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TÍTULO DO TRABALHO: Sustentabilidade e Viabilidade do Tratamento de Resíduos de Serviço de Saúde pelo sistema de autoclavagem – a experiência do município de Penápolis (SP ) TEMA : III – Resíduos Sólidos NOME DO AUTOR: Lourival Rodrigues dos Santos RESPONSÁVEL PELA APRESENTAÇÃO ORAL: Lourival Rodrigues dos Santos CURRÍCULO: Diretor Presidente do Departamento Autônomo de Água e Esgoto de Penápolis (DAEP), Advogado desde 1.989, pós-graduado em Direito Empresarial, mestrando em Direito Processual Civil e pós-graduando em Saneamento e Meio Ambiente. Equipamentos a serem utilizados na apresentação Projetor multimídia com computador Programa Power Point

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TÍTULO DO TRABALHO: Sustentabilidade e Viabilidade do Tratamento de

Resíduos de Serviço de Saúde pelo sistema de autoclavagem – a experiência do

município de Penápolis (SP )

TEMA : III – Resíduos Sólidos

NOME DO AUTOR: Lourival Rodrigues dos Santos

RESPONSÁVEL PELA APRESENTAÇÃO ORAL: Lourival Rodrigues dos Santos

CURRÍCULO: Diretor Presidente do Departamento Autônomo de Água e Esgoto de

Penápolis (DAEP), Advogado desde 1.989, pós-graduado em Direito Empresarial,

mestrando em Direito Processual Civil e pós-graduando em Saneamento e Meio

Ambiente.

Equipamentos a serem utilizados na apresentação

• Projetor multimídia com computador

• Programa Power Point

OBJETIVO:

Há uma nova tendência no mercado de tratamento de resíduos de serviços de

saúde (RSS): a implantação de pequenas e médias unidades próprias de tratamento

- quer por Prefeituras Municipais, quer por estabelecimentos geradores. A

consolidação dessa tendência é evidente. Resulta da aplicação do chamado

“gerenciamento integrado” dos resíduos sólidos, onde estes - sejam públicos ou

privados - passam por um controle da municipalidade e da comunidade geradora.

No caso dos RSS a legislação enfoca a responsabilidade do gerador. Assim, o

Poder Público é diretamente responsável apenas pelos resíduos domésticos ou

gerados nas atividades públicas. Portanto se cobra pelos serviços ofertados ao setor

privado na forma de taxa ou tarifa. Poder cobrar é importante, mas a boa prática da

administração pública pede que se busque a melhor solução (ambiental, técnica e

economicamente viável) em nome da coletividade e dos geradores.

A decisão do DAEP – Departamento Autônomo de Água e Esgoto de

Penápolis de implantar uma unidade própria de tratamento de resíduos de serviços

de saúde foi fundamentada por nesses dois objetivos principais: a prática do

conceito de “gerenciamento integrado” dos resíduos sólidos urbanos e

principalmente no pioneirismo de inaugurar essa nova tendência no mercado de

tratamento de resíduos de serviços de saúde: implantação de uma unidade própria

reduzindo a dependência atual de empresas prestadoras de serviço, cujos preços

fora da realidade nacional tornam impraticável o cumprimento da legislação.

METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO:

Ao ver encerrado seu o antigo incinerador, o DAEP buscava uma solução

própria para tratar os resíduos de serviços de saúde. Sem alternativa, os RSS eram

aterrados em valas, intercalados com terra e cal. Este sistema de aterramento em

valas não atendia o cumprimento das normas existentes, uma vez que os riscos

biológicos não eram eliminados, continuando a oferecer riscos para a saúde e para o

meio ambiente. Além disso, comprometiam o espaço útil do aterro sanitário, uma vez

que, como todos sabemos, onde se abrem valas não se pode ampliar o aterro, além

do grande consumo de material de cobertura pelas valas sépticas.

Deste modo, o poder público municipal procurou alternativas práticas para

tratar adequadamente este tipo de resíduo. Procurou propostas de empresas

prestadoras de serviço, mas os valores apresentados tornavam impraticável o

atendimento da legislação. Surgiu assim a idéia de centralizar o tratamento destes

resíduos em uma Unidade Própria a ser construída no mesmo local do antigo

sistema de incineração.

Deveria atender prioritariamente às cidades integrantes do Consórcio

Intermunicipal de Saúde, ou seja: Penápolis, Avanhandava, Alto Alegre, Barbosa,

Braúna, Glicério e Luiziânia, que juntas geravam 266 kg/dia de resíduos infectantes.

E para se ter uma idéia da viabilidade econômica de um empreendimento próprio

devido aos altos custos privados, supondo que se somente estes 266 quilos fossem

tratados em empresas terceirizadas ao preço médio apresentado de R$ 2,00 por

quilo (fora o transporte), o impacto diário no orçamento público seria de R$ 532,00,

significando R$ 15.960,00 mensais ou R$ 191.520,00 anuais. Ou seja, somente com

a despesa anual projetada se viabilizava uma unidade de tratamento própria.

Decidindo-se pelo investimento, o próximo passo foi à opção tecnológica.

Analisaram-se várias tecnologias disponíveis, como microondas, hidroclavagem,

tratamento químico, radiação, plasmas e outros. Concluiu-se que no caso de

Penápolis a tecnologia mais apropriada era a autoclavagem a vapor, em função: do

volume de resíduos produzidos; da viabilidade econômica; da sustentabilidade do

sistema; do menor custo de instalação e de operação; da menor necessidade de

manutenção preventiva e corretiva; da facilidade de operação; do reduzido potencial

poluidor e maior facilidade e agilidade de obtenção de licenciamento ambiental.

A autoclavagem tem como princípio a modificação das características de

patogenicidade dos resíduos, que, após a autoclavagem, passam a ser resíduos

comuns. É apta ao tratamento de resíduos infectantes; pérfuro-cortantes e comuns.

Não é apto ao tratamento de resíduos quimioterápicos (cujo volume é muito menor

que o dos infectantes), mas esta restrição pode ser resolvida de maneira simples. O

encaminhamento dos mesmos a estação de armazenamento, transbordo e

transferência - a ser implantada oportunamente. Os quimioterápicos serão

armazenados adequadamente e acumulados até que tenham volume suficiente para

serem enviados a sistema de incineração licenciado a um preço menor.

Para a implantação da Unidade de Tratamento de Resíduos de Serviços de

Saúde de Penápolis havia possibilidade de recursos disponíveis no FEHIDRO

(Fundo Estadual de Recursos Hídricos), existindo máxima urgência na obtenção do

licenciamento. A partir da definição da tecnologia a ser adotada, o município foi

buscar recursos financeiros para sua implantação. Devido o objetivo proposto

contemplar o atendimento dos municípios da região de Penápolis e assim, obter

sustentabilidade do sistema, conseguimos recursos financeiros, através de

financiamento, do Fundo Estadual dos Recursos Hídricos,(FEHIDRO).

Para tanto se contratou a Ecotecno, uma empresa de consultoria

especializada no assunto, que elaborou o projeto e efetuou o licenciamento

ambiental. Os estudos foram efetuados pelo geógrafo e consultor ambiental, David

Valpassos Viana, da Ecotecno, que, em conjunto com a administração municipal

avaliaram a possibilidade de que o sistema atender outros municípios da região.

Foi proposto o sistema de autoclavagem, associado a um transbordo para os

demais resíduos não tratáveis no sistema. Ou seja, os quimioterápicos do Grupo B,

deveriam ser armazenados e organizados em transbordo, encaminhando-os a

incineração quando acumulados em grande quantidade, logo, a menor preço.

O projeto e os relatórios técnicos necessários foram protocolados no dia

05/01/2004. No dia 04/03/2004 foi emitida a LP (Licença Prévia), em 16/06/2004 a LI

(Licença de Instalação) e a Licença de Funcionamento inicial.

O custo operacional projetado para quando houver a utilização plena da

capacidade do sistema é de R$ 0,46 ou quase 1/4 do que é geralmente cobrado por

empreendedores privados. Assim, o empreendimento foi construído e instalado e

hoje, além de atender o município (geração de 200 kg/dia), gera receita prestando

serviço aos municípios vizinhos à R$ 1,30, que é o menor preço do mercado,

satisfazendo a todos e recuperando gradativamente o investimento e garantindo a

sustentabilidade econômica.

Trata-se de um mecanismo inovador para a administração pública tendo em

vista a preocupação central do poder público: ao mesmo tempo estabelecer medidas

preventivas em relação ao risco dos resíduos à saúde pública a ao meio ambiente e

fazer com que a solução encontrada, na medida do possível, seja sustentável, tanto

ambientalmente como economicamente.

Assim surgiu o projeto da Unidade de Tratamento de Resíduos de Serviços

de Saúde de Penápolis. É considerado pioneiro por ser o primeiro sistema de

tratamento por autoclavagem a vapor licenciado e operado por órgão público e

também o primeiro a ser financiado com recursos do FEHIDRO (Fundo Estadual de

Recursos Hídricos) no Estado de São Paulo.

Ressalta-se que a coleta deste tipo de resíduo devido sua particularidade e

periculosidade são feitas por veículo próprio com funcionários devidamente

treinados para o exercício da função, sendo que a fonte geradora é responsável pela

segregação dos materiais infectantes e tem gradativamente efetuado e aplicado

seus planos de gerenciamento, sendo a presença da unidade de tratamento um fator

de estímulo a elaboração dos referidos planos.

A unidade de autoclavagem foi construída nas proximidades do aterro

sanitário do município de Penápolis(SP) e possui capacidade de tratamento de 408

kg por dia de resíduos infectantes em 1 turno de 8 horas, podendo expandir sua

capacidade ao dobro disso.

Através de palestras educativas, os estabelecimentos geradores de RSS

(farmácias, clínicas odontológicas, veterinárias, hospitais e outros) foram orientados

para elaborarem seus Planos de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde,

uma vez que o órgão gerador deve planejar e implementar ações para

encaminhamento seguro destes resíduos.

Após a construção e instalação do equipamento de unidade de

autoclavagem, com todas providências necessárias, respeitando todas exigências

técnicas para inspeções e testes iniciais, acompanhamento da elaboração de

relatórios de atendimento, parecer técnico CPRN, parecer técnico CETESB, Licença

prévia, Licença de instalação e Licença de Funcionamento inicial, deu início ao

serviço de tratamento desse tipo de resíduos em dezembro de 2004.

Devido a disponibilidade do sistema e para garantir a sustentabilidade

econômica da operação da autoclave, o município já firmou convênio com duas

prefeituras da região, colocando em prática o objetivo de atender a região,

contribuindo com a preservação ambiental através da destinação adequada dos

resíduos de serviço de saúde.

A operacionalização dos serviços é feito pelo Departamento Autônomo de

Água e Esgoto de Penápolis, o qual é responsável pelos serviços de tratamento de

água, esgoto e resíduos sólidos do município de Penápolis (SP).

RESULTADOS E CONCLUSÕES:

Com a implantação do processo de tratamento de resíduos de serviços de

saúde através do sistema de autoclavagem, o município de Penápolis (SP) tem

efetuado adequadamente a destinação final deste resíduos, minimizando os riscos

para saúde pública da população, riscos biológicos e os riscos ambientais.

Entre os diversos resultados do sistema de tratamento de resíduos de

serviços de saúde, podemos destacar:

v Redução da toxicidade dos resíduos;

v Efetivo planejamento de gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde,

em parceria com Vigilância Sanitária;

v Atendimento a legislação existente;

v Minimização dos riscos ocupacionais e ambientais;

v Preservação do meio ambiente;

v Segregação na fonte geradora,

Este sistema é pioneiro na administração pública municipal por ser o 1º sistema

de tratamento de RSS devidamente licenciado e operado por órgão público.

De acordo com o objetivo inicial de atender outros municípios da região, o

processo de autoclavagem tem conseguido alcançar seu objetivo sendo que já

foram firmados dois contratos com outras prefeituras da região, assim, além do

aproveitamento da capacidade do equipamento, está sendo uma nova fonte

geradora de recursos, caminhando para um processo economicamente sustentável.

Por fim, da mesma forma que há o debate de que o setor privado é mais

eficiente, com pressões induzindo a privatização de muitos setores, incluindo o de

saneamento básico, nosso pequeno projeto demonstra o contrário: nem sempre o

setor privado é a solução e os altos preços cobrados viabilizaram uma solução

própria, com mais eficiência e sobretudo, com respeito ao conceito de “setor

público”.

FOTOS:

VISTA EXTERNA DO PRÉDIO RESÍDUOS DE RSS PREPARADOS PARA ENTRAR

NA AUTOCLAVE

EQUIPAMENTO DE TRITURAR OS RESÍDUOS CARRINHO DE ACONDICIONAMENTO DE RSS

GÁS GLP DE ALIMENTAÇÃO DA CALDEIRA EQUIPAMENTO DE AUTOCLAVE

f/custos/projetos/ano2005/assemae/defautoc.doc