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  • Edio:

  • POR

    FRANCISCO MANUEL ALVES, ABADE DE BAAL

    BRAGANAMEMRIAS ARQUEOLGICO-HISTRICAS DO DISTRITO DE BRAGANA

    ouRepositrio amplo de notcias corogrficas, hidro-orogrficas,geolgicas, mineralgicas, hidrolgicas, biobibliogrficas, herl-dicas, etimolgicas, industriais e estatsticas interessantes tanto histria profana como eclesistica do distrito de Bragana

    TOMO VII

    OS NOTVEIS

  • TTULO: MEMRIAS ARQUEOLGICO-HISTRICAS DO DISTRITO DE BRAGANA

    TOMO VII - OS NOTVEIS

    AUTOR: FRANCISCO MANUEL ALVES, ABADE DE BAAL

    COORDENAO GERAL DA EDIO: GASPAR MARTINS PEREIRA

    REVISO DESTE VOLUME: MARIA DA CONCEIO MEIRELES PEREIRA

    UNIFORMIZAO BIBLIOGRFICA: MARIA SARMENTO DE CASTRO

    EDIO: CMARA MUNICIPAL DE BRAGANA/INSTITUTO PORTUGUS DE MUSEUS MUSEU

    DO ABADE DE BAAL

    EXECUO GRFICA: RAINHO & NEVES, LDA./SANTA MARIA DA FEIRA

    ISBN: 972-95125-8-2

    DEPSITO LEGAL: 152080/00

    OBRA CO-FINANCIADA PELO PRONORTE, SUBPROGRAMA C

    JUNHO DE 2000

  • INTRODUO

    MARIA DA CONCEIO MEIRELES PEREIRA

    No volume dedicado aos Notveis, o Abade de Baal compilou refernciasbiogrficas e bibliogrficas (impressos e manuscritos) dos mais ilustres e des-tacados naturais do distrito de Bragana, e daqueles que, tendo outras prove-nincias geogrficas, na regio exerceram alguma actividade de relevo ou sobreela produziram algum tipo de estudo.

    Esta resenha abarca um longo perodo cronolgico, desde os finais da IdadeMdia contemporaneidade, reportando-se a maioria dos registos a estaltima e epoca moderna, como facilmente se compreende.

    Os Notveis englobam assim uma grande variedade de indivduos, aristo-cratas e artistas, militares e eclesisticos, membros das profisses liberais eescritores, polticos e cientistas, santos e empresrios. De uma forma geral, soas elites locais que predominam neste volume que simultaneamente umdicionrio dos brigantinos ilustres e um repositrio de informes de carcterhistrico, bibliogrfico, patrimonial, econmico, poltico, cientfico, eclesis-tico, herldico-genealgico, etnogrfico, e at anedtico.

    A incidncia bio-bibliogrfica prepondera nesta obra cuja maioria dasentradas, ordenadas por ordem alfabtica, remete para o nome dos biografados;todavia, as entradas onomsticas alternam pontualmente com outras de ndoletemtica (exemplos: deputados, governadores civis, governadores das armas,seda). Esta vertente torna-se ainda mais ntida no Suplemento que, alm deacrescentar informaes omissas nas entradas da 1 parte e incluir outras detipo onomstico, recorre com alguma frequncia a extensas entradas temticas(exemplos: Grande Guerra, judeus, manuscritos) e toponmicas que permitemao autor abordar os mais variados assuntos. A preocupao dominante pareceser a acumulao de informao, alcanada atravs de uma pluralidade de fon-tes escritas mas tambm orais, secundarizando-se o suporte metodolgico.

  • INTRODUOTOMO VII

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    Assim, no surpreende que neste caldeiro informativo sejam constantesas remisses aos volumes anteriores e, por outro lado, o leitor que consultar OsNotveis deve fazer tentativas sucessivas e cruzadas no sentido de encontrarrespostas mais satisfatrias para a sua pesquisa.

    fragilidade metodolgica na seleco das entradas, aliam-se outras: namesma entrada so abordados assuntos muito diversos, raramente bem articu-lados sob os pontos de vista temtico e cronolgico; proliferam transcries, fre-quentemente longas, de textos de natureza variada; certos assuntos so larga-mente tratados a par de outros parcamente mencionados. A objectividade naapresentao de determinados temas e a neutralidade no seu tratamento soprejudicadas por recorrentes juzos de valor pois o autor no se cobe de opinarora sobre indivduos que conhece pessoalmente, ora sobre questes em que tomouparte mais ou menos activa. Paralelamente, transparece a sua ideologia monr-quico-clerical, abertamente anti-republicana.

    Tendo em considerao a abordagem de temas to heterogneos plasmadanuma obra que pretende ser um dicionrio bio-bibliogrfico e uma enciclop-dia, embora limitada, de temas histricos regionais, apresentar uma bibliogra-fia adequada torna-se tarefa complicada. H uma panplia de dicionrios eenciclopdias nacionais que so necessariamente instrumentos complementarese de actualizao de Os Notveis do Abade de Baal.

    Seguindo o enfoque regional, deve referir-se a obra de Barroso da Fonte,Dicionrio dos mais ilustres Transmontanos e Alto Durienses, Guimares,1998. Algumas achegas bibliogrficas sobre a regio so fornecidas nas recolhasde Nuno Canavez, Subsdios para uma bibliografia sobre Trs-os-Montes eAlto Douro, Porto, 1994 e de Hirondino da Paixo Fernandes, Bibliografia doDistrito de Bragana, 1993. As sugestes seguintes remetem fundamentalmentepara o mbito de metodologias sectoriais. No tocante ao estudo especfico dabiografia podem referir-se as obras: Daniel Madelnat, La Biographie, Paris,1984; Jean Pennef, La Mthode Biographique, Paris, 1990; Problmes etmthodes de la Biographie Actes du Colloque, Paris, Publications de la Sor-bonne, 1985; ou ainda Prosopographie des lites franaises (XVIe-XXe sicles) Guide de recherche, Paris, CNRS, 1980. J para a histria das elites pontifi-cam algumas colectneas de estudos como a encabeada por Guy Chaussinand-Nogaret, Histoire des lites en France du XVIe au XXe sicle, Paris, Tallandier,1991, ou ainda a dirigida por Jrgen Kocka, Les Bourgeoisies Europennes auXIXeme sicle, Eds. Belin, 1996. Para a metodologia da histria oral, podemavanar-se duas obras: Philippe Joutard, Ces voix qui nous viennent du pass,Paris, Hachette, 1983, e Paul Thompson, The voice of the past. Oral history, 2ed., Oxford, Oxford University Press, 1992.

  • AOS EX.MOS SNRS.

    DR. ANTNIO AUGUSTO PIRES QUINTELA

    DR. ANTNIO FRANCISCO DE MENEZES CORDEIRO

    JOS ANTNIO FURTADO MONTANHA

    DR. JOS VAZ DE SOUSA PEREIRA PINTO GUEDES BACELAR

    DR. RAUL MANUEL TEIXEIRA

    DR. VTOR MARIA TEIXEIRA

    O. D. C.

    O AUTOR

    PADRE FRANCISCO MANUEL ALVES

  • PREMBULO

    Apesar de ser incontestvel a mediocridade da obra que no desperta oescoucinhar dos zoilos, contudo mister gr coragem para voltar j comoutro volume, sem primeiro rir com as diatribes contra Os Fidalgos, soltaspelo sr. V., porque lhe truncamos a ascendncia e apenas consagramos trslinhas sua pessoa em vez de cinco, pelo menos,por tantas havermos dedi-cado irm e marido; para tomar a srio as objurgatrias esvurmadas pelosr. L., por mencionarmos a irm morgantica como sobrinha de umhomem categorizado socialmente, em vez de lhe apontar o pai, que, apesarde bom homem, no atingia aquela craveira; para levar com pacincia osconstantes remoques do sr. C., incansvel em salientar, com ar compassivo,o dislate de darmos dois irmos, ou coisa parecida, casados um com outro,no intuito inconfessvel de exautorar factos menos agradveis que apre-sentamos, adindo-lhe, de passo, um ou outro equvoco em apontarmoscomo solteiro um vivo, um jurista como formado em medicina e coisassemelhantes; para sofrermos as impertinncias do sr. A., todo abespinhadoporque lhe omitimos a sua rvore de costado. E ento a chiadeira dos altosempregados pblicos, tanto civis como militares; dos filhos das casas ricas,por no verem memorada a sua ascendncia!?... Parvajolas! Ignoram queesses cargos nem sempre representam fidalguia e at nem mesmo compe-tncia mental e moral; desconhecem o prolquio de mamonae iniquitatis.

    De maneira que a irritar-se no foram s os zoilos e os pseudo-aristar-cos, incapazes de coisa alguma profcua, que, azedos, abocanham quem tra-balha, procurando vidos defeitos como se pudesse haver obra humanasem eles onde extravasar a blis que os corri; agregaram-se-lhe tambmos que se julgavam com direitos nobilirquicos, os que lhes desagradou umaou outra ponta do vu ancestral posto a descoberto, que, feridos nas suasprospias, avolumaram pequenas faltas, inevitveis alis em obras destas

  • PREMBULOTOMO VII

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    quando que bonus Humerus dornnital para desafrontar os caros penatesgravemente ofendidos, por no mencionarmos todas as donas Felizardas eJoozinhos genealgicos. Mais vale cuidar seriamente em alguma coisa,embora resulte medocre, do que sonhar eternamente com a perfeio.

    No estava mal governada a nossa vida se os atendssemos! Como osdescendentes de um casal aos duzentos anos podem orar por seis mil e nolivro tratamos de mais de setecentas famlias, algumas de quatrocentos equinhentos anos de antiguidade, nada menos que seis mil a doze mil volu-mes, iguais ao que escrevemos, eram precisos para os contentar a todos,sob condio, porm, de no exceder as cinco linhas para cada um que o sr.V. achava indispensveis.

    Ingratates! Tirmo-los do esquecimento, descobrimos no p dosarquivos quantidade enorme de documentos inditos, que eles ignoravam,reconstitumos-lhes a genealogia, percorremos o distrito de Bragana de rsa ls em todos os sentidos cata de notcias, revolvendo pedregulhos, mon-tanhas, vales, plancies e locais assinalados por civilizaes extintas; escreve-mos quinhentas e tal cartas a pedir informaes e... pagam-nos intrigando,mexericando, agatanhando-nos escondidamente por trs das costas!

    Na verdade

    grande trabalhoEscrever de geraes!Nem todos so Cipies,E podem cheirar ao alhoRicos homens e infanes. (1)

    Ingratates! Ides ver como se vinga o plebeu chapado, que, fiel ao lemaadoptado a minha terra amei e a minha gente, segue impvido a peregrina-o em que anda desde que se entende sem ouvir o coaxar das rs no plago.

    Cortava-nos os fios da alma quando vamos o Hagiolgio Lusitano, oAno Histrico, as crnicas monsticas, a Biblioteca Lusitana, o DicionrioBibliogrfico, o Dicionrio Popular, a Enciclopdia Portuguesa e outras obrasda especialidade to escassas em notcias referentes a trasmontanos, emcontraposio s das outras provncias, alm de errneas muitas vezes, eindignavamo-nos quando vamos homens como Camilo Castelo Brancodizer mal das nossas coisas, desconhecendo-nos at como portugueses (2)!Perdamos a pacincia quando os altos dignatrios eclesisticos e burocr-ticos que o poder central para aqui nos exporta cheios de pruridos inova-

    (1) MIRANDA, S de Poesias, p. 524.(2) CASTELO BRANCO, Camilo Agostinho de Ceuta, 2. edio, e A queda de um Anjo.

  • dores, como se isto de Trs-os-Montes, a julgar pelo nome, tivesse algo deserto africano, a preconizar novos processos de formao espiritual, deque nem sequer fazamos ideia, gemiam eles; novinhos mtodos de piedadeamaneiradinha; novas teorias de fomento econmico-agrcolo-social, semprimeiro curarem de os modelar pela feio tnica regional, dando emresultado ficarmos pior que dantes.

    Daqui o gnesis deste volume. A nada nos poupmos para que fossecompleto, e se mais o no , a culpa provm dos biografados, a quem pedi-mos informaes, escrevendo passante de seiscentas cartas, chegando adizer, por ltimo, aos renitentes: Por amor de Deus, ou pelo amor ao nossodistrito de Bragana ou por comiserao e caridade para com um pobrevelho, regionalista crnico, que est gastando em correspondncia o quetanto precisa para mantena da vida no direi por dever de cortesia faafavor, pela boa memria dos seus maiores, pela sade e prosperidade sua ede quem mais deseja, de responder s minhas cartas, fornecendo-me asinformaes que peo. Pois nem assim instados responderam alguns, eoutros prometeram informes que nunca mandaram!

    Por modstia sincera? No; antes pelo orgulho requintado dos que, jul-gando-se super-homens, entendem que a sua memria gira pelos quatrocantos do universo, esquecendo que, mesmo neste caso, os tratadistas pro-curam obter notcias inditas pessoais; esquecendo as boas praxes queimpem uma resposta, mesmo s cartas dos humildes.

    Por modstia sincera? No, repetimos; antes por essa falsa e enganosamodstia caracterstica dos orgulhosos de via reduzida, sem bases de slidoapoio.

    que j o cronista escrevia em 1450: De eu no saber perfeitamente averdade das cousas tenho trs razes para minha escusa...... a terceira opouco cuidado que alguns queriam ter em me dizerem as cousas quesabiam, e tais requeria eu que pero lhes mostrasse mandado de el-rei meusenhor no me faziam menos aguardar sua porta, que se eu por venturaprincipalmente vivera por sua benfeitoria, outras vezes me davam suasescusas, alegando excusaes as quais conhecidamente eram mais por toma-rem semelhana de estado, que por nenhuma outra necessidade(3).

    Pinheiro Chagas (4), em nossos dias, lamenta o mesmo abandono e dizque estas queixas so frequentes no seu Dicionrio, no de Inocncio Fran-cisco da Silva e nos outros e frisa a circunstncia de ver passar trs vezes nasua obra, que levou oito anos a publicar-se, a oportunidade de mencionar a

    (3) AZURARA, Gomes Crnica de el-rei D. Joo I, 1899-1900, (Biblioteca de Clssicos Portu-gueses; v. 10), p. 52.(4) CHAGAS, Pinheiro Dicionrio Popular, artigo Pereira de Melo (Joo de Fontes).

    M E M R I A S A R Q U E O L G I C O - H I S T R I C A S D O D I S T R I T O D E B R A G A N A

    IIIPREMBULOTOMO III

  • PREMBULOTOMO VII

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    biografia desejada, tendo, por ltimo, de a apontar incompleta, porque asinformaes pedidas nunca chegaram.

    No VI tomo destas Memrias tivemos ns de tratar em quatro locais deuma famlia espera das informaes prometidas, que afinal no vieram ouj no chegaram a tempo, mas apenas o livro entrou em circulao veio logouma carta agridoce, apontando-nos o erro de dar uma senhora casada comseu tio, e de outros vieram censurixas idnticas, como a de dar por natural deDeus-me-d-pacincia um nado em L-iremos et reliqua ejusdem fusfuris.

    Foi nossa inteno mencionar os homens notveis do distrito de Bra-gana, os que dele trataram ou nele se destacaram pela sua categoria social(bispos, governadores das armas, governadores civis, deputados, senadores,etc.), pela virtude, pelas letras, armas, artes, benemerncia e mesmo pelocrime. Na seco Letras inclumos os fundadores de jornais, os quetinham publicado qualquer livro, embora pequeno, e no os de mera cola-borao em peridicos, nem os de teses manuscritas ou dactilografadas.

    No desconhecemos a diferena que h entre doutor e bacharel, masdamos a todos estes aquele ttulo em harmonia com a voz pblica queassim os menciona, estendendo-o tambm, pela mesma razo, aos diplo-mados pelas escolas mdicas, agronmicas, veterinrias, superiores, etc., se que no existe, ao contrrio do que supomos, uma disposio legal queautoriza tal classificao. Os entendidos vero logo pelo contexto da res-pectiva biografia quais so os doutores na acepo primitiva do termo equais os bacharis, e ns ficamos assim dispensados de repetir esta palavraque nos soa mal e nunca seramos capaz de a aplicar a alguns membros daclasse que muito prezamos.

    Como os apontamentos aproveitados neste volume remontam algunspara alm de quarenta anos, e muitos deles foram tomados s para nossoestudo particular, sem inteno de os publicar, possvel que apareamplgios, crime de que pedimos perdo, pois nos falece tempo para fazer asdevidas confrontaes.

    Baal, rua do Pacio, na cortinha pegada minha casa de habitao, sentadonum grande seixo que trouxe s costas desde Lamelas, termo de Rabal, a mais detrs quilmetros de distncia, encostado ao pombal, a fim de descansar um poucodo meio cento de ps de videira que j hoje espoldrei, para logo, em me aborre-cendo de escrever, continuar na mesma labuta, enquanto o Prinze, filho adoptivodo saudoso Lafrau, dorme estirado na relva que cobre a sepultura do pai e a Muxe-ninha saltita, acompanhada de um filhinho, de videira em videira, e a Chibeca,desmentindo a voracidade do dente fatal s couves e vinha, aguarda paciente-mente que lhe d ordem de retouar as ervas daninhas, 27 de Outubro de 1930.

    Padre Francisco Manuel Alves

  • 1ABREU | ABREU AFONSO | AFONSOTOMO VII

    M E M R I A S A R Q U E O L G I C O - H I S T R I C A S D O D I S T R I T O D E B R A G A N A

    ABREU (Alpio Albano de) Nasceu em Parmio, concelho de Bragana,a 5 de Abril de 1890, filho de Manuel Antnio de Abreu e de D. Carolina de Jesus Camelo, de Sambade, e aquele de Parmio. Doutor em medicinapela Universidade do Porto, onde concluiu o curso em 1918 e o liceal namesma cidade e em Bragana; subinspector de sade do concelho de Bra-gana, onde reside, e director do Dispensrio de Assistncia Nacional aosTuberculosos.

    Escreveu: Sfilis em Ginecologia (breves consideraes). Tese de douto-ramento apresentada Faculdade de Medicina do Porto. Tip. Central,Porto, 1919. 8. de 83 pgs.

    ABREU (Fr. Fernando de) Natural do Porto, dominicano, scio da Aca-demia Real de Histria, consultor do Santo Ofcio, desembargador da Rela-o Eclesistica Patriarcal, deputado da Junta das Misses. Morreu em 8 deMaro de 1727.

    Escreveu: Catlogo dos Bispos de Miranda. Lisboa, 1721, flio. Saiu nasMemrias da Academia Real da Histria Portuguesa.

    A Academia Real de Histria encarregou de escrever a Histria do Bis-pado de Miranda a Frei Bartolomeu de Vasconcelos, em latim, e a Frei Fer-nando de Abreu, em portugus.

    Estes trabalhos no chegaram a publicar-se, diz Barbosa; apenas o pri-meiro autor publicou, como Contas dos seus estudos na Coleco de Docu-mentos da Academia de Histria, tomo I, algumas bibliografias avulsas debispos; e o segundo ibidem o Catlogo dos Bispos de Miranda (5). Estes traba-lhos tm pouco valor (6).

    ABREU AFONSO (Antnio Vicente de) Oficial de infantaria n. 24, queestava na praa de Almeida quando do desastre em 1810 (7).

    AFONSO (Manuel) De Formentos, concelho de Bragana, entalhador,que em 1796 justou para fazer o retbulo do altar-mor de Santulho, con-celho do Vimioso, por 70$000 ris e oito alqueires de po. O mesmo fez a

    A

    (5) Sumrio da Biblioteca Lusitana, Lisboa, 1787. Frei Lucas de Santa Catarina, no Apndice 4.Parte da Histria de S. Domingos, diz que Frei Fernando no continuou esta obra por a morte osurpreender.(6) VASCONCELOS, Jos Leite de Estudos de Filologia Mirandesa, vol. I, em nota p. 135.(7) Ver tomo I, p. 166, destas Memrias Arqueolgico-Histricas.

  • AFONSO | AGUIAR | AIRES | ALARCOTOMO VII

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    urna (em que se guarda o Santssimo Sacramento em Quinta-Feira Santa,quando h Endoenas) da igreja da Paradinha por 8$000 ris e em 1798 ade Santulho por 12$000 ris (8).

    AGUIAR (Gonalo de) Mestre de obras que arrematou a reedificaoda ponte do Caril e calada contgua, junto a Freixo de Espada Cinta.

    Eis o documento:

    Eu el Rey fao saber a vos corregedor e provedor da comarca da Torrede Memcorvo, que avemdo respeito a ymformao que me emviastes acercada licema que os officiaes da camara da villa de Freixo de Espada Simtame emviaro pedir lhe comcedesse para poderem redeficar a pomte queesta yumto da dita villa que se chama do Caril, e h~ua calada que da ditapomte se comtinua, por o caminho estar muito trabalhoso, de maneira quese no pode passar por elle, e como polla dita ymformao consta queamdamdo a obra da dita pomte e calada em prego todo o tempo neces-sario, no ouve nenhum lano menor que de hum comto cemto simcoentamil rs, e que neste preo se rematou a dita obra a Gonalo de Aguiar, mes-tre dobras, ey por bem Lixboa 22 de novembro de 1609.

    Este mesmo Gonalo de Aguiar arrematou por 2500 cruzados a pontesobre o rio na vila da Torre de Dona Chama, como se v da proviso de el--rei D. Filipe III, de 4 de Janeiro de 1635, que manda lanar finta para estaponte (9).

    AIRES (Rodrigo) Bedor (inspector, mestre-de-obras?) das forti-ficaes de Bragana pelos anos de 1508 (10).

    ALARCO (Rui de Figueiredo de) Fronteiro-mor e governador dasarmas da provncia de Trs-os-Montes, no tempo da Guerra da Aclamao.

    Escreveu:Relao do sucesso que Rui de Figueiredo, fronteiro da raia de Trs-os-

    -Montes, teve na entrada que fez no reino de Galiza. Lisboa, 1641. 8. de 7pgs. datado de Chaves aos 3 de Agosto.

    Segunda Relao verdadeira de alguns sucessos venturosos, que teve Rui deFigueiredo, fronteiro-mor da vila de Chaves, na entrada que fez e ordenou em

    (8) Museu Regional de Bragana, mao Obras.(9) VITERBO, Sousa Dicionrio Histrico e Documental dos Arquitectos artigo Aguiar(Gonalo de).(10) Ver tomo III, p. 160, destas Memrias.

  • 3ALARCOTOMO VII

    M E M R I A S A R Q U E O L G I C O - H I S T R I C A S D O D I S T R I T O D E B R A G A N A

    alguns lugares do reino de Galiza, nos ltimos dias de Agosto, at se recolher dita vila. Lisboa, 1641, 4. de 8 pgs.

    Nas duas ltimas pginas deste vem uma curiosa lista dos lugares queos habitantes de Vinhais, juntamente com duas companhias de Moimenta,invadiram, arrasaram e queimaram no condado de Monterrei, tanto pelaveiga de Chaves como pela parte de Montalegre, de Monforte e Vinhais. Oslugares queimados foram em nmero de cinquenta e trs e eram povoadospor trs mil novecentos e noventa e cinco habitantes, muitos dos quais fica-ram mortos.

    Terceira Relao do sucesso que teve Rui de Figueiredo de Alarco, nasfronteiras de Chaves, Montalegre e Monforte, segunda-feira 9 de Setembro de1641, de que General e Fronteiro-mor, tirada da carta que escreveu a SuaMajestade. Lisboa, 1641. 4. de 8 pgs.

    Quarta Relao verdadeira da Vitria que o Fronteiro-mor de Trs-os--Montes, Rui de Figueiredo de Alarco, ouve na sua fronteira, cinco lguas deMiranda, em Brandelhanes, terra de Castela. Lisboa, 1641. 4. de 6 pgs.

    Relao da insigne vitria que do castelhano alcanou em Brandillena ocapito-mor e superintendente das armas de Miranda, Pedro de Melo, emcompanhia do Fronteiro-mor Rui de Figueiredo aos 2 de Outubro. Lisboa,1641. 4. de 8 pgs. inumeradas.

    Relao da insigne vitria que do castelhano alcanou em Brandillena ocapito-mor e superintendente das armas de Miranda, Pedro de Melo... aos25 de Outubro. Lisboa, 1641. 4. de 8 pgs. inumeradas.

    Tratado das vitrias que alcanou Simo Pita de Ortigueira, governadordos Presdios de Moimenta, e Mofreita, ordem do Fronteiro-mor Rui deFigueiredo de Alarco, com uma Relao do assalto que deu Antnio deQueirs Mascarenhas, capito-mor da Vila de Valadares em alguns lugaresda Galiza, at Abril deste ano de 1642. Lisboa, 1642. 4. de 7 pgs. inume-radas.

    Relao da vitria que o Conde de Atouguia, governador das armas naProvncia de Trs-os-Montes, teve na campanha de Chaves, contra os caste-lhanos. Lisboa, 1650. 4. de 8 pgs. (11)

    Relao das notcias que se tiveram das Provncias de Trs-os-Montes, eAlentejo, e Madrid. Publicada em 14 de Fevereiro. Lisboa, 1711. 4. de 12pgs.

    (11) SILVA, Inocncio Francisco da Dicionrio Bibliogrfico, artigo Alarco, e tomo XVIII,p. 175, 176, 177, 196 e 204. Ver tambm estas Memrias Arqueolgico-Histricas do Distrito deBragana, tomo I, p. 84, 90 e 92; tomo IV, p. 541, 542 e 544.

  • ALARCOTOMO VII

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    Rui de Figueiredo de Alarco era filho de Jorge de Figueiredo e de D.Maria da Silva. Casou com D. Maria de Meneses, filha de Pedro lvaresCabral, senhor de Azurara, alcaide-mor de Belmonte, e de D. Leonor deMeneses.

    Rui de Alarco, governador das armas da provncia de Trs-os-Montes,por ordem rgia de 3 de Fevereiro de 1641, continuou em Chaves e Bra-gana, assim como nos lugares mais perigosos da raia, o levantamento dastrincheiras, trabalho j comeado pelo seu antecessor. Com ele vieram, ouj c estavam, seus irmos Henrique de Figueiredo, que teve o governo deBragana, e Lus Gomes de Figueiredo. O que ele fez, como governador,pode ver-se nas Guerras da Aclamao de 1640.

    Em 1643 foi-lhe tirado o governo por injustas queixas que os povosfaziam contra seus irmos (12), mas voltou, segunda vez, como governadordas armas da provncia de Trs-os-Montes em 1646. Foi durante este seusegundo governo que os espanhis apanharam uma lio mestra no portodas Areias, no rio Sabor, por cima da ponte de Parada, onde Achim deTamericurt caiu de improviso sobre o seu acampamento e o destroou. Aousadia deste golpe de mo um dos feitos mais importantes desta longaguerra nos nossos stios (13). Durante algum tempo que este governadoresteve em Lisboa ficou-o substituindo Francisco de Sampaio, governadorda Torre de Moncorvo (14). Como se v de Manuel Gomes de Lima Bezerra,Os Estrangeiros no Lima, tomo I, Dilogo 6, pg. 391, este Figueiredo no sefixou em Bragana nem a fundou casa.

    Julgamos a propsito reunir aqui a bibliografia que, dum modo espe-cial, diz respeito s Guerras da Aclamao no distrito de Bragana.

    Alm do j mencionado, temos mais:

    Mercrio portugus com as novas do ms de Outubro de 1663. Lisboa,1663. 4. de 19 pgs. inumeradas. Contm: Relao da guerra que o conde deS. Joo, Governador das Armas da Provncia de Trs-os-Montes fez por aquelaProvncia em Galiza, at Castela-a-Velha, entrando, saqueando e destruindopor muitos dias, e muitas lguas de terra, mais de cento e setenta vilas e luga-res do inimigo, sem lho impedir o exrcito de El-Rei de Castela, e socorro comque o mesmo conde passou logo ao Minho (15).

    Mercrio portugus, do ms de Outubro do ano de 1664. Lisboa. 4. de 12pgs. inumeradas. Alm do mais, contm a relao da grande, e notavel

    (12) MENESES, D. Lus de Portugal Restaurado, parte 1, livro VI, p. 372.(13) Ibidem, parte 1, livro IX.(14) Ibidem, livro X, p. 130.(15) SILVA, Inocncio Francisco da Dicionrio Bibliogrfico, tomo XVIII, p. 221, 223, 225 e229.

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    M E M R I A S A R Q U E O L G I C O - H I S T R I C A S D O D I S T R I T O D E B R A G A N A

    destruio, que o conde de S. Joo, governador das armas da Provincia deTraz-os-Montes, fez no reino de Galliza, entrando, e saqueando mais detrinta villas, e lugares, de que se tiraro despojos riquissimos, e ficou arrui-nada toda aquella parte.

    Mercrio portugus, com as novas do ms de Novembro do ano de 1665.4. de 15 pgs. inumeradas. Tambm menciona alguns sucessos que dizemrespeito provncia trasmontana.

    Compndio panegrico da vida e aces de Lus Alvarez de Tvora, condede S. Joo, etc., escrito por D. Lus de Meneses, conde da Ericeira, etc. Lis-boa, 1674. 4. de 195 pgs. Nesta obra se mencionam os feitos gloriososque o conde de S. Joo praticou na provncia de Trs-os-Montes e distritode Bragana (16).

    Deo, Dignidades e Conegos do Cabido da S de Miranda, Eu El-Reyvos envio muito saudar.

    Tenho entendido, que Manoel Antunes de Paiva Conego nessa see escre-veo em Dezembro passado a hum irmo seu Prior na cidade de Elvas, queem hum lugar desse bispado, a que chamo Milho, ha hum menino, quesendo de idade de seis annos para sete nunca falou, e somente na ocazio deminha acclamao soltou a voz, e disse, com todos os mais, que vivesse El--Rey Dom Joo o 4.. E ficou falando desde into sem impedimento algum.

    E porque este caso he misterioso e digno de se justificar, vos encomendoe encarrego muito, que em recebendo esta, vos informeis particular e exa-tamente, se succedeo na forma referida, e fazendo de tudo hum auto detestemunhas com as solemnidades de direito, mo envieis, quanto antes forpossivel, entendendo que volo aggradecerei muito; escripta em Lix. a 12de Fevereiro de 1642. REY (17).

    O cabido mandou proceder s diligncias necessrias a 17 de Maro de1642, incumbindo delas o seu Provisor Vicente Lopes de Moura, cnegodoutoral, o chantre Belchior de Macedo da Silva, licenciado, e o guardiodo convento de S. Francisco de Bragana, Frei Joo da Purificao, enomeando para escrivo do processo o padre Domingos Diegues.

    O menino chamava-se Francisco e tinha de idade quatro para cincoanos; era filho de Francisco Rodrigues, lavrador, por alcunha o Carras-queiro, e de Isabel Rodrigues. O caso da exclamao sucedeu na vspera deReis (5 de Janeiro) de 1641, uma ou duas horas depois de anoitecer, estandoo menino com seu pai na cozinha, ao lume, e vindo sua me de fora disse

    (16) Ibidem, p. 221, 223, 225 e 229.(17) Carta original existente no Museu Regional de Bragana.

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    para ela: Me, viva El Rei Joo. Nunca falara, e depois apenas repetiu estaspalavras algumas vezes, mas poucas, e no dizia mais nada. No processo,alm de vrias testemunhas, incluindo os pais da criana, depuseram: Ant-nio da Costa, licenciado, mdico de Bragana, que declarou: visto ter vindono dia 5 de Janeiro, em que o caso se deu, ao lugar de Milho uma compa-nhia de soldados soltando vivas a El-Rei D. Joo, que bem podia a crianaperceber e aprender as ditas palavras e naturalmente dizellas sem nissoaver milagre algum. Mas Melchior Pires Nunes, mdico de Bragana, tam-bm inquirido, disse: que no duvida que Deus Nosso Senhor quizesseque este menino manifestasse o bem e merc que tinha feito a este Reinoem lhe dar Rey e Senhor natural.

    Junto ao processo h outra carta de el-rei D. Joo agradecendo aocabido a boa diligncia no caso.

    A 22 de Setembro de 1667, Manuel de Azevedo da Nbrega, abade deMeixedo, participava ao cabido de Miranda que no dia 12 desse ms, segundolhe comunicara Domingos Pires, cura de Sacoias (ento anexa de Meixedo ehoje de Baal, concelho de Bragana), o sino da igreja tocara espontanea-mente, caso, ao parecer, miraculoso e como tal digno de investigao.

    O cabido incumbiu o chantre Afonso de Morais Colmieiro e o doutorMartim Pegado, cnego magistral, de levantarem o respectivo auto,nomeando para escrivo o mestre (organista) Antnio Aires Ferreira.

    Sebastio Centeno, de Roxas, confirmado de Baal, testemunha inqui-rida no processo por estar na igreja de Sacoias assistindo a um ofcioquando o toque se deu, alm de confirmar o caso, afirmou que se deziaque no principio da Feliz restaurao deste Reino se tangero os signos damesma Igreja [de Sacoias] por si de que ouvio dizer se fizero autos e tira-ro testemunhas judicialmente pello Reverendo Vicente Lopez de Moura,Provisor deste Bispado e conego Doutoral da See de Miranda.

    Domingos Pires, cura de Sacoias, que tambm assistia ao ofcio quandoo sino tocou, alm de asseverar a veracidade do facto, disse: que dera volta igreja e no vira pessoa, nem indicio algum de o toque no ser exponta-neo; que no podia ser seno tanger o signo por si como j em outra hoca-sio no mez de maio ou junho, ou o que na verdade se achar, que constardos autos que disso se tiraro feitos pello R.do Doutor Vicente Lopes deMoura, vindo elle testemunha com os homens Baltezar Gonalves e JooPires, ambos do lugar de Gimonde, antes do meio dia pouco mais oumenos, o que na verdade se achar, e estando fazendo Orao ella testemu-nha ha porta travessa da dita igreja da Senhora e os sobreditos homes hafresta da dita igreja, ouvira tocar o sino e se levantara logo e fora fallar comos ditos homes e lhe perguntara para que tangio, elles dissero que elles

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    no tangero e foro todos tres perguntar ao home que estava de sentinellaque hera Simo Rodrigues do dito lugar de Sacoias se sabia quem tangera odito signo e elle dissera que no sabia quem; mas antes que mais vezes oouvira tanger e no sabia quem. E do mais do tanger antigo se reportava aoque j tinha testemunhado (18).

    Ver artigo Manuscritos, Livro de Rezam do Padre Pascoal Ferreira.

    Porque de alguma forma se ligam com o assunto, damos aqui os seguin-tes documentos:

    Corpo de Exercito de Operaes de Portugal

    Soldados.Hides entrar em Portugal, em um paiz desgraado, que soffrendo os

    horrores da guerra civil necessita do auxilio das Naes amigas; vossa mis-so nobre; unidos os Hespanhoes e Portuguezes temos combatido pelaindependencia da Peninsula, juntos temos pelejado pela nossa Rainha,justo e generoso que reunidos deffendamos o Throno Constitucional deD. Maria da Gloria.

    Conhecedor das virtudes do Exercito, e testemunha da vossa subordi-nao e distincto comportamento, tenho assegurado ao Governo de SuaMagestade que no Reino visinho vos fareis merecedores, como em Castella,do apreo e moderao, que em todos os tempos se tem tributado aos Sol-dados Hespanhoes.

    Soldados: tende em considerao o pacifico habitante, respeitae suaspropriedades, pessoas e costumes, de modo que s vejam en ns seus ami-gos, seus irmos. Fazei-o assim, e quando voltardes a pizar o solo hespa-nhol, deixareis em Portugal recordaes gratas; seus filhos todos reconhe-cero que seus melhores alliados so e sero sempre os Hespanhoes. Istoquer o Governo de Sua Magestade, isto convm independencia de ambosos paizes, e o Exercito o far porque assim cumpre ao seu dever, sua honrae sua gloria.

    Soldados: se a necessidade nos obrigar a fazer uso das armas, sde gene-rosos com os vencidos, e que a victoria, de que todos estamos seguros, seobtenha sempre ao grito de Viva a RAINHA!

    Quartel General de Zamora, aos 9 de Junho de 1847. Vosso General emChefe. Manoel de la Concha.

    (18) O processo existe no Museu Regional de Bragana, mas s o respeitante ao tanger do sinoem 1667.

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    (Esta proclamao do Ex.mo General Concha foi vertida do hespanhol).Typografia de Bragana. 1847 (19).

    As tropas espanholas do general Concha entraram em Bragana a 16de Junho de 1847 (20).

    Habitantes do districto de Bragana!Alguns centenares de portuguezes, infelizmente illudidos e rebeldes con-

    tra o Throno de nossa Adorada Rainha e Senhora D. Maria 2., invadiram pouco vossas habitaes para estenderem a guerra civil, e a anarchia a umpaiz jamais manchado com a nodoa de infedilidade a seus Augustos Sobera-nos; e para vos constrangerem a concorrer com as produces de vossasfadigas, e com vossos dinheiros, causa iniqua em que seguem obstinados.

    Hoje porm sois livres.Com as tropas leaes do digno Commando do Ex.mo e benemerito Baro

    de Vinhaes, Commandante interino da 5. Diviso Militar, eis-me outravez entre vs, para libertar-vos do flagelo que vos opprimia, e para vos res-tituir a paz, o imperio da lei, e a segurana que vieis to comprometida, devossas pessoas e de vossas cousas.

    Habitantes do districto de Bragana, exultai! A guerra civil vai tocar seutermo com o triunfo completo da causa da legalidade e da ordem, e dasinstituies liberaes consignadas na Carta Constitucional da Monarchia.

    As foras navaes de Suas Magestades Britanica e Catholica fizeram j pri-sioneira a maior parte da tropa dos sublevados; e um respeitavel Corpo deExercito hespanhol entra hoje por esta fronteira para coadjuvar as tropas leaesat inteira submisso dos rebeldes s Ordens da nossa Augusta Soberana.

    Habitantes do districto de Bragana! Continuai a permanecer tranquil-los; abraae como amigos e alliados os subditos da Nao hespanhola, queto generosamente nos vem auxiliar a esmagar a hydra revolucionaria, eno desmintaes os nobres sentimentos e o caracter transmontano. Bra-gana, 11 de Junho de 1847.

    O Governador Civil Francisco Xavier de Moraes Pinto (21).

    Habitantes do Districto de Bragana! Honrado por Sua Magestadecom a nomeao, por mim nem sollicitada, nem merecida, de vosso Gover-

    (19) Copiado de uma folha avulsa e impressa, pertencente a Jlio de Lemos, empregado daCmara Municipal de Bragana.(20) Almanaque do Exrcito para 1895, p. 11.(21) Impressa em folha avulsa, sem indicar lugar de impresso nem tipografia, mas provavel-mente Bragana, pertencente ao j mencionado Jlio de Lemos.

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    nador Civil, eu venho ser entre vs, o interprete fiel, o executor leal e zeloso,das benevolas e maternaes intenes da mesma Augusta Senhora, e dosprincipios da ordem, legalidade, tolerancia, e reconciliao, proclamados,daccordo com elles, pelo seu governo.

    Parco e difficil em promessas, porque pontual em cumprir o prome-tido, eu no pretendo captar simpathyas, nem seduzir credulidades, com osbrilhantes atractivos de seductoras esperanas, e de pomposas promessas,to faceis de proferir, como difficeis, seno impossiveis, de realizar; mas,emquanto vosso chefe administrativo, eu no faltarei ao que meu cargo, e aLei, mincumbem, estudando, propondo e promovendo, todos os melhora-mentos realizaveis, em qualquer das fontes da vossa prosperidade.

    Habitantes do Districto de Bragana! a primeira, a mais instante neces-sidade, vossa, e de todos os Portuguezes, depois de tantos embates, e oscila-es politicas, a ordem, a segurana, e a tranquilidade; sem ordem no hasociedade; sem sociedade e ordem, no ha nem segurana, nem tranquili-dade; e sem tranquilidade, e segurana, no ha nem vida, nem propriedade!mas para que tudo isto exista, cumpre, e indispensvel, que as opinies setolerem; que os partidos se contenham, e se dispam do egoismo, do rancor,e intolerancia das faces; que as Leis sejam obedecidas; as authoridadesrespeitadas; e que os depositarios do Poder nem abusem, nem preveri-quem.

    Eis o maior, o mais ardente desejo de nossa Augusta Soberana; eis odesejo mais saliente, e pronunciado de todos os seus Subditos, que nemespeculam, nem medram, na desordem; eis o voto, e a politica do Govrno;e por consequencia, eis o voto, e dever de todos os seus Delegados que nosabem trahir o amor Patria, e a lealdade ao Throno.

    Habitantes do Districto de Bragana! conheceis j os meus principios,contae com sua fiel execuo, bem como eu conto com vossa sisudez,subordinao, e amor ao Throno, e Carta Constitucional. Ricos oupobres, sabios ou ignorantes, achareis o vosso Governador Civil sempreprompto a receber-vos, e a ouvir-vos; sempre imparcial, e circumspecto;mas persistente e inexoravel, em reprimir e castigar, a desordem, a insubor-dinao, a violencia, o abuso, e a prevericao, aonde quer que se apresente:assim possa elle merecer as vossas benos, assim possa a sua administra-o dar-vos mais um motivo para poder dizer com enthusiasmo, e reco-nhecimento

    Viva Sua Magestade a nossa Augusta Rainha.Viva Sua Magestade El-Rei, seu Augusto Esposo.Viva sua Real Dynastia.Viva a Carta Constitucional da Monarchia.

  • ALARCO | ALBUQUERQUE | ALCOFORADO | ALMEIDATOMO VII

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    Bragana, 3 de Dezembro de 1847. O Governador Civil Antonio JulioTaveira Pinto Pizarro.

    Typographia de Bragana. 1847 (22).

    ALBUQUERQUE (Francisco de Almeida Cardoso e) Conselheiro, par doreino electivo por Viseu, deputado, director-geral das contribuies direc-tas e ex-director-geral dos prprios nacionais, cargo que abandonou a seupedido, e conde de Mangualde, doutor em direito pela Universidade deCoimbra, onde concluiu o curso aos dezanove anos de idade.

    Nasceu em Mesquitela, concelho de Mangualde, e era filho do antigojuiz de fora e corregedor de Tomar, Tiago da Silva Albuquerque e Amaral.Faleceu em Mangualde a 26 de Junho de 1921.

    Foi agente do Ministrio Pblico na comarca de Mangualde, cargo queabandonou para exercer o de administrador do concelho de Oliveira deFrades, de onde passou para o da Guarda; presidente da Cmara Municipalde Mangualde desde 1874 a 1878 e depois secretrio-geral do governo civildos distritos de Faro e de Santarm. Foi tambm governador civil do dis-trito de Castelo Branco, de onde, por decreto de 31 de Agosto de 1868, veiotransferido para o de Bragana, e depois dos da Guarda, Viseu e Santarm.

    Foi este governador civil que em Bragana proibiu o antigo costume desair em dia de Cinza a Morte, isto , um homem mascarado, vestido de fatohorrendo, com trejeitos funambulescos pancadaria nos garotos que oseguiam com algazarras; divertimento tosco mas muito do agrado do povobraganano.

    ALCOFORADO (Francisco Joaquim de Sousa) Capito de infantaria n.24, que estava na praa de Almeida quando se deu o desastre em 1810 (23).

    ALMEIDA (Antnio Caetano de) Por alcunha o Retrico, em aluso aoseu muito saber. Morreu em Bragana, onde era professor do liceu, a 29 deDezembro de 1865. Ignoramos as demais circunstncias pessoais.

    Ainda hoje vive na lenda a sua memria aureolada de profundo saber ede no menos profunda excentricidade.

    A sua indumentria era esfarrapada e sebenta, virgem de consertos e delavagens, mesmo a roupa branca, at que caa a pedaos, povoada de para-sitas, que extraa dos sovacos e castigava quando exorbitavam mandibula-mente, entre a unha e a mesa da ctedra intra vestibulum et altare, na frase

    (22) Copiada de uma folha avulsa impressa, pertencente a Jlio de Lemos, empregado daCmara Municipal de Bragana.(23) Ver tomo I, p. 165, destas Memrias.

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    bblica ou sobre a prpria ara, como dizia o clebre grego, mui natural-mente em frente dos alunos.

    Estava hospedado na taberna da Xoana da Stalage (espanhola), umadas mais ordinrias de Bragana, e no Vero, dentro de casa, andava innaturalibus, apenas com uma leve tanga sobre as partes pudendas, e assimaparecia aos que o procuravam e se sentava mesa para comer, na qualtinha um vaso de cama, que muitas vezes servia ao mesmo tempo desuporte a pratos de mantimento, e assim aparecia na taberna a impor siln-cio quando os ralhos da tia Xoana, com algum fregus renitente ao paga-mento do quartilho, excediam a marca. E realmente, disse-nos quem oconheceu, peludo como um carneiro e naquela postura no havia resistir--lhe.

    No fumava nem cheirava, mas apanhava pelas ruas pontas de charu-tos, que queimava na braseira, porque, dizia ele, s assim exalavam o cheiroagradabilssimo especial que tinham.

    Os seus amigos, nicas pessoas com quem convivia, eram escolhidosentre os seus alunos, a quem ensinava passeando com eles e explicando--lhes as maiores dificuldades, mas s aos amigos, pois na aula as passavaem claro ante o resto do curso.

    Ordenou-se de presbtero aos sessenta e tal anos, mas s dizia missaajudado pelos estudantes amigos e porta fechada. Uma vez que lhe objec-taram ter-se enganado ao dar ite, missa est, no permitido pelo rito na missadaquele dia, deitou logo a seguir, rapidamente: Requiescaut in pace bene-dicamus Domino isto , tudo o mais que podia ser, para, caso no servisseum, servisse o outro.

    No respondia s consultas que lhe faziam os estranhos, a no ser osalunos amigos; limitava-se a citar os livros onde se encontravam resolvidasou melhor tratadas essas consultas, e quando raras vezes respondia, se viaque iam percebendo, dava tal jeito explicao que embrulhava e obscure-cia tudo, impossibilitando a percepo.

    Se os consulentes tinham obrigao de saber, ento metia peta acinto-samente, e se lhe iam mo, fingindo-se sorna, emendava: h! isso, ;estava distrado. Assim que uma vez, diante de letrados, dava Tito Lviopor modelo de conciso enrgica, e de elegncia redundante Tcito.

    Quando Jos Joaquim de Oliveira Ms, mais tarde cnego da S de Bra-gana (que fora um dos seus discpulos estimados), notvel latinista, comono vimos outro que to rpida e correctamente lesse esta lngua e a tradu-zisse primeira vista, foi frequentar a Universidade, quis o Retrico acom-panh-lo para lhe dar as ltimas instrues e recomend-lo aos lentes, entreos quais era muito considerado.

    Saram de Bragana uma tarde, como quem vai dar um passeio at

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    detrs do Forte, e deu com ele em Coimbra, mais morto que vivo, pois tevede jornadear a p, ouvindo ao mesmo tempo as largussimas instrues epreleces do Mestre.

    Era profundamente irnico, sob uma aparncia sorna de bonomia des-cuidosa, expressa em trocadilhos. Passando um dia de passeio com o seuselecto grupo em frente de uma taberna, contgua s casas do visconde deErvedosa, na rua Ablio Bea, em Bragana, reconstrudas a fundamentisnos fins do sculo passado pelo Machaca, ouviu as altercaes dos fregue-ses salpicadas de invectivas obscenas, e, chegando um pouco adiante, dissepara um dos discpulos:

    Senhor padre Sebastio, se que o , mas deixemos isso (era de Soeirae s tinha ordens menores, portanto nem era nem deixava de ser clrigo):de quem essa casa a atrs?

    do senhor visconde, informou o interrogado. Deixemos coisas to altas tornou ele digo aqueloutra pegada? a taberna do Paradinha. Uma taberna?!... disse ele, admirado. Eu supunha que fosse um

    botequim, pois tudo era dizerem: a su caralo, a su caralo...Antnio Caetano de Almeida morreu, e s pelo seu insignificante esp-

    lio soubemos que era doutor, coisa que nunca dissera a ningum e cons-tava da sua carta de formatura guardada no fundo da mala, tendo por cima, laia de pisa-papis, a pata de um burro ainda com a respectiva ferradura.

    No nos consta que deixasse publicaes.

    ALMEIDA (Antnio da Cunha e) Reitor do Pombal, concelho de Carra-zeda de Ansies. Nasceu no Amieiro, distrito de Vila Real, a 8 de Fevereirode 1817 e faleceu no Pombal, onde estabeleceu residncia e passou grandeparte da sua vida, a 13 de Junho de 1888.

    Foram sobrinhos deste ilustrado sacerdote os doutores Antnio Lus deFreitas, juiz de direito, e Joo de Freitas, professor do liceu de Braga, ao pri-meiro dos quais devemos muitas e interessantes notcias que nos forneceupara esta obra. Exerceram ambos o cargo de governador civil do distrito deBragana.

    O padre Cunha e Almeida escreveu: Relao Nominal de todas as fregue-sias do Concelho de Carrazeda de Ansies, respectivos oragos, nmero aproxi-mado de fogos e notabilidades de algumas em satisfao do pedido de um ilus-tre escritor, a fim de publicar uma estatstica das freguesias do reino. Porto,tip. de A Palavra. 1887. 8. pequeno de 37 pgs.

    ALMEIDA (Antnio Maria Pereira de) Natural de Macedo de Ca-valeiros, onde tambm faleceu.

  • 13ALMEIDA | LORNATOMO VII

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    Escreveu: A Talassoterapia e a Tuberculose Dissertao inaugural apre-sentada Escola Mdico-Cirrgica do Porto. Famalico, 1903. 8. de 129+2(inumeradas) pgs.

    ALMEIDA (Humberto de) Tenente de infantaria, natural de Bragana.Nasceu a 28 de Janeiro de 1895; filho de Carlos Alberto de Lima Almeida ede D. Elisa Augusta de Morais.

    Escreveu: Memrias dum Expedicionrio a Frana (com a 2. Brigada deinfantaria), 1917-1918. Porto, 1919. 8. pequeno de 184 pgs.

    ALMEIDA (Ricardo Rafael de) Natural de Vila Flor; nasceu a 16 deJaneiro de 1871 e faleceu em Alfndega da F, onde era mdico municipal(cargo que exerceu desde que se formou), a 5 de Fevereiro de 1923, deixandoviva a ex.ma sr.a D. Etelvina de Almeida, natural do Porto, e trs filhos.

    Estudou preparatrios num colgio particular de Lamego; em 1886 veiofrequentar teologia no Seminrio de Bragana, e concludo a em 1889 ocurso para a carreira eclesistica, chegando at a tomar ordens menores,voltou a leccionar algumas disciplinas para o colgio de Lamego, ao passoque repetia no liceu os preparatrios para o curso de medicina, por ele pre-ferido carreira eclesistica.

    Em 1893-94 frequentou a Academia Politcnica do Porto, obtendo aclassificao de distinto nas cadeiras de fsica e qumica.

    Ricardo Rafael de Almeida deveu sua rara inteligncia e inque-brantvel fora de vontade, que se retemperava nas contrariedades da vida,a posio que desfrutou, porque, faltando-lhe seu pai em 1886 e ficandosem recursos para prosseguir nos seus estudos, pode, pelo seu muito traba-lho de leccionao, fazer face s despesas na frequncia da Academia Poli-tcnica e Escola Mdica do Porto.

    Escreveu: Ligeira contribuio para o estudo das Febres Palustres na Vila-ria Dissertao inaugural apresentada Escola Mdico-Cirrgica doPorto. Porto, tip. a vapor da Real Oficina de S. Jos, 1900. 8. grande de 95pgs.

    um trabalho notvel, novo pela especialidade de que trata, onde semostra o fino tacto observador do seu autor, que deixa bem antever quoprofcua seria a sua competncia clnica.

    Desde estudante em Bragana, Ricardo de Almeida comeou a distin-guir-se em artigos publicados em O Nordeste, escrevendo depois em vriosoutros jornais artigos que se tornaram notveis pela feio regionalista quelhes imprimia, advogando fervorosamente os interesses da sua terra.

    ALORNA (Marqus de) Tenente-general, ex-governador da provncia

  • ALORNA | ALPOIM | ALVAREDO | LVARESTOMO VII

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    M E M R I A S A R Q U E O L G I C O - H I S T R I C A S D O D I S T R I T O D E B R A G A N A

    do Alentejo, foi nomeado inspector-geral e comandante das tropas portu-guesas de todas as armas estacionadas nas provncias de Trs-os-Montes,Beira e Estremadura por decreto de Junot de 22 de Dezembro de 1807 (24).

    ALPOIM (Francisco Xavier Borges) Alferes de infantaria n. 24, queestava na praa de Almeida quando se deu o desastre de 1810 (25).

    ALVAREDO (Antnio Bernardo Gonalves) Natural de Gostei, bacharelem cnones, vigrio de S. Miguel da Pena, comarca de Vila Real, a pelosanos de 1769, comissrio do Santo Ofcio, provido em 1770 na reitoria deSoeira e em 1784 na de Pa, concelho de Vinhais (26).

    ALVAREDO (Francisco Jos Gonalves) Natural de Gostei, abade reser-vatrio de Medres, cavaleiro professo na ordem de Cristo, arcediago deBragana, serviu em 1804 de testemunha nos autos de Alexandre Pinto de Sousa Coutinho, que obtivera 100$000 ris de penso na abadia de Quirs.

    LVARES (Padre Bartolomeu) Jesuta, natural de Parmio, concelho deBragana.

    Havia ido juntamente com os padres Manuel de Abreu, natural deSampaio de Fornos, concelho de Paiva, bispado de Lamego, Vicente daCunha, natural de Lisboa, e Joo Gaspar Gratz, natural de Marco Duro, noPalatinado, todos jesutas, pregar a lei de Cristo ao reino de Tonquim, naChina.

    Foram presos, carregados de cadeias e por ltimo sentenciados morte,por terem a ousadia de entrar no Celeste Imperio contra os decretos reaesa pregar a lei de Christo, e depois de nove meses de penoso crcere foramdegolados em teatro pblico aos 12 de Janeiro de 1737 (27).

    Na casa da famlia Lousada (Alferes), de Parmio, h um quadro gros-seiramente pintado representando uma cabea degolada e a escorrer san-

    (24) CHABY Excertos histricos, parte III, vol. VI, p. 19.(25) Ver tomo I, p. 165, destas Memrias.(26) Ibidem, tomo VI, p. 202 e 631.(27) SANTA MARIA, Francisco de, Frei Ano Histrico, vol. I, p. 88. CONCEIO, Cludio da,Frei Gabinete Histrico, vol. XI, p. 315. Relao da priso e morte dos quatro venerveis padresda Companhia, Bartolomeu lvares, Manuel de Abreu, Vicente da Cunha (portugueses), e JooGaspar Gratz (alemo), mortos em dio da f, na corte de Tonkim, aos 12 de Janeiro de 1737. Comuma breve suma do princpio desta perseguio e do seu primeiro efeito que foi a priso e morte dosoutros dois padres da Companhia italiana, Lisboa, 1738. Folheto.

  • 15LVARES | ALVESTOMO VII

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    gue, com a seguinte legenda: Pe. Bartholo Alves morreu na mourama apregar a palavra de Deus anno 1755.

    Este quadro foi pintado por um dos irmos Pereiras, menos que medo-cres artistas, que deixaram esparsa a sua obra de pintura em muitos pai-nis, quadros e abbadas de capelas-mores das igrejas do bispado de Bra-gana, tais como: Frana, Rabal, etc.

    Eram dois irmos: Lus Antnio Pereira, que morreu em Izeda, conce-lho de Bragana, onde casou pelos anos de 1885, e Caetano Pereira, quemorreu tambm em Bragana, de onde eram naturais, pelos anos de 1863.

    Por isso, vivendo j bastante distante dos acontecimentos, no admiraque errassem o nome do glorioso defensor da f e o ano verdadeiro do seupassamento.

    ALVES (Antnio Carlos) Juiz de direito, antigo administrador do con-celho de Miranda do Douro, presidente da cmara municipal da mesmacidade em 1899 e governador civil do distrito de Bragana.

    Nasceu em Vila Ch de Braciosa, concelho de Miranda do Douro, a 24de Dezembro de 1874; filho de Manuel Incio Alves e de D. Maria FelciaGil.

    Concludos os estudos liceais, matriculou-se em 1891 na faculdade dedireito da Universidade de Coimbra, cuja formatura terminou em 1896,vindo seguidamente exercer a advocacia para Miranda do Douro, ondefundou o Externato Mirands, que dirigiu e onde foi professor, entrandoem 1901 na magistratura judicial.

    Como vogal do Conselho Distrital de Agricultura apresentou vriosrelatrios que foram publicados na imprensa.

    Tem colaborado nos seguintes peridicos: O Primeiro de Janeiro, OComrcio do Porto, Dirio de Notcias, de Lisboa, Portuglia, Ilustrao Tras-montana, Distrito de Bragana, O Sculo (onde inseriu um estudo sobreaproveitamento das guas do rio Douro como fora motriz), Correio Bri-gantino e outros.

    Tem escrito:A propaganda sobre o Caminho-de-Ferro do Pocinho a Miranda do

    Douro. Porto, 1902. Tip. a vapor de Artur Jos de Sousa & Irmo. 8.pequeno de 130 pgs. Saiu annimo.

    Miranda do Douro Sua histria, costumes e importncia agrcola. Saiuno Correio Brigantino, semanrio de Bragana, desde 21 de Setembro a 2de Novembro de 1905.

    Propaganda Regional do Distrito de Bragana. 1920. Tip. Adriano Rodri-gues. Bragana. 8. de XVII-107 pgs., com mais 3 (inumeradas) de erratase ndice.

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    M E M R I A S A R Q U E O L G I C O - H I S T R I C A S D O D I S T R I T O D E B R A G A N A

    ALVES (Francisco Manuel) Nasceu em Baal, concelho de Bragana, a9 de Abril de 1865; filho de Francisco Alves Barnab e de Francisca VicenteEsteves, lavradores, naturais de Baal. Estudou preparatrios no Liceu eno Seminrio de Bragana, onde tambm concluiu o curso teolgico emJunho de 1889, ordenando-se de presbtero no dia 13 do mesmo ms eano.

    Por decreto rgio de 11 de Fevereiro de 1893 foi provido com o ttulode reitor na igreja de Mairos, concelho de Chaves, para a qual havia feitoconcurso de provas pblicas em 11 e 12 de Novembro de 1892 e onde eraj proco encomendado por carta do Prelado Diocesano de 7 de Dezembrode 1889.

    Por decreto rgio de 16 de Agosto de 1895 foi provido na igreja de Baal,terra de sua naturalidade, da qual tomou posse a 26 de Junho do anoseguinte. scio da Associao dos Arquelogos Portugueses; do Institutode Coimbra; da Sociedade Portuguesa de Estudos Histricos; da Academiade Cincias de Lisboa; antigo presidente do Instituto Cientfico-Literriode Trs-os-Montes; comendador da antiga, nobilssima e esclarecidaOrdem de S. Tiago da Espada do Mrito Cientfico, Literrio e Artstico;diploma de Meno Honrosa na Exposio Biblio-Iconogrfica Comemo-rativa de 1910, Primeiro Centenrio da Guerra Peninsular; antigo vereadorda Cmara Municipal de Bragana; antigo vogal Junta Geral do Distritode Bragana; distinguido com um clix, uma pena de ouro e um tinteiro deprata, tudo de alto valor artstico, oferecido por subscrio pblica do dis-trito de Bragana em homenagem aos seus trabalhos de investigao hist-rica em prol do mesmo; antigo vogal pelo clero de Bragana aos Congres-sos Eclesisticos de Braga e de Coimbra e director do Museu Regional deBragana.

    Colaborou nos seguintes jornais: A Palavra; O Comrcio de Chaves;Revista Catlica; Distrito de Bragana; Alerta; Pirilampo; O Comrcio doPorto; Gazeta de Bragana; Jornal de Bragana; O Trasmontano, de Carra-zeda de Ansies; Notcias de Bragana; O Lavrador Trasmontano, de Miran-dela; A Torre D. Chama; Legionrio Trasmontano, de Bragana; Dirio deNotcias, de Lisboa; O Braganano; O Leste Trasmontano, de Bragana; AVoz, de Lisboa; Agenda Brigantina e O Primeiro de Janeiro.

    Colaborou igualmente nas seguintes revistas: O Arquelogo Portugus;Portugal Agrcola; A Ilustrao Trasmontana, do Porto; O Instituto, de Coim-bra; Revista de Histria; Dionisos; Livro de Portugal, monografia da provn-cia de Trs-os-Montes para a Exposio de Sevilha em 1929, e tem escritomuitas representaes, memoriais, prlogos de livros, de teses, etc.

    Os seus artigos de polmica na Gazeta de Bragana, a propsito da ques-to do Bispo D. Jos Alves de Mariz, agitaram fortemente a opinio pblica

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    e tiveram eco na imprensa tanto portuguesa como estrangeira em artigosde jornais, folhetos e livros.

    Cooperou valiosamente para o engrandecimento do Museu Municipalde Bragana logo desde a sua fundao em 1896 (28) com ofertas de valormximo, principalmente em epigrafia, numismtica e cermica.

    Foi no Portugal Agrcola, 1892, pg. 75, que Francisco Manuel Alveslevantou pela primeira vez em Portugal a questo sobre a hipofagia, usode largo alcance econmico que teve certa importncia na imprensa emuito devia atenuar as crises econmicas que tanto nos assoberbam. Sem 1928 que pela primeira vez em Portugal se ps venda carne decavalo. As questes cvicas e econmicas mereceram-lhe sempre especialcuidado sendo notvel o que j desde 1902 vinha escrevendo, tendente acomemorar em Bragana o centenrio da Guerra Peninsular na pessoado heri regional, general Manuel Jorge Gomes de Seplveda, segura-mente o primeiro brado que em Portugal se soltou em prol desse cente-nrio, depois pomposamente celebrado em 1908, e a grande quantidadede artigos que publicou respeitantes ao engrandecimento material, indus-trial e mental de Bragana e distrito, entre os quais se destacam os refe-rentes ao canal de irrigao colhido no rio Douro pela altura da cidadede Miranda, obra que, a realizar-se, centuplicaria o valor produtivo daprovncia.

    Fez parte da comisso que, segundo o disposto no decreto de 30 deDezembro de 1890, devia proceder s novas lotaes das freguesias que noconcelho de Chaves pertencem diocese de Bragana.

    Sugestionado pela poesia das runas luso-romanas de Castro deSacoias, anexa da sua freguesia de Baal, para melhor as conservar e tornar conhecidas, conseguiu que a se erguesse a fundamentis a capela de Nossa Senhora, cuja inaugurao solene teve lugar a 4 de Junho de1905 e j hoje muito concorrida de romeiros, sendo que em 1893,quando proco de Mairos, havia feito o mesmo com a capela do Senhordos Aflitos em umas runas romanas do termo de Travancas, ento anexade Mairos (29).

    Da sua iseno do prova os seguintes factos: houve duas pessoas dasua freguesia, sem ascendentes, nem descendentes directos, que o deixaramherdeiro de suas fortunas superiores a uma dezena de contos de ris de que

    (28) Veja-se O Arquelogo Portugus, volume III, p. 53 e volume IV, p. 155; o Norte Trasmontanode 8 de Janeiro e 12 de Fevereiro de 1897; o Nordeste de 6 de Dezembro de 1899; a Gazeta deBragana de 29 de Janeiro e 5 de Maro de 1905 e LOPO, Albino Bragana e Benquerena, p. 81em nota.(29) O Arquelogo Portugus, volume XII, p. 252, onde se aponta a larga bibliografia do Castrode Sacoias.

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    M E M R I A S A R Q U E O L G I C O - H I S T R I C A S D O D I S T R I T O D E B R A G A N A

    Francisco Manuel Alves nada aceitou, cedendo tudo em favor dos parentescolaterais das ditas pessoas.

    Foi por diversas vezes escolhido pelos bispos de Bragana para serviosde superior responsabilidade.

    Fez parte de vrias comisses organizadas em Bragana, tendentes aoengrandecimento da regio, e em 1915 redigiu o memorial para o ministrodo Fomento, dr. Manuel Monteiro, assinado pela elite da mentalidade bra-ganana, no sentido de obter do governo um subsdio para restaurao dosantigos paos municipais, veneranda relquia romnica intramuros dacidadela, o qual concedeu trs contos de ris.

    Aos seus estudos de arqueologia e investigaes histricas fazem refe-rncias obras de primacial valor, no s portuguesas, mas tambm espa-nholas, francesas e alems.

    Alm da colaborao indicada, deixa impressas as seguintes obras:O caso de Bragana e resposta aos crticos Mensagens e adeses do clero

    da Diocese de Bragana ao seu Prelado. Coimbra, Imprensa da Universi-dade, 1905. 8. de 118 pgs. (Neste opsculo pertence-lhe s a parte que vaidesde pgs. 38 a 70, a qual foi muito elogiada na imprensa Correio Nacio-nal, etc., e transcrita na Gazeta de Bragana; no Conimbricense e noutrosjornais).

    Notas biogrficas do Ex.mo e Rev.mo Sr. D. Jos Alves de Mariz, Bispo de Bra-gana, tributo de admirao no 21. aniversrio da sua eleio e confirmaoepiscopal. Porto, Tip. a vapor da Real Oficina de S. Jos, 1906. 8. de 67 pgs.com o retrato do Prelado.

    Este opsculo, largamente comentado na imprensa nacional e at naestrangeira, como os Ecos de Roma, etc., ou simplesmente visado com alu-ses envenenadas, bem como o seu autor, levantou celeuma enorme emque a paixo pr e contra teve largo quinho.

    Para o refutar, apareceu luz a Autpsia s notas biogrficas do Ex.mo eRev.mo Sr. D. Jos Alves de Mariz, Bispo de Bragana, por I. X. Porto, Tip. daViva de J. S. Mendona, 1908. 8. de X-117pgs.

    Moncorvo Subsdios para a sua histria, ou notas extradas de docu-mentos inditos respeitantes a esta importante vila trasmontana. Porto, 1910.4. de 55 pgs. com 26 fotogravuras de monumentos referentes a Mon-corvo.

    Castro de Avels, mosteiro Beneditino. Coimbra, Imprensa da Universi-dade, 1910. 8. de 171 pgs.

    Memrias Arqueolgico-Histricas do Distrito de Bragana ou repositrioamplo de notcias corogrficas, hidro-orogrficas, geolgicas, mineralgicas,hidrolgicas, biobibliogrficas, herldicas, etimolgicas, industriais e estatsti-cas, interessantes tanto histria profana como eclesistica do Distrito de Bra-

  • 19ALVES | ALVORTOMO VII

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    gana. Porto, Tip. a vapor da Empresa Guedes, 1909. 8. de X-401 pgs., 1de erratas e vrios mapas desdobrveis; II tomo na mesma tipografia, 1910--1913. 8. de 509 pgs., 1 de erratas e 1 de registo; III tomo na mesma tipo-grafia, 1910-1911. 8. de 459 pgs., com uma fotogravura; IV tomo, Coim-bra, Imprensa da Universidade, 1911-1918. 8. de 704 pgs.; V tomo, Bra-gana, Tip. Geraldo da Assuno, 1925. 8. de CXIV-210 pgs.; VI tomo,Porto, Tip. Empresa Guedes, 1928. 8. de XV-808 pgs.

    S os artigos que publicou nos jornais em que colaborou, artigos quecortou tesoura e colou em livros em branco, enchem dois volumes gran-des de papel de trinta e cinco linhas.

    A sua biografia encontra-se na Bibliografia Nobilirquica Portuguesa,por Eduardo de Campos de Castro de Azevedo Soares (Carcavelos), 1916,tomo I, pg. 157. Em O Arquelogo Portugus, tomo XXII, vem uma rese-nha bibliogrfica das obras que publicou, e na Ilustrao Trasmontana, doPorto, 1909, tomo II, e tambm no tomo III o seu retrato.

    Falando deste escritor diz o sbio doutor Jos Leite de Vasconcelos,depois de apontar as suas obras: Em todas elas, bem como em artigos dis-persos em revistas e jornais (O Arquelogo, Revista de Histria, Dirio deNotcias, etc.) revela o autor sempre to slidos conhecimentos e tanto cri-trio mritos realados de mais a mais por virtuosa modstia , que nin-gum que trate de perto com as obras do abade de Baal poder deixar deo admirar e lhe querer bem. Para os bragananos ele, com justificadarazo, um dolo (30).

    Tem manuscrita uma monografia sobre o concelho de Carrazeda deAnsies, de quase duzentos flios, que fez a pedido do doutor Raul ManuelTeixeira, quando juiz daquela comarca, e est hoje, ao que nos dizem, empoder do jornalista e escritor doutor Manuel Mrias, natural da mesmavila, residente em Lisboa, e um estudo de mais de duzentos flios intitu-lado: O Padre?! Eis o inimigo Razes histricas do dio votado a estaclasse. Comeou a sair no Legionrio Trasmontano, semanrio de Bragana,desde 2 de Julho de 1914 a Fevereiro de 1916.

    Trs-os-Montes, monografia a sair em O Livro de Portugal, publicadopelo Comissariado de Portugal na Exposio Ibero-Americana de Sevilha.

    ALVOR (Bernardo Filipe Neri de Tvora, 2. conde de) Nascido em1681 e falecido a 27 de Abril de 1744; foi nomeado em 1703 governadordas armas da provncia de Trs-os-Montes.

    (30) Dr. Jos Leite de Vasconcelos, lente da Universidade de Lisboa, De terra em terra. Lisboa,1927, vol. I, p. 120.

  • ALVOR | AMADOTOMO VII

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    Parece que em 1711 era governador das armas desta provncia D. JooManuel de Noronha, que se assinalou pela tomada de Miranda do Douro,em poder dos castelhanos desde 1710, devido traio infame do seugovernador Carlos Pimentel, que se vendeu ao inimigo por seis mildobres (31).

    ALVOR (Francisco de Tvora, 1. conde de) Foi governador das armasda provncia de Trs-os-Montes na guerra de 1704 e no ano de 1707 daprovncia do Alentejo. Faleceu em 1710 (32).

    AMADO (Adrio Martins) Presbtero. Nasceu em Argozelo, concelhodo Vimioso, a 7 de Outubro de 1874; filho de Jos Raimundo MartinsAmado e de D. Maria Joaquina Alves (33). Antigo reitor do Liceu Nacionalde Bragana, do qual foi professor provisrio, passou a efectivo, prece-dendo concurso, por decreto de 18 de Outubro de 1904. Em 18 de Janeirode 1900 foi despachado escrivo do Juzo Apostlico da diocese de Bra-gana.

    Antes da vida do magistrio e logo aps a sua ordenao de presbteroexerceu a paroquialidade em Rio Frio e em Milho.

    Tem escrito:Injustias do Bispo de Bragana. Tip. da Viva de J. S. Mendona, 1908.

    8. gr. de X-115 pgs. e 1 de ndice.Anurio do Liceu Nacional de Bragana Ano escolar de 1907-1908.

    Imp. na citada tip. 1908. 8. de 61 pgs. Diz respeito sua gerncia de rei-tor.

    Anurio, etc. Ano escolar de 1908-1909. Idem. 8. de 80 pgs. Idem.Ficaram clebres as lutas que Adrio Martins Amado sustentou com o

    bispo desta diocese, D. Jos Alves de Mariz, por o haver suspendido tempo-rariamente do cargo de escrivo do Juzo Apostlico em 19 de Outubro de1906, e depois, por tempo indeterminado, em 14 de Dezembro de 1907, deque interps recurso para o poder temporal, tanto de um como de outrodespacho. A 28 de Maio de 1907 e a 9 de Fevereiro de 1909 pronunciou-sesobre estes recursos a Relao do Porto.

    Estas lutas fizeram tambm com que o padre Amado fosse pronunciadopelo poder judicial a 1 de Junho de 1907, de cuja pronncia interps

    (31) CHAGAS, Pinheiro Histria de Portugal, vol. VI, p. 190, 219 e 220. Portugal: Dicionriohistrico, biogrfico, artigo Alvor.(32) SOUSA, Antnio Caetano de Histria Genealgica, tomo V, livro VI, cap. VI, p. 216 e 229.(33) Ver tomo VI, p. 997, destas Memrias.

  • 21AMADO | AMARANTE | AMENOTOMO VII

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    recurso para a Relao do Porto e depois para o Supremo Tribunal de Jus-tia, onde alfim foi despronunciado por acrdo de 6 de Dezembro de1907.

    AMARANTE (Francisco da Silveira Pinto da Fonseca, 1. conde de) Tenente-general, comendador de Santa Marinha de Rio Frio de Carragosa,governador das armas da provncia de Trs-os-Montes. Tomou parte not-vel nas lutas contra os franceses e nas constitucionais (34). Sucedeu nogoverno das armas da provncia a Manuel Jorge Gomes de Seplveda.

    Nasceu na vila de Canelas a 1 de Setembro de 1763 e faleceu em VilaReal a 27 de Maio de 1821.

    AMARANTE (Manuel da Silveira Pinto da Fonseca Teixeira [conde de]depois 1. marqus de Chaves) Tomou parte nas lutas constitucionais (35).

    AMENO (Francisco Lus) Nasceu em Argozelo, concelho do Vimioso, a10 de Maro de 1713 e faleceu em Lisboa em 1793. Filho de Antnio Por-tugus e de D. Isabel Lus.

    Matriculou-se em 1727 na faculdade de cnones na Universidade deCoimbra, cujo curso no levou a cabo, pois abandonou os estudos e foi paraLisboa, onde ensinou primeiras letras e gramtica latina. Pelos anos de 1748fundou a Typographia Patriarchal, uma das melhores de Lisboa, como sev pelas muitas obras literrias que a se imprimiram por espao de cin-quenta anos. Era incansvel em aperfeioar a sua tipografia, que dirigia commuita competncia.

    Ali se imprimiram muitas obras de msica, principalmente livros decantocho e libretos de peras, tendo todas a indicao em italiano NellaStamperia Ameniana.

    Foi Francisco Ameno o primeiro que empreendeu a publicao dosAlmanaques de Lisboa. Traduziu trs peras, que se cantaram no teatro dosPaos da Ribeira.

    Escreveu:Coleco de algumas obras pstumas, que em prosa e verso deixou Jos de

    Sousa, cego desde o bero, por... etc. Lisboa, 1746. 8.ndice geral de todos os apelidos, e coisas notveis que se compreendem nos

    19 tomos da Histria Genealgica da Casa Real Portuguesa. Lisboa, 1749.Flio.

    Escola Nova, crist e poltica, na qual se ensinam os primeiros rudimentos

    (34) Ver Memrias Arqueolgicas, tomo I, p. 140, 168 e 171.(35) Ibidem, p. 172, 175 e 176.

  • AMENOTOMO VII

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    M E M R I A S A R Q U E O L G I C O - H I S T R I C A S D O D I S T R I T O D E B R A G A N A

    que deve saber o menino cristo, e se lhe do regras para com facilidade apren-der a ler, escrever e contar. Lisboa, 1756. Esta publicao apareceu debaixodo nome de D. Leonor Tomsia de Sousa e Silva. Publicou-se segunda edi-o em 1813.

    Novenas de Santa Ins, Santa gueda, da Maternidade de Maria Sants-sima, da Fugida da Senhora, da Pureza da mesma, de Santa Isabel, S. Camilode Lelis, e S. Vicente de Paula. Saram todas annimas, insertas nos tomos Ie III do Novenrio geral, publicado por Ameno, em 1751-1752.

    Aquiles em Siro, pera composta em italiano por Pedro Metastsio, e tra-duzida em portugus, etc. Lisboa, 1755.

    Alexandre na ndia, pera composta por Metastsio, traduzida em por-tugus. Lisboa, 1755.

    Zenbia em Armnia, pera, etc., traduzida... Lisboa, 1755.A Clemncia de Tito, pera, etc., traduzida... Lisboa, 1755.Demofonte em Trcia, pera, etc., traduzida... Lisboa, 1755.Antgona em Tessalnica, pera, etc., traduzida... Lisboa, 1755.Destas seis peas, a primeira saiu em verso e annima. Ignoramos se

    pertence realmente a Ameno. As outras, em prosa, foram publicadas sob opseudnimo de Fernando Lucas Alvim.

    Horas da Semana Santa, oferecidas Senhora D. Maria Pacheco da Cruz.Lisboa, 1784. 8.

    Consolao de aflitos e alvio de lastimados Dilogo entre dois filsofos,Vacrsio e Pontnio. Lisboa, 1742. 8.

    Semiramis reconhecida: pera do abade Pedro Metastsio, traduzida...,etc. Lisboa, 1755. 8. de 93 pgs.

    Farnace em Eraclea: pera traduzida do italiano. 1760. 8. de 75 pgs.Vologeso e Berenice: pera traduzida do italiano. 1761. 8. de 75 pgs.Temistcles: pera de Metastsio, traduzida... Sem data. 8. de 160 pgs.Todas estas quatro peras so em prosa com as rias em verso.Manual Cronolgico, que contm as principais pocas da histria de cada

    um dos povos. Lisboa, 1758. Saiu com o nome de Lucas Moniz Cerafino,anagrama do seu nome. De XII (inumeradas)-474 pgs.

    Parabns ao Ser.mo Prncipe da Beira pelo seu faustssimo nascimento (36).O Sumrio da Biblioteca Lusitana menciona mais, como sendo deste

    autor, o seguinte:Notcias dos descobrimentos dos portugueses no Novo Mundo. Manus-

    crito.

    (36) SILVA, Inocncio Francisco da Dicionrio Bibliogrfico e no Suplemento, tomo IX.

  • 23AMENO | AMORIMTOMO VII

    M E M R I A S A R Q U E O L G I C O - H I S T R I C A S D O D I S T R I T O D E B R A G A N A

    Exerccio da missa. Manuscrito.Com inveja se vencem fortunas. Comdia tirada do castelhano.Ameno tambm usou o pseudnimo de Nicolau Framez Scom.

    AMORIM (Joo Lopes de) Arquitecto, residente em Guimares, pelosanos de 1630. interessante o seguinte documento referente ponte deMirandela, que lembra o seu nome e predicados:

    Eu El Rei fao saber a vos, provedor da comarca da villa da Torre deMoncorvo, que havendo respeito a informao que me enviastes sobre aobra da ponte do rio Tua (?) para que os officiaes da camara da villa deMirandella me enviaro pedir por sua carta proviso de finta pella neces-sidade que havia de se fazer com toda a brevidade e visto constar pelladita informao como a dita ponte era muito antiga e em si muito grandee de grande fabrica, e mais necessaria por ser passagem para muitas par-tes deste reino e estrada para todo Emtre Douro e Minho e Tras os Mon-tes e reinos de Galliza e Castella e como avia nove annos pouco mais oumenos que comessara arruinar e fazendosse finta de nove mil cruzados esendo rematada a obra a hum mestre por nome Pero da Fonseca, o quoalindo continuando com ella viera a fallecer, tendo elle j a maior parte dodinheiro cobrado, com o que ficara a obra por acabar athe que este pre-zente anno arruinara, no s pella parte que dantes estava, mas ainda poroutras, de maneira que toda tinha necessidade de se refazer, antes que detodo viesse a cair, e visto outro ssi constar pela dita informao queandando esta obra em prego todo o tempo necessario e no haver lanomais seguro que de doze mil e quinhentos cruzados, em que foi arrema-tada ao mestre Joo Lopes de Morim. Hey por bem e me praz que da ditacontia de doze mil e quinhentos cruzados faais logo lanar finta Lixboa a vinte e quatro de novembro de mil e seis centos e trinta e coa-tro (37).

    AMORIM (Joo Pinheiro de) H dele uma tese sobre direito cannico,defendida no quarto ano do seu curso, em Coimbra, dedicada SantssimaVirgem do Socorro (sem mais indicao de lugar), impressa de frente emtrs planas, em vu de clix, seda vermelha. Conimbric. ex Typograp. inCollegio Artium Societatis Jesu, Ao Di 1711. Depois da dedicao Vir-gem, que ocupa trs linhas, segue uma ode latina em vinte e quatro versos,vindo seguidamente a tese.

    (37) Filipe III, Doaes, livro XXIX, fl. 254, in Dicionrio dos Arquitectos, vol. II, p. 80.

  • AMORIM | ANDRADETOMO VII

    24

    M E M R I A S A R Q U E O L G I C O - H I S T R I C A S D O D I S T R I T O D E B R A G A N A

    Pertence nossa coleco, que oferecemos ao Museu Regional de Bra-gana (38).

    ANDRADE (Andr Manuel Freire de) Tese de direito cannico e civil,defendida no seu quinto ano de direito. Conimbric Ex ArchytypographiaAcademia Regia Anno Domini 1765 Sup. Facultate.

    Esta tese, impressa em vu de clix de seda, existe na capela dos Pimen-tis da Bemposta (39). Ver Pimentel (Domingos de Morais).

    ANDRADE (Domingos Teixeira de) Brigadeiro e governador das armasda provncia de Trs-os-Montes, pelos anos de 1743 a 1750, que muito sedistinguiu durante o cerco de Miranda em 1711 (40).

    ANDRADE (Eugnio Guedes de) Doutor em direito, conservador doregisto predial em Mirandela, notvel apicultor e caricaturista, onde nas-ceu pelos anos de 1864-1865, filho de Jos Antnio Nunes de Andrade e deD. Maria Emlia da Fontoura.

    Escreveu: Os i i sem os pontos, jornal de caricaturas, publicado desde1881 a 1888, deveras interessante. Tem publicado vrios opsculos ilustra-dos sobre apicultura, de que tratador apaixonado.

    ANDRADE (Jacinto Freire de) Nasceu em Beja em 1597 e faleceu emLisboa a 14 de Maio de 1667. Era formado em cnones pela Universidadede Coimbra, onde concluiu o curso em 1618, vindo em seguida paroquiara igreja de Sambade, concelho de Alfndega da F. Foi depois abade de Chsde Tavares, concelho de Mangualde.

    Deste notvel clssico da literatura portuguesa, de que apenas fazemosmeno pelo facto de ter sido proco no distrito de Bragana, nada mais

    (38) Chamo vus de clix a uns rectngulos de 0,55mx0,65m plus minus de seda, pelo geral dascores litrgicas branca, vermelha, verde e roxa ou cambiantes delas onde esto impressasteses defendidas pelos alunos das Universidades nos actos dos seus estudos e dedicadas, pelogeral, Virgem Maria, sob alguma das suas multplices invocaes do Socorro, do Rosrio, daAssuno, do Loreto, etc., etc., pelo geral venerada na povoao natal dos autores. certo que nem todos estes panos serviram de vus de clix, se bem que pelo geral podiamfacilmente adaptar-se a isso, pois grande parte se destinaria a ofertas particulares de amigos,como se faz hoje em dia com as suas sucedneas, impressas em papel. Algumas so notveis,como documentao grfica, pela elegncia ornamental das letras capitais e das largas tarjas queas orlam.(39) Ao doutor Casimiro Henrique de Morais Machado, distinto advogado no Mogadouro, suaterra natal, agradecemos as notcias referentes a este vu de clix.(40) Memrias biogrficas do Il.mo e Ex.mo Sr. Manuel Pinto Bacelar, Visconde de Montalegre. TomoI, p. 121, destas Memrias.

  • 25ANDRADE | ANHAIA | ANTASTOMO VII

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    diremos, porque a sua biobibliografia se encontra a cada passo largamentetratada em qualquer obra da especialidade.

    ANDRADE (Matias de) Frade da congregao do oratrio, natural davila do Freixo de Espada Cinta.

    Escreveu: Viva Jesus. Salamanca. 1731 (41).

    ANDRADE (Olmpio Guedes de) Doutor em direito pela Universidadede Coimbra e advogado em Mirandela.

    Escreveu: Minuta do Agravo de Injusta Pronncia interposta por JosAntnio Esteves, Joo Jos Caseiro e Jos Maria Pires no processo instauradona comarca de Mirandela pelos crimes de falsificao e subtraco de docu-mentos, em processos de execues fiscais, e em que querelante Joo BaptistaBotelho. Bragana, Tip. de O Nordeste, 1892. 8. de 38 pg.

    ANHAIA (Joo de Ordaz) De Miranda do Douro, provido na abadiade Penhas Juntas em 1714, era filho de Diogo de Ordaz Anhaia, deMiranda, e de D. Isabel de Arago, de Castro Vicente; neto paterno de Lusde Ordaz Torres, de Miranda, e de D. Leonor de Anhaia e Guilhem, natu-ral de Zamora (Espanha), e materno de Bernardo Cabral, de Miranda, ede D. Damiana de Morais, de Castro Vicente. Houve suas dvidas, ao pro-verem o abade em Penhas Juntas, por causa de haverem lanado setentamil ris de condenao a D. Leonor de Valena, bisav paterna do citadoabade, mulher do licenciado Joo de Ordaz Torres, motivadas na suposi-o de que aquele lanamento fora motivado pelo facto de ser judia. Afi-nal, nas inquiries a que se procedeu em Zamora e Valena, no se apu-rou que tal fosse.

    ANTAS (Antnio Raimundo de Morais) Capito de infantaria n. 24,que estava na praa de Almeida aquando do desastre em 1810 (42).

    ANTAS (Miguel de Morais) De Bragana, cavaleiro da Ordem de Cristoe abade de Gondesende, falecido em 1831, grandemente vexado pelas per-seguies polticas (43).

    (41) SILVA, Inocncio Dicionrio Bibliogrfico, tomo XVII, p. 14.(42) Ver tomo I, p. 165, destas Memrias.(43) Ibidem, p. 181.

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    ANTUNES (Manuel) Porteiro da cmara de Vinhais, que se distinguiuna defesa da vila durante o cerco posto por Pantoja em 1666 (44).

    APOLINRIO (So) Eis o que a propsito deste santo, cujo corpo jaz emUrros, concelho de Moncorvo, diz D. Rodrigo da Cunha:

    O licenciado Gaspar Alvares Louzada, teve para si que este bispo forafrances e entre outras memorias que deixou na Torre do Tombo se achou oseguinte: Santo Apolinario, bispo frances, tem seu corpo ou a maior partedele enterrado em um lugar que chamam Urros, junto do Douro, termo davila de Moncorvo, reino de Portugal, arcebispado de Braga (45). Achou estamemoria na Torre do Tombo, Joo de Melo Feo, abade de Urros, entreoutros papeis que buscava para uma Igreja do padroado real sobre queandava em requerimentos.

    Juliano, arcipreste de Toledo, teve para si que fora este Santo aqueleinsigne escritor Sidonio Apolinar, bispo Arvense, em Frana, cuja vidadepois de Gregorio Turunense, Gennadio, Belarmino e outros escreveBaronio no VI tomo dos Anaes, onde d relao de seu ilustre nascimento,dos oficios e magistrados que ocupou, das obras que compoz, da cari-dade que com os pobres usou e finalmente da Santidade com que acaboua vida; floreceu pelos annos de quatro centos e oitenta. margem citaJuliano in adver, pg. 43 Baronio Annaes, anno 472 pg. 302 e anno 484,pg. 426.

    Vindo Juliano a Braga com o Arcebispo de Toledo D. Bernardo, notempo que visitou esta provincia, como legado que era da S Apostolicateve noticia do Santo e o visitou e achou que era Sidonio Apollinar, cujafesta celebra a Egreja a 23 de agosto e que alli fora trazida grande parte dassuas reliquias assim o testemunhou com as palavras seguintes:

    et rediens ad Castellam in itinere andivi corpus esse S. Apollinaris, et doc-tum fuisse percepi Sidonium Apollinarem Episcopum Arvernensem, cujus fes-tum agitur 23 augusti, cujus bona pars corporis illuc adlata est.

    A tradico antiga do logar e de toda a commarca tem que foi este Santofrances de nao, bispo e juntamente martyr e conta que veio de umapovoao que esta da outra parte do Douro e se chamou antigamente Cala-bria e hoje Calavre no limite da villa de Almendra, onde se veem muitosvestigios de antiguidades, desta povoao onde costumava pregar veio

    (44) Ibidem, p. 108.(45) Sobre o crdito que merece o licenciado Gaspar lvares Lousada, fica dito no tomo I, p. 12,destas Memrias Arqueolgico-Histricas do Distrito de Bragana e tambm de Juliano, arciprestede Toledo, dois falsrios.

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    fugindo aos infieis que o perseguiam para o logar de Urros. Para prova dasua f e confuso dos que nella no queriam acreditar batteu o Santo como seu bordo no cho e logo como se fora uma planta verde pegou e lanouraizes, floreceu e se fez arvore. Ao p della arrebentou uma fonte clara cujasaguas imitavam em tudo as do Douro, porque vindo elle turbo, turbas sepunham ellas e acclaravam quando aquelle.

    Os tormentos que o Santo padeceu se veem pintados no retabulo dacapella onde esta. No painel da parte direita se mostra o Santo lanado nocho atado pelos ps a dous touros bravos para o arrastarem vista dotyrano e elles perdida a sua braveza natural se mostram to mansos quenem foras teem para o arrastar. Da parte esquerda est o Santo assentado porta de uma Egreja, vestido de pontifical e dous touros ajuelhados bei-jando-lhe a mo. Ve-se em outro painel pregar o Santo aos gentios, arri-mado aos muros de um templo ou casa antiga e dentro e fora della muitagente vestida de roupas largas ao parecer magistrados. No ultimo painelesta o Santo posto em orao com mitra na cabea, junto arvore em quese converteu o seu bordo e detraz delle o algoz com um alfange na mocom que lhe tirou a vida.

    Ao lado esquerdo do altar na parte da epistola est o sepulchro do Santolevantado sobre quatro lees de pedra com o seu retrato aberto na lageaque cobre o tumulo com capa, baculo e breviario. Fica debaixo delle asepultura antiga do mesmo Santo tosca e sem nenhum artificio.

    Os milagres que elle opera so infinitos. Sendo abbade daquella Egrejaum Joo Piz (Pires) foi a ella certo visitador do arcebispado que descon-fiando de estarem alli as reliquias do Santo quiz fazer a experiencia do quehavia na sepultura, procurou abrila, ficou cego mas por intercesso doSanto recuperou a vista.

    Um moo por nome Francisco da villa de Ranhados aleijado de umaperna que trazia sobre uma moleta, ficou sarado por intercesso do Santo.

    Um homem de Riba de Coa levava um menino filho seu de romariaao Santo para lhe pedir saude na infermidade que padecia. Morreu acriana no caminho porem o pai no deixou de continuar a romaria eofferecendo ao Santo o menino morto este lho recessitou com admiraode todos.

    Levando um lavrador uma pedra para a sepultura do Santo quando denovo se fazia querendo metter dentro da Egreja os bois se detiveram pri-meiro ajoelhando primeiro ambos, se levantaram e foram caminhandocom a pedra, venerando assim a santidade do logar onde jaziam as reli-quias de to grande martyr.

    D. Fr. Bartholomeu dos Martyres quando visitava a parochia de Urrosia sempre em romaria capella do Santo Apollinario e alli com o peito em

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    terra venerava suas reliquias e dizia: que ainda que no fossem de algumdos Santos Apollinares de que se tinha noticia podiam ser de outro domesmo nome e de igual santidade, como bem mostravam os milagres queDeus por ele fazia. No sabemos ao certo o tempo em que este Santo flore-ceu, lanamol-o neste lugar correndo o anno quatro centos e oitenta porcair nelle o pontificado de Sidonio Apolinar (46).

    O Portugal Antigo e Moderno, no artigo Almendra, vila da BeiraBaixa[1], a dezoito quilmetros de Pinhel e doze de Castelo Rodrigo, dizque no termo de Almendra, a dois quilmetros da vila, h um grandecabeo chamado Calabr, com restos desmantelados de fortificaesantigas, que abrangem um circuito que levar quarenta alqueires desemeadura, e, segundo a lenda, era ali a cidade romana de Ravena ondeepiscopou So Apolinrio. O mesmo Portugal Antigo e Moderno, no artigoCaliabria, atribui o martrio do Santo aos mouros e coloca-o no ano de716.

    E no volume XI, pg. 1184, em nota, artigo Vilar de Amargo, diz queCaliabria ficava junto da foz da Ribeira de Aguiar.

    Relativamente aos que dizem ser aqui a cidade romana de Ravena ecomo se enganam, ver Florez, Espaa Sagrada, tomo XIV, pgs. 36 e 364 emapa que vem no princpio desse volume.

    So Apolinrio ainda hoje venerado em Urros mui solenemente e acrena piedosa entende que o seu corpo jaz na sua igreja.

    ARAGO (Alexandre Manuel Ferreira lvares Pereira de) Doutor emdireito pela Universidade de Coimbra, onde concluiu o curso em 5 deJulho de 1862; fidalgo-cavaleiro em 21 de Maio de 1863 e cavaleiro daordem de Nossa Senhora da Conceio de Vila Viosa em 11 de Outubrode 1863. Nasceu a 23 de Maro de 1837 em Parada de Pinho e casou emVila Flor, onde viveu, com D. Felicidade Amlia Pinto de Lemos, filha deManuel Antnio Pinto de Lemos e sobrinha do tenente-general viscondede Lemos. Era filho de Manuel Antnio Ferreira de Arago, marechal-de--campo. Foi eleito deputado na legislatura de 1879 pelo distrito de Bra-gana (47).

    (46) CUNHA, Rodrigo da Histria Eclesistica dos Arcebispos de Braga, 1634, parte I, captuloLXIII. MARIANA, Juan de Historia de Espaa, livro V, captulo VI, nota 4. VITERBO Eluci-drio, artigo Caliabria.(47) Ver tomo VI, p. 503, destas Memrias.

  • 29ARAGO | ARAJOTOMO VII

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    ARAGO (Jos Antnio Ferreira de) Tenente de infantaria n. 24, queestava na praa de Almeida em 1810 quando esta foi pelos ares (48).

    ARAGO (Manuel Antnio de) Oficial de infantaria n. 24, que estavaem Almeida quando em 1810 se deu o desastre desta praa (49).

    ARAJO (Abel de Mendona Machado de) Doutor em direito pela Uni-versidade de Coimbra e professor da Escola Nacional de Agricultura deCoimbra. Nasceu a 10 de Novembro de 1879 (50).

    Escreveu: Dr. Antnio Cardoso de Meneses Bosquejo duma vida modelo.Lido na sesso de homenagem prestada pela Escola Nacional de Agriculturade Coimbra a 26 de Outubro de 1924. Com o retrato do doutor Cardoso deMeneses. Porto, 1924. 8. de 72 pgs.

    ARAJO (lvaro de Mendona Machado de) Doutor em direito pelaUniversidade de Coimbra, nasceu em Abreiro, concelho de Mirandela, a 21de Maro de 1850 e morreu em Braga a 11 de Dezembro de 1916, vindo aenterrar em Abreiro. Foi governador civil do distrito de Bragana. Para asua biografia ver o tomo VI, pgs. 1 e 3, destas Memrias.

    Escreveu:Regulamento para a Cobrana e Fiscalizao dos Impostos Indirectos

    Municipais do Concelho de Bragana. Porto, 1889. 8. de 75 pgs. e mais 5folhas de modelos. Foi aprovado em sesso da cmara de 9 de Maro de1889.

    Guia das Juntas de Parquia ou Instrues por onde se devem regular asCorporaes Paroquiais no desempenho de suas funes. Porto, 1889. 8. de191 pgs., 1 modelo de contas paroquiais e 1 de erratas.

    Cdigo de Posturas Municipais do Concelho de Bragana. Bragana, Tip.Bragana, rua Direita, 1891. 4. de 167 pgs.

    Colaborou na Gazeta de Direito Administrativo; Agricultura Trasmon-tana (foi redactor de ambos); Nordeste, que fundou, bem como o Progressodo Algarve; em vrios outros jornais e na Repblica Portuguesa, semanriode Coimbra redigido por Alves da Veiga, quando estudante. Deixou manus-crito um livro sobre a morigerao das classes populares.

    ARAJO (Padre Miguel de) Jesuta, natural de Lamalonga, concelho deMacedo de Cavaleiros; faleceu na Baa. Era filho de Baltasar Fernandes de

    (48) Ibidem, tomo I, p. 165.(49) Ibidem, p. 166.(50) Ibidem, tomo VI, p. 4

  • ARAJO | ARCAS | ARES | ATALAIA | ATOUGUIA | AVINTES | AZEVEDOTOMO VII

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    Arajo e de D. Madalena Gonalves. Noviciou em Coimbra a 17 de Janeirode 1598, partindo depois para a Baa.

    Escreveu: Cartas Anuais do Brasil de 31 de Dezembro de 1621. Foramtraduzidas em italiano e publicad