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ESCOLA SECUNDÁRIA DE ROCHA PEIXOTO TOMADA DE POSIÇÃO SOBRE O MODELO DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO – VERSÃO SIMPLEX (DECRETO REGULAMENTAR Nº 1-A/2009 DE 5 DE JANEIRO) Os professores abaixo-assinados, a exercer a sua actividade profissional na Escola Secundária de Rocha Peixoto, considerando que: A nova versão do modelo de avaliação do Ministério da Educação, sob a capa de um pretenso processo de simplificação, mantém no essencial o que de mais negativo o caracteriza desde o início; O objectivo da publicação desta nova versão é, tão só, fazer desvanecer a justa indignação e oposição de toda a classe docente, de modo a tentar rodear o obstáculo e voltar ao ataque quando encontrar as defesas baixas, já que é bem claro no novo diploma que o seu horizonte temporal termina no final do ano civil de 2009, correndo a classe docente o risco de lhe ver ser servida a versão inicial, novamente, em 2010; É significativo sinal desta manobra traiçoeira o facto deste novo diploma deixar bem claro que os resultados escolares e as taxas de abandono escolar só não serão critérios a utilizar na avaliação do desempenho docente durante o ano de 2009; A teimosia cega do Ministério da Educação em manter o essencial deste modelo tem objectivos económicos bem definidos que nada têm a ver com a definição de uma justa avaliação do desempenho docente, visto que em menos de um ano se passa de um modelo burocraticamente minucioso para uma versão com contornos visivelmente laxistas; Uma das provas mais evidentes desse laxismo e de que os objectivos essenciais destas medidas não são uma séria avaliação do desempenho é a facultada dispensa da avaliação das componentes científica e pedagógica que não é considerada relevante para a atribuição da menção de Bom, podendo, por absurdo, à sombra desta versão do modelo, um professor avaliado nestas componentes ter uma avaliação inferior ao professor que dispensou esta avaliação; Uma outra prova de evidência do laxismo e da falta de coerência e rigor do Ministério da Educação é evidenciada pela contradição gritante entre o encorajamento da expansão dos cursos profissionais em todas as escolas públicas como forma de dignificar as formações qualificantes de grau intermédio e a dispensa de avaliação, nesta versão, dos professores contratados que leccionam disciplinas de áreas profissionais, tecnológicas, vocacionais ou artísticas; As provas de laxismo são acompanhadas também de ilusionismo verbal pouco sério, pois quando o Ministério da Educação fala da dispensa de avaliação de todos os docentes que reúnam condições para a aposentação até ao final do ano escolar de 2010-2011 está a vender “um saco cheio de nada”, visto que, tendo a avaliação efeito apenas passados dois anos, estes professores, mesmo avaliados, nunca iriam sentir os efeitos dessa avaliação; A implementação da nova versão vai continuar a ocupar horas e horas de trabalho de todos os professores envolvidos, com evidente prejuízo no tempo que devia ser destinado às componentes científica, didáctica e pedagógica e à coordenação e planificação de actividades tendo em vista o processo de aprendizagem dos alunos, o desenvolvimento de actividades de complemento e extra- curriculares, o desenvolvimento de projectos, os apoios educativos necessários, etc.; A aplicação da nova versão se continua a basear numa divisão artificial e desprovida de qualquer lógica e justiça profissional da carreira docente entre “professores” e “professores titulares”, potencialmente geradora de conflitos e injustiças, pois avaliadores e avaliados se encontram igualmente envolvidos no

Tomada de posição da Escola Secundária Rocha Peixoto

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Documento referente à tomada de posição dos professores da Escola Secundária Rocha Peixoto - Póvoa de Varzim - Janeiro de 2009

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ESCOLA SECUNDÁRIA DE ROCHA PEIXOTO

TOMADA DE POSIÇÃO SOBRE O MODELO DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO – VERSÃO SIMPLEX (DECRETO REGULAMENTAR Nº 1-A/2009 DE 5 DE JANEIRO)

Os professores abaixo-assinados, a exercer a sua actividade profissional na Escola Secundária de Rocha Peixoto, considerando que:

• A nova versão do modelo de avaliação do Ministério da Educação, sob a capa de um pretenso processo de simplificação, mantém no essencial o que de mais negativo o caracteriza desde o início;• O objectivo da publicação desta nova versão é, tão só, fazer desvanecer a justa indignação e oposição de toda a classe docente, de modo a tentar rodear o obstáculo e voltar ao ataque quando encontrar as defesas baixas, já que é bem claro no novo diploma que o seu horizonte temporal termina no final do ano civil de 2009, correndo a classe docente o risco de lhe ver ser servida a versão inicial, novamente, em 2010;• É significativo sinal desta manobra traiçoeira o facto deste novo diploma deixar bem claro que os resultados escolares e as taxas de abandono escolar só não serão critérios a utilizar na avaliação do desempenho docente durante o ano de 2009;• A teimosia cega do Ministério da Educação em manter o essencial deste modelo tem objectivos económicos bem definidos que nada têm a ver com a definição de uma justa avaliação do desempenho docente, visto que em menos de um ano se passa de um modelo burocraticamente minucioso para uma versão com contornos visivelmente laxistas;• Uma das provas mais evidentes desse laxismo e de que os objectivos essenciais destas medidas não são uma séria avaliação do desempenho é a facultada dispensa da avaliação das componentes científica e pedagógica que não é considerada relevante para a atribuição da menção de Bom, podendo, por absurdo, à sombra desta versão do modelo, um professor avaliado nestas componentes ter uma avaliação inferior ao professor que dispensou esta avaliação;• Uma outra prova de evidência do laxismo e da falta de coerência e rigor do Ministério da Educação é evidenciada pela contradição gritante entre o encorajamento da expansão dos cursos profissionais em todas as escolas públicas como forma de dignificar as formações qualificantes de grau intermédio e a dispensa de avaliação, nesta versão, dos professores contratados que leccionam disciplinas de áreas profissionais, tecnológicas, vocacionais ou artísticas;• As provas de laxismo são acompanhadas também de ilusionismo verbal pouco sério, pois quando o Ministério da Educação fala da dispensa de avaliação de todos os docentes que reúnam condições para a aposentação até ao final do ano escolar de 2010-2011 está a vender “um saco cheio de nada”, visto que, tendo a avaliação efeito apenas passados dois anos, estes professores, mesmo avaliados, nunca iriam sentir os efeitos dessa avaliação; • A implementação da nova versão vai continuar a ocupar horas e horas de trabalho de todos os professores envolvidos, com evidente prejuízo no tempo que devia ser destinado às componentes científica, didáctica e pedagógica e à coordenação e planificação de actividades tendo em vista o processo de aprendizagem dos alunos, o desenvolvimento de actividades de complemento e extra-curriculares, o desenvolvimento de projectos, os apoios educativos necessários, etc.;• A aplicação da nova versão se continua a basear numa divisão artificial e desprovida de qualquer lógica e justiça profissional da carreira docente entre “professores” e “professores titulares”, potencialmente geradora de conflitos e injustiças, pois avaliadores e avaliados se encontram igualmente envolvidos no

mesmo processo de progressão na carreira;• A divisão artificial anteriormente referida vai ter reflexos negativos no desenvolvimento do trabalho em equipa e nas relações de partilha e cooperação, com reflexos imediatos no desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem e no desenvolvimento das actividades relevantes para o Projecto Educativo de Escola;• A definição de objectivos individuais no contexto do modelo que se pretende implementar é contraditória com a persecução dos objectivos definidos no Projecto Educativo de Escola;• A nova versão do modelo de avaliação do desempenho entrega a avaliação dos presidentes dos conselhos executivos nas mãos dos directores regionais de educação, como forma capciosa de tentar controlar toda a classe, através da pressão exercida sobre os órgãos de gestão das escolas, mais uma vez mandando às malvas os princípios democráticos e de autonomia e fazendo lembrar métodos utilizados há algumas décadas atrás;• Continua a haver completa disponibilidade para estudar e discutir um novo modelo de avaliação de desempenho sério e credível.Decidem:Manter a suspensão de todo o tipo de actividades que tenham a ver com a implementação do modelo regulado pelo Decreto Regulamentar nº 2/2008 de 10 de Janeiro e pela nova versão simplificada regulada pelo Decreto Regulamentar nº 1-A/2009 de 5 de Janeiro.

Os abaixo-assinados