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Tonico e Tinoco, são sem dúvida alguma, os maiores cantadores de nossa alma cabocla. Não houve, não há e não haverá, com certeza absoluta, duas vozes tão afinadas e sempre contando histórias de nosso cancioneiro, de forma a que atingiram praticamente todo o
nosso Brasil, afirmação que faço, baseado nas cartas emocionadas e que nos emocionam que recebo de todos os rincões do país.
Por isso, eles vão ganhar agora um presente que já mereciam há muito tempo:
Lá estão algumas de suas músicas mais marcantes, que espero vocês apreciem!
É SÓ CRICAR NOS CRAVOS ALUMIADOS E APRUVEITÁ!!!
AVANÇAR
TONICO E TINOCO
A DUPLA
CORAÇÃO DO BRASIL
Meu véio carro de boi, pouco a pouco apodrecendo Na chuva, sor e sereno, sozinho, aqui desprezado
Hoje ninguém mais se alembra que ocê abria picada Abrindo novas estrada, formando vila e povoado
Meu véio carro de boi, trabaiaste tantos ano O progresso comandando no transporte do sertão
Hoje é um traste véio, apodreceu no relento No museu do esquecimento, na consciência do patrão
Meu véio carro de boi, a sua cantiga amarga No peso bruto da carga, o seu cocão ringidor
Meu véio carro de boi, quantas coisa ocê retrata A estrada a a verde mata,e o tempo do meu amor
Meu véio carro de boi, é o fim da estrada cumprida Puxando a carga da vida, a mais pesada bagage E abraçando o cabeçaio, o nome dos boi dizendo O carreiro foi morrendo, chegou no fim da viage.
VOLTARCarro de Boi
Eu bem sei que adivinhava Quando, às veiz, eu te chamava
De muié sem coração Minha vóiz, anssim queixosa
Vancê era a mais formosa Das caboclas do sertão
Minha voiz anssim queixosa Vancê era a mais formosa
Das caboclas do sertão
Certa veiz, tive um desejo De prová o mer de um beijo
Da boquinha de vancê Lá no trio da baixada
Pertinho da incruziada Debaixo de um pé de ipê
Lá no trio da baixada Pertinho da incruziada
Debaixo de um pé de ipê
Mas o destino é traiçoero E me deixô na solidão Foi s'imbora pra cidade Me deixou triste saudade Neste pobre coração Foi s'imbora pra cidade Me deixô triste saudade Nesta pobre coração
Quando eu passo a incruziada Ainda avisto o pé de ipê Ainda canta um passarinho Me faiz alembrá sozinho Aquele dia com vancê Ainda canta um passarinho Me faiz alembrá sozinho Aquele dia com vancê!
PÉ DE IPÊ VOLTAR
Tapera na bera da estrada Que vive assim descoberta Por dentro não tem mais nada Por isso ficou deserta. Morava Chico Mulato O maior dos cantadô Mas quando Chico foi embora Na vila ninguém sambô. Morava Chico Mulato O maior dos cantadô A causa dessa tristeza Sabida em todo lugá Foi a cabocla Tereza Com outro ela foi morá O Chico acabrunhado
Largou então de cantá Vivia triste, calado Querendo só se matá O Chico, acabrunhado, Largou então de cantá. Emagrecendo, coitado, Foi indo, inté se acabá! Chorando tanta sodade De quem não quis mais vortá E todo mundo chorava A morte do cantadô Não tem batuque nem samba Sertão inteiro chorô E todo mundo chorava A morte do cantadô
Chico Mulato
Toda vei que eu viajava pela estrada de Ouro Fino de longe eu avistava a figura de um menino que corria abri a porteira depoi vinha me pedino: - Toque o berrante seu moço que é pra mim ficá ouvino. Quando a boiada passava que a porteira ia fechano eu jogava uma moeda, ele saía pulano: - Obrigado, boiadeiro, que Deus vai lhe acompanhano. - Pra aquele sertão afora meu berrante ia tocano. No caminho desta vida muito espinho encontrei, mas nenhum calou mais fundo do que isto que eu passei. Na minha viage de vorta, quarqué coisa eu cismei, vendo a porteira fechada o menino não avistei. Apiei do meu cavalo num ranchinho beira-chão, vi uma muié chorando, quis sabê qual é a razão: Boiadeiro veio tarde, veja a cruz do estradão, quem matou o meu fiinho foi um boi sem coração.
Lá pra banda de Ouro Fino, levando um gado servage, quando eu passo na portera até vejo a sua image. O seu rangido tão triste mai parece uma mensage daquele rosto trigueiro desejando-me boa viage. A cruizinha do estradão do pensamento não sai, eu já fiz o juramento que não esqueço jamai: - Nem que o meu gado estóre, que eu preciso ir atrai, nesse pedaço de chão berrante não toco mai.
Tristeza do Jeca
Ai, ai, ai, Minha vida é só chorar Ai, ai, ai, Meu amor vai me deixar (bis) Amanhã eu vou me embora Bem longe desse lugar Adeus moreninha ingrata Que tanto me fez chorar Ai, ai, ai, Minha vida é só chorar Ai, ai, ai, Meu amor vai me deixar (bis)
O desprezo do meu bem Faz meu coração penar Quanto mais tu me despreza Mas eu quero te amar
Ai, ai, ai, Minha vida é só chorar Ai, ai, ai, Meu amor vai me deixar (bis) Uma despedida é triste Sofrimento são igual Quem fica chora saudade De quem foi prá não vortá.
Arrasta-pé na Tuia
Abra a porta ou a janela Venha ver quem é que eu sô Sô aquele desprezado Que você me desprezô Eu já fiz um juramento De nunca mais ter amô Pra viver penar chorando Por tudo lugar que eu vô Quem canta, seu mal espanta Chorando será pió O amô que vai e volta A volta, sempre é mió Chora viola e sanfona Chora triste o violão Tu que é madeira chora Que dirá meu coração
Cana VerdeCana Verde
A Viola e o Cantador
Cada vez que eu me alembro Do amigo Chico Mineiro Das viagens que nois fazia Ele era meu cumpanheiro Sinto uma tristeza Uma vontade de chorá Alembrando daqueles tempo Que não mais, hai de vortá Apesar d'eu ser patrão Eu tinha no coração O amigo Chico Mineiro Caboclo bão, decidido Na viola era delorido E era o peão dos boiadeiro Hoje, porém, com tristeza Recordando das proezas Da nossa viage e motim Viajemo mais de dez ano Vendendo boiada e comprano Por esse rincão sem fim O caboclo de nada temia Mas, porém chegou o dia Que o Chico apartou-se de mim
Fizemo a última viagem Foi lá pro sertão de Goiás Fui eu e o Chico Mineiro Também foi o capataz Viagemo muitos dias Pra chegar em Ouro Fino Aonde nóis passemo a noite Numa festa do Divino
A festa tava tão boa Mas antes não tivesse ido O Chico foi baleado Por um homem desconhecido Larguei de comprar boiada Mataram o meu companheiro Acabou o som da viola Acabou-se o Chico Mineiro
Depois daquela tragédia Fiquei mais aborrecido Não sabia da nossa amizade Porque nós dois era unido Quando vi seu documento Me cortou meu coração Vim saber que o Chico Mineiro
Era meu legitimo irmão.
Chico
Mineiro
Meu coração tá pisado/ Como a flôr que murcha e cai Pisado pelo desprezo/ Do amor quando desfaz Deixando a triste lembrança/ Adeus para nunca mais Moreninha linda/ Do meu bem querer É triste a saudade/ Longe de você Moreninha linda/ Do meu bem querer É triste a saudade/ Longe de você.
O amor nasce sózinho/ Não é preciso plantar A paixão nasce no peito/ Farsidade no oiar Você nasceu para outro/ Eu nasci prá te amar. Moreninha linda/ Do meu bem querer É triste a saudade/ Longe de você Moreninha linda/ Do meu bem querer É triste a saudade/ Longe de você.
Eu tenho meu canarinho/ Que canta quando me vê Eu canto por ter tristeza/ Canário por padecê Da saudade da floresta/ Eu saudade de você. Moreninha linda/ Do meu bem querer É triste a saudade/Longe de você Moreninha linda/ Do meu bem querer É triste a saudade/ Longe de você.
Ao Rio Grande do Sul adorado Conservando lindas tradição Os gaúchos dançando arrasta-pé E as prendas enfeitando os bailão.
Dança o xote e dança a vaneira Rancheira e também vaneirão Os gaúchos dançando arrasta-pé E as prendas enfeitando os bailâo.
Nos bailãos se reúne as famílias Os gaúchos tomando mé E um viva para o Rio Grande Os gaúchos no arrasta-pé.
Bailão Gaúcho
Eu tenho uma mula prêta/ Com sete parmo de artura
A mula é descanelada/ Tem uma linda figura
Tira fogo na carçada/ No rampão da ferradura
Com a morena delicada/ Na garupa faz figura
A mula fica enjoada/ Pisa só de andadura.
O instinto na criação/ Veja o quanto que regula
O defeito do mulão/ Eu sei que ninguém carcula
Moça feia e marmanjão/ Na garupa a mula pula
Chega a fazer cerração/ Todos pulos dessa mula
Cabra muda de feição/ Sendo preta fica fula.
Eu fui passear na cidade/ E só numa vorta que eu dei
A mula deixou saudade/ No lugar onde eu passei
Pro mulão de qualidade/ Quatro contos eu enjeitei
Prá dizer mesmo a verdade/ Nem satisfação eu dei
Fui dizendo boa tarde/ Prá minha casa vortei.
Sortei a mula no pasto/ Veja o que me aconteceu
Uma cobra venenosa/ A minha mula mordeu
Com o veneno desta cobra/ A mula nem se mexeu
Só durou mais quatro horas/ Depois a mula morreu
Acabou-se a mula prêta/ Que tanto gosto me deu
M
O
D
A
D
A
M
U
L
A
P
R
E
T
A
Lá vai a chalana, bem longe se vai Riscando o remanso do Rio Paraguai Ah, chalana sem querer tu aumentas minha dor Nessas águas tão serenas vai levando meu amor.
Ah, chalana sem querer tu aumentas minha dor Nessas águas tão serenas vai levando meu amor.
E assim ela se foi, nem de mim se despediu A chalana vai sumindo lá na curva do rio E se ela vai magoada, eu bem sei que tem razão, Fui ingrato e feri o seu pobre coração!
Lá vai a chalana, bem longe se vai Riscando o remanso do Rio Paraguai Ah, chalana sem querer tu aumentas minha dor Nessas águas tão serenas vai levando meu amor.
Ah, chalana sem querer tu aumentas minha dor Nessas águas tão serenas vai levando meu amor
CHALANA
Já foi no morrê do dia Quando eu vi, com alegria
Dois canarinho gorjeá Com bicada de ternura
O casá trocava jura De eternamente se amá De repente, da gaiada
Aonde tava posada As avezinha do amô
Surgiu um gavião marvado Passando o bico encurvado
Na canarinha e levô O canarinho, coitado Avuô desesperado
Perseguindo o marfeitô Despois mais, veio vortando
Muito triste soluçando Num gorjeá cheio de dô Dos óio do canarinho
Eu vi moiado os cantinho De chorá pelo seu bem
Uma dor foi me apertando E meus óio foi piscando
Sem querê chorei também Chorei pois que nem saudade
Daquela felicidade Que o destino me roubou
O meu viver solitário É tal e quar deste canário
Que perdeu o seu amô
Destinos Iguais
Lá no arto da montanha, numa casinha estranha,
toda feita de sapé,
Parei uma noite a cavalo pra mor de dois estalo
Que ouvi lá dentro bater.
Apeei com muito jeito, ouvi um gemido perfeito,
Uma voz cheia de dor:
-Vancê, Tereza, descansa, jurei de fazer vingança prá mode do meu amô.
Pela réstea da janela, por uma luzinha amarela
De um lampião quase apagando,
Vi uma cabocla no chão e um cabra tinha na mão
Uma arma alumiando.
Virei meu cavalo a galope, risquei de espora e chicote,
Sangrei a anca do tá.
Desci a montanha abaixo e galopiando meu macho
O seu doutor foi chamá.
Vortemo lá pra montanha, naquela casinha estranha,
Eu e mais seu doutô.
Topei um cabra assustado, que chamando nóis prum lado,
a sua história contô.
CABOCLA TEREZA
BRASIL CABOCLO
FICHA TÉCNICA DA APRESENTAÇÃO
1- CARRO DE BOI – Toada de Tonico.
Foto do carro de boi de meu amigo João Erasmo Berchol, Dois Córregos.
2- PÉ DE IPÊ – Toada de Tonico.
Foto da Internet.
3- CHICO MULATO – Toada de João Pacífico e Raul Torres.
Foto de João Pacífico e o grande violonista Leandro Carvalho.
4- MENINO DA PORTEIRA – Cururu de Teddy Vieira e Luizinho.
Foto da Internet.
5- TRISTEZA DO JECA – Toada de Angelino de Oliveira.
Foto do quadro “O Violeiro” de José Ferraz de Almeida Jr, 1889, Itu.
6- ARRASTA-PÉ NA TUIA – Arrasta-pé de Tonico e Tinoco.
Foto da antiga tuia da Fazenda Lageado, Botucatu.
7- CANA VERDE – Arrasta-pé de Tonico e Tinoco.
Foto da praça Tonico e Tinoco, em São Manuel. Estátua da dupla.
8- A VIOLA E O CANTADOR – Cateretê de Chiquinho, Zé Paioça e Zé Tapera.
Foto de Tinoco e dona Nadir.
9- CHICO MINEIRO – Toada de Tonico e Francisco Ribeiro.
Foto do quadro “Caipira Picando Fumo”, de José Ferraz de Almeida Jr., 1889, Itu.
10- MORENINHA LINDA – Cana Verde de Tonico, Priminho e Maninho.
Foto de capa de LP.
11- BAILÃO GAÚCHO – Vaneirão de Tinoco e Nadir.
Foto de capa de LP.
12- MODA DA MULA PRETA – Cateretê de Raul Torres.
Foto de capa de LP.
13- CHALANA – Rasqueado de Mário Zan e Arlindo Pinto.
Foto da Internet.
14- DESTINOS IGUAIS – Toada de Ariowaldo Pires e Laureano.
Foto de Tinoco e de meu amigo Ramiro Vióla, em Pratânea.
15- CABOCLA TEREZA – Toada de João Pacífico e Raul Torres.
Foto da casinha da família Perez, no museu de Pratânea.
16- BRASIL CABOCLO – Toada de Tonico e Walter Amaral.
Foto da Internet Realização de Paulo R.M.Castro
www.tonicoetinoco.cjb.net
e-mail – [email protected]