabilidade é compartilhada com o professor? Até que ponto o tutor tem
autonomia para estabelecer sua linha de trabalho? Como se dá a formação do tutor?
16
Segundo LEAL (s/d), há ainda uma certa indefinição em relação ao que é ser
realmente um tutor. Em que pontos diferiria do professor? Para a autora, o tutor é um
educador em nível acadêmico, que tem um trabalho específico, que vai desde a
motivação dos alunos, evitando a evasão, quanto ao compromisso com a formação
intelectual dos alunos de forma abrangente e criativa, procurando caminhos e formas de
inovação da prática, atendendo às especificidades dos cursos em EAD.
Levando em conta a relevância do papel do tutor nos cursos de formação docente
a distância, há de se considerar um aspecto muito importante para que esse profissional
atue de forma adequada, promovendo a mudança paradigmática esperada, ao mesmo
tempo em que garanta meios de se propiciar o desenvolvimento de habilidades voltadas
ao aprendizado. De que maneira se dá a formação desses profissionais?
Segundo SOUZA (2010), o formador em EAD deve evitar a estagnação, buscando
formas de se renovar e ressignificar seus conhecimentos, mantendo-se atualizados não
somente em relação à educação em seu sentido mais amplo, mas também buscando
maneiras de utilizar de forma adequada “as ferramentas do espaço virtual”. Essa busca
continuada por atualização possibilita ao docente formador um constante crescimento,
tanto no que diz respeito aos conhecimentos da disciplina que ensina, mas também em
relação à maneira como acontece esse aprendizado mediado pelas tecnologias.
MERCADO (s/d, p. 208) define a “competência básica para o exercício da tutoria,
uma competência técnica e legal”. Aprender a aprender é uma tarefa constante no
trabalho de tutoria. Ao mesmo tempo em que o tutor deve propiciar caminhos para que
seus alunos possam aprender a aprender, ele mesmo precisa traçar essa trajetória. É um
processo de autoformação que utiliza as experiências cotidianas para a troca de
experiências que promove um crescimento constante. MERCADO (s/d, p. 208) ainda
afirma que “Pensar a formação de tutores significa pensá-la como um processo contínuo
de formação inicial e continuada.” Esse tipo de formação também é conhecida por
formação em serviço, que não deve acontecer ao acaso, mas ainda segundo MERCADO
(s/d, p 208), “A educação em serviço é um processo intencional, planejado, que visa à
mudança do educador e dos sistemas educacionais.” . Esse tipo de formação também
influencia positivamente os alunos que, no exercício da docência tenderão às práticas
mais reflexivas, buscando através de pesquisas soluções para as situações do cotidiano
escolar.
17
Esse tipo de formação em serviço, intencional e programada nos remete ao
conceito de educador reflexivo, que não apenas passa por seus afazeres cotidianos, mas
os vivencia de modo a ampliar seu próprio processo de aprendizado, analisando suas
práticas e confrontando-as com as teorias educacionais e criando suas próprias teorias.
Para FREIRE (1996, p.22), a “formação permanente dos professores, o momento
fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de
hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática.” A formação permanente do
tutor é um dos pilares de seu processo de formação, que se estende além da formação
técnica necessária para o exercício da tutoria.
Apesar dessa possibilidade de formação permanente do tutor, MILL (2008) aponta
para elementos que podem dificultar esse processo de qualificação coletiva:
“Embora constitua um coletivo de trabalho (em prol de uma mesma atividade), esse grupo de trabalhadores apresenta dificuldades em relação às quatro dimensões da qualificação coletiva a serem consideradas como resultantes da convivência praticada no seio do coletivo de trabalho: sinergia, solidariedade, imagem operativa coletiva e aprendizagem. Pensar na articulação dessas quatro dimensões no seio do coletivo de trabalho docente da EaD é um desafio” (MILL, 2008, p. 10)
De acordo com CARDOSO (2010, p.90), é imprescindível que o tutor seja
valorizado, “visto que, além da responsabilidade de atender a um número infinitamente
maior de alunos, em condições adversas, em muitos casos está mais vulnerável a
críticas.”
Apesar de relevância do trabalho desses educadores, os tutores nem sempre são
valorizados como deveriam. TEIXEIRA JR (2010), através de sua pesquisa sobre o perfil
do tutor virtual e suas condições de trabalho, aponta alguns aspectos que podem
dificultar o cotidiano desse educador, como a “instabilidade e necessidade de
sobrevivência”. O tutor desempenha o papel de docente, criando caminhos para o
aprendizado e compreensão. Essa aproximação do trabalho do tutor ao trabalho do
professor amplia a responsabilidade desse profissional. Segundo o autor, o excesso de
responsabilidades é um dos fatores que geram dificuldades no exercício da função.
Essas responsabilidades são maximizadas pelo grande número de alunos que precisam
ser atendidos por um mesmo profissional. Outro aspecto que dificulta a atuação do tutor é
a ausência de participação no planejamento da disciplina, de modo que esse educador
apenas acompanha o processo construído por outro.
18
De acordo com a pesquisa de MILL et al (2010) citada por TEIXEIRA JR., (2010),
os fatores que podem estar mais relacionados às más condições de trabalho em EAD
são: a sobrecarga de trabalho e atividades que devem ser realizadas em curto prazo,
uma vez que normalmente são remunerados por uma carga horária insuficiente para a
realização das atividades que lhes são requeridas, juntamente com “o elevado número
de alunos e o baixo valor hora-aula.” A baixa remuneração obriga o tutor a acumular
atividades, tanto na docência presencial quanto em outros cargos de tutoria. Ainda
segundo o autor, o excesso de trabalho pode desencadear problemas de saúde.
Segundo MILL (2010), é importante que o teletrabalhador consiga administrar seu tempo,
separando espaço para a família, lazer e cuidados com a saúde.
MILL et al (2010) enumeram uma série de questões trabalhistas relacionadas ao
trabalho do tutor. Dentre elas, está a forma de contratação, que normalmente é
temporária, com pagamento feito através de bolsas, o que dispensa a formação de
vínculo empregatício e o pagamento de benefícios como o 13° salário. Essas condições
precárias de trabalho exigem desse educador o acúmulo de cargos, inclusive visando
manter o vínculo empregatício com alguma instituição, muitas vezes requerido para o
exercício da tutoria. Essa precarização do trabalho do tutor implica muitas vezes o
exercício da função como um “bico” que pode oferecer uma renda complementar para a
família.
BARROS (s/d, p.2) aponta para a “falta de legislação trabalhista específica para a
EAD” e para a necessidade de se elaborar “[...] normas específicas que disciplinem a
relação de trabalho e proporcione condições dignas e condizentes com sua qualificação
profissional.” BARROS (s/d, p.19) Refletir sobre o trabalho do tutor e estabelecer
parâmetros para seu trabalho, remuneração e vínculo é fundamental para que a EAD
ganhe qualidade através da valorização desse importante profissional, oferecendo-lhe
condições de trabalho adequadas.
CAPÍTULO 3: A METODOLOGIA UTILIZADA E OS DADOS OBTIDOS NA PESQUISA COM TUTORES
Conforme citado anteriormente, o objetivo da presente pesquisa é de realizar um estudo
19
sobre a formação e as reais condições de trabalhos de tutores de cursos a distância. De
início, foi realizado um estudo bibliográfico e o levantamento de pesquisas sobre
assuntos relacionados. Para tal, foram consultadas diversas obras que pudessem
oferecer um quadro mais nítido sobre o ofício do tutor sob diferentes aspectos, com
especial foco sobre a questão da formação desses profissionais e suas condições de
trabalho.
Para Günther (2003), há três formas possíveis de se compreender o
comportamento humano nas ciências sociais. Pode o pesquisador observar o
comportamento no âmbito real ou criar situações artificiais para observá-lo. Ou, ainda,
perguntar diretamente às pessoas suas opiniões por meio de entrevistas e questionários.
O questionário é o principal instrumento de levantamento de dados por
amostragem utilizado nas ciências sociais. “O questionário é um instrumento para recolha
de dados constituído por um conjunto mais ou menos amplo de perguntas e questões
que se consideram relevantes de acordo com as características e dimensão do que se
deseja observar.” (Hoz, 1985, p.58). Günther (2003) afirma que Yaremko et all (1986),
definem questionário como “um conjunto de perguntas sobre um determinado tópico que
não testa a habilidade do respondente, mas mede sua opinião, seus interesses, aspectos
de personalidade e informação biográfica”. Para estes autores, o questionário deve ser
elaborado partindo dos objetivos da pesquisa em termos dos conceitos a serem
pesquisado e da população alvo da pesquisa.
Partindo destes argumentos, elaboramos um questionário auto aplicável e os
enviamos por formulário eletrônico à listas de discussões, comunidades virtuais de
tutores em redes sociais. O questionário elaborado para a presente pesquisa foi proposto
partindo do objetivo de conhecer as as opiniões dos tutores de cursos a distância sobre
suas reais condições de trabalho e sua formação. Como o questionário foi auto aplicável,
as respostas foram espontâneas, uma vez que os tutores foram convidados a responder
uma pesquisa acadêmica no formato de questionário eletrônico sobre seu trabalho de
tutor.
Desenvolveu-se um questionário online utilizando a ferramenta Forms do Google
Docs. Esta possibilita, além do registro das respostas, a disposição dos dados em forma
de gráficos. Esse formulário de pesquisa online foi distribuído entre tutores de diferentes
IES, universidades públicas e privadas, de todas as partes do país, obtendo respostas de
profissionais de diversas regiões do país, em diferentes estados, como: São Paulo, Rio
20
de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Espírito Santo. Essa
distribuição se deu principalmente através de egroups voltados para educadores em
modalidade EAD e interessados em informática educativa de um modo amplo. Não houve
um foco específico sobre as pessoas dos tutores individualmente, mas para a categoria,
de um modo geral. A pesquisa também não teve foco sobre instituições, uma vez que se
procurou lançar luz sobre os aspectos ligados à formação do tutor e suas condições de
trabalho e de que maneira estes podem influenciar na qualidade da educação.
Um texto introdutório explicava os propósitos da pesquisa aos tutores, solicitando
sua cooperação na pesquisa. Procurou-se observar que ações são positivas para o
desempenho do trabalho desse educador, como o auxílio na formação continuada e
apoio oferecidos pela instituição de ensino superior. Por outro lado, há outros aspectos
que podem desencadear um processo de sucateamento do ensino na modalidade EAD,
como longas cargas horárias, acúmulo de jornada de trabalho, a falta de vínculo
empregatício, dificuldades de se dividir o tempo entre o trabalho e o lazer, dentre outros.
A questão da remuneração também recebe especial atenção dentro do segmento
relacionado às condições de trabalho.
A pesquisa elaborada é de caráter descritivo e o formulário foi elaborado
utilizando, de acordo com GIL (1991)," técnicas padronizadas de coleta de dados". Assim,
o questionário aplicado continha 27 questões, sendo 22 fechadas (múltipla escolha) e 5
abertas. As questões foram agrupadas segundo algumas considerações, tais como
caracterização dos sujeitos; Formação acadêmica; Formação continuada; Formação para
tutoria; Condições para o exercício da tutoria em curso a distância; Condições de
contratação do tutor; Satisfação do tutor em relação ao seu trabalho; e Condições de
saúde decorrentes do trabalho da tutoria. O período de aplicação do questionário virtual
se deu no período entre os dias 07 a 16 de maio. A partir da amostragem obtida, utilizou-
se a leitura dos gráficos a fim de se construir um breve estudo sobre as condições de
trabalho dos tutores EAD dentro dos parâmetros dispostos pela pesquisa.
A partir desse panorama, buscou-se verificar nas respostas dos tutores
virtualmente entrevistados ligações com as situações apontadas e observadas em artigos
e obras voltadas para a educação a distância. Em relação ao uso do questionário para a
realização desta pesquisa, não se pode deixar de perceber as limitações desse tipo de
recurso. Apesar de oferecer dados passíveis de análise, uma pesquisa quantitativa,
devido à amostragem, que pode ser representativa de um determinado grupo que está
sendo pesquisado, no entanto, devido às suas limitações, não atinge a totalidade do
21
grupo pesquisado. Sendo assim, a pesquisa exploratória serviu como instrumento
complementar ao estudo bibliográfico, podendo-se verificar a pertinência dos demais
estudos que serviram como base para esta pesquisa, validando também as hipóteses
desenvolvidas durante a elaboração desta pesquisa.
Grosso modo, esta pesquisa caracterizou-se como qualitativa, a partir do que
define NEVES, (1996,p.1) “Nas pesquisas qualitativas, é frequente que o pesquisados
procure entender os fenômenos, segundo a perspectiva dos participantes da situação
estudada e, a partir daí, situe sua interpretação dos fenômenos estudados”, uma vez que
buscou-se, a partir da obtenção dos dados, interpretá-los com base nos estudos
bibliográficos anteriores, buscando a confirmação de uma hipótese delineada durante a
elaboração do projeto de pesquisa, que procura estabelecer diálogos entre a
necessidade de se oferecer um ensino de qualidade nos cursos em EAD, em especial os
específicos para formação de professores e as condições de trabalho e formação dos
tutores. O perfil quantitativo da pesquisa também se revela na forma como o questionário
foi elaborado e como as respostas fechadas passíveis de tabulação e interpretação.
A seguir serão apresentadas as considerações e conclusões sobre a formação do
tutor e suas condições de trabalho, buscando observá-las à luz das leis e parâmetros
estabelecido para que a educação em nível superior tenha qualidade, verificando se as
exigências dispostas em lei têm sido observadas, assim como verificando também sob a
perspectiva legal o trabalho do tutor. Pretende-se assim verificar a validade dos
pressupostos lançados nos capítulos anteriores a este, pensando em caminhos que
possam oferecer aos tutores possibilidades ainda melhores para o desempenho de suas
atividades inseridas indubitavelmente no campo da docência em ensino superior.
A partir dos dados obtidos através do formulário online, foram utilizados os
gráficos para facilitar a exposição das respostas e a análise dos dados.
22
Dentre os entrevistados via formulário virtual, 68% dos que responderam foram
tutores presenciais e os demais 31%, tutores a distância.
Em relação à faixa etárias, pode-se perceber que há uma predominância da faixa
entre os 31 e 40 anos. Essa faixa etária pode estar relacionada com um tempo maior
dedicado à formação. A maior parte dos tutores tem uma excelente formação acadêmica.
Alguns têm mestrado, outros, especialização em EAD e, em alguns casos, há
23
68%
31%
TIPO DE TUTORIA
tutor presencialtutor a distância
Gráfico 1: tipos de tutoria
18%
37%
25%
18%
FAIXA ETÁRIA
entre 20 e 30 anos entre 31 e 40 anosentre 41 e 50 anos mais de 50 anos
Gráfico 2: Faixa etária
profissionais com até 4 graduações diferentes e pós-graduação. A maior parte dos
entrevistados é do sexo feminino.
De acordo com MILL et al (2007, p.70) , esse acúmulo de jornada entre
teletrabalhadores do sexo feminino implica uma terceira jornada de trabalho, uma vez
que normalmente os afazeres domésticos ainda são delegados às mulheres.
De um modo geral, a maior parte dos tutores exerce essa função há pouco tempo, menos
de 2 anos, o que pode sinalizar um crescimento nessa área, pela abertura de novos
cursos na modalidade EAD.
Em relação ao nível de satisfação em relação à remuneração para a realização do
24
61%
38%
SEXO
feminino masculino
Gráfico 3: sexo dos entrevistados
56%33%
11%
TEMPO DE EXERCÍCIO NA TUTORIA
até 2 anos entre 2 e 4 anos acima de 5 anos
Gráfico 4: Tempo de exercício na tutoria
trabalho de tutor, a maior parte considerou-a parcialmente satisfatória, com 49% das
opções, seguida de perto pela opção que considerava a remuneração inadequada com
44%. Apenas 1% dos tutores que responderam ao questionário acham a remuneração
totalmente adequada.
Esses trabalhadores ganham, em média, menos de 800 reais por uma jornada
entre 11 a 20 horas semanais. Dentre os 71 entrevistados, apenas 5 recebiam
remuneração superior a R$765,00, sendo que um deles somava R$1.200,00 em duas
tutorias. Apenas um tutor respondeu que recebia um valor equivalente ao das aulas
presenciais, não especificado na pesquisa.
Em relação ao tempo de dedicação à atividade, nem sempre o tempo coincide
com o estabelecido pela contratação. Comparando o gráfico 6, que se relaciona ao tempo
de contratação semanal ao 7, de efetivo exercício nota-se que, normalmente, os tutores
costumam utilizar mais tempo do que o previsto pela contratação.
25
1%
49%
44%
SOBRE A REMUNERAÇÃO
Sim, totalmenteSim, em parte Não, a remuneração não é adequada
Gráfico 5: Adequação da remuneração
A primeira faixa, que corresponde a 10 horas de contratação mantém os 14% de
dedicação à atividade. A segunda faixa, que compreende entre 11 e 20 horas sofre uma
alteração significativa, de 73% que são contratados por essa faixa de horas de trabalho
semanal, há uma queda para 51%. Na faixa que compreende entre 21 e 30 horas
26
14%
73%
8% 1%
TEMPO DE EXERCÍCIO SEMANAL DE TUTORIA
até 10 horas entre 11 e 20 horas entre 21 e 30 horas acima de30 horas
Gráfico 6: Tempo de exercício semanal da tutoria relacionado à contratação
14%
51%
20%
13%
DEDICAÇÃO SEMANAL EFETIVA À TUTORIA
até 10 horas semanais entre 11 e 20 horas semanaisentre 21 e 30 horas semanais mais de 30 horas semanais
Gráfico 7: Tempo dedicado ao exercício efetivo da tutoria
semanais, há uma elevação de 12% entre o gráfico de contratação e de exercício efetivo.
Os mesmos 12% de elevação de carga horária são observados entre os dados 1% que
recebem por mais de 30 horas semanais em relação aos 13% que efetivamente utilizam
mais de 30 horas semanais para desempenhar suas atividades. De um modo geral, mais
de 20% dos tutores trabalham mais tempo do que o previsto pela contratação.
Essa ampliação da carga horária devido à sobrecarga de trabalho foi apontada
por TEIXEIRA Jr. (2010, p.6), citando considerações sobre a pesquisa de MILL, SALES e
SANTIAGO (2010), que indica é decorrente do “excesso de atividades” em relação ao
tempo pago para a realização dessas atividades, juntamente com o “elevando número de
alunos e o baixo valor hora-aula” (p.6)
Analisando comparativamente os gráficos 6 e 8, respectivamente, TEMPO DE
EXERCÍCIO SEMANAL DA TUTORIA e NÚMERO DE ALUNOS ATENDIDOS, pode-se
perceber que a maior parte dos tutores atende grupos entre 21 e 50 alunos e o segundo
grande grupo atende até 20 alunos. Somando o percentual desses dois grandes grupos,
pensando em uma variação entre 20 a 50 alunos, totaliza-se 78%, valor praticamente
equivalente aos que responderam que recebem por tempo equivalente entre 11 e 20
horas semanais. Em um cálculo aproximado, é possível pensar em um tempo médio de
dedicação semanal de 1 hora por aluno, tempo provavelmente insuficiente para atender
satisfatoriamente as atividades de tutoria, que exigem conhecimento da disciplina a ser
ministrada, reconhecimento do material de apoio, correção das atividades e feedbacks,
além das necessárias interações para manter o grupo de alunos motivado e aprendendo.
27
37%
41%
17%
4%
NÚMERO DE ALUNOS ATENDIDOS
Até 20entre 21 e 50 entre 51 e 100 mais de 100 alunos
Gráfico 8: Quantidade de alunos atendidos
Apesar da importância desse educador no processo de educação a distância, já
dissertado por vários autores. LEAL (s/d, p.6) evidencia a centralidade desse
profissional, que tem uma função bastante abrangente:
“O tutor é um educador a distância. Aquele que coordena a seleção de conteúdos,
que discute as estratégias de aprendizagem, que suscita a criação de percursos
acadêmicos, que problematiza o conhecimento, que estabelece o diálogo com o
aluno, que media problemas de aprendizagem, sugere, instiga, acolhe. Enfim, um professor no espaço virtual, exercendo a sua função de formar o aluno.”
Para a autora, o tutor, em suas funções, desempenha o papel de um professor,
devido à natureza de sua atividade.
A pesquisa também
revela o
reconhecimento da importância do papel do tutor para o ensino a distância. A grande
maioria acha a atividade desempenhada muito importante.
No questionário online havia 3 questões que solicitavam ao tutor que quantificasse
a complexidade de alguns pontos do exercício da função, a saber:atender as dúvidas dos
alunos em relação ao conteúdo, tempo hábil para se solucionar os problemas
encontrados e dividir tempo para o trabalho e para o descanso de forma equilibrada.
O item que revelou maior complexidade ou dificuldade foi a divisão do tempo para
28
1% 8%
89%
IMPORTÂNCIA DO TRABALHO DO TUTOR
pouco importanterazoavelmente importanteimportante muito importante
Gráfico 9:Importância do trabalho do tutor
o trabalho e para o descanso de forma equilibrada.
De acordo com MILL, SALES e SANTIAGO (2010), p.12 “Há um engodo em
perdurar no discurso do mercado, que argumenta que a tutoria é um trabalho com
flexibilidade espaço-temporal, que pode ser executado concomitantemente a outras
atividades profissionais e que não demanda tanto esforço do trabalhador.”
Essa visão sobre o trabalho do tutor pode ser um dos motivos para tentar se
justificar a baixa remuneração, apesar da formação desses profissionais, o que contribui
para o acúmulo de funções, de modo que o tutor não pode se dedicar apenas à tutoria,
mas essa atividade realmente se torna uma forma de renda complementar, como pode
ser observado nos próximos gráficos.
29
fácil complexidade média dif ícil0
5
10
15
20
25
30
35
40
QUANTIFICAÇÃO DE COMPLEXIDADE
conteúdostempo hábildivisão de tempo
Gráfico 10: Aspectos de complexidade da tutoria
93%
4%
ATIVIDADE PARALELA
Sim Não
Gráfico 11: Desenvolvimento de atividade paralela à tutoria
Dos entrevistados, 93% realizam atividade paralela à tutoria. Na maioria dos
casos, o trabalho paralelo é o principal, que garante o sustento familiar e é em ensino
presencial. A tutoria teria em boa parte das respostas, a finalidade de complementar a
renda familiar. A menor parcela das opções aponta a tutoria como atividade principal.
Em relação ao tempo empregado na atividade paralela à tutoria, a maior parte dos
entrevistados trabalha mais de 30 horas semanais. Esse resultado aponta uma carga
horária de trabalho semanal aproximada de 50 horas semanais para a maior parte dos
entrevistados.
30
44%
35%
3%
11%
ATIVIDADE PRINCIPAL E PARALELAa atividade é em ensino presencial a atividade paralela é principala tutoria é a atividade principala tutoria é uma atividade paracomplementar a renda familiar
Gráfico 12: Atividade principal e paralela
Apesar de dedicar grande parte do tempo em suas atividades profissionais,
a maior parte dedica entre 10 a 20 horas semanais para os estudos pessoais.
Há uma tendência positiva em relação à formação dos tutores pelas
universidades, como revelam os resultados do gráfico abaixo, indicando uma
preocupação em instrumentalizar o tutor para o exercício de sua função.
31
6%
23%
17%
48%
TEMPO DE DEDICAÇÃO À ATIVIDADE PARALELA
até 10 horas semanaisentre 11 e 20 horas semanais entre 21 e 30 horas semanais mais de 30 horas semanais
Gráfico 13: Tempo de dedicação à atividade paralela
1%
82%
4% 3%
TEMPO DISPONÍVEL PARA DEDICAÇÃO AOS ESTUDOS
não tenho tempo para dedicar aos estudos dedico entre 10 e 20 horas semanais dedico entre 20 e 40 horas semanaisdedico mais de 40 horas semanais
Gráfico 14: Tempo disponível para dedicação aos estudos pessoais
10%
21%
49%
ORIENTAÇÕES RECEBIDAS PARA O EXERCÍCIO DA TUTORIA
não recebo orientações recebo poucas orientações recebo orientações suf icientes
Gráfico 15: Orientações recebidas para o exercício da tutoria.
No que diz respeito ao tipo de contratação, a grande maioria dos entrevistados é
bolsista, sem vínculos empregatícios. Dos contratados estáveis, a maior parcela é CLT e
a menor parcela, de concursados.
32
90%
8%
QUANTO AO TIPO DE CONTRATAÇÃO
bolsista contratado estável
Gráfico 16: Tipo de contratação.
A jornada de trabalho extensa pode favorecer o desenvolvimento de problemas de
saúde associados à tutoria. Dentre as opções disponíveis, os problemas de postura são
os mais frequentes decorrentes do teletrabalho, seguidos de perto pelos problemas de
visão, L.E.R. E outros.
33
Gráfico 17: Sobre os contratados estáveis
73%
23%
52%
13%
PROBLEMAS DE SAÚDE ASSOCIADOS À TUTORIA
Problemas de postura L.E.R. Problemas de visão outros
Gráfico 18: Problemas de saúde relacionados ao exercício da tutoria.
6%
13%
DOS CONTRATADOS ESTÁVEIS
concursado CLT
Apesar das dificuldades e problemas associados às condições de trabalho do
tutor, é interessante perceber que a maior parte dos entrevistados se sente satisfeito com
o trabalho na tutoria, o que não implica necessariamente na aceitação dos problemas
associados ao ofício, mas provavelmente à natureza do trabalho em si, que permite ao
tutor continuar aprendendo não só os conteúdos que ensina, mas a se apropriar das
tecnologias ligadas à EAD.
É fundamental repensar a centralidade do papel do tutor, valorizando esses
profissionais, bem como oferecendo condições melhores de trabalho, em especial, de
remuneração, que permitam tornar a tutoria a atividade principal, ou preferencialmente
única, podendo resultar em melhor qualidade do ensino a distância, evitando a
precarização do ensino superior, tão temida pelas universidades de renome. Essa
melhoria de condições poderia surtir bons efeitos na formação do estudante em EAD, em
especial, os que cursam as licenciaturas, possibilitando uma formação de professores
adequada.
34
3%
41%
55%
NÍVEL DE SATISFAÇÃO COM O TRABALHO DA TUTORIA
insatisfeito(a)parcialmente satisfeito(a)totalmente satisfeito(a)
Gráfico 19: Nível de satisfação com o trabalho da tutoria.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos dados levantados através da pesquisa bibliográfica e do levantamento de
dados feito a partir do questionário virtual, é possível validar a hipótese da centralidade
do tutor no ensino a distância, como profissional que faz mais do que mediar os
processos de aprendizagem, mas que passa a desenvolver junto aos seus alunos a
habilidade de aprender com maior autonomia, aspecto altamente valorizado na sociedade
atual, em que as informações se avolumam indiscriminadamente, de modo que o
conhecimento, para ser construído de forma sólida, não prescinde da formação de um
senso crítico que permita, ao educando selecionar as informações e saberes que deverão
servir como base para a construção de um conhecimento sólido e inequívoco.
Verificou-se que, apesar da relevância desse profissional para o desenvolvimento
e consolidação da EAD em nível superior, ainda não há uma política de valorização
profissional, evidenciada pela baixa remuneração, acúmulo de atividades, ausência, na
maioria dos casos, de vínculo empregatício estabelecido entre o tutor e a IES à qual
presta serviço. Talvez esse ponto seja o que mais compromete a estabilidade de um tutor,
que não é visto como integrante do quadro docente de uma universidade, mas um
prestador de serviços temporário.
Essa ausência de vínculos pode ser responsável por problemas já apontados no
corpus desta pesquisa, tais como a falta de participação desse educador na construção
da proposta pedagógica dos cursos e na elaboração do material didático, o que, de certa
forma, cerceia a autonomia desse profissional, que é visto apenas como um aplicador
das propostas previamente construídas.
Apesar dos resultados da pesquisa evidenciar o compromisso desses
profissionais em relação à sua própria formação, o afastamento dos ambientes
35
acadêmicos e das discussões em torno das questões pedagógicas e problemas
relacionados à construção das propostas disciplinares deixam esse profissional alijado
dos processos fundamentais do ensino, que é a reflexão em relação à ação. No entanto,
os dados obtidos através do questionário, apesar de ser uma amostragem restrita, mas
bastante equilibrada em relação às respostas obtidas, mostra uma mudança importante
em relação à instrumentalização do tutor em relação às informações que deve receber
para o exercício de seu trabalho, que é a preocupação das universidades em oferecer
cursos ou preparatórios para os tutores em exercício.
No entanto, apesar dessa melhoria, ainda há aspectos que precisam ser revistos
no que diz respeito ao trabalho do tutor, buscando meios de valorizar essa categoria de
educadores que faz parte de um projeto nacional de inclusão e ampliação do acesso ao
ensino superior. Para que se conquistem os parâmetros de qualidade descritos nos
Referenciais de Qualidade Para Educação Superior a Distância, é preciso que haja
incentivos substanciais no que diz respeito à remuneração e a instrumentalização do
tutor, repensando o tipo de vínculo empregatício, buscando-se também estabelecer leis
trabalhistas que levem em conta a especificidade do trabalho do tutor que, apesar de
exercer função muito próxima à do professor, não é valorizado como tal, o que faz da
tutoria um trabalho complementar, na maioria dos casos.
A pesquisa realizada pode oferecer a indicação de caminhos que ainda precisam
ser aprofundados nas pesquisas acadêmicas, como uma observação mais detalhada da
legislação trabalhista que pode estar ligada ao trabalho do tutor, bem como investigar e
propor novas leis que abarquem de forma mais direta os direitos desse trabalhador.
A garantia de direitos e regulamentação do trabalho, assim como propiciar uma
remuneração adequada a esses educadores, tão fundamentais nesse processo de
inclusão e crescimento, parece um caminho viável para que a expansão da EAD
aconteça de forma satisfatória e com a qualidade esperada.
36
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