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1 ANÁLISE DA CONSTITUCIONALIDADE DO ENSINO DOMICILIAR 1 Inessa Espir da Cunha Braga Arantes Centro Universitário do Triângulo (UNITRI) Sumário: Introdução; 1 Breve histórico do surgimento da escola; 1.1 O surgimento do ensino domiciliar; 2 O papel da escola; 3 Análise da constitucionalidade do ensino domiciliar no Brasil; Conclusão; Referências bibliográficas. Resumo: Este trabalho pretende demonstrar a importância dos objetivos da escola para a formação do cidadão e de assegurar o direito à educação prevista tanto na Constituição Federal quanto na LDB. Ressalta a importância do papel da escola, tendo em vista como parâmetro a Lei nº 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e esclarece se existe a possibilidade do ensino domiciliar no Brasil com previsão na Carta Magna. Explica como surgiu o ensino domiciliar e como esta questão é vista pelos que a apreciam; apresenta opiniões de alguns educadores sobre as funções da escola e por fim, analisa a constitucionalidade do ensino domiciliar. Palavras-chave: Constitucionalidade, Educação, Ensino Domiciliar. Abstract: This paper aims to demonstrate the importance of the goals of the school for the formation of the citizen and to ensure the right to education provided for in the Constitution Federal as well as LDB. Stresses the importance of the role of the school, given as parameter to law no. 9,394/96, Law of Guidelines and Bases for national education and clarifies if there is the possibility of home education in Brazil with prediction on Carta Magna. Explains how home education arose and how this issue is seen by those who appreciate; features reviews of some educators about the functions of the school and finally, examines the constitutionality of home education. Key words: Constitutionality, Education, Home education. Introdução. Embora a Constituição Federal de 1988 traz nos artigos 6º, 205 e seguintes como escopo a educação, um direito social e como ela será organizada sob os aspectos de divisão de responsabilidade, princípios e estrutura, percebe-se na prática uma distância longínqua dos textos referidos.No entanto, não cabe neste momento questionar a eficácia ou não dos resultados que há tempos vêm contrariando educadores e família. Aqui, levanta-se uma pergunta sobre a possibilidade de existir a educação domiciliar no Brasil, é realmente inconstitucional? O ensino domiciliar é uma escolha que há décadas existe nos Estados Unidos, França, Reino Unido, Irlanda e Austrália. Os motivos pelos quais a família não matricula o filho na escola são vários: baixo nível educacional, razões de ordem religiosa, falta de 1 Artigo aprovado, apresentado e publicado nestes Anais do I Seminário Sociedade, Política e Direito, da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Uberlândia (FADIR-UFU). Publicado em: 06.07.2014.

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ANÁLISE DA CONSTITUCIONALIDADE DO ENSINO DOMICILIAR 1

Inessa Espir da Cunha Braga Arantes Centro Universitário do Triângulo (UNITRI)

Sumário: Introdução; 1 Breve histórico do surgimento da escola; 1.1 O surgimento do ensino

domiciliar; 2 O papel da escola; 3 Análise da constitucionalidade do ensino domiciliar no Brasil;

Conclusão; Referências bibliográficas.

Resumo: Este trabalho pretende demonstrar a importância dos objetivos da escola para a formação

do cidadão e de assegurar o direito à educação prevista tanto na Constituição Federal quanto na

LDB. Ressalta a importância do papel da escola, tendo em vista como parâmetro a Lei nº 9.394/96,

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e esclarece se existe a possibilidade do ensino

domiciliar no Brasil com previsão na Carta Magna. Explica como surgiu o ensino domiciliar e como

esta questão é vista pelos que a apreciam; apresenta opiniões de alguns educadores sobre as funções

da escola e por fim, analisa a constitucionalidade do ensino domiciliar.

Palavras-chave: Constitucionalidade, Educação, Ensino Domiciliar.

Abstract: This paper aims to demonstrate the importance of the goals of the school for the formation

of the citizen and to ensure the right to education provided for in the Constitution Federal as well as

LDB. Stresses the importance of the role of the school, given as parameter to law no. 9,394/96, Law

of Guidelines and Bases for national education and clarifies if there is the possibility of home

education in Brazil with prediction on Carta Magna. Explains how home education arose and how

this issue is seen by those who appreciate; features reviews of some educators about the functions of

the school and finally, examines the constitutionality of home education.

Key words: Constitutionality, Education, Home education.

Introdução.

Embora a Constituição Federal de 1988 traz nos artigos 6º, 205 e seguintes como escopo a

educação, um direito social e como ela será organizada sob os aspectos de divisão de

responsabilidade, princípios e estrutura, percebe-se na prática uma distância longínqua dos textos

referidos.No entanto, não cabe neste momento questionar a eficácia ou não dos resultados que há

tempos vêm contrariando educadores e família.

Aqui, levanta-se uma pergunta sobre a possibilidade de existir a educação domiciliar no

Brasil, é realmente inconstitucional? O ensino domiciliar é uma escolha que há décadas existe nos

Estados Unidos, França, Reino Unido, Irlanda e Austrália. Os motivos pelos quais a família não

matricula o filho na escola são vários: baixo nível educacional, razões de ordem religiosa, falta de

1 Artigo aprovado, apresentado e publicado nestes Anais do I Seminário Sociedade, Política e Direito, da Faculdade de

Direito da Universidade Federal de Uberlândia (FADIR-UFU). Publicado em: 06.07.2014.

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vagas em boas escolas, entre outros. A ANED, Associação Nacional do Ensino Domiciliar defende

que há margem de interpretações nas principais leis que regulamentam a educação no Brasil, embora

estas mesmas já foram submetidas ao crivo do Superior Tribunal de Justiça e ao MEC pela

inconstitucionalidade da educação domiciliar no Brasil.

O objetivo geral deste trabalho é ressaltar a importância do papel da escola, tendo em vista

como parâmetro a Lei nº 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e esclarecer se

existe a possibilidade do ensino domiciliar no Brasil com previsão na Carta Magna. Os objetivos

específicos são esclarecer como surgiu o ensino domiciliar e como esta questão é vista pelos que a

apreciam; apresentar opiniões de alguns educadores sobre as funções da escola, enfocando os

critérios para que haja apenas a escola como meio principal para a educação e por fim, analisar a

constitucionalidade do ensino domiciliar.

Esta pesquisa justifica-se por pretender demonstrar a importância dos objetivos da escola para

a formação do cidadão e de se assegurar o direito à educação prevista tanto na Constituição Federal

quanto na LDB. Além disso, tem por fim apresentar as razões pelas quais o tema é polêmico, haja

vista a existência de adeptos a essa prática no Brasil.

O tema proposto para o trabalho terá o seguinte procedimento: 1) Estudo sobre a

problemática do trabalho e de conceitos importantes ao tema, tanto sob o enfoque jurídico, quanto

sob o enfoque psicológico, sociológico através de um referencial teórico. 2) Estudo e análise dos

diplomas essenciais para o tema, tais como: Constituição Federal, Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional, Estatuto da Criança e do Adolescente, sem prejuízo de outras leis.3) Estudo de

possíveis jurisprudências, artigos científicos, entre outros que sejam relativos ao tema proposto.

1. Breve histórico do surgimento da escola

Recuando no tempo, a escola não existia nas sociedades primitivas. A criança se adaptava ao

ambiente físico e social porque adquiria experiências deixadas por seus antepassados e por imitação

dos mais velhos, assim o conhecimento necessário era adquirido indireta e inconscientemente. Sobre

este assunto, acrescenta SALES (2013).

A educação nas comunidades primitivas era um ensino informal e visava um ensino

das coisas práticas da vida coletiva, focada na sobrevivência e perpetuação de

padrões culturais, ou seja, não havia uma educação confiada a uma instituição

específica, porque ela acontecia espontaneamente mediada pela convivência em

grupo. É o aprender fazendo, inter-relacionando vida e trabalho nesse processo.

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Nessa época, o que se repassava como educação eram as cerimônias rituais, danças e práticas

de feitiçarias. A escola primitiva só passou a estágio superior depois que o feiticeiro se posicionou

como um sacerdote.

A escola formal nasce após a transição de uma sociedade organizada geneticamente para uma

politicamente.

O modelo de escola que se conhece hoje teve sua nascente no século XVI a partir do

“sentimento da infância e da família” e uma resposta ao modelo de escola medieval, que se inspirava

na religião.

Exigia-se uma escola que correspondia mais com a realidade, refletindo o mundo que se

transformava intensamente. Essa escola era perfil de uma nova classe, a burguesia e a escola ganhou

alunos confinados, separados por idades, séries e currículos. Como confirma SALES (2013):

Com o desenvolvimento do comércio é que surge a necessidade de aprender a ler,

escrever e contar. A burguesia estimula uma escola com ensinos práticos para a vida

e para os interesses da classe emergente. Portanto, o aparecimento da instituição

escolar estar diretamente ligado ao aparecimento e desenvolvimento do capitalismo.

Percebemos isso claramente ao notar que no período da Revolução Industrial (a

partir de 1750), época áurea do sistema capitalista, houve a necessidade de mão-de-

obra para operar as máquinas e que para tal manejo teriam que ter no mínimo uma

instrução básica. A burguesia percebeu que a educação serviria para disciplinar esses

milhares de trabalhadores.

Tal formação humanística viu-se abalada com a Revolução Industrial do século XVIII, pois

surgiu a necessidade de uma formação técnica e do estudo das ciências. Logo a escola dava seus

primeiros passos para a democratização do ensino e acelerou-se o processo de secularização escolar.

No século seguinte, coma fome de mudanças da Revolução Francesa, reivindicava-se uma

escola leiga, pública, obrigatória e gratuita. Consoante CURY (2013, p.105):

O momento histórico marcante dessa afirmação do sujeito moderno como tal foi

traduzido pelos ideais libertários da Revolução Francesa. Neles se rompeu com a

idéia de uma reserva do conhecimento para alguns privilegiados e se

institucionalizou, como de todo, o direito de aprender desde a infância. O acesso ao

conhecimento foi um dos móveis para que deixasse de existir o súdito e, em seu

lugar, se erijisse o cidadão, livre e igual perante os outros.

Diante disso, a escola tornou-se a base do Estado e da sociedade, configurando-se numa

ferramenta única à disposição da educação.

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E é dentro dela que há valoração de determinados tipos de conteúdo e um método, a

transmissão de conhecimentos intelectuais repassando valores morais, normas de conduta e modo de

pensar. Sinaliza NISKIER (1992, p.72):

[...] a escola tornou-se o alicerce do Estado e da sociedade, distinguindo-se de outras

maneiras se educar apenas por seu formalismo. Constitui-se assim em um

instrumento especial da educação.

Como toda filosofia da educação é o reflexo de conflitos políticos, sociais e

econômicos de uma sociedade, a escola conservadora e a transformadora valorizam

determinados tipos de conteúdo ou em método, transmitindo conhecimentos

intelectuais e repassando valores morais, normas de conduta e modos de pensar.

Para existir uma escola não só fazem parte alunos, professores e diretor, mas também

coordenadores, equipe pedagógica, que ajudarão a elaborar Regimento Escolar, Proposta

Pedagógica, Plano Escolar ou Projeto Pedagógico de cada ano e sempre com a presença de um olhar

profissional.

Como exemplo, a Lei nº 9394/96 traz em seu Título V “Dos níveis e das modalidades de

educação e ensino”:

Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de

acordo com as seguintes regras comuns:

I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas, distribuídas por um

mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos

exames finais, quando houver.

Estes profissionais são responsáveis, também para planejar a organização da vida escolar,

horários e funções de cada profissional da escola, como também carga horária, a grade horária dos

alunos, calendário escolar e grade curricular e por fim a forma de avaliar.

1.1 O surgimento do ensino domiciliar.

Em contrapartida à educação formal (escola e igreja) a não formal (a família, os meios de

comunicação, a televisão comercial, Estado através de Legislação Especial, a imposição da moral, a

moda e a pressão psicológica exercida pela religião) não se passa entre quatro paredes de uma sala de

aula. Os fins das duas podem ser os mesmos: como formar bons cidadãos e o indivíduo moral, mas

os métodos são diferentes.

Como o homem não vive só, ele precisa ser socializado e educado, e o início para moldá-lo se

dá na família, de forma não organizada, casual e empírica e às vezes, ela se orienta pelo bom senso.

5

Embora o exemplo de família atual esteja a cada dia assumindo diferentes parâmetros, ela

exerce um papel importante na educação.

Voltando no tempo, a família monogâmica no Egito era a base da primeira educação. Em

Esparta, a família era responsável pela educação da criança até os sete anos, após era do Estado a

responsabilidade de educar. Ensina FUJITA (2013).

4000 a.C. Por volta de 4000 a.C., os sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme,

considerada uma das primeiras formas de escrita. O saber escrever era ensinado em

casa, de pai para filho..........................................................................................

378 a.C. O filósofo grego Platão criou uma espécie de escola onde se estudavam

disciplinas como filosofia e matemática por meio de questionamentos. O protótipo

escolar ficava nos jardins de Academos, em Atenas – daí vem o termo “academia”

343 a.C. Em famílias mais ricas, era comum pagar-se um preceptor, um mestre com

mais conhecimentos que guiasse as crianças nos estudos. Em 343 a.C. Aristóteles,

por exemplo, tornou-se preceptor de Alexandre, o Grande, rei da Macedônia.

Nota-se que a família não encontra um inimigo na instituição básica da sociedade a questão é

que ela está reduzida a determinadas tarefas. Ilustra NISKIER (1992, p. 74):

É grande a importância da família na difusão da educação. As atitudes básicas são

formadas no lar e muito do futuro das crianças depende da atmosfera cultural e do

estímulo do lar.

Numa vida criativa é o maior desafio proporcionado à família e já Froebel2 e

Pestalozzi3 apontavam as temíveis responsabilidades que cabem aos pais. Muitas

vezes o que prezam e o que representam teoricamente são contraditórios.

As transformações nas escolhas, nas atitudes do homem na vida social abalam

significativamente o lar, no entanto à família, uma instituição natural e a primeira agência de

educação, que cabe a responsabilidade de formar no lar atitudes básicas, proporcionar um ambiente

cultural e estimulante e mais ainda, deve apresentar padrões de excelência humana para seus filhos.

Após fazer este breve mergulho na certidão de nascimento da escola, conclui-se que não é

novidade o ensino domiciliar, pois as crianças eram educadas no núcleo familiar ou até mesmo em

comunidade.

2Friedrich Wilhelm August Fröbel (Oberweißbach, 21 de abril de 1782 — Schweina, 21 de junho de 1852) foi um

pedagogo alemão com raízes na escola Pestalozzi. Foi o fundador do primeiro jardim de infância. Disponível em

http://pt.wikipedia.org/wiki/Friedrich_Fr%C3%B6bel (2013). 3Johann Heinrich Pestalozzi (Zurique, 12 de janeiro de 1746 — Brugg, 17 de fevereiro de 1827) foi um pedagogo suíço

e educador pioneiro da reforma educacional. Disponível em http://pt.wikipeia.org/wiki/Johann Heinrich Pestalozzi

(2013).

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São alguns métodos de ensino doméstico que podem fazer parte do âmbito familiar: “escola

em casa”, educação clássica, o método Montessori, método de Charlote Mason, método Waldorf,

unschooling; o eclético e até mesmo o ensino à distância por meio da internet.

No artigo Aprender sem escola, esclarece-se alguns deles. Também conhecido como

aprendizagem natural ou aprendizagem direcionada pela criança, o termo unschooling4 foi usado por

John Holt5.

O importante é que são os jovens que controlam os seus horários e que fazem os

ajustes necessários para os cumprir. Como observa um jovem que não freqüentou

escola: "estou a planear o que fazer. Tenho um grande sentido de responsabilidade

naquilo que faço. Em vez de me forçarem a andar de atividade em atividade e me

obrigarem a fazer determinadas coisas em determinados dias e horas, sou eu quem

decide". Com esse poder de decisão vem a responsabilidade da gestão do tempo.

Os pais estão sempre à mão para dar apoio. Eles encorajam e ajudam a manter o

ambiente de aprendizagem rico e real, respondendo a perguntas e funcionando como

uma fonte de ideias, mas seguindo sempre as diretrizes dos filhos. (2013)

Trata-se de um dos métodos do ensino doméstico em que as crianças não vão à escola

para aprender, a aprendizagem é feita a partir de casa. Ademais, acreditam que as crianças têm seus

próprios ritmos e como a liberdade é algo predominante na aprendizagem natural, os pupilos

escolhem o que querem fazer no dia. Após certa idade, começam a frequentar cursos externos e até

mesmo participar de aulas.

Quanto ao método eclético, são os pais que escolhem quais elementos farão parte do

ensino domiciliar, objetivando o surgimento de um novo método, mas personalizado. “A vantagem

desta metodologia é que ela é muito flexível, podendo ser facilmente adaptada a qualquer estilo de

aprendizagem.” (2013).

E por fim, o ensino à distância por meio da internet.

Várias escolas - públicas, privadas e escolas virtuais - oferecem oportunidades de

aprender à distância através da internet. Os estudantes do ensino doméstico também

podem fazer cursos, por correspondência, disponibilizados por universidades de

todo o mundo. (2013).

4Não-escola (unschooling) é um termo criado pelo escritor e educador John Holt. É, na sua essência, equivalente à

aprendizagem autônoma - uma aprendizagem natural, orgânica, eclética, motivada pelos interesses intrínsecos e dirigida

pelas próprias crianças e jovens.

O termo não-escola é geralmente usado para qualquer tipo de educação que não segue um currículo fixo, mesmo que não

seja completamente autônoma. Na prática, existem vários graus de autonomia.

Uma possível diferença entre os dois termos poderá ser que, enquanto não-escola se refere à prática da aprendizagem

autônoma feita a partir de casa, com os pais como facilitadores, a aprendizagem autônoma pode ter lugar dentro de

contextos mais institucionais como, por exemplo, em escolas democráticas. Disponível em

http://aprendersemescola.blogspot.com.br/2008/10/o-movimento-no-escola.html (2013). 5John Holt( 1927 - 1985 ), especialista na temática da educação infantil, foi um eminente educador, investigador e figura

impulsionadora e motivadora da reforma educacional. Disponível em http://www.presenca.pt/autor/john-holt/ (2013)

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Os objetivos que permeiam a família pela escolha da educação em casa é o fato da

importância da liberdade de educação e o direito de optar pelo gênero de educação a dar aos filhos.

Tal objetivo assegurado pelo artigo 26, da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Aos pais

pertence a prioridade do direito de escolher o gênero de educação a dar aos filhos.”

Os educadores domésticos são aqueles que optam pelo ensino no lar por descontentamentos

na escola, ou por motivos religiosos, morais, pedagógicos ou filosóficos.

Eles acreditam que o ensino domiciliar pode proporcionar horários flexíveis, um leque aberto

quanto ao conteúdo curricular, como também conhecer exemplos de educação alternativa trazendo

maior qualidade, já que as escolas se deparam, com situações que quase sempre fogem ao controle,

quais sejam: agressividade tanto verbal (bullying6), quanto física, carência para motivar os alunos a

vê-la com olhos de alegria e entusiasmo e um despreparo para receber crianças especiais.

Quanto à avaliação, alguns países exigem uma anualmente, como a França, onde os pais são

obrigados a apresentar competências dos filhos até os 16 anos, por exemplo, competências sociais e

cívicas, habilidade em escrever e falar em francês e pelo menos uma língua estrangeira.

2. O papel da escola.

Consoante a este assunto ensinam MORETTO e MANSUR (2000, p. 67).

A escola deve promover aprendizagens, ou seja, mudança de comportamento diante

de uma situação problemática, perante um desafio.

A escola de 1º grau tem a função de contribuir com as demais instâncias da vida

social para as transformações necessárias, a fim de tornar a sociedade mais

democrática.

Afirma a educadora RAMOS (1992, p.93), “A escola tem profissionais preparados para

trabalhar, com competência no sentido de que seu cliente preferencial se eduque: entre eles,

destacam-se: O PROFESSOR e O DIRETOR.”

É dentro da escola que existirão as experiências grupais mais acentuadas e direcionadas

indispensáveis nos primeiros anos de vida e são elas fatores determinantes de um processo de

intercâmbio com o mundo.

6Bullying (anglicismo, bullying, pronuncia-se AFI: [ˈbʊljɪŋ]) é um termo utilizado para descrever atos de violência física

ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (do inglês bully, tiranete ou valentão) ou grupo de

indivíduos causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder. Disponível em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Bullying (2013)

8

E é também inserido nela que há um cardápio de aprendizagem 7, porque ela peneira os fatos

mais relevantes e necessários vividos ao longo da história humana, que prepararão o aluno para

inserir no mundo do conhecimento e no processo de aprender a aprender.

Destaca o professor DEMO (1942, p.81): “Assim, a qualificação do processo escolar tem

como objetivo central consolidar o objetivo de formação, privilegiando a esta, sobre outros insumos,

como instrução, ensino, treinamento.”

Mas o que é a escola sem o professor? Segundo AMORA (2008, p. 578): “Professor: 1.

Aquele que ensina uma ciência ou arte; mestre, 2. Indivíduo perito ou adestrado.”

Talvez a profissão mais honrosa que exista, porque ser professor é cumprir uma missão, é se

entregar completamente na responsabilidade de educar uma criança com intuito de contribuir na

formação de seu caráter, ensinando com amor, e não ser somente o mediador na aprendizagem das

atividades para formá-la e educá-la. Por isso, a existência do curso de graduação: Pedagogia, Letras,

Matemática, Geografia, História, Inglês, como também cursos de reciclagem para educadores,

especializações, mestrado, doutorado.

MORETTO (2003 p.112), brilhantemente, acrescenta sobre o papel do professor.

O professor deve conhecer os três focos da relação com o aluno e com o

conhecimento: As características psicossociais e cognitivas do aluno; As habilidades

e competências do mediador do processo da aprendizagem e; Os conteúdos

específicos de sua disciplina e seu contexto.

E para que isso concretize há Leis que regulamentam todos os setores:

O capítulo II, Títulos I e II, Da Educação e Dos Princípios e Fins da educação Nacional da

nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº9394/1996) estabelece o seguinte.

Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida

familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa,

nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações

culturais. (NISKIER, 1996, p.29)

Quando se lê o primeiro artigo, interpreta-se educar um conjunto de “corpos” que formarão a

educação. No entanto, é no primeiro parágrafo que se define o maior responsável para que esta

educação seja realmente efetivada: a escola.“Esta Lei disciplina a educação escolar, que se

desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias”.

7 Mudança de comportamento de uma situação problemática, perante um desafio. Disponível em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_subjetivo Acesso em 22/10/2013.

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Ainda sobre esta Lei, preceitua o artigo 2º, no Título II, Dos Princípios e Fins da Educação

Nacional:

A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e

nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do

educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o

trabalho.

No segundo artigo, a família é inserida como parceira da escola. Nota-se que escreveu família

e escola - e - é conjunção aditiva e não família ou escola – ou -conjunção alternativa. Logo, é a soma

dos dois que contribuirão para a formação plena e eficiente da criança. Como apresentado no início,

é na família que a criança inicia a educação e a socialização.

Já no Título III, Do Direito à Educação e do Dever de Educar, o artigo 5º menciona:

O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo, podendo

qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical,

entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público,

acionar o poder público para exigi-lo.

A palavra obrigatória não dá, em hipótese alguma, liberdade para os pais ou responsáveis

negligenciarem a matrícula da criança na escola, pelo contrário, eles estão protegidos com relação a

esse acesso quando têm o direito de acionar o poder público.

A Lei nº 9394/96 ainda traz em seu Título V, Dos níveis e das modalidades de educação e

ensino:

Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como

finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus

aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família

e da comunidade.

Mais um exemplo de que a família é parceira da escola, aquela complementando a ação

fundamental da escola. Completa CURY (2013, p. 105): “A sala de aula e o ambiente escolar,

espaços privilegiados do fazer docente, são os lugares apropriados para que o direito de aprender do

discente se complete com a devida qualidade.”

Logo, é na escola com profissionais preparados, que se tem a eficácia de uma educação

estruturada, organizada e bem dividida, como mostra os Parâmetros Curriculares Nacionais.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais são documentos do Ministério da Educação aprovados

pelo Conselho Nacional de Educação, que servem de base para a orientação pedagógica das escolas

públicas e privadas de todo o Brasil. Estes documentos estão organizados da seguinte forma:

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Educação Infantil

Referencial Curricular Nacional para a educação Infantil.

Ensino Fundamental 1º e 2º

Ciclos Parâmetros Curriculares Nacionais: Primeiro e Segundo Ciclos do Ensino

Fundamental.

Ensino Fundamental 3º e 4º Ciclos

Parâmetros Curriculares Nacionais: Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino

Fundamental.

Ensino Médio

Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.

Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio.

Diretrizes Curriculares para o Curso Normal.

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico.

Educação Superior

Cada curso superior já possui ou está elaborando as suas diretrizes curriculares.

(CORDIOLLI, 1999, p. 5)

Portanto, foi depositada na escola pela sociedade a confiança de preparar o cidadão para sua

vida profissional e social, sobre este assunto acrescenta MORETTO (2003, p.96),“...ajudar a formar

o indivíduo, facilitando sua inserção no mundo do trabalho e do lazer.” Ele ainda conclui (2003, p.

96):

Na preparação da criança, do jovem e do adolescente, a escola seleciona, no

conjunto dos conhecimentos construídos ao longo da história humana, aqueles que

julgam necessários e pertinentes para estabelecer a base de inserção no mundo do

conhecimento e na preparação do processo de aprender a aprender. Essa escolha

deve seguir critérios coerentes com as necessidades sociais e ser expresso com

clareza no sentido de definir o projeto educativo da instituição.

Nota-se que cada fase de aprendizagem da criança é necessário acompanhamento de

profissionais capazes e com competência para ministrá-la. Jamais a família poderá assumir o papel

do professor.

Se há tamanha insatisfação ao resultado que a escola tem oferecido ao longo dos anos

motivando a família a assumir o papel dela, este momento é inoportuno. Melhor seria se as famílias

insatisfeitas exigissem o que as legislações trazem no escopo de cada artigo sobre educação.

Apresenta-se no conteúdo do artigo Seja um professor, as exigências do MEC como

requisitos e formação para ser professor. (2013):

Podem lecionar nos Ensinos Fundamental e Médio das escolas de Educação Básica, os

graduados em licenciaturas e Pedagogia. Na Educação Infantil (creches e pré-escolas) e nos quatro

primeiros anos do Ensino Fundamental, admitem-se professores com formação mínima de nível

médio, na modalidade normal. Porém, o projeto de lei 5.395/09, que tramita no Congresso Nacional,

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prevê que apenas a Educação Infantil admita professores com formação mínima de nível médio, na

modalidade normal.

A exigência quanto ao grau de educação acadêmica para a formação de um professor varia de

acordo com a área pretendida. É necessário para se habilitar a ensinar: Licenciaturas: os cursos de

licenciatura habilitam o profissional a atuar como professor na Educação Infantil, no Ensino

Fundamental e Médio. São cursos superiores de graduação que formam profissionais licenciados em

Química, Física, Letras, Matemática, Geografia, Ciências Biológicas e Pedagogia. Normal

Superior: curso superior de graduação, na modalidade licenciatura. Tem por finalidade formar

professores aptos a lecionar na educação infantil e nos primeiros anos do ensino fundamental.

Magistério: não é curso superior, mas de nível médio. Habilita o professor para lecionar na

Educação Infantil. Pedagogia: o curso de Pedagogia é um curso superior de graduação, na

modalidade de licenciatura e tem como finalidade formar professores para atuar na Educação Infantil

e nos anos iniciais do Ensino Fundamental (até o 5º ano). É aquele professor que assume

integralmente o currículo da série. Os cursos de pedagogia também formam profissionais para

atuarem na gestão do sistema escolar, mas a prioridade é a formação de professores. Bacharelado:

os cursos de bacharelado não habilitam o profissional a lecionar. São cursos superiores de graduação

que dão o título de bacharel. Para atuar como docente, o bacharel precisa de curso de

complementação pedagógica. E para lecionar no Ensino Superior exige-se que o profissional tenha,

no mínimo, curso de Pós-Graduação Lato Sensu (especialização).

Não somente nesses cursos que o professor conhecerá com boa profundidade os conteúdos e

sua disciplina ou área do saber, como também aprenderá ser mediador da aprendizagem, como

explica MORETTO (2003, p. 115): “É preciso que o professor conheça as tecnologias disponíveis

para apoio pedagógico e as melhores técnicas de intervenção pedagógica, de modo a criar as

melhores condições para que o aluno aprenda.”

A Constituição da República do Brasil de 1988 inicia o capítulo da Educação com o seguinte

artigo: Seção I Da Educação.

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será

promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho.

Esse desenvolvimento da pessoa e de forma plena, especialmente na Educação básica, não

poderia ser de outra forma sem o concurso, entre outros, da obrigatoriedade. Explicita CURY (2013,

p. 104):

12

[...] Tais mediações concorrem para o preenchimento das finalidades da instituição

escolar: o desenvolvimento efetivo e de qualidade da capacidade cognitiva, marca

registrada do homem e a incorporação de valores ligados à cidadania e aos direitos

humanos.

Não é sem motivo que a Educação, em nossa Constituição, aparece como o primeiro

dos direitos sociais (art. 6º da Constituição) sendo também direito político e direito

civil. Ela é tão importante que se vê cercada de proteção jurídico-constitucional

como a do direito público subjetivo8. E a escola só é escola porque há aluno e dele

decorre a existência do professor.

Sendo assim, coube à Carta Magna proteger a educação no sentido formal.

No artigo O que é educação, faz-se a distinção entre educação formal e técnica e a quem

coube a responsabilidade de cada uma.

Educação formal “[...] é todo o processo contínuo de formação e ensino aprendizagem que

faz parte do currículo dos estabelecimentos oficializados de ensino, sejam eles públicos ou privados”

e coube à família o sentido técnico “[...] é o processo contínuo de desenvolvimento das faculdades

físicas, intelectuais e morais do ser humano, a fim de melhor se integrar na sociedade ou no seu

próprio grupo.” (2013).

4. Análise da constitucionalidade do ensino domiciliar no Brasil.

Interessante lembrar o que as Constituições de 1946 e 1967 traziam sobre a Competência da

União e a respeito da Educação.

Quanto à Constituição de 1946, o artigo 5º, inciso XV, alínea d traz como competência da

União legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional. E nos artigos 166 e 168, I preceituam:

Artigo 166 – A educação é direito de todos e será dada no lar e na escola. Deve

inspirar-se nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana.

Artigo 168 – a legislação do ensino adotará os seguintes princípios:

I- O ensino primário é obrigatório e só será dado na língua nacional.

Note-se que a Constituição de 1946, também conhecida como Período Populista, República

Nova, República de 46 ou Quarta República Brasileira foi elaborada após o fim da II Guerra Mundial

e do fim do Estado Novo no Brasil, logo ansiava-se por uma reforma mais liberal9. Portanto, não é de

8 Direito Subjetivo é a possibilidade que a norma dá de um indivíduo exercer determinado conduta descrita na lei. É a lei,

que aplicada ao caso concreto autoriza a conduta de uma parte Disponível em:

http://www.jurisway.org.br/v2/pergunta.asp?idmodelo=6334 (2013). 9 Unidas em torno de um projeto liberal-democrático, as forças predominantes na Constituinte, a saber, o Partido Social

Democrático (PSD) e a União Democrática Nacional (UDN), que juntos ocupavam cerca de 80% das cadeiras,

produziram um texto preocupado fundamentalmente em delimitar o raio de ação dos poderes Executivo, Legislativo e

Judiciário, para evitar uma nova experiência política baseada no poder

13

se estranhar a ausência da palavra dever não expressa na legislação quando se tratou da Educação

dever do Estado. Ademais, apenas citou que o ensino primário era obrigatório, ou seja, não

estabelecendo para quem é obrigatório.

Na Constituição de 1967, artigo 8º, XVII, estabelece que a União legislará sobre diretrizes e

bases da educação nacional; normas gerais sobre desportos e no artigo 176, §3º, II diz:

A educação, inspirada no princípio da unidade nacional e nos ideais de liberdade e

solidariedade humana, é direito de todos e dever do Estado e será dada no lar e

na escola.

§3º A legislação do ensino adotará os seguintes princípios e normas:

I- O ensino primário é obrigatório para todos, dos sete aos quatorze anos, e

gratuito nos estabelecimentos oficiais.

Do Período Populista para a Ditadura, na Constituição de 1967, marcada pela centralização

do poder, lia-se que a Educação era dever do Estado e seria dada no lar e na escola, delimitando a

idade para ensino primário obrigatório, dos 7 aos 14 anos.

Na atual Constituição Federal os artigos 22, XXIV, 23,V, 205 e 214 preceituam:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

XXIV - diretrizes e bases da educação nacional.

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios:

V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência.

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estadoe da família, será

promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho.

Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com

o objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e

definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a

manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e

modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes

esferas federativas.

Inserida num Estado Democrático de Direito, a Constituição de 1988 não renovou o que a

anterior havia escrito sobre o dever do Estado de dar educação, apenas deu um toque de democracia

nas palavras que sucederam estas: promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, pleno

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o

trabalho.

Percebe-se que, até agora, no campo jurídico o ensino domiciliar não encontra as portas

abertas. Além do que já foi dito, há ainda o seguinte corpo de Leis Constitucional, Legal e Julgado.

Preceitua o artigo 208, da Carta Magna:

14

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:

I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de

idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram

acesso na idade própria

§ 2º - O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta

irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.

§ 3º - Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental,

fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência à

escola.

Essa obrigatoriedade do Estado interpretada em mais um artigo da Constituição de garantir a

educação básica e gratuita deve ser exercida na escola. Como sinaliza o diretor de Concepções e

Orientações Curriculares para Educação do ministério, Carlos Artexes Simões, no artigo MEC

considera educação domiciliar inconstitucional: “A escola ainda é a vanguarda do ponto de vista do

conhecimento necessário para a construção de um Estado republicano.” (2013)

O Estatuto da Criança e do Adolescente reforça a obrigatoriedade de matricular os filhos na

rede regular. “Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na

rede regular de ensino.”

É também na Lei de Diretrizes e Bases da Educação que há a confirmação da obrigatoriedade

estabelecida no ECA: “Art. 6o É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na

educação básica a partir dos 4 (quatro) anos de idade.”

Se os pais optarem pelo ensino domiciliar configurará em crime por abandono intelectual,

previsto no artigo 246, do Código Penal: “Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de

filho em idade escolar: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.” E por fim, o julgado

STJ10

EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. ENSINO FUNDAMENTAL.

CURRICULO MINISTRADO PELOS PAIS INDEPENDENTE DA

FREQUÊNCIA À ESCOLA. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE DIREITO

LÍQUIDO E CERTO. ILEGALIDADE E/OU ABUSIVIDADE DO ATO

IMPUGNADO. INOCORRÊNCIA. LEI 1.533/51, ART. 1º, CF, ARTS. 205 E 208,

3º; LEI 9.394/60, ART. 24, VI E LEI 8.096/90, ARTS. 5º, 53 E 129.

1. Direito líquido e certo é o expresso em lei, que se manifesta inconcusso e

insuscetível de dúvidas.

2. Inexiste previsão constitucional e legal, como reconhecido pelos impetrantes, que

autorizem os pais ministrarem aos filhos as disciplinas do ensino fundamental, no

recesso do lar, sem controle do poder público mormente quanto à frequência no

estabelecimento de ensino e ao total de horas letivas indispensáveis à aprovação do

aluno.

3. Segurança denegada à míngua da existência de direito líquido e certo.

10

Mandado de Segurança: MS 7407 DF 001/0022843-7 Ministro Francisco Peçanha Martins.

15

Reprovado pelo MEC, o Projeto de Lei 3518/08, que já tramitou na Câmara e em 22/11/2011

foi arquivado nos termos do artigo 133 do RICD (Rejeição na Comissão de Mérito).

Na época, Simões fez a seguinte declaração: “...Nós temos que aprimorar a escola, e todas as

ideias e demandas não atendidas devem ser trabalhadas dentro das escolas para que ela seja alterada

do ponto de vista pedagógico.” (2013)

Ainda, no mesmo artigo, o deputado que presidiu a audiência, Wilson Picler (PDT-PR)

considerou que havia necessidade de aprofundar o assunto:

Temos que reconhecer o fundamento de boa parte do que foi dito, as pessoas que

optam pelo ensino domiciliar estão insatisfeitas com o modelo de ensino, existe o

problema de violência nas escolas, então há uma insatisfação com esse modelo,

estamos no terceiro milênio, a educação à distância está se consolidando e é natural

que a sociedade venha a desejar novos modelos.(2013)

Mas, não se considerou que o ensino à distância não ocorre antes do discente concluir o

ensino fundamental.

O artigo Projetos de Leis e outras Proposições elenca os artigos do Projeto de Lei 518/08de

autoria dos deputados Henrique Afonso (PV-AC) e Miguel Martini (PHS-MG).

Seguem abaixo alguns deles:

I- Os pais ou responsáveis por crianças ou adolescentes em regime de educação

domiciliar deverá ousar os serviços de uma escola institucional como base anual

para avaliação do progresso educacional, conforme regulamentação dos sistemas de

ensino.

II- A avaliação dar-se-á em conformidade com as diretrizes nacionais estabelecidas

nesta Lei e currículos nacionais normatizados pelo Conselho Nacional de Educação

III- Os pais serão responsáveis perante a escola pelo rendimento das avaliações do

estudante em regime de educação domiciliar. (2013)

Percebe-se, que mesmo que a família escolha ensino domiciliar, ela está presa, vinculada

ainda na escola, tamanha sua importância na educação.

Interessante ressaltar a dúvida levantada por Picler e pelo deputado Jairo Carneiro (PP-BA).

Foi questionado para ser analisado ao texto sobre uma definição de uma formação mínima para os

pais serem autorizados a educar seus filhos.

Se esse projeto fosse aprovado, haveria a nítida banalização da profissão de professor.

Desrespeito àquele que estudou para estar à frente de uma sala de aula. Leva a entender que qualquer

um, com certo grau de conhecimento em qualquer área e profissão pode ensinar seu filho em casa.

Daqui a pouco, isso se estenderá às universidades... o aluno no final do semestre fará apenas a

avaliação.

16

Aguardando Parecer na Comissão de Educação (CE), o Projeto de Lei, 3.179/2012, do

Deputado federal Lincoln Portela (PR), propôs possibilidade de oferta domiciliar da educação básica

parágrafo ao art. 23 da Lei nº 9.394, de 1996, de diretrizes e bases da educação nacional.

Há ainda os que defendem veementemente o ensino domiciliar no Brasil. É o caso do

professor de Direto da Unip/DF e também diretor jurídico da Associação Nacional de Educação

Domiciliar (ANED), Alexandre Magno Fernandes Moreira Aguiar. Segundo, ele oitocentas famílias

fazem educação em casa no Brasil. Ele concentra seu argumento no fato que o ensino domiciliar não

é expressamente proibido nem permitido ou regulado por qualquer norma brasileira.

Ele divide seu fundamento em quatro aspectos; 1. A inexistência de expresso tratamento

legislativo e constitucional sobre o tema; 2. Duas questões fundamentais; 3. Aspectos constitucionais

e por fim, 4. aspectos infraconstitucionais.

Sobre a inexistência de expresso tratamento legislativo e constitucional sobre o tema o

professor defende que há uma lacuna na legislação brasileira, AGUIAR (2013):

[...] pois os principais documentos que tratam de educação não mencionam a

educação domiciliar, sendo essa omissão o suficiente para de forma preliminar

declarar a validade da educação domiciliar, porque a Carta Magna tem como uma

dos pilares o princípio da Legalidade, artigo 5º, II, que considera lícita qualquer

conduta não expressamente proibida em lei.

De fato, o artigo não existe, no entanto o legislador foi muito transparente em entregar a

educação para a responsabilidade do Estado, como se nota no capítulo II, Títulos I e II, Da Educação

e Dos Princípios e Fins da educação Nacional da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (Lei nº9394/1996),NISKIER(1996, p.29):“Art. 1º. § 1º: Esta Lei disciplina a educação

escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias.”

Sobre as duas questões fundamentais, Dr. Alexandre concorda que a educação será

compartilhada pelo Estado e pela família, mas a quem compete a primazia da educação dos filhos

menores?

Para responder a essa pergunta, ele procurou se embasar no artigo XXVI, da Declaração

Universal de Direitos Humanos: “Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução

que será ministrada a seus filhos,” como também no artigo 1634 co Código Civil: “ Compete aos

pais, quanto à pessoa dos filhos menores: I dirigir-lhe a criação e educação.”

Essa liberdade para os pais que ele encontra nos dois artigos mencionados não se fortalece, já

que o Estado tomará para si a educação do menor caso a família tenha ou não vontade ou condições

de educá-lo em casa, pois preceitua o artigo 208, da Carta Magna: “ O dever do Estado com a

17

educação será efetivado mediante a garantia de: “I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4

(quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a

ela não tiveram acesso na idade própria.”

O Estatuto da Criança e do Adolescente reforça a obrigatoriedade de matricular os filhos na

rede regular. “Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na

rede regular de ensino.”

É também na Lei de Diretrizes e Bases da Educação que há a confirmação da obrigatoriedade

estabelecida no ECA: “Art. 6o É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na

educação básica a partir dos 4 (quatro) anos de idade.”

Quanto aos aspetos constitucionais, o diretor jurídico da associação confronta o artigo 208,

incisos I e parágrafo 3º com o artigo 229 ambos da Constituição Federal. Ele justifica que as palavras

educação básica mencionadas no artigo 208, I têm conceito mais amplo, já que o legislador não

obrigou o dever do Estado à escolarização.

Esse argumento, para ele, ganha força com a existência do artigo 229, “...que os pais têm o

dever de assistir, criar e educar os filhos menores.”

E finalmente, os aspectos infraconstitucionais. O professor de Direito, Dr. Alexandre Aguiar

menciona o artigo 6º, da Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional “É dever dos pais ou

responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir dos sete anos de idade, no ensino

fundamental.” Aqui, ele nada discute sobre a possibilidade de uma educação em geral, pois o objeto

da Lei é clara, será aquela ministrada na escola. No entanto, ele alerta para uma interpretação de que

esta Lei não exige que o aluno da educação básica tenha escolarização anterior. (AGUIAR, 1997, p.

31).

Ele cita também o artigo 24, inciso II, alínea c, da referida Lei, como também o Exame

Nacional do Ensino Médio, caso o aluno seja aprovado.

Art. 24. II, c) independentemente de escolarização anterior, mediante avaliação feita

pela escola, que defina o grau de desenvolvimento e experiência do candidato e

permita sua inscrição na série ou etapa adequada, conforme regulamentação do

respectivo sistema de ensino.

O professor acredita que as palavras independentemente de escolarização anterior permitem

uma interpretação favorável aos pais que preferem educar seus filhos em casa.

Mais um reforço para os que defendem o ensino domiciliar. Encontra-se no artigo do MEC a

possibilidade de sem escolarização anterior obter certificado de conclusão do ensino médio. Art. 1º O

interessado em obter certificação no nível de conclusão do ensino médio ou declaração de

18

proficiência com base no Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM deverá acessar o sítio

eletrônico

Ainda analisa duas leis: o Estatuto da Criança e do Adolescente- ECA Lei 8.069/1990 e o

Código Penal- CP Decreto Lei 2848/1940.

Quanto ao ECA, dá como exemplo o art. 55. “Os pais ou responsável têm a obrigação de

matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.”

A priori, não há nada a discutir sobre a possibilidade do ensino domiciliar, no entanto, o

professor insisti na interpretação de AGUIAR (2013, p.7): “...qualquer norma desta Lei deixa de ser

obrigatória se for demonstrado que, no caso concreto, sua aplicação não reflete o melhor interesse do

menor”. Citando, então, o artigo 6º, do referido Estatuto:

Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as

exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a

condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.

Vale relembrar quais são os direitos fundamentais, SANTIAGO (2013):

De acordo com Celso Ribeiro Bastos, podemos distinguir quatro tipos de direitos

fundamentais contidos no documento, que são: a) direitos pessoais (direito à vida,

liberdade e segurança; b) direitos do indivíduo em face da coletividade (direito à

nacionalidade, asilo, livre circulação e residência, tanto no interior como no exterior

e direito à propriedade); c) liberdades e direitos públicos (liberdade de pensamento,

consciência, religião, opinião, expressão, reunião e associação); d) direitos

econômicos e sociais (direito ao trabalho, sindicalização, repouso e educação).

Portanto, a educação está protegida como Direito fundamental na Constituição Federal e

ninguém poderá se isentar da obrigação de cumprir qualquer norma lá existente.

Já no Código Penal, cita o artigo 246: “Deixar, sem justa causa, de prover à instrução

primária de filho em idade escolar: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.”

O Dr. Alexandre volta no tempo e menciona o artigo 125 da Constituição Federal de 1937:

A educação integral da prole é o primeiro dever e o direito natural dos pais. O

Estado não será estranho a esse dever, colaborando, de maneira principal ou

subsidiária para facilitar a sua execução ou suprir as deficiências e lacunas da

educação particular.

Para ele, é o dispositivo que melhor evidencia a permissão da educação domiciliar, já que no

artigo expressa-se, claro e fortemente, que a educação da prole é um direito natural dos pais.

19

Mas, esse artigo não pertence à atual Carta Magna, logo, não pode embasar nenhuma

fundamentação jurídica.

Resta apenas confrontar as opiniões com legislações atuais e concluir o que elas realmente

expressam em cada artigo.

Conclusão.

Como foi visto no item 3, quando o Professor Alexandre menciona o artigo 229, da

Constituição Federal se prende apenas na palavra educar, e desconsidera que educar, função

primordial que se inicia na família, tem um denotação mais simples. A família é responsável pela

educação no sentido técnico, ou seja, ela, como célula principal da sociedade, além de ter os

cuidados essenciais com a criança, deve ensinar os primeiros exemplos de convívio social, isto é, a

criança se fortalece convivendo com outras crianças, porque ela aprende que o mundo não gravita em

torno dela, aprende a dividir, a esperar, a ouvir, a falar na hora certa, a respeitar opiniões divergentes

da dela.

É por meio dos pais que a criança recebe os primeiros conceitos, noções, princípios de

civilidade, de amor e respeito ao próximo, como também, moral, de religiosidade, limite, disciplina,

formando então seu caráter.

Tudo isso servirá de base para que a escola o receba e dê continuidade ao trabalho, recebendo

uma criança equilibrada e preparada para ser alfabetizada, preparando-a para o pleno

desenvolvimento dela e para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Ele cita também o artigo 24, inciso II, alínea c, Lei de Diretrizes e Base da Educação

Nacional, como também o Exame Nacional do Ensino Médio, caso o aluno seja aprovado.

Porém, como não existe norma isolada no sistema jurídico, o artigo 1º, parágrafo 1º do Título

I e artigo 3º, inciso I do Título II da referida Lei não deixam dúvidas sobre de quem é o principal

papel e dever de educar e que realmente não existe chance de interpretação de que a Lei não exige

que o aluno da educação básica tenha escolarização anterior. O artigo 1º.§ 1º, da LDB traz em seu

escopo que a educação escolar se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em

instituições próprias.

Na sequência, ele cita os artigos do MEC. Ora, se já mencionou que a LDB disciplina a

educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições

próprias, não há o que se discutir uma permissão expressa que um aluno ingresse em algum dos

níveis da educação básica sem necessidade de ter freqüentado anteriormente a escola, como afirma o

Dr. Alexandre. É inquestionável que o legislador apenas permitiu a classificação em qualquer série

20

no ensino médio, mas o aluno que optar fazer essa prova terá que levar, obrigatoriamente, o currículo

escolar do ensino fundamental.

O Dr. Alexandre insisti na interpretação de que o Estatuto da Criança e do Adolescente deixa

de ser obrigatória se não refletir o melhor interesse do menor e que segundo o artigo 6º priorizarão os

fins sociais, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição

peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento. No entanto, ele não se

atentou para o artigo art. 5º, que nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de

negligência aos seus direitos fundamentais.

Então, fica a pergunta, diante de tudo que foi falado de quem é a obrigação de prover,

predominantemente, a educação das crianças? A escola. Não há o que se discutir a liberdade de

escolha de prover à instrução primária do filho na escola ou no lar.

O respeitável professor Magno quando mencionou o artigo 125 da Constituição Federal de

1937 se esqueceu que ele está inserido no item Da Família, logo, a palavra educação integral se

refere aos primeiros anos de vida, ou seja, a educação técnica, já mencionada anteriormente.

Se ele aprofundasse mais na leitura dessa Constituição, notaria que o próximo título se trata

Da Educação e Da Cultura e perceberia que o artigo 130 cita a obrigatoriedade do Estado com a

educação, que o ensino primário é obrigatório e gratuito.

Portanto, o Estado não tem um papal colaborativo quando se trata de educação nem se

analisando as Constituições anteriores, muito menos a atual.

É absolutamente inimaginável alguém sem preparo, sem estudo, sem formação sem

qualificação substituir o outro que estudou no mínimo quatro anos para atuar na educação.

Humanamente impossível, a família, sozinha, assumir tantos compromissos e

responsabilidades na tarefa de educar uma criança, impedindo-a de se relacionar com as diferenças

sociais, diferentes personalidades e educações de outras crianças, que proporcionam a ela estrutura

para enfrentar, sem dificuldades, as divergências da vida, ora na família, ora no trabalho ou no lazer.

A precedente análise do ordenamento jurídico brasileiro permite as seguintes conclusões: Não

há nenhuma norma jurídica que permite o ensino domiciliar no Brasil. É do Estado o dever de

proporcionar a educação e dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na educação

básica a partir dos 4 anos de idade. E mesmo que houvesse a criação de uma emenda constitucional

possibilitando o ensino domiciliar, entende-se que a educação pode ser um direito fundamental social

individual ou coletivo, pertencendo ora na primeira, ora na segunda geração. E como os direitos e

garantias individuais estão no rol do artigo 60, §4º, da Constituição Federal, como cláusula pétrea só

haverá a possibilidade de uma emenda constitucional para ampliar, melhorar direitos já existentes.

21

Será um julgamento muito pessoal dos legisladores quanto à definição se é direito individual ou

coletivo e contrário a forma democrática do país.

Ao longo do tempo, pôde analisar que a família é de suma importância para dar início à

formação da criança, mas é na escola que ela tem o preparo necessário e fundamental para uma

formação mais completa e de qualidade que dará ensejo aos fins propostos tanto pela Constituição

Federal, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e pelos Parâmetros Curriculares

Nacionais.

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