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27 27 TIKVÁ BOLETIM INFORMATIVO DA COMUNIDADE ISRAELITA DE LISBOA Nº 52 | 6º Ano Março/Abril de 2005 Adar II/Nissan 5765 5 ANOS A contar a história da CIL Edição Comemorativa 5 ANOS A contar a história da CIL Edição Comemorativa

Tikvá nº 52, 6º ano

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Page 1: Tikvá nº 52, 6º ano

2727TIKVÁBOLETIM INFORMATIVO DA COMUNIDADE ISRAELITA DE LISBOA N º 5 2 | 6 º A n o

M a r ç o / A b r i l d e 2 0 0 5 A d a r I I / N i s s a n 5 7 6 5

5ANOSA contar a história da CIL

E d i ç ã o C o m e m o r a t i v a

5ANOSA contar a história da CIL

E d i ç ã o C o m e m o r a t i v a

Page 2: Tikvá nº 52, 6º ano

Tikvá5 anos de uma belahistória!É com enorme alegria que fazemos chegar atodos os nossos correligionários, amigos esimpatizantes espalhados por todo o mundo,esta que é uma edição mais do que especial. Para além do facto de já ser esta a edição denº 52, o nosso Boletim Tikvá traz mais moti-vos para partilharmos juntos este sentimen-to de orgulho e satisfação. São 5 anos contí-nuos e sistemáticos de publicações, sempreem busca de uma melhor apresentação econteúdo. Sempre em busca de fazer chegaraos nossos leitores todas as realizações danossa Comunidade, todas os factos impor-tantes, as pessoas que fazem na história e osacontecimentos do nosso mundo judaico.Mais ainda há mais. O nosso Boletim Tikváentra no seu 6º ano de publicação de cara no-va, rejuvenecido, com um lay-out e com umaapresentação gráfica moderna e adaptadaaos dias de hoje, sem perder entretanto o seucarácter institucional e informativo.Mas quando falamos nestes 5 anos de histó-rias, lembramos de todo o empenho e dedica-ção das pessoas que fazem e fizeram destarevista uma realidade. Quando lembramos dopassado, mesmo que recente, lembramoscom carinho e gratidão do casal Joseph e Pa-tricia Lustigman que não mediram esforçospara que o Boletim Tikvá chegasse durantequase 2 anos às mãos dos nossos leitores. Equando falamos do presente só podemosagradecer a todos os que colaboraram e se-guem a colaborar directa e indirectamente pa-ra que sigamos durante muitos outros anos. Para isto contamos com o fundamental apoio detodos. Apoio este que passa pela sempre ne-cessária ajuda financeira através de novos assi-nantes e anunciantes, o envio de artigos, infor-mações, críticas e opiniões ou simplesmente avossa atenciosa leitura e carinho quando rece-bem esta publicação em vossos lares. Esta edição comemorativa chega também nu-ma época de várias celebrações e comemora-ções do nosso calendário judaico que vai des-de a lembrança da nossa saída do Egipto,passando pelos sempre tocantes e emotivosmomentos de homenagem do Yom Hashoá eYom Hazikaron, retomando finalmente a ale-gria na comemoração do 57º aniversário danossa querida Medinat Israel!Parabéns Tikvá!Que tenhas uma longa vida!PESSACH SAMEACH UCASHER a todos!

Marcos PristDirector Executivo CIL

E D I T O R I A L m e n s a g e m d a d i r e c ç ã o

Cinco anos a contar a história da CIL...Este foi o título escolhido para a capa do Tikvá nesteseu 5º aniversário e não é por acaso. Na realidade,desde o dia em que, por iniciativa de Joseph e PatríciaLustigman, a Direcção da CIL, na altura presidida porSamuel Levy, resolveu apoiar a publicação de um bole-tim comunitário, o Tikvá tem sido um reflexo fiel da vi-da da nossa comunidade.Não temos a pretensão, nem a capacidade, de contara actualidade nacional e internacional, ou mesmo is-raelita. Também não pretendemos ser um órgão de es-tudo e reflexão sobre pensamento e filosofia judaicos.Sobre todos estes temas fundamentais há jornais, re-vistas, sites que o fazem muito melhor do que o po-deríamos fazer. Muito mais modestamente, o nosso papel é ser um veí-culo de informação da comunidade para a comunidade,um elo de ligação entre a direcção e os seus membros eentre os membros entre si. Um instrumento de comuni-cação e de dinamização da comunidade. Conseguimo-lo? Ao fazer um rápido balanço destes 5anos, cremos que, em grande parte, atingimos osnossos objectivos. Cinco anos, numa comunidade quetem perto de dois séculos, é pouco. No entanto, ex-ceptuando o caso do jornal Halapid publicado ao lon-go de 30 anos pelo Capitão Barros Basto no Porto,nenhum órgão de imprensa judaica atingiu, em Portu-gal e ao longo do século XX, tanta regularidade e tan-ta longevidade. Há cinco anos que, ininterruptamente, levamos aos nos-sos membros e leitores o essencial da informação comu-nitária, das actividades da comunidade e das suas insti-tuições. Foi através do Tikvá que muitas pessoas seaproximaram ou re-aproximaram da comunidade, no-meadamente jovens casais preocupados com a educaçãojudaica dos seus filhos; é também o Tikvá que permitemanter os nossos laços com antigos membros da Comu-nidade, hoje espalhados pelo mundo.O Tikvá é o nosso cartão de visita , o espelho da nossacomunidade, um meio de atracção de novos membros ede divulgação da nossa actividade.No entanto, muitos dos nossos membros encaram comuma naturalidade indiferente a publicação do Tikvá. Ha-bituaram-se a ele, teriam pena se deixasse de aparecer,criticam-no por vezes, mas não perdem um minuto parapensar no esforço humano e financeiro que representa asua realização. Nem lhes vem à ideia que a sua colabo-ração é essencial, mais do que essencial, indispensável:em artigos, em traduções, em apoio financeiro. Reconhecemos que temos de melhorar em numerososaspectos: neste 5º aniversário alteramos qualitativa-mente, o aspecto gráfico. Mas não chega. Há que darmaior ênfase à educação judaica, dar mais espaço àreflexão sobre o futuro da CIL e do judaísmo portu-guês, promover mais diálogo entre os membros e lei-tores do Tikvá.Mas para isso a vossa colaboração é indispensável: paraque o Tikvá cumpra cada vez melhor o seu papel. Desejamos a todos um Hag Pessach Sameah!

Esther Mucznik

2 Tikvá 52 • Março/Abril

FFIICCHHAA TTÉÉCCNNIICCAA Director Esther Mucznik Chefe deRedacção Marcos Prist Colaboradres Diana Ettner,Fany Sechter, Gabriel Steinhardt, Nuno Martins e SamuelLevy Concepção e produção gráfica Raimundo Santos

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A Comunidade Israelita deLisboa apresenta a Sua

Eminência, o Senhor CardealPatriarca e a toda a Igreja Cató-lica Portuguesa, os mais senti-dos pêsames pelo desapareci-mento de Sua Santidade, o Pa-pa João Paulo II.Foi com grande pesar e emoçãoque soubemos do seu faleci-mento e inclinamo-nos perantea coragem que demonstrou faceà doença que o atingiu doloro-samente nestes últimos anos.João Paulo II foi um exemplode fé, feita de compaixão e so-lidariedade com os mais pobrese oprimidos deste mundo, quetoca e comove todos oscrentes, independentemente dareligião professada. Foi tam-bém um homem que se ergueusempre pela liberdade e contraa tirania, e por isso será igual-mente lembrado.A Comunidade Israelita de Lis-boa saúda a obra de aproxima-ção entre Católicos e Judeus àqual o Papa se consagrou aolongo do seu magistério. Em di-versos momentos e em locais ecircunstâncias altamente simbóli-cas, o Papa mostrou a via do diá-logo e da reconciliação, em parti-cular, com a sua visita inédita àSinagoga de Roma em 1986,onde classificou os judeus comoos irmãos mais velhos da Igrejae onde manifestou a sua dorprofunda perante o horror doHolocausto.Em Março de 2000, a sua visita aJerusalém constituiu um imensoprogresso no diálogo pacificado

entre Católicos e Judeus. JoãoPaulo II deixou na nossa memó-ria essa imagem absolutamentehistórica do seu recolhimentoperante o Muro Ocidental, vestí-gio do Templo e local sagradopara os judeus, quando retomoua tradição judaica de aí colocaruma oração escrita.Por todas estas razões, a morte

do Papa João Paulo II deixa umgrande vazio, mas simultanea-mente a esperança de continui-dade da sua obra.

O Presidente José Oulman Carp

A Vice-PresidenteEsther Mucznik

H O M E N A G E M

HOMENAGEM AO PAPA JOÃO PAULO II

A SUA EMINÊNCIA, O SENHOR CARDEAL

PATRIARCA DE LISBOA, D. JOSÉ POLICARPO

KAROL JÓZEF WOJTYLA (1920-2005)

"Deus dos nossos pais, que escolheste Abraão e os seusdescendentes para trazer o Teu nome às nações: estamosprofundamente tristes com o comportamento daquelesque, ao longo do curso da história, causaram sofrimento aestes teus filhos e, pedindo o teu perdão, manifestamos odesejo de nos comprometermos a uma irmandade genuínacom o povo do convénio."

João Paulo II, mensagem deixada entre as pedras do Muro das Lamentações (Kotel), em Jerusalém, a 26 de Março de 2000.

Tikvá 52 • Março/Abril 3

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M eu pai, Samuel HirschMucznik nasceu em Berdi-

chev na Ucrânia em 1885 eminha mãe, Ethel Weissnicht,em Brodi, na Polónia, em 1878.Na sua juventude o meu paideixou a casa de seus pais eviajou para Francoforte, na Ale-manha para estudar para o Ra-binato. Após terminar os estu-dos foi para a Polónia ondeconheceu a minha mãe e aí ca-saram. Depois do nascimentodos dois primeiros filhos, o meuirmão Salomão e a minha irmãFanny-Zipora, viajaram paraParis, onde o meu pai foi Hazanna Sinagoga da Rue Cadet. Aí ti-veram mais uma filha Georgette(Golda em Yidish) que faleceude tenra idade, já em Lisboa.

Certo dia, apareceu em Paris oPresidente da Comunidade Is-raelita de Lisboa, Sr. SalomãoLevy Jr., pai do Samuelinho Le-vy, que se encontrou com omeu pai e, após ter recebidovárias cartas de recomendaçãode entidades religiosas da Euro-pa sobre o meu pai, convidou-oa vir para Lisboa exercer o car-go de Hazan e "Mohel". Estáva-mos em 1913. Eu já nasci em Lisboa, em 1917,tendo sido a primeira da famíliaque aí nasceu.O sonho do meu pai era ir paraIsrael, que então era a Palesti-na. Em fins de 1931, meu paideixou Portugal e viajou sózin-ho para a Palestina, onde se ra-dicou. Aí, no seu primeiro Pes-

sah, foi convidado pelo entãoGrão-Rabino, HaRav Kook paradirigir o Seder em casa dele,em Jerusalém.Em Setembro de 1932, a minhamãe e eu fomos também para aPalestina, onde o meu pai nostinha preparado um belíssimoapartamento no BoulevardRothshild, em pleno centro deTel-Aviv. Eu tinha 14 anos e iafrequentemente com o meu paiao Oneg-Shabat na SinagogaOhel-Shem, onde o meu pai eraHazan convidado.Aí conhecemos o grande poetaHaim Nachman Bialik, comquem o meu pai contraiu amiza-de e a esposa dele, Mania, quese tornou também uma boaamiga da minha mãe.

R O S T O S D A C I L

Testemunho de ESTHER ABERLÉ (ARNON)Nascida Mucznik, residente em Israel

"Portugal con-tinua a ter um

lugar muito im-portante no nos-

so coração"

4 Tikvá 52 • Março/Abril

Page 5: Tikvá nº 52, 6º ano

Entre as muitas pessoas de re-nome que conhecemos naquelaépoca, estava o célebre Hazan

Yosse'le Rosenblatt que se tor-nou também um bom amigo domeu pai e um frequentadorassíduo, com a sua esposa, danossa casa. Lembro-me de oter ouvido dizer, na sua últimavisita - o meu pai estava jámuito doente -, que ele e amulher dariam, cada um, cincoanos de vida para que o meupai se curasse.Afinal, Yosse'le Rosenblatt fa-leceu no Mar Morto, duas se-manas antes do meu pai quefaleceu de doença grave do co-ração, nas vésperas de Rosh-Hashaná de 1933, com a idadede 48 anos, cerca de dois anosdepois de ter vindo para a Pa-lestina.Meu pai está enterrado no cemi-tério histórico da Rua Trumpel-dor, em Tel-Aviv, onde jazemmuitos dos primeiros sionistas,entre os quais, Bialik e Dizengoff

(antigo "maire" de Tel-Aviv).Passados quatro anos, a minhamãe e eu voltámos para Portu-gal onde, em 1942, casei comErnesto Rafael Aberlé, em Lis-boa. Tivémos duas filhas, a Lil-ly, em 1943, que casou e vivehoje em Dusseldorf, na Ale-manha, e a Georgette, em1944, que vive com a suafamília em Israel. Tenho 7 ne-tos e 3 bisnetos.Em 1950, fizémos Alyiá defini-tiva para Israel, o meu maridoErnesto, primeiro em 1949.Depois de nós, veio pouco apouco o resto da família, osmeus irmãos, suas famílias eos meus sobrinhos.Hoje a família Mucznik encon-tra-se na sua maioria, em Is-rael, mas Portugal continua ater um lugar muito importanteno nosso coração.

Tikvá 52 • Março/Abril 5

Rev. Samuel Mucznik

Ethel Mucznik

Casamento de Esther e Ernesto Aberlé na Sinagoga Shaaré Tikvá

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E ra véspera de Pessah. Osmembros da Comunidade

faziam os últimos preparativospara o seder tradicional, carne dashehitah, matsot, maror, vinhocacher do senhor Israel, nada fo-ra do habitual.Apenas a história que vou contarnada tem de comum, desconhe-cida de todos nós. No cais deSanta Apolónia, estava atracadohá duas semanas, para re-parações, um pequeno navioamericano, o "Tradewinds".E já se chamara "Gresham".

Em fevereiro de 1947 foi bap-tizado "Tradewinds" em Mia-mi, na Flórida. Fora adquiridopela Haganah para transpor-tar 1500 sobreviventes doscampos de concentração,que nenhuma nação queriareceber e aguardavam emItália a oportunidade para tentariludir o boicote britânico e entrarclandestinamente na Palestina.Toda a operação tinha que decor-rer no maior segredo, para nãochegar ao conhecimento dosagentes ingleses.O comandante não-judeu, contra-tado para a perigosa missão, espe-rava em Miami uma tripulação pro-fissional. Quando viu uma dúzia derapazes novos, que foram chegan-do de vários pontos dos EstadosUnidos e cuja única experiênciaera, no melhor dos casos, teremservido durante a guerra na Marin-ha dos Estados Unidos, não queriaacreditar no que o destino lhe pre-parara.Também os voluntários,que iriam constituir a tripulação

daquela casca de noz, quando ol-haram para o casco cinzento, tam-bém não acreditaram que "aquilo"fosse capaz de atravessar o Atlân-tico.Tinham aceitado o desafio,com a promessa de que não rece-beriam um tostão de salário. Ago-ra era tarde para voltar para trás.Dali foram para Charleston, ondecomeçaram as primeiras avarias etiveram de perder um dia em repa-

rações. Aportaram depois em Balti-more, onde receberam mais algunsvoluntários, meteram mantimen-tos, para a viagem até à Europa epara os refugiados, quando estesembarcassem na Itália e meteram-se a caminho. Max, Ketzelleh,Greenie, eram alguns dos nomes.Não eram precisos mais apelidos.O meu amigo Murray Greenfieldtinha acabado de regressar daGuerra, para onde fora mobili-zado como soldado-marinheiro,quando um amigo, activista sio-nista, se lhe dirigiu na sinago-ga. "Eles andam à procura deum tipo como tu". Depois de se certificar que eramesmo trabalho voluntário, que"eles" não pagavam, aceitou

"alistar-se".Tinha um passaportecanadiano, já se chamara ShaikeRabinovitch, Pinky, e saba-se láque mais. Afinal era YehoshuaBarahav, membro do Kibutz Gui-nossar, e membro da Haganah. Carpinteiros trabalhavam a bor-do, preparando o "Tradewinds"para o transporte de bananas. Prateleiras para o transporte de ba-nanas! Ninguém fez reparo para o

facto de que os cachos de ba-nanas se transportam pendu-rados. Pois não são os ameri-canos uns "atados"? Além do comandante e deum ex-menino de coro irlan-dês Hugh McDonald - "I wasa yeshiva boy in Latin" - ape-nas o cozinheiro não era ju-deu. Augustine Labaczewski,mais conhecido por "Duke",polaco e cristão, tinha apren-

dido a cozinhar numa padaria ju-daica, e até falava yidish, o quemais tarde seria uma grandevantagem, pois os voluntários ju-deus não tinham língua comumcom a maioria dos refugiados.Naquela sexta-feira, 4 de Abril,"Duke" lembrou-se de que era vés-pera de Pessah dos judeus, e per-guntou-lhes como iriam fazer o "se-der". Qual "seder"? O polaco nãodesistiu. Eles tinham que fazer um"seder", custasse o que custasse. Tinha trabalhado, nos Estados Uni-dos, na padaria de um judeu. Comovos em pó ele fez uma imitaçãode matsá. Para "Gefilte Fish" falta-va-lhe tudo. Mas passou o peixepelo passador e fez almôndegas depeixe - "gehakte fish", então não

C O N T A N D O A N O S S A H I S T Ó R I A

SEDER DE PESSAHem Santa ApolóniaLisboa, 4 de Abril de 1947. Que aconteceu em Lisboa nesta data?

6 Tikvá 52 • Março/Abril

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era? Muitas garrafas de vinhonão foi difícil de arranjar.Ao guarda-fiscal, em serviço noportaló, contaram que era o diados anos do capitão. Queriamfazer-lhe uma festa de surpre-sa. Levaram-no para a ponte decomando, puseram-lhe um pra-to com comida e uma garrafade vinho e um copo na mão, eforam para o porão fazer a fes-ta. O bom do homem não deupor nada de extraordinário.Murray lembra-se de ter per-guntado o Má Nishtaná em Yidi-sh. Mais do que isso ninguémsabia. Agadot não tinham, masa tradição de contar a saída doEgipto tinha que ser cumprida. Ohomem da Haganá contou comoajudara os judeus do Iraque a emi-grar para Erets Israel. Canções deum disco novo da guerra civil emEspanha (nas barbas de Salazar?) oHino da Palmach, que estava entãoem voga, algumas canções de EretzYisrael, que sabiam e sobretudocumpriram a mitzvah de "Arba Cos-sot". Greenfield tem a certeza deque todos cumpriram, mas não seficaram pelos quatro copos, talvezquarenta, pois todos ficaram bas-tante alegres...Poucos dias depois um dos ameri-canos envolveu-se numa querelanum bar, e, na continuação, apa-receram agentes da PIDE a bordo,"à procura de comunistas e terro-ristas.". Quiseram saber a razãode terem escolhido Lisboa para ostrabalhos de carpintaria. Joshuacontou-lhes histórias sobre osnegócios de bananas da sua com-panhia, explicou que em Portugalos trabalhos eram mais baratos eque eles iriam mandar mais na-vios para serem equipados emLisboa, ofereceu charutos brasilei-ros, Mas os agentes insistiram emleva-lo consigo para ser inquirido.Ainda foi a tempo de passar umaordem, em hebraico, para arran-carem mesmo sem piloto, assimque eles se afastassem, e quan-

do estivessem ao largo, mandas-sem o guarda-fiscal para terra,num salva-vidas.Baharav, porém, era homem derecursos. Na sede, na António Ma-ria Cardoso, retomou a sua histó-ria dos negócios de bananas. Eletinha que voltar para Paris de on-de daria ordens para mandaremmais navios para serem equipadosem Portugal. Sobretudo, que lhedevolvessem o passaporte, quetinha sido apreendido. Anos maistarde, quando uma companhia decombustíveis britânica se recusoua abastecer dois outros navios daAliah Bet, atracados em Lisboa,ele telefonou ao seu "velho amigo"e a troco da promessa de umapropina, este resolveu o problema.Nessa noite o "Tradewinds" atraves-sou o estreito de Gibraltar e foi atra-car a Marselha. Aí estabeleceucontacto com agentes da Haganah eseguiram para a Riviera italiana, on-de embarcaram os passageiros. Opolaco Labaczewsky, yidishista, foimuito útil no encaminhamento dosrefugiados. Para facilitar as comuni-cações deu como nome "MoisheSchneider". Só os tripulantes conti-nuaram a chama-lo por "Duke".Um avião britânico, que os sobre-voou, reconheceu o barco comimigrantes clandestinos, e deu osinal para serem cercados no Me-diterrâneo por unidades da marin-

ha de guerra. "O vosso navionão está em condições de na-vegar. Entreguem-se pelo me-nos por razões humanitárias."Não se entregaram.Acabarampor ser interceptados e trans-feridos para o navio-prisão"Empire Lifeguard". Quando o último dos prisionei-ros desembarcou em Haifa etodos entraram nos autocarros,que os levariam ao campo deinternamento britânico, ouviu-se uma forte explosão no "Em-pire Lifeguard". Os voluntáriostinham conseguido montar umabomba, com componentes es-

condidos nas partes mais estran-has dos seus corpos. O navio-prisão afundou-se no porto.Os sobreviventes dos campos deconcentração foram levados daTerra prometida para uma prisãobritânica em Chipre. Alguns conse-guiram voltar para lá ao abrigo deuma quota mensal que os inglesesiam concedendo. Os restantes sóem 1948, depois da independên-cia, fizeram finalmente a aliah.Muitos dos voluntários acabarampor ficar a viver em Israel. Hoje oc-togenário, ele foi sempre um ho-mem de iniciativas e de projectosde voluntariado. Foi ele que trouxeos primeiros judeus da Etiópia, jo-vens que conseguiu inscrever naUniversidade de Telavive, para es-tudarem e mais tarde servirem delíderes da sua comunidade.Contou-me o Murray Greenfieldque, apesar de todo o cuidado datripulação em não serem conheci-dos como judeus, ele foi o únicoque, por acaso, falou com um ju-deu. Foi o relojeiro ruivo, a quemcomprou um Omega. Percebeuque o cliente, "turista america-no", era judeu e perguntou-lhe.,aceitando a sua versão. Relojoei-ro judeu e ruivo, em Lisboa, na-quela altura... só podia ser o meudescansado Pai.

Inácio Steinhardt

Tikvá 52 • Março/Abril 7

Page 8: Tikvá nº 52, 6º ano

A s comemorações da Festade Purim na CIL tiveram

início com a tradicional leiturada Meguilat Esther na nossa Si-nagoga. Dezenas de pessoas,muitos mascarados e no espíri-

to da festa estiveram presentesnesta noite e acompanharamcom muita atenção a leitura daMeguilá feita pelo nosso RabinoBoaz Pash, com pequenos re-sumos explicativos lidos em

português pelo jovem DavidBernfeld. O evento ainda tevetempo para o vinho, música, emuita confraternização entreos presentes, como manda atradição.

A inda no espírito alegre eparticipativo da Sinagoga,

chega a tarde de domingo, noMaccabi Country Club, quandojovens e adultos reuniram-separa a Festa de Purim. Cerca

de 100 pessoas participaramde forma muita alegre e inten-sa no trad ic ional ba i le econcurso de máscaras, bemcomo do divertido "FutebolCultural, jogo de perguntas erespostas alusivas a Purim nadinâmica de memorização. Jo-go este muito disputado entre

jovens e adultos, mas que te-ve os adultos como vence-dores , com o "apertado" pla-car final de 8X7. O evento en-cerrou com um saboroso "ki-bud" de Purim.

PURIM 5765NA CIL

A C O N T E C E U N A C I L

Leitura da Meguilá e comemoração na Sinagoga

Festa de Purim

no Dor Chadash

8 Tikvá 52 • Março/Abril

Page 9: Tikvá nº 52, 6º ano

Câmara Municipal de Vila Nova de Paiva adquire edifício de antiga Sinagoga

Vila Cova à Coelheira, que hoje pertence à Câmara de Vila Novade Paiva, foi terra que abrigou muitos judeus e cristãos-novos de-pois da expulsão e instauração da Inquisição. No Largo do Mostei-ro situava-se a antiga Sinagoga, num edifício, hoje em estado deruína. Agora a Câmara Municipal acaba de adquirir parte desseedifício para ali ser criado um pequeno museu.

Azeite Casher lançado em Portugal

Produzido em Penamacor pela empresa Penazeites foi recentemen-te lançado no mercado uma produção de azeite casher, destinadaessencialmente ao mercado estrangeiro, nomeadamente america-no. O azeite que adoptou o emblemático nome de Ribeiro Sanches,o famoso médico judeu originário de Penamacor, é supervisionadopor Elisha Salas, rabino da Comunidade Judaica do Porto.

Visita muito especial à nossa Sinagoga

Conforme divulgámos na nossa edição passada, a nossa SinagogaShaaré Tikvá tem estado a receber inúmeros e diferentes grupos devisitantes semanalmente. Dentre estes destacamos a ilustre visitado Grupo Fact Finders realizada no mês de Março. Trata-se de umselecto grupo composto por várias Embaixatrizes e representantesde embaixadas de vários países de distintas partes do mundo.

Amigos da Universidade Hebraica de Jerusalém

O Dr. José Benarroch - Director da Divisão de Desenvolvimento eRelações Públicas da Universidade Hebraica de Jerusalem para aAmérica Latina, Espanha e Portugal - esteve em Lisboa no final do

mês de Março e num evento realizado na residên-cia do Embaixador de Israel - Sr. Aaron Ram,apresentou a instituição aos presentes e criou ofi-cialmente o grupo de Amigos da Universidade He-braica de Jerusalém, grupo este existente em mui-tas outras comunidades judaicas por em todo omundo. O Presidente da Cil - José Oulman Carpesteve presente no evento.

FESTADE PURIMNO ALGARVE

A Comunidade Israelita do Al-garve realizou no passado dia27 de Março em Portimão. Cer-ca de 25 pessoas estiverampresentes e comemoraram commuita alegria esta data

CERIMÓNIA DE

PIDIONHABEN

Após muitos anos, reali-zou-se recentemente nanossa Sinagoga, a tradi-cional cerimónia de "Pi-dion Haben" - "O resga-te do filho primogênito".Na ocasião, num mo-mento de grande ale-gria entre os presentesque a testumunharam -Daniel Steinhardt eMark Robertson foram,"resgatados" em trocados "selaim" (moedasde prata) entregues aum Cohen (sacerdote)presente. O nosso MA-ZAL TOV às famíliasparticipantes nesta ce-rimónia dirigida peloRabino Boaz Pash

Tikvá 52 • Março/Abril 9

Page 10: Tikvá nº 52, 6º ano

A 14 de Março de 2005, pas-saram 126 anos sobre o

nascimento de Albert Einstein,um dos mais notáveis persona-gens da história humana. (...) Sobre o seu judaísmo, Ein-stein escreveria ainda anos maistarde: "A busca do conhecimentopelo conhecimento, um quasefanático amor à justiça e o desejode independência pessoal - estassão as características da tradiçãojudaica que me fazem agradeceràs estrelas o facto de eu lhe per-tencer." Apesar da sua manifestaoposição a qualquer forma de na-cionalismo, Albert Einstein partici-pou activamente no movimentosionista e defendeu abertamentea criação de um estado judaico naPalestina, "uma pátria nacional ecultural para o povo judeu ondeos direitos dos árabes sejam tam-bém respeitados". Em defesa da

criação de Israel, Einstein chegoua depor, em 1946, perante o Co-mité Anglo-Americano de inquéri-to sobre a Palestina e quando,dois anos depois, a independênciade Israel foi declarada, o cientistasaudou-a como a "concretizaçãode um sonho ancestral".Desde muito cedo, décadasantes da formação política deIsrael, Einstein participou na re-colha de fundos para a criaçãoda Universidade Hebraica de Je-rusalém e foi também um dospropulsores da fundação deuma universidade judaica ame-ricana, a Brandeis University.Em testamento, Albert Einsteinlegou todo o seu espólio, bemcomo os direitos autorais sobrea sua obra e a sua imagem, àUniversidade Hebraica de Jeru-salém. Em 1952, três anosantes da sua morte, Albert Ein-

stein foi convidado pelo primei-ro-ministro israelita David BenGurion a candidatar-se à presi-dência de Israel. Doente e frá-gil, Einstein sentiu-se obrigadoa rejeitar o convite numa cartaonde manifestava sentir-se "ex-tremamente honrado e comovi-do" com o desafio de Ben Gu-rion. Durante todo o ano de2005, assinalando a passagemdo centenário do annus mirabi-lis de Albert Einstein, durante oqual, com apenas 26 anos, pu-blicou três artigos que muda-riam radicalmente o pensamen-to científico, a comunidade cien-tifica mundial celebra o Ano In-ternacional da Física (ver WorldYear of Physics 2005 e Socieda-de Portuguesa de Física).

Blogue "A Rua da Judiaria", de Nuno Guerreiro (extractos)

A C O N T E C E U N O M U N D O

Albert Einsteincom David BenGurion, primei-ro-ministro deIsrael, em Prin-ceton, 1948

ALBERT EINSTEIN(1879-1955) FÍSICO, JUDEU ALEMÃO

10 Tikvá 52 • Março/Abril

Page 11: Tikvá nº 52, 6º ano

O Knesset reunir-se-à numasessão especial na próxi-

ma semana, na sequência dadecisão do Supremo Tribunal deJustiça desta manhã, no sentidode aprovar as conversões emcerimónias reformistas econservadoras realizadas empaíses estrangeiros para quinzeresidentes não israelitas, quepediram para serem reconheci-dos como Judeus de acordo coma Lei de Retorno, segundo re-portagem do Jerusalem Post. Opartido Shas submeteu a assi-natura de 25 membros do Knes-set esta tarde exigindo a reali-zação de uma sessão. Na suadecisão de 7 contra 4 votos, otr ibunal não considerou aquestão sobre se não judeus,que se convertem em cerimó-nias reformistas ou conservado-ras no território de Israel, de-vem ser considerados Judeus. Otribunal decidiu a favor da peti-ção dizendo que, apesar do es-tabelecimento da ComissãoNe'eman no sentido de encon-trar uma solução de meio-termoentre os movimentos Ortodoxo,Reformista e Conservador,continuava a não existir qual-quer solução formal do proble-

ma, e que o tribunal não podiadecidir de acordo com as reco-mendações da comissão sobreas quais nunca houve acordo.Segundo a decisão do Tribunal:"Aceitamos o facto de que oabuso de conversões doutrospaíses devem ser evitadas, masporque razão devem excluir-seoutros movimentos Judaicos,que o Estado também consideraque devem ser tratados de for-ma igual?"A decisão acrescentou que oreconhecimento de conversõesestrangeiras não devem limi-tar-se sòmente àquelas pes-

soas que desejam integrar-sena Comunidade que realizou aconversão, mas que deveigualmente reconhecer asconversões realizadas de acor-do com os standards e tradi-ções de uma Comunidade queum indivíduo pretende inte-grar. O Governo, afirmou-se nadecisão, não estava autorizadoa decidir que só as conversõesrealizadas por um grupo se-riam reconhecidas pela Lei doRetorno, como sugeriu a Co-missão Nee'man.

Fonte “Jerusalém Post”

Supremo Tribunal de Justiça aprova conversões feitas em países estrangeiros

VESTÍGIOS HEBRAICOS EM PORTUGALviagem de uma pintora de LAURA CESANA2ª edição, bilingue, capa dura, 160 páginas a cores. ISBN 972-97370-0-2 | www.lauracesana.com

" belíssimo ensaio de investigação e objecto de arte (...) Um livro fora do comum (...)"URBANO TAVARES RODRIGUES, no JORNAL das LETRAS

"an impressive artbook (...)Jewish landmark in Portugal...a very sensitive account of a five year search."KATHLEEN TELTSCH, retired journalist of THE NEW YORK TIMES

PREÇO ESPECIAL para os leitores do Tikva: 35 euros (mais o correio). Envio à cobrança. Pedidos ao Apartado 9970 - Est.Correio OLAIAS - 1911-701 LISBOA

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I S R A E L E M F O C O

E sta é apenas uma dasconclusões dramáticas de

uma pesquisa da Segurança So-cial israeliana recentemente pu-blicada nos meios de comunica-ção deste país. O alerta para otema da pobreza em Israel sur-giu-me há algum tempo atrásnum e-mail da Yad Eliezer, ale-gadamente a "maior agência is-raeliana privada na luta contra-a-fome" que recebi, por motivosque desconheço, do site do Jeru-salem Post na net, de que souassinante. Devo confessar que,embora me considere relativa-mente bem informado não sósobre o panorama político mastambém económico e social deIsrael, os dados que recolhi apósa devida investigação são bemmais graves do que eu poderiachegar a pensar. Eventualmente,a essa falta de informação nãoserá alheio o facto de, segundodeclarações feitas à Rádio de Is-rael (citadas pelo diário Haaretz)pelo Prof. Shlomo Yitzhaki, direc-tor do Instituto Central de Es-tatística, os vários governos eMinistérios das Finanças terempublicado muito pouca informa-ção sobre a problemática do bemestar social no país após 1970.

Paradoxalmente (e já veremosporquê) o Ministro das FinançasBinyamin Netanyahu afirma estarconvencido de que Israel já recu-perou da recessão e que se tor-nará brevemente um dos 10países do mundo com maior ren-dimento per capita. As agênciasde crédito internacionais Moody's,Fitch e Standard and Poor's clas-sificam Israel com notas extre-mamente positivas, corroborandode algum modo esta previsão.Por fim, como as actividades ter-roristas palestinianas prejudicamgravemente a economia israelia-na, o recente clima de optimismoque se seguiu à eleição de Mah-moud Abbas, deu lugar a pre-visões favoráveis: o vice primei-ro-ministro Shimon Peres jáavançou com o número de 6% decrescimento económico após aevacuação dos colonatos de Ga-za. Este ano, quase não há lugarnos voos turísticos para Israelem Pessach e é frequente ver-seo novíssimo e ultra moderno ter-minal 3 do aeroporto Ben Gurion2000 repleto de israelianos en-dinheirados a caminho de fériasno estrangeiro. De acordo com o relatório anual

(2004) do Centro Adva para a

Igualdade e a Justiça Social, a si-tuação económica dos 10% maisfavorecidos em Israel melhorouconsideravelmente na última dé-cada, enquanto que a de todasas outras classes, incluindo aclasse média, se deteriorou. Pa-rece, assim que se criaram doispaíses: o dos ricos e… o dospobres. Dos vários estudos reali-zados por algumas instituiçõesisraelianas e referentes a 2002 e2003, destacamos algumas(tristes) conclusões:

• Em 2003, 22,4%(1,426 milhões de cidadãos) dapopulação viveu abaixo da linhada pobreza (dados de um inqué-rito da Segurança Social, que al-guns afirmam ser em 30% infe-riores à realidade). Em compara-ção com 2002, este grupo inte-grou mais 119.00 pessoas.• 360.000 famílias foram defini-das como "pobres" em 2003.

• O grupo dos idososabaixo da linha da pobreza subiuem 22,8% quando comparadocom os números dos idosos quedele faziam parte em 2002.

• 14% da populaçãocom mais de 20 anos (cerca de550.000 pessoas) declarou tertido problemas económicos, pos-

RICH MAN, POOR MAN

UMA EM CADA CINCO CRIANÇASEM ISRAEL VAI DIARIAMENTEPARA A CAMA SEM JANTAR.

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tergando a aquisição de algunsalimentos de que necessitava emedicamentos que lhe haviamsido receitados. 46% não conse-guiu pagar as suas despesasmensais e 14% viram a electrici-dade e o telefone "cortados" nassuas casas. Cerca de 1 milhão depessoas que necessitavam decuidados dentários não puderamtratar-se. 54% deixaram decomprar roupa e calçado. 59%adiaram reparações necessáriasnas suas casas. 39% não acredi-ta que a sua situação económicavá melhorar.

• Em 2003, a linha dapobreza atingiu 652.000 crian-ças, mais 34.000 do que em2002. Quase 20% das 6.487crianças questionadas (do 7º ao12º ano escolar) responderamque não recebem uma refeiçãocompleta antes irem dormir e,pelo menos uma vez por semana,não há nada para comer em casa.Para terminar, resta-me dizer,sem que isso sirva de consolação,que a situação nos territórios daFaixa Ocidental e em Gaza é in-comparavelmente pior - de acor-do com dados do Banco Mundial,60% dos palestinianos vive numapobreza indescritível com ingres-sos de cerca de € 46 por mês. E,lamentavelmente, Portugal é oúnico país da U.E. em que a si-tuação da pobreza da populaçãoé pior do que a de Israel. Se o leitor ficou tão chocado co-mo eu, após a leitura deste arti-go, deixo-lhe a sugestão de na-vegar no site da Yad Eliezer(www.yadeliezer.org) e agir emconformidade com as suas pos-sibilidades e o que a suaconsciência lhe ditar. Afinal, sebem me lembro da mini-sérieamericana dos anos 70, o "richman" e o "poor man" eramirmãos de sangue.

Gabriel Steinhardt

José Mourinhoem IsraelA convite do Centro Peres

para a Paz, organização fun-dada por Shimon Peres em1996, o técnico de futebolportuguês José Mourinho es-teve em Israel durante doisdias, nos quais proferiu umaconferência de imprensa eparticipou num Jogo pela Pazcom equipas mistas de crian-ças israelitas e palestinianas,realizado em Telavive.

Organização Médica da Hadassahnomeada para o Prémio Nobel da Paz 2005Em reconhecimento do trabalho feito pela Organização Médi-ca da Hadassah (OMH) na promoção da cooperação e dos va-lores humanos entre Judeus e Árabes, a OMH teve a honrade ser nomeada para o Prémio Nobel da Paz 2005. Parafra-seando um dos pedidos de nomeação, a OMH é "um exemplopara o mundo de que o ódio e as suspeições podem ser ven-cidos por pessoas com boa vontade".O vencedor do Prémio Nobel é escolhido por uma comissãode cinco pessoas, designada pelo Parlamento Norueguês. Osnomeadores elogiaram a OMH por gerirem os seus hospitaisde acordo com valores humanos que requerem a prestaçãode alto nível de cuidados de saúde a todas as pessoas inde-pendentemente de idade, religião ou origem étnica. A OMHtem trabalhado sempre impecávelmente, ao implementarestes valores durante o período de violência furiosa de terro-

rismo nos passados quatro anos emeio. Além disso, os nomeadores lou-varam a Hadassah por prestarem for-mação a especialistas palestinos doHospital Augusta Victoria em Jerusa-lém Oriental, na área de oncologia in-fantil. O Prémio Nobel da Paz, o maisrespeitado no mundo, homenageia onome de Alfred Nobel, um industrial equímico Sueco. Em Dezembro os ven-cedores são convidados para recebero prémio em Oslo.

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De visita a Israel, estive em Jerusalém no novomuseu do Holocausto, o "Yad Vashem", recente-mente inaugurado na presença de numerososChefes de Estado e das Nações Unidas. Fui guia-da nessa visita por Avraham Milgram, historiadordo novo museu e umamigo de anos, que jávárias vezes veio aPortugal para diver-sas investigações.Dotado de uma arroja-da arquitectura, com aforma de um extenso triângulo em comprimento, decuja ponta final se desfruta uma vista única sobre osmontes da Judeia, o novo museu conta, tal como oanterior, a história do Holocausto desde o início da es-calada nazi até à "solução final". Mas a grande dife-rença é que este se centra, não na máquina de mor-te alemã, mas sim nas pessoas, nas vítimas: judeus,principalmente, mas também nos ciganos, homos-sexuais e deficientes. São os homens, as mulheres, ascrianças e os velhos que se vêm e ouvem do principioao fim da exposição, contando e testemunhando in-cansavelmente, acompanhando-nos com uma litaniade vozes e de imagens, incessante e obsessiva, pon-tuada pela exposição de objectos triviais, como são

em geral os objectos pessoais, um pente, uma velhaboneca, uma caixa de pó de arroz, um livro, velhos re-tratos de tempos felizes... No final, um imenso blocode cimento em forma de chaminé em espiral forradode fotografias extraídas das inúmeras "páginas de tes-temunho" recolhidas no mundo inteiro pelo Yad Va-shem (cerca de três milhões até à data), deixa-nosuma imagem final do esfumar dessas vidas. No novomuseu, os números ganham vida e um rosto.Ao lado do museu, foi construída uma galeria ondeestão expostas numerosas pinturas e desenhos, degrande qualidade, alusivos ao Holocausto. Nos jar-dins mantém-se a Ala dos Justos onde estão planta-das 20 mil árvores em homenagem aos homens emulheres que contribuíram para salvar judeus du-rante a guerra, entre as quais se encontra a árvoreplantada em memória de Aristides de Sousa Mendes.

Mantém-se também oMemorial das Criançase o Memorial das comu-nidades desaparecidas,testemunhos dolorososde um mundo desapa-recido. Mais ainda do

que anterior, o novo YAD VASHEM perturba-nos, co-move-nos, revolta-nos também. Mas quando chega-mos ao fim e olhamos a beleza serena dos montesda Judeia sentimos que se cumpriu a profecia do Ha-tikvá, o hino de Israel "Lihiot Am Hofshi be Artseinu",ser um povo livre na nossa Terra...

Esther Mucznik

Visitei hoje - finalmente - o Cemitério da Estrela.Ele conta uma história. A história de uma comuni-dade que luta pela sua vida. Como hoje. Dá para verpelas pedras, pelos epitáfios, pelo modo de colocaros túmulos, quais foram as dificuldades na altura.Cada pedra conta a história de uma alma que viveucá, e todas juntas representam um mosaico de vi-das, e da morte também. É uma das coisas mais in-teressantes que vi na minha vida. É a nossa histo-ria. A historia que devemos contar para nós e paraos nossos filhos. Podemos organizar uma excursãoeducativa para adultos e para jovens.O estado docemitério não émuito mau. Mas precisa de se mel-horar algumas coisas. Há pedras quebradas (ver fo-tos) muita erva e muita porcaria de todo o tipo. E o

mais urgente é arranjar o muro que está a caír e da-nifica as pedras. Temos de seguir o exemplo docemitério de Faro. Vamos pôr mãos à obra: Organizar os nossos jo-vens para trabalhar lá na manutenção, organizar jo-

vens de fora paratrabalhar lá namanutenção, pe-dir aos funcioná-rios do Cemitérioactual dedicarcerto tempo paraeste cemitério ecompletar a par-

te de documentação do cemitério. Recordem o que diz Achad Haam (o grande lídersionista): "um povo que não protege a sua história,não merece que a historia o protega".

Rabino Boaz

M O M E N T O D E R E F L E X Ã O

No novo YAD VASHEM,os números ganham vida ...

"Um povo que não protege a sua história, não mereceque a historia o proteja"

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A minha mensagem neste numero Jubileu doTikvá será curta e clara. Sem explicações, sem

entendimentos aprofundados, sem conceitos Caba-listas. Mas com uma exigência básica, elementar,primitiva e, acima de tudo, essencial.Esta mensagem tem que ser lida - e portanto é as-sim que a vou escrever - na primeira pessoa, nãona segunda, nem na terceira, nem "de modo geral",nem sequer para mim e para mais uns amigos...Não. Sou eu só. Alias, não é o rabino ou qualqueroutra pessoa que me envia este mensagem. Fui euque a enviei, para mim próprio.

• • • •

Eu devo estar na Sinagoga para Kabalat Shabat.Na entrada do Shabat, o momento inicial deste diasagrado, o meu lugar é na minha casa espiritual - aSinagoga. O judaísmo é uma fonte da vida. Tenhode beber desta fonte às vezes. Senão o meu ju-daísmo secar-se-á. Quem sou eu? Cidadão português da rua? O que mefaz merecer este titulo de "Judeu"? É só porque osanti-semitas me odeiam? Quero que os meus filhos continuem a "linhagem"

do judaísmo. Qual é o esforço e o tempo que pre-tendo dedicar a este fim? Três horas semanais?Duas? Uma? - algo tem que ser!No final da semana de trabalho, quando começa o"meu tempo", aquele "cantinho meu" que o meuBoss não domina mais, é o tempo para me dedicarà minha alma judia. Se este tempo é "meu", mere-ce que seja "eu" próprio. Quem sou eu? Uma coisa marcada na agenda semanalmente. Umacoisa que faço regularmente, automaticamente,que estou habituado a fazer. A minha visita sema-nal à sinagoga. O meu encontro marcado com omeu Deus, com o meu povo. Uma hora significanteentre os meus hábitos do dia-a-dia.O esforço é grande, lefum tzara agara. O judaísmo é uma idéia elevada, abstracta, celestial,ideal, divina. Não, o judaísmo não é nada disso.O judaísmo é uma prática banal, real, terrestre, umhábito humano. Não, o judaísmo não é nada disso.O judaísmo é uma "idéia praticada", uma "práticacelestial", uma idéia que eu tenho, e realizo, umaprática que sou eu a fazer com que se torne umaidéia. E com um passo muito simples.

Rabino Boaz Pash

M E N S A G E M D O R A B I N O

PRODUTOS CASHER LE PESSACH 5765

Caro Correligionário

É com imensa satisfação que comunicamos a todos que a Loja Corte Inglês em Lisboa terá novamente a disposição a partir do início do mês de Abril um Stand completo com produtos CASHER LE PESSACH, com a devida supervisão Rabínica.

* A CIL não se responsabiliza pela comercialização, distribuição e qualidade destes produtos que são da inteira responsabilidade do seu distribuidor.

Tikvá 52 • Março/Abril 15

Page 16: Tikvá nº 52, 6º ano

E S P A Ç O A B E R T O

Meu querido Samuel

Escrevo-te uma carta aberta por uma razão: liatentamente a tua mensagem publicada nestemesmo Tikvá e penso ser importante esclareceralguns pontos. E é necessário que estes escla-recimentos sejam do conhecimento dos leitoresdo Tikvá. Por isso a escolha deste meio.Sabes como te respeito, te admiro e gosto deti. Por isso mereces que me abra com toda afranqueza, quando algumas opiniões não coin-cidem. Fui, talvez, dos primeiros a propor atua eleição para Presidente Honorário da CIL eestou muito contente que isto se tenha reali-zado. Além das tuas qualidades de investiga-dor, cientista e excelente clínico, aprecio, so-bretudo em ti, as tuas qualidades humanas ea forma como assumes o Judaismo, na tuaconduta, na Família, no relacionamento comas instituições, com Israel, etc.Abordas as duas vertentes do Judaismo, a reli-giosa e a comunitária e intelectual. Ora uma sema outra não tem conteúdo. É árida, num sentidoou noutro. O Judaismo não pode ter uma exis-tência somente social e intelectual ou somente areligiosa. Só o é se for tudo englobado.É certo que cada judeu cumpre as mitsvot queentende incluindo a sua frequência da Sinagogada maneira que mais lhe agrada. Mas, uma pes-soa como tu, não pode desejar submeter os quetem "opiniões minoritárias" e dizer que "pertur-bam o bem estar de todos os outros membros".Penso ler que essa minoria são aqueles que sebatem pela manutenção das nossas tradições eque frequentam a nossa Sinagoga. Alguma vezesta minoria perturbou o bem estar dos outrosmembros? Não sejamos injustos.Pelo contrário, aqueles que não se preocupamcom a salvaguarda do nosso património reli-gioso deviam estar gratos àqueles poucos (ca-da vez menos e em vias de extinção) que ain-da fazem qualquer coisa para esta pequenaComunidade ter serviços religiosos dignos des-

se nome e do nosso passado. Não temos aqui"ultra-religiosos, causa de tantas desgraças..."Lembro-me bem que tu, apesar dos teus inúme-ros afazeres profissionais, sempre vieste aos ofí-cios da Arbit de Shabat com os teus filhos, o quefoi um extraordinário exemplo e que deixou fru-tos, pois o teu filho David continua a representara Família. Honra te seja dada. Eu sei que váriasrazões impedem muita gente de vir: morar lon-ge, cansaço no fim de semana, peso dos anos,desconhecimento do conteúdo dos ofícios, etc.A tua sugestão de abreviar as orações não re-sulta. A duração é uma falsa questão. À 6ª fei-ra à noite o ofício dura 1 hora; ao sábado demanhã, 3 horas para quem chega ao princípio.Mas é sabido que ninguem é obrigado a estar lá3 horas. Tem geometria variável. Vai-se à horaque se quiser e está-se lá o tempo que se qui-ser. Há para todos os gostos. O Semtob D. Se-querra foi um "carola" que sempre se bateu pe-la realização dos ofícios diários (onde é que issojá vai...). Já só temos ao sábado. E até há diasde festa em que não há Minian...Onde vamosparar? A uma Sinagoga-museu, sem vida, ("on-de os judeus de Lisboa oravam a D'us" ) só pa-ra mostrar às visitas, nacionais e estrangeiras ?Para lá se pode estar a caminhar se não se agir.O Sr. Rabino respeita a continuidade das nossastradições e nesse sentido lhe temos dado todo onosso apoio para que ele a siga. Peço que osnossos dirigentes compreendam a importânciadisto e não desmotivem os poucos que ainda sebatem pelas tradições judaicas genuinas. Preci-samos, sim, de promover a nossa cultura judai-ca, missão que, em grande parte, compete à Di-recção da CIL com o apoio do Sr. Rabino.Obrigado. Conto com o teu precioso apoio:Um abraço sempre amigo do (outro)

Samuel

Mensagem da Revista Morashá Sâo Paulo - Brasil

AoDiretor Executivo da CIL e Equipe do Tikvá,

Gostaríamos de parabenizá-los peloimportante trabalho nesta comunidade.Aproveitamos para ressaltar o excelenteconteúdo da edição de nr 51.

MorasháConselho Editorial

Com pedido de publicação recebemos do Sr. Samuel Levy, a seguinte carta

CARTA ABERTA AODR. SAMUEL RUAH Presidente Honorário da CIL

16 Tikvá 52 • Março/Abril

Page 17: Tikvá nº 52, 6º ano

L I V R O SA S N O S S A S S U G E S T Õ E S

Os Judeus em Portugal Está disponível a impor-tante e rara obra de Joaquim Mendes dos Remé-dios - Edição Fac-Simile em dois volumes: o pri-meiro de 1825 e o segundo de 1928 ALCALÁ - Apartado 37 - 2534-909 LourinhãTel. 261 412 636 / Fax. 2 61 411 555

THE JEWISH WORLD 365, from the collection of The Israel Museum,JerusalemEdição: Harry N. Abrams, Inc.Custo na Bertrand - 32,95 €

Trata-se de um livro com 365óptimas fotos de peças do Is-rael Museum de Jerusalem,cada uma alusiva a um dosdias do ano de 2005, comuma explicaçãode cada umadelas (2 x 365 páginas ilus-

tradas). Vale a pena ter para visitar, calmamente,o Museu em sua casa.

Introdução ao JudaísmoNicholas de LangePrefácio - Editora de Livros e Revistas LdaISBN 972-8816-01-4Acabamos de ver, nas livrarias, este livro, recente-mente editado. O seu autor é Rabino, Leitor em Es-tudos Judaicos e Hebraicos da Universidade deCambridge. Trata-se de um livro muito completo,útil para não judeus e para judeus que queiramaprofundar o conhecimento do Judaismo e do ju-deus. Recomendamos a todos os nossos leitores asua leitura. Cobre aspectos históricos, demográfi-cos, teológicos , religiosos, comunitários, literário-se uma perspectiva do futuro. Constitui um manualpara consulta.

MITZVAHAlain ElkannCavalo de Ferro Editores Lda (59 pgs)Acaba de sair este opúsculo de um jornalista italia-no judeu que exprime os seus estados de alma co-mo judeu. Muito interessante pela sinceridade dasua narração, embora alguns aspectos possam cho-car. Descreve muitas vivências que cada um de nósjá atravessou no nosso relacionamento, como mino-ria, face ao meio que nos envolve. Livro a não per-der. Pode ler-se em uma hora. O autor já escreveuvários livros entre êles um (Essere Musulmano2001) em colaboração com o Principe El Hassan binTalal da Jordânia.

A FORÇA DA RAZÃOOriana FallaciDIFEL, Difusão Editorial SA (300 pgs).

Tradução portuguesa publicadaem Outubro de 2004. Segue-sea A Raiva e o Orgulho, da mes-ma autora. Manifesto indignadodesta jornalista italiana sobre a“penetração muçulmana na Eu-ropa que, numa atitude subser-

viência concede aos imigrantes desta religião equi-parações e benefícios sociais e políticos sem qual-quer reciprocidade para os cidadãos europeus eque se tem revelado um veículode penetraçãoideológica preocupante. Para ler e reflectir.”

O QUE PENSA ALÁ DA EUROPA?Chahdortt DjavannEditorial TeoremaLda. (74 pgs)Acaba de aparecer (Março 2005) mais este livro

da escritora iraniana que já publicara O Significadodo Véu. A autora vive em Paris faz algumas per-guntas entre as quais destacamos: Se as palavrasD'us, Alá, God, Yahv..designam um único e mesmoD'us, não se poderá perguntar: D'us é judeu,cristão, musulmano ou sem religião? D'us e Alásão antisemitas como alguns daqueles que falamem seu nome? Ou então D'us e Yhav.. são racistas,anti-árabes. islamófobos? Alá é mosógino, exista?Quer pensa Alá do islão político, dos homens quequerem governar em nome de Alá?

Tikvá 52 • Março/Abril 17

Serigrafias e... na Libreria Italiana (recen-temente aberta) na Rua do Sa-litre 166 b, mesmo um bom si-tio para parar a caminho da si-nagoga. A exposição permane-ce até meados de maio e ohorário é 2ª a 6ª das 10h30 às19h00. Quase tudo o expostotem simbologia hebraica e hátambém duas gravuras do li-vro bilingue "Vestigios Hebrai-cos em Portugal-viagem dapintora" Laura Cesana.

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A pós longo período de rein-vindicação, a Lei da Liber-

dade Religiosa consagrou já para2004 importantes benefícios fis-cais, que atribuem às entidadesreligiosas ajuda no prossegui-mento dos seus fins. Porém, a leifoi mais longe e não se esqueceudo contribuinte singular. Os do-nativos que qualquer cidadãodecide atribuir a determinadaIgreja vão beneficiá-lo no paga-mento do IRS. Mas com uma im-portante ressalva: essaconfissão religiosa tem que estarinscrita junto do registo das pes-soas colectivas religiosas. Comoconsequência da possibilidade de

dedução à colecta dos referidosdonativos, o contribuinte estaráa incentivar os fins religiosos e adiminuir a sua colecta.

Ainda assim é conveniente cha-mar a atenção para os dois li-mites à dedução: apenas se po-dem deduzir 25% das importân-cias atribuídas e os valores nãopodem ser superiores a 15% dacolecta. Assim, se o contribuintefizer um donativo de 100, dedu-zirá 25 e este montante não po-de ultrapassar 15% da colecta.

Na próxima declaração do IRS,no Anexo H, quadro 8, campo

05, devem ser colocados os va-lores correspondentes a 25%dos donativos atribuídos à pes-soa colectiva religiosa. Para de-monstração de que os valorescorrespondem de facto a donati-vos atribuídos àquelas enti-dades, são necessários os devi-dos recibos de entrega. Casoestes não lhe sejam disponibili-zados com a entrega do donati-vo, não esqueça de os solicitar,de modo a que a sua intenção al-truísta cumpra igualmente oefeito fiscal agora previsto na lei.Assim ajudará e sairá a ganhar.

Nuno Wahnon Martins

SABIA QUE...

L E I D A L I B E R D A D E R E L I G I O S A

Page 19: Tikvá nº 52, 6º ano

Descobriram o assassino!Uma grande brincadeirano Jantar com o Assas-sino: os participantesforam divididos em gru-pos e tinham que desco-brir quem era o assassi-no. E toda a históriaacontece nos anos 40.Foi muito animado e to-dos participaram activa-mente.

As "assassinas": Raquel Grosman, Sonia Bernfeld e Yolanda Weisz.

Susana Chazan, muito bem caracterizada

na personagem Anna Christie.

Corais no Oneg Shabat

Os corais Guil Hazaav e Etz Haim, dirigidos pelo Marcos Prist, ani-maram e emocionaram no Oneg Shabat do Maccabi.

As belas estiveramno MaccabiSusana Arié ensinando alguns truques aVera Goldschmitt Ferreira durante o Chácom Maquilhagem para senhoras realiza-do no Maccabi.

Cultural

Arnaldo Grosman, presidente do Maccabi,apresenta o Bastonárioda Ordem dos Advoga-dos, Dr. Rogério Alvespara a audiência. Ao lado do Dr. Rogérioesteve Nuno Wahnon.

Informa Dia 08 de Abril, 20h30

Oneg Shabat de Confraternização

Dia 10 de Abril,16h30Palestra e debate:Sexo & Judaísmo

com o Dr. Samuel Ruahe o Psicólogo Ronald Brodheim.

Dia 08 de Maio, 16h30Palestra: Origens da Inquisição

Dia 14 de Maio

BAILE AZUL&BRANCO

InformaçõesTel.: 21 911 11 88

O Maccabi é a sua casa!

Tikvá 52 • Março/Abril 19

Page 20: Tikvá nº 52, 6º ano

Actividades Sociais e Culturais

Educação Judaica e Religião Shiurim - 5765

Movimento Juvenil Dor Chadash de Lisboa - Ano IVA cada semana um novo participante! Mais de 80 jovens já participam. Agora só falta você !!Actividades todos os domingos, das 15h00 às 18h00 no Maccabi Country ClubJovens e crianças a partir de 03 anos | Participação: 5 € por semanaDescontos especiais na compra de senhas antecipadas Muitas surpresas em 2005 !

Coral Etz Chaim - Ano III Coral Musical representativo da CILPara adultos entre os 20 e os 60 anosEncontros semanais - às 3 ª s e 5ªs feiras, das 19:30 às 21:00 - Monte OliveteParticipação: 5€ por encontro | Inscreva-se já!

UPEJ - União Portuguesa de Estudantes JudeusSuper actividades mensais para jovens entre os 18 e 30 anos

MACCABI COUNTRY CLUB FAÇA JÁ A SUA INSCRIÇÃO !

3ª a 6ª Feira - Das 9h00 às 17h00Tel: 21 9111188 - Tratar com Rosina | [email protected] | www.cilisboa.org/documents/maccabi/FichaMembro

PROJECTO ATIDEINU GAN IELADIMPré - Escola para crianças entre os 2 e 6 ANOSEm breve. Aguarde novas informações !!! Interessados devem contactar a nossa secretaria

Mais informações e inscrições através da nossa secretaria !!!Participe nas actividades e eventos da nossa Comunidade, pois a nossa Comunidade é você !!

Participe nos Serviços Religiosos da nossa Comunidade Venha e traga toda a sua família !

6ªs feiras às 20h00 / Sábados às 9h00

SEUDÁ SHELISHITZemirot (canções) e a tradicional refeição de ShabatTodos os Sábados, após o serviço de Minhá

Grupo de Estudos sobre a Parashá da semanaTodas as 6ªs feiras às 19 horas na Sinagoga. Aberto a todos.

Coordenação: Alain Hayat

A S N O S S A S A C T I V I D A D E S

20 Tikvá 52 • Março/Abril

Dia Hora Grupo Tema Local Domingo 09:00 - 10:00 Aberto Talmud Sinagoga Domingo 14:00 - 15:00 De 10 - 14 anos Bar/Bat Mitzva MCC Segunda-feira 19:00 - 20:30 Aberto Judaísmo SinagogaSegunda-feira 20:30 - 22:00 Aberto Ivrit SinagogaTerça-feira 19:00 - 20:00 Aberto Cabalá e Filosofia Judaica SinagogaQuarta-feira 12:00 - 13:00 De 10 - 14 anos Bar/Bat Mitzva Sinagoga Quarta-feira 20:00 - 21:30 Aberto Ivrít (iniciantes) Sinagoga Sábado 12:00 - 13:00 De 10 - 14 anos Bar/Bat Mitzva Sinagoga

Grupo Guil Hazaav - Ano III (Idade de Ouro) Não perca mais tempo ! Venha participar connosco ! Actividades Especiais Permanente (música, ginástica, palestras, passeios ...)Para adultos a partir dos 60 anos | Encontros semanais às 4ªs feiras, das 15h30 às 17h00 horasSede no Monte Olivete | Participação: 5,00 €

Page 21: Tikvá nº 52, 6º ano

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www.cilisboa.org Prezados Leitores e Assinantes, comunicamos que a patir desta edição o nosso

Boletim Tikvá passará a ser publicado com peridiocidade bimensal

E M A B R I L / M A I O

Tikvá 52 • Março/Abril 21

Festa de Lag BaomerDia 29 de Maio (Domingos) às 16h00No Maccabi Country ClubVenha e traga sua família !

A CIL na TVRTP 2Programa "A Fé dos Homens":2 de MaioTema : Festa de Purim 5765 na CILDia 23 de Maio e 20 de Junho

Programa Mensal da Comunidadededicado ao Judaísmo Português

TIPO DE ANÚNCIO Nº DE EDIÇÕES TAMANHO COR PREÇO

Contra Capa 6 17 x 25 cm 4X0 (colorido) 1.250,00 €Verso da Capa 6 17 x 25 cm 1X0 (preto/branco) 1.110,00 €

Verso da Contra Capa 6 17 x 25 cm 1X0 (preto/branco) 1.000,00 €Página Inteira 6 17 x 25 cm 1X0 (preto/branco) 950,00 €

1/2 Página 6 17 x 10 cm 1X0 (preto/branco) 600,00 €Anúncio Padrão 6 16 x 4 cm 1X0 (preto/branco) 240,00 €

Page 22: Tikvá nº 52, 6º ano

H O M E N A G E N S

N A H A L O T

ABRIL

John Kahn 04Estrella Assayag 08Maya Koshét 12Noy Koshét 12Lucia Amram 16Diana Kolinski 17Ruth Kahana Geyer 17Moritz Abolnik 24Ruth Arons 26Joana Sequerra Amram 27

MAIO

Ralph George Bernfeld 04Mª Teresa Pereira Alves Dias 05Diana Ettner 05Nella Maissa 07Margarida Maria Ribeiro Passos 07Amália Garcia Stieglitz 15Howard Tenenbaum 15Abraham Guerra 15Ronald Brodheim 18

Robert Sternberg 18Ana Sofia Joanes 21Saghi Koshét 26Miguel Benoliel Kadosch 27Ben Atzmon 29Ana Regina Alexandre 30Paula Holly 31

JUNHO

Luisa Pestana Atzmon 01Rina Korn 02Vítor Melamed 03Carolina Fernandes Teruszkin 04Susana F. Cesana Maissa 06Marta Mucznik 07Moisés Broder 07Roberto Kahn-Heymann 07Alice Amram 08Maurício Levy 09Siegfried Rosenthal 10Margarida Wirth 10António Azancot Korn 12David Arié 14

NISSANSábado 16/04 Leon Sorin 7

Golda Katzan 8Haim Levy 8Pacifico Esaguy 8Asha Marques 9Deborah Mª de Lurdes Ayash 9Mercedes Benodis 9Isaac Holly 10Elias Azancot 11Salomé Blumberg 11 Rev. Abraham Castel 12David Kolinski 13Isaac José Benoliel 13

Sábado 23/04 Judah Leão Pimenta 14Samuel Tiano 14Esther S.Sequerra 14Josef Friman 16Alfred Feist 16Mazaltob Assor 16Rebeca Benoliel 16Henry Karro 18Ellen Nachmann 19Leonor Benoliel 20Fritz Loewenthal 20Siegfried Weinberg 20Simy Bensusan Castel 20Leonor Benoliel 20

Sábado 30/04 Salomão Alves Levy 22José Bentes Ruah 23Samuel Dreiblatt Sequerra 24Carlota Arons 24Simy Cohen Kadosh 24Rachela Lakeland 24Ester Droznik Bensimon 24Liba Goldrajch 25Mery Azancot 27

Sábado 07/05 Lice Buzaglo Seruya 28Raquel Ruah 30Abrahão Sorin 30

IYARMax Korn 1Rosica Davidof 2Jacob José Levy 4Joana Edith Singer 4Maria Matilde Del Negro Feist 4

Sábado 14/05 Moisés Aron Nojmark 5Louis Aberlé 5Haim Bendelac 7Rabi Menahem Diesendruck Bar Abraham 8Salvador Sabah Azancot 8Ruben Esaguy 8Esther L. Adrahi 8Dário Azancot 8Shemtob Ruah 9David L. Adrahi 11

Sabado 21/05 Simantob Fresco 12Sapese Noymark 14Arão Benarus 14Ledicia Assayag Drozdzinski 14

Abraham Helazar 14Ernest Mode 15Clara Querub 15Judah Israel 16Abraham Tangi 17Luna Chocron Benodis 17Eduardo Daniel 18Simy Pinto Ezaguy 18

Sábado 28/05 Salomão Seruya 19Mosko Teller 20Samuel Esaguy 20Helena Buzaglo Abecassis Correia de Barros 21Ejsel Oleinski 21Reyna Querub 22Samuel Hassan 24Ester Levy 24Jacob Benodis 24Moisés Zagury 25

Sábado 04/06 Judah Bentes Ruah 26Cyrla Blaufuks 26Jacob Israel 27Lea Wahnon 27Carmen Wahnon 27Moshe Burstyn 28Dora Levy Bendrão Ayash 28

SIVANAbraham Tuaty 1Erma Kahn 3

Sábado 11/06 Margarete Leers Estácio da Silva 4Aron Blumberg 4Gimol T. Esaguy 4Moisés Obadia 6Henrique Feist 6Miquelina Esaguy Soares da Fonseca 7José Esaguy Wartenberg 8Orovida Amzalak 10

Sábado 18/06 Henna Matlo Segal 11Else Nachmann 11Jacob Ruah 13Raquel Sabah 13Zeew Wolf Terló 13Zelik Kit 13Rafael Esaguy 14Miriam Martins Noymark 14José Bensimon 14Garmano Kahn 15Israel Cagi Ruah 15Laja Bekerman 15Mauricio Goldrajch 15Rebeca Benoliel 16

Sàbado 25/06 Abrahão Benoliel 18Simy Levy Sequerra 18Faduenha Tangi 20Aixa Luiza Amram 20Gaston AberléJérome Lucas 21 Moisés Jacob Sequerra 22 Elisa Sultan Icyk 23 Simy Ruah Benoliel 24

Partic ipe nestas homenagens. Actual ize os seus registos junto da nossa secretaria através do tel. 21 393 1130 de 2ª a 5ª feira - das 14h00 às 17h00 | administrativo@cil isboa.org

Mazal Tov !! Os nossos parabéns e os votos de muitas felicidades a todos !

22 Tikvá 52 • Março/Abril

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TIKVÁEnvie os seus textos e sugestões para TIKVÁ até ao dia 30 de cada mês.Rua do Monte Olivete, 16 r/c. esq. 1200-280 Lisboa | e-mail:tikvá@cilisboa.org

A quem se dirigirHorário de funcionamento da SecretariaSegunda a Quinta-feira, das 9h00 às 17h30Sexta-feira e vésperas de festas judaicas, das 9h00 às 13h00Horário de almoçodas 13h00 às 14h00

Atendimento ao públicoSegunda a Quinta-feira, das 13h00 às 17h30Os espaços para reuniões devem ser agendadoscom aviso prévio, mínimo de 48 horas

TesourariaMaria João [email protected]. 213 931 134Atendimento de Segunda a Quinta-feira, das 10h00 às 13h00Telf. 213 931 130 | Fax 213 931 139

Director ExecutivoMarcos [email protected]

Movimento Juvenil Dor [email protected]

RabinoBoaz [email protected]@cilisboa.org

SecretáriaEstrella [email protected]

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DirecçãoPresidente Jose Oulman CarpVice-Presidente Esther MucznikVice-Presidente Ronald BrodheimTesoureiro José Salomão RuahSecretário Eva Ettner Vogal efectivo Clara K. CassutoVogal efectivo Charles ArieVogal efectivo Sonia Hulli Bernfeld Vogal efectivo Arnaldo GrossmanVogal Suplente Salomão KolinskiVogal Suplente Vera G. Ferreira

Assembleia GeralPresidente Moisés Bendrao AyashVice-Presidente Mordechai Atsmon1º Secretário Nuno Wahnon Martins2º Secretário Diana Ettner

Conselho FiscalPresidente Samuel TuatiVogal Efectivo David Bentes RuahVogal Suplente Guilherme Grossman

Presidente HonorárioDr. Samuel Ruah